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Núcleo de Educação a Distância
R. Maria Matos, nº 345 - Loja 05
Centro, Cel. Fabriciano - MG, 35170-111
www.graduacao.faculdadeunica.com.br | 0800 724 2300
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO.
Material Didático: Ayeska Machado
Processo Criativo: Pedro Henrique Coelho Fernandes
Diagramação: Heitor Gomes Andrade
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira, Gerente Geral: Riane Lopes, 
Gerente de Expansão: Ribana Reis, Gerente Comercial e Marketing: João Victor Nogueira
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profi ssionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confi ança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, refl exiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profi ssionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfi l profi ssional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualifi car ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! .
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profi ssional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professor Thiago Henrique Sampaio
O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especifi cadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profi sisional.
Este modelo terá como foco a disciplina Introdução à Antro-
pologia. Foram especifi cadas quatro temáticas desenvolvidas ao longo 
dessas páginas: a) O surgimento da Antropologia e as primeiras gran-
des correntes; b) Os conceitos de cultura e seus signifi cados ao longo 
do tempo; c) Temas da Antropologia contemporânea e d) A Antropologia 
brasileira. Ao longo do material, serão percebidas transformações, con-
ceitos, desenvolvimentos e métodos do trabalho antropológicos. Neles, 
poderemos notar como a Antropologia é uma disciplina que passou por 
constantes transformações. As mudanças no meio social do homem 
também impactaram a Antropologia, com o surgimento de novas temáti-
cas e metodologias de análise. Além disso, não podemos esquecer que 
a entrada dessa área de pesquisa no Brasil aconteceu tardiamente, de-
vido ao surgimento demorado das primeiras universidades brasileiras. 
Cultura. Método Antropológico. Antropologia Brasileira. Antropologia.
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CAPÍTULO 01
DO SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA E AS PRIMEIRAS CORREN-
TES
O surgimento do pensamento antropológico e o Evolucionismo_
Apresentação do módulo __________________________________
Antropologia Funcionalista_____________________________________
A antropologia francesa________________________________________
Franz Boas e o surgimento da linha americana__________________
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21
23
Recapitulando_________________________________________________ 29
Fechando a Unidade_______________________________________ 81
Cultura e Natureza_____________________________________________ 36
Cultura popular e cultura erudita_______________________________ 42
Transformações culturais nas sociedades industrializadas_______
Recapitulando__________________________________________________
44
51
A Antropologia brasileira___________________________________ 67
Recapitulando__________________________________________________ 74
CAPÍTULO 02
OS CONCEITOS DE CULTURA
CAPÍTULO 03
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DA ANTROPOLOGIA E A ANTROPO-
LOGIA BRASILEIRA
Temas contemporâneos da Antropologia_____________________ 58
Considerações Finais_______________________________________ 82
Referências____________________________________________________ 83
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O homem contemporâneo passa por constantes transforma-
ções e é carregado de informações cotidianamente. Afi nal, em uma so-
ciedade que cada vez mais se industrializa e se moderniza, qual o im-
pacto que isso pode ter em nossas vidas? Que tipo de cultura e padrões 
somos constantemente recebidos?
Partindo dessas indagações, o módulo busca compreender as 
bases de uma disciplina fundamental para o conhecimento humano: a 
Antropologia. Disciplina que passou por diversas transformações ao lon-
go do tempo, e tem se modifi cado cada vez mais, devido aos avanços 
tecnológicos e os impactos que eles causam na vida das populações.
O módulo Introdução à Antropologia busca compreender o sur-
gimento dessa área das ciências e como ela se desenvolveu o longo do 
tempo, seus objetivos, métodos, conceitos e principais abordagens teó-
ricas e metodológicas. Assim, apresentaremos três capítulos divididos, 
com as temáticas fundamentais da área.
No primeiro capítulo, Do surgimento da antropologia e as pri-
meiras correntes, buscaremos mostrar os motivos que levaram oapa-
recimento da Antropologia enquanto ciência e as primeiras grandes cor-
rentes. Nele veremos os primeiros antropólogos, como Marcel Mauss, 
Malinowski e Franz Boas e como seus pensamentos infl uenciaram a 
posteridade. Conceitos e métodos surgindo nesses primeiros momen-
tos são usados até os dias de hoje, no campo antropológico.
No capítulo seguinte, Os conceitos de cultura, será tratado o 
principal objeto de pesquisa da Antropologia: os modos e as diferentes 
formas que se constituem a cultura. Nele veremos como as noções de 
cultura variaram ao longo do tempo, além de abordar importantes con-
ceitos desse campo, como cultura erudita, cultura popular, cultura de 
massa e indústria cultural.
O último capítulo, Temas contemporâneos da antropologia e 
a antropologia brasileira, está dividido em duas partes principais. A pri-
meira busca discutir temáticas que se fortaleceram após a Segunda 
Guerra Mundial no campo antropológico: como gênero, sexualidade, 
etnicidade e identidade. Nele veremos questões que são discutidas até 
os dias de hoje. Além disso, notaremos que, para a solidifi cação dessas 
temáticas, foi importante o contato da Antropologia com outras áreas 
de conhecimento humano, como a Sociologia, a Filosofi a, a História e a 
Etnografi a. Na segunda parte, discutiremos a evolução e a construção 
da Antropologia enquanto ciência no Brasil, quais foram seus principais 
antropólogos, suas temáticas e especifi cidades próprias que tomou em 
terras brasileiras.
Esse material foi desenvolvido com toda a atenção e cuidado 
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que o aluno necessita para se aprofundar nos conhecimentos antropo-
lógicos. Esperamos que as páginas seguintes agradem. Façam bom 
proveito dos temas tratados!
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O SURGIMENTO DO PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO E O EVO-
LUCIONISMO
A Antropologia é uma ciência relativamente recente, surgiu no 
fi nal de XIX e início do XX e busca compreender o homem em sua 
totalidade, seus aspectos culturais e sociais, em interação. A palavra 
Antropologia vem do grego (anthropos = homem, logia = estudo) é a 
área que tem como foco de estudo homem em sua totalidade. Desta 
forma, percebe-se que os homens são seres sociais e culturais, que são 
construídos e estudados por outros homens.
Quando entendemos que a Antropologia é uma ciência onde 
o homem estuda o próprio homem, estamos inserindo a Antropologia 
dentro da área das Ciências Humanas. Ao mesmo tempo que busca-
mos compreender a interação do homem socialmente, a colocamos no 
grupo de Ciências Sociais.
Esse momento de aparecimento da Antropologia, as Ciências 
DO SURGIMENTO DA
ANTROPOLOGIA E AS
PRIMEIRAS CORRENTES
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Sociais estão surgindo, fazendo comparação com as Ciências Natu-
rais. Dando legitimidade para seu campo de atuação, dessa forma são 
pensados aspectos em que o homem refl ita seus problemas de forma 
racional e científi ca.
De modo geral, a Antropologia buscou compreender as socie-
dades conhecidas como “primitivas”, aquelas sociedades não ociden-
tais e não europeizadas, hoje denominadas sociedades simples ou de 
pequena escala. Na segunda metade de Oitocentos1, devido ao Impe-
rialismo, cada vez mais se tem contato com essas culturas.
Assim, a Antropologia surge dentro do grande contexto do 
Imperialismo2. Outras partes do globo, como África, Ásia, Oceania e 
América são colonizadas pelos europeus e, essas regiões são estuda-
das pelos primeiros antropólogos, que buscam compreender como é a 
confi guração de sociedades que não eram industrializadas, e como o 
homem se vê diante de sua organização. As diferenças culturais entre 
as diversas sociedades são o foco desse momento.
Desta forma, as primeiras abordagens antropológicas estão 
situadas nesse contexto colonial. Os antropólogos estão pensando e 
acreditando na existência de apenas uma cultura, que estaria em di-
versos estágios de desenvolvimento, ou seja, haveria culturas mais ou 
menos desenvolvidas.
Os métodos que os primeiros antropólogos empregavam era a 
análise de relatos de viajantes e missionários nos contextos coloniais. 
Esses documentos apresentavam uma visão única desse homem que 
não vivia em uma sociedade industrializada e urbanizada igual a euro-
peia. Essas narrativas traziam, na maioria dos casos, tons preconcei-
tuosos sobre o homem nesses contextos sociais, pois, consideravam 
essas culturas menos evoluídas ou desenvolvidas que as da Europa.
As fontes sobre essas populações, que eram vistas como dife-
rentes pelos europeus, possibilitaram o surgimento das primeiras pes-
quisas antropológicas. Esse conhecimento que surgiu era motivado por 
vários fatores, como o interesse em conhecer melhor aquelas socieda-
des consideradas primitivas, pois, possibilitaria compreende-las melhor 
para dominá-las (no caso de administradores coloniais e missionários).
Um dos fatores científi cos para esse estudo era tentar entender 
os diversos leques da história da humanidade. Assim, conhecer socie-
dades que eram vistas como primitivas ou em estágios simples era um 
laboratório prático, pois, acreditavam que estavam vendo os primeiros 
estágios do passado do homem.
1 Oitocentos é uma referência ao século XIX
2 O Imperialismo consistiu de uma ideologia de dominação política, econômica e social 
empregada por países europeus para ocuparem territórios na Ásia, África e Oceania. Essas práti-
cas de colonialismo do século XIX se penduraram até a segunda metade do século XX.
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Esses primeiros antropólogos acreditavam que a cultura hu-
mana passava por estágios de evolução, por isso, fi caram conhecidos 
como evolucionistas. Eles classifi cavam as sociedades em selvagens 
ou primitivas (aqueles habitantes que moravam em locais de selva); 
bárbaros (seriam sociedades mais avançadas que as primeiras, mas 
longe das características industriais) e os civilizados (as sociedades in-
dustriais, no caso o modelo europeu que existia. 
Os principais teóricos dessa corrente eram Lewis Henry Mor-
gan (1818-1881), Edward Tylor (1832-1917) e James George Frazer 
(1854-1941). Cada um destes antropólogos narrou sua visão evolucio-
nista sobre as sociedades conhecidas, e sobre as possibilidades de li-
nhas evolutivas existentes no homem. As defesas desses teóricos par-
tiram da ideia de progresso, todos acreditavam que as sociedades mais 
primitivas avançavam à civilização. Eles foram fortemente infl uenciados 
por Charles Darwin e pelo fi lósofo Herbert Spencer. Os evolucionistas 
comparavam esses estágios de evolução das sociedades com fases da 
vida humana, assim teríamos:
Sociedades primitivas  sociedades bárbaras  sociedades 
civilizadas
(infância) (jovem) (adulta)
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Figura 1. Antropólogo James Frazer
Fonte: https://www.fi ndagrave.com/memorial/21820/james-george-fra-
zer Acesso em 21 de fevereiro de 2019.
Para Frazer (2005, p. 107-108) 
Um selvagem está para um homem civilizado assim 
como uma criança está para um adulto; e, exatamente como o crescimentogradual da inteligência de uma criança corresponde ao crescimento gradual 
da inteligência da espécie. (...) Em suma, a selvageria é a condição primitiva 
da humanidade, e, se quisermos entender o que era o homem primitivo, te-
mos de saber o que é o homem selvagem hoje.
Nesse discurso percebemos certa hierarquização das socie-
dades humanas, pois, existe uma comparação nos níveis de evolução 
das sociedades humanas, e compara ao crescimento de um homem. 
Os critérios de classifi cação são vistos a partir de determinadas carac-
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terísticas culturais, e comparado com outras sociedades. Notamos nos 
discursos dos primeiros evolucionistas o surgimento dos ideais etno-
cêntricos. 
O etnocentrismo consistia em pegar uma determinada carac-
terística do homem em contexto social e compará-la dentro de outras. 
Por exemplo, era pego um critério como a religião e comparado en-
tre as sociedades conhecidas. A partir da comparação, era criada uma 
hierarquização das sociedades, pois, considerava-se que determinadas 
sociedades eram melhores que outras. Assim, a Antropologia Evolucio-
nistas sempre é etnocêntrica.
O Etnocentrismo consistia em indivíduos, de uma sociedade, 
analisarem e julgarem outras culturas, dentro de suas próprias noções, 
do que seria certo ou errado, em seus próprios contextos sociais. Como 
afi rmava Fernando Rocha (1999, p. 7)
Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso 
próprio grupo é tomado como centro de tudo, e todos os outros são pensados 
e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas defi nições 
do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a difi culdade 
de pensarmos a diferença, no plano afetivo, como sentimentos de estranhe-
za, medo, hostilidade, etc.
Perguntar sobre o que é etnocentrismo, é, pois, inda-
gar, sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e 
racionais quanto elementos emocionais e afetivos. No etnocentrismo, estes 
dois planos do espírito humano – sentimento e pensamento – vão juntos 
compondo um fenômeno não apenas fortemente arraigado na história das 
sociedades, como também facilmente encontrável no dia a dia das nossas 
vidas.
Ao estudarmos Antropologia, notaremos diferentes concep-
ções de culturas e, como o homem se comporta diante delas. Na uni-
dade, discutiremos diversas formas de compreensão sobre o assunto, 
e uma delas é através do Etnocentrismo. De acordo com Roque de 
Barros Laraia (2002, p. 72-73)
“O homem tem despedindo grande parte de sua história na 
Terra, separando em pequenos grupos, cada um com a sua própria lin-
guagem, sua própria visão de mundo, seus costumes e expectativas.
O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura 
tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de 
vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada 
etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência 
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de numerosos confl itos sociais.”
Devemos entender que, os critérios de hierarquização social, 
nesse momento, não são usadas comparações raciais. Desta forma, é 
pensada a existência de uma unidade humana, não existindo uma se-
paração entre a “raças”, pois, todos são igualmente humanos, mas exis-
tem diferenças sociais que prevalecem. Isso mostra um grande avanço, 
pois, defendia-se a superioridade dos caucasianos (brancos) entre os 
demais povos.
Um critério explicitado, nesse momento, para hierarquização 
desses povos, era a passagem do estágio de barbárie para civilizado, 
através da adoção da propriedade privada e um Estado organizado. 
Assim, grande parte dos antropólogos olhavam para as sociedades pri-
mitivas e não conseguiam ver essas estruturas presentes. Entretanto, o 
antropólogo britânico Henry Maine (1822-1888) buscou uma resposta à 
pergunta: O que possibilitava a organização das sociedades primitivas? 
Segundo ele, era o parentesco. Era defendido que, todas as sociedades 
humanas criam relações regulares entre indivíduos, e o parentesco é 
um tipo específi co na relação existente entre os homens, dentro de uma 
comunidade.
Figura 2. Henry Maine
Fonte: http://article1000.com/sir-henry-maine-anthropological-approa-
ch/ Acesso em 21 de fevereiro de 2019.
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Dentro do sistema de parentesco, cada indivíduo tem suas ca-
tegorias especifi cadas. Por exemplo, quando falamos “pai” sabemos o 
papel e as obrigações que este ser tem entre os demais membros fa-
miliares que ele mantém. Todas as sociedades produzem o parentesco 
como sistema, mas elas são construídas de formas diferentes. Algumas 
sociedades se estruturam pelo parentesco, seguindo regras próprias 
como, por exemplo, a não existência da propriedade privada da terra, 
sendo elas de uso coletivo. Além disso, tudo que é produzido é compar-
tilhado entre os membros dessa relação de parentesco. 
A Antropologia Evolucionista fi cou conhecida como Antropolo-
gia de Gabinete, pois, é baseada em análise de relatos de viajantes, 
questionários coloniais e relatórios de governadores coloniais. O an-
tropólogo não tem um contato direto com o seu objeto de estudo, mas 
através de narrativa de terceiros.
Esse pensamento evolucionista começou a ser superado a 
partir do surgimento de novos métodos e teorias. Dessa forma, pode-
mos entender que sua substituição ocorreu conforme as necessidades 
do contexto histórico e social do seu momento.
ANTROPOLOGIA FUNCIONALISTA
Uma alternativa à Antropologia Evolucionista começou a surgir 
a partir dos ingleses, que estavam mais interessados em entender as 
estruturas sociais e suas funções dentro de um grupo. Nesse momento, 
aconteceu o surgimento do antropólogo profi ssional, ou seja, a antro-
pologia como conhecemos hoje surgiu com essa corrente. Essa nova 
escola é fortemente infl uenciada pelo pensamento durkheimiano. Os 
dois principais nomes dessa corrente são Bronislaw Malinowski (1884-
1942) e Radcliff e-Brown (1881-1955). Ambos advogavam romper com 
o evolucionismo e recusam a evolução histórica como fator explicativo, 
pois, acreditam que não existem provas concretas da existência de de-
terminados fatos. Assim, o antropólogo deveria olhar à sociedade na-
quele momento e explicar seu funcionamento no presente. O anseio por 
entender o modo de viver dos homens revelaria suas estruturas sociais.
No funcionalismo, seu método consiste na observação parti-
cipante, sendo o fi m de quem coletou os relatos e quem os analisou, 
cria-se um novo objeto de estudo. A cultura não é pensada mais em 
sua totalidade, mas que cada cultura tem sua lógica de funcionamento 
e seu modo de organização social. Não é retirado um critério para ser 
analisado, mas sim seu todo. Desta forma, os antropólogos funcionalis-
tas buscam entender o nativo da forma que eles são. De acordo com 
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Brown (1982, p.12)
O método aqui adotado não é o histórico nem o pseu-
do-histórico, mas o que associa comparação e análise. Comparam-se os 
sistemas sociais com vistas à defi nição das suas diferenças e, para além 
delas, procura-se defi nir as suas semelhanças fundamentais e seus aspec-
tos gerais. Um dos objetivos do método comparativo é obter esquemas de 
classifi cação.
O próprio pesquisador vai até o lugar e busca compreender 
seu objeto de estudo, participando do seu conjunto. Exemplo, um antro-
pólogo buscando compreender uma sociedade indígena, ele irá ao local 
e buscará ser inserido nessa sociedade, para conseguir compreendê-la, 
adaptando seus hábitos dentro do contextosocial daquela comunidade. 
Dessa forma, busca compreender a lógica daquela sociedade.
Assim, o objeto de estudo passa da cultura para a compreen-
são do funcionamento daquela sociedade.
Com o funcionalismo, surge uma ferramenta de extrema impor-
tância para o antropólogo, que é o diário de campo. Esse recurso é a 
anotação que o próprio antropólogo faz a respeito da experiência vivida 
naquela sociedade em que se inseriu.
Malinowski defendia que o antropólogo só conseguiria com-
preender o funcionamento e a cultura de uma determinada sociedade 
se ele convivesse com essa comunidade por um tempo. As descrições 
culturais do povo investigado nos diários de campo deram origem as 
etnografi as.
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Figura 3. Bronislaw Malinowski
Fonte: https://www.larousse.fr/encyclopedie/personnage/Bronis%-
C5%82aw_Malinowski/131349 Acesso em 21 de fevereiro de 2019.
A Etnografi a consiste na observação, participante, prolongada, 
junto a um grupo, no qual o antropólogo queira pesquisar, criando uma 
inter-relação entre objeto e pesquisador. Na etnografi a ocorrem rela-
ções entre o pesquisador e o grupo pesquisado.
Malinowski compara o funcionamento das sociedades como de 
um corpo humano, buscando entender que, cada instituição social tem 
sua importância para o desenvolvimento do todo. Por exemplo, em um 
corpo humano, se um órgão adoecer, afetará outras partes do corpo, no 
caso da sociedade, as instituições como família, escola, religião, eco-
nomia, política, interagem e dependem uma da outra para funcionar. 
Dessa forma, devemos compreender o local que cada instituição atua e 
como ela se comporta dentro daquela sociedade.
As propostas que o Malinowski faz à Antropologia estão pre-
sentes em sua obra Os argonautas do pacifi co ocidental, onde é relata-
do seu trabalho de campo desenvolvido nas Ilhas Trobriand, entre 1914 
a 1918. Em sua obra, Malinowski defendia que, o homem deveria ser 
estudado, através da articulação dos elementos sociais, biológicos e 
psicológicos.
Entretanto, novas escolas estarão sendo desenvolvidas na 
mesma época, como as de linha francesa e a abordagem cultura de 
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Franz Boas.
A ANTROPOLOGIA FRANCESA
Nesse momento de surgimento da Antropologia Funcionalista, 
outra corrente estava se desenvolvendo na França, que se distanciaram 
da noção de estruturas sociais dos ingleses. Os principais representan-
tes nesta linha são Marcel Mauss (1872-1950) e Lévi-Strauss (1908-
2009).
Figura 4. Marcel Mauss
Fonte:https://citacoes.in/autores/marcel-mauss/ Acesso em 21 de feve-
reiro de 2019.
Sobrinho de Durkheim, Marcel Mauss desenvolveu seus traba-
lhos em torno da revista L’Année Sociologique. Tanto Mauss como Lévi-
-Strauss buscaram respostas mais gerais e comparativas, sem advogar 
pelo evolucionismo. Seus modelos explicativos não incluíam a noção de 
progresso, e ambos faziam comparações sistemáticas.
Um dos textos mais conhecido de Mauss é o Ensaio sobre a 
dádiva (1923), que acreditava que, em qualquer sociedade existe um 
sistema de alianças, e que elas precisam de grupos para que isso ocor-
ra. Assim, à retribuição de uma dádiva, cria-se um sistema de trocas 
(econômicas, matrimoniais e simbólicas) em uma sociedade. As trocas 
existentes em uma sociedade criam seu sistema de relações. De acor-
do com Mauss (2003,p. 305)
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O motivo dessas dádivas e desses consumos exage-
rados, dessas perdas e destruições loucas de riquezas, não é de modo al-
gum, sobretudo nas sociedades com potlach, desinteressado. Entre chefes e 
vassalos, entre vassalos e servidores, é a hierarquia que se estabelecer por 
essas dádivas. Dar é manifestar superioridade, (...) aceitar sem retribuir, ou 
sem retribuir mais, é subordinar-se, tornar-se cliente e servidor (...)
Lévi-Strauss foi um dos alunos de Mauss, e fortemente infl uen-
ciado por teorias linguísticas, sendo um dos antropólogos mais impor-
tantes do século XX, e propôs a teoria do estruturalismo. 
Para compreender seu pensamento, devemos entender que 
Lévi-Strauss imaginava uma situação, como um estado de natureza, 
anterior a sociedade em que as pessoas não realizariam as trocas. Ele 
propôs que as pessoas são levadas a fazerem trocas, devido o incesto 
ser uma prática proibida.
Para Lévi-Strauss, toda a sociedade impõe limitações na prá-
tica do casamento como, por exemplo, o casamento de parentes ou 
irmãos. Assim, as pessoas buscam se casar com pessoas de fora do 
grupo, desta forma estabelece-se uma troca entre os diversos grupos 
que compõe a sociedade. Desta forma, as pessoas se casariam sem 
violar as regras de proibição da prática do incesto. Além disso, para ele, 
as sociedades consideradas simples, realizavam trocas de casamento 
mais restritivas, e comunidades distantes, mantinham sistemas de pa-
rentescos bem semelhantes.
Figura 5. Claude Lévi-Strauss
Fonte: https://blogs.wsj.com/speakeasy/2009/11/04/claude-levi-strauss-
-elegy-for-an-anthropologist/ Acesso em 21 de fevereiro de 2019.
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Lévi-Strauss notou que, os sistemas de parentescos existiam 
e eram reproduzidos ao redor do mundo, e isso demonstrava que havia 
uma estrutura em comum entre todas aquelas sociedades. Ele defendia 
que existia no pensamento humano, algo que possibilitava que várias 
sociedades produzissem coisas bastante parecidas. Desta forma, Lé-
vi-Strauss acreditava na possibilidade de existência de uma estrutura 
universal.
Ao longo de sua vida, Lévi-Strauss desenvolveu diversos estu-
dos sobre parentesco e mitologia sobre os povos indígenas da Améri-
ca. Nesses estudos eram construídas oposições, que seriam o motor à 
construção de algo, no pensamento humano. Na década de 1930, rea-
lizou-se diversas expedições etnográfi cas no Brasil, que infl uenciaram 
todo seu pensamento ao longo da carreira.
FRANZ BOAS E O SURGIMENTO DA LINHA AMERICANA
Franz Boas, um alemão no fi nal do século XIX, desenvolveu 
uma teoria crítica sobre o conceito de civilização, proposta pelos evolu-
cionistas. A noção de civilização e progresso foi duramente criticado por 
ele. Franz Boas foi um dos primeiros a utilizar o termo cultura no sentido 
como conhecemos hoje a palavra, anteriormente, civilização e cultura 
eram sinônimos. Ao invés de falar cultura, o antropólogo preferiu utilizar 
o termo culturas.
A partir do momento que começamos a pensar no termo “cul-
turas” começamos a quebrar as hierarquizações impostas pelas pro-
postas dos evolucionistas. Dessa forma, não havia uma cultura superior 
ou inferior, mas todas teriam seu patamar de importância, devido a sua 
realidade própria.
Boas acreditava que, era impossível estabelecer hierarquias 
culturais, devido a pluralidade de povos que habitam o mundo. A partir 
do momento que adotamos critérios de uma dada população, para esta-
belecer hierarquia com outras, estaríamos cometendo arbitrariedades.
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Figura 6. Franz Boas
Fonte: https://timesofsandiego.com/opinion/2018/12/28/franz-boas-an-
d-the-controversy-over-scientists-as-spies/ Acesso em 21 de fevereiro 
de 2019.
Essa concepção de cultura, desenvolvida por Boas, foi a par-
tir da concepção da palavra alemã Kultur, que signifi cava o “espírito 
de uma nação/povo”. Desta forma, ele acreditava que tudo que existia 
na sociedade estava integrado, formando sua cultura própria. Assim, 
qualquer tentativa de comparação geraria interpretações racistas ou ar-
bitrárias, pois, a cultura seria exclusiva de cada sociedade.Franz Boas 
foi o fundador do que conhecemos como relativismo cultural, podemos 
considerar esse termo como uma inversão do que o evolucionismo pro-
punha. O relativismo cultural é uma forma de perceber as múltiplas di-
versidades de sociedades, sem colocarmos juízo de valores ou escalas 
hierárquicas. 
Boas percebeu que, não era por uma evolução biológica que 
existiam diferenças entre os homens, mas por uma questão cultural. 
Desta forma, o homem consegue criar coisas independentes de outros 
contatos culturais. Para entendermos um dado cultural, não podemos 
comparar com outras culturas, mas pensá-la na sua própria realida-
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de. Assim, a comparação perde espaço, com a visão antropológica de 
Franz Boas.
Franz Boas mudou-se para o Estados Unidos, para desenvol-
ver seus estudos antropológicos. O seu pensamento possibilitou que 
começasse a se perceber que, diferentes culturas constroem diferentes 
realidades sociais, com comportamentos e realidades próprias. Essa 
forma de comportamento social e as suas práticas continuam, deram 
origem ao conceito de padrões culturais.
Duas importantes pensadoras que vão refl etir sobre o tema de 
padrões culturais foram Margaret Mead (1901-1978) e Ruth Benedict 
(1887-1947) que acreditavam que indivíduos de uma mesma sociedade 
possuíam inclinações semelhantes, ou seja, construindo padrões den-
tro dos seres de uma determinada sociedade.
Para elas, a cultura moldava a construção das personalidades 
individuais e um modelo de tipo-padrão. Esse tipo-padrão seria a perso-
nalidade predominante em uma sociedade, entretanto, haveriam varia-
ções desse modelo comportamental. Cada sociedade teria sua visão do 
seu modo de ser no mundo.
Mas como esses padrões culturais seriam transmitidos aos in-
divíduos que compõem uma sociedade? Tanto para Boas quanto para 
outros antropólogos norte-americanos, a linguagem era o mecanismo 
que transmitia os valores culturais de uma sociedade, e possibilitava 
ao homem refl etir sobre a forma de estar no mundo. Desta forma, ne-
nhuma sociedade consegue transmitir sua cultura ou entendê-la sem a 
linguagem.
Essas transmissões aconteceriam de geração para geração, 
o que possibilitaria uma perpetuidade dessas culturais dentro de uma 
sociedade. Essas formas de perpetuação dessas culturas estariam 
presentes em qualquer tipo de sociedade, tanto àquelas consideradas 
“primitivas”, quanto as consideradas “civilizadas”. Desta forma, segun-
do as antropólogas infl uenciadas por Franz Boas, hábitos que seriam 
considerados naturais, em qualquer sociedade, são padrões arbitrários, 
e isso levantou muitos questionamentos no momento que escreveram 
essa teoria, pois, iniciou-se um movimento intelectual que, dizia que 
a forma como a sociedade se confi gura é a força da continuidade dos 
costumes. 
A teoria de Margareth Mead e de Ruth Benedict infl uenciaram 
o pensamento feminista da época, dando força para questionar o papel 
da mulher nas sociedades ocidentais.
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Figura 7. Margareth Mead
Fonte: https://www.britannica.com/biography/Margaret-Mead Acesso 
em 21 de fevereiro de 2019.
Após a Segunda Guerra Mundial, outros teóricos americanos 
debateram o conceito de cultura criado por Franz Boas. Marvin Harris 
(1927-2001) e Julian Steward (1902-1972), a partir da perspectiva mar-
xista, criticaram o conceito de Boas e consideravam que, ao analisar-
mos a especifi cidade de cada sociedade não desenvolveríamos uma 
refl exão que englobasse a humanidade.
Nos anos de 1960, Cliff ord Geertz (1926-2006) e Marshall 
Sahlins (1930-) começaram a criticar a noção de cultura como práticas 
e costumes integrados e articulados entre si. Para eles, a cultura era 
um todo integrado, mas passível de mudanças. Desta forma, notamos 
que a cultura deixou de ser práticas observáveis para uma noção de 
campo simbólico, assim, seria mais fácil associá-la a um código, do que 
a padrões de costumes.
A partir do momento que começamos a entender a cultura como 
um código de regras, conseguimos entender as mudanças e transfor-
mações culturais. Desta forma, quando ocorrem mudanças comporta-
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mentais ou nas práticas de uma sociedade, não podemos dizer que a 
cultura se perdeu, mas ela se modifi cou. Percebemos assim que, quan-
do as sociedades consideradas primitivas começavam a adaptar-se a 
hábitos civilizatórios dos colonizadores, muitos antropólogos diziam que 
aquela cultura estava se perdendo ou terminando, a partir dessa nova 
visão nota-se que a cultura apenas se transformou.
No fi nal do século XX e no início do XXI, o termo cultura vem 
sofrendo diversas críticas, e algumas levantam a questão da não 
utilização mais do termo. Os pós-modernistas defendem que, a partir 
do momento em que o antropólogo descrever costumes e hábitos de 
uma sociedade, ele carrega um poder absoluto que não é questionado, 
e é carregado como verdade. Não dando voz aos descritos e sendo 
uma visão autoritária sobre o outro. Os alvos dessas críticas estavam 
principalmente na descrição de práticas e estereótipos de sociedades 
não ocidentais.
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DA MATTA, Roberto. O Ofício de etnólogo, ou como ter “An-
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2013 Banca: ENEM Órgão: INEP Prova: ENEM
De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. 
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a es-
tender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que 
nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que 
haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho 
vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor 
fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.
Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FA-
RIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 
2001
A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto coloni-
zador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte 
objetivo:
a) valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.
b) descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.
c) transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico 
existente.
d) realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superiori-
dade europeia.
e) criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a au-
sência de trabalho.
QUESTÃO 2
Ano: 2009 Banca: FUNIVERSA Órgão: IPHAN Prova: Antropólogo.
Estudiosos que se chamamantropólogos sociais são de dois tipos. 
O protótipo do primeiro foi ______________________, autor de The 
Golden Bough. Ele foi um homem de saber monumental que não 
tinha experiência direta com a vida dos povos primitivos sobre os 
quais escreveu. Esperava descobrir verdades fundamentais sobre 
a natureza da psicologia humana, comparando os detalhes da cul-
tura humana em uma escala mundial.
O protótipo do segundo foi ___________________, que passou 
grande parte de sua vida acadêmica analisando os resultados da 
pesquisa que ele mesmo conduziu por um período de quatro anos, 
em uma única e pequena aldeia na distante Melanésia. Seu objeti-
vo foi mostrar que esta exótica comunidade ‘funcionava’ como um 
sistema social. Ele estava mais interessado nas diferenças entre 
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as culturas, do que na sua abrangente similaridade. 
Edmund Leach, 1970:2 apud, Roberto DaMatta. Relativizando: uma 
introdução à antropologia social. Rio de Janeiro : Rocco, 1997, 
p89-9 (com adaptações).
Os nomes que completam correta e respectivamente as lacunas do 
texto são
a) Lewis Henry Morgan / E.E Evans-Pritchard.
b) James Frazer / Bronislaw Malinowski.
c) Herbert Spencer / Marcel Mauss.
d) Leslie White / Franz Boas.
e) Edward Burnett Tylor / Radcliff e-Brown
QUESTÃO 3
Ano: 2010 Banca: UFFS Órgão: UFFS Prova: Antropologia.
Funcionalismo e Estruturalismo possuem pontos em comum. A al-
ternativa que apresenta uma diferença entre ambos é:
a) O método comparativo.
b) A visão sistemática da cultura.
c) O aspecto sincrônico da cultura.
d) Infl uência da antropologia francesa.
e) Explicação da cultura e da sociedade sem uma incursão necessária 
na história.
QUESTÃO 4
Ano: 2010 Banca: UFFS Órgão: UFFS Prova: Antropologia.
A noção de ‘relatividade cultural’ contrapõe a idéia de que:
a) itens culturais podem gerar comparações na unidade do gênero hu-
mano.
b) o sistema de valores de uma dada cultura explica o comportamento 
humano.
c) normas éticas e valores só podem ser julgados dentro de seus con-
textos.
d) as diferenças entre os homens são criadas pela história.
e) um olhar diferenciado sobre os valores da própria cultura.
QUESTÃO 5
Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: Professor – Sociologia. 
Sobre as diversas escolas do pensamento antropológico, analise 
as afi rmativas abaixo: 
I) Bronislaw Malinowski representa a escola funcionalista inglesa e 
é autor de “Coral Gardens”.
II) Claude Levi-Strauss representa o estruturalismo e é autor de 
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“Tristes Trópicos”.
III) Radcliff e-Brown representa a escola culturalista americana e é 
autor de “Os Nuer”.
IV) Margareth Mead representa a escola interpretativista e é autora 
de “Sexo e Temperamento”.
Apresentam as alternativas CORRETAS:
a) Alternativas I,II,III e IV.
b) Somente a alternativa I.
c) Somente a alternativa IV.
d) As alternativas I e II.
e) Alternativas I, II e IV.
QUESTÃO 6
Ano: 2013 Banca: UNIOESTE Órgão: UNIOESTE Prova: Vestibular 
UNIOESTE 
A antropologa norte-americana Margaret Mead, em sua obra Sexo 
e Temperamento, pesquisa sobre o condicionamento das perso-
nalidades sociais de homens e mulheres. Descreve os comporta-
mentos típicos de cada sexo em três culturas diferentes da Nova 
Guiné da seguinte maneira: “Numa delas (os Arapesh), homens e 
mulheres agiam como esperamos que mulheres ajam: de um sua-
ve modo parental e sensível; na segunda (os Mundugumor), ambos 
agiam como esperamos que os homens ajam: com bravia iniciati-
va; e na terceira (os Tchambuli), os homens agem segundo o nosso 
estereótipo para as mulheres, são fi ngidos, usam cachos e vão às 
compras, enquanto as mulheres são enérgicas, administradoras e 
parceiras desadornadas.”
MEAD, M. Sexo e Temperamento, prefácio à edição de 1950.
Partindo da análise do texto transcrito acima, assinale a alternativa 
correta.
a) O sexo, no seu aspecto biológico, é o fator determinante dos tempe-
ramentos masculinos e femininos nas diferentes sociedades.
b) O condicionamento cultural é de fundamental importância na defi -
nição de temperamentos e papéis sociais de homens e mulheres nas 
diferentes sociedades.
c) As diferenças biológicas entre homens e mulheres determinam todas 
as diferenças culturais associadas aos sexos, moldando temperamen-
tos e papéis sociais de homens e mulheres.
d) Em qualquer sociedade, homens são fortes, agressivos, dominado-
res, calculistas, controlam as relações sociais e sexuais; as mulheres 
são frágeis, submissas, passionais, temperamentais, vaidosas.
e) Homens e mulheres são morfologicamente diferentes, portanto, apre-
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sentam diferenças de temperamento e de aprendizado, uns sendo mais 
aptos para algumas tarefas sociais e papéis sociais que outros.
QUESTÃO 7
Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: SEE-MG Prova: Professor – So-
ciologia 
O etnocentrismo pode ser defi nido como sendo a visão de mundo 
demonstrada por indivíduos que consideram seu grupo étnico ou 
sua cultura como melhor e o centro de tudo. Com efeito, todas as 
diferentes formações culturais são pensadas a partir desse refe-
rencial único, que é colocado num plano superior aos outros.
Em relação ao conceito de etnocentrismo, é CORRETO afi rmar: 
a) A visão etnocêntrica demonstra, por vezes, desconhecimento 
dos diferentes hábitos culturais existentes na sociedade, originando 
sentimentos de desrespeito, depreciação e intolerância em relação 
a quem é diferente, chegando a provocar, nos casos mais extremos, 
atitudes preconceituosas, radicais e xenófobas.
b) A visão etnocêntrica é uma corrente de pensamento ou doutrina que 
tem como objetivo compreender as diferenças culturais entre os homens 
e estudar as causas históricas, econômicas e sociais que promovem 
essas diferenças.
c) O etnocentrismo é um fenômeno estritamente local e apenas se 
manifesta quando culturas tecnicamente mais frágeis entram em contato 
com outras culturas dominantes, que se encontram territorialmente mais 
próximas.
d) O etnocentrismo é uma ideologia que defende que os valores, os 
princípios morais, o certo e o errado, o bem e o mal são convenções 
sociais intrínsecas a cada cultura, ou seja, um ato considerado errado 
numa determinada cultura não signifi ca que seja errado também para 
outras culturas.
e) Um indivíduo etnocêntrico considera as normas e os valores de sua 
própria cultura como sendo melhores que das outras culturas. No entan-
to, este fato não se confi gura como um problema sociológico, tendo em 
vista que todos os indivíduos nascem livres e iguais.
QUESTÃO 8
Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: Vestibular
Segundo Franz Boas, as pessoas diferem porque suas culturas di-
ferem. De fato, é assim que deveríamos nos referir a elas: a cultura 
esquimó ou a cultura judaica, e não a raça esquimó ou a raça ju-
daica. Apesar de toda a ênfase que deu à cultura, Boas não era um 
relativista que acreditava que todas as culturas eram equivalentes, 
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nem um empirista que acreditava na tábula rasa. Ele considerava a 
civilização europeia superior às culturas tribais, insistindo apenas 
em que todos os povos eram capazes de atingi-la. Não negava que 
devia existir uma natureza humana universal ou que poderia haver 
diferenças entre as pessoas de um mesmo grupo étnico. O que 
importava para ele era a ideia de que todos os grupos étnicos são 
dotados das mesmas capacidades mentais básicas.
(Steven Pinker. Tábula rasa: a negação contemporânea da nature-
za humana, 2004. Adaptado.)
Considerando o texto, é correto afi rmar que, de acordo com o an-
tropólogo Franz Boas,
a) os critérios para comparação entre as culturas sãointeiramente 
relativos.
b) a vida em estado de natureza é superior à vida civilizada.
c) as diferenças culturais podem ser avaliadas por critérios universalistas.
d) as diferenças entre as culturas são biologicamente condicionadas.
e) o progresso cultural é uma ilusão etnocêntrica europeia.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
 Ao longo do capítulo, podemos observar diferentes correntes e 
aspectos da Antropologia, em suas primeiras décadas de surgimento. 
Uma das principais foi o Evolucionismo, que acabou sendo superado 
por novos métodos e abordagens. Entretanto, no século XXI consegui-
mos perceber padrões ou concepções evolucionistas ainda no nosso 
cotidiano?
TREINO INÉDITO
A antropologia começa a criar sua profi ssionalização a partir do:
a) evolucionismo
b) funcionalismo
c) multiculturalismo
d) estruturalismo
e) pós-modernismo
NA MÍDIA
CHEGADA AO BRASIL A BIOGRAFIA DO ANTROPÓLOGO CLAUDE 
LÉVI-STRAUSS
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Que tal ler sobre um homem que viveu 101 anos e morreu Imortal? Que 
criou uma ciência (ou ao menos um ramo frondoso dela)? Que escreveu 
um livro clássico, acima de tudo inclassifi cável? Que deu aulas na USP, 
em Nova York e Paris, e aprendeu muita coisa com gente que andava 
pelada e dormia no chão? Um homem cujo nome era música, calça e 
fi losofi a, e por vezes um risco mortal?
Salivando? Então basta percorrer as 782 feéricas páginas da biografi a 
Lévi-Strauss, de Emanuelle Loyer. A autora é especialista em história 
intelectual da Universidade Sciences-Po, em Paris. Confi rmando a bar-
bada, esta obra embolsou o prêmio Femina de ensaio, em 2015.
Um dos supremos intelectuais do século 20, Claude Lévi-Strauss (1908-
2009) nasceu em Bruxelas, mas é tão francês quanto Astérix. De origem 
obviamente judaica, o sobrenome de Lévi-Strauss sempre deu pano 
para mangas. Em 1940, com a França sob ocupação alemã, ele foi a 
Vichy pedir autorização para voltar à capital, onde nazistas saíam pelo 
ladrão. O funcionário pestanejou: “Com esse nome, o senhor quer ir 
para Paris?” Caindo a fi cha, Claude se mandou para os EUA, onde foi 
aconselhado pelos diretores da New School a usar L. Strauss em vez de 
Lévi-Strauss – “para que o senhor não seja confundido com uma marca 
de jeans”. Também foi confundido com o autor de valsas vienenses Ri-
chard Strauss. E com o fi lósofo Leo Strauss. Hoje é inconfundível.
Fonte: Estadão
Data: 22 de maio de 2018
Leia a notícia na íntegra: https://alias.estadao.com.br/noticias/
geral,chega-ao-brasil-a-biografia-do-antropologo-claude-levi-s-
trauss,70002303632
NA PRÁTICA
Ao analisar o cotidiano das pessoas no século XXI, percebemos dife-
rentes culturas, grupos sociais, formas de comportamentos, roupas, 
estilos e performances diferentes em cada pessoa que cruzamos em 
nosso dia a dia. Entretanto, nem todos os tipos de pessoas são bem 
vistos socialmente, notamos um mundo cada vez mais carregado de 
preconceitos e estereótipos.
Muitas vezes esses estereótipos foram construídos ao longo do tempo e 
por preconceito que foi herdado de geração para geração. É muito difí-
cil quebrarmos completamente essas amarras ideológicas que carrega-
mos. Mas, todo o profi ssional das ciências humanas consegue desna-
turalizar o entorno do seu e-mail e questionar o porque dessas atitudes. 
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GABARITOS
CAPÍTULO 01
Questões de concursos
01 02 03 04 05
A B A A B
06 07 08
B A C
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO 
DE RESPOSTA
O Evolucionismo foi uma corrente de pensamento que acreditava em 
hierarquizações sociais. Na Antropologia, ele era muito utilizado nas 
primeiras décadas do seu desenvolvimento, devido aos primeiros antro-
pólogos estarem presentes em territórios coloniais. Esse contato com 
culturas e povos diferentes fez acreditá-los em uma escala social de 
evolução humana.
Entretanto, percebemos o pensamento evolucionista presente em nos-
so cotidiano, através de noções preconceituosas. Por exemplo, quando 
observamos práticas racistas, presentes na sociedade, de tratar negros 
e indígenas como povos diferentes ou inferiores, são fortemente car-
regadas por uma mentalidade evolucionista. Ou quando percebemos 
formas de tratamento da mulher, dela não poder ocupar determinados 
cargos sociais, ou a responsabilidade pelo lar e a educação dos fi lhos, 
isso é uma forma de o evolucionismo estar presente.
Outras formas possíveis de percebermos a mentalidade evolucionista 
em nossas vidas, são preconceitos com culturas consideradas simples 
ou por pessoas homossexuais, transexuais ou grupos marginalizados 
socialmente, sendo vistos como uma ameaça.
TREINO INÉDITO
Gabarito: B
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CULTURA E NATUREZA
Ao longo do tempo, sempre existiu uma visão sobre a rela-
ção cultura e natureza. Numa sociedade que encontra-se cada vez 
mais modernizada, urbanizada e globalizada os ambientes não urba-
nos, que tenham a presença de coisas simples, animais e plantas, são 
superestimados. Podemos encarar isso como um desagravo à respeito 
da vida “civilizada” ou “moderna” e uma valorização ao natural.
Esta valorização ao natural, ao simples e o maior contato com 
o meio ambiente cria uma oposição ao mundo urbano, cada vez mais 
conectado, rápido e desenvolvido. Notamos uma oposição entre o sim-
ples e o complexo, o considerado culto e o inculto, o valorizado e o 
desvalorizado. Dessa forma, percebemos que o mundo considerado 
civilizado sempre está mais ligado à cultura e natureza ao que seria 
selvagem. Essas defi nições carregam uma forte carga ideológica.
As pessoas que vivem nesse mundo que seria da natureza e 
OS CONCEITOS
DE CULTURA
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o cultural também são taxadas. O homem do mundo natural, do mundo 
do campo, é visto muitas vezes como inculto ou aculturado, sem estudo 
ou formação. O homem urbano é sempre considerado um homem cul-
to, estudado ou formal. Dessa forma, notamos que cultura e natureza 
carregam essas cargas ideológicas que foram construídas ao longo do 
tempo.
A palavra cultura vem do latim colere, que signifi ca cultivar, cul-
tuar. Dessa forma, ela está ligada á noção de terra, quanto ao culto aos 
deuses. No Império Romano, ela era relacionada ao cultivo da terra, 
por isso dará origem à palavra agricultura. Outra defi nição empregada 
naquela época era a noção de criação de crianças, ou seja, prepará-las 
e capacitá-las para a vida adulta e sociedade, essa prática recebia o 
nome de puericultura.
Nessa época, um importante pensador romano, Cícero, no sé-
culo I a.C. elaborou a expressão cultura animi que signifi ca “cultura da 
alma”, que buscaria transmitir a ideia de cada homem cuidar de si mes-
mo, se preocupar com seu desenvolvimento interior. Essa prática não 
seria algo natural, mas de uma série de trabalhos referentes ao meio 
em que se relaciona. O homem deveria desenvolver trabalhos voltados 
à imitação de grandes homens, aqueles que teriam desenvolvidos gran-
des feitos e proezas.
Nos séculos XVIII e XIX, o termo cultura esteve relacionado à 
noção de civilização. Isso se deve às conquistas territoriais que come-
çaram a ganhar força ao longo do globo, que viria a receber o nome de 
Imperialismo. Os primeiros a empregar a noção de civilização foram os 
ingleses e os franceses, que acreditavam estar levando desenvolvimen-
to, capacitação e civilidade a outrospovos. Dessa forma, eles recebe-
riam uma cultura. Em diversas obras de artes e poemas aparecem essa 
ideia civilizacional, como vemos abaixo no texto O fardo do homem 
branco, de Rudyard Kipling (1865-1936): 
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Notamos no texto um tipo de responsabilidade (civilização) do 
homem branco sobre os demais povos do globo. Dessa forma, acredi-
tou-se que os povos que eram colonizados fossem bárbaros, incivili-
zados e suas culturas eram primitivas. Caberia ao homem branco (eu-
ropeu) levar a civilização e o desenvolvimento para eles, “guiá-los” no 
caminho do progresso.
Na mesma época, na Alemanha é cunhado o termo kultur (cul-
tura) para tratar de assuntos que não seriam relacionados à noção de 
civilidade ou progresso. Estando relacionado ao conhecimento erudito, 
fi losófi co e científi co, diferente do que o termo signifi cava até então. 
Dessa forma, o termo cultura fi ca relacionado tanto ao caráter restrito, 
como algo relacionado à erudição ou ao culto, mas ao mesmo tempo, 
no sentido amplo ao caráter de civilizado.
O século XIX foi marcado por grandes transformações, por 
conta da forte industrialização e da urbanização de diversas partes do 
mundo. Diversas cidades europeias cresceram e se modernizaram ra-
pidamente, principalmente as grandes capitais, como Paris e Londres. 
Essa rápida modernização e a introdução de objetos industrializados 
na vida cotidiana das pessoas mudaram seus hábitos culturais, e até o 
próprio comportamento das pessoas. Nessa época, as palavras moder-
nidade e progresso, marcaram a vida da população.
Com os países sendo modernizados e com acentuado cres-
cimento populacional, houve a necessidade de construção de culturas 
nacionais, ou seja, cultura que diferenciava uma nação da outra. O pa-
pel da construção de uma cultura nacional foi fundamental, para o forta-
lecimento da formação dos Estados Nacionais, que estavam ocorrendo. 
Assim, cada Estado Nação que estava se formando deveria moldar há-
bitos e costumes, como algo tradicional da sua cultura, que o diferen-
ciasse de outros países, isso deu origem às tradições nacionais. As 
tradições nacionais darão origem a uma divisão entre as culturas que 
formariam um Estado Nação, uma cultura mais voltada à elite da sua 
população, e outra voltada ao povo, conhecida como cultura popular. De 
acordo com Stuart Hall (2004, p. 56)
Notamos no texto um tipo de responsabilidade (civilização) do 
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O discurso da cultura nacional não é, assim, tão moder-
no como aparenta ser. Ele constrói identidades que são colocadas, de modo 
ambíguo, entre o passado e o futuro. Ele se equilibra entre a tentação de 
retornar a glórias passadas e o impulso por avançar ainda mais em direção 
à modernidade. As culturas nacionais são tentadas, algumas vezes, a se 
voltar para o passado, a recuar defensivamente para aquele “tempo perdido”, 
quando a nação era “grande”, são tentadas a restaurar as identidades pas-
sadas (...). Mas frequentemente esse mesmo retorno ao passado oculta uma 
luta para mobilizar as “pessoas” para que se purifi quem suas fi leiras, para 
que expulsem os “outros” que ameaçam a sua identidade (...)
O conceito de natureza também passou por diversas transfor-
mações ao longo da História. Natureza sempre esteve vinculada a algo 
internado dos seres ou a forma de organização dos seres vivos, como o 
ambiente em que os homens vivem.
Por muito tempo, cultura e natureza não eram consideradas 
oposição, mas a cultura como algo que constituiria a segunda natureza 
dos seres. Foi com o pensamento do fi lósofo Immanuel Kant (1724-
1804) que pensou a oposição existente entre os dois conceitos. Para 
ele, natureza e cultura não são continuidade, mas oposições. Natureza 
seria o mundo da repetição, da causa e efeito, e a cultura a vontade 
dos homens racionais, o ser humano consegue manipular seu ambiente 
através da racionalidade e transformação que ela consegue fazer na 
sociedade.
SAIBA MAIS
Immanuel Kant (1724-1804) foi um importante fi lósofo do Sé-
culo das Luzes. Nessa época, o Iluminismo era a principal corrente de 
pensamento existente e abriria um caminho para pensar nas transfor-
mações sociais que a sociedade da época precisava. De acordo com 
Kant (1991, p. 43-45), o Iluminismo era:
“lluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que 
ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do 
entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa 
própria, se a sua causa não residir na carência de entendimento, mas 
na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo, sem a guia 
de outrem. Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio 
entendimento! Eis a palavra de ordem do Iluminismo.”
A seguir analisaremos alguns conceitos que existem, relacio-
nados à cultura, como as noções de cultura erudita, cultura popular, 
indústria cultura e as relações que a cultura pode ter com ideologia e 
formas de poder.
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CULTURA POPULAR E CULTURA ERUDITA
Ao longo do tempo, sempre aconteceu de estudiosos analisa-
rem distinção entre as culturas de diversas sociedades e classes. Per-
cebemos que, ao se falar de uma cultura voltada às altas classes ou do 
topo da pirâmide social, notamos que essas eram bem mais vistas, do 
que de aqueles grupos sociais que estavam na base da pirâmide.
Esse olhar diferenciado constrói uma distinção entre culturas 
que podem existir numa mesma sociedade. Os diversos grupos que 
compõem uma sociedade, têm suas culturas distintas umas das outras, 
algumas são mais aceitas e bem melhor vistas, que outras. Algumas 
características culturais típicas de determinados grupos, por muito tem-
po, foram vistas de maneiras preconceituosas pelas elites como, por 
exemplo, o samba ou o carnaval de rua.
Se voltarmos ao tempo, veremos que essas distinções de cul-
turas estão presentes nas transmissões orais, de estórias folclóricas ou 
nos próprios contos de fadas. Essas estórias, normalmente, são trans-
mitidas oralmente e fazem parte de uma cultura típica de determina-
da região. É impossível falarmos de crianças que nunca ouviram falar 
de saci, mula-sem-cabeça ou Iara. Notaremos nas histórias folclóricas, 
narrativas que constroem hábitos, costumes e características de deter-
minados grupos sociais. Os contos de fadas também carregam essa 
função, mas suas narrativas passaram por modifi cações ao longo do 
tempo. De acordo com o Robert Darnton, a Antropologia mantém estrei-
to contato com o mundo construído pelos contos de fada:
Como podem os historiadores entender esse mundo? 
Uma maneira de ele não perder o pé, em meio às ondas de psiquismo expres-
sos nas primeiras versões de Mamãe Ganso, é segurar-se fi rme em duas dis-
ciplinas: a antropologia e o folclore. Quando discutem teoria, os antropólogos 
discordam quanto aos fundamentos de sua ciência. Mas, quando saem em 
campo, usam, para a compreensão das tradições orais, técnicas que podem, 
com discernimento, ser aplicados ao folclore ocidental. Com exceção de al-
guns estruturalistas, eles relacionam os contos com a arte de narrar histórias 
e com o contexto no qual isso ocorre. Examinam a maneira como o narrador 
adapta o tema herdado a sua audiência, de modo que a especifi cidade do 
tempo e do lugar apareça, través da universalidade do motivo. Não esperam 
encontrar comentários sociais diretos, ou alegorias metafísicas, porém mais 
um tom de discurso ou umestilo cultural, capaz de comunicar um ethos e 
uma visão de mundo particulares (DARNTON.2005, p. 26)
Essas narrativas populares fazem parte do que é conhecido 
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como cultura popular. No século XV, com o Renascimento, esse termo 
ganhou força entre os estudiosos, que queriam entender como o povo 
se manifestava culturalmente. Em oposição a essa cultura popular, exis-
tiria uma cultura voltada apenas à elite considerada culta e formada, de 
um determinado lugar, e fi cou conhecida como cultura erudita. Em geral, 
as culturas populares eram caracterizadas como algo espontâneo, pro-
duzido por membros de uma comunidade, sendo produzida anonima-
mente e, nem sempre seus produtores eram letrados. Sua propagação 
ocorria de forma rápida, normalmente oralmente, passava de geração 
em geração. Já a cultura erudita, seus produtores tinham alguma forma-
ção, uma certa educação mais refi nada, se comparada com os produto-
res da cultura popular. Na cultura erudita havia a valorização de quem 
a produzia quanto ao produto, ou seja, os produtores da cultura erudita 
(músicos, pintores e escritores) tinham uma posição social um pouco 
mais agraciada, muitos eram burocratas ou funcionários públicos. Sua 
forma de transmissão aconteceria em escolas, igrejas ou eventos como 
concertos. No caso da literatura, suas narrativas eram divulgadas em 
livros. Dessa forma, notamos algumas diferenças entre essas culturas: 
a cultura popular era mais voltada ao coletivo, e a cultura erudita, algo 
mais restritivo, além de acontecer uma valorização de seu produtor.
Com o Iluminismo, começaram a aprofundar os estudos sobre 
as práticas dessas manifestações culturais, principalmente a cultura e 
os hábitos dos populares. Os iluministas tinham como objetivo estudar 
as narrativas e culturas populares, para desmistifi car as concepções 
que existem sobre as camadas e cotidianos populares. Ao mesmo tem-
po que buscava-se compreender a formação e a construção dessas 
culturas, os estudiosos direcionavam suas pesquisas á compreensão 
e afi rmação de identidades. Isso, posteriormente, fortalecerá a ideia de 
formação dos Estados Nacionais.
No momento que os Estados Nacionais estavam sendo cons-
truídos, os regimes absolutistas eram questionados por esses grupos, 
que buscavam construir as identidades nacionais. Parte das culturas 
populares por eles estudada foi apropriada para esse objetivo.
Essa descaracterização e o dinamismo empregado nas cultu-
ras populares, fi zeram com que alguns estudiosos diferenciassem ela 
do folclore. Fazendo com que se pense que as culturas populares so-
frem certa dinâmica, mas o folclore seria algo mais ligado às tradições 
populares e mais mórbido no tempo. Entretanto, o carárter simples e os 
primitivos estão presentes nesses dois termos, fazendo com que essas 
manifestações culturais acabassem sendo vistas como algo menor ou 
inferiorizado.
A noção de ver culturas mais simples de forma inferiorizada, 
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esteve fortemente presente nos pensadores do século XIX. Eles asso-
ciavam os estágios de desenvolvimento da sociedade pela sua cultura, 
ou seja, sociedades mais urbanizadas, industrializadas, tinham suas 
culturas vistas como complexas ou superiores àquelas vistas como pri-
mitivas. Essa ideia foi discutida no primeiro capítulo e retomaremos par-
te dela aqui.
Como as nações europeias estavam em rápido desenvolvi-
mento e urbanização, ocorreu uma forte interpretação de considerar a 
cultura europeia mais complexa e avançada que as dos demais povos 
do globo. Isso seria uma justifi cativa, inclusive ideológica, para que as 
potências europeias empregassem as dominações política e econômica 
em outros territórios do mundo.
A dominação sobre outros povos se apropriou de motivos etno-
cêntricos. No caso dos séculos XIX e XX, o etnocentrismo carregou ca-
racterísticas fortemente eurocêntricas. Pois, acreditava que as nações 
europeias que estavam passando pela sua segunda fase de industriali-
zação, tinham alcançado o ápice do desenvolvimento tecnológico e in-
dustrial. Entretanto, essas noções etnocêntricas perderam espaço com 
os avanços dos estudos antropológicos e o surgimento do relativismo 
cultural.
Sobre o relativismo cultural, Clyde Kluckhohn (1986, p. 1057) 
afi rma que:
Durante o século XIX houve uma tendência entre os 
antropólogos no sentido de realçar a unidade do gênero humano e a diversi-
dade do ambiente inanimado. Mas no fi m do século essa ideia se modifi cou. 
Isso, graças a F. Boas, que afi rmou repetidas vezes que a antropologia es-
tava interessada nas diferenças criadas pela história, deixando então para a 
psicologia a tarefa de exploração da natureza humana. Sublinhou também a 
posição de que cada aspecto de uma cultura – desde os sons da fala até as 
formas de casamento – deve ser considerado na totalidade do contexto em 
que ocorreu. Essa é em essência a doutrina da relatividade cultural.
Como vimos no capítulo anterior, após as noções de relativis-
mo cultural, o termo Cultura e a forma que são vistas as sociedades 
consideradas “primitivas” passam a ser revistos.
TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS NAS SOCIEDADES INDUSTRIA-
LIZADAS
Nos séculos XIX e XX, a cultura passa por profundas trans-
formações, por conta das modifi cações dos meios industrial e urbano 
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das sociedades desenvolvidas. A cultura da época burguesa, tradicional 
desde o período renascentista, durou até a segunda fase da Revolução 
Industrial em Oitocentos. A partir desse momento, novas invenções e 
técnicas apareceram e modifi caram profundamente o universo cultural 
da época.
Uma das grandes invenções do século XIX foi a fotografi a. Seu 
impacto nas artes visuais foi gigantesco, pintores fi caram preocupados 
com a invenção, por conta da rapidez para reproduzir paisagens e pes-
soas através de uma máquina. O impacto da fotografi a sobre a vida de 
artistas visuais foi importante, devemos lembrar que, após a invenção 
da fotografi a, os pintores começaram a adaptar novas técnicas, inversão 
de cores e formas, dando origem ao desenvolvimento da arte moderna.
Após a fotografi a e a fantasia que ela gerou sobre as repro-
duções de imagens, criou-se uma máquina para a reprodução de ima-
gens, que posteriormente, dará origem ao cinema. Com a invenção do 
cinema, a ideia de ver as imagens em movimento e suas reproduções 
despertou enorme interesse na população da época e criou-se uma era 
de espetacularização da cultura. Segundo Guy Debord (1997, p. 14)
O espetáculo apresenta-se mesmo tempo como a pró-
pria sociedade, como uma parte da sociedade, e como instrumento de unifi -
cação. Como parte da sociedade, ele é expressamente o setor que concentra 
todo olhar e toda consciência. Pelo fato de esse setor estar separado, ele é 
o lugar do olhar iludido e da falsa consciência; a unifi cação que realiza é tão 
somente a linguagem ofi cial da separação generalizada.
O cinema revolucionou a época do seu surgimento. Devemos 
entender que, as pinturas que eram reproduzidas até então, fi cavam 
restritas a um público mais seletivo e algo mais específi co. Os jornais 
da época também faziam a reprodução de imagens. Mas apenas com o 
cinema, conseguiu-se apresentar imagens para um grande público, em 
um só instante. O fortalecimento da reprodução das imagens, gerou, 
posteriormente, o início do declínio de uma cultura letrada, e a preocu-
pação com a forma com que a imagem se reproduz, ganhou cada vez 
mais espaço.
Esse declínio da cultura letrada para uma cultura mais visual, 
despertou interesse das massas. Começou-se a questionar até que 
ponto o surgimento dessa nova cultura geraria uma alienação do es-
pectador que a contempla.Segundo Guy Debord (1997, p. 24)
A alienação do espectador em favor do objeto contem-
plado (o que resulta da sua própria atividade inconsciente) se expressa as-
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sim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto aceita reconhecer-se 
nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende sua própria 
existência e seu próprio desejo. Em relação ao homem que age, a exterio-
ridade do espetáculo aparece no fato de seus próprios gestos já não serem 
seus, mas de um outro que os representa por ele. É por isso que o especta-
dor não se sente em casa em lugar algum, pois o espetáculo está em toda 
parte.
Esse homem dessa sociedade que passou por transformações 
deixou decair a cultura letrada, e vive sua dependência de informações 
rápidas e imagens. Além disso, a espetacularização criada pelas ima-
gens e meios de divertimentos, possibilitaram ao homem da sociedade 
industrializada, ter contato cada vez mais com meio de alienação. Desta 
forma, percebemos nas sociedades fortemente industrializadas e urba-
nizadas, uma relação direta entre cultura e alienação. Cada vez mais 
que o homem consome esses novos meios culturais, mais ele se aliena 
e mais consome, alimentando o crescimento da economia. Assim, nota-
remos que, uma pessoa alienada torna-se, nessa sociedade, um consu-
midor em potencial, e tem cada vez suas características, pensamentos 
e formas de agir moldados por essas novas culturas e mentalidades 
dominantes.
Foi apenas no século XX que obras culturas tiveram técnicas 
de reprodução? Devemos lembrar que com o Renascimento, a partir do 
século XV, com a invenção da imprensa, que tornou possível o apareci-
mento do jornal e dos livros, deu-se origem ao surgimento de técnicas 
de reprodução cultura. Entretanto, apenas no fi nal do século XIX e iní-
cio do XX ocorreu uma intensifi cação de técnicas para reprodução de 
imagens e sons, com isso, a imprensa perdeu seus séculos de domínio 
que vinha ocupando.
Devemos entender que, com o século XX, os suportes pelos 
quais a cultura é transmitida se modifi caram radicalmente e diversas 
técnicas e aparelho surgiram. O suporte seria o meio pelo qual a cul-
tura é transmitida como, por exemplo, anteriormente, uma pintura era 
reproduzida em um quadro. O quadro era seu suporte. Nos dias de hoje 
podemos ver uma pintura ser reproduzida na televisão, no mural, na in-
ternet e em outros meios. Dessa forma, notamos que diversos suportes 
culturais surgiram ao longo do século XX. Além disso, a comunicação 
e a transmissão deles tornaram-se cada vez mais rápidas, o que deu 
origem ao termo comunicação de massas. Assim, em qualquer parte do 
mundo, quando alguém tira uma foto e dispõe na internet, rapidamente 
ela pode repercutir para milhões de pessoas, em questão de minutos. 
Além disso, os jornais, que por muitos séculos foram transmissores cul-
turais, perderam seu espaço para as televisões e, posteriormente, para 
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a internet. Notamos que, nas sociedades com forte industrialização e 
urbanização, os suportes que as culturas são transmitidas são cada vez 
mais rápidos e buscam ser modernos.
Com os meios tecnológicos cada vez mais avançando e a co-
municação entre as pessoas avançando nas sociedades industrializa-
das, a vida cultural também se modifi cou. As produções culturais, de 
caráter artesanal, perderam fortemente o espaço que tinham, pois, fi ca-
vam restrita a um público. Com essa vida cada vez mais em transforma-
ção, a cultura precisou atingir o coletivo e, principalmente, as massas. 
Mas porque as massas precisavam ser atingidas? Em um mundo com 
intensas transformações, ocorreu a consolidação da classe operária, 
como agente social e político, dessa forma, ela é um ator importan-
te socialmente às transformações e modifi cações que uma sociedade 
precisa. Infl uenciar ou dominar as massas tornou-se importante em um 
mundo com intensas mudanças sociais. Assim, precisou-se pensar di-
versos meios que, cada vez mais intensifi caria a transmissão de cultu-
ras e comunicação para essa população.
Diversos sociólogos, fi lósofos, historiadores e antropólogos 
pensaram essas transformações que as sociedades urbanas e indus-
trializadas passaram no século XX. Uma importante corrente de pen-
sadores, que pensou a relação entre cultura e industrialização, que as 
sociedades consideradas modernas vinham passando, foi a Escola de 
Frankfurt, que contou com importantes pensadores como Max Horkhei-
mer, Theodor Adorno, Walter Benjamim e Herbert Macuse.
Benjamin acreditava que os avanços técnicos, principalmente o 
cinema, possibilitariam uma emancipação cultural do proletariado, pos-
sibilitando um advento de um novo tipo de cultura diferente da cultura 
tradicional burguesa. Nessa nova cultura, os anseios da massa seriam 
expressivos e contemplativos. No caso, Adorno discordava completa-
mente do pensamento de Benjamin, pois, defendia que essas inova-
ções técnicas não possibilitariam uma democratização cultural. Adorno 
acreditava que, as culturas surgidas através desse meio, eram voltadas 
ao mercado e apenas para o consumo, os espectadores delas não con-
seguiriam se emancipar culturalmente, mas alienar-se.
Max Horkheimer e Theodor Adorno, em 1940, conceituaram o 
termo Indústria Cultural em substituição do termo cultura de massas. A 
criação desse novo conceito deu-se porque os meios de comunicação 
de massas são caros e poucos o possuem, assim, eles são pensados 
dentro da lógica do capital. Apenas seus donos podem transmitir o que 
querem e quando querem, quem não os possuem não podem transmitir 
seus ideais. Os donos desses meios empregam produtores culturais 
para criarem culturas e transmiti-las, mas apenas aquelas que os donos 
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estão de acordo.
Assim, a cultura começa a ser pensada como uma mercadoria, 
que estaria na mão de poucos produzi-la, e de muitos para consumi-las. 
Desde o século XIX, a cultura está sujeita a essa mercantilização, mas 
apenas com o advento do século XX ela passa por um processo de pla-
nejamento industrial. Assim, existe um sistema que cria, a torna merca-
doria e faz de tudo para conseguir vendê-la às massas consumidoras. 
Para Rodrigo Duarte (2007, p. 60)
Especialmente sob o ponto de vista da tarefa de gerar 
adaptação ao processo produtivo, Horkheimer e Adorno chamam a atenção 
para as características infi nitamente repetitivas das mercadorias culturais, as 
quais são consideradas uma espécie de prolongamento, durante o ócio, dos 
mesmos procedimentos repetidos do trabalho da fábrica ou do escritório. É 
por isso que, no consumo da mercadoria cultural, toda a ligação lógica que 
pressupõe um esforço intelectual é escrupulosamente evitado. Os desenvol-
vimentos devem resultar tanto quanto possível da situação imediatamente 
anterior, e não dá ideia do todo. Mediante a explicação dessa tarefa discipli-
nadora para o trabalho, o mencionado estimulo a tendências masoquistas do 
público ganha uma nova dimensão, que se manifesta até mesmo no que os 
autores chamam de crueldade organizada dos desenhos animados.
Podemos notar essa mecanização do processo através do 
próprio cinema. Notaremos que, os fi lmes quando são lançados bus-
cam cativar e atingir grandes públicos, para gerar lucro às companhias 
que investiram neles. Se os fi lmes forem sucesso de bilheteria, terão 
continuação, senão isso não ocorre. Além disso, diversas pesquisas 
de opinião são lançadas pelo mercado, para saber os gostos de seus 
consumidores e a forma de encaminhar a produção de determinadas 
mercadorias. Desta forma, notamos que um dos objetivos da indústria 
cultural é agradar seu consumidor, além de entreter e diverti-lo, para 
que possacontinuar consumindo seus produtos. Assim percebe-se que
A indústria cultura e os meios de comunicação de mas-
sa penetram em todas as esferas da vida social, no meio urbano ou rural, na 
vida profi ssional, nas atividades religiosas, no lazer, na educação, na par-
ticipação política. Tais meios de comunicação não só transmitem informa-
ção, não só apregoam mensagens. Eles também difundem maneiras de se 
comportar, propõem estilos de vida, modos de organizar a vida cotidiana, de 
arrumar a casa, de se vestir, maneiras de falar e de escrever, de sonhar, de 
sofrer, de pensar, de lutar, de amar. (SANTOS, 1983, p. 69)
Uma característica importante dos produtos vendidos pela in-
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dústria cultural é que eles não podem ter coisas extraordinárias de uma 
vez, pois, impossibilitaria o consumo de novos produtos fabricados pela 
empresa. Além disso, a infl uência que o consumo pode ter na vida das 
pessoas, faz com que elas mudem hábitos, formas de comer, de se ves-
tir, de estudar ou de se relacionar com outras pessoas. Notamos isso, 
ao perceber a proliferação das redes sociais com o advento do século 
XXI.
Além disso, a indústria cultural busca, através da propaganda, 
mostrar a noção de mundo organizado, diferente da realidade. Essa no-
ção de um mundo organizado, com sentidos, faz com que o consumidor 
acredite nessa realidade e deixe de ver o mundo como algo complexo 
e caótico. Assim, os esforços interpretativos de entender a realidade 
são diminuídos pela industria cultural, fazendo com que o espectador 
consuma até a interpretação de mundo que a indústria cultural queira. 
Em uma sociedade cada vez mais globalizada e com diversas interpre-
tações sobre as realidades do fato, cativar o público sobre uma noção 
de “verdade” e uma “interpretação” única é importante para continuar a 
lógica do consumo.
No século XX, em um primeiro momento, a indústria cultural 
era composta por aparelhos como rádio, cinema, editoras de HQs, re-
vistas e a imprensa. Após a Segunda Guerra Mundial, outros meios 
começaram a aparecer para intensifi cá-la como a televisão.
Nesse início do século XXI, notamos que a televisão perdeu 
espaço para a internet e as redes sociais. Notamos que a indústria cul-
tural cada vez mais se globalizou, determinadas coisas, situações ou 
informações rapidamente ganham pessoas no mundo todo em questão 
de minutos. Em uma sociedade que o mundo cada vez mais se indus-
trializa e se urbaniza, a indústria cultural continuará a ganhar força e 
transmitir seus valores interpretativos de mundo.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2012 Banca: UEM Órgão: UEM Prova: Vestibular
Assinale o que for correto sobre as culturas erudita e popular.
( ) Cultura popular pode ser defi nida como sinônimo de cultura do povo, 
ou seja, uma prática própria de grupos subalternos da sociedade. 
( ) Os produtores da cultura erudita fazem parte de uma elite política, 
econômica e cultural. Ela é transmitida, legitimada e confi rmada por di-
versas instituições sociais. 
( ) Os produtores das culturas erudita e popular gozam de prestígio se-
melhante na sociedade. 
( ) Os fatos folclóricos reproduzem a cultura dos círculos eruditos e das 
instituições que se dedicam à renovação e à conservação dos patrimô-
nios científi co e artístico. 
( ) As expressões “cultura popular” e “cultura erudita” designam dois 
conjuntos coerentes e internamente homogêneos no que se refere às 
suas práticas. 
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, 
é a 
a) V, V, F, F, F
b) F, V, V, F, V
c) V, F, F, V, F
d) F, V, F, V, V
e) V, V, F, V, F
QUESTÃO 2
Ano: 2016 Banca: COMVEST Órgão: UNICAMP Prova: Vestibular
Leia os versos iniciais do poema The White Man’s Burden (O fardo 
do homem branco).
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O poema de Rudyard Kipling foi escrito em Londres, em 1898, após 
a estadia do autor nos EUA. Considerando-se o contexto do impe-
rialismo do século XIX, o poeta expressa
a) a defesa do expansionismo norte-americano, justifi cado como um 
dever moral explicitado no título “The White Man’s Burden”.
b) o olhar caridoso em relação aos povos dominados no contexto do 
imperialismo do século XIX, como se observa no verso “half devil and 
half child”.
c) uma crítica à visão da superioridade branca vigente durante a corrida 
imperialista do século XIX, ao enaltecer as características “folk and wild”.
d) a visão de que as famílias americanas não devem ser punidas pela 
política expansionista dos EUA, como se observa na recomendação 
“Go send your sons to exile”.
QUESTÃO 3
Ano: 2013 Banca: INEP Órgão: ENEM Prova: ENEM
O antropólogo americano Marius Barbeau escreveu o seguinte: 
sempre que se cante a uma criança uma cantiga de ninar; sempre 
que se use uma canção, uma adivinha, uma parlenda, uma rima 
de contar, no quarto das crianças ou na escola; sempre que ditos 
e provérbios, fábulas, histórias bobas e contos populares sejam 
representados; aí veremos o folclore em seu próprio domínio, sem-
pre em ação, vivo e mutável, sempre pronto a agarrar e assimilar 
novos elementos em seu caminho.
UTLEY, F. L. Uma defi nição de folclore. In: BRANDÃO, C. R. O que 
é folclore.
São Paulo: Brasiliense, 1984 (adaptado).
O texto tem como objeto a construção da identidade cultural, reco-
nhecendo que o folclore, mesmo sendo uma manifestação asso-
ciada à preservação das raízes e da memória dos grupos sociais,
a) está sujeito a mudanças e reinterpretações.
b) deve ser apresentado de forma escrita.
c) segue os padrões de produção da moderna indústria cultural.
d) tende a ser materializado em peças e obras de arte eruditas.
e) expressa as vivências contemporâneas e os anseios futuros desses 
grupos.
QUESTÃO 4
Ano:2016 Banca: IBFC Órgão: EBSERH Prova: Jornalista
O pontocentral da teoria é que a alienação é mais do que uma des-
crição de emoções ou um aspecto psicológico individual. É a con-
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sequência do modo capitalista de organização social que assume 
novas formas e conteúdos em seu processo dialético de separação 
e reifi cação da vida humana. Toda a vida das sociedades nas quais 
reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma 
imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente 
vivido se afastou numa representação. Diante do exposto, assinale 
a alternativa que contempla a Teoria descrita acima e seu criador:
a) Teoria Hipodérmica – Lasswell
b) A Sociedade do Espetáculo – Lasswell
c) A Sociedade do Espetáculo – Guy Debord
d) Teoria Hipodérmica – Guy Debord
e) Estruturalismo - Sausurre
QUESTÃO 5
Ano:2008 Banca: CESPE Órgão: SEPLAG-DF Prova: Professor – 
Sociologia
A respeito das correntes do pensamento sociológico:
funcionalismo, marxismo e teoria crítica da sociedade, julgue os
itens que se seguem.
A teoria crítica da Escola de Frankfurt dedicou-se, entre outros te-
mas, aos estudos e pesquisas que criticavam a cultura de massa.
( ) Certo
( )Errado
QUESTÃO 6
Ano: 2010 Banca: EsFCEx Órgão: EsFCEx Prova: Comunicação 
Social
Segundo Theodor W. Adorno, sobre “indústria cultural”, analise 
as afi rmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.
I. É uma cultura que surge espontaneamente das massas, ou seja, 
da forma contemporânea da arte popular.
II. Em todos os seus ramos fazem–se produtos, não só adaptados 
ao consumo das massas, mas que, em grande medida, determinam 
esse consumo.
III. Os diversos ramos da indústria cultural assemelham–se em sua 
estrutura ou, pelo menos, ajustam–se uns aos outros para cons-
tituir um sistema. IV. Promove a união de domínios, antes separa-
dos, da arte superior e da arte inferior, com vantagem para ambos.
V. Constitui um sistema de produção de bens culturais que privile-
gia a elaboração de conteúdos próprios da alta cultura.
a) Somente I e III estão corretas
b) Somente I e IV estão corretas
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c) Somente II e III estão corretas
d) Somente IV e V estão corretas
e) Somente I, III e IV estão corretas
QUESTÃO 7
Ano: 2011 Banca: UFFS Órgão: UFFS Prova: Vestibular
É uma forma de cultura produzida industrialmente, e tem por 
objetivo a lucratividade das corporações de mídia que nela 
investem grande capital em máquinas e infraestrutura fabril. Utiliza 
tecnologia de ponta, destina-se a um grande público anônimo e 
impessoal e é distribuída através do mercado e depende de patro-
cinadores:
a) Cultura Erudita.
b) Cultura Popular.
c) Cultura de Massa.
d) Cultura Midiática.
e) Cultura Eletrônica.
QUESTÃO 8
Ano: 2010 Banca: UNICENTRO Órgão: UNICENTRO Prova: Vesti-
bular
“A indústria cultural, com suas vantagens e desvantagens, pode 
ser caracterizada pela transformação da cultura em mercadoria, 
com produção em série e de baixo custo, para que todos possam 
ter acesso. É uma indústria como qualquer outra, que deseja o lu-
cro e que trabalha para conquistar o seu cliente, vendendo ima-
gens, seduzindo o seu público a ter necessidades que antes não 
tinham”.
a) A indústria Cultural não é uma característica da sociedade contempo-
rânea ela é um produto natural em qualquer sociedade.
b) A indústria Cultural é responsável por criar no indivíduo necessidades 
que ele não tinha e transformar a cultura em mercadoria.
c) A Indústria Cultural não infl uência nas necessidades do indivíduo com 
a sua produção em série e de baixo custo.
d) A indústria cultural faz com que o indivíduo refl ita sobre o que neces-
sita, não desejando lucro.
e) A Indústria Cultural prioriza a heterogeneidade de cada cultura.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
 No século XXI, passamos por intensos recebimentos de infor-
mações diariamente. A tecnologia em rápida transformação, possibilita 
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a criação de novos hábitos de consumo e mexe nos costumes da po-
pulação. Uma forma de percebermos isso é a prática das redes sociais 
e, como elas podem ajudar ou prejudicar a interação entre as pessoas. 
Será que existe um distanciamento ou uma aproximação através das 
redes sociais entre as pessoas? E até que ponto elas são transmissoras 
de cultura?
TREINO INÉDITO
“A história, que cria a autonomia relativa da cultura e as ilusões ideoló-
gicas a respeito dessa autonomia, também se expressa como história 
da cultura. E toda história de vitórias da cultura pode ser compreendida 
como a história da revelação de sua insufi ciência, como uma marcha 
para sua auto-supressão. A cultura é o lugar da busca da unidade per-
dida. Nessa busca da unidade, a cultura como esfera separada é obri-
gada a negar a si própria.”
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contrapon-
to, 1997.
De acordo com a afi rmação, a cultura é:
a) dinâmica e em constante transformação
b) estática e não passa por transformação
c) dinâmica e não passa por transformação
d) estática e passa por transformação
e) uma negação do homem
NA MÍDIA
ASSIM FRANÇA E ALEMANHA FOMENTAM A CULTURA
Com uma das maiores redes mundiais de museus, óperas e bibliotecas 
públicas, Alemanha é uma líder global de difusão artística. Na França, é 
longa a tradição de estímulo estatal, e assunto é prioridade de Estado.
Dois modelos de sucesso, que servem de exemplo e tentam ser copia-
dos em outros países. Com uma das maiores e melhores redes de mu-
seus, casas de concerto, teatros, óperas e bibliotecas públicas do glo-
bo, a Alemanha é considerada um centro difusor artístico como poucos 
no mundo. No país, arte e cultura são principalmente sustentados por 
verbas públicas, de forma descentralizada, com especial participação 
das administrações regionais. Já a França tem uma tradição centenária 
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de incentivo à cultura reconhecida internacionalmente. No país, o tema 
sempre foi prioridade de Estado, artigo de exportação e até mesmo mo-
tor da economia. 
Fonte: Deutsche Welle
Data: 21 de fevereiro de 2019
Leia a notícia na íntegra: https://www.dw.com/pt-br/assim-fran%-
C3%A7a-e-alemanha-fomentam-a-cultura/a-47597417
NA PRÁTICA
Até os dias de hoje, ao falarmos da palavra cultura, acreditamos que é 
algo distante do cotidiano de pessoas comuns, e só membros da elite 
ou com poder aquisitivo maior, podem ter acesso.
Mas ao refl etirmos sobre a nossa vivência diária, ao passarmos em 
frente a museus públicos, patrimônios tombados, apresentações cul-
turais de rua, será que não estamos vivendo, cotidianamente, com um 
acesso à cultura? A cultura está presente em nossas práticas do dia a 
dia, trocas de informações, leituras, alimentação, contatos com o outros 
e refl exões que temos sobre o nosso meio. Já pararam para pensar 
como diariamente recebemos diversas informações culturais? A cultura 
é viva e se faz presente na vida de cada ser humano.
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GABARITOS
CAPÍTULO 02
Questões de concursos
01 02 03 04 05
A A A C Certo
06 07 08
C C B
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO 
DE RESPOSTA
Em um mundo que passa por constantes transformações, diariamente 
percebemos que os aparelhos tecnológicos são trocados rapidamente. 
Por exemplo, os celulares e computadores que, cotidianamente, novas 
versões aparecem e são trocadas por outras. O ser humano não conse-
gue acompanhar esses níveis de trocas rápidas.
A Internet tem tido um papel importante na aproximação de pessoas, por 
conta das distâncias, nem todos poderemencontrar-se com frequência 
ou a possibilidade de conhecer pessoas de diferentes lugares. Dessa 
forma, percebemos que as redes sociais, que possibilitam esse contato, 
são importantes no aspecto cultural, pois, proporcionam trocas culturais 
e de informações sobre diferentes seres humanos.
Entretanto, se observarmos a geração atual, e quando saímos, muitos 
jovens conectados a celulares, redes sociais e a falta de interação entre 
pessoas próximas, isso é um sintoma do distanciamento que a tecno-
logia tem acometido ao ser humano. Ao invés de prestar atenção, as 
pessoas ao nosso redor, se atentam às redes sociais. Além disso, quan-
tas crianças não vemos mais brincar com coisas simples, como pipa, 
bonecas ou bolas, ao preferirem objetos tecnológicos avançados, como 
tablete e celulares, para efetuar suas brincadeiras.
TREINO INÉDITO
Gabarito: A
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TEMAS CONTEMPORÂNEOS DA ANTROPOLOGIA
A etnicidade em questão
Desde os primórdios da Antropologia, questões relacionadas 
à etnicidade permeiam o campo antropológico. Entretanto, com a in-
dependência das colônias na África, Ásia e Oceania, após a Segunda 
Guerra Mundial, o termo começou a ganhar força para refl etir sobre 
a múltipla pluralidade de sociedades existentes. Esse é um momento 
fortemente marcado por questões étnicas, confl itos de independência, 
guerras civis e construções nacionais que as ex-colônias estarão pas-
sando.
O mundo nesse momento, com o pós-Segunda Guerra é forte-
mente marcado pela instabilidade. Devemos lembrar que, é o período 
TEMAS CONTEMPORÂNEOS
DA ANTROPOLOGIA E A
ANTROPOLOGIA BRASILEIRA
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da Guerra Fria, propostas de sociedades antagônicas estão em disputa 
naquele momento, de um lado o capitalismo e de outro o socialismo. 
Além disso, as principais potências do período, União Soviética e Esta-
dos Unidos, tentavam infl uenciar as nações que estavam se tornando 
independentes a adotar modelos de sociedade que cada uma defendia.
A pergunta que fazemos é: Será que as sociedades considera-
das civilizadas, também estavam passando por essas transformações, 
ou apenas aquelas que estavam se tornando independente? As antigas 
potências coloniais europeias saíram desestabilizadas após a Segunda 
Guerra Mundial, prova disso é que não conseguiram segurar mais seus 
antigos Impérios Coloniais em diferentes partes do globo. Além disso, 
questões de racismo, discriminação, disputas internas, fl uxos migrató-
rios, tornaram-se crescentes na Europa. Isso demonstra que, após o 
confl ito bélico, as transformações sociais e culturais estavam a todo 
vapor em diversas partes do mundo.
Em sociedades que passam por grandes transformações é im-
portante notarmos que, questões de reafi rmações étnicas e de identi-
dade ganham força. E foi isso que aconteceu tanto com as ex-colônias, 
quanto com suas antigas metrópoles coloniais. O Imperialismo, que 
marcou o surgimento da Antropologia a partir da busca das diferenças 
culturais, existentes entre as sociedades consideradas “primitivas” e as 
“civilizadas”, deixou marcas profundas em ambas. Desta forma, ao fa-
larmos em fi m de Impérios Coloniais, devemos entender que as socie-
dades que estão surgindo estão mescladas e carregam marcas, tanto 
das sociedades tradicionais, quanto das sociedades coloniais que as 
constituíram. 
O conceito de etnicidade é sempre relacional, ou seja, depende 
da comparação com outros grupos. Segundo essa perspectiva, determi-
nado grupo tem características próprias (culturais, históricas ou sociais) 
que o distinguem dos demais, em uma perspectiva comparativa. Dessa 
forma, a característica que os mantêm diferentes dos outros, cria uma 
identifi cação coletiva nos membros desse grupo.
Nesse período, na Inglaterra surgiu a conhecida escola de 
Manchester, em que foram alunos de Radcliff e-Brown, entre eles esta-
va Max Gluckman (1911-1975), que buscava estudar os processos de 
luta de libertação dos países africanos e asiáticos, e as transformações 
acarretadas naquelas sociedades, após as independências. Esse grupo 
se utilizou, constantemente, do termo etnicidade em suas pesquisas, 
tomando emprestado as noções desenvolvidas por Fredrik Barth (1928-
2016), um norueguês, que se debruçou sobre a temática em seus tra-
balhos.
Nas sociedades ocidentais, o termo etnicidade começou a apa-
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recer constantemente e ser utilizado pela luta de minorias discriminadas 
nas grandes sociedades: populações homossexuais, negros, mulheres 
e imigrantes. Esses grupos reivindicavam melhores tratamentos sociais 
e maior participação nas decisões políticas. As descriminações sofridas 
por eles eram carregadas de injustiças sociais. Um importante exemplo 
dessa época foi a luta por direitos civis negros nos Estados Unidos, com 
fi guras importantes como Martin Luther King e Malcom X. 
Devemos entender que, ao se utilizar o termo minorias, não 
signifi ca que os indivíduos desse grupo são menores em números, mas 
que não possuem poder e nem participação em assuntos políticos, 
sociais, econômicos ou religiosos. Um exemplo que podemos dar é a 
confi guração demográfi ca da população brasileira, mais de 50% são 
constituídos por mulheres e nem sempre elas têm grande participações 
em empresas ou na política nacional. Outro exemplo histórico é o apar-
theid na África do Sul, onde uma minoria branca impunha suas vonta-
des à maioria da população negra do país. Entretanto, minoria pode ser 
utilizada para distinguir grupos que concentram poder e constroem a 
noção de normalidade social como, por exemplo, as ideias de elite po-
lítica, elite cultura ou elite intelectual em um país. É um grupo reduzido 
de pessoas que impõe suas noções para os demais que constituem um 
país.
Uma das grandes discussões que o termo etnicidade tem gera-
do é a questão dos confl itos étnico presentes em diversas sociedades. 
Devemos entender que a partir do momento que determinados grupos 
acabam sendo excluídos, por conta de suas características, existe todo 
um mecanismo de construção para que ocorra essas exclusões. Diver-
sos confl itos étnicos têm acontecido na África, devido ao mecanismo 
construído na época colonial que permaneceu, posteriormente, com as 
independências.
O conceito de identidade
Ao longo do tempo, o conceito de identidade tem aparecido 
nos debates antropológicos, mas sempre acompanhando outros termos 
como, por exemplo, identidade social. O termo vem ganhando força ao 
longo do século XX devido a infl uência de Franz Boas.
Nas décadas posteriores a Segunda Guerra Mundial, o mundo 
passou por uma recuperação econômica intensa que foi até a década 
de 1970. Essa época, como o historiador Hobsbawn chamou de A Era 
de Ouro do Capitalismo foi um momento de intensa industrialização e 
reurbanização de diversas partes do globo. Tanto países comunistas, 
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quanto capitalistas, tiveram investimentos fortíssimos da União Sovié-
tica e dos Estados Unidos. Nesse período, as ex-colônias de países 
europeus que estavam passando por guerras civis, problemas internos 
desencadeados com as lutas de libertação, tiveram suas populações 
aumentadas drasticamente. Além disso, o fl uxo migratório para países 
desenvolvidos e em desenvolvimento aumentou. É nesse cenário que 
o termo identidade começa a ganhar novas conotações,e esse mundo 
cada vez mais transformado e fragmentado socialmente, criou novas 
demandas sociais, e esse termo buscou dar respostas às aulas.
Os conceitos de cultura e etnicidade não serviriam para respon-
der às novas demandas, que essas sociedades, passando por intensas 
transformações, estavam passando. Enquanto etnicidade muitas vezes 
remetia a uma ancestralidade ou características comuns nos grupos, 
não dava para conseguir colocar nos mesmos grupos um ativista negro 
e um homossexual, por conta de suas demandas próprias por direitos 
civis.
No conceito de identidade, as práticas sociais são sufi cientes 
para produzir características próprias nos grupos sociais, sem necessá-
rio recorrer à história, culturas ou ancestralidades comuns. A identidade 
é estática, nunca está defi nida, é um processo de contínua construção, 
devido as relações das pessoas socialmente.
Para alguns estudiosos, sobre as questões de identidade, 
como Stuart Hall (1933-2014), toda a identidade é moldada por coi-
sas que escolhemos e que não escolhemos. Por exemplo, a identida-
de sexual, religiosa, discriminações cotidianas, são algo que ajudam a 
moldar o comportamento e as identidades individuais de cada pessoa. 
Se alguém cresce numa família extremamente religiosa e com hábitos 
conservadores, muitas vezes aquilo que é diferente para ela, como ca-
sais homoafetivos, mulheres mais autônomas e negros se ascendendo 
socialmente, não é bem aceito e ela tentará reproduzir o discurso que 
cresceu criando discriminação para esses indivíduos.
Em um mundo que se encontra cada vez mais fragmentado e 
conectado com diversas partes e culturas distintas, por conta da globali-
zação, o termo identidade é oportuno para refl etirmos sobre as diversas 
alternativas que se apresentam aos indivíduos nessas sociedades. Os 
indivíduos nessas sociedades podem moldar sua identidade através de 
várias identidades como, por exemplo, um homossexual negro constrói 
sua identidade através da experiência da discriminação racial, em uma 
sociedade racista, e a homofobia, presente em sociedades com precon-
ceitos sexuais.
As discussões contemporâneas de gênero, sexualidade e paren-
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tesco
As discussões sobre gênero e parentesco atuais são forte-
mente infl uenciadas pelas questões do feminismo e debates sobre a 
homossexualidade. A contemporaneidade refl ete muito sobre como os 
gêneros são construídos socialmente e as discriminações que mulheres 
e homossexuais passam na sociedade. Os pensadores atuais questio-
nam muito sobre as relações entre homens e mulheres nas sociedades 
e como a homossexualidade está inserida no mundo atual.
Retornando a primeira metade do século XX, Margareth Mead 
afi rmava que, homens e mulheres eram categorias culturais, e que cada 
sociedade defi ne como essas categorias se comportam e suas práticas 
socialmente. Ela demonstrou que essas categorias são dinâmicas, pois, 
cada sociedade tem seu conceito e papel do que seria o homem e a 
mulher, e suas práticas comportamentais variavam ao longo do tempo. 
Assim, Mead demonstrou que, os gêneros são uma questão cultural e 
não algo natural, sendo uma construção social. Um dos principais livros 
da antropóloga sobre as discussões de gênero e sexualidade foi Sexo e 
Temperamento em três sociedades primitivas, onde Mead demonstrou 
que a tribo Tchambuli da Papua-Nova Guiné as mulheres que exerciam 
o papel de dominação.
Após a Segunda Guerra Mundial, o livro O segundo sexo, da 
socióloga Simone de Beauvoir, ajudou a fortalecer os debates sobre 
gênero nesse momento. Mesmo não tendo fi ns militantes, o livro é uma 
obra celebre nas discussões sobre feminismo. O livro carrega uma for-
te carga das discussões existencialistas e autora usa diversas discipli-
nas como história, literatura, sociologia e até a área de biológicas para 
demonstrar que as mulheres passam por submissões e passividades 
sociais construídas ao longo do tempo. Segundo a autora, as mulheres 
não eram donas dos seus destinos, mas os homens controlavam as 
ascensões sociais e o papel delas em cada momento histórico. Simone 
de Beauvoir defende que, para as mulheres conseguirem se emanci-
par, precisariam manter uma relação de solidariedade entre homens e 
mulheres, controle de natalidade e o acesso a posições melhores no 
mercado de trabalho.
Outras áreas das ciências humanas, como a fi losofi a, os es-
tudos sobre gênero e sexualidade ganharam força com as pesquisas 
desenvolvidas pelo fi lósofo Michel Foucault. Um dos seus escritos prin-
cipais que infl uenciaram os estudos nessa época foi História da Sexua-
lidade, obra que foi pensada originalmente em seis tomos, mas teve 
apenas três publicados, devido o falecimento do escritor. No primeiro 
livro, A vontade de saber, Foucault defende que as sociedades ociden-
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tais, desde o século XVII até o XX, empregam táticas repressivas sobre 
a sexualidade, mas mesmo combatidos os discursos sobre sexualidade 
se proliferam ao longo destes séculos. Nesse mesmo período, ocorrem 
avanços sobre as pesquisas cientifi cas sobre gênero e sexualidade, em 
que as sexualidades individuais e comportamentos sexuais começam a 
serem catalogados. Foucault defendia que, a sexualidade do indivíduo 
era uma construção social, e que muitas vezes ocorre de forma imposta 
pelos mecanismos sociais.
Outros estudiosos, como as antropólogas Sherry Ortner (1941-
) e Gayle Rubin (1949), nos anos 1970, levantaram a hipótese de que, 
normalmente as mulheres tem suas atividades sociais mais ligadas ao 
plano do lar e do mundo doméstico, como os cuidados com os fi lhos, 
a amamentação e a maternidade. As mulheres, segundo as autoras, 
seriam mais ligadas à natureza, e o homem ao plano da cultura. Nesses 
casos, percebemos uma clara separação dos afazeres masculinos e 
femininos, o homem como provedor do lar e a mulher com o cuidado da 
casa e das crianças. Segundo as antropólogas, essas construções de 
papeis de homens e mulheres não são naturais e são construídas dentro 
de uma lógica que apenas o homem é benefi ciado.
As relações de parentesco ganham maiores discussões após a 
publicação de American Kinship, em 1968, de David Schneider. Nesse li-
vro, o autor discute as relações de parentesco na sociedade americana, e 
nota que essa construção é feita através da oposição natureza e cultura. 
Para o autor, a noção de natureza seria algo dado e a de cultura tudo aquilo 
que pode ser criado e imposto socialmente. Para Schneider, os laços con-
sanguíneos criam uma relação de identidade nos indivíduos, assim, os 
norte-americanos acreditam que as pessoas ligadas por esses laços se 
aparentam com seus pais e herdam traços comportamentais familiares. 
Dessa forma, a reprodução de padrões comportamentais caracterizaria o 
parentesco.
Entretanto, para Schneider as noções de família e parentesco não 
devem ser confundidas. De acordo com ele, a família é sempre construída 
através de uma das noções de amor e sexo, assim, ela é resultado de rela-
ções de sangue e casamento. No caso de parentesco, Scheneider defende 
que a noção de parente é construída por critérios socioemocionais e iden-
tifi cação que o indivíduo tem com o outro, essa relação de se reconhecer 
no outro seria mais importante para a construção desses laços do que o 
sanguíneo.
Às noções discutidas por Schneider derivaram o termo parentes-
co construído, foi uma importante conquista para os estudos sobre mulhe-
res e homossexualidade. O papel das mulheres dentro do lar e na socieda-
de passaram a ser pensados, não apenas no plano biológico, mas como 
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algo construído e imposto por essas relações. Além disso, a defesa que 
parentesconão depende de fatores biológicos, favoreceram a noção de 
que os parentescos homoafetivos são tão legítimos, quanto os parentescos 
tradicionais, ou seja, a noção de famílias homossexuais ganharam força a 
partir dessa noção e aumentaram as exigências de seu reconhecimento 
pelo Estado.
Os debates sobre cultura e natureza
Em meados dos anos de 1970, Roy Wagner, antropólogo ame-
ricano, publicou a obra A invenção da cultura, que em um primeiro mo-
mento, não teve muita importância nos debates antropológicos. No ano 
da primeira edição da obra, Cliff ord Geertz e Marshall Sahlins publicaram, 
respectivamente, A interpretação das culturas e Cultura e razão prática, 
sendo livros que tiveram enorme sucesso e difusão. Entretanto, hoje, a 
obra de Roy Wagner é importante para pensarmos uma nova refl exão so-
bre o termo cultura.
O livro de Roy Wagner demorou para chegar ao Brasil, só teve 
uma tradução em português, em 2010, pela editora Cosac Naify. A ideia 
principal da obra de Wagner é a noção de invenção, mas estamos acostu-
mados a entender o termo de forma negativa, como algo “falso”, que pode 
ser imposto aos indivíduos que compõem um grupo social. Entretanto, para 
o antropólogo, as tradições culturais são dependentes de contínua inven-
ção (p. 94), ou seja, elas passam por contínuas mudanças, confi gurações 
e legitimações.
Roy Wagner lançou uma série de críticas ao método antropoló-
gico e à relação do antropólogo com seu objeto de estudo. Ele critica a 
noção de que o trabalho de campo desenvolvido pelos antropólogos fosse 
apenas ir a campo observar diferentes sociedades e depois escrever so-
bre isso aos seus pares. Para ele, os antropólogos se baseiam em suas 
próprias categorias culturais para pensar o que acontece com as cultu-
ras nativas. Assim, sua crítica e opinião sobre determinadas culturas fi cam 
subjugadas aos seus conhecimentos culturais. Notamos nessa perspectiva 
que, o conceito de observador é duramente criticado, pois, as experiências 
vividas por estes são submetidas as suas próprias experiências em sua so-
ciedade. Desta forma, o antropólogo não descreveria, objetivamente, suas 
análises de uma cultura alheia, mas ao fazer o trabalho de campo, ele entra 
em contato com as diferenças culturais que existem entre ele e seus obser-
vados, e as experiências desse trabalho de campo resultaria, no relato de 
uma diferença, e essa seria a cultura descrita pelo antropólogo.
Wagner percebe uma relação dialética entre o observador e o ob-
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servado, para ele, ambos produzem, criam e transformam as culturas. As-
sim, a cultura seria permanentemente inventada pelos seus participantes, 
o que geraria novas confi gurações e momentos de estabilizações. Essas 
estabilizações não seriam permanentes, continuamente passariam por de-
sestabilizações causadas por novas invenções. 
Essa noção defendida por Wagner faz refl etirmos como o antro-
pólogo ainda exerceria um pensamento autoritário sobre o que ele descre-
ve, sobre o nativo e que, o próprio nativo poderia criar suas concepções 
sobre a cultura do pesquisador, que entra em contato com ele. Dessa for-
ma, perceberíamos que as trocas culturais ocorrem mutuamente e cada 
parte nessa relação constrói sua visão sobre o “outro”.
Outra grande corrente que surgira nesse momento será impul-
sionada por Bruno Latour, antropólogo francês, que faz uma crítica à ideia 
de separação entre natureza e cultura. Nessa perspectiva, existiria uma 
separação entre o mundo humano e o mundo de natureza, esse último 
seria tudo o que fosse não humano (animais, plantas e objetos). Para ele, 
o homem trata esse mundo como algo inerte, que só se desenvolve ou 
movimenta a partir do contato com o mundo humano.
Latour se debruçou sobre o conceito moderno de ciência e nota 
que a ciência é um discurso sobre essas distinções de mundo, pois, des-
creveria o que constitui o mundo de natureza. Segundo o autor, o conceito 
de natureza é algo dinâmico, ele existe, pois, existe um acordo entre os 
cientistas para considerar o que faz parte ou não dele. Assim, a noção de 
avanços científi cos também são acordo entre pares, para determinar se o 
que se conquistou foi realmente importante ou não.
Dessa forma, Latour percebeu que, o discurso científi co seria 
uma convenção entre indivíduos que mudam constantemente para impor 
uma visão ao coletivo. Por exemplo, as noções de física, química e biologia 
passaram por constantes transformações ao longo dos dois últimos sécu-
los, o que era considerado defi nitivo no século XIX, não era o mesmo no 
fi nal do século XX. Assim, Latour defende que a natureza não mudou, mas 
o entendimento do homem sobre o que constituiria ou não. Ele afi rma que 
não dá para separarmos o conceito de natureza e cultura, que ambas se 
complementam e fazem parte de um todo. Além disso, essa distinção entre 
as duas, para o autor, aconteceu por conta das concepções ocidentais de 
pensar essas duas formas.
O pensamento de Latour fez com que a Antropologia começasse 
a refl etir sobre o tratamento com o “outro”, ou seja, o antropólogo não pode 
tratar a sociedade em que vive e a sociedade que trabalha em campo de 
formas distintas. Assim, seus olhares para uma sociedade “complexa” e 
uma sociedade “simples” não pode ser algo assimétrico. 
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A ANTROPOLOGIA BRASILEIRA
Da chegada até os anos 1960
A Antropologia começou a chegar no Brasil em início do século 
XX. Como mundialmente a disciplina esteve preocupada com popula-
ção tratada marginalmente em seus países, no Brasil não foi diferente. 
Os negros, camponeses, indígenas foram os focos de pesquisas nas 
primeiras décadas de século passado.
No Brasil, a preocupação dos antropólogos brasileiros era es-
tudar o próprio país, diferente do que acontecia em outras localidades 
do planeta. Pensar em contextos internacionais não era o foco principalcom a chegada da área, mas as questões raciais e urbanas.
A disciplina começa com sua profi ssionalização, a partir de 
1933, com a criação do curso na Escola de Sociologia e Política de São 
Paulo, e 1934 na Universidade de São Paulo (USP). Até então, o co-
nhecimento antropológico era exercido por profi ssionais não formados 
na área, por conta da não existência da formação acadêmica no país.
As principais fi guras intelectuais do país, nesse momento, que 
exerciam trabalhos considerados do campo antropológico foram Eucli-
des da Cunha (1866-1909), Nina Rodrigues (1866-1906), Silvio Romero 
(1851-1914) e Oliveira Vianna (1883-1951). A primeira coisa que notare-
mos é a pluralidade de formação desses intelectuais, estando presentes 
desde o campo sociológico até a área das letras.
Os trabalhos desenvolvidos acreditavam que a população indí-
gena estaria entrando em decadência. Diversos alemães estavam rea-
lizando trabalhos sobre essa população no país, fortemente infl uencia-
dos pelos trabalhos de Franz Boas, um dos principais nesse momento 
foi Karl Von den Steinen (1855-1929).
O pensamento desses intelectuais categorizava hierarquica-
mente a população brasileira, do ponto de vista racial. A miscigenação 
brasileira era vista como perigosa, e que sua composição racial era infe-
rior, se comparada com outras nações. Isso faria com que o país tivesse 
difi culdades para se desenvolver. Embora hoje questionamos essas vi-
sões raciais, naquele momento era comum acreditar em raças superior 
e inferior, e questionar a efi cácia da miscigenação nas nações. Como os 
povos que constituíram a nação brasileira eram vistos como algo nega-
tivo à miscigenação (negros e indígenas), nas décadas fi nais de XIX e 
início de XX ocorreram um fonte incentivo à imigração europeia, para se 
tentar “branquear” a população brasileira. A política de branqueamento 
se assentava na justifi cativa que a população constituída, majoritaria-
mente, por negros, indígenas e mestiços, não conseguiria construir um 
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país desenvolvido. Dessa forma, perceberemos uma relação direta com 
a marginalização que essas populações sofrem nos dias de hoje, por 
conta de certas decisões de época. Notamos fortemente nesses mo-
mentos iniciais dos estudos antropológicos no Brasil seu caráter evolu-
cionista.
Com a profi ssionalização da Antropologia e a abertura de cur-
sos na década de 1930, perceberemos algumas mudanças em suas 
concepções sobre o povo brasileiro e a constituição da nação. Diversos 
antropólogos estrangeiros vieram ao Brasil para lecionar nos cursos de 
Antropologia da USP e da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. 
Entre eles, podemos listar Claude Lévi-Strauss, Roger Bastide, Emilio 
Willems, Donald Pierson e Herbelt Baldus. 
Além do desenvolvimento da disciplina no Estado de São Pau-
lo, o Rio de Janeiro começou a criação e edifi cação da área. Gilberto 
Freyre (1900-1987) e Arthur Ramos (1903-1949) ocuparam as cátedras 
de antropologia no que viria a ser a Universidade Federal do Rio de 
Janeiro.
Nesse momento de desenvolvimento da disciplina, ocorreu for-
te intercâmbio entre os antropólogos brasileiros e americanos. Assim, 
a concepção de cultura e de formação da população brasileira estava 
fortemente atrelada com noções estrangeiras. A década de 1930 foi for-
temente infl uenciada por teorias que buscavam entender a formação da 
nação brasileira. Diversos pensadores se destacaram na época para 
entender essas questões, podemos listar, além de Gilberto Freyre, Sér-
gio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr.
Gilberto Freyre foi fortemente infl uenciado pelas noções cultu-
rais de Franz Boas. Ele chegou a ser aluno de Boas na Universidade 
de Columbia, Estados Unidos. Diferente do que acreditava-se até en-
tão sobre a mestiçagem e ela ser encarada como algo negativo pelos 
primeiros intelectuais brasileiros, Gilberto Freyre não acreditava que a 
mestiçagem era algo que causava o atraso social para o desenvolvi-
mento do país. Para Gilberto Freyre, a mestiçagem tinha um caráter 
progressista e de desenvolvimento de uma civilização única. Os ideais 
freyrianos sobre a civilização brasileira e de outros povos colonizados 
pelos portugueses fi caram conhecidos como luso-tropicalismo. Gilberto 
Freyre acreditava em qualidades que o povo brasileiro herdou devido a 
colonização, segundo ele:
(...) de formação portuguesa é a primeira sociedade 
moderna constituída nos trópicos com características nacionais e qualidades 
de permanência. Qualidades que no Brasil madrugaram, em vez de retarda-
rem, como nas possessões tropicais de ingleses, franceses e holandeses. 
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Outros europeus, estes brancos puros, dólico-louros habitantes de clima frio, 
ao primeiro contato com a América equatorial sucumbiriam ou perderiam a 
energia colonizadora, a tensão moral, a própria saúde física, mesmo a mais 
rija, como os puritanos colonizadores de Old Providence, os quais da mesma 
fi bra que os pioneiros da Nova Inglaterra, na ilha tropical se deixaram espa-
paçar nuns dissolutos e moleirões. Não foi outro o resultado da emigração de 
loyalistas ingleses da Geórgia, e de outros novos Estados da União America-
na, para as ilhas Bahamas – duros ingleses que o clima tropical em menos 
de cem anos amolengou em ‘poor white trash’. O português, não; por todas 
aquelas predisposições de raça, de mesologia e de cultura a que nós nos re-
ferimos, não só conseguiu vencer as condições de clima e solo desfavoráveis 
ao estabelecimento de europeus nos trópicos, como suprir a extrema penúria 
de gente branca para a tarefa colonizadora, unindo-se com mulher de cor... O 
colonizador português foi o primeiro, de entre os colonizadores modernos, a 
deslocar a base da colonização tropical da pura extração de riqueza mineral, 
vegetal ou animal – o ouro, a prata, a madeira, o âmbar, o marfi m – para a 
criação local de riqueza. (FREYRE. 1940, p. 14-15)
Perceberemos no pensamento de Gilberto Freyre uma quebra 
da polarização, que existia até então, entre colonizador e colonizado, 
negros e brancos, índios e brancos ou casa-grande e senzala. De acor-
do com Antonio Candido (1993, p. 82):
Esse Gilberto Freyre da nossa mocidade, cujo gran-
de livro sacudiu uma geração inteira, provocando nela um deslumbramento 
como deve ter havido poucos na história mental do Brasil (...) misturando à 
linhagem aristocrática uma grande simpatia pelo povo, que o levara a com-
bater as ditaduras e acreditar nas virtudes da mestiçagem como fator demo-
crático, que deveria produzir nestes trópicos uma civilização ao mesmo tem-
po requintada e popular, herdeira da Europa e criadora de um nobre timbre 
próprio.
As ideias presentes nos trabalhos de Freyre foram apropriadas 
à ideologia ofi cial do Estado Novo Português. Devemos lembrar que, 
o Império Colonial Português na África se prolongou até 1975 e, tendo 
como discurso ofi cial as noções presentes do luso-tropicalismo.
A antropologia brasileira da década de 1960 aos dias de hoje
No Brasil, até a década de 1960, ocorreram outros trabalhos 
na área de antropologia de caráter funcionalista. Esses trabalhos bus-
cavam compreender o funcionamento das sociedades indígenas. Flo-
restan Fernandes e Egon Schaden (1913-1991) foram os principais in-
telectuais que buscavam analisar as sociedades de forma integrada. 
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Seus estudos podem ser comparados com os desenvolvidos por Rad-
cliff e-Brown e Malinowski. Além disso, o pensamento de Florestan Fer-
nandes foi polêmico, ao quebrar o mito de democracia racial no Brasil:
Não existe democracia racial efetiva, onde o intercâm-
bio entre indivíduos pertencentes a “raças” distintas começae termina no 
plano da tolerância convencionalizada. Esta pode satisfazer às exigências 
de “bom-tom”, de um discutível “espírito-cristão” e da necessidade prática 
de “manter cada um em seu lugar”. Contudo, ela não aproxima realmente 
os homens senão na base da mera coexistência no mesmo espaço social 
e, onde isso chegar a acontecer, da convivência restritiva, regulada por um 
código que consagra a desigualdade, disfarçando-a acima dos princípios da 
ordem social democrática. (FERNANDES. 1960, p. XIV)
Pesquisas com a temática sobre as manifestações culturais de 
camadas populares e do considerado folclore marcaram a área no pe-
ríodo. Nos anos 1960, Octávio Ianni e Florestan Fernandes se aprofun-
daram nas temáticas onde a cultura popular deixava de ser considerada 
atrasada ou vestígio do passado, esse tipo de abordagem deve-se à 
renovação que os estudos funcionalistas também estavam passando. 
Para Florestan e Ianni, as culturas populares eram manifestações legíti-
mas das camadas populares, que estavam passando por um processo 
de modifi cação, em decorrência da rápida industrialização e urbaniza-
ção que o Brasil vinha passando desde os anos de 1930.
Nas décadas de 1950 e 1960, a Antropologia brasileira desen-
volveu diversos trabalhos sobre comunidades. Da mesma forma que 
era feita com as sociedades indígenas, os antropólogos buscavam 
observar a transição que estava ocorrendo entre a ruralidade e urba-
nidade no Brasil. Essas mudanças são fortemente ligadas ao caráter 
de forte urbanização e industrialização que o país vinha passando. Os 
pensadores buscavam entender essas comunidades que passaram por 
transformações como entidades funcionais e autônomas. Dessa forma, 
percebemos que uma das preocupações dos antropólogos naquele mo-
mento era a respeito do desenvolvimento e a forma que ele atingia a 
população nacional.
Os interesses sobre as mudanças culturais eram centrais nes-
ses estudos, muitos amparados pelas teorias de Franz Boas. Esses 
estudos faziam parte de grandes projetos, que buscavam entender de 
forma ampla as transformações culturais, sociais, políticas e econômi-
cas que a sociedade brasileira estava passando. Assim, as relações 
do campo com a cidade, rural e urbanizado, popular e erudito estavam 
presentes nas refl exões apontadas nesse momento. E o questionamen-
to central era para que tipo de sociedade o Brasil estava caminhando?
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Com a profi ssionalização da Antropologia, o aumento do núme-
ro de cientistas sociais e as abordagens teóricas, as pesquisas a partir 
da década de 1960 passaram por importantes transformações. Novos 
objetos de pesquisas como o campesinato, a vida nas favelas, o êxodo 
rural, o emigrante no mercado de trabalho, as frentes de expansão e o 
operariado na rápida industrialização brasileira ganharam destaques. 
Além disso, o estruturalismo, as teorias sobre etnicidade e identidade 
ganharam força entre os antropólogos brasileiros.
Uma nova geração de antropólogos como Darcy Ribeiro, Euni-
ce Durham, Gilberto Velho e Roberto DaMatta surge a partir dos anos 
de 1960, e sua variedade de temas se proliferaram. Entretanto, a situa-
ção das populações marginalizadas e os efeitos da industrialização e 
urbanização no Brasil ainda eram pensadas.
Com a urbanização e industrialização, a população que era do 
campo procurou novas formas de trabalho na cidade. As pessoas que 
participaram desse êxodo rural produziram novas classes marginaliza-
das, como os moradores de periferias. As populações quilombolas e 
indígenas foram fortemente afetadas com a rápida modernização do 
país, pois, sofreram processos de adaptação à sociedade nacional, e 
passaram, sistematicamente, a métodos de aculturação. Muitas dessas 
comunidades foram integradas a força e o contato com as populações 
brancas eram constantes.
Devemos lembrar que, a situação das mulheres e homosse-
xuais começou a ganhar destaque nas pesquisas nesse momento. O 
papel social que esses grupos carregavam e sua marginalização nas 
sociedades urbanas foram objetos de importante refl exão. As pesquisas 
de relações de gênero e sexualidade ganharam força, devido a violência 
sofrida a população LGBTs e mulheres, diversos centros de pesquisas, 
ONGs e linhas de pesquisas em programas de pós-graduação surgi-
ram a partir dessas novas demandas sociais. Os estudos sobre gêneros 
buscaram desnaturalizar as relações homens e mulheres e trabalhar 
com os termos masculinidade e feminilidade. Temas sobre identidades 
sexuais de populações homossexuais e transexuais começaram a ter 
importante papel nesse momento, devido as lutas por direitos e comba-
tes a discriminação. Além disso, devemos lembrar que a partir dos anos 
1970, o Brasil passou por um boom demográfi co, então o choque cultu-
ral entre jovens e idosos eram constantes. Nesse momento, os concei-
tos de identidade ganharam força nas pesquisas nacionais.
A Antropologia Brasileira se debruçou fortemente nas transfor-
mações sociais, culturas, econômicas e até religiosas que o avanço da 
modernização e urbanização no país acarretava em sua população. Novos 
atores sociais estavam surgindo, e pesquisas com temáticas religiosas co-
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meçaram a aparecer mais forte no cenário nacional, principalmente nas 
áreas urbanizadas. Por isso, a Antropologia urbana se desenvolveu mais 
rapidamente a partir dos anos de 1960.
Devemos lembrar que com os processos de urbanização e mo-
dernização expandiram o campo de análise da Antropologia. As cidades 
tiveram um aumento populacional importantíssimo a partir dos anos 60, e 
aconteceu a entrada de muitas multinacionais no país, assim o cotidiano 
dessa população das cidades se alterou. 
Fora que os antropólogos que começaram a atuar dentro da área 
urbana não tinham um distanciamento com seus objetos de estudos. As-
sim, os que eram considerados diferentes nesses novos contextos, não 
estavam isolados, mas eram populações desfavorecidas que iam surgindo 
nessa rápida modernização, e o papel que as classes médias e altas da 
população tinham para com esses atores.
As dimensões e interesses por seus objetos de análise na antro-
pologia também se alteraram. Muitas antropólogas começaram a estudar a 
opressão da mulher e seu papel como autora social, antropólogos negros 
começaram a dedicar maior atenção às questões raciais, aos quilombolas 
e mestiços, além que muitos antropólogos e antropólogas homossexuais 
aderiram aos estudos da relação de gênero e as formas que a sexualida-
de acontece na sociedade brasileira. Devemos lembrar que essas áreas 
de estudos não fi caram restritas apenas aos profi ssionais com esse perfi l, 
mas a Antropologia ganhou um caráter mais militante e de aproximação 
com movimentos sociais e minorias. 
Gilberto Velho, Eunice Durham e Ruth Cardoso são os principais 
nomes dessa corrente da Antropologia Brasileira. Um livro que marcou 
nesse momento é a obra A caminho da cidade, de Eunice Durham, sobre 
as práticas de migração e como o migrante encara esse processo. Poste-
riormente, Eunice Durham e Ruth Cardoso se debruçaram em estudos so-
bre movimentos sociais, e Gilberto Velho sobre as classes médias urbanas 
no Rio de Janeiro.
A violência nas periferias, o tráfi co de drogas, as tribos urbanas 
(punk, skinheads e vegetarianos), doenças e saúde, cotidiano popular, in-
fância, juventude e população idosa viraram temáticas dos estudos sobre 
Antropologia urbana. Dessa forma, percebemos que o leque de assuntos 
tem se expandido ao longo da formação da área no Brasil.
O número de profi ssionais em Antropologia vem crescendo desde 
os anos de 1980 e isso tem demonstrado o crescimento da variedade dos 
objetos de pesquisa da área nas últimas décadas. As infl uências da globa-
lização se fazem sentir nessas pesquisas como, porexemplo, as relações 
sociais existentes nas redes (Facebook, Whatsapp e outros) ou como os 
avanços tecnológicos infl uenciam o comportamento das pessoas.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2014 Banca: UPENET Órgão: Prefeitura de Paulista – PE Pro-
va: Psicólogo.
Sobre o conceito de identidade social de um indivíduo, é INCOR-
RETO afi rmar que
a) é parte do autoconceito do indivíduo.
b) se caracteriza como um conjunto de traços imutáveis, e, portanto, 
únicos.
c) deriva do reconhecimento de fi liação a um ou vários grupos sociais.
d) compreende tanto um signifi cado emocional como cognitivo.
e) se constitui de um conjunto de crenças e valores compartilhados 
coletivamente.
QUESTÃO 2
Ano: 2016 Banca: Colégio Pedro II Órgão: Colégio Pedro II Prova: 
Professor – Filosofi a.
Até os doze anos a menina é tão robusta quanto os irmãos e mani-
festa as mesmas capacidades intelectuais; não há terreno em que 
lhe seja proibido rivalizar com eles. Se, bem antes da puberdade e, 
às vezes, mesmo desde a primeira infância, ela já se apresenta como 
sexualmente especifi cada, não é porque misteriosos instintos a 
destinem imediatamente à passividade, ao coquetismo, à materni-
dade: é porque a intervenção de outrem na vida da criança é quase 
original e desde seus primeiros anos sua vocação lhe é imperiosa-
mente insufl ada. (BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo (Vol. 2). Rio 
de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 9-10.) Os estudos de Simone 
de Beauvoir (1908-1986) contribuíram incontestavelmente para os 
debates acerca da situação da mulher e a luta para a igualdade 
de gênero. A partir do trecho acima, assinale a opção que melhor 
demonstra o problema apresentado pela fi lósofa.
a) Beauvoir afi rma a distinção entre os sexos e inaugura o pensamento 
de uma feminilidade que faz parte da condição humana da mulher. A 
natureza feminina é que compõe seu ser enquanto mulher.
b) Beauvoir discute a consolidação da posição social da mulher, pois, 
biológica e psiquicamente suas distinções se apresentam de forma cla-
ra para um tratamento diferenciado em relação aos homens.
c) Não há, para Beauvoir, qualidades, valores, modos de vida espe-
cifi camente femininos. Esse é um mito inventado pelos homens para 
prender as mulheres na sua condição de oprimidas.
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d) A ideia de que “ninguém nasce mulher: torna-se mulher” representa 
o ápice da fi losofi a feminista presente em O segundo sexo, afi rman-
do que, por natureza, qualquer um pode-se tornar mulher socialmente.
QUESTÃO 3
Ano: 2009 Banca: UFGO Órgão: SEE-GO Prova: Professor de Filo-
sofi a
Michel Foucault, na obra História da sexualidade I – a vontade de 
saber –, afi rma haver uma radical distinção entre a política tal qual 
a concebia Aristóteles e a política moderna, porque
a) na modernidade, a participação cidadã é o fundamento da legitimida-
de do poder soberano.
b) na antiguidade, a política tomava a seu cargo o zelo integral pela vida 
privada e pública do cidadão.
c) na modernidade, a gestão da vida biológica passa a ser concebida 
como a tarefa política fundamental.
d) na antiguidade, a liberdade do indivíduo se traduzia no direito a não 
tomar parte nas funções de governo.
QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: Psicólogo 
Analisando a produção da sexualidade nas sociedades modernas, 
Foucault (1985) afi rma que a sujeição dos corpos e o controle das 
populações são efeitos de técnicas diversas que se instauram 
como um “bio-poder”. A respeito do biopoder e do poder sobera-
no, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O poder soberano exercia-se por um direito de vida e morte de forma 
assimétrica. O soberano só marca seu poder sobre a vida pela morte 
que tem condições de exigir, isto é, o direito de causar a morte ou de 
deixar viver, relacionando-se a um tipo histórico de sociedade, pré-mo-
derna, em que o poder se exercia, essencialmente, pelo confi sco.
b) O direito de causar a morte ou deixar viver foi substituído por um 
poder de causar a vida ou devolver a morte. O seu papel é garantir, 
sustentar, reforçar, multiplicar a vida e pô-la em ordem. São mortos le-
gitimamente aqueles que constituem uma espécie de perigo biológico 
para os outros, porque o poder se exerce ao nível da espécie, da raça e 
dos fenômenos de população.
c) Jamais as guerras foram tão sangrentas como a partir do século XIX 
e nunca, guardadas as proporções, os regimes haviam, até então, prati-
cado tais holocaustos em suas próprias populações. Foi como gestores 
da vida e da sobrevivência dos corpos e da raça que tantos regimes 
puderam travar tantas guerras, causando a morte de tantos homens. 
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O princípio: poder matar para poder viver, que sustentava a tática dos 
combates, tornou-se estratégia entre Estados.
d) As disciplinas do corpo (anátomo-política) e as regulações da popu-
lação (bio-política) constituem os dois pólos em torno dos quais se de-
senvolveu a organização do poder sobre a vida. A instalação, durante a 
época clássica, desta grande tecnologia de duas faces – individualizan-
te e especifi cante, voltada para os desempenhos do corpo e encarando 
os processos da vida – caracteriza um poder cuja função mais elevada 
já não é mais matar, mas investir sobre a vida, de cima a baixo.
e) Na tecnologia do poder, a partir do século XIX, aparecem duas dire-
ções nitidamente separadas. Do lado da disciplina as instituições como 
o Exército ou a escola; as refl exões sobre a tática ou sobre a aprendiza-
gem. Do lado das regulações de população a demografi a, a estimativa 
da relação entre recursose habitantes, a tabulação das riquezas e de 
sua circulação, das vidas com sua duração provável. Desse modo, em-
bora a sexualidade seja dispositivo comum a essas técnicas de poder, 
distingue-se pelo controle dos corpos individuais nas disciplinas e pela 
administração dos fenômenos maciços da população, na biopolítica.
QUESTÃO 5
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: IPHAN Prova: Técnico I – Área 1 
Com relação às teorias da cultura, julgue o item a seguir.
Roy Wagner formulou uma noção de cultura baseada na atividade 
criativa, pois, para ele, o ato de inventar constitui uma atividade 
dinâmica humana.
( ) Certo 
( ) Errado 
QUESTÃO 6
Ano: 2012 Banca: FCC Órgão: SEE-MG Prova: Professor - Socio-
logia
A importância da obra de Gilberto Freyre, Casa Grande & Senzala, 
para a análise do comportamento dos diferentes grupos raciais na 
sociedade brasileira, consiste na
a) afi rmação da existência de uma democracia racial na sociedade 
brasileira.
b) substituição de uma explicação biológica das diferenças raciais por 
uma interpretação cultural.
c) elaboração de uma interpretação biológica das diferenças raciais por 
oposição a uma ênfase nos elementos culturais.
d) ênfase nas diferenças socioestruturais por oposição às diferenças 
culturais.
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QUESTÃO 7
Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: Professor – Sociologia
A teoria da democracia racial, derivada a partir da hipótese de pes-
quisa desenvolvida por Gilberto Freyre, principalmente com sua 
obra “Casa-Grande e Senzala”, pode ser relacionada à política de 
cotas implementada nos institutos federais a partir da Lei 12.711 de 
29 de agosto de 2012. Dentre as opções abaixo, marque a CORRE-
TA em relação aos conteúdos do enunciado acima.
a) A teoria desenvolvida por Gilberto Freyre contribui para explicar a di-
ferença entre os níveis de violência racial ocorridos nos EUA e no Brasil, 
bem como sustenta teoricamente a política de cotas raciais adotada em 
nosso país.
b) A teoria da democracia racial, derivada da obra de Freyre, sustenta 
uma suposta convivência pacífi ca e democrática entre os negros, in-
dígenas e brancos europeus, de modo a sustentar a política de cotas 
raciais.
c) A teoria desenvolvida por Freyre atribui uma visão romantizada da 
realidade, tornando invisíveis várias formas de violência praticadas por 
brancos europeus em relação aos negros. A política de cotas raciais, 
nesse sentido, visa validar a teoria de Freyre.
d) A teoria da democracia racial, derivada da obra de Freyre, mascara 
em grande medida a violência praticada por brancos contra negros no 
Brasil, sustentando de certo modo parte das críticas atribuídas à adoção 
de cotas raciais no país.
e) A teoria da democracia racial de Freyre tem por princípio desvelar 
todas as formas de violência de brancos contra negros no Brasil, ampa-
rando teoricamente a adoção de cotas raciais como forma de compen-
sação histórica.
QUESTÃO 8
Ano: 2010 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: Analista – Antropo-
logia
Na antropologia brasileira, é clássica a comparação entre os con-
textos de discriminação racial existentes no Brasil e nos Estados 
Unidos da América (EUA), expressos pelas categorias preconceito 
racial de marca e preconceito racial de origem. Acerca dessa dis-
tinção, julgue o item a seguir.
O preconceito racial de marca se refere à suposição de que o indi-
víduo descende de certo grupo étnico.
( ) Certo
( ) Errado
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QUESTÃO 9
Ano: 2012 Banca: VUNESP Órgão: SEE-SP Prova: Professor – So-
ciologia
Roberto Da Matta afi rma que a nossa teorização sobre o racismo 
brasileiro deu-se com base no estudo do mestiço e do mulato. Foi 
com tal preocupação que o nosso racismo foi pensado de maneira 
pioneira por intelectuais do porte de
a) Florestan Fernandes e Octávio Ianni, pensadores fundamentais para 
se entender a Escola de Sociologia Paulista.
b) Oliveira Vianna e Oracy Nogueira, ideólogos importantes para se en-
tender o processo de branqueamento da sociedade brasileira.
c) Clóvis Moura e Alberto Guerreiro Ramos, pensadores fundamentais 
para o entendimento da patologia social do brasileiro.
d) Manuel Bonfi m e Arthur Ramos, ideólogos importantes para o enten-
dimento de que, via educação de base, melhora-se o nosso estoque 
racial.
e) Sílvio Romero e Nina Rodrigues, doutrinadores fundamentais e para-
digmáticos do nosso mundo intelectual.
QUESTÃO 10
Ano: 2012 Banca: CCV-UFC Órgão: SEDUC-CE 
A sociologia no Brasil, criada e desenvolvida a partir de núcleos 
institucionais e autorais diversos, se voltou desde o princípio a 
um exame de nossa formação histórica. Entre as mais respeitadas 
(e ao mesmo tempo controversas) interpretações desse processo, 
está a contribuição de Gilberto Freyre e seu entendimento de nos-
sa realidade social de fundo colonial. Para esse autor, era funda-
mental redimensionar a leitura de nossa construção política inicial: 
a) alternando as pesquisas entre exercícios de exame cultural e estudos 
de antropologia física. 
b) negligenciando o papel da política portuguesa para criar um foco de 
pesquisa adequado ao Brasil. 
c) criticando a diferença dos grupos humanos brasileiros no que toca 
nosso desenvolvimento econômico. 
d) buscando reforçar a validade dos estudos promovidos por Euclydes 
da Cunha e Nina Rodrigues sobre a ideia de cultura. 
e) valorizando o aspecto cultural e histórico do brasileiro em detrimento 
de análises raciais simplistas e biologizantes.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
 Na sociedade brasileira, percebemos diversas interações cultu-
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rais, resultado da miscigenação de povos. Isso é uma característica im-
portante para a construção da nossa nacionalidade. Ao mesmo tempo, 
percebemos que determinadas culturais são tratadas ainda com certos 
preconceitos perante a sociedade. Na sua opinião, quais culturas que 
em nosso país ainda sofrem preconceitos?
TREINO INÉDITO
Sob os olhos impassíveis, perplexos ou hostis dos “brancos”, ergueu-se 
o “protesto negro”, como o “clarim da alvorada”, inscrevendo nos fatos 
históricos da cidade [de São Paulo] os pródromos da Segunda Abolição. 
[...] Em virtude da própria situação histórica do negro e do mulato, a re-
belião que se ensaiava não possuía o caráter de uma revolução contra 
a ordem social estabelecida.
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de clas-
ses. São Paulo: Globo, 2008.
A passagem do texto faz uma referência as críticas de Florestan Fer-
nandes ao:
a) estruturalismo
b) evolucionismo
c) mito da democracia racial
d) pós-modernismo
e) miscigenação
NA MÍDIA
Qual o papel das cotas na garantia de diversidade nas instituições?
Nas universidades brasileiras, apenas dois por cento dos alunos são 
negros”. Esta é uma das frases que abre a música “Capítulo 4, Versículo 
3”, da banda de rap Racionais MC’s. O número indica índice conferido 
pelo IBGE. Trata-se da faixa número dois do álbum “Sobrevivendo no 
Inferno” (Cosa Nostra, 1997), lançado um ano antes de um dos episó-
dios mais famosos de denúncia de racismo estrutural no ensino superior 
do Brasil e que seria uma bandeira na luta do movimento negro para a 
implementação de legislações de ação afi rmativa no país.
Em 1998, Arivaldo Lima Alves, aluno com desempenho acadêmico de 
destaque, graduado em comunicação social pela Universidade Federal 
da Bahia e mestre em comunicação e cultura pela Universidade Fede-
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ral do Rio de Janeiro (UFRJ), foi reprovado na disciplina “organização 
social e parentesco” do curso de doutorado do Departamento de An-
tropologia da Universidade de Brasília(UNB). Ele foi o primeiro aluno 
reprovado em 20 anos do curso (exceto em casos de excesso de faltas). 
Ari era o único aluno negro do departamento.
Fonte: Terra
Data: 18 de fevereiro de 2019
Leia a notícia na íntegra: https://www.terra.com.br/noticias/dino/qual-o-
-papel-das-cotas-na-garantia-de-diversidade-nas-instituicoes,83454da-
1ca3ca45e04d1316b6d79d1feei1hzv9p.html
NA PRÁTICA
O Brasil foi um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão em 
seus territórios e, a forma em que foi feito o processo do pós-abolição é 
até hoje duramente criticado, devido a exclusão que a população negra 
e mulata sofreu em nossa sociedade.
Por décadas se construiu o mito de que o Brasil seria uma democracia 
racial, que as raças que a compunham viviam em harmonia e não exis-
tiriam confl itos entre elas. Entretanto, com os passar dos anos é difícil 
vermos a inserção dos negros no mercado de trabalho e acesso de 
carreira em grandes empresas. Ao mesmo tempo, podemos questionar 
quantos negros conhecemos com ensino superior completo? Ou com 
títulos de mestres e doutores? Ao fazermos essas refl exões, percebe-
mos como passados 130 anos da abolição da escravidão, os processos 
de pós-abolição ainda não se encerraram. Até hoje estão sendo criados 
mecanismo para tentar integrar o negro na sociedade.
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GABARITOS
CAPÍTULO 03
Questões de concursos
01 02 03 04 05
B C C E Certo
06 07 08 09 10
B D Errado E E
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO 
DE RESPOSTA
É importante ressaltarmos a miscigenação de povos que ocorreu no 
Brasil para pensarmos sobre a construção das diversas interações 
culturais que aconteceram e a formação das diversas culturas presentes 
em território nacional.
Devemos salientar que culturas relacionadas a alguns povos ou cama-
das sociais ainda sofrem muito preconceitos e são estereotipadas na 
sociedade brasileira. Um exemplo disso, são as religiões de matrizes 
africanas, que constantemente sofrem perseguição ou são vítimas de 
ataques por grupos intolerantes. 
Além disso, culturas populares e de população rural são vistas ainda 
como inferiores por diversos grupos da população brasileira e sofrem 
chacotas dos mais variados tipos. Esses estereótipos e preconceitos 
que muitos brasileiros carregam sobre determinadas culturas e povos 
que compõem nosso país apresentam a noção de como a mentalidade 
nacional é carregada de preconceitos culturais. Só através de uma boa 
formação, uma educação de qualidade e o maior acesso ao público, 
sobre as diferenças culturais que compõem nosso país, conseguiremos 
quebrar esses estereótipos e preconceitos que penduram até os dias 
de hoje.
TREINO INÉDITO
Gabarito: C
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No módulo Introdução à Antropologia aprendemos a importân-
cia da Antropologia enquanto ciência para a vida do homem e como ela 
é determinante para compreendermos os impactos da industrialização 
e modernização que o homem passa constantemente em seu cotidiano.
A Antropologia ajuda compreender como o homem se compor-
ta, se relaciona, como a modernização afeta seus hábitos cotidianos e 
costumes. Além disso, vimos que, constantemente a cultura humana 
passou por transformações e foi interpretada de novas formas. Essas 
novas interpretações são por conta das grandes mudanças que a in-
dustrialização, a urbanização e os meios de comunicação de massa 
transformaram as sociedades.
Vimos que os métodos e teorias antropológicas passaram por 
constantes transformações, e alguns se penduram até os dias de hoje, 
nas aplicabilidades das pesquisas da área. Assim, notamos que diver-
sas abordagens conseguem conviver lado a lado nas áreas das Ciên-
cias Humanas. Os principais antropólogos e o contato com outras áreas 
do conhecimento, como sociologia, fi losofi a, história e a etnografi a fo-
ram fundamentais para a elaboração de novas interpretações sobre o 
comportamento e hábitos do homem.
Não podemos esquecer que o campo antropológico no Brasil 
teve um fl orescimento tardio, mas com interpretações de grande impac-
to sobre a realidade nacional. Temas como a urbanização, racismo, gê-
nero, sexualidade, comunidades indígenas e quilombolas fi zeram parte 
das primeiras indagações dos cientistas sociais aqui no país.
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