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A GUARDA COMPARTILHADA COMO INIBIDOR DA ALIENAÇÃO PARENTAL SHARED GUARD AS AN INHIBITOR OF PARENTAL ALIENATION Simone Aparecida Corrêa1 RESUMO: A presente pesquisa aborda acerca da temática: a guarda compartilhada como viável resolução para a alienação parental. Tenciona-se, segundo entendimento da bibliografia relevante e recente acerca da circunstância abordada, investigar, debater e demonstrar as substanciais circunstâncias teóricas que compreendem a seguinte problemática: a guarda compartilhada é a melhor resposta para afastar a alienação parental? Separou-se a pesquisa em três capítulos, sendo que, primeiramente, será tratado acerca do desenvolvimento do pátrio poder, no segundo será elucidada a alienação parental e os vultosos danos que ocasionam para a criança, e, por fim, no último capítulo, será tratada o destaque em atribuir a guarda compartilhada, mesmo quando não existir acordo entre os pais. Para tanto, foram utilizados o procedimento hermenêutico, realizado por intermédio de pesquisas bibliográficas na doutrina, jurisprudência e artigos científicos retirados da internet, uma vez que o propósito é compreender os institutos da alienação parental, bem como da guarda compartilhada. PALAVRAS-CHAVE: alienação parental; divórcio; guarda compartilhada. ABSTRACT: This research addresses the theme: shared custody as a viable solution to parental alienation. It is intended, according to the understanding of the relevant and recent bibliography about the circumstance addressed, to investigate, debate and demonstrate the substantial theoretical circumstances that comprise the following issue: is shared custody the best answer to avoid parental alienation? The research was separated into three chapters, firstly, it will be treated about the development of the paternal power, the second will elucidate parental alienation and the massive damage they cause to the child, and, finally, the last chapter, will be highlighted in assigning shared custody, even when there is no agreement between the parents. Therefore, the hermeneutic procedure was used, carried out through bibliographical research in doctrine, jurisprudence and scientific articles taken from the internet, since the purpose is to understand the institutes of parental alienation, as well as shared custody. KEYWORDS: divorce; parental alienation; shared custody. SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 Do Instituto do Poder Familiar e da Guarda; 3 Da Alienação Parental; 4 A Guarda Compartilhada como Forma de Evitar a Alienação Parental; 5 Considerações Finais; Referências. 1 INTRODUÇÃO Com a finalização da relação matrimonial, nasce a discussão sobre a temática da guarda do filho e, sendo esta uma das ocasionadoras de controvérsias, diversas vezes não se dá apenas pela guarda da sua descendência, todavia porque surge o corte de uma ligação afetiva, no qual o genitor passa a se sentir desamparado. Dessa forma, faz com que surja a denominada alienação parental. Por mais amistoso que ocorra o término da relação matrimonial, pode ocasionar decorrências desagradáveis para os filhos e os genitores. Contudo, a problemática se expande 1 Especialista em Docência no Ensino Superior pela Universidade Candido Mendes e Mestre em Direito Internacional pela University of Wolverhampton (Inglaterra), é professor do Curso de Direito do Centro Universitário Newton Paiva. quando a separação é litigiosa, na qual o juiz deve deliberar sobre quem será o possuidor da guarda. A finalidade principal da presente pesquisa é constatar se a indicação da guarda compartilhada aos pais que estejam em litígio ou que não convivem juntos, é uma eficiente saída a fim de afastar ocorrências de alienação parental. Notadamente, tenciona-se comprovar que ambos os genitores possuem a garantia de convívio diário com o seu filho, bem como a responsabilidade de criar, educar e proteger, tratando, deste modo, as diferentes espécies de guarda, sobretudo a guarda compartilhada. Procura-se, também, distinguir a alienação parental da síndrome da alienação parental, indicar as circunstâncias de incidência e deixar claro que, mesmo com o término da relação matrimonial, ambos os pais continuarão com os deveres e direitos no que concerne à sua prole. O estudo foi desenvolvido empregando o procedimento hermenêutico, que se expõe como uma hipótese de filosofia empregada às ciências humanas e oportuniza, ao pesquisador, aprofundar-se no universo de estudo, buscando interpretar os procedimentos e as teorias que se apresentam em um certo objeto de estudo. Este, efetivado por intermédio de pesquisas bibliográficas e análises de doutrina, jurisprudência e artigos científicos encontrados na internet, uma vez que o propósito é entender os institutos da alienação parental e da guarda compartilhada. Com essas propensões, no primeiro capítulo, serão tratados os institutos do poder familiar e da guarda, assim como o dever dos pais, as razões de destituição e suspensão do poder familiar e as modalidades de guarda. No capítulo seguinte, investiga-se o instituto da alienação parental, esclarecendo-se acerca de cada integrante compreendido na atinente problemática, quais sejam: o alienador, o alienado e a vítima, apresentando, nessa circunstância, que a vítima é o indivíduo mais atingido. Outrossim, apresentando os distintos comportamentos da alienação parental e a distinção entre alienação parental e síndrome da alienação parental. Isto posto, reputando os prejuízos ocasionados pela alienação parental, trata-se, neste capítulo, ainda, se é admissível o dano moral nas ocorrências demonstradas. Por conseguinte, no último capítulo, o cerne do debate será acerca da nova legislação sobre guarda compartilhada como maneira de afastar a alienação parental. Aborda-se, também, acerca da hipótese de os pais compartilharem a guarda e se detiverem maior convivência com seus filhos, evitar ou inclusive eliminar a alienação parental. 2 DO INSTITUTO DO PODER FAMILIAR E DA GUARDA O pátrio poder, atualmente intitulado como poder familiar, teve sua gênese na Roma Antiga, onde a legislação permitia o pai a vender ou inclusive assassinar seu filho, ou seja, era o poder-dever que o genitor possuía sobre a pessoa dos filhos, no qual ele possuía o cargo de chefe da família. Portanto, senhor das decisões, sendo que não se reputava no poder da mãe e do pai, todavia apenas no poder do genitor (KEINE et al., 2016) Nesta perspectiva, o Código Civil de 2016 assegurava o pátrio poder tão somente para o genitor, sendo a mãe submissa, pois nada podia deliberar acerca da instrução de sua prole (ARAÚJO et al., 2017). De acordo com Dias (2006, apud Macedo, 2017, p. 12): A acepção machista da expressão pátrio poder é flagrante, uma vez que apenas refere o poder do pai no que concerne aos filhos. Como se trata de uma expressão que guarda traços de uma população patriarcal, o movimento feminista reagiu, daí a nova expressão: poder familiar. Todavia, a mulher apenas possuiria o pátrio poder no que concerne aos filhos, no impedimento ou na ausência do cônjuge. Caso a mulher viesse a ficar viúva e casasse oura vez, perdia o pátrio poder no tocante aos seus filhos, não importando a idade deles (BETTINELLI, 2015). Entretanto, atualmente, o exercício do poder familiar incumbe a ambos os genitores, uma vez que é uma responsabilidade imposta pela maternidade e paternidade advinda da legislação, segundo art. 1634 do Código Civil, in verbis: "compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos". É através desse poder-dever que os genitores preservam os filhos em sua companhia, oportunizando alimentação, amor, afeto, educação, proteção, em síntese, capacitando-os para a vida (MARTINS et al., 2021). O dever dos genitores, em decorrência do desempenhodo poder familiar, equivale à responsabilidade de proteger e cuidar de seus filhos até serem emancipados ou perfazer a maioridade. Por conseguinte, o poder familiar detém determinadas particularidades, tais como: ser imprescritível, uma vez que os pais não perdem em decorrência de não os desempenhar; ser irrenunciável, uma vez que os genitores não podem renunciar da sua obrigação de pais; e, por último, ser inalienável e indisponível, uma vez que não pode ser transmitido pelos pais a terceiros, todavia pode ser atribuído a outros indivíduos que não sejam os genitores (BRAGA, 2021). Todavia, ambos os pais possuem a obrigação de oportunizar o melhor convívio realizável para seus filhos, sempre se interessando pela vida deles e instruindo os princípios a fim de serem indivíduos dignos na coletividade (SANTOS, 2020). 2.1 Da Responsabilidade dos Pais quanto aos Filhos O dever dos pais sobre os seus filhos é uma garantia irrenunciável, sendo que os genitores possuem a responsabilidade pela assistência, representação e criação. A instrução e a criação dos filhos incumbem aos genitores, de acordo com os artigos 1634, I, do Código Civil, 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente e 229 da Constituição Federal, como obrigação precípua direcionada à compreensão das imprescindibilidades morais e materiais do menor, ingerindo o Poder Público a fim de obrigá-los ao desempenho dessa responsabilidade (SCHMITZ et al., 2017). Por consequência, os pais possuem a reponsabilidade de direcionar a melhor criação realizável, oportunizando uma esfera familiar digna para os seus filhos obterem um desenvolvimento particular sadio e pleno como indivíduo. Na educação, os pais devem transformar seus filhos em relevantes para a coletividade, desenvolvendo as aptidões morais, intelectuais e psíquicas, possuindo como propósito somar aos seus comportamentos à cultura da população em que estão inseridos. Isto posto, o comportamento dos pais é de suma relevância para a criação de seus filhos (CARDOSO et al., 2018). Os pais, dentro do âmbito da formação e da instrução, devem empregar o estilo autoritativo, sempre requerendo de seus filhos que lhes ofereçam respeito e obediência, bem como que ajudem em determinadas atividades adequadas a sua faixa etária, de acordo com o art. 1624, inciso IX do Código Civil. Na assistência e na representação, os pais devem representar a sua prole até os dezesseis anos, bem como os assistir a partir dessa faixa etária até atingirem a maioridade, nos termos do art. 1634, inciso VII, do Código Civil (SILVA, 2018). O dispositivo mencionado objetiva resguardar as garantias dos filhos menores, a fim de impossibilitar que desempenhem condutas prejudiciais a seu patrimônio e a si mesmos (CARVALHO, 2016). Ademais, os menores não detêm capacidade de dirigir seus bens e sua pessoa, sendo, todavia, o dever de assistência e representação dos seus genitores. Ainda, os pais não podem nem gravar de ônus real nem alienar, se não com antecipada determinação judicial, contanto que constate a imprescindibilidade, ou notório interesse do menor. Assim sendo, se o genitor não gerenciar acertadamente os bens de seu filho, pode ocasionar a suspensão do poder familiar, nos termos do art. 1637 do Código Civil (SOUSA, 2019). O art. 1693 do Código Civil enumera alguns bens que ficam afastados do usufruto e tampouco do gerenciamento dos genitores (BRASIL, 2002). Art. 1693. Excluem-se do usufruto e da administração dos pais: I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento; II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos; III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou administrados pelos pais; IV- os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem excluídos da sucessão. A partir do período em que o filho alcançar a maioridade, os genitores deverão transferir os bens para estes, com os aumentos, não havendo a garantia de o filho requerer que os seus pais lhe ofereçam contas. Dessa mesma forma, os genitores não podem requerer pagamento pela atividade prestada (COELHO et al., 2019). Dentre os deveres que os pais possuem, como a assistência, representação e criação, os genitores também são responsáveis, de forma objetiva, pela indenização civil de seu filho, sendo que os genitores são responsáveis pelas condutas cometidas pelos filhos enquanto menores. Deste modo, não é somente o pai que possui a guarda, mas sim ambos os pais são os responsáveis (SOUZA, 2017). 2.2 Da suspensão e da destituição do poder familiar O poder familiar é uma obrigação recíproca dos pais a ser cometida no interesse da família e dos filhos, não em benefício dos genitores, sendo que se os pais não tiverem obedecendo com as suas obrigações, e, vindo a maleficiar o seu filho, o Poder Público possui a garantia de intervir, podendo suspender e inclusive afastar o poder familiar. Por essa razão, a destituição e a suspensão são sanções empregadas aos pais que não desempenham com as responsabilidades atinentes ao poder familiar, sendo essas responsabilidades a de oferecer aos seus filhos criação e educação; representá-los até os dezesseis anos de idade e assisti-los até os dezoito anos de idade, possui-los em sua companhia e guarda; na sua ausência, indicar tutor, negar ou permitir permissão para casarem e reivindicá-los de quem o possua ilegalmente, nos termos do no art. 1634 do Código Civil (DA SILVA et al., 2015). Todavia, as sanções não possuem como finalidade o castigo, mas sim de conservar a criança fora de influência que possa maleficiar o seu crescimento para o futuro, uma vez que, segundo os diversos malefícios que ocasiona para a criança no que tange à perda do poder familiar, a destituição deve ser estabelecida apenas nas circunstâncias em que a dignidade ou a segurança estejam em risco (TEIXEIRA, 2017). No que concerne aos institutos da suspensão e destituição, a primeira é mais branda e a segunda mais severa. Existem circunstâncias de cabimento estabelecidas em legislação. Na ocorrência da suspensão, por ser a sanção menos severa, o magistrado pode estabelecer ou não, sendo opcional, podendo, também, ser estabelecida a suspensão apenas a um filho e não a todos (DA SILVA SENA et al., 2017). Nos termos do art. 1637 do Código Civil, cabe à suspensão do desempenho do poder familiar nas subsequentes circunstâncias: Art. 1637: Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. Parágrafo único: Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. Segundo o dispositivo mencionado, o genitor que não estiver gerenciando os bens do seu filho de maneira apropriada, pode ser retirado apenas do gerenciamento dos bens, permanecendo com as responsabilidades atinentes ao poder familiar (QUEIROZ, 2018). Entretanto, a suspensão objetiva sempre em benefício do adolescente e da criança, sendo estabelecida quando for constatado o descumprimento injustificado das obrigações e dos deveres dos genitores. Todavia, os pais possuem a garantia da ampla defesa, devendo ser designado advogado dativo, na circunstância de os genitores não puderem custear com as despesas de um advogado particular (GUIMARÃES et al., 2018). A destituição, por seu turno, não é opcional, mas sim um procedimento imperativo compreendendo todos os filhos e não mais como na suspensão que pode compreender somente alguns filhose não a todos (FURLAN et al., 2021). A destituição, sendo um procedimento mais severo, é empregado aos pais, nos termos do art. 1638 do Código Civil: Art. 1638: Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - castigar imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. Ainda pode extinguir o poder familiar, nos termos do art. 1635 do Código Civil, os subsequentes elementos: Art. 1635: Extingue-se o poder familiar: I - pela morte dos pais ou do filho; II - pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único; III - pela maioridade; IV - pela adoção V - por decisão judicial, na forma do artigo 1638. Tanto a destituição quanto a suspensão tratam-se de procedimentos judiciais, uma vez que o réu possui a garantia ao contraditório e à ampla defesa, e a criança deve ser ouvida, sempre que possível. Todavia, se o genitor perder o poder familiar ou for suspenso, deverá ser averbado no registro de nascimento do filho (FREITAS et al., 2019). 2.3 Das Espécies de Guarda A guarda constitui-se na conduta de proteger, cuidar e vigiar o menor, designando ao genitor possuidor da guarda a responsabilidade de desempenhar seus deveres. A expressão guarda demonstra o sentido de administração, vigilância, proteção e segurança. A guarda quer manifestar o dever devido a determinados indivíduos de ter cuidado com determinados pertences atribuídos a elas. Todavia, no direito de família, guarda é a proteção ou companhia que é atribuída aos genitores no tocante ao filho, sendo que é desempenhada de modo simultâneo entre os pais, quando eles se localizam residindo juntos, todavia caso exista a separação de direito ou de fato, é estabelecida a espécie de guarda que melhor atenda a imprescindibilidade familiar (FILIPPIN et al., 2018). Hoje em dia, a regra é a guarda compartilhada, nos termos da Lei 13.058/2014, norma que evidencia que, nas circunstâncias em que não há acordo entre os pais, no que concerne à guarda dos filhos, estando ambos em circunstâncias de desempenhar a guarda, esta deverá ser compartilhada. Todavia, existe a imprescindibilidade de se estabelecer a residência-base de moradia do filho. Isto posto, a guarda compartilhada será empregada mesmo quando não existir um ajuste entre os dois pais (DURÃES, 2017). A definição de guarda compartilhada é estabelecida para ambos os pais deterem uma convivência maior com os seus filhos, podendo participar inteiramente da vida deles, mesmo com o afastamento da relação matrimonial. Deste modo, é de suma relevância a guarda compartilhada, considerando que os filhos não sentirão tanto com a alteração da organização do lar, uma vez que o convívio dos genitores no que concerne aos seus filhos e aos deveres permanecerão os mesmos (DOS SANTOS, 2021). Na guarda alternada, os pais desempenham tão somente os deveres e direitos no tocante à seus filhos, enquanto for predeterminado o período de continuidade com eles. Num reduzido período de tempo, o genitor possui da guarda de forma exclusiva. Deste modo, o filho fica à mercê dos genitores, residindo um pouco com cada genitor, num tempo predeterminado, sendo, diversas vezes, prejudicial para o menor, uma vez que termina se convertendo em um nômade, não possuindo referência de onde mora (DE JESUS, 2018). Todavia, os magistrados e ambos os pais não podem confundir a guarda alternada com a guarda compartilhada, pois esta primeira espécie de guarda, embora seja existente, não pode ser empregada no Brasil, por não existir determinação legal no ordenamento jurídico brasileiro (DE ABREU GONÇALVES et al., 2016). No que concerne à guarda unilateral, ela é atribuída a um só genitor, detendo todo poder de deliberação sobre a vida de seu filho. Todavia, antes da Lei 13.058/2014 - Nova Lei da Guarda Compartilhada, a guarda unilateral era atribuída para o genitor que reunisse melhores circunstâncias a fim de desempenhá-la. Com a entrada em vigor dessa moderna legislação, a guarda unilateral converteu-se em via limitadora, uma vez que o não possuidor da guarda termina sofrendo por não poder conviver com o seu filho de maneira digna, transformando-se em visitante para seus filhos, vindo, provavelmente, a perder a ligação parental (QUEIROZ, 2018). 3 DA ALIENAÇÃO PARENTAL A alienação parental foi conceituada pelo psiquiatra Richard Alan Gardner, para o comportamento em que um dos genitores ou ambos começam a cultivar em seus filhos a suspensão dos vínculos com o outro genitor, vindo o filho, por intermédio da campanha denegritória, em decorrência de um dos cônjuges ou ambos, de se esquivar do genitor alienado. Dessa forma, o genitor alienante é aquele que busca complicar e afastar o convívio da criança com o outro genitor e o genitor alienado é o que padece com todas essas falsas acusações que o genitor alienante realiza (MACEDO, 2017). Deste modo, a alienação parental é o arrasamento do outro cônjuge, e tem por propósito afastar o filho do genitor alienado, sem que existam ponderações consideráveis para retirar a criança da convivência com o outro genitor. Gradativamente, a criança inicia a ignorar o alienado, ficando, deste jeito, demonstrada a alienação parental, quando um dos genitores ou seus parentes, lesar o crescimento da criança. Todavia, a Lei 12.318/10 foi um avanço para a legislação pátria, a fim de resguardar a criança e suas garantias fundamentais (TEIXEIRA, 2017). A alienação parental acontece na circunstância de divórcio litigioso, sendo o alienador o guardião, na maioria das vezes, pois possui um período maior de convívio com o filho. Entretanto, por vezes o alienador, ou ambos os genitores, não consegue lidar com o divórcio, uma vez que se sente traído, desamparado, rejeitado, convertendo o filho, portanto, em um meio para se vingar (MARTINS et al., 2021). 3.1 Do Alienado, do Alienador e da Vítima A vítima, nas circunstâncias de alienação parental, é o adolescente ou a criança, quando os genitores ou responsáveis empregam seus filhos como instrumento de vingança do outro genitor, sendo a criança obstada de poder conviver com o outro. A vítima, na alienação parental, é a mais prejudicada nessa circunstância, pois termina, às vezes, perdendo o relacionamento parental com o alienado, crendo em tudo que o guardião fala, vindo o filho a se esquivar do alienado, não desejando mais conviver com ele (ARAÚJO et al., 2017). Assim sendo, a criança converte-se em um objeto para o alienador, uma vez que é a parte mais vulnerável nessa circunstância. Todavia, a criança, vindo a padecer com esse abuso de poder, termina se afastando do outro genitor. Outrossim, a vítima é o componente mais vulnerável nessa relação, por isso o genitor alienado jamais pode renunciar de conviver de modo harmônico com o seu filho (GUIMARÃES et al., 2018). O alienador, por seu turno, pode ser um genitor, ambos os genitores ou inclusive parentes. Na circunstância dos genitores, inicia o exercício de alienação, às vezes, no período em que existe o término da relação matrimonial, quando o alienador não aguarda esse término da relação, passando a se sentir desprezado pelo outro, iniciando a alimentar sentimento de vingança e ódio, empregando seu filho como um meio de punição. O alienador utiliza todos os procedimentos a fim de conseguir alcançar o seu propósito, que é destruir o relacionamento de seu filho prole com o genitor alienado, uma vez que o alienador inicia a imputar o alienado de acontecimentos dos quais ele não realizou, apenas para os seus filhos ficarem relacionando-se apenas com ele (BRAGA, 2021). O alienador deseja retirar o seu filho da realidade, instituindo mentiras no tocante ao alienado, ocasionando danos para os seus filhos. Todavia, às vezes,o alienador não possui consciência do mal que está cometendo no tocante ao seu filho, não entendendo que está prejudicando não apenas o alienado, mas sobretudo o seu filho (DURÃES, 2017). Considerável verificar as particularidades do alienador a fim de que possa diagnosticar esse severo problema que atinge diversos indivíduos. Dentre as particularidades da alienação, ressaltam-se: o genitor que crê que apenas ele vai saber cuidar apropriadamente do filho; que costuma não desempenhar as decisões judiciais, que vive em um universo de fantasias e subjuga o filho à equivocada realidade da vida (CARDOSO et al., 2018). Por conseguinte, o alienado também é mais uma vítima do alienador, uma vez que inicia a perder, gradativamente, o convívio com seu filho, vindo a ter a sua imagem prejudicada pelo alienador, padecendo definitivamente com a perda das relações afetivas com seu filho, uma vez que o genitor possuidor da guarda inicia a prejudicar as visitas com o seu filho, realizando uma lavagem cerebral na criança, ficando o relacionamento do alienado com o seu filho prejudicada. Em diversas situações, o alienador, não conseguindo retirar o seu filho do alienado, inicia a manipular a criança para acusar o alienado, por exemplo, uma conduta de agressão sexual, a qual o alienador sabe que é o modo mais célere de ter o alienado longe de seu filho (FREITAS et al., 2019). 3.2 Das Condutas de Alienação Parental Diversos indivíduos creem que a alienação parental ocorre apenas entre os genitores. Todavia, essa perspectiva não é verdadeira, pois pode ocorrer com qualquer ente familiar. O indivíduo que possui a guarda da criança, diversas vezes, é o alienador (SCHMITZ et al., 2017). Os familiares, ou seja, genitores ou demais parentes, podem cometer a alienação parental de distintas maneiras. A Lei 12.318/2010 ressalta algumas espécies: Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Parágrafo único: São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: I- realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; II- dificultar o exercício da autoridade parental; III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; IV- dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; V- omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI- apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII- mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. Por conseguinte, deve-se ressaltar que este rol é exemplificativo, aceitando-se outras modalidades, uma vez que na circunstância concreta, poderão aparecer outras espécies nas quais serão reputadas também a alienação parental (SOUSA, 2019). O alienador, culpabilizando o genitor de mau comportamento e prejudicando o relacionamento do filho com o genitor alienado, termina afastando o seu filho do outro e, deste modo, assume o poder. Assim sendo, a criança, padecendo com essas manipulações do alienador, se afasta do alienado e ignora o convívio com ele (QUEIROZ, 2018). O alienado, padecendo com esse estabelecimento de mau comportamento, tem suspensa a convivência com o seu filho e aparece a hipótese de perder o poder familiar, ficando apenas o alienador com todo o poder sobre o seu filho, e, deste modo, afastando terminantemente o outro genitor do convívio com o seu filho (COELHO et al., 2019) Em síntese, os comportamentos de alienação parental são variados e podem ser cometidos por qualquer ente familiar. Todavia, o magistrado, verificando a alienação parental, possui a responsabilidade de tomar as providências suficientes para resguardar a criança. Outrossim, resguardar também o alienado que, diversas vezes, com o comportamento ilícito do alienador, pode sofrer sanções injustas asseveradas pelos magistrados, sendo que, em diversas ocorrências, o único delito que praticou foi amar demais seu filho e desejar um convívio duradouro (FURLAN et al., 2021). 3.3 Das Distinções entre a Alienação Parental e a Síndrome da Alienação Parental É necessário que se saiba distinguir a alienação parental e a síndrome da alienação parental, uma vez que esta primeira é quando o genitor guardião inicia um procedimento de afastamento do filho do outro genitor que não detém a guarda. O genitor alienador realiza a alienação consciente ou não. Em algumas circunstâncias, não nota o mal que está realizando para o seu filho. Deste modo, a alienação parental ocorre, em grande parte dos casos, quando o término da relação matrimonial não ocorre de modo amigável, surgindo ódio e rancor do outro genitor, uma vez que o genitor alienador se sente rejeitado, iniciando a destruir o outro, empregando, até mesmo, o seu filho como instrumento para se vingar, sobretudo quando o genitor está psicologicamente vulnerável com o término da relação conjugal (GUIMARÃES et al., 2018). No que concerne à síndrome da alienação parental, estas são as consequências que a alienação parental ocasionou, isto é, o filho inicia a se recusar a se relacionar com o genitor alienado. Portanto, a síndrome da alienação parental é a consequência da alienação parental. O filho que detém esse problema inicia a sentir a mesma antipatia que o genitor alienador detém, uma vez que ele é manipulado pelo alienador a fim de afastar o outro genitor e inclusive, em diversos casos, crer que sofre agressão sexual (ARAÚJO et al., 2017). Todavia, o estabelecimento de falsas memórias é desempenhada em três níveis, sendo leve, moderado e grave. No primeiro, em que começa a alienação parental, a criança inicia a adquirir entendimento negativo do genitor alienado. Nesse período, começa o procedimento para prejudicar o outro. Nessa circunstância o filho passa, gradativamente, a afastar o alienado, embora ainda exista sentimento de afeto. No segundo nível, o moderado, leva a criança a ficar contra as determinações do genitor alienado, ficando claramente notória o desejo de se afastar do alienado, reputando como referência perfeita o genitor alienador. E, em conclusão, o nível grave é quando a criança inicia a apresentar que não quer se aproximar do genitor alienado e quando está presente com ele, demonstra que o carinho que possuía pelo genitor alienado está convertendo-se em ódio (FREITAS et al., 2019). A síndrome da alienação parental não se confunde com a alienação parental, uma vez que aquela normalmente advém desta, isto é, enquanto a alienação parental se relaciona ao afastamento do filho de um pai por intermédio de comportamentos do possuidor da guarda, a síndrome, por sua vez, concerne às circunstâncias emocionais, às sequelas e aos prejuízos que o adolescente e a criança vêm a sofrer (BETTINELLI, 2015). A alienação parental é o genitor tentando e, diversas vezes, conseguindo excluir o seu filho do outro genitor. A síndrome da alienação parental é o filho pondo em prática toda essa manipulação que o genitor alienado realiza. Por conseguinte, é relevante salientar que a síndrome da alienação parental não é uma temática moderna (FILIPPIN et al., 2018). Portanto, o Poder Judiciário vem identificado a síndrome da alienaçãoparental, em grande parte das ocorrências, quando existe separação mau-resolvida entre os pais, sendo constatado por intermédio de laudos psicológicos. Todavia, o propósito do alienante é finalizar com o bom relacionamento e a convivência do filho com o genitor não guardião, uma vez que o possuidor da guarda passa a receber a fiscalização plena do filho. O Poder Judiciário vem considerando a síndrome da alienação parental. Assim sendo, foi em aproximadamente 2003 que o Poder Judiciário iniciou a considerar tal ocorrência, empregando equipes interdisciplinares a fim de auxiliar a constatar essa problemática, ficando notório que o estabelecimento de falsas memórias ocorre em circunstâncias de separações mau solucionadas (BRAGA, 2021). Isso que o alienante realiza é para deter todo o poder sobre o filho, ficando ele tão somente o possuidor da guarda, portanto a criança inicia a afastar o convívio com o genitor alienado, sem justa razão. Consequentemente, a criança inicia a exibir problemas severos na sua conduta (DURÃES, 2017). Quanto mais cedo for constatado o genitor alienante, melhor para os filhos, porque se procurará um tratamento apropriado para ambos, tanto o filho quanto o genitor alienante. Deste modo, estará sendo afastado o sofrimento das crianças para que se convertam em adultos saudáveis. É de suma relevância que os psicólogos, juízes, entre outros profissionais, saibam distinguir a síndrome da alienação parental e a alienação parental, para poder, o mais célere possível, auxiliar as famílias que estão passando por essa dificuldade. Soma-se, ainda, que não se pode esquecer de que quando existir a alienação parental, o alienador está praticando uma conduta ilícita e, em decorrência disso, ao serem constatados os danos que o alienado padeceu, tem o dever de indenizar (BRAZ, 2017). 3 A GUARDA COMPARTILHADA COMO FORMA DE EVITAR A ALIENAÇÃO PARENTAL Previamente ao Código Civil de 2002, existindo a dissolução da sociedade matrimonial com o acordo de ambas as partes, a guarda era ajustada entre os pais. Todavia, caso não existisse acordo, o genitor que tivesse dado razão ao desquite, não ficaria com a guarda dos filhos (ARAÚJO et al., 2017). Com o advento do Código Civil de 2002, tal regra foi revogada, sendo designada a guarda para o genitor que possuísse melhor condição para desempenhá-la. Por conseguinte, com o perpassar do tempo, passou a ter uma preocupação maior com o interesse da criança, levando em consideração, ainda, a doutrina da proteção integral, estabelecida com a Carta Magna de 1988 e com o Estatuto da Criança e do Adolescente, procurando o convívio com ambos os pais. Isto posto, entrando de forma expressa no ordenamento jurídico pátrio, a Lei 11.698/2008 – Lei da Guarda Compartilhada. Todavia, essa legislação abordou a guarda compartilhada de modo equivocado, sendo modificada pela Lei 13.058/2014 (GUIMARÃES et al., 2018). Com a entrada em vigência da Lei 13.058/2014, existiu alterações consideráveis no que concerne à guarda dos filhos. Em decorrência disso, serão tratadas algumas circunstâncias relevantes, como o aumento do exercício do dever de vigilância, a guarda compartilhada como regra geral, o direito de convivência e a base da moradia. A base da moradia é o lugar onde se estabelece a residência do adolescente e da criança. Antes da entrada em vigência da legislação mencionada, os pais necessitavam residir na mesma cidade para desempenhar a guarda compartilhada. Agora, não é mais determinado (BETTINELLI, 2015). A residência do menor será a que melhor atender ao interesse da criança. Por conseguinte, não chegando a um acordo entre ambos os pais, o magistrado vai estabelecer a aplicabilidade de perícia psicológica e social. Todavia não é imprescindível o juiz aceitar o laudo pericial, podendo o magistrado decidir com seu entendimento a melhor residência para a criança. Desse modo, o genitor que possuir a residência como base de moradia para seu filho, ficará estabelecido para o outro genitor o tempo de convívio, de modo equilibrado com o seu filho (FURLAN et al., 2021). A garantia de convívio sofreu alterações, pois ambos os pais irão conviver de modo equilibrado e não forçosamente de modo igualitário com o seu filho. Nessa perspectiva, como os filhos vão conviver em ambas as residências, mas não se confundindo com a guarda alternada, será substancial eles detiverem o seu próprio quarto, a fim de que não sintam como visitas, contudo como integrantes da família (BRAGA, 2021). A guarda compartilhada como norma geral, previamente, já existia no ordenamento jurídico, devendo o magistrado utilizar sempre que possível. Como a moderna legislação converteu-se em regra, assim só não é empregada quando um dos pais mencionar ao magistrado que não possui interesse pela guarda do filho, contudo não existindo acordo entre os genitores, a guarda compartilhada é empregada da mesma forma. Todavia, quando um dos genitores demonstrar que não possui interesse pela guarda de seu filho, o juiz terá de investigar qual a razão do desinteresse, direcionando o genitor para um tratamento com um psicólogo, a fim de tentar apresentar que o convívio de ambos os genitores é fundamental para o desenvolvimento da criança (FREITAS et al., 2019). A expansão do desempenho do dever de vigilância, com essa moderna hipótese, ocasiona para ambos os genitores a obrigação de o estabelecimento privado ou público apresentar as adequadas informações para os genitores acerca de seus filhos. Portanto, com os pais obtendo informações de seus filhos de modo equilibrado, pode ser solucionada uma das problemáticas que, diversas vezes, aparece com o término da relação matrimonial, que é a alienação parental, uma vez que ambos os pais, ou um deles, escondiam informações acerca do cotidiano do menor (BRAZ, 2017). A moderna legislação acerca da guarda compartilhada vem moderar ou inclusive eliminar a alienação parental, pois nenhum dos pais pode restringir o convívio com o outro, isto é, ambos os pais possuem o poder sobre os seus filhos, o que antes apenas o genitor que era possuidor da guarda tinha, fazendo com que os genitores viessem a cometer a alienação parental, para ficar com a guarda de forma exclusiva. Como a guarda compartilhada converteu- se em regra, talvez seja um caminho a fim de reduzir a alienação parental ou inclusive terminar com esta grande problemática (FILIPPIN et al., 2018). Com a moderna norma acerca da guarda compartilhada, não importa se a separação é litigiosa, uma vez que o que está em debate é a espécie de guarda e o dever de ambos os genitores com os seus filhos. A guarda compartilhada deve ser atribuída para ambos os genitores, mesmo na circunstância de desacordo, sendo empregada quando for para o melhor interesse da criança, até porque alguns magistrados designam a guarda compartilhada, nas circunstâncias de separação litigiosa (CARDOSO et al., 2018). A guarda compartilhada é fundamental a fim de que não ocorra a alienação parental, uma vez que resguarda a criança de prováveis danos que a guarda unilateral pode ocasionar. A guarda unilateral pode afastar o genitor não guardião do seu filho, vindo, em diversas situações, a aparecer a alienação parental, sendo prejudicial à construção psicológica da criança, pois o filho inicia a sofrer com a ausência do convívio do outro genitor. O guardião que obsta o convívio do seu filho com o ex-cônjuge, colocando obstáculos nas visitas agendadas, fazendo com que o filho perca a convivência com o pai não guardião, convertendo o não possuidor da guarda um simples visitante para o seu filho, podendo a perder a relação afetiva (COELHO et al., 2019). Cabe evidenciar que a guarda unilateral enfraquece os vínculos dos pais com o seu filho, pois o genitor não possuidor da guarda perde o seu poder, podendo o possuidor da guarda cometer a alienação parental,ao afastar o outro genitor da convivência com o seu filho e interferindo nas visitas. Fica notório que a guarda compartilhada é a melhor maneira de afastar a alienação parental, uma vez que vai conservar os vínculos de afetividade com ambos os genitores, não sofrendo com a reorganização familiar, que ocorre após a separação, não sendo manipulado possuidor detentor da guarda (CARVALHO, 2016). Segundo a compreensão de diversos doutrinadores, a guarda compartilhada é a melhor maneira de a criança se desenvolver de forma saudável, porque embora os genitores romperem com o vínculo conjugal, a criança vai continuar convivendo com ambos os genitores, não perdendo nenhum dos pais o afeto com o seu filho. Dessa maneira, os genitores vão buscar, unidos, a melhor forma de criar e educá-lo (KEINE et al., 2016). Assim, os genitores têm de compreender que guarda e convivência são diferentes, entretanto, guarda é a maneira de administração dos interesses do seu filho, e a convivência, o tempo que cada pai terá com sua prole. Por consequência, é necessário o genitor entender que ambos têm que priorizar o que é melhor para a formação intelectual e pessoal de sua prole, sendo ela a convivência com ambos (TEIXEIRA, 2017). Por fim, a guarda compartilhada traz a convivência mútua com os pais, sendo de extrema importância para combater a alienação parental, pois os genitores não tem o que disputar, porque ambos têm os mesmos direitos e deveres em relação à sua prole. Conscientizam-se de que o rompimento da relação acontece somente entre os cônjuges e não entre pais e filhos, sendo os filhos para toda a vida, porém não perdendo o vínculo afetivo por mero capricho de seus pais, ajudando a sua prole a superar a separação de seus genitores, bem como compreender que vão permanecer com os laços afetivos com ambos (SCHMITZ et al.,2017). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa ressaltou o desenvolvimento do poder familiar, que antes era denominado de pátrio poder, no qual o marido possuía o poder privativo sobre os seus filhos, sendo a mãe submissa, uma vez que nada podia deliberar no tocante à instrução de seu filho. Com a Magna Carta de 1988, instituiu-se o princípio da igualdade. Ambos os pais passaram, portanto, a desempenhar, de modo equilibrado, o poder familiar sobre os filhos. A partir desse desenvolvimento, nasceu a disputa da guarda, sendo que, se a separação for consensual, não há que se falar em guarda, uma vez que ambos os genitores desempenham a guarda de modo equilibrado. Todavia, quando a separação é litigiosa, nasce o conflito. O sistema normativo brasileiro detém duas espécies de guarda, quais sejam, a guarda compartilhada e a guarda unilateral, somando, ainda, a guarda alternada, que, conquanto seja existente, não pode ser colocada em prática no Brasil, uma vez que não existe disposição legal no ordenamento jurídico. A guarda atribuída a um só genitor, detendo todo o poder de deliberação acerca da vida de seu filho. Na guarda alternada, os pais desempenham tão somente os deveres e direitos no tocante a seu filho, enquanto for predeterminado o período de continuidade com a sua prole. Já a guarda compartilhada, objeto substancial desta pesquisa, é estabelecida para ambos os pais detiverem maior convivência com os seus filhos, podendo participar totalmente da vida deles, mesmo com o afastamento da relação matrimonial. Deste modo, compreende-se que a guarda compartilhada, nos termos da Lei 13.058/2014, sendo esta espécie a melhor retratação do poder familiar, confirma a imprescindibilidade de os filhos conviverem com ambos os pais. Consequentemente, apresenta para os pais o quanto é considerável esse convívio com seus filhos, pois o não possuidor da guarda não perde a relação parental, nem se converte em um simples visitante para seu filho, como ocorre em certas circunstâncias, tais como a guarda unilateral, na qual o não possuidor converte-se em um estranho para seu filho. Todavia, diversas vezes, quando existe o término da relação matrimonial, permanece o ódio, o rancor e a mágoa, não conseguindo lidar com o afastamento, utilizam o filho como meio para se vingar, isto é, um atribui mau comportamento ao outro genitor, fazendo uma campanha prejudicial para a criança e, com isso, aparece a denominada alienação parental. A alienação parental é cometida por qualquer ente familiar ou por um dos pais, com o exclusivo propósito de retirar a criança do convívio com qualquer familiar ou o outro genitor, sem nenhuma razão procedente para impedir que isso ocorra. A temática é de suma relevância social, dado que a síndrome da alienação parental pode debilitar a saúde emocional do menor. Assim sendo, o alienador, restringindo o filho de conviver com o genitor alienado, poderá ocasionar, gradualmente, o rompimento da relação afetiva do filho com o genitor alienado. Por consequência, são alguma das problemáticas que a síndrome de alienação traz ocasiona a criança: baixa autoestima, crise de pânico, ansiedade, depressão e, em circunstâncias extremas, suicídio. Essas adversidades, com periodicidade, são irreversíveis. Isto posto, é fundamental que seja determinada uma sanção ao alienador, a fim de interromper o aborrecimento que o mesmo ocasionou e iniciar a reaproximação do genitor alienado com seu filho. Ainda, em decorrência do procedimento de alienação parental, que pode ocasionar em síndrome de alienação parental, é imprescindível que todos os indivíduos abrangidos, inclusive magistrados e advogados, saibam reconhecer a problemática do modo mais célere possível, com o propósito de finalizar o abuso e não ocasionar maiores prejuízos psicológicos para a criança, em determinação ao princípio constitucional do melhor interesse do menor. A finalidade da presente pesquisa foi de constatar se a atribuição da guarda compartilhada para os pais em separação litigiosa pode precaver ou inclusive terminar com a alienação parental, isto é, se esse modelo de guarda possui eficácia de finalizar a problemática que é o comportamento do alienador no que concerne à criança e ao alienado. Por conseguinte, ficou constatada a relevância de designar a guarda compartilhada, mesmo quando não existe um acordo entre os pais, uma vez que a criança, de modo nenhum, possui relação com a separação e, com isso, os genitores têm de se conscientizar que os filhos serão para toda a vida, apesar da separação dos genitores. A separação matrimonial não pode atingir a relação dos genitores com os seus filhos, uma vez que eles possuem o direito de conviver com ambos, assim como era antes de os genitores finalizarem o vínculo. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Rafaela Soares de et al. 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