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Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital Autor: Ricardo Torques Aula 07 19 de Agosto de 2021 07221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 1 16 Sumário Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura .............................................................................. 2 Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura ....................................................................................... 5 Resumo ................................................................................................................................................................ 6 Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura........................................................................... 6 Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura ................................................................................... 7 Considerações Finais ........................................................................................................................................... 8 Questões Comentadas ........................................................................................................................................ 9 Lista de Questões .............................................................................................................................................. 14 Gabarito ........................................................................................................................................................... 16 Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 2 16 CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E PUNIR A TORTURA A Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura foi adotada pela OEA no ano de 1985, assinada pelo Brasil em 1986 e, regularmente internalizada, em 1989, com a publicação do Decreto nº 98.386/1999. Essa é uma das Convenções específicas do Sistema Interamericano que trata da pena de tortura. Composta por 24 artigos, ela traz uma série de informações relevantes que destacaremos a partir de agora. A principal obrigação estatuída na Convenção é a obrigação de os Estados-partes da Convenção instituírem meios com vistas a prevenir a prática da tortura. Pergunta-se: Qual o conceito de tortura para a Convenção? Bem, nós temos duas situações que caracterizam a tortura e uma outra que a exclui do conceito. A tortura constitui todo ato praticado com a intenção de infligir sofrimento físico ou mental com fins de investigação criminal; como meio de intimidação; como castigo pessoal; como medida preventiva; ou com qualquer outro fim. Desse modo, a finalidade do ato não importa, já que o que é central para a caracterização da tortura é a prática de atos que inflijam intencionalmente penas ou sofrimentos físicos ou mentais. Também são considerados como tortura a prática de atos ou métodos que tenham por finalidade anular a personalidade da vítima ou diminuir a sua capacidade física ou mental. Por fim, registre-se que não será considerado como tortura eventuais penas ou sofrimentos físicos ou mentais que decorram da aplicação de medidas legais, DESDE QUE essas medidas não inflijam dor, sofrimentos físicos ou mentais, tenham por finalidade anular a personalidade da vítima ou reduzam a sua capacidade física ou mental. Desse modo, para a prova... Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 3 16 Pergunta-se: Situações de guerra declarada, estado de sítio ou de emergência permitem o uso da tortura em nome da segurança nacional? Não, não permitem! De acordo com o art. 5º da Convenção, a tortura não será admitida nem mesmo em situações excepcionais. Quer dizer, mesmo nas situações a seguir não é admissível a tortura: estado ou ameaça de guerra, estado de emergência ou de sítio, comoção ou conflito interno, suspensão de garantias constitucionais, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência ou calamidade pública. O art. 3º da Convenção trata do sujeito ativo do crime. Podem praticar o crime os servidores públicos que, no exercício da função, ordenem, instiguem ou induzam a prática ou, se tiverem a prerrogativa de impedir, não o façam. Também serão considerados responsáveis pelo delito os executores, ou seja, quem diretamente praticar ou for cúmplice dos atos de tortura. O fato de o executor ser ordenado a praticar o crime não o exime da responsabilidade, tal como prevê o art. 4º da Convenção. Com isso, temos a caracterização da tortura e de quem poderá praticá-la. Veja, o Estado deve atuar para condenar quem praticar a tortura se cometida dentro da sua jurisdição, quando a pessoa for nacional do Estado-parte, ainda que tenha praticado o crime fora, bem como quando a vítima for nacional. CONSIDERA-SE TORTURA A prática de atos que inflijam intencionalmente penas ou sofrimentos físicos ou mentais. A prática de atos ou métodos que tenham por finalidade anular a personalidade da vítima ou diminuir a capacidade física ou mental. NÃO SE CONSIDERA TORTURA Eventuais penas ou sofrimentos físicos ou mentais que decorram da aplicação de medidas legais, desde que essas medidas não inflijam dor ou sofrimentos físicos ou mentais ou tenham por finalidade anular a personalidade da vítima ou reduzam a sua capacidade física ou mental. Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 4 16 Com base na delimitação acima, os Estados-partes devem adotar medidas com a finalidade de prevenir e de punir a prática dos crimes de tortura. De acordo com o art. 7º da Convenção, os Estados devem tipificar criminalmente a conduta prevendo penas severas. No que diz respeito às práticas preventivas, a Convenção destaca o treinamento de servidores que exercem suas funções em instituições penitenciárias. Outra medida é permitir o acesso da vítima a formas e meios de denúncia dos atos praticados, com a responsabilidade de apuração imediata e de ofício das autoridades competentes quando ocorrer tais situações, tal como prevê o art. 8º. No art. 9º há imputação do devedor de os Estados assegurarem às vítimas a adequada compensação pelo dano sofrido. Além disso, os Estados não podem utilizar as provas que foram obtidas mediante tortura, conforme explica o art. 10. Dessa forma, toda prova obtida mediante tortura será considerada inválida no processo. Assim: Além disso, temos nos arts. 11, 13 e 14 regras relativas à extradição. Os Estados-partes devem tomar medidas necessárias para conceder a extradição de pessoas que sejam acusadas pela prática do crime de tortura. Além disso, os Estados devem procurar acrescer aos tratados bilaterais de extradição, a condição de que o acusado pelo crime de tortura será sempre extraditável. Por outro lado, os Estados devem se recursar a extraditar pessoas quando houver suspeita de que será vítima de tortura pelo Estado requerente, consagrando o princípio do non-refoulement (proibição do rechaço) nos casos de tortura. Por fim, como forma de implementar as regras que analisamos acima, prevê a Convenção que os Estados- partes devem informar a Comissão Interamericana de Direitos Humanos sobre as medidas administrativas, legislativas e judiciais adotadas no sentido de prevenir a tortura. • tipificação penal da tortura, com penas severas; • treinamento de servidores das instituições penitenciárias; • viabilizar o acesso da vítima a formas e meios de denúncia dos atos praticados; • promover adequada compensação às vítimas de tortura; e • vedar a utilização de provas obtidas mediante tortura em processos MEDIDAS QUE DEVEM SER ADOTADAS PELOS ESTADOS AFIM DE EVITAR A TORTURA Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 5 16 SISTEMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA Para finalizar a aula de hoje vamos passar pelo estudo do combate à tortura que envolve a Lei 12.847/2013 e do Decreto 8.154/2013. A Lei 12.847/2013 institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT). Trata-se de um diploma pouco extenso, que além de criar o SNPCT, Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Vejamos as principais informações para a sua prova sobre o assunto. O SNPCT tem por objetivo fortalecer a prevenção e o combate à tortura, por meio de articulação e atuação cooperativa de seus integrantes. Entre os órgãos que atuarão em cooperação temos os comitês e mecanismos estaduais de prevenção e combate à tortura, os órgãos do Poder Judiciário, o Ministério Público, comissões de Direitos Humanos, Defensoria Pública, conselhos tutelas e da comunidade, entre outros. O SNPCT possui um rol de princípios: Quanto às diretrizes do SNPCT, temos: • respeito integral aos direitos humanos, em especial aos direitos das pessoas privadas de liberdade; • articulação com as demais esferas de governo e de poder e com os órgãos responsáveis pela segurança pública, pela custódia de pessoas privadas de liberdade, por locais de internação de longa permanência e pela proteção de direitos humanos; e • adoção das medidas necessárias, no âmbito de suas competências, para a prevenção e o combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. PRINCÍPIOS proteção da dignidade da pessoa humana universalidade objetividade igualdade imparcialidade não seletividade não discriminação Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 6 16 Por fim, cumpre registrar que o Decreto 8.154/2013 referido na ementa é responsável por regulamentar o SNPCT. Como o diploma traz regras procedimentais do funcionamento do Sistema, acredita-se que o assunto não possui maior relevância para fins de prova. RESUMO Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura A Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura foi adotada pela OEA no ano de 1985, assinada pelo Brasil em 1986 e, regularmente internalizada, em 1989, com a publicação do Decreto 98.386/1999. A principal obrigação estatuída na Convenção é a obrigação de os Estados partes da Convenção instituírem meios com vistas a prevenir a prática da tortura. Vejamos mais um esquema importante: CONSIDERA-SE TORTURA A prática de atos que inflijam intencionalmente penas ou sofrimentos físicos ou mentais. A prática de atos ou métodos que tenham por finalidade anular a personalidade da vítima ou diminuir a capacidade física ou mental. NÃO SE CONSIDERA TORTURA Eventuais penas ou sofrimentos físicos ou mentais que decorram da aplicação de medidas legais, desde que essas medidas não inflijam dor ou sofrimentos físicos ou mentais ou tenham por finalidade anular a personalidade da vítima ou reduzam a sua capacidade física ou mental. Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 7 16 Assim: Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura objetivo fortalecer a prevenção e o combate à tortura, por meio de articulação e atuação cooperativa de seus integrantes. Entre os órgãos que atuarão em cooperação temos os comitês e mecanismos estaduais de prevenção e combate à tortura, os órgãos do Poder Judiciário, o Ministério Público, comissões de Direitos Humanos, Defensoria Pública, conselhos tutelas e da comunidade, entre outros. princípios: NÃO SE ADMITE A TORTURA, NEM MESMO EM CASO DE: estado de guerra ameaça de guerra estado de sítio ou de emergência comoção ou conflito interno suspensão das garantias constitucionais instabilidade política interna outras emergências ou calamidades públicas • tipificação penal da tortura, com penas severas; • treinamento de servidores das instituições penitenciárias; • viabilizar o acesso da vítima a formas e meios de denúncia dos atos praticados; • promover adequada compensação às vítimas de tortura; e • vedar a utilização de provas obtidas mediante tortura em processos MEDIDAS QUE DEVEM SER ADOTADAS PELOS ESTADOS A FIM DE EVITAR A TORTURA Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 8 16 diretrizes: • respeito integral aos direitos humanos, em especial aos direitos das pessoas privadas de liberdade; • articulação com as demais esferas de governo e de poder e com os órgãos responsáveis pela segurança pública, pela custódia de pessoas privadas de liberdade, por locais de internação de longa permanência e pela proteção de direitos humanos; e • adoção das medidas necessárias, no âmbito de suas competências, para a prevenção e o combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final da nossa décima primeira aula. Essa foi uma aula curta, na qual abordamos vários documentos do Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Até a próxima aula! Bons estudos a todos! Ricardo Torques rst.estrategia@gmail.com https://www.facebook.com/direitoshumanosparaconcursos PRINCÍPIOS proteção da dignidade da pessoa humana universalidade objetividade igualdade imparcialidade não seletividade não discriminação Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 9 16 QUESTÕES COMENTADAS 1. (INSTITUTO ACESSO/PC-ES - 2019) No Brasil, na tentativa de combater e prevenir atos de tortura, o Estado brasileiro aprovou leis, assinou tratados internacionais e instituiu diversas políticas públicas ao longo das últimas décadas. Considere as seguintes referências: I – Constituição da República Federativa do Brasil (1988): art. 5, Inciso III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. II – Adesão à Convenção Contra Tortura das Nações Unidas (1989). III – Ratificação da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1989). IV – Assinatura do Protocolo Adicional à Convenção Contra Tortura das Nações Unidas (2007). V – Lei 9.140, de 4 de dezembro de 1995 – reconhece como mortas as pessoas desparecidas durante a Ditadura Militar (1964-1985) e concede indenização às vítimas ou familiares das vítimas. VI – Lei 9.455, de 7 de abril de 1997- tipifica o crime de tortura. É correto dizer que são pertinentes a) todas as referências. b) todas, exceto I, III e VI c) todas, exceto II, III e IV. d) todas, exceto I, V e VI. e) todas, exceto II, IV e V. Comentários A questão enunciou corretamente todos os diplomas normativos adotados pelo Brasil no combate à tortura. Todas as referências estão corretas. Portanto, a alternativa A é correta e é o gabarito da questão. 2. (PC-SP/PC-SP - 2012) De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1985), podem ser sujeitos ativos do crime de tortura a) apenas funcionários ou empregados públicos, ou particulares desde que instigados pelos dois primeiros b) apenas funcionários ou empregados públicos, ainda que em período de estágio probatório ou equivalente. c) qualquer pessoa, desde que tenha a intenção de impor grave sofrimento físico ou mental. d) exclusivamente empregados ou funcionários públicos, agindo em razão do ofício ou função e) qualquer pessoa, desde queseja penalmente responsável nos termos da lei do Estado Parte Comentários Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 10 16 Os titulares ativos do crime podem ser praticados por servidores públicos, como pelos executores, quando praticares os atos ou forem cúmplices. Desse modo está correta a alternativa A, conforme disciplina o art. 3º: Artigo 3 Serão responsáveis pelo delito de tortura: a) Os empregados ou funcionários públicos que, atuando nesse caráter, ordenem sua execução ou instiguem ou induzam a ela, cometam-no diretamente ou, podendo impedi- lo, não o façam. b) As pessoas que, por instigação dos funcionários ou empregados públicos a que se refere a alínea a, ordenem sua execução, instiguem ou induzam a ela, cometam-no diretamente ou nele sejam cúmplices. 3. (FMP/DPE-PA - 2015) De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, é correto afirmar que: a) quando houver denúncia ou razão fundada para supor que haja sido cometido ato de tortura no âmbito de sua jurisdição, os Estados Partes garantirão que o juiz proceda de ofício e imediatamente à realização de uma investigação sobre o caso, e determine, se for cabível, o início do respectivo processo penal. b) nenhuma declaração que se comprove haver sido obtida mediante tortura poderá ser admitida como prova num processo de conhecimento ou de execução penal, salvo para demonstrar a inocência do acusado ou condenado. c) a periculosidade do detido ou condenado, bem como, a insegurança do estabelecimento carcerário ou penitenciário não podem justificar a tortura ou sua determinação por parte dos empregados ou funcionários públicos. d) no conceito de tortura, compreendem-se as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam unicamente consequência de medidas legais ou a elas inerentes. e) entende-se por tortura todo ato pelo qual são infligidos a uma pessoa, intencionalmente ou não, penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Comentários A alternativa A está incorreta, pois a realização da investigação não será feita pelo juiz, mas pela autoridade competente em cada Estado. Vejamos o art. 8º, da referida Convenção. Artigo 8 (...) Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 11 16 Quando houver denúncia ou razão fundada para supor que haja sido cometido ato de tortura no âmbito de sua jurisdição, os Estados Partes garantirão que suas autoridades procederão de ofício e imediatamente à realização de uma investigação sobre o caso e iniciarão, se for cabível, o respectivo processo penal. A alternativa B está incorreta. Está incorreto falar que a declaração obtida mediante tortura será válida para demonstrar a inocência do acusado ou condenado. Vejamos o art. 10. Artigo 10 Nenhuma declaração que se comprove haver sido obtida mediante tortura poderá ser admitida como prova num processo, salvo em processo instaurado contra a pessoa ou pessoas acusadas de havê-la obtido mediante atos de tortura e unicamente como prova de que, por esse meio, o acusado obteve tal declaração. A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Vejamos o art. 5º, da convenção. Artigo 5 (...) Nem a periculosidade do detido ou condenado, nem a insegurança do estabelecimento carcerário ou penitenciário podem justificar a tortura. A alternativa D está incorreta. As práticas citadas na alternativa não são consideradas tortura, conforme art. 2º. Artigo 2 (...) Não estarão compreendidos no conceito de tortura as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam unicamente conseqüência de medidas legais ou inerentes a elas, contanto que não incluam a realização dos atos ou a aplicação dos métodos a que se refere este artigo. A alternativa E está incorreta. O ato de torturar é, necessariamente, intencional. Não pratica tortura alguém que inflige pena ou sofrimento a outra sem intenção. Além disso, a diferença do crime de tortura para o crime de maus tratos é, justamente, a intenção. Se o sofrimento é infligido para fins de educação, ensino ou tratamento, por exemplo, estamos falando do crime de maus-tratos. 4. (FUNDEP/DPE MG - 2019) Considerando a Defensoria Pública, a tortura e a violência estatal, analise as afirmativas a seguir. Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino ==1def4a== 12 16 I. Durante as entrevistas que antecedem a realização das audiências de custódia, o defensor público deve questionar o preso entrevistado sobre a ocorrência de qualquer violação à integridade física ou psíquica do conduzido, sem instaurar procedimento para averiguação do caso, uma vez que a Defensoria Pública não exerce o controle externo da atividade policial. II. Tortura é todo ato pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Configura tortura a aplicação, sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima que não causem dor física ou angústia psíquica. III. A Corte Interamericana de Direitos Humanos considera que o elemento essencial de uma investigação penal sobre uma morte decorrente de intervenção policial é a garantia de que o órgão investigador seja independente. Essa independência não implica a ausência de relação institucional ou hierárquica, podendo o possível acusado pertencer ao mesmo órgão a que a investigação for atribuída. Está(ão) incorreta(s) a(s) afirmativa(s) a) I e II, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. Comentários Item I – incorreto. A Defensoria Pública não exerce o controle externo da atividade policial (cabe ao Ministério Público, conforme previsão do art. 129, VII da Constituição Federal). No entanto, ao se deparar com a ocorrência de qualquer violação à integridade física ou psíquica do conduzido, a Defensoria Pública, por expressa previsão institucional (“atuar na preservação e reparação dos direitos de pessoas vítimas de tortura [...] propiciando o acompanhamento e o atendimento interdisciplinar das vítimas”), deverá intentar as medidas cabíveis. Item II – correto. O item corresponde ao conceito de tortura apresentado pelo art. 2º da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1985): Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por tortura todo ato pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou qualquer outro fim. Entender-se-á também como tortura a aplicação, sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima, ou a diminuir sua capacidade física ou mental, embora não causem dor física ou angústia psíquica. Não estarão compreendidas no conceito de tortura as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam unicamente consequência de medidas legais ou inerentes a elas, contanto que não incluam a realização dos atos ou a aplicação dos métodos a que se refere este artigo. Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 13 16 Item III – incorreto. A Corte Interamericana de Direitos Humanos, no caso “Gomes Rosa Genoveva e outros x República Federativa do Brasil” (conhecido como Caso Nova Brasília), consideroucomo violação da garantia de independência e imparcialidade nas investigações, o fato de os acusados fazerem parte do mesmo órgão que fez a investigação. Tal conduta é inadmissível, uma vez que o elemento essencial numa investigação do tipo é a garantia de que o órgão investigador seja independente e diferente da força policial envolvida no incidente. Portanto, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 14 16 LISTA DE QUESTÕES 1. (INSTITUTO ACESSO/PC-ES - 2019) No Brasil, na tentativa de combater e prevenir atos de tortura, o Estado brasileiro aprovou leis, assinou tratados internacionais e instituiu diversas políticas públicas ao longo das últimas décadas. Considere as seguintes referências: I – Constituição da República Federativa do Brasil (1988): art. 5, Inciso III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. II – Adesão à Convenção Contra Tortura das Nações Unidas (1989). III – Ratificação da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1989). IV – Assinatura do Protocolo Adicional à Convenção Contra Tortura das Nações Unidas (2007). V – Lei 9.140, de 4 de dezembro de 1995 – reconhece como mortas as pessoas desparecidas durante a Ditadura Militar (1964-1985) e concede indenização às vítimas ou familiares das vítimas. VI – Lei 9.455, de 7 de abril de 1997- tipifica o crime de tortura. É correto dizer que são pertinentes a) todas as referências. b) todas, exceto I, III e VI c) todas, exceto II, III e IV. d) todas, exceto I, V e VI. e) todas, exceto II, IV e V. 2. (PC-SP/PC-SP - 2012) De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1985), podem ser sujeitos ativos do crime de tortura a) apenas funcionários ou empregados públicos, ou particulares desde que instigados pelos dois primeiros b) apenas funcionários ou empregados públicos, ainda que em período de estágio probatório ou equivalente. c) qualquer pessoa, desde que tenha a intenção de impor grave sofrimento físico ou mental. d) exclusivamente empregados ou funcionários públicos, agindo em razão do ofício ou função e) qualquer pessoa, desde que seja penalmente responsável nos termos da lei do Estado Parte 3. (FMP/DPE-PA - 2015) De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, é correto afirmar que: a) quando houver denúncia ou razão fundada para supor que haja sido cometido ato de tortura no âmbito de sua jurisdição, os Estados Partes garantirão que o juiz proceda de ofício e imediatamente à realização de uma investigação sobre o caso, e determine, se for cabível, o início do respectivo processo penal. Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 15 16 b) nenhuma declaração que se comprove haver sido obtida mediante tortura poderá ser admitida como prova num processo de conhecimento ou de execução penal, salvo para demonstrar a inocência do acusado ou condenado. c) a periculosidade do detido ou condenado, bem como, a insegurança do estabelecimento carcerário ou penitenciário não podem justificar a tortura ou sua determinação por parte dos empregados ou funcionários públicos. d) no conceito de tortura, compreendem-se as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam unicamente consequência de medidas legais ou a elas inerentes. e) entende-se por tortura todo ato pelo qual são infligidos a uma pessoa, intencionalmente ou não, penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. 4. (FUNDEP/DPE MG - 2019) Considerando a Defensoria Pública, a tortura e a violência estatal, analise as afirmativas a seguir. I. Durante as entrevistas que antecedem a realização das audiências de custódia, o defensor público deve questionar o preso entrevistado sobre a ocorrência de qualquer violação à integridade física ou psíquica do conduzido, sem instaurar procedimento para averiguação do caso, uma vez que a Defensoria Pública não exerce o controle externo da atividade policial. II. Tortura é todo ato pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Configura tortura a aplicação, sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima que não causem dor física ou angústia psíquica. III. A Corte Interamericana de Direitos Humanos considera que o elemento essencial de uma investigação penal sobre uma morte decorrente de intervenção policial é a garantia de que o órgão investigador seja independente. Essa independência não implica a ausência de relação institucional ou hierárquica, podendo o possível acusado pertencer ao mesmo órgão a que a investigação for atribuída. Está(ão) incorreta(s) a(s) afirmativa(s) a) I e II, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino 16 16 GABARITO 1. LETRA A 2. LETRA A 3. LETRA C LETRA C Ricardo Torques Aula 07 PM-CE - Direitos Humanos - 2021 - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 196180207221943311 - Brena Stephanie Gomes Avelino
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