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Estudo de caso #9: Reposicionamento de drogas e patentes de segundo uso Questões: 1) A maioria das disputas judiciais relacionadas às patentes de "segundo uso", recaem sobre a atividade inventiva da mesma. Na sua opinião, o "segundo uso" ou um "novo uso terapêutico" é uma descoberta ou uma invenção? Justifique. Lembrando que pela LPI descobertas não são patenteáveis, mas invenções sim. Na nossa opinião, patentes de segundo uso são uma invenção apenas quando são derivadas de pesquisas com investimentos específicos para tal uso. No caso de, por exemplo, durante o estudo de um medicamento para pressão alta se descobrir que a droga também funciona para o tratamento de diabetes não poderia ser considerado uma invenção patenteável porque dificultaria a produção de genéricos e limitaria o acesso do medicamento à população. 2) Considerando o interesse público, cite pelo menos um argumento contra e um a favor da concessão de patentes de segundo uso? Um argumento a favor seria o estímulo à pesquisa do reposicionamento de fármacos, porque se está recompensando o pesquisador pelo seu trabalho. Além disso, utilizar substâncias já aprovadas em testes clínicos agiliza e barateia o processo. O argumento contra seria em função do evergreening, - ficar estendendo o prazo de patentes por mais 20 anos - o que impede a produção de genéricos, eleva preços. Não é uma boa alternativa para países em desenvolvimento, que não conseguem arcar com distribuir o medicamento com fácil acesso para todos. 3) Qual a relação das patentes de segundo uso com a produção de medicamentos genéricos? A patente de segundo uso não restringe a produção de genéricos a partir do primeiro uso, mas certamente impede o desenvolvimento desses com a mesma aplicação daquela patenteada pelo segundo uso. Isso não é apenas uma consequência, faz parte da estratégia da empresa detentora para limitar a produção de genéricos, entrando no conceito do evergreening (perenidade das patentes). 4) Considere o cenário hipotético em que uma droga, originalmente desenvolvida para o tratamento da AIDS, apresenta efeitos positivos no tratamento da COVID-19. A patente do medicamento para o tratamento da AIDS expirou por conta do prazo de 20 anos da patente e a empresa teve nova patente concedida para um segundo uso médico no tratamento da COVID-19. Nesse caso, outras empresas estariam impedidas de fabricar esse medicamento genérico para uso no tratamento da AIDS? E de produzir um remédio com o mesmo componente ativo para uso contra a COVID-19? Se algum governo utilizar o genérico produzido para o tratamento da AIDS no tratamento dos pacientes da COVID-19, estará infringindo alguma patente? A concessão de patentes de segundo uso não impossibilita a fabricação de genéricos para o primeiro uso por outras empresas, então nesse caso outras farmacêuticas poderiam produzir os genéricos para tratamento da AIDS. Entretanto a nova patente impede sim a produção de uma droga com o mesmo princípio ativo utilizado para o tratamento da nova aplicação contra a COVID-19, e caso algum governo utilize o genérico para um tratamento não descrito na bula do medicamento está sim infringindo a patente. 5) Considere o seguinte cenário: Você desenvolveu uma pesquisa de reposicionamento de fármacos com sucesso e sua empresa obteve uma patente para um segundo uso médico da substância x. Porém, a substância x possui patente ainda vigente e esta pertence a outra empresa. Como a sua empresa pode fazer para explorar comercialmente a sua patente de segundo uso? Que tipo de acordo poderia ser feito com a empresa detentora da patente da substância x para viabilizar a produção dessa molécula e utilização no tratamento previsto na patente de segundo uso? Sendo que a primeira patente é sobre a substância per se, é preciso que a empresa que tem patente do segundo uso entre em contato com a primeira para acordar uma maneira de utilizar a substância, pagando royalties para utilização até que essa caia em domínio público.