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Objetivos: 1. Compreender a fisiologia do envelhecimento (Bioquímico e celular); 2. Conhecer as alterações provocadas pelo processo fisiológico do envelhecimento em cada sistema; 3. Entender o envelhecimento psicossocial; 4. Conhecer as políticas públicas no cuidado aos idosos; Termos Desconhecidos: A) Canície = ou embranquecimento dos cabelos é um fenômeno natural e progressivo que ocorre pela diminuição ou perda da atividade dos melanócitos (células que produzem o pigmento melanina). O início é mais precoce nos caucasianos, por volta dos 35 anos, e nos negros inicia-se em torno dos 45 anos. B) Xerostomia = termo usado para designar a sensação de boca seca provocada por fatores diversos, como desidratação, ronco, hábito de respirar pela boca, cigarro, álcool, má higiene bucal, longas falas. A FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO (BIOQUÍMICO E CELULAR) O que eu posso falar: A fisiologia do envelhecimento mostra como ocorre o declínio progressivo de todos os processos fisiológicos do corpo humano. Seu objetivo é estudar as variações e mudanças biológicas, fisiológicas e anatômicas que o ser humano sofre ao longo dos anos. O envelhecimento pode ser diferente de um indivíduo para o outro. É um processo individual que cumpre seu próprio ritmo, sendo gradativo para uns e mais rápido para outros. Nele, há influência de muitos fatores, como carga genética, estilo de vida, condições socioeconômicas e doenças crônicas. Envelhecer é um processo fisiológico natural, no entanto, é possível retardá-lo a partir de avanços proporcionados pela ciência e medicina preventiva. Entender como o corpo humano envelhece é muito importante para todos os profissionais da área da saúde. Principalmente para aqueles que trabalham com a área de estética. Essa tentativa de retardar seus efeitos se torna ainda mais importante devido ao avanço mundial do envelhecimento populacional. Além disso, no Brasil nos últimos cinco anos, o número de idosos cresceu 18% e ultrapassou 30 milhões em 2017, conforme números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A senescência é o conjunto de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas que ocorrem no organismo humano ao longo da vida e que não configuram doença. Assim, o ato de envelhecer caracteriza-se pelo conjunto dessas modificações previsíveis e progressivas. Esse processo não se dá de maneira uniforme entre as pessoas, uma vez que, no mesmo indivíduo, um órgão pode sofrer mais comprometimento do que o outro; bem como questões genéticas, de estilo de vida e exposições ambientais também influenciam no processo de envelhecimento de cada pessoa. As doenças são umas das principais causadoras de perdas de reservas orgânicas e da aceleração do envelhecimento, causando um declínio gradativo dos vários sistemas orgânicos. Entender a fisiologia do envelhecimento permite conhecer a diferença entre as alterações orgânicas e as patológicas, dando subsídios para saber o momento e a maneira correta de intervir quando necessário. É de suma importância entender as peculiaridades da fisiologia do envelhecimento e distinguir entre os tipos de alterações que ocorrem no organismo do idoso para, desse modo, promover o cuidado adequado da população sexagenária. Como ocorre o envelhecimento fisiológico: O envelhecimento fisiológico atinge todos os seres humanos. É caracterizado como um processo dinâmico, progressivo e irreversível. Além disso, é um processo altamente individualizado, que apresenta muitas diferenças entre os sujeitos e entre as funções associadas, tanto em nível biológico, como psicológico e sociocultural. Sua definição pode ser compreendida a partir de três fases: A) Envelhecimento Primário ou Senescência: O envelhecimento primário também é conhecido como “Envelhecimento normal ou senescência”. Atinge o organismo de forma gradual e progressiva, apresentando efeito cumulativo. Podemos dizer que a senescência é um processo metabólico de envelhecimento ao nível celular. Para exemplificar melhor, ao longo do tempo as células que entram em senescência perdem a capacidade proliferativa após um determinado número de divisões celulares. B) Envelhecimento Secundário ou Senilidade: O envelhecimento secundário ou patológico está ligado ao efeito das doenças e do ambiente sobre o organismo. Pode ser reversível ou alvo de uma intervenção preventiva, por exemplo: mudanças nos hábitos de vida. C) Envelhecimento Terciário: Associado a perdas físicas e cognitivas. Normalmente manifesta-se na fase adiantada da velhice. Além do mais, apresenta declínio brusco e rápido, com falhas no sistema biológico, imunológico e psicológico. Obs.: Antes de prosseguir, entenda a diferença entre senescência e senilidade. 1) Senescência = abrange todas as alterações produzidas no organismo de um ser vivo – seja do reino animal ou vegetal – e que são diretamente relacionadas a sua evolução no tempo, sem nenhum mecanismo de doença reconhecido 2) Senilidade = é um complemento da senescência no fenômeno do envelhecimento. O geriatra define como “condições que acometem o indivíduo no decorrer da vida baseadas em mecanismos fisiopatológicos”. São, dessa forma, doenças que comprometem a qualidade de vida das pessoas, mas não são comuns a todas elas em uma mesma faixa etária. “Assim são a perda hormonal no homem que impede a fertilidade, a osteoartrose, a depressão e o diabetes, entre outros comprometimentos”, explica Jacob Filho. Todas essas circunstâncias não são normais da idade e nem comuns a todos os idosos, por isso são caracterizadas como quadro de senilidade. Quais são as principais alterações fisiológicas do envelhecimento – considerações gerais? Dentro do processo envelhecimento humano, observam-se algumas capacidades e alterações fisiológicas reduzidas. ➢ A capacidade auditiva é reduzida a partir dos 75 anos de idade. Morfologicamente o tímpano apresenta tendência a torna- se mais espesso com a idade. ➢ A capacidade visual fica reduzida com maior dificuldade de focar objetos próximos e de adaptação a diferentes luminosidades. ➢ A capacidade gustativa reduzida é observada, com diminuição do paladar. Também apresenta diminuição de produção de saliva e tendência a perda dos dentes. Dentro das alterações fisiológicas principais, também podemos destacar: ➢ A diminuição da água corporal total (de 70% nas crianças para 52% no idoso); ➢ Diminuição de peso e estatura, alterações na pele (manchas senis, diminuição de fibras elásticas); ➢ Diminuição da força e tônus muscular; ➢ Diminuição da capacidade respiratória ➢ Problemas cardiovasculares, renais, entre outros. Essas alterações fisiológicas são cumulativas e progressivamente vão reduzindo a reserva funcional do indivíduo. Nesse sentido, há um comprometimento das capacidades de adaptações e assim o indivíduo fica mais suscetível ao desenvolvimento de doenças. A redução funcional varia de pessoa para pessoa e de órgão para órgão. Composição corporal: Não existe um consenso em relação ao período exato de início do envelhecimento, como já foi supracitado, depende de vários fatores. Entretanto, sabe-se que, por volta dos 25 anos, já se pode observar modificações na composição corporal. ➢ Ocorre uma diminuição na celularidade (Quantidade de determinadas células numa área de um tecido ou de um órgão), reduzindo continuamente as funções dos órgãos. ➢ Tem-se a diminuição de água intracelular, de modo que o organismo do idoso fica fisiologicamente desidratado. Com isso, deve-se ficar atento ao prescrever fármacos hidrossolúveis, pois eles ficarão em maior concentraçãono organismo, podendo acontecer, mais facilmente, efeitos indesejados da medicação. ➢ Ocorre uma diminuição da musculatura decorrente da redução da quantidade de fibras tipo II, de contração rápida. Com isso, tem-se a diminuição da força muscular. ➢ Há um aumento proporcional de gordura, principalmente, na região de cintura pélvica. Com isso, deve-se também tomar certos cuidados ao prescrever medicações lipossolúveis, especialmente as de ação central, pois terão tempo de ação aumentado devido a essa alteração anatômica. Bioquímica do Envelhecimento: O processo de envelhecimento envolve alterações no fluxo salivar e na composição bioquímica da saliva. Poucos pacientes apresentam uma causa bem definida de xerostomia, enquanto a maioria tem uma queixa de boca seca frequentemente associada à existência de doenças sistémicas, polimedicação e radioterapia da cabeça e do pescoço. Todas estas causas são mais frequentes em indivíduos idosos. O processo biológico de envelhecimento provoca atrofia das células do tecido acinar das glândulas salivares, sendo este substituído por tecido adiposo. No entanto, a taxa de secreção salivar em idosos saudáveis mantém-se estável, o que se explica pela capacidade de reserva funcional destas glândulas. O cortisol e a α-amilase são também componentes salivares cujos níveis se alteram com a idade. O cortisol é uma hormona corticosteroide produzida pela glândula suprarrenal que está envolvida na resposta ao stress. É também responsável pelo aumento da pressão arterial e dos níveis de açúcar do sangue e pela supressão do sistema imune. Esta hormona promove a degradação proteica, a lipólise, a gliconeogênese, a síntese de leptina e a diferenciação dos adipócitos; inibe a síntese proteica e a utilização da glicose. Assim, antagoniza algumas das ações da insulina, e é fulcral no período de jejum. Como inibe a síntese e promove a degradação proteica, diminui a massa muscular e a matriz conjuntiva. As α-amilases são enzimas hidrolíticas que transformam o amido em maltoses e dextrinas. No corpo humano as -amilases são produzidas em diferentes órgãos: enquanto a amilase pancreática é produzida pelo pâncreas e libertada no trato intestinal, a amilase salivar é sintetizada nas glândulas salivares e secretada na saliva. ➢ Metabolismo, alterações celulares e genéticas: O envelhecimento pode estar associado ao maior acúmulo de lesões celulares decorrentes das espécies reativas do oxigênio e do nitrogênio derivadas do metabolismo mitocondrial. Importante! “Diversos fatores podem contribuir para a redução do estresse oxidativo, como a hormese induzida pela prática regular de exercícios físicos, a restrição calórica, a ingestão de antioxidantes nutricionais e o aumento da produção de antioxidantes celulares que. Em conjunto, estes promovem a expressão das sirtuínas e das proteínas do choque térmico, protegendo a integridade e funcionalidade mitocondriais, reduzindo o estresse oxidativo e nitrosativo, o que está associado à redução do envelhecimento e aumento da longevidade.” O envelhecimento induz um maior estresse oxidativo, que aumenta a quantidade de proteínas, carboidratos, lipídeos e ácidos nucléicos oxidados, especialmente quando há declínio do metabolismo mitocondrial de ATP e aumento da produção de radicais livres e espécies reativas. Além do declínio funcional e cognitivo, o envelhecimento é caracterizado por alterações na expressão gênica e maior estresse oxidativo, que causa mutações e encurtamento dos telômeros. Além do encurtamento telomérico, os radicais livres danificam o DNA, sendo que o envelhecimento se caracteriza por aumento do acúmulo de danos genéticos e redução dos reparos genômicos. Aprofundando! AS ESPÉCIES REATIVAS E OS RADICAIS LIVRES DO OXIGÊNIO E NITROGÊNIO: Os radicais livres do oxigênio e nitrogênio são átomos ou moléculas que apresentam um ou mais elétrons não-pareados. Consideram- se radicais livres o ânion superóxido (O₂-), hidroxila (OH) e a lipoperoxila (LOO). Capazes também de reagir com moléculas celulares e teciduais, as principais espécies reativas do oxigênio, nitrogênio e cloro compreendem o peróxido de hidrogênio (H2O2), o ácido hipocloroso (HClO), o óxido nítrico (NO) e o ânion peroxinitrito (ONOO-), que, em excesso, estão associadas a lesões celulares como a peroxidação de lipídeos, a oxidação de proteínas, a inativação enzimática, ativação excessiva de genes pró-inflamatórios [fator de necrose tumoral (TNF), interleucinas (IL), fator nuclear kappa beta (NFkB), fator de crescimento transformado beta (TGFB)] e danos ao DNA e aumento do risco de câncer. Estas espécies reativas estão também envolvidas em várias doenças crônicas não-transmissíveis associadas ao envelhecimento, como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, síndrome metabólica, artrite reumatoide e doenças neurodegenerativas (doença de Alzheimer, doença de Parkinson). As lesões celulares associadas ao envelhecimento incluem núcleos e complexos de Golgi distorcidos, mitocôndrias menos eficientes e retículo endoplasmático com menor tamanho. O estresse oxidativo provoca uma alteração dos lipídeos conhecida como peroxidação lipídica, além de danos oxidativos no DNA e proteínas (grupos carbonilas e sulfidrilas). A peroxidação lipídica altera a fluidez das membranas, provocando menor seletividade no transporte iônico e na sinalização transmembrana, o que prejudica o transporte celular. A atividade do proteassomo diminui, causando menor degradação de proteínas oxidadas e aumento na agregação de proteínas, o que induz a degeneração celular e diversas doenças associadas ao envelhecimento (cardiovasculares, neurodegenerativas, degeneração e atrofia muscular). Recentemente, o papel deletério da oxidação de aminoácidos em proteínas foi mais bem elucidado. As espécies reativas do oxigênio inibem a enzima que edita e corrige o RNA transportador, para formar a sequência correta de aminoácidos da proteína, resultando em síntese de proteínas anômalas.20 Além disso, os radicais livres oxidam os aminoácidos cisteína e metionina, provocando sérias alterações na estrutura e função das proteínas. Além disso, o envelhecimento e os radicais livres estão associados à redução dos telômeros, fenômeno conhecido como encurtamento telomérico. A telomerase, enzima que catalisa a adição de bases nitrogenadas em sequências repetitivas nas extremidades dos cromossomos, ajuda a regenerar telômeros. Devido à ausência de ação da telomerase em muitas células somáticas, o comprimento do telômero vai encurtando a cada divisão celular, até a célula entrar em senescência. O encurtamento dos telômeros está associado a maior risco de aterosclerose, câncer de mama, diabetes mellitus e hipertensão arterial. Mulheres com maior estresse psicológico apresentaram maior estresse oxidativo e maior taxa de encurtamento dos telômeros. Por fim, deve-se ressaltar que estímulos patogênicos como o estresse oxidativo e genotóxico ativam a via de sinalização do fator nuclear kappa beta (NFkB)9 que, por sua vez, induz a ativação de genes associados ao envelhecimento celular. O NFkB ativa genes que inibem a morte celular (por apoptose ou necrose), que provocam imunossenescência, atrofia muscular e inflamação. Alterações metabólicas da mitocôndria associadas ao envelhecimento: Diversos estudos demonstraram que o envelhecimento celular está associado à redução da integridade funcional das mitocôndrias e, consequentemente, ao aumento da produção de radicais livres e espécies reativas. Alguns autores da teoria mitocondrial do envelhecimento sugerem que mutações ocorridas no genoma mitocondrial alteram o metabolismo mitocondrial,reduzindo a produção de ATP e predispondo a célula ao envelhecimento e a diversas doenças associadas a este (degeneração macular, progeria, ataxia telangiectasia. Ao contrário, a longevidade estaria associada à manutenção da estrutura e função adequadas das mitocôndrias. Classificação dos indivíduos idosos por categoria funcional: • Meia-idade; (40 – 65) • Velhice; (65 -75) • Velhice avançada; (75 – 85) • Velhice muito avançada. ( > 85) ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELO PROCESSO FISIOLÓGICO DO ENVELHECIMENTO EM CADA SISTEMA: Tegumentar • O envelhecimento da pele está associado não só ao critério cronológico, mas, também, a aspectos externos relativos ao modo de vida das pessoas, como a exemplo, tipos de dieta, exposição ao sol e saúde emocional, entre outros. • A perda de água da pele (desidratação) inicia-se por volta dos 25 anos e está acompanhada da diminuição de fibras do colágeno, proteína que dá a sua elasticidade. Também a diminuição das glândulas sebáceas e sudoríparas torna a pele mais seca e com menor capacidade de adaptação às variações de temperatura do meio ambiente. • Funções orgânicas: mudanças que ocorrem com o envelhecimento, quais sejam: alteração da permeabilidade, resposta imunológica diminuída, menor elasticidade, redução na produção de vitamina D e percepção sensorial deficiente. • Há também diminuição no número de vasos sanguíneos e da sua função imunológica, o que facilita as infecções, além da diminuição de folículos pilosos, ocasionando queda de cabelos e pelos, e diminuição na produção de pigmentos que lhes dão cor. Há ainda diminuição do crescimento das unhas, que se tornam mais quebradiças. • Redução da vascularização capilar; aumento do tecido conjuntivo; redução do conteúdo hídrico, com perda do turgor dos tecidos e tendência à secura, característica está evidente na pele, mucosa e fâneros, nas pessoas idosas, tipicamente seca e inelástica. • O envelhecimento traz mudanças que provocam o achatamento da articulação dermoepidérmica, variação no tamanho das células epiteliais, forma e propriedade corante das células basais e menor número de células e melanócitos. A derme costuma ser menos espessa, apresentando diminuição do número de células, da vascularidade e degeneração das fibras de elastina. Quanto aos anexos, são em menor número e a estrutura das glândulas sudoríparas é alterada com a perda dos melanócitos. Desse modo, a pele fica mais exposta a inflamações, lacerações e escoriações associadas às mudanças fisiológicas da epiderme e derme. • A pele intrinsecamente envelhecida é pálida e flácida, sua função máxima e a capacidade de reservas são diminuídas, aumentando sua fragilidade, responsividade imunológica diminuída, termorregulação, sudorese, cicatrização de feridas e renovação epitelial diminuída. A alteração mais marcante é o aplainamento da junção dermoepidérmica que causa perda do padrão em rede, alteração que leva à perda da coesão na interface dermoepidérmica, responsável pela formação de bolhas e transtornos bolhosos na pele do idoso. • No que se refere ao fotoenvelhecimento, ele é responsável pela maioria das alterações clínicas vistas na pele habitualmente exposta ao sol; pele áspera, alterações pigmentares e enrugamento profundo são atribuídos aos efeitos cumulativos da radiação ultravioleta. Musculoesquelético • A falta de exercícios físicos provoca um descondicionamento, que segundo alguns autores leva a fragilidade do sistema músculo esquelético. • A perda da massa muscular e consequentemente da força muscular é o modo principal de se notar a deteriorização da mobilidade e da capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo. • Estruturalmente, a massa muscular diminui à medida que o número e o tamanho das fibras musculares declinam durante o final da meia- idade e dos anos posteriores da idade adulta. • Funcionalmente, a redução na força muscular parece ocorrer ao mesmo tempo em que ocorrem perdas no tecido muscular. • A atrofia muscular da idade avançada corre por conta principalmente da perda de fibras musculares, sendo em grau menor devida à redução do tamanho das fibras. A redução do número de fibras musculares diz respeito aos dois tipos de fibras; a diminuição do tamanho afeta principalmente as fibras do tipo II. • O mecanismo responsável não é tanto um processo miogênico e sim um fenômeno neurogênico, no qual a reinervação não é capaz de acompanhar a denervação e reinervação. Segundo o mesmo autor, as fibras musculares, que deixam de ser inervadas, acabam perecendo, sendo em parte substituídas por gordura e tecido conjuntivo. Esse mecanismo explica a acentuada diminuição da porcentagem de tecido muscular contrátil na musculatura do indivíduo idoso que para Lexell apud Matsudo (2001) é após os 60 anos que o músculo passa por esse processo contínuo de denervação e reinervação. Essa alteração na estrutura do músculo poderia explicar por que a redução do tecido muscular contrátil seria maior que a redução real do volume muscular e da área muscular transversa. • As principais causas apontadas como responsáveis pela redução seletiva da massa muscular, são a diminuição nos níveis do hormônio do crescimento que acontece com o envelhecimento e dos níveis de atividade física do indivíduo. Fatores nutricionais, hormonais, endócrinos e neurológicos também devem ser lembrados, pois estão envolvidos na perda da força muscular que acontece com a idade. • Com relação ao esqueleto, observa-se uma diminuição gradual com o passar do tempo na espessura dos ossos e na resistência e na arquitetura do tecido ósseo. • Outro aspecto que influencia bastante o metabolismo ósseo são as mudanças dos níveis hormonais que ocorrem principalmente nas mulheres durante e depois do climatério. • Ocorre a redução da massa óssea, mais frequentemente em mulheres, o que pode predispor à ocorrência de fraturas. • Muitos indivíduos apresentam um encurtamento na estrutura. Este encolhimento pode ser atribuído a uma ou mais causas. À proporção que o envelhecimento avança, os discos que separam as vértebras principalmente da coluna dorsal passam por várias alterações. Em um estado saudável, os discos intervertebrais possuem núcleos similares à gelatina. Os discos vertebrais de adultos mais velhos frequentemente perdem uma porção de conteúdo de água, que é importante para a absorção de choques, tornando-se mais fibrosos. Isto, juntamente com alterações da densidade mineral óssea nas vértebras, resulta em compressão dos discos. A compressão dos discos reduz o comprimento da coluna vertebral e causa a perda subsequente de altura total. • Fraturas por compressão de vértebras torácicas levam a perda de estatura e cifose torácica progressiva. As costelas inferiores eventualmente apoiam-se nos ossos dos ilíacos e a pressão para baixo exercida sobre as vísceras causa distensão abdominal. • Outros fatores que contribuem pata a perda de altura relacionada a idade incluem o mau alinhamento da coluna e a má postura. O curvamento da coluna pode resultar de uma redução na capacidade de absorção de choques dos discos vertebrais. • A diminuição de massa óssea esteja ligada à redução nas concentrações de hormônios (estrogênio, hormônios de paratireoide, calcitonina, costiesteróides e progesterona); fatores nutricionais (deficiência de vitamina D, e de cálcio); imobilidade causada pelo estilo de vida sedentário (doenças, fraturas, problemas articulatórios) e status da massa óssea na maturidade (biótipo baixo, magro e caucasiano). A perda de massa óssea está relacionadanão somente ao envelhecimento, mas também a genética, ao estado nutricional, e ao nível de atividade física do indivíduo. Cardiovascular • Com o avanço dos anos, o sistema cardiovascular passa por uma série de alterações, tais como arteriosclerose, diminuição da distensibilidade da aorta e das grandes artérias, comprometimento da condução cardíaca e redução na função barorreceptora. • Ocorrem alterações especialmente no colágeno do coração e dos vasos sanguíneos do idoso. • Ocorre à migração de células lisas vasculares ativadas para dentro da camada íntima dos vasos arteriais, o que aumenta a produção da matriz extracelular (estimulada pela angiotensina II), ocorrendo alteração na inatividade de metaloproteinases, com maior produção de colágeno e perda de fibras elásticas, resultando em dilatação e calcificação arterial responsável pela rigidez arterial aumentada. • Nas artérias, ocorre acúmulo de gordura (aterosclerose), perda de fibra elástica e aumento de colágeno. • A função cardiovascular fica prejudicada, diminuindo a resposta de elevação de frequência cardíaca ao esforço ou estímulo, aumentando a disfunção diastólica do ventrículo esquerdo e dificultando a ejeção ventricular. • Ocorre a diminuição da resposta às catecolaminas e a diminuição a resposta vascular ao reflexo barorreceptor. • Ocorre maior prevalência de Hipertensão Arterial Sistólica Isolada com maior risco de eventos cardiovasculares. • O miocárdio passa por alterações, que resultam em perda celular e a alteração do seu funcionamento. • Ao longo dos anos, conforme vai aumentando o tamanho das células musculares do coração, o órgão tende a crescer e se tornar mais rígido. Além disso, suas paredes, artérias e arteríolas vão ficando mais espessas, o que pode tornar o trânsito sanguíneo um pouco mais lento. • Outro problema muito comum que advém com o envelhecimento diz respeito à captação e absorção de cálcio. Isso igualmente reflete no coração, pois, como há a perda muscular, faz com que seja prolongado o tempo de relaxamento ventricular. • Há, ainda, a redução da modulação da função cardíaca pelo sistema nervoso autônomo, fazendo com que a resposta após a estimulação da adrenalina seja mais lenta Respiratório • O enrijecimento do gradil costal é a principal alteração fisiológica do envelhecimento associado à parede torácica, podendo ser atribuído ao processo de osteoporose e osteoartrose senil, caracterizado por descalcificação das costelas e vértebras, calcificação das cartilagens condroesternais, alterações nas articulações costovertebrais e achatamento dos discos intervertebrais. • Mudanças no formato do tórax ocorrem como resultado da osteoporose, o que resulta em fraturas parciais ou totais de vértebras e, consequente, aumento da cifose dorsal e do diâmetro anteroposterior do tórax. Essas modificações da caixa torácica alteram a curvatura do diafragma, com um efeito negativo na sua capacidade de gerar pressão inspiratória. • Há diminuição da elasticidade do tecido pulmonar, redução de diâmetros, enfraquecimento dos músculos respiratórios e diminuição do volume residual. Essas mudanças trazem como consequência para o idoso uma susceptibilidade maior a infecções respiratórias e provoca o aumento do uso de músculos acessórios, aumento da energia dispendida na respiração, diminuição das trocas gasosas e do reflexo da tosse. • Progressiva diminuição dos espaços dos discos intervertebrais e desenvolvimento da cifose torácica, em que temos aumento do ângulo de curvatura da coluna vertebral com eventual giba posterior e aumento do diâmetro anteroposterior (tórax em barril). • Como consequência da alteração na curvatura torácica, temos a redução dos espaços intercostais, que irá refletir negativamente na expansibilidade pulmonar, na capacidade volumétrica torácica e na altura do indivíduo (osteoporose senil). • Musculatura respiratória consequências da sarcopenia (redução da massa magra e aumento do tecido adiposo) que acomete o idoso. Com o menor espaço intercostal, temos interferência no comprimento e no ângulo de inserção nas costelas da musculatura intercostal e de suas fibras musculares. Além disso, com essa perda de massa muscular generalizada relacionada ao envelhecimento, há perda de força e de funcionalidade muscular, gerando uma perda progressiva na capacidade ventilatória, tanto na inspiração quanto na expiração, associada a um maior trabalho muscular e gasto energético. • Redução da expansibilidade torácica, sendo associada a menor complacência torácica e menor volume inspiratório, assim como uma redução na fração do volume expiratório forçado no 1º segundo (FEV1) e na capacidade vital (volume corrente + reserva inspiratória + reserva expiratória). • Além disso, o idoso sofre uma perda progressiva da capacidade intrínseca do mecanismo de tosse e de expectoração durante o envelhecimento devido a sarcopenia e a redução de sensibilidade de receptores específicos, fazendo com que haja uma maior predisposição de sofrer infecções respiratórias. • A capacidade de realizar um clearance mucociliar adequado das células das mucosas respiratórias se encontra diminuída devido a diminuição da funcionalidade e da quantidade dos cílios, ao aumento da quantidade e do espessamento de muco, levando a uma maior incidência de infecções das vias respiratórias com o aumento da idade. • O inflammaging se trata do processo de baixo estado inflamatório crônico encontrado no paciente idoso. São levantadas teorias que abordam a possibilidade de que altas concentrações séricas de citocinas pró-inflamatórias, como a IL-6, durante esse processo aumentem as alterações na elasticidade e destruam parte do parênquima pulmonar. • Associada ao inflammaging, temos a imunossenescência, que se trata das inúmeras respostas imunológicas atenuadas notadamente a agentes infecciosos. Tal relação dinâmica, quando desequilibrada entre os mediadores pró e anti- inflamatórios, gera o processo pró- inflamatório crônico (inflammaging) que dificulta as respostas imunes inatas e adquiridas nos idosos (imunossenescência). Esse desbalanço entre os mediadores de respostas imunológicas atrasa a ativação e prolonga as reações inflamatórias, proporcionando um aumento na morbimortalidade nos idoso após infecções, exposições ambientais de risco e agressões sistêmicas. Digestório • O sistema digestivo, com a senescência, fica fortemente comprometido, com alterações que diminuem os processos mecânicos e químicos da ingestão, digestão e absorção ocasionando problemas absortivos, saciedade precoce, hipocloridria, deficiência na absorção de macro e micronutrientes e constipação intestinal. • Alterações no funcionamento do aparelho digestivo, diminuição da acuidade dos órgãos dos sentidos, alterações na capacidade mastigatória, no fluxo salivar e na integridade da mucosa da boca também são fatores que podem influenciar a alimentação do idoso. • Além dos condicionantes específicos do próprio envelhecimento, existem outros fatores que podem interferir no estado nutricional dessa população, tais como: situação social (pobreza, isolamento social), alterações psicológicas (demência, depressão), condição de saúde (doenças crônicas, disfagia, polifarmácia, alterações na mastigação, perda da capacidade funcional e autonomia), entre outros. Dessa forma, o idoso torna-se, do ponto de vista nutricional, vulnerável, pois os fatores acima descritos podem estar associados ao menor consumo alimentar. • Os fatores fisiológicos podem limitar a ingestão alimentar, ocasionando a deficiência devitaminas e minerais, e, de forma crônica, podendo causar até desnutrição. • No mecanismo de deglutição, a população idosa apresenta uma maior chance de desenvolver disfagia, que pode ser provocada por redução da sensibilidade orofacial, diminuição dos movimentos orais, perdas dentárias e uso de próteses. • A absorção da vitamina B12, grande parte da cobalamina é armazenada no fígado, sendo ampla a reserva de vitamina B12 no organismo. Entretanto, quando sua capacidade de absorção é interrompida, todo o estoque é consumido sem que ocorra a reposição. Assim, suas manifestações apresentam características sutis, podendo levar de 5 a 10 anos para o aparecimento de carência desta. Por este motivo, é tão incidente a deficiência em pacientes idosos. • No esôfago, ocorre uma diminuição da pressão no esfíncter esofagiano superior, gerando alterações no relaxamento dessa estrutura proporcionado pela deglutição. Ocorre um enfraquecimento da musculatura abdominal, fazendo com que a ação da presa dessa estrutura esteja diminuída no esfíncter esofagiano inferior, permitindo maior incidência de refluxo gastresofágico inferior e hérnia de hiato. • No estômago, ocorre um aumento do tempo de esvaziamento gástrico (principalmente para líquidos), podendo prejudicar a absorção. Com a diminuição intensa da secreção ácida do estômago, pode acontecer uma manifestação inicial de gastrite atrófica, sendo que essa redução da secreção ácida não é observada em idosos saudáveis. Reduções leves a moderadas podem ocorrer devido ao envelhecimento, podendo ter como consequências crescimento bacteriano no trato proximal do intestino, causando má absorção gastrointestinal. Ocorre também uma diminuição do ácido clorídrico basal e estimulada, atrapalhando o processo digestivo principalmente em pacientes com gastrite atrófica preexistente, gerando ainda, uma diminuição da pepsina e do fator intrínseco responsável pela absorção da vitamina B12. Percebe-se também na mucosa gástrica uma diminuição de fluxo sanguíneo, bem como uma diminuição na produção de prostaglandinas, quedas nos níveis de bicarbonato, sódio. A inflamação crônica da mucosa gástrica pode afetar a expressão de peptídeos da saciedade gástrica, como a leptina ou a grelina, podendo levar ao aumento do apetite e ganho de peso. • No fígado ocorre os danos causados pelo uso de substâncias químicas, ocorre uma diminuição do fluxo sanguíneo hepático, diminuição de resistência hepática à situação de estresse e menor capacidade de metabolização hepática através de processos bioquímicos de oxidação, redução e hidrolise. O acúmulo de alguns macronutrientes que foram excretados com o decorrer do tempo leva à modificação da coloração do órgão, tornando a coloração amarronzada. • Na vesícula biliar, ocorre uma diminuição na produção de ácidos biliares que, em menores concentrações, dificultam a degradação do colesterol, fazendo com que ocorra um acúmulo em compartimento intravascular, contribuindo para o aparecimento de cálculos biliares e aterosclerose • No intestino delgado, ocorre uma diminuição de absorção em determinados nutrientes, predispondo o paciente a situações de diarreia e diminuição da massa óssea. A diarreia pode ser causada pelo excesso de bactérias associada à má alimentação, diverticulite, diabetes mellitus e hipocloridria, e pode levar a um processo de má absorção de vitamina K e vitamina B6, ferro e folatos. A diminuição da massa óssea está relacionada com a resistência à ação do hormônio precursor da vitamina D e, consequentemente, a uma diminuição na absorção da vitamina D e do cálcio. • No intestino grosso, ocorre diminuição de percepção de distensão anorretal, levando a maior risco de constipação, mesmo não ocorrendo alterações na motilidade, complacência e tônus retal. Ocorre maior risco de incontinência fecal, principalmente por impactação fecal, desordens neurológicas e uso de laxantes Urinário • Principais Alterações Biofisiológicas do Envelhecimento: Diminuição do tamanho dos rins; Redução da taxa do volume que é filtrado nos rins; Diminuição na produção e excreção do hormônio ADH - antidiurético que diminui a secreção da urina; Poliúria – urinar mais vezes à noite, entre outros. • Uma das patologias vinculadas a este sistema é a incontinência urinária, que é a perda involuntária de urina. Sua causa é multifatorial como: enfraquecimento dos músculos da bexiga, diminuição da visão e da capacidade de se movimentar rapidamente, que dificultam a ida ao banheiro a tempo; dentre outros. • Com a idade, há uma perda fisiológica de tecido renal, o que pode fazer com que um indivíduo, ainda que saudável, venha a se encaixar no grupo de pessoas com alterações morfológicas de volume. • O envelhecimento renal também é caracterizado por alterações estruturais e fisiológicas que afetam a homeostase, isto é, a manutenção corporal de fluidos, de eletrólitos e do equilíbrio ácido- básico. • Os rins sofrem um declínio de peso e de volume, aproximadamente, correspondente à perda de 10% da massa total de néfrons a cada 10 anos, com tendência de maior redução no sexo masculino. A perda ocorre principalmente no córtex renal, reduzindo a área para filtração glomerular. Nesse processo degenerativo, a região medular fica, relativamente, preservada • Com o avançar da idade, os vasos intrarrenais, principalmente as artérias interlobulares e as arqueadas, desenvolvem progressiva esclerose e passam a apresentar redução em seu lúmen; essas alterações vasculares determinam modificações no fluxo laminar de sangue e facilitam a deposição de lipídios na parede vascular. Adicionalmente, há substituição de suas células musculares lisas por depósitos de colágeno, que ocasiona perda da elasticidade tecidual • A redução do fluxo sanguíneo renal (FSR) é acompanhada de aumento da resistência nas arteríolas aferentes e eferentes, independentemente do débito cardíaco ou de reduções na massa renal. Essa alteração contribui para a menor eficiência dos rins envelhecidos na resposta à sobrecarga ou à perda de fluidos e de eletrólitos. • A redução linear no número de néfrons ao longo da vida é notória e, provavelmente, é o principal fator para o menor ritmo de filtração glomerular observado no decorrer da senescência renal. • A progressão da idade, a perda de néfrons possibilita o desenvolvimento de uma fibrose tubular intersticial generalizada, embora a estrutura do túbulo contornado distal não pareça se alterar significativamente. • Os glomérulos corticais sofrem uma evolução para atrofia e desaparecimento completo, com perda total do polo vascular, desaparecendo, assim, ambas as estruturas, enquanto nos glomérulos justa medulares ocorre o desaparecimento do glomérulo, sem a perda dos segmentos das arteríolas aferentes e eferentes que dão origem a um shunt vascular. • Os túbulos e interstício renais passam a sofrer o processo contrário, com diminuição do seu comprimento e volume, provavelmente em decorrência de isquemia. Como consequência, há uma substituição por tecido conjuntivo sem grandes sinais inflamatórios associados. • Ureter, tem sido relatada maior contratilidade, que, provavelmente, estaria associada a uma expansão da sua camada muscular. • O envelhecimento da bexiga pode resultar no desarranjo do delicado equilíbrio entre os músculos estriados (voluntários) e liso (autônomo), controlado pela ação simpática, responsável pelo relaxamento e pela capacidade de armazenamento vesical, e o parassimpático, com ação predominante na contração da bexiga e expulsão da urina. • A hipertrofia da próstataprovoca um aumento gradual na retenção urinária e a incontinência por fluxo excessivo. Nervoso • O sistema biológico mais comprometido com o envelhecimento é o Sistema Nervoso Central (SNC). • o sistema nervoso apresenta alterações com redução no número de neurônios, redução na velocidade de condução nervosa, redução da intensidade dos reflexos, restrição das respostas motoras, do poder de reações e da capacidade de coordenações. • No período compreendido entre os 20 e 90 anos, o córtex cerebral experimenta perda de 10% a 20 % de massa, podendo ocorrer em outras partes do cérebro prejuízo de até 50%. Assim, à medida que o cérebro envelhece, a atividade bioquímica (neurotransmissores) é afetada frequentemente. • Ocorre decréscimo no número de células nervosas, podendo ocorrer variações com uma mínima perda celular em uma região e prejuízos mais pronunciados em outras. • A partir da segunda década de vida, começa a acontecer um declínio ponderal discreto e lentamente progressivo, de 1,4 a 1,7% por década. • O envelhecimento do cérebro é passível de hipóxia (quantidade inadequada de oxigênio). Assim, com o envelhecimento, alterações na estrutura do sistema circulatório e na inatividade física, acarretam declínio na circulação sanguínea que conduz o oxigênio. • Depósito de lipofuscina nas células nervosas; depósito amilóide nos vasos sanguíneos e células nervosas; aparecimento de placas senis; menos frequentemente emaranhados fibrilares; mudanças nos neurotransmissores, principalmente os dopaminérgicos; diminuição da produção de acetilcolina; atrofia da plasticidade de receptores colinérgicos muscaríneos; redução da função desses receptores; função colinérgica diminuída. • As perdas sensoriais afetam todos os órgãos do sentido. A privação sensorial é caracterizada como a ausência de estímulos no ambiente ou a incapacidade de interpretar os estímulos existentes. Essa privação dos sentidos pode levar a pessoa idosa à irritabilidade, aborrecimento, confusão, desorientação e ansiedade: • Visão: A partir do momento em que novas células se formam na superfície externa do cristalino, as antigas centrais se acumulam, tornando-se amareladas, rígidas, densas e turvas. Somente a porção externa do cristalino é suficientemente elástica para mudar de forma e focalizar as distâncias próximas e longínquas. A partir do momento em que o cristalino diminui sua flexibilidade, o ponto próximo ao foco se distância mais do olho. Tal distúrbio é conhecido como presbiopia. Quando o cristalino se torna amarelado e turvo, faz com que a luz se dissemine, tornando o idoso sensível à ofuscação. Diminui a capacidade de discernimento entre as cores azul e verde. Os músculos da íris se enrijecem, fazendo com que a pupila se dilate incompletamente e de forma lenta. A pessoa idosa leva mais tempo para se adaptar quando entra e sai de ambientes iluminados e escuros e precisa de luminosidade mais intensa para enxergar de perto. Os distúrbios visuais patológicos não fazem parte do processo normal de envelhecimento, porém, alguns são comuns nos idosos: catarata, glaucoma, degeneração macular senil e a retinopatia diabética. • Audição: Na meia idade, perde-se a capacidade para identificação dos tons de alta frequência. Com o envelhecimento, ocorre a presbiacusia decorrente das alterações irreversíveis no ouvido interno. Os idosos têm dificuldade de acompanhar a conversação, pois os tons das consoantes 26 de alta frequência tem sons semelhantes. A dificuldade de compreensão do processo de conversação pode levar o idoso a responder erroneamente, isolando-se socialmente. • Paladar e Olfato: A capacidade para o paladar e o olfato dos idosos encontra-se diminuída. Dentre os quatro paladares, o paladar doce fica comprometido no idoso. A diminuição do paladar pode aguçar a preferência do idoso por alimentos mais condimentados. Genital/Reprodutivo • Com a menopausa, cessa a produção de estrogênio e progesterona pelos ovários. Com o envelhecimento, ocorrem diversas alterações no sistema reprodutivo feminino, dentre elas: adelgaçamento, redução no tamanho e perda de elasticidade vaginal; diminuição das secreções e acidez da vagina, resultando em ressecamento e prurido; relaxamento da vagina e do períneo devido à diminuição do tônus do músculo pubococcígeo. Essas alterações provocam sangramento vaginal e dor na relação sexual. • O útero, as trompas de Falópio e os ovários ficam menores. • Ocorre uma diminuição da massa muscular e do tecido conjuntivo, incluindo dos existentes nos músculos, ligamentos e outros tecidos que servem de suporte à bexiga, ao útero, à vagina e ao reto. Assim, é possível que os órgãos afetados percam a sustentação e caiam (prolapso), o que às vezes causa uma sensação de pressão pélvica ou entupimento. Eles podem ficar salientes na abertura da vagina e causar dificuldade em urinar ou perda de controle da micção ou evacuação (incontinência). Mulheres que tiveram filhos são mais propensas a ter esses problemas, mas eles podem afetar qualquer mulher. • Há menos estrogênio para estimular os dutos de leite, os seios diminuem de tamanho. O tecido conjuntivo que sustenta as mamas também diminui. A perda da sustentação contribui para as alterações no formato das mamas. O tecido fibroso nos seios é substituído por gordura, tornando os seios menos firmes. • As mudanças relacionadas à idade nos órgãos reprodutores não interferem no prazer sexual. No entanto, a secura vaginal após a menopausa pode causar dor durante a atividade sexual e algumas mulheres sentem uma diminuição na libido. • Nos homens, o envelhecimento provoca diminuição do androgênio e diminuição do tamanho do pênis e dos testículos. Concomitantemente às doenças cardiovasculares; ao diabetes; aos distúrbios neurológicos e até à doença respiratória, pode ocorrer a disfunção erétil. O desejo e a atividade sexual diminuem, porém não desaparecem com a idade. • A frequência, a duração e a rigidez das ereções diminuem aos poucos à medida que o homem envelhece (consulte Disfunção erétil). • Os níveis do hormônio sexual masculino (testosterona), tendem a cair, o que diminui o estímulo sexual (libido). O fluxo de sangue para o pênis diminui. • Redução da sensibilidade do pênis • Redução do volume de líquido liberado durante a ejaculação • Redução do tempo de pré-aviso da ejaculação • Orgasmo sem ejaculação • Depois do orgasmo, o pênis fica flácido (detumescente) mais rapidamente • Depois do orgasmo, ocorrem períodos mais longos antes de uma ereção poder ocorrer (período refratário). • Níveis baixos de testosterona podem desenvolver determinadas características associadas ao envelhecimento, incluindo diminuição da libido, menor massa muscular, aumento da gordura abdominal, ossos finos que facilmente sofrem fratura (osteoporose), diminuição do nível de energia, lentidão de pensamento e baixa contagem sanguínea (anemia). Baixos níveis https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/prolapso-de-%C3%B3rg%C3%A3os-p%C3%A9lvicos-pop/prolapso-de-%C3%B3rg%C3%A3os-p%C3%A9lvicos-pop https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-masculina/disfun%C3%A7%C3%A3o-sexual-em-homens/diminui%C3%A7%C3%A3o-da-libido-em-homens https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/osteoporose/osteoporose https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-sangue/anemia/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-anemia de testosterona aumentam também o risco de doença arterial coronariana. Endócrino • As glândulas endócrinas sofrem uma série de alteraçõesfisiológicas com o decorrer da idade. Isto é normal, e várias endocrinopatias podem acometer o idoso como o diabetes melittus, tireopatias, declínio da função gonádica etc. A qualquer momento, na 3ª idade, pode se instalar uma hiperfunção ou hipofunção de uma glândula endócrina. • ADENOIPÓFISE: • A secreção do hormônio de crescimento – GH – não se altera até a 5ª década e a seguir desaparece o clássico pico noturno (sono) em 80% dos indivíduos de ambos os sexos. Porém, a indução de sua liberação pela glicose ou pela arginina, está conservada até os 80 anos, embora seja menor nos obesos. • O TSH – hormônio tireotrófico – mantém seus níveis séricos até a senescência, e responde bem ao estímulo com TRH. Porém, os níveis plasmáticos de T3 e T4 declinam a partir dos 60 anos, chegando, em alguns, casos a se reduzir à metade. • O conteúdo hipotalâmico de GnRH se mantém e, em conseqüência, os níveis de gonadotrofinas FSH e LH estão inalterados no homem, ou mesmo elevados na mulher (menopausa). • O ACTH aparentemente vai decrescendo com a idade, uma vez que a excreção urinária de todos os esteróides adrenais se reduz, talvez devido a uma menor síntese. • NEUROIPÓFISE: • Observamos aumento do seu peso com a idade, talvez pelo aumento de tecido conjuntivo e infiltração de basófilos. Reduz-se a vascularização e não parece haver redução do conteúdo de HAD e ocitocina com a senectude (Parece haver uma menor resposta renal ao HAD endógeno e, em contraste ao HAD exógeno, as respostas são normais.) • ADRENAIS: • A esteroidogênese adrenal se comporta de forma variável. Assim, em repouso, os níveis de cortisol e aldosterona são inferiores aos dos adultos jovens, o mesmo ocorrendo com a deidroepiandrosterona, mas a estrona e o estradiol adrenais chegam a duplicar no idoso. • Há ligeiro declínio no clearance metabólico da aldosterona, exceto nos casos de coexistirem patologias que induzam a um hiperaldosteronismo secundário, como cirrose, síndrome nefrótica, insuficiência cardíaca, hipertensão renovascular ou porta. • A medular adrenal e as catecolaminas desempenham relevante papel com o avançar da idade. O conteúdo adrenal aumenta, o nível de noradrenalina em repouso está tão elevado quanto os níveis observados no stress, porém, o conteúdo e a captação pelo miocárdio diminuem. • TIROIDE: • Com a idade avançada, a glândula tireoide sofre atrofia moderada e desenvolve anormalidades histopatológicas inespecíficas – fibrose, aumento dos nódulos colóides, hipofunção com esclerose glandular, infiltração do tecido conjuntivo e inclusões de gordura. Os níveis plasmáticos de T3 e T4 declinam a partir dos 60 anos, chegando, em alguns casos, reduzidos à metade dos valores dos jovens adultos. • PARATIREÓIDES: • são comuns, nos velhos, taxas anormais de cálcio e fósforo e alguns autores se referem a hipercalcemias associadas a neoplasias ou metástases (tumores brônquicos, mamários, da próstata e dos cólons), que levariam a uma produção ectópica de paratormônio. Por outro lado, pacientes idosos com osteoporose apresentam, em geral, níveis de PTH mais elevados do que pacientes normais de mesma idade. A calcitonina, por sua vez, decresce com o evolver das décadas, atingindo seus menores valores depois dos 60 anos. Os níveis de Vitamina D3 que atingem seu máximo ao final da adolescência, se reduzem posteriormente na vida adulta e se mantém estáveis depois da 5ª década. • PÂNCREAS ENDÓCRINO: • A insulina sérica imunorreativa está aumentada com a idade nos períodos pós-prandiais e no jejum. Os testes de tolerância à glicose- oral, venosa e oral mais tolbutamida venosa não estão alterados e evidenciam uma resposta mais prolongada com a idade. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/doen%C3%A7a-arterial-coronariana/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-doen%C3%A7a-arterial-coronariana-dac https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/doen%C3%A7a-arterial-coronariana/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-doen%C3%A7a-arterial-coronariana-dac Imunológico (Imunossenescência) • O processo de envelhecimento afeta ambos os ramos da imunidade, embora a imunidade inata pareça estar mais bem preservada. • A capacidade de renovação das células do sistema imunológico, a partir das células-tronco hematopoiéticas, diminui com a idade. • As alterações nos precursores dos linfócitos B levam à diminuição do número de células maduras que deixam a medula óssea, enquanto a involução tímica leva a alterações substanciais no compartimento de células T. • A imunossenescência caracteriza- se por um estado inflamatório crônico, denominado "inflammaging". Algumas associações entre infecção crônica virais e o envelhecimento são descritas, como por exemplo, a infecção crônica pelo CMV. A persistência viral no hospedeiro imunocompetente modula o sistema imunológico e dados científicos mostram que a infecção pelo CMV pode acelerar o envelhecimento do sistema imunológico e levar à inflamação crônica subclínica. • A capacidade geral para renovação dessas células-tronco, assim como a quantidade total de tecido hematopoiético na medula óssea, diminui com a idade. • A habilidade destas células-tronco proliferarem se correlaciona inversamente com a idade, possivelmente como resultado do encurtamento da telomerase. • Não existe uma redução do número dos neutrófilos com o envelhecimento e nem tão pouco a perda da capacidade de resposta com neutrofilia frente a uma infecção. Em contraste, com o envelhecimento os neutrófilos humanos demonstram uma redução da sua atividade, apresentando alteração na maioria das etapas da sua função microbicida. • A quimiotaxia está reduzida nos idosos, sendo que esta alteração pode afetar o tempo dispensado pelo neutrófilo para alcançar o sítio de infecção, facilitando assim a divisão e proliferação bacteriana. • Várias etapas da resposta dos PMNs são afetadas pelo envelhecimento humano normal, incluindo as funções tradicionais de fagocitose e burst oxidativo. Estas alterações resultam não somente na redução da capacidade de eliminar bactérias e fungos, como também inibem a interação entre PMNs e a resposta imune adaptativa. • Os números absolutos de células NK aumentam com a idade, refletindo um aumento nas células CD56. Em particular, a alta citotoxicidade das células NK está associada ao envelhecimento saudável e à longevidade, enquanto a baixa citotoxicidade é encontrada em associação com aumento de morbidade e mortalidade. Outras funções das células NK, como a secreção de quimiocinas ou interferon-gama (IFN-γ) em resposta ao IL-2, estão também diminuídas nos idosos. • O número absoluto de monócitos aumenta com a idade, contrastando com a diminuição da função dos macrófagos, particularmente no contexto da ativação de receptores toll-like (TLRs) - parece existir uma desregulação associada à idade na função de TLRs, que resulta em ativação inapropriada e diminuição da sinalização celular. A associação entre estas alterações e o risco e o prognóstico de doenças infecciosas e a resposta à vacinação ainda .é objeto de controvérsia. • Em relação aos LBs, a qualidade da resposta dos anticorpos é substancialmente prejudicada. Até recentemente, a causa mais provável de falência dos LBs era considerada a falta de auxílio pelas células T, durante um mecanismo T-dependente. • Com o envelhecimento, as células do estroma da medula óssea têm uma redução de sua capacidade de manter a expansão de LBs ENVELHECIMENTO PSICOSSOCIALTodos os sistemas corporais, no envelhecer, sofrem profundas modificações; no sistema neuropsiquiátrico acontece a diminuição do número e do tamanho dos neurônios, bem como do tecido conectivo entre eles, do fluxo sanguíneo cerebral e da velocidade de condução, resultando em uma resposta lentificada ao estímulo. No cérebro do idoso encontram-se giros mais finos separados por sulcos mais abertos e profundos, resultando em regiões corticais menores se comparadas ao cérebro de adultos jovens. Os ventrículos sofrem dilatação, a substância branca fica com volume reduzido e há espessamento das meninges. Há redução na área de superfície das sinapses e diminuição da árvore dendrítica, causando atrofia cerebral. Uma das marcas de envelhecimento das células nervosas é a lipofucsina, também encontrada em células cardíacas e hepáticas. Também há relatos de redução de dopamina e catecolaminas, causando o chamado esquecimento, próprio da idade, bem como a alteração da fase 4 do sono, o que leva ao despertar precoce, um incômodo relatado por muitos idosos. Esse declínio nos neurotransmissores também é um dos principais responsáveis pela deterioração na cognição. Isso ocorre porque, com o passar dos anos, a síntese de proteínas fica diminuída, e a ação dos neurotransmissores ocorre por meio de enzimas e receptores de membrana, que são nada menos que proteínas. Os neurotransmissores mais afetados são a acetilcolina, a dopamina, a serotonina e o ácido gama-aminobutírico (GABA). Entre as alterações cognitivas, encontram-se: a) maior dificuldade em compreender mensagens longas ou complexas e reprodução de nomes e termos específicos: um discurso repetitivo; b) impedimento nas tarefas de raciocínio que envolvam análise lógica de material abstrato ou que não sejam familiares; c) maior lentidão nos aspectos perceptivos e mnésicos e nas funções motoras; d) dificuldade de dividir a atenção por múltiplas tarefas e declínio da orientação topográfica; e) lentificação do pensamento e da execução – é a mudança mais constante. • A OMS estima que 1 em cada 10 idosos sofre de depressão: - Em idosos asilados, a depressão pode atingir 25%; -Decréscimo da qualidade de vida, aumento de mortalidade e alta taxa de ideação suicida; - Frequentemente passa despercebido pelas manifestações atípicas; Manifestações atípicas: - Anedonia - falta de prazer; - Humor deprimido; - Comprometimento social e funcional; - Diferenciar de tristeza situacional; - Quadro clínico inespecífico com queixas somáticas predominantes; - Alterações no sono, apetite, perda cognitiva, dores, fadiga; • Principais consequências: - Isolamento, exclusão do idoso, sofrimento psíquico em relação à falta de autonomia para a realização de atividades diárias, dificuldades em manter relacionamentos afetivos e sexuais na instituição, falta de perspectivas e planos futuros, sentimentos de abandono, surgimento de patologias como a depressão, ansiedade, distúrbios do sono e uso contínuo de psicofármacos que ameaçam a saúde destes idosos. • Indicar atividades que melhorem: -Dança de salão; -Hidroginástica; -Caminhada; - Exercícios físicos; -Encaminhar para psicólogo quando necessário, até mesmo pelo teleatendimento; -Atividades em grupo como ginástica, trabalhos manuais; -Engajar a família e outras redes de apoio para ajudar; • Impacto do isolamento social: - Sentimento de solidão/abandono: O sentimento de solidão gera no organismo uma reação de luta ou fuga que caracteriza uma situação de alto estresse - pode induzir respostas inflamatórias: • Infantilização do idoso: - Pessoa idosa tem um lugar e que o ocupa da melhor forma possível e que não está ali apenas esperando o fim, mas que fim, mas que ainda tem muito que viver, aprender e compartilhar com novas gerações. A necessidade de envelhecer com saúde foi apontada por seis dos entrevistados. É possível que a razão deste pequeno número fazer essa relação seja em função de a grande maioria ainda não perceber os sinais do envelhecimento. No entanto, para pessoas como Lídia, “[...] se é para ficar velho, tem que ser com saúde. É bom envelhecer assim, pois os anos estão passando e a gente adquire experiências”. Rita relatou que tem muito medo de envelhecer, adoecer e necessitar de cuidados, de não conseguir mais viver sozinha, “[...] tenho medo de ser um peso para os outros”. Maria acrescentou que “[...] o velho vira uma preocupação para todo mundo, né. Todo mundo quer ficar velho, mas ninguém quer morrer [...], todo mundo quer ficar velho, mas podendo caminhar, ter uma cabeça boa. Se não for assim, passa a ser um peso para a família”. Alguns entrevistados referiram que é ruim envelhecer quando se olha para trás e se percebe que se deixou de fazer coisas pelo caminho. Disseram que não é bom as pessoas se arrependerem do que deixaram de fazer. Às vezes, trabalham demais, se estressam e não conseguem dormir e se alimentar bem. Isso tem influência na saúde e na qualidade de vida. Estudo realizado com adultos e idosos mostrou que o envelhecer é percebido por quase todos os entrevistados no decorrer da vida, o que também foi referido pelos entrevistados do presente estudo. Os idosos relataram perceber mais limitações físicas e os adultos mencionaram preocupar-se com a estética e o convívio social, mas ao mesmo tempo referiram ter medo desse processo de envelhecimento. Para os adultos de meia-idade, entrevistados nesse estudo, a estratégia utilizada é não pensar no envelhecimento, alguns citaram preocupações com a estética, como sinais de pele e cabelos brancos, também foi citada a importância de trabalhar para ter contato com outras pessoas. No entanto, é fundamental que as pessoas possam enfrentar esse processo para, com isso, investirem nas ações necessárias a um envelhecer saudável. A longevidade é uma preocupação frequente na sociedade e está relacionada com as capacidades físicas. As melhorias nas condições de vida contribuem para o aumento da população de mais idade. Entretanto, ao mesmo tempo que as pessoas querem viver mais, negam o envelhecimento. Apesar de o processo de envelhecimento ocorrer ao longo da vida, seus sinais são auto perceptíveis, mas dependem da idade dos entrevistados: quanto mais avançada, mas concretos eles se tornam. O envelhecimento é dependente de fatores como a história de vida e o entendimento individual desse processo. Muitas vezes, a cultura e a autopercepção interferem na forma com que o envelhecimento é visto. Entender e aceitar esse processo é de grande importância para vivenciá-lo com saúde e autonomia. Quanto à negação do envelhecimento, Adão afirmou não notar nenhuma mudança em sua vida e não se sente envelhecendo (idade: 57 anos). Trabalhava até dois anos atrás e, atualmente, sente-se bem ativo, “[...] como um guri, vou a baile, danço a noite toda, vou para academia, corro 45 minutos”. Olívia também referiu não perceber sinais, pois vive a vida normalmente Contudo, as percepções sobre o envelhecimento são apresentadas de formas distintas. Algumas pessoas veem essa fase como um período vazio, sem valor, sem sentido e sem ocupações. Esquecimento, perda de massa muscular, aumento da vulnerabilidade e probabilidade de morte são sinais que aparecem ao longo da vida, em especial, depois dos 40 ou 50 anos, e que foram percebidos pelos entrevistados. Em função disso, é bom que as pessoas possam olhar para si e compreender as mudanças que estão acontecendo consigo para criarem estratégias de adaptação a esse novo momento de vida. Ter consciência da passagem do tempo é necessário para o bem viver. Quando se percebe o processo de envelhecimento,temas como morte e finitude começam e se fazer mais presentes. Assim, é importante que, em vez de negar o envelhecimento e a finitude, as pessoas entendam esse processo, já que ele é inevitável. A maioria das pessoas não gosta de falar, nem de pensar que tudo um dia acaba, que o bom termina e o ruim também. Quanto mais contrariadas ficarem com a perspectiva da finitude, mais doentes emocionalmente ficarão e menos envelhecerão com saúde. A contrariedade com a finitude não diminui sua força, nem alivia sua dor. Pelo contrário, amplia a dor e a transforma em sofrimento. Aceitar que tudo tem início, meio e fim auxilia a desfrutar melhor a vida e vivê-la em sua plenitude.51 A grande maioria das pessoas deseja chegar à velhice com saúde, autonomia e boas condições de vida: moradia, alimentação, educação, trabalho, entre outros. Fatores históricos, sociais, culturais, genéticos, ambientais, maneira de lidar com o estresse, exposição a determinadas patologias, dentre outros, podem trazer efeitos positivos ou negativos ao ato de envelhecer. Em estudo realizado com pessoas entre 18 e 65 anos foi verificado que as causas das doenças em pessoas na meia-idade estão relacionadas com a má alimentação e a falta de cuidados consigo próprio. Apesar de referirem perceber que estão envelhecendo, pois apontaram sinais como lentidão para realizar as tarefas diárias, cansaço, dores musculares, dores reumáticas, rotina mais pesada, demora para emagrecer, cabelos brancos, diminuição da visão e da audição, dificuldade em realizar alguns movimentos, sinais na pele e esquecimento, nem todos conseguiam ter um estilo mais saudável de vida. Mario relatou que o trabalho começa a ficar pesado, que as pessoas ficam mais lentas, mais devagar. Assim, é importante manter a mente ocupada para não se deprimir, conforme relatou Marta. Hibiscos disse perceber que sua visão foi afetada com a idade e acredita que é por trabalhar muito com o computador. Lídia, por sua vez, mencionou dores nos braços e pernas e dificuldade para realizar atividades que antes fazia sem perceber. O envelhecimento ocorre de forma individualizada e sofre influência do estilo de vida e dos fatores genéticos. A ocorrência de fatores como a diminuição da capacidade funcional e a suscetibilidade para doenças crônicas, adquiridas com a idade, pode ser diminuída com a adoção de um estilo de vida saudável, sendo importante que as pessoas prestem mais atenção a si próprias para perceberem seus sinais. Muitos entrevistados referiram não desejar pensar no seu envelhecimento. Essa evitação pode ser transformada em sofrimento e faz com que as pessoas não se preparem para as limitações que advêm desse processo. Assim, é importante que desenvolvam uma visão positiva de sua vida para que possam trabalhar em função do seu bem-estar psicológico e, consequentemente, de sua saúde. Nesse sentido, os resultados deste estudo podem auxiliar no planejamento de ações que impactem de forma positiva na percepção sobre o envelhecimento. A maioria dos entrevistados tinha ensino fundamental incompleto, isto pode ter sido uma limitação do estudo, uma vez que pessoas com nível médio e superior não concordaram em participar da pesquisa. Outra limitação é o fato de, por ser um estudo qualitativo, não ser possível fazer generalizações de seus resultados. Assim, sugere-se a realização de outros estudos com abordagens quantitativas, procurando uma amostra maior, em que seja possível avaliar a extrapolação dos dados para a população em geral, a fim de auxiliar no direcionamento de políticas públicas. Como aspectos positivos, ressalta-se o interesse das pessoas em falar sobre o tema e a reflexão que fizeram sobre ele no momento da entrevista. POLÍTICAS PÚBLICAS NO CUIDADO AOS IDOSOS:
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