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TCC - Guarda Compartilhada -

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11
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
A GUARDA COMPARTILHADA E O MELHOR INTERESSE DO MENOR
Nayanne de Souza Bastos
Rondonópolis-MT
2019
1
Nayanne de Souza Bastos 
A GUARDA COMPARTILHADA E O MELHOR INTERESSE DO MENOR
Trabalho de conclusão de Curso apresentado à Faculdade UNIASSELVI de Rondonópolis, como requisito parcial para a obtenção do Curso de Bacharelado em Direito.
Orientador (a): Emilly Garcia 
Rondonópolis-MT
2019
44
NAYANNE DE SOUZA BASTOS 
A GUARDA COMPARTILHADA E O MELHOR INTERESSE DO MENOR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Uniasselvi, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
Rondonópolis, ____ de _____ de 2019.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. (Nome do orientador)
________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por me sustentar até aqui. Ele que esteve me abençoado em minhas horas de angústias e de cansaço. 
Dedico aos meus pais, Sirlei de S. S. Bastos e Eli carlos Bastos, que sacrificaram muitos sonhos para me dar a oportunidade de estudar, sendo o apoio para que continuasse nessa difícil caminhada para formação pessoal, tantos foram os obstáculos, mas tudo chegou ao seu final.
AGRADECIMENTO
Agradeço ao meu esposo Kevin de Oliveira Alves por todo incentivo e por acreditar que eu seria capaz, a toda minha família e meus amigos que de alguma forma contribuiu para minha formação, a minha professora e orientadora Emilly Garcia que teve muita paciência e atenção, o que foi fundamental para que eu pudesse concluir o presente trabalho. Todos deram sua contribuição de forma muito especial.
“Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso ou pessoas fracassadas. O que existe são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles.." 
Augusto Cury.
RESUMO
Tendo em vista o aumento gradativo das separações entre os casais, nos últimos anos a guarda dos filhos tornou-se um problema para a sociedade. A ruptura conjugal e as intolerâncias entre os casais são as marcas mais profundas e problemáticas que surgem. O objetivo deste trabalho é analisar a aplicação da guarda compartilhada após a separação dos casais e todos os fatos que poderão advir de tal decisão, tendo sempre em foco a plena proteção do melhor interesse dos filhos, haja vista que esta reflete, com muito mais acuidade, a realidade da organização social atual que caminha para o fim das rígidas divisões de papéis sociais definidos pelo gênero dos pais. Neste enfoque, foram contemplados diversos assuntos como o histórico da guarda, as diferenças entre os diversos tipos de guarda, o conceito da guarda compartilhada, bem como sua aplicação na prática. Outros tópicos também foram tratados, como: os benefícios aos filhos, a convivência com os genitores, as vantagens e desvantagens de sua aplicação. Por fim, conclui-se que a guarda compartilhada soa como um dispositivo mais adequado às recomendações relativas aos Direitos das Crianças, contribuindo para o direito de a criança ser educada por. O melhor interesse da criança deve sempre ser mantido e o Estado deve intervir para que seja estabelecida a guarda compartilhada do menor em favor dos genitores, tendo-se como irrefutável que ambos devem zelar pelo desempenho deste elevado mister intrínseco ao poder familiar.
PALAVRAS-CHAVE: Estado. Guarda Compartilhada. Interesse das Crianças. 
ABSTRACT
In view of the gradual increase in separations between couples, in recent years custody of children has become a problem for society. Marital rupture and intolerance between couples are the deepest and most problematic marks that emerge. The objective of this study is to analyze the application of shared custody after the separation of the couples and all the facts that may come from such a decision, always focusing on the full protection of the best interests of the children, given that this reflects, with much more acuity , the reality of the current social organization that goes towards the end of the rigid divisions of social roles defined by the gender of the parents. In this approach, several subjects were considered, such as the history of the guard, the differences between the different types of guard, the concept of shared guard, as well as their practical application. Other topics were also addressed, such as: the benefits to the children, the coexistence with the parents, the advantages and disadvantages of their application. Finally, it is concluded that shared custody seems to be a better device for recommendations on the Rights of Children, contributing to the right of the child to be educated by their parents. The best interest of the child must always be maintained and the state must intervene to establish the shared guardianship of the child in favor of the parents, and it is irrefutable that both must watch over the performance of this intrinsic mystery of family power.
KEYWORDS: State. Shared Guard. Children's Interest.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	9
2. DEFINIÇÃO DE GUARDA COMPARTILHADA	11
2.1 A TIPOLOGIA DA GUARDA COMPARTILHADA	10
2.1.1 Divórcio consensual	11
2.1.2 Divórcio litigioso	12
2.3. ASPECTOS DA GUARDA COMPARTILHADA	13
2.3.1 ASPECTOS POSITIVOS	13
2.3.2 ASPECTOS NEGATIVOS	14
2.3.3 ASPECTOS PSICOLÓGICOS	15
2.4. OUTRAS MODALIDADES DE GUARDA	16
2.4.1 GUARDA UNILATERAL	16
2.4.2 GUARDA ALTERNADA	17
2.4.3 ALINHAMENTO OU NIDAÇÃO	18
2.4.4 GUARDA ORIGINÁRIA OU DERIVADA	19
2.4.5 GUARDA PROVISÓRIA OU DEFINITIVA	19
2.4.6 GUARDA JURIDICA E MATERIAL	19
2.4.7 GUARDA DE FATO	20
2.5. ALIENAÇÃO PARENTAL	21
2.6. A GUARDA COMPARTILHADA NA PRÁTICA	24
2.6.1 RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS	25
2.6.2 A MUDANÇA DE DOMICÍLIO	27
2.6.3 O DEVER DE ALIMENTAR	28
2.6.4 O DIREITO DE VISITA	30
2.6.5 PENALIDADES AO GUARDIÃO	31
2.7 MUDANÇAS TRAZIDAS COM A LEI 13.058/2014	42
CONSIDERAÇÕES FINAIS	56
REFERÊNCIAS	58
	
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como alvo principal esclarecer o instituto da Guarda compartilhada, devidamente regulamentada no direito de família, bem como realizar a abordagem do referido tema no atual ordenamento jurídico brasileiro. Além disso, irá caracterizar as espécies de guarda, assim como os seus efeitos e a sua tipologia. 
Trata-se de um tema atual e de grande relevância social, onde o número de rompimento de relações conjugais é cada vez maior. O aumento dessas dissoluções desencadeou um novo problema na sociedade, a divisão dos direitos e deveres em relação ao filho, entre estes a guarda do filho. 
A guarda compartilhada serve como garantia de igualdade entre os pais na condução do convívio, da educação e da participação ativa na vida de seus filhos, e vem com a finalidade de privilegiar os interesses do menor e do adolescente, pelos seus efeitos causados após uma separação entre o casal. Sendo assim, é importante ressaltar que a família é um instituto de grande significado dentro da sociedade em que se tem a oportunidade de convivência, respeitando as regras estabelecidas em um clima de harmonia e bem-estar.
O tema do presente trabalho versa sobre a guarda compartilhada e o princípio do melhor interesse da criança e foi motivado por mostrar a importância de garantir um relacionamento de qualidade entre pais separados e seus filhos. 
Com a evolução da humanidade nas últimas décadas, a revolução sexual e o questionamento do fundamentalismo religioso, a guarda dos filhos tornou-se um problema crônico da sociedade moderna.
A separação dos casais desde o advento da Lei do Divórcio tornou-se comum nas varas de família. Assim como era decisão acatada por grandeparte dos juízes de que a guarda unilateral deveria pertencer à mãe, igualmente evoluía a ideia de que o pai também pudesse ficar com a guarda, afinal a criança não tem culpa de sua família se dissolver, surgindo como consequência à ideia da preservação da presença de ambos os pais na vida de seus filhos.
O casamento é uma espécie de contrato, com forma prescrita em lei, que só existe sob condições determinadas, quando um casal se une com o propósito de constituir uma família. 
O direito de família está em constante evolução, principalmente no que tange as relações conjugais. Nesse sentido, a separação judicial, conhecida também por desquite, foi ampliada através da Constituição Federal de 1988, tornando possível a realização de mais de um divórcio, ou seja, se regulamentou a possibilidade de um indivíduo poder casar-se novamente após decisão judicial que dê fim ao antigo casamento. 
Com isso, a velocidade das mudanças sociológicas e seus reflexos no direito de família, começaram a criar e a ampliar as hipóteses de fixação no regime de guarda dos filhos, então a guarda compartilhada foi apresentada como uma dessas hipóteses. 
A guarda compartilhada pode ser conceituada como a situação jurídica na qual ambos os pais, divorciados judicialmente, conservam o direito à guarda e à reponsabilidade do filho, alternando a sua posse em períodos determinados. Esse modelo permite manter a convivência diária entre pais e filhos para que não ocorra o distanciamento de ambos, sendo o contato fundamental para o desenvolvimento moral e psicológico da criança ou do adolescente. 
Sendo assim, a Guarda Compartilhada possui a finalidade de privilegiar os interesses da criança e do adolescente, pelos seus efeitos causados após uma separação entre o casal, trazendo em particular a participação conjunta dos pais no cotidiano da criança que está em fase de crescimento e formação.
A escolha do presente tema se deu pelo fato da guarda compartilhada tratar-se de um tema atual, de grande relevância social e de suma importância no nosso ordenamento jurídico. 
No decorrer, discorreremos acerca das diversas espécies de guardas, dando ênfase a guarda compartilhada, e apontando sua tipologia e os seus efeitos. Além disso, iremos fazer um breve relato abordando, de forma conceitual, a responsabilidade dos pais, o dever de alimentação e o direito às visitas.
Na guarda compartilhada, nenhum dos dois carregará sozinho a incumbência e a responsabilidade de supervisionar a educação de seus descendentes e todos os assuntos referentes aos mesmos, tais como religião, saúde, lazer, conquistas, entre outros.
A saúde mental, o bem-estar, o convívio familiar e tantas outras necessidades das crianças devem ser preservadas, assim como a igualdade entre homens e mulheres. Obrigações e direitos compartilhados com foco na proteção emocional e psicológica da criança evitam a carga excessiva para um dos pais.
O foco do presente trabalho, portanto, consiste na análise aplicação da guarda compartilhada após o divórcio/separação e todos os fatos que poderão ocorrer com o advento desta decisão, possuindo sempre por interesse melhor atender às necessidades da criança.
Será apresentado o histórico da guarda, a evolução legislativa e os tipos de guarda. Também será mostrado o conceito de guarda compartilhada e suas diferenças em relação à guarda alternada. O benefício aos filhos, a convivência com os genitores, as vantagens e desvantagens de sua aplicação, também serão tópicos a serem tratados neste trabalho.
2.1 DEFINIÇÃO DE GUARDA COMPARTILHADA
O desenvolvimento da vida social propiciou aos homens a ampliação do uso das formas verbais de comunicação e exigiu a compreensão do alcance e do funcionamento da linguagem. Nesse sentido, pode se perceber ao longo da história um estudo sobre organização das palavras, da elaboração de enunciados, da articulação e dos efeitos provocados pelos discursos. Assim, de um mero instrumento para nomear as coisas a linguagem passou a ser um elemento de constituição dos sentidos, não só representando e criando realidades como também direcionando ou redirecionando as relações sociais. 
	A linguagem verbal, fundamental para o desenvolvimento social, propiciou surgimento do Estado. Nesse sentido, a função primordial do Estado moderno é a pacificação social, possibilitando a convivência harmônica entre os homens, atribuindo-se a si a exclusividade na solução dos conflitos de interesses, como tentativa de realização de Justiça através de um sistema de normas imperativo-atributivas, o Direito.
	O Direito como forma de realização da justiça e da pacificação social, simbolicamente pode-se pensar como a justiça sustentando em uma de suas mãos a balança, com que pesa o direito, e na outra segura a espada, por meio da qual o defende. Sendo assim ,a função do estado a realização da justiça e da pacificação social nas sociedades moderna.
Mas o que é o Direito e o que é ordem jurídica? Para que servem, de onde surgem e qual as suas finalidades? Expomos um conceito que consideramos coerente, do renomado jurista Hely Lopes Meirelles, para fins deste estudo:
O Direito, objetivamente considerado, é o conjunto de regras de conduta coativamente impostas pelo Estado. Na clássica conceituação de Ihering, é o complexo das condições existenciais da sociedade, asseguradas pelo Poder Público. Em última análise, o Direito se traduz em princípios de conduta social, tendentes a realizar Justiça. Quando esses princípios são sustentados em afirmações teóricas formam a Ciência Jurídica, em cuja cúpula está a Filosofia do Direito; quando esses mesmos princípios são concretizados em norma jurídica, temos o Direito Positivo, expresso na Legislação. A sistematização desses princípios, em normas legais, constitui a Ordem Jurídica, ou seja, o sistema legal adotado para assegurar a existência do Estado e a coexistência pacífica dos indivíduos na comunidade.[footnoteRef:1] [1: MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 27 ed. Atualizada por Eurico de Andrade Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Burle Filho. São Paulo: Malheiros Editores, 2002. p. 35] 
O conceito de Direito, exposto por Meirelles, representa grande parte do pensamento jurídico sobre o tema. Isto significa dizer que a sistematização dos princípios do Direito são positivados em normas jurídicas, cuja sistematização constitui um tipo de ordem social, a ordem jurídica. No entanto, tanto as considerações acerca da norma e do ordenamento jurídico limitam-se ao plano normativo, sem levar em conta a realidade social. Assim, como pode, então, o Direito regular a vida das pessoas, se não leva em conta o mundo real, como ele realmente é, num plano em que é levado em consideração o ser humano e suas ações.
O conjunto dessas regras, denominado direito positivo, que deve ser obedecido e cumprido por todos os integrantes do grupo social, prevê as conseqüências e sanções aos que violarem seus preceitos. Assim, o Direito, é uma ordem constituída de um sistema de normas. Mas essas normas são encadeadas de forma que todas tenham um único fundamento de validade, que é a norma fundamental. Uma norma só será uma norma jurídica se pertencer a uma ordem jurídica, com sua validade determinada pela norma fundamental que dá razão a esta ordem, segundo uma hierarquia de relação comparativa verticalizante, tendo como ápice a Constituição. Desta forma, o Direito se desenrola dentro de uma ordem social específica, a ordem jurídica, que se apresenta constituída de: 
(...) duas ordens jurídicas: a interna e a internacional; aquela é formada pelos princípios jurídicos vigentes em cada Estado; esta se mantém pelas regras superiores aceitas reciprocamente pelos Estados, para a coexistência pacífica das Nações entre si, e dos indivíduos que as compõem, em suas relações externas. [footnoteRef:2] [2: MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 27 ed. Atualizada por Eurico de Andrade Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Burle Filho. São Paulo: Malheiros Editores, 2002. p.35-36] 
Desta forma a ordem jurídica interna estabelece as regras das relações entre o Estado e os indivíduos, dentro do território onde exerce sua soberania. A ordem social é um conjunto. A ordem jurídica, ou ordenamento jurídico, é constituído de princípios complementares e não-contraditórios, que servem de fundamento moral para todo um sistema normativo.
	No Brasil não é diferente visto que o direito se coloca como dogma e o texto legal é o mecanismo indiscutível de prescrição de regras e preceitos, tidos como verdades inquestionáveis.
	Dito de outra forma, o Direito é uma ciência e não meramente uma técnica, assim constitui-se em normas e ordenamentos jurídicos. O ordenamento jurídico é formado por um conjunto de normas, dispostas em hierarquia. Desta maneira, pode-se dizer que existem normas inferiores criadas por particulares para regulamentar um contrato até às constitucionais, formando uma verdadeira pirâmide jurídica. 
Assim, as normas subordinadas devem harmonizar-se com as superiores, sob pena de deixarem de ter validade, no ordenamento jurídico. Exemplificando: o decreto deve buscar fundamento de validade na lei, e esta, na Constituição. Se, eventualmente, o decreto contrariar a lei, estará fora de pirâmide, a ninguém podendo obrigar. O mesmo podemos dizer da lei, se em descompasso com a Constituição. [...] o descompasso entre uma norma inferior (lei, decreto, portaria, ato administrativos etc.) e a Constituição tem o nome de inconstitucionalidade, que, como predica a melhor doutrina, pode ser material (intrínseca) ou formal (extrínseca).
	Portanto, levando em consideração o enunciado acima, toda e qualquer norma criada deve se pautar no ordenamento jurídico e por conseqüência na Constituição Federal, lei maior que esta no topo da pirâmide jurídica. Assim também deve ser com relação ao instituto da guarda compartilhada.
	O Estado Democrático de Direito tem como um de seus princípios fundamentais a dignidade da pessoa humana e elege a família como base da sociedade (art. 226 CF). Portanto com a Constituição Federal de 1988 a sociedade brasileira se reafirma como dignatária e receptora de normas constitucionais, cujo conteúdo humanístico afirma o homem como um ser digno, em que a existência é um valor em si.
Nesse contexto, a família tem pelo Estado especial proteção e aos seus membros são garantidos direitos e deveres, tais como os previstos no parágrafo 7º do art. 226 da CF. Assim as relações familiares e também o planejamento familiar baseiam-se na dignidade da pessoa humana e na paternidade responsável.
No interior dessa família a criança surge como cidadã plena de direitos (art. 227 CF), sendo-lhe assegurada, de forma objetiva, a especial proteção estatal, familiar e social para que seu desenvolvimento possa dar-se de forma plena a cumprir com o objetivo principal: ser a esperança e o futuro do Brasil.
	Como já dito anteriormente, o mundo jurídico no que tange ao direito de Família está em constante evolução. Assim, a guarda compartilhada foi devidamente instituída e regulamentada com o advento da Lei 11.698 de 13 de junho de 2008, instituto que há algum tempo vinha sendo utilizado no cenário jurídico pátrio, com alguma aceitação por parte de nossos Tribunais.
Para dar definição ao vocábulo “guarda”, faz-se necessário citar De Plácido e Silva, que define o termo da seguinte forma:
É derivado do antigo alemão wargen (guarda, espera), de que proveio também o inglês warden (guarda), de que formou o francês garde, pela substituição do w em g, é empregado em sentido genérico para exprimir proteção, observância, vigilância ou administração, especificando que guarda de filhos é locução indicativa, seja do direito ou do dever, que compete aos pais ou a um dos cônjuges, de ter em sua companhia ou de protegê-los, nas diversas circunstancias indicadas na lei civil.[footnoteRef:3] [3: SILVA, Plácido apud GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda Compartilhada: Um novo modelo de responsabilidade parental. 7. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014, p. 58.] 
A guarda compartilhada, também conhecida como guarda conjunta, resulta do poder familiar e pode ser conceituada como um sistema onde os filhos de pais separados permanecem sob a autoridade equivalente de ambos, que vêm a tomar decisões conjuntas pertinentes à sua criação, e partilhar as responsabilidades do dia-a-dia de educa-lo, transmitindo-lhes os cuidados e afetividade que uma família deve proporcionar. Nesse sentido, vale ressaltar que, com a dissolução do casamento, os deveres relativos à autoridade parental permanecem. 
Além disso, tem o instituto da guarda compartilhada por escopo tutelar, não somente o direito do filho à convivência assídua com os pais, mas também o direito destes de desfrutar da convivência assídua com o filho, perpetuando não apenas seu patrimônio genético, mas também seu patrimônio cultural e familiar, pela repartição, não só do tempo, mas das atenções e dos cuidados, como meio de permanência dos laços afetivos e familiares.
Observamos, no entanto, que o legislador brasileiro, por muitas vezes emprega o vocábulo de forma equivocada, conferindo ao termo caráter de posse[footnoteRef:4]. Tal associação, tomando-se a palavra posse como sinônimo de “guarda”, conforme noticia João Andrades Carvalho, predominou no meio jurídico brasileiro até os tempos mais recentes[footnoteRef:5]. [4: Art. 1196 CC: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”.] [5: João Andrades Carvalho, Tutela, curatela, guarda, visita e pátrio poder, Rio de Janeiro, Aide, 1995, p. 144] 
Conceituar, adequadamente e de forma precisa, o vocábulo “guarda” não é tarefa nada fácil.
Com maior precisão a “guarda” sugere, também, o significado do verbo “guardar” que, no sentido corrente, significa “manter consigo”, ter em depósito, conservar em seu poder.
A ciência do direito adota linguagem própria e nomenclatura técnica, vale dizer, não podendo haver palavras com o mesmo significado para situações diversas. O vocábulo “posse” é termo jurídico designativo de um instituto do direito das coisas, com origem na terminologia romana possessio, de forma que, inserido no campo do direito de família, induz à ideia de que “companhia e guarda” são palavras de idêntica significação, quando, na realidade, assim não ocorre.
Nesse passo, torna-se árdua a tarefa de, num só conceito, elencar todas as relações decorrentes do instituto da guarda, incumbindo à doutrina destacar principais aspectos como a obrigação de vigilância e zelo em relação às pessoas sob chefia ou direção, bem como às coisas que lhes são entregues ou confiadas.
Embora o vocábulo em foco traga significado plurívoco, resumidamente, podemos afirmar que a guarda dos filhos é um direito potestativo, ou seja, um poder-dever, conferido àquele que mantém a prole, ou parte dela, sob sua companhia, vigilância e responsabilidade.
Temos que a guarda é um dos atributos do poder familiar, referindo-se à custódia natural, à proteção que é devida aos filhos, por um ou ambos os pais, constituindo um conjunto de deveres e obrigações que se estabelece entre um menor e seu guardião, visando seu desenvolvimento pessoal e sua integração social.
Embora haja um liame que une “poder familiar” e “guarda”, tais institutos não se confundem, em razão de o primeiro ter natureza própria, advinda da necessidade de proteção aos filhos, e caracterizando um múnus público, ao passo que o segundo é dele decorrente ou, ainda, é um dos elementos que o compõem.
Assim, independente de direitos e obrigações inerentes ao próprio instituto da guarda dos filhos, no direito contemporâneo, os pais compartilham seu efetivo exercício, seja na constância de uma união, como no seu desenlace, tendo em vista que a guarda é muito mais do que poder, dever e obrigações.
Com grande expressão, nesse sentido, escreve Caetano Lagrasta Neto: “Guardar é antes de tudo amar, estar presente, na medida do possível, comparecer a todos os atos e festividades escolares, religiosas,manter dialogo permanente e honesto com o filho sobre as questões familiares, sobre arte, religião, lazer, esporte e turismo”.
2.2 TIPOLOGIA DA GUARDA COMPARTILHADA
O artigo 227 da Constituição Federal que assegura o direito fundamental à convivência em família, disciplina a guarda compartilhada, que poderá ser regulada de forma consensual ou litigiosa. Contudo, ambas as medidas deverão ser feitas judicialmente, por haver filhos menores da discussão da ruptura. O maior interesse do legislador foi buscar melhores condições de vida para a criança ou adolescente.
No decorrer da história, a família foi sofrendo transformações em seus padrões de relacionamento. A mulher ingressou no mercado de trabalho e passou a dividir com o homem as responsabilidades da vida conjugal, sendo que o homem, em contrapartida, teve que se adaptar com essa nova realidade e passar a contribuir com funções antes não exercidas.
Nos dias de hoje estamos vivendo em uma época onde a horizontalidade e o diálogo estão ganhando destaque e surge uma nova concepção de comportamento dos pais com relação a criação dos filhos colocando na rotina das famílias um ambientes onde os pais buscam decidir juntos o que é melhor para os filhos administrando as melhores decisões com relação ao bem estar dos filhos.
Perante essa situação se fez necessária à implementação de medidas que melhor venham a se adequar a essas transformações, onde a Lei 11.698/2008, que trata das questões relacionadas à guarda compartilhada, passou compor parte do ordenamento jurídico. 
A presente Lei tinha como objetivo principal a incorporação no sistema com relação a a corresponsabilidade dos pais na vida dos filhos, onde no artigo 1584 fica estabelecido a aplicação das medidas da seguinte forma:[footnoteRef:6] [6: BRASIL. Lei nº 11.698, de 13 de junho de 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm>.] 
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: 
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar; 
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe. 
§ 1o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. 
§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada. 
§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar. 
§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada, poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência com o filho. 
§ 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade (grifo nosso).
Apesar da intenção de aplicar a modalidade da guarda compartilhada como regra, o parágrafo 2º do artigo 1.584, ao colocar a expressão “sempre que possível” em seu texto, na hipótese de não haver acordo entre os pais, gerou a interpretação de que havendo dissenso, não existiria a possibilidade de aplicação da guarda compartilhada.
Durante esse período, as decisões relacionadas a esse tema, na maioria das vezes em que os pais não se entendiam, eram determinadas pela guarda unilateral.
2.2.1 Divórcio consensual
Em diversas vezes, casamentos de alguns meses ou de muitos anos simplesmente passam a não funcionar mais, e a solução que o casal encontra é se separar. Em diversos casos não há necessidade de divórcio litigioso, e o divórcio consensual é aceito por ambas as partes. 
Esse tipo de divórcio ocorre quando os dois membros do casal decidem se separar amigavelmente, sem brigas ou desacordos. É diferente do divórcio litigioso, que é aquela separação não amigável, e será conceituado no tópico seguinte. 
Com a nova Lei do Divórcio (Lei nº 11.441/07), o procedimento para a separação amigável é simples: basta que os ex conjugues compareçam direto no Cartório de Notas, caso decida não utilizar a Justiça Comum, e oficialize o requerimento. Porém a nova lei não dispensa a assistência de um advogado. As partes podem comparecer ou com um advogado para ambos, ou cada um com o seu advogado. Isso é necessário para que haja total ciência das partes sobre o que está sendo acordado na separação e não ocorra nenhum problema judicial após a mesma.
Dentro do divórcio consensual, há o divórcio direto, que é aquele em que os cônjuges não tenham ainda se separados judicialmente em alguma ocasião anterior. Para que o ex-casal possa realizar o divórcio direto consensual os dois devem comprovar na justiça ou no cartório que estão separados de fato há mais de dois anos, prova essa que pode ser documental ou testemunhal, ou seja, provas de que habitam residências diferentes com comprovantes, testemunhas, e outros.
De acordo com essa nova lei, a separação e o divórcio consensual poderão ser realizados por Escritura Pública, desde que o casal não tenha filhos menores de idade ou então portadores de alguma deficiência.
É importante ressaltar que, caso o término do casamento se dê de forma consensual, caberá aos pais decidirem sobre a guarda do menor, sempre com o intuito de preservar o melhor interesse da criança ou adolescente, assim caberá ao juiz apenas homologar tal acordo.
Porém, ocorrendo circunstancias que comprovem que a medida não condiz com o que foi acordado, poderá o juiz alterar o regime de guarda, ou seja, caso o juiz não entenda que os pais não priorizaram o melhor interesse do menor, o magistrado poderá decidir de forma diversa da acordada entre os pais, optando pelo outro genitor ou por terceiro. Tudo isso pelo fato de que deve prevalecer o interesse do menor. 
2.1.2. Divórcio litigioso
O Divórcio Litigioso ocorre quando a conflitos na relação, geralmente quando um casal discorda sobre uma ou algumas questões pertinentes ao divórcio, como partilha de bens, pensão, guarda de filhos, ou ainda por uma das partes não querer o divórcio. 
É um processo judicial e é decidido por um Juiz de Direito. Como todo processo judicial haverá autor (quem pede o divórcio) e réu (contra quem é pedido o divórcio) e cada um terá um advogado próprio que poderá ser particular ou da defensoria pública.
Com isso, inicia-se o processo de disputa pela guarda dos filhos, onde o caso fica mais complicado. 
Pais em conflito constante, não cooperativos, sem diálogo, insatisfeitos, que agem em paralelo e sabotam um ao outro contaminam o tipo de educação que proporcionam a seus filhos e, nesses casos, os arranjos de guarda compartilhada podem ser muito lesivos aos mesmos. Para essas famílias, destroçadas, deve-se optar pela guarda única e deferi-la ao genitor menos contestador e mais disposto a dar ao outro o direito amplo de visitas. (FILHO, 2000, p. 49). 
No que se refere a essa tipologia, o juiz decidirá a guarda dos filhos menores à aquele que revelar melhores condições para tal exercício, sempre pondo à frente o interesse do menor. Porém, poderá decidir até mesmo pelo compartilhamento da guarda, se ambos os genitores demonstrarem condições para tal. 
2.3 ASPECTOS DA GUARDA
Para que a guarda compartilhada tenha uma maior receptividade e uma aplicação perfeita ao ser utilizada, deve-se observar a análise dos aspectos positivos e negativos, que devem ser analisados e ponderados, no caso concreto, como uma nova adaptaçãoaos membros da família dissociada, para que cada um tenha consciência dos direitos e deveres.
2.3.1 Aspectos positivos
O aspecto positivo da guarda compartilhada é visto como o beneficio que a criança ou o adolescente pode ter com a participação de ambos os pais na sua formação moral, social e psicológica, levando em conta que esse modelo possibilita uma igualdade entre os genitores em relação às decisões que envolvam os filhos menores, bem como procura evitar o afastamento e a ruptura dos laços afetivos com os filhos. 
Para os insensíveis, que usam a venda da justiça para encobrirem o sofrimento alheio, falar em guarda compartilhada significa que a criança ficará ‘pulando’ de um lado para outro sem referência de sua residência Compartilhar a guarda é mais do que dividir residência. Guarda compartilhada é garantir à criança o pai e a mãe presentes em sua vida. Não existe no conceito da guarda compartilhada a divisão de residência. Na verdade como os dois são responsáveis pelos filhos, não haverá impedimento para a fixação da residência com um ou outro. Esta opção é feita pelos pais conforme o interesse e a possibilidade da divisibilidade do tempo de convivência que cada um pode dispor para a criança. (DIAS, 2004, p. 01).
Os aspectos positivos que geram em torno dessa modalidade de guarda destacam-se os de maiores relevância: maior responsabilidade dos genitores ao atendimento das necessidades dos filhos, maior interação do pai e da mãe no desenvolvimento físico e mental das crianças e o menos atrito entre os ex-cônjuges, pois deverão, em conjunto, atender as necessidades dos filhos por um caminho de cooperação mútua.
Há uma grande corrente doutrinária que entende ser a guarda compartilhada uma modalidade mais saudável que a guarda unilateral, pois possui a presença dos pais, cada uma na sua função em iguais condições, e a não igualdade de tempo da ensejo a um equilíbrio emocional aos filhos. Essa corrente entende que a criança ou o adolescente que cresce sem a presença de um dos pais, possui grandes chances de terem uma gravidez precoce, de se envolver com drogas, etc. 
A guarda compartilhada, em um ambiente totalmente desestruturado da entidade familiar, pode trazer benefícios não somente a crianças e adolescente, mas também aos adultos advindos desta relação, na estrutura social, profissional e familiar, já que a vida social do ex casal também deve ser levado em consideração.
2.3.2 Aspectos negativos
Embora grande parte dos doutrinadores sejam favoráveis a essa modalidade de guarda, há aqueles que discordam com fundamentos bastante dignos. 
Dela discordo por conhecer na prática, casos ruinosos para os menores objetos de sua convenção consensual dos genitores. Comprovadamente ela se revela negativa para a segurança biopsicossocial dos filhos, na medida em que eles acabam sendo usados no jogo dos interesses dos pais. (GONTIJO, 2004, p. 03).
Nesse sentido, a guarda compartilhada não se recomendaria nos casos onde um dos pais apresentarem distúrbios ou vícios, que possam colocar em risco a vida do menor, devendo, nesse caso, a guarda ser favorável ao genitor que tivesse condições de criar o filho em um ambiente saudável. Ainda assim, não se recomendaria na existência de conflito entre os genitores que não cooperam entre si, que estão insatisfeitos que agem de forma individual se colocando sempre em contrário às opiniões do outro genitor, sendo cabível nesses casos a aplicação da guarda única.
Ainda mencionam como argumentos contrários à guarda compartilhada, a insegurança causada na criança por decorrência da alternância de lares, que pode acarretar confusão mental no menor, pela falta de referencia de lares. 
Insta salientar que poderia ocorrer que os pais, como guardiães conjuntos, praticarem, isoladamente, atos da vida civil como representantes do filho e, não havendo concordância em relação aos atos praticados, novas batalhas judiciais ocorrerem, renovando-se uma situação traumatizante que poderia ter sido definida quando da separação ou divórcio.
2.3.3 Aspectos psicológicos
A família pode ser definida como o elemento mediador essencial para disciplinar, orientar e influenciar tanto na formação social, quanto psicológicas dos indivíduos que a integram. É no processo da convivência que a família se constitui efetivamente como um grupo. 
Como já citado anteriormente, entende-se que o número de divórcios e separações vem crescendo significativamente, desfazendo lares e criando novas configurações familiares, e consequentemente, mais crianças precisam conviver com a ruptura familiar. 
Sendo assim, torna-se importante ressaltar que a criança possui saúde mental conforme o ambiente em que vive. Portanto, se conviver diretamente com os conflitos do litigio e da disputa da guarda, estará correndo o risco de ter problemas de ajustamento emocional e comportamental, devido aos danos psicológicos sofridos. 
O contato afetivo da criança com os pais favorecerá o entendimento do que “é pai”. É através dessa imagem que o menor irá entender e delimitar os papeis de cada um dos genitores, estabelecendo os vínculos afetivos que farão parte de sua estrutura psicológica. 
Por essa razão, a separação entre os pais e o consequente afastamento dos conjugues influenciam diretamente na estrutura psicológica dos filhos, podendo vir a afetar de forma negativa ou não, o desenvolvimento psíquico do menor. Tudo dependerá de como se deu essa separação, e de como sua vida passou a ser após ela. 
Sendo assim, compartilhar a guarda dos filhos é a tradução mais fiel do que se possa entender por poder familiar.
2.4. OS DIFERENTES TIPOS DE GUARDA NO BRASIL
	
O Poder Familiar, ou seja, o conjunto de obrigações e deveres atribuídos aos pais, no que se refere aos filhos menores e aos seus bens, é sempre compartilhado entre ambos (pai e mãe), protegendo filhos havidos fora do casamento ou durante a união estável, pois todos os filhos possuem direitos iguais. 
Quando da separação ou divórcio, os filhos menores necessitam de proteção ainda maior, sendo necessário que seja regulamentada a guarda, que irá atribuir ao pai ou à mãe uma maior carga de responsabilidades, a depender da guarda estipulada.
 O Direito brasileiro possui duas modalidades de guarda, quais sejam, a guarda unilateral e a guarda compartilhada. (CÓIS, 02 de 2017).
2.4.1 Guarda unilateral
Nesta modalidade a guarda é atribuída a apenas um dos genitores, ou seja, ou o pai ou a mãe terá a guarda da criança, sendo estabelecido um regime de visitas ao outro genitor. Será concedida a guarda àquele que possuir as melhores condições de exercê-la.
IMPORTANTE: Isto não quer dizer que apenas o genitor que possua a melhor condição financeira conseguirá obter a guarda. Será ela concedida àquele que tiver condições de prestar assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, o que vai muito além do quesito financeiro.
 Afeto é essencial e vale mais do que qualquer quantia monetária. Esta modalidade de guarda não é recomendada e sua aplicação ocorre apenas em caráter excepcional, se devidamente comprovada a sua necessidade. . (CÓIS, 02 de 2017)
4.2.2 Guarda compartilhada 
É a modalidade de guarda que geralmente aplica-se nos dias atuais, tendo tornado-se a regra. A guarda compartilhada garante aos pais uma maior convivência com os filhos, que estarão em situação de igualdade, possuindo os mesmos direitos e os mesmos deveres para com seus filhos.
​Este plano de guarda divide a responsabilidade legal pela tomada de todas as decisões importantes que afetam a vida dos filhos menores. 
Assim, é preciso entender que todas as decisões que trazem determinado impacto na vida do filho, deverão passar pelo crivo do outro genitor. Como exemplos, citem-se os seguintes casos: A mãe quer trocar a escola do filho. O pai deverá ter sua opinião considerada.
 O pai quer inscrever o filho em aulas de natação. A opinião da mãe deverá ser considerada.
 A mãe quer trocar o pediatra do filho. O pai deverá ser ouvido quanto a isto também.
Como se pode notar, para que estetipo de guarda funcione, é essencial que haja um bom diálogo entre os pais. É preciso, portanto, prezar pelo bem estar e saudável desenvolvimento da criança.
​Deste modo, entende-se que mesmo não tendo o relacionamento de seus pais mais condições de continuar, o menor ainda terá a oportunidade de ter consigo ambos os genitores a maior parte do tempo, tomando as decisões importantes de sua vida, o que torna a separação menos danosa para a criança e garantirão seu desenvolvimento pleno.
 Em outras palavras, o pai que não possuir a guarda do filho menor ainda assim participará ativamente e efetivamente na sua vida, acompanhando de perto seu crescimento. . (CÓIS, 02 de 2017)
2.5 ALIENAÇÃO PARENTAL 
A alienação parental é um processo que consiste em programar uma criança para que odeie um de seus genitores, sem justificativa. Quando presente a Síndrome da Alienação Parental, a criança dá sua própria contribuição na campanha para desmoralizar o genitor alienado. 
A alienação parental é algo que sempre existiu. Desde as famílias mais despreparadas, até aquelas que possuem situações mais favoráveis. Inicialmente sutil, o alienador procura desmerecer o outro genitor diante dos filhos. Aos poucos, vai se tornando mais ostensivo, impedindo o contato e rompendo os vínculos entre o alienado e os filhos. 
Hoje, a alienação parental é matéria da Lei nº 12.318/2010, e vem sendo amplamente discutida, tornando evidente a absurda crueldade perpetrada contra pais e filhos, na tentativa do guardião em afasta-los, como forma de punição e vingança, por se sentir abandonado por aquele que tomou a decisão de por fim à convivência conjugal, e que muitas das vezes ainda é seu objeto de amor. 
Grande parte da doutrina entende que, como a guarda geralmente é deferida às mães, são as mulheres as maiores alienadoras. Alguns comportamentos são comuns e demonstram o grau de perversidade do alienador: impedimento de visitas, omissão de fatos relevantes da vida da criança, criação de histórias pejorativas sobre o alienado, mensagens contraditórias que deixam os filhos receosos na presença do pai/mãe alienado, ameaças de abandono caso a criança goste dele e de sua companhia.
Vale ressaltar que há diferença entre a Alienação Parental e a Síndrome da Alienação Parental. Como já citado anteriormente, a Alienação Parental é o ato de induzir a criança a rejeitar o pai/mãe alvo, através de mentiras, difamações e até mesmo acusações. Por sua vez, a Síndrome de Alienação Parental é o conjunto de sintomas que a criança pode vir ou não a apresentar, decorrente dos atos de alienação parental. Assim, é importante ressaltar também que a alienação parental traz consequências à saúde física e mental das crianças.
Desta forma, a alienação parental e a síndrome da alienação parental se complementam na qual a alienação parental é o processo, a conduta do alienante em destruir a imagem do outro genitor e a implantação de realidades inverídicas na mente do menor, cuja finalidade é de retirar a convivência entre o genitor e a criança alienada. Já a síndrome da alienação parental está ligada ao resultado, às consequências emocionais e ao comportamento advindo da alienação parental desenvolvidos pela criança, em razão do processo alienador.
A relação da alienação parental tem agentes ativos e passivos, sendo que o agente passivo será o menor tutelado por um dos genitores, e o agente ativo será o genitor ou o terceiro detentor da custódia da criança considerado como alienador. O genitor que não possui a guarda também é considerado vitima da alienação parental.
 O artigo 3º da já citada lei explicita as consequências danosas às crianças e adolescentes envolvidos na dinâmica alienante, entre elas os riscos a um desenvolvimento global saudável, uma vez que seu direito à convivência com ambos os genitores é desrespeitado por um deles. Essa lei ainda prevê medidas que vão desde o acompanhamento psicológico até a aplicação de multa, ou mesmo a perda da guarda da criança a pais que estiverem alienando os filhos.
No mesmo sentido, Priscila Maria Pereira Corrêa da Fonseca explica que, embora intimamente ligadas, não há confusão entre os conceitos, sendo a alienação parental fenômeno anterior à instauração da SAP (síndrome da Alienação Parental), nos seguintes termos: 
Aquela geralmente é decorrente desta, ou seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular da custódia. A síndrome, por seu turno, diz respeito às seqüelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele alijamento (FONSECA, 2009, p. 51). 
Nesse sentido, a guarda compartilhada é o mecanismo mais eficaz para inibir a Alienação Parental no seio de um núcleo familiar, quando da ocorrência da ruptura conjugal. 
A guarda compartilhada atende ao melhor interesse dos filhos, visto que ressalta a participatividade efetiva dos pais na vida do mesmo, contribuindo assim para a saudável formação e desenvolvimento do menor, visto que de fato a função do pai e da mãe é complementar. Com o advento desta nova inovação na lei, a guarda compartilhada passa a ser a regra e a guarda unilateral a exceção, visto que se busca o melhor interesse dos filhos (GONZAGA, 2009, p. 47).
Esse modelo de guarda prioriza o melhor interesse dos filhos e a igualdade dos gêneros no exercício da parentalidade, e uma resposta mais eficaz a continuidade das relações da criança com seus dois pais na família dissociada, semelhantemente a uma família intacta. É um chamamento dos pais que vivem separados para exercerem conjuntamente a autoridade parental, como faziam na constância da união conjugal, ou de fato. 
Com a escolha da guarda compartilhada como meio de coibir a alienação parental, um dos efeitos notórios é uma segurança maior com relação à criação e crescimento dos menores, pois ao crescer com os valores morais corretos e sem os conflitos psicológicos presentes na alienação parental, a criança tem um melhor desenvolvimento, dedicando-se mais aos desafios propostos na sua formação escolar, na escolha de seu rol de amigos e sua forma de encarar os desafios da vida como um todo.
Vale ressaltar que o poder familiar fica sem isonomia quando o magistrado opta pela guarda unilateral ou outra modalidade. Nesse sentido, a guarda compartilhada assegura aos pais e filhos o direito de que a formação do caráter do melhor dependerá de ambos, já que não é rompida a afetividade entre os envolvidos, dificultando desta forma o processo alienador por parte do guardião-titular e do genitor do lado oposto da relação.
Sendo assim, pode-se concluir que a guarda compartilhada coibirá a alienação parental, que poderia ser desenvolvida naquelas outras modalidades de guarda citadas no presente trabalho, já que a convivência do filho com ambos os genitores faz com que os pais prestem atenção na criança. Ao ter essa interação, os genitores analisam a qualidade do desenvolvimento da criança, e fica de fácil detecção quando um ou o outro quer alienar o menor.
Além do que já foi exposto, é importante frisar que a alienação parental fere o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana da criança ou adolescente, infringindo a consciência de que o ser humano tem seu próprio valor.
Sendo assim, a alienação parental impossibilita que exista a convivência familiar, fator este essencial para a formação da personalidade do menor, pois ao crescer de maneira saudável e sem a quebra do vinculo afetivo, a criança se torna estável e tem em seu psicológico um referencial de pai e mãe presente e verdadeiro.
2.6 A GUARDA COMPARTILHADA NA PRÁTICA
Como já citado anteriormente, a guarda compartilhada surge da vontade que ambos os pais possuem de juntos, mesmo após a separação, continuar exercendo de forma igualitária a mesma autoridade parental de antes, dividindo as responsabilidades que sempre foram atribuídas aos dois, como faziam na constância do casamento. Esse modelo permite pais e filhos para que não ocorra o distanciamento de ambos, sendo o contato fundamentalpara o desenvolvimento moral e psicológico do menor.
Uma vez adotada a Guarda Compartilhada, cabe aos pais definir, nesse momento, a custódia física dos filhos e o regime de convivência a ser adotado, com regras bem definidas para não suscitar dúvidas futuras. Cabendo a custódia física dos filhos à um progenitor, caberá ao outro o livre acesso às crianças, conforme regras bem determinadas.
Esse tipo de guarda não priva em nenhum momento o menor da companhia de seus genitores, garantindo-lhe o acesso livre à casa de ambos sempre que quiser. Nesta modalidade não há mais a figura de um guardião e outro fiscalizador, sendo agora estes considerados como co-guardiões, pois juntos participam de forma ativa e com igualdade de tudo o que diz respeito ao melhor interesse do filho.
O direito de convivência com ambos os genitores é a principal vantagem da guarda compartilhada. O desenvolvimento social e psicológico é primordial para que as crianças cresçam num ambiente familiar de forma saudável.
Com a guarda conjunta coloca-se fim na regulamentação das visitas, uma vez que a convivência do menor terá que ser compartilhada entre o pai e a mãe, atendendo melhor a necessidade do filho, não havendo mais a exclusão do pai ou da mãe de forma tão desigual.
Outro ponto importante é que nada muda com relação a alimentos, pois a guarda compartilhada não impede a sua fixação. Os genitores são responsáveis pelo sustento da prole, mas podem ter condições econômicas diferentes, podendo ser a obrigação exigida judicialmente.
De modo geral, a doutrina majoritária entende que a guarda compartilhada contempla mais vantagens do que desvantagens. O instituto tem como objetivo, manter o exercício comum da autoridade parental, mesmo após a ruptura do laço conjugal, proporcionando a cada um dos genitores o direito de participar das decisões importantes relacionadas com a vida dos filhos.
Por outro lado, alguns autores apresentam como desvantagem o receio de que a criança ficará menos tempo ao lado da mãe, pois o contato é importante para o desenvolvimento da criança. Outra preocupação é o surgimento de conflitos entre os pais, caso não haja concordância entre ambos nas decisões, surgindo novas batalhas judiciais e causando assim, traumas que não ocorreram na época da separação ou divórcio.
Entretanto, tem-se que a guarda compartilhada é um instituto que traz grandes benefícios e visa sob todos aspectos o melhor interesse da criança, pois afasta-a de todos aqueles sentimentos de ordem psíquica que uma separação pode refletir no seu emocional, pois leva ao estreitamento dos laços de afetividade e amplia as afinidades com seus pais além de promover a visualização da continuidade de seu lar, sua rotina, como era antes do desfazimento da relação conjugal dos pais, livrando-o do estresse de constantes mudanças de casa e da tristeza que cada afastamento causa.
2.6.1 Responsabilidade civil dos pais
Como é sabido, os pais são responsáveis pela formação emocional e intelectual de seus filhos do momento do seu nascimento até a sua maioridade, quando não, por vezes, durante a vida toda.
No momento em que os pais são casados ou vivem em união estável, deve-se falar em responsabilidade civil solidária. Porém, no momento da ruptura conjugal, cessa a solidariedade da responsabilidade civil dos pais, ou seja, passa-se o encargo apenas para aquele que fica com a guarda do menor. 
Porém, no caso da guarda compartilhada, os pais continuam a dividir a responsabilidade sobre os filhos (responsabilidade solidária), ao mesmo tempo em que compartilham suas obrigações pelas decisões importantes relativas à criança. Desta forma, evita a sobrecarga dos pais e minimiza o consequente impacto da ansiedade e do estresse sobre os filhos. Em outras palavras, por mais que um dos genitores detenha a guarda material ou física do filho, ambos possuem os mesmos direitos e deveres para com o mesmo.
No instituto da Guarda Compartilhada, não interessa quem estará detendo a custódia física dos filhos, mas a efetiva partilha da responsabilidade legal sobre eles, ao mesmo tempo. Assim, ambos são responsáveis pela criação, educação, saúde e lazer dos filhos. 
Como já citado anteriormente, a convivência com ambos os pais é fundamental para a construção da identidade social e subjetiva da criança. A diferença das funções de pai e mãe é importante para a formação dos filhos, pois essas funções são complementares e não implicam na superioridade de um sobre o outro.
Aquele que não detiver a guarda física dos filhos será o responsável por uma pensão mensal a ser paga ao ex-cônjuge. Esta pensão deve ser definida de acordo com a possibilidade de cada um dos pais e a necessidade dos filhos. Ambos os pais são os responsáveis, proporcionalmente às suas rendas, ao pagamento das despesas de seus filhos.
No plano da responsabilidade civil dos pais em relação aos filhos têm-se ainda aquelas decorrentes de ações comissivas, as quais podem originar-se de uma situação de abuso do poder familiar ou de má gestão dos bens do menor, podendo inclusive o pai que praticou tais atos perder o poder familiar sobre seu filho. Assim, para serem responsabilizados pelos atos de seus filhos não basta aos pais deterem o poder familiar, mas também que estejam em companhia de seus filhos, ou seja, que detenham sua guarda.
Os pais, tutores ou curadores, respondem pelos danos causados pelos que estiverem sob sua Guarda, independente de culpa. A responsabilidade do pai, do mesmo modo que a do tutor e a do curador deriva das funções por eles exercidas, haja vista que sua responsabilidade está baseada na culpa in vigilando, que decorre da falta de atenção ou cuidado com o procedimento de outrem que está sob a Guarda ou responsabilidade do agente.
Portanto, não só ambos os pais têm o direito de conviverem com seus filhos, como também de se responsabilizarem igualmente pelos mesmos, e que tal convivência é fundamental para a construção da identidade social e subjetiva das crianças.
2.6.2 Mudança de domicílio
A guarda compartilhada é uma solução que incentiva ambos os genitores a participarem igualitariamente da convivência e da responsabilidade do menor. Em se falando nesse instituto, deve ser observada a mudança de domicilio do genitor com quem se encontra o menor. 
No caso de pais que residem em cidades diferentes, pode-se adotar o sistema de guarda alternada, que já foi conceituada anteriormente. Porém, esse instituto deve ser indicado por uma equipe técnica, ou então, ser compensado o afastamento com a estadia da criança durante as férias escolares em período integral na residência do genitor afastado. 
Nesse caso, faz-se altamente útil e necessário a intervenção de uma equipe formada por assistentes sociais e psicólogos, bem como a intervenção de um mediador, na hipótese de resistência de um dos pais, possibilitando que os arranjos atendam aos interesses da família e as peculiaridades do caso concreto, garantindo ao menor seu bem estar e o direito à convivência familiar. 
Em que pese a mudança para outro município, estado ou país do genitor a quem se tenha atribuído o direito de guarda, decorre um grande problema, pois dela pode advir, mesmo que temporariamente, restrição, suspensão ou mesmo supressão das visitas, deve ser indispensável a anuência do outro genitor, ressalvado ao juiz o direito de conceder autorização, desde que ocorram motivos especiais. Esse tipo de mudança se dará apenas se estiver ligado ao interesse dos filhos, o qual deve ser sempre protegido. É necessário que haja a autorização do outro genitor ou suprimento dessa outorga pelo juiz. 
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990), em seu art. 84, a autorização de ambos os pais só é necessária em caso de viagem ao exterior:
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:
I – estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
II – viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firmareconhecida.
A Lei de Combate à Alienação Parental em seu artigo 2.º, parágrafo único, VII, prevê que:
Parágrafo único: São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: (...)
VII – mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
É importante salientar que, em decorrência da interpretação do que foi exposto acima, a pessoa eventualmente detentora da guarda unilateral não está peremptoriamente proibida de mudar seu domicílio para outra cidade com os menores, se tal mudança for satisfatoriamente justificada (oportunidade de emprego; proximidade com local de tratamento, em caso de doença grave etc.).
Somente deve ser repelida, se necessário até com a inversão da guarda, a mudança de domicílio injustificada e/ou com objetivo de prejudicar o contato do filho comum com o genitor que não possui a guarda, com familiares deste e/ou com os avós. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar.
2.6.3 O dever de alimentar
Em nossa sociedade atual é muito comum que pai e mãe disputam a guarda do filho. Nesses casos, em regra, o juiz concede a guarda a um deles, e ao outro, sobra apenas o direito a visitas em dias, hora e local marcados. Geralmente cabe ao pai/mãe que não ficou com a guarda do filho o dever de pagar a pensão alimentícia. Esse dever origina-se do dever natural dos pais de educar e prover a subsistência de seus filhos. 
Para Cahali (2002, p. 715) “o dever de sustento diz respeito, ao filho menor, e vincula-se ao poder familiar; cessando o poder familiar, pela maioridade ou pela emancipação, cessa consequentemente o dever em questão”. 
A desunião dos pais põe termo aos deveres conjugais da coabitação, da fidelidade e do regime de bens, somente, não, porém, aos deveres decorrentes do exercício do poder familiar. Esses deveres e obrigações dos pais em relação aos filhos comuns, não se modificam ou se alteram com a separação dos genitores, nem mesmo com a nova união que venham a experimentar. 
O dever de alimentar não extingue ou é mitigado tão somente pela adoção da guarda compartilhada. Ela não dispensa, não faz desaparecer e nem cessar a obrigação alimentar. Para a manutenção dos filhos, independentemente de permanecerem juntos ou não, ambos devem contribuir na proporção de seus haveres e recursos. O critério fundamental é o atinente ao princípio do melhor interesse da criança ou do adolescente e a concreção desse princípio é alcançada com a participação conjunta e igualitária dos pais na formação dos filhos comuns. Portanto, é equivocada a ideia de que a obrigação de sustento, guarda e educação dos filhos menores de idade deixa de existir na guarda compartilhada, pois a responsabilidade parental não se esvazia. Por isso, não há dispensa ou exoneração da obrigação alimentar.
A guarda compartilhada não impede a fixação de alimentos, até porque nem sempre os genitores gozam das mesmas condições econômicas. Muitas vezes não há alternância da guarda física do filho, e a não cooperação do outro pode onerar sobremaneira o genitor guardião. Como as despesas do filho devem ser divididas entre ambos os pais, a obrigação pode ser exigida de um delas pela via judicial. Não há peculiaridades técnico-jurídicas dignas de maior exame em matéria alimentar na guarda compartilhada, aplicando-se os mesmos. 
Para fixação dos alimentos na guarda compartilhada há que se levar em conta o binômio necessidade/ possibilidade do alimentado e do alimentante. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial, ou seja, aquele que tem necessidade terá ajuda do outro cônjuge dentro das suas possibilidades, não importando qual modelo de guarda adotado.
Ainda convém lembrar que há possibilidade da redução da verba alimentar em havendo igualdade de condições econômicas/financeiras dos genitores, se cada um deles estiver na guarda compartilhada de filhos em comum.
2.6.4 O direito de visitas
É direito dos filhos menores receberem a visita de seus pais, bem como também é um direito dos pais em relação aos filhos. A criança precisa ter uma convivência estreita com os dois genitores para ter um desenvolvimento saudável, e esta ampla convivência deve ser regulada com a guarda compartilhada ou com a regulamentação de visitas, ou seja, em qualquer modalidade de guarda compartilhada é possível resguardar uma convivência ampla da criança com os dois genitores.
 A guarda compartilhada visa uma convivência do filho com ambos o pais, entretanto, há criticas à alternância de residências. Deste modo, o genitor não residente, ou seja, aquele que não possui a guarda física, tem o direito de visitas e convivência com o filho, sem um regime de visitas rígido, respeitando, é claro, a privacidade de cada ex-cônjuge.
 Porém, não deixa de ser um direito dos pais a visita aos filhos. O pai ou a mãe cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação.
As visitas podem se dar através de curtos períodos de tempo, envolver pernoites ou até mesmo uma estadia mais longa, como é comum nos períodos de férias escolares e festas de final de ano. Extremamente importante que o regime de visitas seja bem detalhado, em especial, quando há conflito entre os genitores, evitando-se, assim, dúvidas e constrangimentos capazes de gerar novos desacertos. 
Não há prévia determinação legal sobre a forma de fixar as visitas. O tempo reservado a elas deve ser estabelecido conforme as possibilidades dos pais e filhos que a exercem, observando-se, sempre, que a visita constitui muito mais um direito do filho e um dever dos pais.
2.6.5 Penalidades ao guardião
Em que pese a guarda compartilhada ser adotada objetivando o bem estar da criança, e inclusive atendendo a diversos princípios constitucionais, destacando-se aqui o da igualdade, o da dignidade da pessoa humana, o código civil traz penalidades ao genitor que por motivo injustificado descumpre o acordo da guarda compartilhada.
A maior crítica que se pode fazer à esse dispositivo é de que quem na verdade é penalizado, é o menor, e não o genitor que descumpri o acordo. Há pais que, após a separação, pouco a pouco vão negligenciando no cumprimento das cláusulas que foram estabelecidas por ocasião do estabelecimento da guarda dos filhos. 
A constituição de nova família, a vinda de outros filhos, a mudança de residência para outra cidade, são alguns dos fatores que podem interferir e favorecer o descumprimento do acordo, com evidentes prejuízos ao filho que se vê impotente diante da negligência paterna ou materna.
Desta forma, importante atentar ao real destinatário da penalidade a ser imposta pelo descumprimento de uma obrigação no âmbito familiar. A solução apresentada pela nova lei para o enfrentamento da negligência paterna, em última análise, serve mais ao interesse do adulto do que da criança, desprezando a possibilidade de valer-se das Medidas Aplicadas aos Pais, previstas no artigo 129 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Alguns autores chegam a dizer que esse dispositivo é inconstitucional, exceto nos casos em que as penalidades são aplicadas nos casos de maus tratos. Fato por exemplo de diminuir o tempo de permanência do genitor com o filho, não penaliza o pai e sim a criança.
2.7 MUDANÇAS TRAZIDAS COM A LEI 13.058/2014
Foi recepcionada no ordenamento jurídico, a Lei 13.058/2014 colocando fim a uma brecha exposta na legislação anteriormente, onde muitos juristas,doutrinadores e a própria jurisprudência apresentava um entendimento adverso daquele que a Lei 11.698/2008 se dispunha a colocar.
A guarda compartilhada veio para terminar com as regras ditas conservadoras que estão soltas na sociedade afirmando que: somente a mãe possui a capacidade de cuidar do filho quando ocorre a separação, colocando em discussão as importantes contribuições que um pai pode dar ao seu filho no decorrer de sua existência.
A Lei anterior, apesar de objetivar a implantação da guarda compartilhada como regra que vai desde o seu nascimento e fazendo uma mudança nos padrões de tomadas de decisões tomadas pelos magistrados, estabelecendo na grande maioria das vezes, a guarda unilateral.
A legislação necessitava passar por uma transformação, uma vez que a sociedade também se transformava, o problema ocorreu que a mudança não atingiu o seu objetivo e as decisões tomadas com relação a esse assunto continuavam sendo tratadas da mesma forma.
A Lei 11.698/2008 ainda deixou uma brecha para que se pudesse ocorrer à interpretação subjetiva, abrindo as portas para o conservadorismo das decisões.
Lei 13.058/2014 fez com que essa situação fosse mudada, buscando estabelecer critérios amplamente objetivos em sua aplicação, não restando dúvidas e nem margens para outros tipos de interpretações.
2.7.2 Questionamentos À Lei 13.058/2014
Por ter completado, recentemente, um ano de existência no ordenamento jurídico, a Lei 13.058/2014, apesar de ser muito importante, ainda gera dúvidas quanto ao seu conteúdo. Alguns doutrinadores veem com bons olhos as mudanças trazidas pela lei, outros como Pablo Stolze não compartilha com as alterações. Stolze acredita que não se deve aplicar a guarda compartilhada nos casos em que não ocorre acordo por parte dos genitores.
Veja como é o entendimento de Stolze sobre o tema relacionado[footnoteRef:7]: [7: GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: direito de família. V. 6. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 614. ] 
Na guarda compartilhada o casal, conjuntamente, decide e conduz o dia a dia dos filhos, em todos os seus aspectos.
Ora, há casais que, infelizmente, dividem apenas ódio e ressentimento, não partilhando uma única palavra entre si. Como, então, nestas situações, compartilhar a guarda de uma criança?
O resultado disso poderá ser o agravamento do dano psicológico, e existencial, experimentado pelo menor, que já sofre pela desconstrução do seu núcleo familiar.
Analisando nesse prisma, Stolze, de uma certa forma, deixa o exercício da prerrogativa nas mãos de apenas um genitor, pois fica claro que se qualquer um dos pais, com o objetivo de ficar com a guarda unilateral, declarar que não tem um bom relacionamento com o outro genitor, conseguirá obter sucesso na sua pretensão, sendo que a Lei 13.058/2014 veio justamente para acabar com essa situação.
Nesse sentido, observa-se o Recurso Especial n. 1.428.596 do Rio Grande do Sul, de relatoria da Ministra Nancy Andrigui, 3ª turma, julgado em 25/06/2014, em que vai contra o entendimento de Stolze:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA COMPARTILHADA. CONSENSO. NECESSIDADE. ALTERNÂNCIA DE RESIDÊNCIA DO MENOR. POSSIBILIDADE. 
1. A guarda compartilhada busca a plena proteção do melhor interesse dos filhos, pois reflete, com muito mais acuidade, a realidade da organização social atual que caminha para o fim das rígidas divisões de papéis sociais definidas pelo gênero dos pais. 
2. A guarda compartilhada é o ideal a ser buscado no exercício do Poder Familiar entre pais separados, mesmo que demandem deles reestruturações, concessões e adequações diversas, para que seus filhos possam usufruir, durante sua formação, do ideal psicológico de duplo referencial. 
3. Apesar de a separação ou do divórcio usualmente coincidirem com o ápice do distanciamento do antigo casal e com a maior evidenciação das diferenças existentes, o melhor interesse do menor, ainda assim, dita a aplicação da guarda compartilhada como regra, mesmo na hipótese de ausência de consenso. 
4. A inviabilidade da guarda compartilhada, por ausência de consenso, faria prevalecer o exercício de uma potestade inexistente por um dos pais. E diz-se inexistente, porque contrária ao escopo do Poder Familiar que existe para a proteção da prole. 
5. A imposição judicial das atribuições de cada um dos pais, e o período de convivência da criança sob guarda compartilhada, quando não houver consenso, é medida extrema, porém necessária à implementação dessa nova visão, para que não se faça do texto legal, letra morta. 
6. A guarda compartilhada deve ser tida como regra, e a custódia física conjunta - sempre que possível - como sua efetiva expressão. 
7. Recurso especial provido. 
[...] 
Talvez tenhamos que começar a olhar com mais atenção para os países de sangue frio, nos quais a guarda compartilhada é imposta independentemente da resistência ou contrariedade da concordância do outro genitor, no comum das vezes representado pela mãe, que vê no pai inimigo e coloca toda sorte de obstáculos para o estabelecimento de uma custódia repartida da prole. A continuidade do convívio da criança com ambos os pais é indispensável para o saudável desenvolvimento psicoemocional da criança, constituindo-se a guarda responsável em um direito fundamental dos filhos menores e incapazes, que não pode ficar ao livre, insano e injustificado arbítrio de pais disfuncionais. A súbita e indesejada perda do convívio com os filhos não pode depender exclusivamente da decisão ou do conforto psicológico do genitor guardião, deslembrando-se que qualquer modalidade de guarda tem como escopo o interesse dos filhos e não o conforto ou a satisfação de um dos pias que fica com este poderoso poder de veto. 
[...] 
Forte em tais razões, DOU PROVIMENTO ao recurso especial para, reformando o acórdão, considerar possível a implementação da guarda compartilhada, mesmo na ausência de consenso entre os pais. (grifo nosso).[footnoteRef:8] [8: MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p.43.] 
Partindo do mesmo entendimento do Recurso Especial, Liane Maria Busnello Thomé vê com bons olhos as mudanças trazidas pela Lei e defende a ideia de que a família brasileira já está apta para essa nova forma de arranjo parental como regra geral, independentemente de consenso e que cabe a todos que militam na vertente das relações familiares inaugurar essas mudanças de paradigma de forma a valorizar o interesse primordial da família e sua finalidade de acolhimento e proteção a cada um de seus membros, de forma singular e prioritária, pois os filhos desejam o convívio diário e permanente com seus pais, mesmo após a separação, e os pais desejam a proximidade intensa e direta no desenvolvimento dos filhos.[footnoteRef:9] [9: THOMÉ, Liane Maria Busnello. Guarda compartilhada decretada pelo juízo sem o consenso dos pais. Revista d Instituto de Direito Brasileiro, Lisboa, n. 14, p. 17637-17663, 2013. ] 
Maria Berenice Dias não pactua com o entendimento de Stolze e acredita que a nova lei veio em boa hora para estabelecer a responsabilidade conjunta dos genitores. Veja-se:[footnoteRef:10] [10: DIAS, Maria Berenice. Guarda compartilhada, uma novidade bem-vinda. Disponível em: <http://www.mariaberenice.com.br/uploads/1_-_guarda_compartilhada%2C_uma_novidade_bem-vinda.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2015.] 
Historicamente os filhos ficavam sob a guarda materna, por absoluta incompetência dos homens de desempenhar as funções de maternagem. Sempre foi proibido aos meninos brincar de boneca, entrar na cozinha. Claro que não tinham como adquirir qualquer habilidade para cuidar dos filhos. Assim, mais do que natural que essas tarefas fossem desempenhadas exclusivamente pelas mães: quem pariu que embale! Quando da separação, os filhos só podiam ficar com a mãe. Até a lei dizia isso. Agora houve uma profunda alteração. Em boa hora vem nova normatização legal que assegura a ambos os genitores a responsabilidadeconjunta, conferindo-lhes de forma igualitária o exercício dos direitos e deveres concernentes à autoridade parental. Não mais se limita o não guardião a fiscalizar a manutenção e educação do filho quando na guarda do outro (CC 1.589). Ambos os pais persistem com todo o complexo de ônus que decorrem do poder familiar, sujeitando-se à pena de multa se agirem dolosa ou culposamente (ECA 249). Deixa a lei de priorizar a guarda individual. Além de definir o que é guarda unilateral e guarda compartilhada (CC 1.583, § 1º), dá preferência pelo compartilhamento (CC 1.584, § 2º), por garantir maior participação de ambos os pais no crescimento e desenvolvimento da prole. O novo modelo de coresponsabilidade é um avanço, pois favorece o desenvolvimento das crianças com menos traumas, propiciando a continuidade da relação dos filhos com seus dois genitores e retirando da guarda a ideia de posse. Tem o juiz o dever informar aos pais sobre o significado da guarda compartilhada: mais prerrogativas a ambos, fazendo com que estejam presentes de forma mais intensa na vida dos filhos. A finalidade é consagrar o direito da criança. A guarda conjunta garante, de forma efetiva, a permanência da vinculação mais estrita de ambos os pais na formação e educação do filho, que a simples visitação não dá espaço. O compartilhar da guarda dos filhos é o reflexo mais fiel do que se entende por poder familiar. A participação no processo de desenvolvimento integral dos filhos leva à pluralização das responsabilidades, estabelecendo verdadeira democratização de sentimentos. Com a nova lei vai correr verdadeira mudança do paradigma jurídico. A guarda compartilhada pode ser fixada por consenso ou por determinação judicial (CC 1.583, § 4º). Caso não estipulada na ação de separação, divórcio ou dissolução da união estável, há a possibilidade de ser buscada em demanda autônoma. Também pode ser requerida por qualquer dos pais em ação própria (CC 1.584, I). Caso um dos genitores não aceite, deve o juiz determiná-la de ofício ou a requerimento do Ministério Público. Mesmo que tenham os pais definido a guarda unilateral, há a possibilidade de um deles pleitear a alteração. Mesmo se ambos os pais discordarem, o juiz pode impor com o compartilhamento, contanto que tenha por comprovado sua viabilidade.
Stolze, em seu livro, observa que a Lei 13.058/2014, ao invés de tratar sobre guarda compartilhada, estabeleceu critérios de guarda alternada, como pode-se ver no trecho a seguir:
Ademais, a leitura da justificativa do Projeto sugere que, em verdade, o legislador, posto estivesse cuidando da guarda compartilhada, pretendeu tratar da “guarda alternada”, modelo diverso de custódia, em que os pais revezam períodos exclusivos em companhia do menor.[footnoteRef:11] [11: RASIL, 2014, op. cit.] 
O parágrafo 2º do artigo 1.583 da nova regra estabelece que: “1.583. Parág. 2º: Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos”.[footnoteRef:12] [12: Ibidem.] 
O sentido que a redação desse artigo traz, não estabelece a divisão idêntica de dias que o genitor terá com seu filho, confundindo-se com a guarda alternada, mas determina uma participação e convivência com a criança de uma forma mais frequente, sem estipular as visitas quinzenalmente.
Mesmo assim, pode-se observar que a jurisprudência, em alguns casos, compartilha com o entendimento de Stolze e continua rejeitando a ampliação da possibilidade de convivência com a criança, com a justificativa de que havendo litigiosidade entre os genitores, é impossível estabelecer a prerrogativa. Veja-se:[footnoteRef:13] [13: BRASÍLIA. APC 20130110756488. Disponível em: <http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/257171997/apelacao-civel-apc-20130110756488?ref=topic_feed>. Acesso em: 10 dez. 2015.] 
APELAÇÃO. AÇÃO DE GUARDA. UNILATERAL. COMPARTILHADA. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS. BEM-ESTAR DO MENOR. I – Dispensável a dilação probatória, pois o processo está devidamente instruído com as provas necessárias ao julgamento da lide. Rejeitada preliminar de nulidade do processo. II - A guarda compartilhada, após as alterações nos arts. 1.583, 1.584 e 1.585 do Código Civil efetivadas pela Lei 13.058/14, deve ser a regra e o ideal a ser alcançado, no entanto a custódia física conjunta dos genitores não pode ser deferida em detrimento do melhor interesse da criança. III - A guarda compartilhada pressupõe a divisão de responsabilidades dos genitores quanto às decisões referentes ao filho, o que se torna impossível quando os pais vivem em constante litigiosidade e não possuem diálogo saudável. Reformada a r. sentença que fixou a guarda compartilhada para concedê-la de forma unilateral à mãe. IV – A ampliação do regime de visitas postulada pelo pai impõe um ônus excessivo sobre o filho, exigindo que ele esteja permanentemente em mudança de casa, o que geraria uma rotina cansativa, irrazoável e confusa. Mantida a regulamentação da r. sentença, que prestigiou o bem-estar da criança. V – Apelação da autora-genitora parcialmente provida. Apelação do réu-genitor desprovida. (TJ-DF - APC: 20130110756488, Relator: VERA ANDRIGHI, Data de Julgamento: 04/11/2015, 6ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 17/11/2015. Pág.: 239).
Diante dessa situação, em que a lei 13.058/2014, mesmo sendo clara e objetiva em suas determinações referentes à forma de aplicação da guarda compartilhada, recebe decisões dos magistrados que vão contra o seu entendimento, questiona-se se, realmente, se a lei está tendo eficácia no ordenamento.
A Juíza da 1ª Vara de Família e Sucessões de Cuiabá, Angela Gimenez se posiciona da seguinte forma sobre o assunto:[footnoteRef:14] [14: CANUTO, Luiz Cláudio; CESAR, Luciana. Lei da guarda compartilhada precisa ser esclarecida, dizem especialistas. 2015. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITO-E-JUSTICA/498692-LEI-DA-GUARDA-COMPARTILHADA-PRECISA-SER-ESCLARECIDA,-DIZEM-ESPECIALISTAS.html>. Acesso em: 10 dez. 2015.] 
Existe um preconceito em relação à importância da participação paterna. Nós temos um índice ainda muito baixo, em torno de 6,8%, de guardas compartilhadas na esfera judicial. A prospecção do IBGE para o próximo ano, que ainda não tem impacto da nova lei, porque os dados serão os de 2014, é de apenas 7,2%.
A Juíza da Terceira Vara de Família de Várzea Grande (MT), Eulice Jaqueline Cherulli, também compartilha da mesma opinião:[footnoteRef:15] “A guarda compartilhada é uma forma de pacificar essas famílias, é uma forma de estreitar laços, é uma forma de resgate de laços afetivos e é, principalmente, uma forma de se combater a alienação parental”. [15: Ibidem.] 
Ao que tudo indica, parece que a lei ainda não está sendo bem compreendida na justiça, devido a frequente resistência por parte de alguns magistrados que insistem em não aplicá-la. 
O Deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), autor do projeto que originou a lei da guarda compartilhada, lamenta que alguns juízes não saibam fazer a devida avaliação dos casos e afirma que já recebeu depoimentos de pais que voltam a conviver com seus filhos após muitos anos.[footnoteRef:16] [16: Ibidem.] 
O IBGE divulgou no dia 30/11/2015 as estatísticas relacionadas à guarda compartilhada, com os números ainda anteriores a nova lei da Guarda compartilhada, uma vez que esses dados são referentes aos períodos entre 1984 e 2014. Veja:[footnoteRef:17] [17: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Registro Civil 2014: Brasil teve 4.854 casamentos homoafetivos. 2015. Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21086250/recurso-especial-resp-1251000-mg-2011-0084897-5-stj/inteiro-teor-21086251>. Acesso em: 10 dez. 2015.] 
Guarda Compartilhada cresceu de 3,5% para 7,5% dos divórcios entre 1984 e 2014
Em toda a série das estatísticas do Registro Civil, houve predominância das mulheres na responsabilidade pela guarda dos filhos menores de idade à partir

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