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APS 1 Introdução ao Estudo do Direito

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Artigo do livro “Justiça” de Michael J. Sandel
ISABELLE BRANDÃO F. DE ARRUDA, 
MARIANA DE A. BRITO, 
THIFANY NASCIMENTO BATISTA.
RESUMO
O assunto abordado neste artigo é sobre a leitura do livro “JUSTIÇA – O QUE É FAZER A COISA CERTA” de MICHAEL J. SANDEL tratando de alguns assuntos expostos no livro como o utilitarismo como teoria de justiça (CAPÍTULO 2 – O princípio da máxima felicidade / O utilitarismo), a teoria contratualista de Ralws (CAPÍTULO 6 – A questão da equidade / John Rawls) e a noção aristotélica de justiça (CAPÍTULO 8 – Quem merece o quê? / Aristóteles).
Palavras-chave: Artigo. Justiça. Michael J Sandel. Utilitarismo. John Rawls. Aristóteles.
INTRODUÇÃO
A doutrina utilitarista tem idéia central formulada pela simplicidade e de apelo intuitivo que diz que o objetivo máximo da moral é ter o máximo de felicidade, tendo acima da dor, o prazer e a felicidade. Essa doutrina foi fundada pelo inglês estudioso das leis e filósofo da moral, Jeremy Bentham (1748 – 1832) que desprezava a ideia dos direitos naturais, considerando-as um “absurdo total”. Até hoje seus pensamentos filosóficos tem muita influência nos pensamentos executivos, economistas, legisladores e cidadãos comuns. 
DESENVOLVIMENTO
· O utilitarismo como teoria de justiça (CAPÍTULO 2 – O princípio da máxima felicidade / O utilitarismo),
O utilitarismo prevê que o certo a se fazer é o que maximizará a utilidade, que tem como significado de utilidade a felicidade e o prazer, assim, o certo é sempre o que trará felicidade e prazer evitando o sofrimento e a dor. Esse princípio veio de Jeremy Bentham, que chegou a essa linha de raciocínio pelo pensamento de que todos são governados pelo prazer e dor, atribuindo isso a tudo que fazemos e para determinar o que devemos fazer, porém, mesmo sendo movidos por estas “utilidades”, todos gostam do prazer e não da dor, com isso o utilitarismo faz desse fato a base da vida moral e política de todos, maximizando a “utilidade”. 
A utilidade é usada tanto por cidadãos comuns como por legisladores, pois eles precisam fazer o possível para prezar a felicidade da comunidade em geral, que de acordo com Bentham a comunidade é “um corpo fictício” formado pela soma dos cidadãos que a formam. 
 Bentham usava o argumento de que a utilidade deveria ser maximizada, pois todo argumento moral deve ser inspirado na idéia de aumentar a felicidade, porque as pessoas acreditam nos direitos absolutos e categóricos e nos deveres que devem seguir só que elas não os seguiriam se não acreditassem que se desrespeitarem esses deveres poderia minimizar a felicidade humana, pelo menos em longo prazo.
De acordo com Bentham, seus princípios poderiam servir como uma base para uma reforma política, pois era uma ciência moral. Com essa idéia ele propôs vários projetos para tornar a lei penal humana e mais eficiente, uma dessas reformas foi o Panopticon, que era um presídio com uma torre central de inspeção que permitia que um supervisor olhasse os detentos sem que eles o vissem. Nesse projeto ele sugeriu que tivesse a direção de um empresário, que preferencialmente fosse ele mesmo, para gerenciar a prisão em troca teria os lucros de 16 horas de trabalho dos prisioneiros por dia. O projeto foi rejeitado, pois era muito avançado para sua época, porém, recentemente essa idéia de terceirização dos presídios foi retomada na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Outro projeto de Bentham foi para “melhorar o tratamento dado aos pobres” que visava a idéia de criar um reformatório autofinanciável para abrigar mendigos que estavam nas ruas, pois a presença dos mesmos na rua produzia sentimento de dor ou repugnância para algumas pessoas, reduzindo a felicidade das pessoas os viam. Muitos mendigos eram mais felizes nas ruas, porém a maioria seria mais feliz no abrigo, porém para o abrigo ser autofinanciável, os mendigos trabalhavam para conseguir seu sustento e coisas como comida, roupas de cama, roupas, cuidados médicos e até mesmo um seguro de vida caso falecessem antes de terminar o pagamento. Para incentivar os cidadãos a levarem os mendigos para os abrigos eram oferecidos vinte xelins por captura que eram acrescentados a divida do mendigo deixado no abrigo. E ele aplicou também a lógica utilitarista para distribuir os quartos nas prisões-oficina (reformatórios/abrigos), minimizando o desconforto com os vizinhos de modo que ao lado de cada grupo com um problema, tivesse outro grupo suscetível aquele problema, por exemplo, um grupo com deformações eram posto do lado dos cegos para que os mesmos não pudessem ver os problemas deles. A idéia de Bentham era promover o bem estar de todos resolvendo problemas que afetavam a felicidade social, mas este plano nunca foi adotado.
A maior crítica ao utilitarismo é sobre o fato de não respeitar o individualismo, pois por considerar a soma das satisfações das pessoas, algumas que são mais isoladas se sentem injustiçadas. O utilitarismo se importa com os individualmente com as pessoas apenas para saber o conjunto de todos os demais, fazendo o utilitarismo ser aplicado de forma consistente, podendo sancionar a violação do que se considera normas fundamentais para a decência e o respeito de um ser humano.
Por obter muitas críticas pelo fato de não atender o prazer e a dor de cada um individualmente, John Stuart Mill (1806 – 1873) se dispôs a revisar a doutrina de Bentham. Ele era filho de James Mill, discípulo e amigo de Bentham, John era uma criança prodígio e deu continuidade ao trabalho de Bentham, trabalhos estes que tentava conciliar os direito das pessoas com a filosofia utilitarista. Seu princípio central era de que as pessoas devem ser livre para fazer o que quiserem, desde que não façam mal aos outros. Essa reflexão dos direitos individuais necessitam de algo mais forte do que a teoria do utilitarismo para se justificar, esse principio de liberdade necessitava de uma base moral mais concreta do que o princípio da utilidade de Bentham. Ele insiste que a liberdade individual depende somente das considerações utilitaristas e que deve-se maximizar a utilidade em longo prazo e não apenas de caso em caso. Com tempo, o respeito á liberdade individual irá levar á máxima felicidade humana. Mill especulava que os efeitos sociais salutares da liberdade são bastante plausíveis, porém, não fornecem uma base moral convincente para os direitos individuais por duas razões, sendo elas o respeito dos direitos individuais para promover o progresso social torna os direitos reféns dos acontecimentos. 
De todos os defensores utilitaristas, Mill foi o filósofo mais humano e Bentham foi o mais consistente.
· A teoria contratualista de Ralws (CAPÍTULO 6 – A questão da equidade / John Rawls)
Se não sabemos qual categoria pertencemos na sociedade, fica mais difícil definir os princípios, nao sabemos classe social, gênero, raça ou etnia, nem conhecemos vantagens e desvantagens, se isso não fosse abordado em nossa mente, não saberíamos fazer uma escolha a partir de uma posição de equidade, os princípios seriam justos, Immanuel Kant recorre ao conhecimento hipotético: uma lei é justa quando tem a aquiescência da população como um todo. Às vezes partirmos do princípio de que, quando duas pessoas fazem um acordo, os temos desse acordo devem ser justos, porém eles não fazem isso sozinhos. Os contratos Morais não são instrumentos morais autossuficiente, o fato de um contrato de sido acordado não significa que ele seja justo, a referência de justiça pode estar presente na constituição, porém, estão sujeitas ao mesmo questionamento, o fato de uma constituição ter sido ratificada pro povo não significa que suas cláusulas sejam justas, o consentimento deve ser respeitado, embora não seja a única coisa que importe para a justiça, frequentemente isto é confundido, a função moral do consentimento com outros tipos de obrigação. Rawls por sua vez tenta conciliar dois conceitos que, para muitos pensadores, são dificilmente compatíveis: a liberdade individual e a justiça social. A aspiração à liberdade e a vontade de igualdadesão tendências igualmente legítimas. Se apenas houver liberdade, coloca-se em causa a justiça social, se houver justiça social, coloca-se em causa a liberdade. Torna-se assim necessário a conjugação da liberdade e da justiça social, para que uma sociedade possa ser justa.
Segundo Rawls, o contrato social tem de ser de total imparcialidade por parte de todos os indivíduos, ou seja, tem de ser estabelecido sem que os indivíduos tenham nele qualquer interesse particular. Para Rawls, para que seja possível o estabelecimento de um contrato social com base na imparcialidade, os indivíduos partem a partir daquilo que Rawls denominou “VÉU DA IGNORÂNCIA”. O que é este “véu da ignorância”?
O “véu da ignorância” é o desconhecimento por parte de cada indivíduo da sua condição social e económica no momento do estabelecimento do contrato social. 1.º Rawls pretende estabelecer uma sociedade que seja o mais justa possível.
2.º A liberdade e a justiça social são os valores que qualquer indivíduo.
3.º Logo, sem o acesso de todos os indivíduos de forma igual à liberdade e à justiça social, não seria possível o estabelecimento de uma sociedade justa;
4.º Assim, uma sociedade, para ser justa de uma forma imparcial, tem de promover a liberdade e a justiça social de uma forma igual para todos.
· A noção aristotélica de justiça (CAPÍTULO 8 – Quem merece o quê? / Aristóteles).
A teoria de justiça de Aristóteles tem duas concepções: 
“1. A justiça é teleológica. Para definir os direitos, é preciso saber qual é o télos (palavra grega que significa propósito, finalidade ou objetivo) da prática social em questão. 
2. A justiça é honorífica. Compreender o télos de uma prática —ou discutir sobre ele — significa, pelo menos em parte, compreender ou discutir as virtudes que ela deve honrar e recompensar. “ (SANDEL, 2009, p. 201)
Aristóteles diz que a chave para a compreensão da ética e da política é a definição de força dessas duas considerações e as relações existentes entre elas. 
Suas teorias tentam separa as questões de equidade e direitos das discussões sobre honra, virtude e mérito moral, que buscam os princípios de justiça que sejam neutros, para que todos possam escolher seus objetivos por conta própria. Ele acredita que discussões sobre justiça devem ser debates sobre a hora, a virtude e a natureza de uma vida boa. O justo definido á Aristóteles é dar as pessoas o que elas merecem, dando a cada um o que lhe é devido. A justiça discrimina de acordo com o mérito e a relevância.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A justiça possui uma interpretação e definição diferente de acordo com o autor que a escreve, há várias interpretações da mesma palavra, representando diferentes tipos de ideias e pensamentos. Tanto Bentham como Rawls e Aristóteles, possuem visões diferentes de um mesmo caso, todos pensam na justiça, porém ela é dada de formas diferentes e com soluções diferentes para solucioná-las. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SANDEL, Michael J. Justiça: O que é fazer a coisa certa. Tradução de Heloisa Matias e Maria Alice Máximo. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

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