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Prática de Ensino em Biologia no Ensino Médio Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. João Paulo Silva Pinheiro Revisão Textual: Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcanti Como ser Professor de Biologia no Ensino Médio? • O Ensino de Biologia no Ensino Médio • Conteúdo de Biologia no Ensino Médio • Sala de Aula • Competências do Professor Atual • Compreender como é realizado o ensino de Biologia no Ensino Médio; • Verificar o conteúdo de Biologia no Ensino Médio; • Compreender como ocorrem as relações em sala de aula; • Analisar as competências do professor atual. OBJETIVO DE APRENDIZADO Como ser Professor de Biologia no Ensino Médio? Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Como ser Professor de Biologia O Ensino de Biologia no Ensino Médio O processo de ensino-aprendizagem passa por diversas mudanças ao longo dos anos, desde um ensino fragmentado a um integrador, que busca fazer a relação entre os vários temas da área, a contextualização e a interdisciplinaridade. Com o ensino de Biologia isso não aconteceu e nem acontece de forma diferenciada. Inicialmente, o ensino brasileiro sofreu grande influência europeia, em que na Biologia não se estabelecia conexões entre os seres vivos e as funções dos mesmos. No decorrer dos anos, mais precisamente em 1961 são fixadas as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961) para detalhar os direitos e organizar o ensino. Nas décadas seguintes, buscava-se o ensino para que houvesse o desenvolvimento profissional, o que não aconteceu de forma adequada, e acompanhasse o avanço da tecnologia. Posteriormente, em 1996, ocorre uma atualização com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996). No §2º, da LDB no. 9.394/96, traz uma inovação de extrema importância. Define como dimensão primeira do ensino médio a formação geral, ou seja, a formação básica qualitativa que consiste em compor um currículo através do qual o aluno aprenda a aprender, desenvolva a autonomia para pensar e substitua a pedagogia formalista nos conteúdos e ortodoxa nos métodos e na avaliação, por uma conduta crítica e criativa, face ao conhecimento das diversas disciplinas (Carneiro, 1998, p.121). Será que a criticidade e criatividade são “praticadas” atualmente? Como acontece o ensino de Biologia? É focado em conceitos, em palavras-chave, temas isolados? Também, permite a interpretação de ideias e a relação das mesmas com o cotidiano? De que forma o professor realiza a mediação do conteúdo? Além do mais, ocorre uma aprendizagem ativa? A Biologia é a ciência que tem como foco a vida, em que são discutidos os processos que ocorrem nos organismos e até mesmo a aplicação em diversas situações do dia-a-dia, como a agricultura. No ensino médio, o aluno é incentivado a questionar e estudar sobre processos genéticos, como determinadas características são adquiridas, sobre os mecanismos fisiológicos que ocorrem a todo momento para manter o “equilíbrio” e o organismo vivo, sobre as interações, por exemplo, as harmônicas e as desarmônicas, que os animais realizam na natureza para garantir a sobrevivência, sobre as características de cada parte dos vegetais, enfim uma diversidade de temas que permitem indagações, participação de debates, aplicações práticas e tecnológicas na sociedade, ou seja, a participação efetiva no cotidiano do indivíduo. É importante que o ensino de Biologia ocorra de forma transdisciplinar, envolvendo outras disciplinas escolares, e contextualizada, uma vez que vemos diariamente diversas notícias que abordam termos e ideias de Biologia exigindo uma relação com outras áreas, uma interpretação e um posicionamento crítico frente ao que está sendo exposto. 8 9 Transdisciplinaridade: “A unifi cação do conhecimento é objetivo do pensamento transdisciplinar, através da compreensão do mundo, através de diversas culturas, formando pontes entre elas e suas educações. Ela não elimina a pesquisa disciplinar e interdisciplinar, procura, na verdade, ultrapassá-las, expandindo o horizonte das mesmas” (GUEDES et al., 2010). Ex pl or No ensino médio, que no Brasil constitui os três últimos anos do ensino regular, os alunos (Figura 1) devem ser estimulados a realizarem uma leitura crítica dos temas transpondo para a realidade da sociedade, a fim de que haja uma melhoria na qualidade de vida de todos do planeta, por meio dos valores e das atitudes desenvolvidas (Cruz et al., 2015). Além do mais, Cruz e colaboradores (2015, p. 358) enfatizam que o professor deve aplicar melhor as suas metodologias, a fim de “fornecer uma aprendizagem que leve o aluno a construir o conhecimento, no lugar de receber conceitos prontos, inquestionáveis e de difícil compreensão”. Figura 1 − Alunos em Aula no Ensino Médio Fonte: iStock/Getty Images A LDB cita como objetivos do Ensino Médio: • A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; • A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou de aperfeiçoamento posteriores; • O aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; • A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produ- tivos, relacionando a teoria à prática, no ensino de cada disciplina. 9 UNIDADE Como ser Professor de Biologia Em um documento elaborado pelo Ministério da Educação em 2008, Reestrutura- ção e Expansão do Ensino Médio no Brasil (BRASIL, 2008), menciona os seguintes princípios e pressupostos para que ocorra um ensino de qualidade para todos: • Obrigatoriedade do Ensino Médio no Brasil; • O Ensino Médio – etapa final da educação básica - objetiva a autonomia do educando frente às determinações do mercado de trabalho; • O processo educativo está centrado nos sujeitos da aprendizagem, sejam jovens ou adultos, respeitadas suas características bio-psicológicas, socio- -culturais e econômicas; • As condições para oexercício da docência são garantidas pelo fortalecimento da identidade e da profissionalidade docente e da centralidade de sua ação no processo educativo; • A identidade do ensino médio, como etapa final da educação básica, deve ser construída com base em uma concepção curricular cujo princípio é a unidade entre trabalho, ciência, cultura e tecnologia; • O ensino médio integrado à educação profissional técnica é atualmente uma das mais importantes políticas públicas, mas parcial para a concretização da identidade do Ensino Médio Brasileiro; • A União tem como responsabilidade a coordenação nacional das políticas públicas para o ensino médio, em regime de colaboração com as unidades federadas. Esses princípios e pressupostos mencionados pelo documento “Reestruturação e Expansão do Ensino Médio no Brasil” vêm sendo seguidos? Quais aspectos precisam ser melhorados? De que forma, você como futuro professor, poderá contribuir? https://goo.gl/BHpSUx Ex pl or Já nos anos de 2016 e 2017, iniciou-se uma nova “reforma” no Ensino Médio com o intuito de mudar a estrutura do sistema atual, propondo uma flexibilização da grade curricular e permitindo ao estudante escolher a área de conhecimento que deseja aprofundar seus conhecimentos. Esse currículo novo será norteado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em elaboração, e que também definirá as competências e os conhecimentos que deverão ser ofertados a todos os estudantes. Quais mudanças essa nova reforma irá trazer para os alunos e para os professores? O que está sendo proposto irá beneficiar os alunos de que maneira? Será que esse novo Ensino Médio “focará” em certos conhecimentos e outros necessários serão “esquecidos”? Ex pl or 10 11 Conteúdo de Biologia no Ensino Médio Muitos questionam qual o conteúdo e qual a ordem esse deve ser ensinado em cada série, seja no ensino fundamental ou no ensino médio. Existe alguma lei, ou documento que apresente a “receita” para o professor seguir? De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 2000): “Uma proposta nacional de organização curricular, portanto, considerando a realidade federativa e diversa do Brasil, há que ser flexível, expressa em nível de generalidade capaz de abarcar propostas pedagógicas diversificadas, mas também com certo grau de precisão, capaz de sinalizar ao País as competências que se quer alcançar nos alunos do Ensino Médio, deixando grande margem de flexibilidade quanto aos conteúdos e métodos de ensino que melhor potencializem esses resultados. O roteiro de base para tal proposta será a LDB. Para introduzir a organização curricular da Base Nacional, é preciso recuperar o caminho percorrido por este parecer.” Logo, podemos observar que o conteúdo é flexível em cada região do país, até mesmo em cada Estado, a fim de que as diversidades, como a cultural, sejam respeitadas e o resultado seja o melhor possível. No estado de São Paulo, o site da Secretaria de Educação disponibiliza o Currículo do Estado de São Paulo da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, que contém a apresentação do currículo, a concepção do ensino na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Currículo de Ciências, Currículo de Biologia, Currículo de Física e Currículo de Química. Iremos focar no Currículo de Biologia, pois trata-se do assunto dessa unidade e está relacionado com o ensino médio. Currículo do Estado de São Paulo: https://goo.gl/SpQ6Mi Ex pl or De acordo com o Currículo do Estado de São Paulo, em relação aos conteúdos bási- cos ao longo das três séries, devem ser trabalhados os seguintes conceitos fundamentais: • Unidade e Diversidade – É surpreendente a enorme diversidade de formas de vida, desde seres de uma única célula até complexos animais com vida comunitária como nós (uma espécie entre milhões, com bilhões de diferentes espécimes), mas talvez mais surpreendente seja sua unidade. Por exemplo, todos os seres vivos têm em comum complexas funções vitais, como organização própria e de interação com o meio, controladas por programas genéticos específicos de cada espécie guardados em longas e microscópicas cadeias químicas. 11 UNIDADE Como ser Professor de Biologia • Interação dos seres vivos com o meio ambiente – Cada ser vivo ou organismo é adaptado às condições ambientais, assim como essas condições influenciam esses seres e são por eles influenciadas. Por exemplo, o número de rãs de uma área contribui para controlar a quantidade de insetos, da mesma maneira que a sobrevivência desses anfíbios depende da temperatura do ambiente, da disponibilidade de água, assim como da quantidade de agrotóxicos na área. Para se manter vivo, cada organismo deve reunir mecanismos para responder às alterações ambientais, num processo bastante dinâmico. • Complementaridade entre estrutura e função – O padrão de organização das várias partes de um organismo relaciona-se estreitamente à função que desempenham nele. Assim, por exemplo, a articulação do joelho humano é bastante diferente da articulação do cotovelo. São estruturas diferentes com funções diferentes. Em organismos distintos, a mesma estrutura pode ser utilizada de diversas maneiras, como no caso do bico dos pássaros. Por exemplo, o beija- flor usa o bico com função diferente e de maneira diversa do gavião. • Continuidade da vida – Os ipês produzem novos ipês, assim como seres humanos produzem novos seres humanos. Cada geração assemelha-se à de seus ancestrais, e isso constitui o que se entende por “continuidade da vida”; neste caso, mais uma expressão da unidade do mundo vivo. A vida é, portanto, um processo contínuo, passado de uma geração a outra. • Mudanças ao longo do tempo – Os seres vivos atuais não são os mesmos do passado, conforme comprovam os fósseis (Figura 2) ou outros sinais de vida antiga. De certa forma, o confronto desses fósseis com os organismos vivos permite mapear (e individualizar) essas diferenças. Embora não se coloque em discussão as mudanças ocorridas, o que se discute é como foram produzidas e como podem estar associadas a novas mudanças. Há teorias explicativas, entre as quais a da evolução. Figura 2 − Exemplo de Mudanças ao Longo do Tempo – Fósseis Fonte: gulfcoast.edu 12 13 Com a finalidade de que cada conceito fundamental seja compreendido há a organização das grades curriculares (série/bimestre): conteúdos associados a habilidades, sendo propostos os seguintes temas de estudo: • A interdependência da vida; • Qualidade de vida das populações humanas; • Identidade dos seres vivos; • Transmissão da vida e mecanismos de variabilidade genética; • A receita da vida e o seu código: tecnologias de manipulação do DNA; • Diversidade da vida; • Origem e evolução da vida. Por fi m, o documento apresenta quadro (Quadro 1) com os conteúdos e as habilidades divididos por série e por bimestre. Acesse e veja essas divisões. https://goo.gl/SpQ6MiEx pl or Quadro 1 - Conteúdos e de Habilidades em Biologia disponibilizado pelo documento Currículo do Estado de São Paulo da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias 1ª Série do Ensino Médio 1º B im es tre Conteúdos A interdependência da vida - Os seres vivos e suas Interações: Manutenção da vida, fluxos de energia e matéria · Cadeia e teia de alimentos · Níveis Tróficos · Ciclos Biogeoquímicos - Deslocamentos do Carbono, Oxigênio e Nitrogênio Ecossistemas, Populações e Comunidades · Característica básicas de um ecossistema · Ecossistemas terrestre e aquáticos · Densidade de Populações · Relações de Competição Habilidades · Distinguir matéria orgânica viva de matéria orgânica morta · Diferenciar matéria orgânica originária de animais de matéria orgânica originária de vegetais · Identificar as substâncias necessárias tanto para a produção de matéria orgânica no produtores como nos consumidores · Reconhecer que o produtores de matéria orgânica não são apenas as plantas, mas todos os organismos clorofilados, assim comoos consumidores não se restringem a animais · Identificar e explicar as condições e as sustâncias necessárias a realização da fotossintese. Fonte: http://www.educacao.sp.gov.br/ 13 UNIDADE Como ser Professor de Biologia Sala de Aula Depois do professor visualizar como “funciona” o ensino médio, qual o conteúdo deve ensinar e realizar outros procedimentos, como o planejamento, chegou o momento de ir à sala de aula. Ao escutar: sala de aula, o que você logo imagina? Um espaço físico com um quadro branco e diversas cadeiras, como apresentado na figura 3? Ou seria algo bem mais complexo? Somaríamos esse espaço físico com vários alunos com comportamentos e ambições diferentes? Figura 3 − Estrutura Física de uma Sala de Aula Fonte: iStock/Getty Images O espaço físico é um elemento importante, mas não o principal, pois o foco do professor deve ser os alunos. Nesse ambiente deve ser inserido atrativos para que cada discente sinta-se bem e também convidado a interagir com o professor, com os demais alunos e, principalmente, com o conteúdo. Muitos estudos demonstram a importância da arquitetura escolar para o processo pedagógico, em que uma sala com arquitetura “moderna”, bem climatizada e com recursos tecnológicos é um atrativo para todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem. Guerra (2007, p. 85) cita essa importância arquitetônica para a educação: “A filosofia de trabalho da escola é comunicada visualmente pelas imagens apresentadas nas bibliotecas, nas quadras de esportes, nos pátios, nos centros de convivência e nas alas de aula. Um dos mecanismos para verificar a ação pedagógica consiste na disposição dos mobiliários e dos equipamentos nas salas e nos laboratórios.” 14 15 As aulas podem acontecer somente nessa sala de aula? A resposta é não. Por isso, afirmamos que o aluno é o elemento principal desse processo. As aulas podem ocorrer em vários locais, sejam eles abertos ou fechados, como em um parque, um zoológico, uma praça, um museu entre outros. Dessa forma, a sala de aula consiste em um ambiente em que estão inseridos alunos e professor(es) para ocorrer o processo de ensino-aprendizagem, havendo a construção do conhecimento e possibilitando a formação de cidadãos críticos e reflexivos em relação à sociedade em que vivem. Porém, nesse espaço ocorre somente a aula propriamente dita? Não. Na sala de aula são desenvolvidas relações afetivas entre todos os sujeitos (aluno x aluno, aluno x professor), em que alguns estudos demonstram a importância disso para haver a aprendizagem significativa. Afinal, somente a sala de aula é responsável para que ocorra uma aprendizagem significativa? A eficiência do processo de ensino-aprendizagem depende de vários fatores, tais como a gestão escolar, a qualificação e a remuneração dos professores, a participação dos alunos, a escolha do material didático e, até mesmo, a participação dos pais e da comunidade. De acordo com Moran (2000, p. 14): Uma organização inovadora, aberta, dinâmica, com um projeto pedagógico coerente, alerto, participativo; com infraestrutura adequada, atualizada, con- fortável; com tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas. Uma organização que congregue docentes bem preparados intelectual, emocional, comunica- cional e eticamente; bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais, onde haja circunstancias favoráveis a uma relação efetiva com alunos que facilite conhecê-los acompanhá-los, orientá-los. Leia a seguinte notícia: Estrutura precária afeta o ensino - Escolas depredadas e com espaços desconfortáveis fazem com que o aluno sinta-se desmotivado e até abandone os estudos – disponível em: https://goo.gl/Au3j1h Ex pl or Após essa leitura e a visualização da imagem disponível na notícia, como você vê a estrutura da escola que você estudou, e/ou já visitou em sua comunidade e/ ou já estagiou? De acordo com sua vivência, a estrutura física pode interferir no processo de ensino-aprendizagem? Depois da leitura desse tópico, imagine a seguinte situação: você planejou a aula para 30 alunos com uma dinâmica para auxiliar na revisão dos conhecimentos prévios e no processo de construção do conhecimento. Ao chegar em sala de aula, você encontra 50 alunos, pois o professor da outra turma faltou, mudando assim vários aspectos da turma, como o comportamento, o interesse pela disciplina e as interações (aluno x aluno, professor x aluno). Diante dessa situação, qual seria sua 15 UNIDADE Como ser Professor de Biologia atitude como professor? Você seguiria o mesmo planejamento? A “sala de aula” seria a mesma? A dinâmica seria realizada ou utilizaria apenas o quadro branco para a exposição do conteúdo? Quais estratégias poderiam ser desenvolvidas para manter o comportamento da turma e seguir a dinâmica da aula? Medeiros et al. (2011) apresentam o quadro abaixo, adaptado de Rodrigues Junior (2011), com algumas condutas e características, além de como é a atuação de professo- res eficientes em relação aos demais. Condutas Características Professores Eficientes Pró-atividade Capacidade de previsão de acontecimentos indesejáveis. Conseguem prever situações que podem levar ao comprometimento do aprendizado, e antes que isso aconteça tomam iniciativas para evitar o problema. Onipresença Habilidade de se fazer presente em todo o espaço físico da sala de aula. São capazes de ocupar inteiramente o espaço físico de suas salas, através da circulação durante as aulas. Simultaneidade Capacidade de realizar mais de uma atividade ao mesmo tempo. Conseguem manter duas ou mais atividades durante as aulas. Continuidade Habilidade de não se perder, não quebrar o ritmo da aula diante de interrupções ou de imprevistos. Planejam ações claras e precisas para suas aulas com antecedência, são, portanto capazes de conviver com perturbações sem perder o rumo. Pique Contrário de monotonia, pois se relaciona à surpresa, ou à expectativa de atividades inusitadas. Nunca são previsíveis, sempre e sempre deixam os alunos na expectativa da próxima atração, sem esquecer-se das rotinas necessárias à pratica docente. Cobrança Capacidade de demonstrar que cada minuto é valioso e deve ser destinado para o que realmente importa, pois o objetivo da aula é aprender. Nunca desperdiçam tempo com o que não se relaciona ao aprendizado. Variedade Habilidade de variar atividades, propor diferentes metodologias e recursos adequados a cada situação de aprendizagem. Buscam técnicas e recursos variados para trabalhar conteúdos relevantes e nunca se acomodam. Agora, iremos ler sobre as competências do professor atual e relacionar com os tópicos supracitados para refletir e praticar à docência no ensino médio. Competências do Professor Atual Qual o verdadeiro papel do professor no ensino médio? Essa é uma interrogação “vivenciada” durante a formação e a vivência docente, fazendo com que o professor busque uma constante atualização e, consequentemente, a formação continuada. Tudo isso é importante para que seja desmistificada a posição do professor tradicional: ministrar uma aula no quadro, aplicar exercícios e provas e ir embora. Nos dias de hoje, cada vez mais, os docentes buscam metodologias que possam ser aplicadas para permitir o processo de construção do conhecimento de forma ativa, em que o aluno seja o protagonista do aprendizado. Além do mais, que o discente seja capaz de relacionar os temas daquela disciplina com fatos do cotidiano (contextualização) e com outras disciplinas (interdisciplinaridade), a fim de formar cidadãos críticos e participativos na sociedade. 16 17 Se esse aprendizado não for associado a uma ou mais práticas sociais, suscetíveis de ter um sentido para os alunos, será rapidamente esquecido, considerado como um dos obstáculos a serem vencidos para conseguir um diploma, e não como uma competência a ser assimilada para dominar situações da vida (PERRENOUD, 1999). Perrenoud (2000) traz em sua obra dez competências paraensinar no século XXI, permitindo a atuação de professores eficientes. Essas competências com as específicas serão descritas no quadro abaixo (mais informações e discussões leia a obra completa: PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000). Comperências Competências Específi cas Organizar e Dirigir situações de Aprendizagem · Conhecer os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem; · Trabalhar a partir das representações dos alunos; · Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem; · Construir sequências didáticas; · Envolver os alunos em atividades de pesquisa e projetos. Administrar a Progressão das Aprendizagens · Criar e administrar situações-problema ajustadas ao nível dos alunos; · Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos de ensino; · Estabelecer laços com as teorias que embasam as atividades de aprendizagem; · Observar e avaliar os alunos através de uma abordagem formativa; · Fazer balanços sistemáticos das competências e tomar decisões de progressão. Conceber e fazer evoluir os Dispositivos de Diferenciação · Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma; · Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto; · Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de dificuldades; · Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino mútuo. Envolver os Alunos em suas Aprendizagens e em seu Trabalho · Suscitar o desejo de aprender; · Instituir e fazer funcionar um conselho de alunos (de classe ou de escola) e negociar regras e contratos com eles; · Oferecer atividades opcionais à formação; · Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno. Trabalhar em Equipe · Elaborar um projeto de equipe; · Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões; · Formar e renovar uma equipe pedagógica; · Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais; · Administrar crises ou conflitos interpessoais. Participar da Administração da Escola · Elaborar, negociar um projeto da instituição; · Administrar recursos da escola; · Coordenar, dirigir uma escola com todos os parceiros envolvidos; · Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos. Informar e Envolver os Pais · Dirigir reuniões de informação e de debate; · Fazer entrevistas; envolver os pais na construção de saberes. 17 UNIDADE Como ser Professor de Biologia Comperências Competências Específicas Utilizar Novas Tecnologias · Utilizar editores de textos; · Explorar as potencialidades didáticas dos programas em função dos objetivos de ensino; · Comunicar-se à distância por meio da telemática; · Utilizar ferramentas multimídia no ensino. Enfrentar os Deveres e os Dilemas Éticos da Profissão · Prevenir a violência dentro e fora da escola. Lutar contra preconceitos e discriminações sexuais, étnicas e sociais; · Participar da criação de regras de vida comum referentes à disciplina escolar, às sanções e à apreciação da conduta. Analisar a relação pedagógica, a autoridade, a comunicação em aula. Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça. Administrar sua Própria Formação Contínua · Saber explicitar as próprias práticas; · Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação contínua; · Negociar um projeto de formação comum aos colegas. Envolver-se em tarefas em escala de ordem de ensino ou do sistema educativo. Acolher a formação dos colegas e participar dela. Então, é difícil desenvolver essas competências? Pela leitura, podemos perceber que depende muito do professor, mas estão relacionadas aos alunos, aos pais, à gestão escolar entre outros. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Notícias sobre Ensino Médio https://goo.gl/Wfh7J9 Livros Avaliação da Excelência à Regulação das Aprendizagens PERRENOUD, P. Avaliação da excelência à regulação das aprendizagens: entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999. Dez Novas Competências para Ensinar PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000. Leitura Habilidades e Competências na Práticas Docente: Perspectivas a partir de situações-problemas https://goo.gl/Q9jWh6 Habilidades e Competências: Novos Saberes Educacionais e a Postura do Professor https://goo.gl/QN46xr A Afetividade na Sala de AAula e Atuação dos Professores no Ensino Médio - Reflexões Pontuais https://goo.gl/77xPK3 19 UNIDADE Como ser Professor de Biologia Referências BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM). 2000. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2017. BRASIL. Reestruturação e Expansão do Ensino Médio no Brasil. 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/2008/interministerialresumo2. pdf>. Acesso em: 27 fev. 2017. CARNEIRO, Moacir Alves. LDB Fácil: Leitura crítica-compreensiva artigo a artigo. 11ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998. CRUZ, E. A. L.; SILVA, J. W. S.; SILVA, C. G.; SOUZA, H.M.L.; NUNES, J. R. S. O ensino de biologia no ensino médio em uma escola periférica no município de Tangará da Serra – MT. Educere - Revista da Educação, v. 15, n. 2, p. 355-368, jul./dez. 2015. GUEDES, C.O.; MACHADO, J.G.; BRITO, M.J.P.; BRITO, S.J.; MACHADO, V.M. Importância das aplicações da transdisciplinaridade na educação humana. Revista Graduando, n.1, jul-dez, 2010. GUERRA, V. P. Práticas pedagógicas no ensino médio: perspectivas da docência em salas-ambientes. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade de Tuiuti do Paraná, Curitiba,2007. MEDEIROS, J.B.L.P.; PONTE, E.L.; CRAVEIRO, A.C. Vida de Aprendiz 2 – Estágio Supervisionado no Ensino Médio I. Fortaleza: SEAD/UECE, 2011. MORAN, J. M. M. Novas tecnologias e mediação pedagógicas. São Paulo: Papirus editora, 2000. PERRENOUD, P. Avaliação da excelência à regulação das aprendizagens: entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999. PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000. São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Currículo do Estado de São Paulo: Ciências da Natureza e suas tecnologias. 2012. Disponível em: < http://www. educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/780.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2017. 20
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