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Diagnóstico Imunológico de Infecções Bacterianas

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IMUNOLOGIA 
CLÍNICA 
Miriãn Ferrão Maciel Fiuza 
Diagnóstico imunológico 
de infecções bacterianas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar o papel do imunodiagnóstico em infecções bacterianas.
 � Comparar os testes treponêmicos e não treponêmicos no diagnóstico 
da sífilis.
 � Apontar as metodologias e principais aplicações da imunologia clínica 
na bacteriologia.
Introdução
As bactérias são geralmente diagnosticadas por meio de culturas, técnicas 
de coloração em lâminas ou isolamento de material genético, conforme 
a patologia investigada. No entanto, algumas abordagens imunológicas 
podem ser utilizadas no diagnóstico bacteriológico, tanto para a detecção 
de antígenos quanto para a detecção de anticorpos. 
Neste capítulo, você conhecerá o papel do imunodiagnóstico em 
infecções bacterianas. Além disso, conhecerá a diferença entre os testes 
treponêmicos e não treponêmicos no diagnóstico da sífilis. Por fim, você 
conhecerá as metodologias e principais aplicações da imunologia clínica 
na bacteriologia.
1 Papel do imunodiagnóstico em 
infecções bacterianas
A imunologia é uma área das ciências biológicas que se dedica a investigar o 
sistema imune, suas células e moléculas, assim como o processo de interação 
entre esses componentes e sua atuação na defesa do corpo humano. A imuno-
logia clínica, especificamente, faz uso desse conhecimento e utiliza diversas 
técnicas para pesquisar um processo infeccioso ou autoimune em que há a 
presença de antígenos e a formação de anticorpos. Dessa forma, qualquer tipo 
de patógeno pode ser pesquisado, como microrganismos virais, parasitários, 
fúngicos e bacterianos, bem como os microrganismos que apresentam alguma 
limitação quanto ao diagnóstico convencional, seja por cultura ou por coloração 
de Gram. Um exemplo disso é a bactéria Treponema pallidum, que não cresce 
em meios de cultura laboratoriais. Além disso, há espécies que apresentam 
cultivo difícil, como Mycobacterium tuberculosis, que apresenta um tempo 
de duplicação superior a 18 horas e requer culturas de até 8 semanas. 
Existem duas abordagens básicas utilizadas no diagnóstico microbiológico: 
1. utilização de anticorpos conhecidos para detectar os microrganismos; 
2. utilização de antígenos conhecidos para detectar a presença de anti-
corpos no soro do paciente. 
Acompanhe, a seguir, alguns exemplos de como as reações imunológicas 
podem contribuir no diagnóstico de infecções bacterianas (LEVINSON, 2016).
Salmonelose
As salmonelas são bacilos gram-negativos que, conforme a espécie, podem 
ser causadores de enterocolite, febres entéricas e sepses. Os seus antígenos, 
de parede celular (O), flagelo (H) e cápsula (Vi), são importantes para a classi-
ficação, a epidemiologia e o diagnóstico dessas bactérias. Após um período de 
incubação de 12 a 48 horas, a enterocolite manifesta-se por meio de náusea e 
vômito, evoluindo para dor abdominal e diarreia. Em geral, a doença persiste 
por alguns dias, de forma autolimitada, sem necessidade de cuidados médicos. 
A Salmonella enterica é uma bactéria anaeróbia facultativa fermentadora 
de glicose. Trata-se de uma das cepas mais frequentemente envolvidas em 
doenças humanas, sendo responsável por 99% das salmoneloses humanas. 
Essa espécie possui como hábitat os tratos intestinais humano e animal, e a 
sua transmissão para o meio ambiente ocorre por meio de fezes contaminadas. 
A salmonelose é uma zoonose que afeta a saúde pública, em virtude de 
sua capacidade de causar toxinfecção alimentar, podendo levar o indivíduo 
à morte. A infecção é associada ao consumo de carne de aves, carne bovina, 
leite e ovos contaminados com sorotipos paratifoides de Salmonella spp. Trata-
-se de uma doença notificável, devendo ser realizada uma investigação para 
determinar a fonte de infecção (CARNEIRO; COSTA, 2020; LEVINSON, 
2016; SILVA et al., 2019).
Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas2
O diagnóstico de salmonelose é realizado por meio da pesquisa do micror-
ganismo Salmonella spp. no sangue, nas fezes e em outros sítios orgânicos 
em que o patógeno se origina, conforme a necessidade de investigação. Por 
exemplo, quando a infecção ocorre por meio da alimentação, não há detecção 
no sangue, e todos os testes sorológicos são negativos. Em alguns casos de 
febre entérica e sepse, quando é difícil a recuperação do organismo, o diag-
nóstico pode ser realizado com técnica sorológica por meio da detecção de um 
aumento no título de anticorpos do paciente, conhecido como teste de Widal 
(LEVINSON, 2016; SILVA et al., 2019).
O teste de aglutinação e diluição em tubo, ou reação de Widal, é utilizado para detectar 
anticorpos contra os antígenos O e H. Para a realização da técnica, são necessárias, 
pelo menos, duas amostras de soro, coletadas em um intervalo de 7 a 10 dias, para 
que seja possível comprovar uma elevação no título de anticorpos. Diluições seriadas 
de uma amostra (soro desconhecido) são testadas com antígenos de salmonelas 
representativas. Resultados falso-positivos e falso-negativos podem ocorrer. Quando 
apenas uma amostra é testada, o critério de interpretação pode variar, porém um 
título contra o antígeno O maior que 1:320 e contra o antígeno H maior que 1:640 é 
considerado positivo. 
Além dessa técnica, o teste de aglutinação em lâmina pode ser utilizado para iden-
tificar Salmonella. Nesse caso, soros conhecidos e o material de cultura desconhecido 
são misturados em uma lâmina. Quando ocorre aglutinação, a Salmonella pode ser 
visualizada em poucos minutos. O teste possui utilidade na identificação rápida e 
preliminar de culturas. Antissoros dirigidos contra antígenos O da parede celular de 
Salmonella são frequentemente utilizados em laboratórios hospitalares, ao passo que 
antissoros contra antígenos H flagelares e antígeno Vi capsulares são mais utilizados 
em laboratórios da rede de saúde pública para fins epidemiológicos (BROOKS et al., 
2014; LEVINSON, 2016).
Brucelose
As espécies de Brucella, bactérias causadoras de brucelose, são pequenos 
bacilos gram-negativos que não apresentam cápsula. Os três principais patóge-
nos humanos são: Brucella melitensis, que, tradicionalmente, infecta cabras e 
ovelhas; B. abortus, que infecta o gado; e B. suis, que acomete os porcos. Dessa 
forma, os seres humanos são considerados hospedeiros acidentais, os quais 
3Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas
podem ser infectados via exposição a animais infectados ou por consumo de 
alimentos contaminados. Portanto, os microrganismos entram no corpo por 
meio da ingestão de laticínios contaminados ou através da pele, pelo contato 
direto. Eles se localizam no sistema reticuloendotelial, especificamente nos 
linfonodos, no fígado e no baço. O organismo responde de forma granuloma-
tosa, com linfócitos e células gigantes epitelioides, que podem progredir para 
um abscesso focal. O período de incubação é de 1 a 3 semanas. 
Inicialmente, sintomas inespecíficos ocorrem, como febre, fadiga, calafrios, 
mal-estar e perda de peso, sendo que o início pode ser agudo ou gradual. 
A brucelose também é chamada de febre ondulante, pois, em geral, a febre 
aumenta e diminui na maioria dos pacientes. Além disso, comumente ocorre 
aumento dos gânglios linfáticos, do fígado e do baço (BROOKS et al., 2014; 
LEVINSON, 2016). 
Os níveis de anticorpos imunoglobulina M (IgM) aumentam durante a 
primeira semana de doença aguda, atingem valores máximos em 3 meses e 
podem permanecer durante a fase crônica da doença. Mesmo com o tratamento 
apropriado, os níveis elevados de IgM podem permanecer por até 2 anos em 
uma pequena parcela dos pacientes. Já os níveis de anticorpos imunoglobulina 
G (IgG) aumentam cerca de 3 semanas após o início da doença aguda, atingem 
valores máximos entre 6 e 8 semanas e permanecem elevados durante a fase 
crônica da doença. Com base nisso, podem ser utilizadas técnicas sorológicas 
para o diagnóstico da infecção, como: testede aglutinação, teste de ensaio 
imunoenzimático (Elisa) e pesquisa de anticorpos bloqueadores (BROOKS 
et al., 2014; LEVINSON, 2016).
Para o teste de aglutinação, devem ser utilizados antígenos padronizados 
de Brucella de colônias lisas mortas pelo calor e fenolisadas. Títulos de IgG 
superiores a 1:80 indicam infecção ativa. Se o paciente apresentar sintomas 
clínicos característicos de infecção por Brucella, porém o teste de aglutinação 
do soro for negativo, devem ser realizados testes para a presença de anticorpos 
“bloqueadores”. Esses anticorpos são IgA que interferem na aglutinação pelos 
anticorpos IgG e IgM, resultando em teste sorológico negativo com baixas 
diluições do soro e positivos em diluições mais altas. Os anticorpos IgA surgem 
durante o estágio subagudo da infecção e, em geral, persistem por vários anos, 
independentemente da atividade da infecção, sendo detectados pelo método 
da antiglobulina de Coombs. 
Os testes imunoenzimáticos ou testes de Elisa são utilizados para a detecção 
de anticorpos IgA, IgM e IgG. Essa metodologia tende a ser mais sensível e 
específica do que a aglutinação, principalmente na doença crônica (BROOKS 
et al., 2014; LEVINSON, 2016).
Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas4
Durante a realização do teste de aglutinação, as aglutininas da brucelose podem exibir 
reatividade cruzada com as aglutininas da tularemia, portanto, testes para ambas as 
doenças devem ser realizados em soros positivos. Em geral, os títulos para uma doença 
são bem mais elevados do que para outra (BROOKS et al., 2014). 
Além dessas técnicas diagnósticas, há a possibilidade de utilizar o an-
tígeno Rosa Bengala para a triagem de brucelose. Esse método é utilizado 
sobretudo em estudos epidemiológicos, e os resultados positivos devem ser 
obrigatoriamente confirmados com outros testes. Trata-se de uma prova de 
aglutinação que utiliza o antígeno brucélico corado de Rosa de Bengala. 
A amostra de soro é colocada em contato com o antígeno e, no caso de a 
amostra possuir anticorpos específicos de brucelose, desenvolve-se uma reação 
de aglutinação visível a olho nu (Figura 1). O antígeno Rosa de Bengala é 
uma técnica de fácil execução e leitura rápida, entretanto, tem a desvantagem 
de não oferecer resultados quantitativos. Sendo assim, em caso de suspeita 
de brucelose, deve-se solicitar Rosa Bengala e, se o resultado for positivo, 
outros testes confirmatórios (PESSEGUEIRO; BARATA; CORREIA, 2003; 
SCHMITT et al., 2017). 
Figura 1. Técnica de antígeno de Rosa de Bengala 
mostrando resultados positivo e negativo.
Fonte: Ortega, Paredes e Guillén (2007, p. 432).
5Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas
2 Testes treponêmicos e não treponêmicos 
no diagnóstico da sífilis
A sífilis é uma doença crônica, infectocontagiosa, que acomete exclusivamente o 
ser humano. Trata-se de uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada 
pela bactéria Treponema pallidum. Sendo assim, a sífilis é transmitida princi-
palmente por via sexual, mas também pode ser transmitida de forma vertical 
durante a gestação ou o parto. A contaminação é maior nos estágios iniciais 
da infecção, sendo reduzida gradualmente conforme a progressão da doença. 
A sífilis é uma doença curável, porém não gera imunidade, ou seja, as pes-
soas podem contrair a doença tantas vezes quanto forem expostas à bactéria 
T. pallidum. As manifestações clínicas podem ser divididas em: sífilis primária, 
secundária, latente e terciária. Na sífilis primária, geralmente há presença de 
uma única ferida no local de entrada da bactéria, que surge entre 10 e 90 dias 
após a infecção, desaparecendo sozinha, independentemente do tratamento. 
Já na sífilis secundária, os sintomas aparecem entre 6 semanas e 6 meses após o 
aparecimento e a cicatrização da lesão inicial, podendo ocorrer febre, mal-estar, 
cefaleia e ínguas pelo corpo. A fase assintomática, chamada de sífilis latente, 
é caracterizada por ausência de sinais e sintomas, podendo ser dividida em 
recente, com menos de 2 anos de infecção, e tardia, com mais de 2 anos de 
infecção. Por fim, a sífilis terciária pode surgir de 2 a 40 anos após o início da 
doença e, em geral, causa lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neuroló-
gicas, podendo ocorrer morte (BRASIL, 2016; LEVINSON, 2016).
Para o diagnóstico de sífilis, frequentemente utiliza-se a detecção de anticor-
pos no soro do paciente, já que T. pallidum não cresce em meios laboratoriais. 
Dois tipos de testes podem ser empregados: os testes não treponêmicos, chama-
dos de testes sorológicos inespecíficos, e os testes treponêmicos, considerados 
testes sorológicos específicos (BRASIL, 2014a; LEVINSON, 2016).
Testes treponêmicos
Os testes treponêmicos detectam anticorpos contra os antígenos do Treponema 
pallidum, pois utilizam o microrganismo como antígeno. Esses testes são 
qualitativos e são utilizados para determinar se um resultado positivo por 
um teste não treponêmico é um positivo verdadeiro ou um falso-positivo. 
Um resultado positivo em uma amostra clínica de soro positivada pelo teste 
não treponêmico é um indicativo de infecção por T. pallidum. Contudo, tendo 
em vista que esses testes dificilmente se tornam não reagentes, mesmo após o 
tratamento da infecção, eles são menos úteis como método de rastreamento. 
Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas6
A reatividade indica que o paciente teve contato com o microrganismo em 
algum momento da vida, desenvolvendo anticorpos específicos. Sendo assim, 
faz-se necessário que o médico investigue a história clínica do paciente e associe 
o resultado do teste treponêmico com o não treponêmico. Nessa técnica, não 
são realizadas diluições seriadas, e os resultados são descritos como reativos 
ou não reativos, sendo indicados para a confirmação do diagnóstico após a 
triagem realizada com teste não treponêmico. 
No Brasil, os testes treponêmicos mais utilizados são: FTA-Abs (do inglês 
fluorescent treponemal antibody absorption); testes de hemaglutinação ou 
aglutinação indireta ou passiva; testes de Elisa; testes quimioluminescentes; 
e testes rápidos (BRASIL, 2014a; BROOKS et al., 2014; LEVINSON, 2016).
O FTA-abs é considerado o teste de referência (padrão-ouro) entre os testes 
treponêmicos, pois pode ser realizado em amostras de soro ou plasma, e é o 
primeiro teste a se tornar reagente após a infecção. Trata-se de uma técnica 
de imunofluorescência indireta que utiliza o T. pallidum fixado em áreas 
demarcadas de lâminas de vidro, nas quais são feitas as reações. Inicialmente, 
a amostra de soro do paciente é absorvida com treponemas diferentes de 
T. pallidum, para remover anticorpos inespecíficos. Em seguida, a amostra é 
submetida a uma reação com T. pallidum não viáveis em uma lâmina. Anti-
corpos contra IgG humanas marcados com fluoresceínas são, então, utilizados 
para definir se os anticorpos IgG contra T. pallidum se ligaram ao patógeno. 
Os testes de micro-hemaglutinação e aglutinação indireta são fáceis de 
executar, podendo ser realizados em amostras de soro ou plasma. O teste de 
hemaglutinação indireta ou passiva se baseia na ligação de hemácias que con-
têm, na sua superfície, antígenos de T. pallidum com anticorpos treponêmicos 
presentes na amostra do paciente. Ou seja, a hemaglutinação é resultado da 
ligação dos anticorpos presentes no soro aos antígenos presentes na superfície 
das hemácias (BRASIL, 2014a; BROOKS et al., 2014; LEVINSON, 2016).
Em contrapartida, na reação de aglutinação indireta, os antígenos 
do microrganismo são adsorvidos à superfície de partículas de gelatina. 
Os anticorpos presentes na amostra ligam-se aos antígenos de várias partículas 
de gelatina, resultando na aglutinação. As técnicas imunoenzimáticas e suas 
variações podem ser automatizadas e utilizadas em amostras de soro ou 
plasma. Esses testes utilizam antígenos recombinantes de T. pallidum fixados 
em uma fase sólida, na qual os anticorpos presentes na amostra irão se ligar. 
Os testes rápidos não precisamde estrutura laboratorial para serem realizados. 
As amostras podem ser sangue total, soro ou plasma, sendo que, entre a coleta 
e o resultado, decorrem aproximadamente 30 minutos (BRASIL, 2014a; 
BROOKS et al., 2014; LEVINSON, 2016).
7Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas
Resultados falso-positivos podem ser evitados na técnica de aglutinação por meio da 
retirada da eletricidade estática da placa de reação. Isso pode ser realizado passando-se 
uma gaze úmida embaixo da placa antes de iniciar a incubação. Além disso, a reação 
deve ser incubada em local em que não haja vibração, para impedir que a ligação 
dos anticorpos às hemácias ou às partículas de gelatina seja desfeita, resultando em 
falso-negativos (BRASIL, 2016). 
Testes não treponêmicos
Os testes não treponêmicos detectam anticorpos não treponêmicos que não 
são específicos para T. pallidum, mas que estão presentes na sífilis. Esses en-
saios utilizam uma mistura de cardiolipina-lecitina-colesterol como antígeno, 
sendo universalmente utilizados para o rastreamento e o acompanhamento 
da eficácia do tratamento da sífilis. Os testes não treponêmicos podem ser: 
qualitativos, principalmente utilizados como testes de triagem para determinar 
se uma amostra é reagente ou não; e quantitativos, utilizados para determinar 
o título dos anticorpos presentes nas amostras que tiverem resultado reagente 
no teste qualitativo ou para o monitoramento da resposta ao tratamento. Nesses 
testes, podem ser utilizadas as técnicas de floculação, aglutinação, Elisa e 
imunocromatográfica (BRASIL, 2014a; BROOKS et al., 2014). 
O teste VDRL (do inglês venereal disease research laboratory) é o mais 
utilizado da técnica de floculação. A metodologia desse teste se baseia em 
uma suspensão antigênica, composta por uma solução alcoólica contendo 
cardiolipina, colesterol e lecitina purificada, utilizando soro inativado como 
amostra. No preparo da suspensão, a ligação desses componentes ocorre de 
forma aleatória, resultando na formação de estruturas arredondadas, intituladas 
micelas (Figura 2). Os anticorpos não treponêmicos presentes na amostra se 
ligam às cardiolipinas das micelas, e a ligação em várias micelas resulta na 
floculação, que pode ser visualizada ao microscópio. As técnicas de aglutinação 
e imunocromatográfica são baseadas em testes rápidos (BRASIL, 2014a, 2016).
Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas8
Figura 2. Representação esquemática do antígeno dos testes não treponêmicos na forma 
de micelas.
Fonte: Ministério da Saúde (BRASIL, 2014a, documento on-line).
Cardiolipina
Lecitina
Colesterol
Em suma, os testes para o diagnóstico de sífilis devem ser realizados em 
duas etapas, com triagem e confirmação. Independentemente da metodologia 
utilizada para a triagem, é essencial que toda amostra reagente seja submetida 
a um teste não treponêmico quantitativo e a um teste treponêmico. Os resul-
tados desses testes devem ser interpretados pelo médico, que deve associar o 
resultado aos dados da história clínica do paciente e aos dados epidemiológicos 
(BRASIL, 2014a). O Quadro 1, a seguir, apresenta possíveis interpretações 
para diferentes combinações de resultados.
9Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas
Fonte: Adaptado de Ministério da Saúde (BRASIL, 2014a).
Teste
O que significa? Como proceder?
Não 
treponêmico
Trepo-
nêmico
Reagente Reagente Pode significar sífilis 
ativa, sífilis latente 
ou sífilis tratada.
Deve-se analisar a 
história do indivíduo.
Reagente 
(baixos títulos)
Não 
reagente
Provavelmente 
é uma reação 
cruzada, e esse 
resultado é um 
falso-positivo.
É preciso investigar 
doenças autoimunes, 
crônicas e infecciosas 
agudas para explicar 
a reatividade do teste 
não treponêmico.
Não reagente Reagente Pode significar sífilis 
primária ou sífilis 
tratada.
O médico deve buscar 
a lesão primária e 
verificar a história clínica 
e epidemiológica do 
paciente.
Não reagente Não 
reagente
Provavelmente, 
o indivíduo não 
tem sífilis, ou a 
infecção é muito 
recente, por isso os 
anticorpos ainda 
não são detectáveis 
pelos testes 
utilizados.
Caso persista a suspeita 
clínica, os testes devem 
ser repetidos após 
cerca de 20 a 30 dias.
Quadro 1. Interpretações para diferentes combinações de resultados
Quando o resultado for reagente em um teste treponêmico e não reagente 
em um não treponêmico, deve-se considerar a possibilidade de se tratar de uma 
cicatriz sorológica pós-tratamento. A cicatriz ou memória sorológica refere-
-se à persistência de resultados de testes treponêmicos reagentes com títulos 
baixos e/ou permanência de resultados reagentes nos testes treponêmicos após o 
tratamento adequado para sífilis. Os testes treponêmicos e os não treponêmicos 
diferem principalmente quanto à especificidade dos anticorpos. Enquanto os 
Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas10
testes não treponêmicos detectam anticorpos que não são específicos contra 
T. pallidum, os treponêmicos detectam anticorpos específicos para antígenos 
do microrganismo. Resultados falso-positivos podem ocorrer em diversas 
situações e tendem a apresentar títulos baixos nos testes não treponêmicos 
(BRASIL, 2014a, 2016). O Quadro 2, a seguir, apresenta as condições em que 
os resultados podem ser falso-positivos permanentes e transitórios. 
Fonte: Adaptado de Ministério da Saúde (BRASIL, 2016).
Falso-positivos 
podem ser 
permanentes
 � em portadores de lúpus eritematoso sistêmico;
 � na síndrome antifosfolipídica e em outras colagenoses;
 � na hepatite crônica;
 � em usuários de drogas ilícitas injetáveis;
 � na hanseníase;
 � na malária.
Falso-positivos 
podem ser 
transitórios
 � em algumas infecções;
 � após vacinações;
 � no uso concomitante de medicamentos;
 � após transfusões de hemoderivados;
 � na gestação; 
 � em idosos.
Quadro 2. Situações de falso-positivos permanentes e transitórios
A sífilis na gestação ocorre quando a gestante apresenta evidência clínica 
de sífilis e/ou sorologia não treponêmica reagente, independentemente do 
título, mesmo na ausência de resultado de teste treponêmico, realizada no 
pré-natal ou no momento do parto ou curetagem. Durante o pré-natal, na 
primeira consulta, deve ser oferecido o teste não treponêmico (VDRL) para 
todas as gestantes, principalmente no primeiro trimestre de gestação e no início 
do terceiro trimestre. Já na maternidade, toda mulher admitida para parto ou 
curetagem deve realizar VDRL, sendo que essas exigências estão de acordo 
com a Resolução SS nº 41, de 24 de março de 2005. Em casos reagentes durante 
a gestação ou o parto, deverá ser coletado o sangue periférico do recém-nascido 
para a realização de teste não treponêmico, seguido da avaliação da criança, 
com a solicitação dos exames de líquido cerebrospinal, raios X de ossos longos 
e hemograma (LEVINSON, 2016; SÃO PAULO, 2008).
11Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas
A sífilis congênita ocorre como resultado da disseminação hematogênica 
do Treponema pallidum da gestante não tratada ou inadequadamente tratada 
para o embrião durante a gestação ou o parto. Ela pode ser dividida em dois 
períodos: precoce, que ocorre até o segundo ano de vida; e tardia, que surge 
após o segundo ano de vida. Recém-nascidos de mães com sífilis devem 
realizar o VDRL em amostra de sangue periférico. No período pós-natal, após o 
28º dia de vida, as crianças com quadro clínico e sorológico sugestivo de sífilis 
congênita devem ser investigadas com exame de líquido cerebrospinal. Após o 
tratamento, deve ser realizado o VDRL na criança com 1, 3, 6, 12 e 18 meses 
de idade, além de que deve ser interrompida a realização desse teste quando 
forem detectados dois resultados repetidamente negativos (LEVINSON, 2016; 
SÃO PAULO, 2008). 
3 Metodologias e principais aplicações 
da imunologia clínica na bacteriologia
Em geral, o diagnóstico bacteriológico utiliza técnicas de cultura para identifi-
car os microrganismos. Além disso, de acordo com a doença investigada,podem 
ser utilizados exames de imagem, para a visualização de lesões, baciloscopia, 
para a visualização do patógeno, e técnicas moleculares, para a detecção de 
material genético. Entretanto, técnicas imunológicas também podem ser uti-
lizadas no diagnóstico de bactérias, como nos casos de tuberculose e infecção 
por Streptococcus (LEVINSON, 2016).
A tuberculose é uma doença infectocontagiosa, transmissível e de grande 
incidência mundial que ocorre em maior proporção em populações de baixas 
condições socioeconômicas. A doença é causada pelo Mycobacterium tuber-
culosis ou bacilo de Koch. O microrganismo é transmitido por via aérea e se 
instala a partir da inalação de aerossóis, por meio de fala, espirro ou tosse de 
pessoas com tuberculose ativa. Estima-se que, durante o período de um ano, 
em uma comunidade, uma pessoa com baciloscopia positiva possa infectar, 
em média, de 10 a 15 pessoas. O microrganismo infecta principalmente macró-
fagos e outras células reticuloendoteliais. A infecção pode resultar em lesões 
exsudativas e granulomatosas, sendo que as exsudativas ocorrem principal-
mente no local inicial da infecção, os pulmões, e consistem em uma resposta 
inflamatória aguda do hospedeiro (LEVINSON, 2016; MONTEIRO, 2010). 
Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas12
Já as lesões granulomatosas consistem em uma área central, com células 
gigantes contendo bacilos tuberculosos, envolta por uma zona de células epi-
telioides. Um tubérculo é formado por um granuloma circundado por tecido 
fibroso que sofreu necrose caseosa central. Essas estruturas cicatrizam por 
fibrose e calcificação. Os sintomas relacionados à tuberculose são vários, 
e diversos órgãos podem estar envolvidos, porém os sintomas comuns são 
febre, suor noturno, fadiga e perda de peso. A tuberculose pulmonar provoca 
tosse e hemoptise (tosse com sangue). A manifestação extrapulmonar mais 
comum é a linfadenite. Quando há disseminação pela corrente sanguínea, 
múltiplas lesões podem ser encontradas, caracterizando a tuberculose miliar, 
associada à elevada taxa de mortalidade. Além disso, a meningite tuberculosa 
e a osteomelite tuberculosa constituem importantes formas disseminadas 
(BROOKS et al., 2014; LEVINSON, 2016; MONTEIRO, 2010).
Em geral, a tuberculose é diagnosticada por testes bacteriológicos, como 
baciloscopia e cultura, e de imagem, com o uso de radiografia de tórax. Apesar 
disso, o teste tuberculínico e os ensaios imunoenzimáticos podem ser utilizados. 
Teste tuberculínico
É um teste diagnóstico de infecção latente da tuberculose que se baseia em 
uma reação de hipersensibilidade cutânea após a aplicação de tuberculina 
PPD (do inglês purified protein derivatite) por via intradérmica, em que a 
leitura é realizada entre 48 e 72 horas após a aplicação, podendo ser estendida 
até 96 horas (Figura 3). A tuberculina é um filtrado de cultivo de sete cepas 
selecionadas do bacilo da tuberculose esterilizado e concentrado. 
No Brasil, a tuberculina utilizada é o PPD RT-23, um líquido injetável 
límpido, incolor ou levemente amarelado. O teste tuberculínico revela uma 
reação de hipersensibilidade do hospedeiro diante das proteínas do bacilo da 
tuberculose após o contato com o microrganismo. A inoculação do antígeno 
provoca uma reação entre antígeno e anticorpo, seguida de uma resposta 
dependente da reatividade celular de linfócitos T sensibilizados, que, após 
a reexposição a antígenos do bacilo, tornam-se ativados, expressando-se no 
local de aplicação da tuberculina. Sendo assim, a inoculação de proteínas do 
M. tuberculosis resulta no aumento da permeabilidade vascular, com exsudação 
de fluidos, causando eritema e edema local na derme, com pico entre 48 e 
72 horas após a administração do PPD (BRASIL, 2014a; LEVINSON, 2016). 
13Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas
Figura 3. Leitura da prova tuberculínica.
Fonte: Ministério da Saúde (BRASIL, 2014b, documento on-line).
Testes imunoenzimáticos
A técnica de Elisa para a detecção de anticorpos IgG permite detectar a 
presença desses anticorpos contra antígenos micobacterianos. Entretanto, 
o M. tuberculosis apresenta estruturas antigênicas comuns a outras espécies 
de micobactérias não patogênicas, de modo que a especificidade da técnica 
depende da qualidade do antígeno utilizado. Além de IgG, a técnica de Elisa 
pode ser utilizada para a detecção de IgM em amostras de soro do paciente. 
Apesar disso, vale ressaltar que o diagnóstico de tuberculose é principalmente 
realizado pela técnica de baciloscopia (MONTEIRO, 2010).
Os estreptococos são cocos gram-positivos esféricos, organizados em 
cadeias ou pares, que podem causar diversas infecções. S. pyogenes é a prin-
cipal causa bacteriana de faringite e celulite; S. agalactiae é responsável por 
sepse e meningites neonatais; Enterococcus faecalis é associado a infecções 
nosocomiais do trato urinário e endocardite; os estreptococos do grupo viridans 
e os S. bovis causam endocardite; os S. pneumoniae podem ser associados 
a pneumonia, otite média e meningite. A maior parte dos estreptococos faz 
parte da microbiota normal da garganta, da pele e do intestino dos seres 
Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas14
humanos, porém causam doenças quando acessam o sangue ou os tecidos. 
Os estreptococos do grupo viridans e o S. pneumoniae são encontrados na parte 
oral da faringe; S. pyogenes é encontrado na pele e na faringe; S. agalactiae 
pode ser encontrado na vagina e no colo; e os enterococos e os estreptococos 
anaeróbios localizam-se somente no colo (LEVINSON, 2016). 
Os estreptococos do grupo A, S. pyogenes, podem causar doenças por meio 
de três mecanismos, descritos a seguir. 
1. Inflamação piogênica: induzida no local dos microrganismos no tecido. 
2. Produção de exotoxina: pode causar sintomas sistêmicos. 
3. Reações imunológicas: quando o anticorpo contra um componente do 
microrganismo reage de forma cruzada com o tecido normal ou forma 
imunocomplexos que lesionam o tecido normal. 
Esses estreptococos produzem três importantes enzimas associadas à in-
flamação: hialuronidase, estreptocinase e DNAse. Além disso, eles produzem 
cinco importantes toxinas e hemolisinas (BROOKS et al., 2014; LEVINSON, 
2016): 
1. toxina eritrogênica: causa a erupção da escarlatina;
2. estreptolisina O: é imunogênica; 
3. estreptolisina S: não possui atividade antigênica;
4. exotoxina A piogênica: responsável pela maior parte dos casos de sín-
drome de choque tóxico por estreptococos; 
5. exotoxina B: protease que destrói rapidamente os tecidos. 
A infecção por estreptococos pode ser diagnosticada com o uso de técnicas 
imunológicas, como a reação de intumescimento capsular (Quellung) e o teste 
da contraimunoeletroforese, que podem ser utilizados para o diagnóstico de 
S. pyogenes. Além disso, o teste de ASLO, também chamado de ASO, AEO 
ou da antiestreptolisina O, pode ser utilizado para a identificação desse mi-
crorganismo. A pesquisa de ASLO é utilizada como um indicador infeccioso 
estreptocócico de curto prazo. Nas infecções estreptocócicas, os anticorpos 
(AC) se desenvolvem a partir das duas primeiras semanas após a infecção e 
aumentam exponencialmente na terceira e quarta semanas, quando atingem 
o seu máximo. Com a recuperação, ou período de convalescença, os títulos 
tendem a diminuir rapidamente nos primeiros meses e mais lentamente após 
o sexto mês de infecção. A técnica mais utilizada para identificar a presença 
de ASLO no sangue é a aglutinação indireta, na qual uma amostra de soro é 
15Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas
submetida a um reagente em que há partículas de látex revestidas por hemácias 
de carneiro, sensibilizadas com a estreptolisina, o que resulta em aglutinação se 
houver AC na amostra testada. A presença do látex na suspensão faz o reagente 
apresentar coloração esbranquiçada, de modo que a técnica precisa ser execu-
tada em placa de fundo escuro para a visualização dos resultados (Figura 4). 
O resultado pode serexpresso de forma qualitativa, como reagente ou não 
reagente, ou quantitativa, multiplicando-se o título de diluição encontrado 
pela concentração do reagente (GEERTS et al., 2011; LEVINSON, 2016). 
Figura 4. Placa de reação de ASLO evidenciando resultados positivo (1º poço) e negativo 
(2º poço).
Fonte: Anyanee anun/Shutterstock.com.
A meningite bacteriana pode ser causada por outros microrganismos, além 
de S. pneumoniae, como N. meningitidis e H. influenzae. Portanto, é impor-
tante que o diagnóstico diferencial seja realizado para o correto tratamento 
e a prevenção de complicações. Inicialmente, a avaliação clínica deve ser 
realizada, considerando-se, por exemplo, vômitos, náuseas, história vacinal e 
comorbidades. Entretanto, o exame do líquido cerebrospinal é o procedimento 
de escolha para o diagnóstico diferencial de meningites, exceto quando houver 
contraindicações (FERNANDES et al., 2008; LACERDA; MOURAÑO; 
MAGELA, 2003). 
Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas16
Exemplo de caso clínico
J.F.S, 23 anos, sexo feminino, branca, solteira, natural e procedente de Belo 
Horizonte (MG) procura o ambulatório de ginecologia devido a múltiplas 
manchas avermelhadas nos membros superiores e inferiores há 1 semana, 
além de lesões pustulosas e hipertróficas nas palmas das mãos e nas plantas 
dos pés. A paciente relatou que essas lesões vieram acompanhadas de febre 
aferida (37,4°C), mal-estar e cefaleia. Ela referiu, ainda, que, há 13 semanas, 
notou o aparecimento de uma única úlcera na vulva, com formato arredondado. 
A paciente afirma que a lesão tinha bordas elevadas, era indolor e firme ao 
toque, porém nega prurido, pústulas e outras lesões bolhosas. Ela relata ter 
pensado que a úlcera era um machucado decorrente da depilação, motivo pelo 
qual não procurou ajuda médica ou fez uso de medicamento. A paciente nega 
alteração no fluxo menstrual, corrimento, dispareunia, vaginismo e frigidez. 
No momento, encontra-se com mal-estar. 
A paciente afirma ter vida sexual ativa e revelou ter mantido relações 
sexuais desprotegidas com diversos parceiros, sendo que, quando pergun-
tada, referiu que descobriu que um dos parceiros é infectado pelo vírus HIV. 
Ela nega ter realizado exames sorológicos após as relações sexuais. A pa-
ciente apresenta bom estado geral e nutricional, está lúcida e orientada no 
tempo e no espaço, com fácies atípicas, mucosas normocrômicas, escleras 
anictérias, febril ao toque, porém está eupneica (FR: 17 ipm), normocárdica 
(FC: 80 bpm), normotensa (PA: 120 × 80 mmHg) e febril (37,4°C). Há presença 
de exantemas maculopapulares simétricos, que envolvem o tronco e os membros 
superiores e inferiores, medindo cerca de 1,5 cm. Além disso, há presença 
de lesões pustulosas, hipertróficas e eritematosas nas palmas das mãos e nas 
plantas dos pés na paciente, medindo entre 1 e 2 cm, bem como presença 
de linfonodomegalia generalizada. Exames dos aparelhos cardiovascular, 
respiratório, gastrintestinal e neurológico sem alterações. 
A paciente foi orientada a realizar exames laboratoriais, que apresentaram 
os seguintes resultados:
 � hemograma, leucograma e plaquetograma sem alterações;
 � VDRL positivo;
 � FTA-Abs positivo; 
 � anti-HIV positivo.
17Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas
Nesse caso clínico, a principal suspeita do caso é sífilis secundária, pois já 
houve o desaparecimento do cancro duro e há presença de lesões distribuídas 
pela pele (HOFFMAN et al., 2014). 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de 
DST, Aids e Hepatites Virais. Diagnóstico de sífilis. Brasília: Ministério da Saúde, 2014a. 
Disponível em: https://telelab.aids.gov.br/moodle/pluginfile.php/22192/mod_resource/
content/2/S%C3%ADfilis%20-%20Manual%20Aula%201_SEM.pdf. Acesso em: 26 out. 
2020
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. 
Técnicas de aplicação e leitura da prova tuberculínica. Brasília: Ministério da Saúde, 2014b. 
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/tecnicas_aplicacao_lei-
tura_prova_tuberculinica.pdf. Acesso em: 26 out. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigi-
lância, Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites 
Virais. Manual técnico para o diagnóstico da sífilis. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
BROOKS, G. F. et al. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick & Adelberg. 26. ed. Porto 
Alegre: AMGH, 2014.
CARNEIRO, D. O.; COSTA, M. S. F. Características e patogenicidade da salmonella en-
terica: uma revisão de literatura. Visão Acadêmica, Curitiba, v. 21, n. 1, p. 72–79, 2020. 
Disponível em: https://revistas.ufpr.br/academica/article/view/71940/40704. Acesso 
em: 26 out. 2020.
FERNANDES, B. R. et al. Diagnóstico diferencial das meningites. Revista Médica de Minas 
Gerais, Belo Horizonte, v. 18, n. 3, supl. 4, p. S68–S71, 2008. 
GEERTS, I. et al. The clinical-diagnostic role of antistreptolysin O antibodies. Acta Clinica 
Belgica, [s. l.], v. 66, n. 6, p. 410–415, 2011.
HOFFMAN, B. L. et al. Ginecologia de Williams. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
LACERDA, M.; MOURAÑO, M. P.; MAGELA, A. Rotinas da Fundação de Medicina Tropical 
do Amazonas. Manaus: Governo do Estado Amazonas, 2003.
LEVINSON, W. Microbiologia médica e imunologia. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
MONTEIRO, A. M. Comparação de testes sorológicos para o diagnóstico da tuberculose. 
2010. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Curso de Mestrado em Saúde Pública, 
Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Osvaldo Cruz, Ministério da Saúde, Rio 
de Janeiro, 2010.
Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas18
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sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
ORTEGA, A.; PAREDES, J.; GUILLÉN, A. Prevalencia de anticuerpos contra Brucella sp. 
En donantes del banco de sangre de un hospital de Lima. Revista Peruana de Medicina 
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PESSEGUEIRO, P.; BARATA, C.; CORREIA, J. Brucelose: uma revisão sistematizada. Medicina 
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Coordenação do Programa Estadual DST/Aids-SP. Coordenadoria de Controle de 
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Encontro de Extensão, Docência e Iniciação Científica: EEDIC, Quixadá, v. 5, n. 1, p. 1–7, 2018.
19Diagnóstico imunológico de infecções bacterianas

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