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Livro HISTÓRIA E TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL

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Prévia do material em texto

HISTÓRIA E 
TEOLOGIA DA 
MISSÃO INTEGRAL
Professor Dr. Júlio Paulo Tavares Zabatiero
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; ZABATIERO, Júlio Paulo Tavares. 
História e Teologia da Missão Integral. Júlio Paulo Tavares Za-
batiero. 
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. Reimpresso em 2022.
256 p.
“Graduação - EaD”.
1. História. 2. Teologia . 3. Missão 4. EaD. I. Título.
ISBN: 978-85-459-1249-1
CDD - 22 ed. 248
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Supervisão de Produção de Conteúdo
Nádila ToledoCoordenador de Conteúdo
Roney de Carvalho
Designer Educacional
Lilian Vespa
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Ana Eliza Martins
Qualidade Textual
Talita Dias Tomé
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
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Professor Dr. Júlio Paulo Tavares Zabatiero
Possui doutorado em Teologia pela Escola Superior de Teologia (2000), 
mestrado em Teologia pela Escola Superior de Teologia (1995) e graduação em 
Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo (1980). Atualmente, é 
professor da Faculdade Teológica Sul-Americana. Dirige o ITHAVALE (Instituto 
de Teologia Humanidades e Artes do Vale do Paraíba). Tem experiência na área 
de Teologia e Ciências da Religião, atuando, principalmente, nos seguintes 
temas: exegese bíblica, judaísmo antigo, análise do discurso, teologia pública, 
sociologia da religião. 
Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/6084107335994470>. 
SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá caras e caros estudantes. Bem-vindas e bem-vindos ao nosso estudo da História e 
Teologia da Missão Integral. Esta disciplina tem um papel importante na sua formação 
teológica, já que visa apresentar o mais importante movimento missiológico e teológico 
do protestantismo brasileiro dos anos 1970 em diante. Como o nome da disciplina já 
mostra, o movimento a que me refiro é o da Missão Integral. Você terá acesso, nas Uni-
dades que compõem este curso, a uma série de conhecimentos e aspectos críticos da 
Missão Integral. Vejamos os mais importantes.
Em primeiro lugar, discutiremos os principais momentos e personagens da história do 
movimento da Missão Integral na América Latina e no Brasil. Você verá que a Fraternidad 
Teológica Latinoamericana (movimento transcontinental que abrange as três Américas) 
e seu braço brasileiro, a Fraternidade Teológica Latino-Americana Brasil, foi a principal 
organização latino-americana a propor e liderar o movimento da missão integral, segui-
da por outras organizações dos três continentes americanos.
A Missão Integral é um movimento evangelical que acredita na autoridade da Palavra de 
Deus como fonte de vida e doutrina, de modo que, após a revisão histórica, buscaremos 
conhecer a fundamentação bíblica da integralidade da missão, que dá sentido à prática 
da Missão Integral. Reino de Deus e Missão são os temas bíblicos que destacamos nesta 
Unidade. Após a reflexão exegético-teológica, passaremos a conversar sobre a funda-
mentação teológico-sistemática da Missão Integral. Igreja, Salvação e Espiritualidade 
são os três temas sistemáticos que nos ajudarão a entender porque a missão da igreja 
não pode ser parcial.
Nas duas últimas Unidades da disciplina, o nosso foco será colocado sobre a prática da 
Missão Integral. Estudaremos dez dimensões da prática missionária integral. Não enten-
do essas dimensões como uma lista completa das práticas missionárias que demons-
tram a integralidade da missão. De fato, a busca da integralidade missionária é a caracte-
rística mais importante da Missão Integral, posto que, como Igrejas, precisamos sempre 
estar abertos ao Espírito de Deus e suas liçõespara nossa vida e missão.
Caras e caros colegas, desejo que esta disciplina abençoe sua vida e ministério, e espero 
que vocês todas e todos estejam motivadas e motivados para aprender, questionar, dis-
cutir e refletir sobre os temas aqui tratados. Acima de tudo, espero que vocês assumam 
o desafio de viver integralmente a fé cristã em todas as suas dimensões.
Paz e Bênção!
APRESENTAÇÃO
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
HISTÓRIA DA TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL
15 Introdução
16 O Conceito de Missão e a Questão da Integralidade 
20 O Protestantismo Latino-Americano e a História da Missão Integral 
23 As Origens da Missão Integral – A Fraternidad Teológica Latinoamericana (FTL)
28 O Desenvolvimento da Missão Integral no Brasil 
32 História Presente e Futura da Missão Integral 
40 Considerações Finais 
46 Referências 
47 Gabarito 
UNIDADE II
TEOLOGIA BÍBLICA DA INTEGRALIDADE DA MISSÃO
51 Introdução 
52 Hermenêutica Contextual: o “Método” da Teologia da Missão Integral 
56 Reino de Deus em Êxodo e a Integralidade da Missão do Povo de Deus 
64 Reino de Deus e Missão nos Sinóticos 
73 A Missão em Atos 
88 Dimensões da Missão Integral - Escritos Paulinos 
97 Considerações Finais 
103 Referências 
104 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
TEOLOGIA BÍBLICO-SISTEMÁTICA DA INTEGRALIDADE DA MISSÃO
107 Introdução
108 A Igreja: Povo de Deus no Espírito 
115 A Igreja: Povo Carismático de Deus 
120 A Salvação Messiânica – Corporificação da Integralidade da Missão 
125 Espiritualidade – a Vivência da Integralidade da Missão 
140 A Transformação Sociopolítica e a Missão Integral 
150 Considerações Finais 
156 Referências 
157 Gabarito 
UNIDADE IV
TEOLOGIA PRÁTICA DA MISSÃO INTEGRAL
161 Introdução
162 A Dimensão Cotidiana da Vida Missionária 
173 A Dimensão Intercultural da Vida Missionária 
183 A Dimensão Evangelística da Vida Missionária 
191 A Dimensão Cultural da Vida Missionária 
193 A Dimensão Ecológica da Vida Missionária 
200 Considerações Finais 
207 Referências 
209 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
TEOLOGIA PRÁTICA DA MISSÃO INTEGRAL (2)
213 Introdução
214 A Dimensão Política da Vida Missionária 
221 A Dimensão Democrática da Vida Missionária 
225 A Dimensão Econômica da Vida Missionária 
228 A Dimensão Político-Religiosa da Vida Missionária 
236 A Dimensão Cósmico-Religiosa da Vida Missionária 
248 Considerações Finais 
254 Referências 
255 Gabarito 
256 Conclusão 
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Professor Dr. Júlio Paulo Tavares Mantovani Zabatiero
HISTÓRIA DA TEOLOGIA DA 
MISSÃO INTEGRAL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Definir integralidade da missão do Povo de Deus.
 ■ Descrever as principais características da relação entre o 
Protestantismo Brasileiro e a missão integral.
 ■ Descrever as principais características das origens da missão integral 
na América Latina de fala hispana.
 ■ Descrever as principais características das origens da missão integral 
no Brasil.
 ■ Refletir sobre os principais desafios para a missão integral no século 
XXI.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O conceito de missão e a questão da integralidade
 ■ O protestantismo latino-americano e a história da missão integral
 ■ As origens da missão integral - A Fraternidad Teológica 
Latinoamericana (FTL)
 ■ O desenvolvimento da missão integral no Brasil
 ■ História presente e futura da missão integral
INTRODUÇÃO
Olá! Bem-vindos(as) à Unidade 1 da disciplina de História e Teologia da Missão 
Integral. Nesta Unidade dedicaremos nossa atenção e esforço no estudo dos 
seguintes temas:
 ■ O conceito de missão e o tema da integralidade da missão, como uma 
resposta à prática missionária não-integral do Protestantismo no Brasil 
até os anos 1960.
 ■ A identidade do Protestantismo latino-americanos e os motivos pelos 
quais não enfatizou a integralidade da missão em sua história.
 ■ As origens da prática e da teologia da missão integral mediante a reflexão 
e o ministério dos membros da Fraternidad Teológica Latinoamericana 
a partir do final dos anos 1960.
 ■ As origens e o desenvolvimento da prática e da teologia da missão inte-
gral no Brasil, estudando três movimentos importantes: a Fraternidade 
Teológica Latino-Americana Brasil, a principal proponente desta teo-
logia. Estudaremos, também, aspectos da vida e ação do Movimento 
Evangélico Progressista, da Visão Mundial do Brasil e da Aliança Bíblica 
Universitária do Brasil.
 ■ Discutiremos algumas das principais características da missão integral 
no presente, incluindo uma breve apresentação dos conflitos doutri-
nários e políticos que a missão integral tem enfrentado no âmbito do 
Protestantismo de Missão no Brasil.
 ■ Encerraremos a nossa reflexão conversando sobre a história futura da mis-
são integral no Brasil e Américas, apresentando os principais desafios que 
a missão integral deve enfrentar nos próximos anos.
O objetivo desta Unidade é destacar a importância da integralidade da missão. A 
Teologia da Missão Integral não é o mais importante. Como teologia, ela é uma 
resposta ao desafio espiritual e missionário que a Igreja deve enfrentar a cada 
geração. Em nosso caso, é a integralidade da missão que é mais importante. Esta 
disciplina não visa convencer você a ser adepto da Teologia da Missão Integral, 
mas a ser um praticante da integralidade da espiritualidade e da missão em sua 
vida e ministério.
Introdução
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Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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O CONCEITO DE MISSÃO E A QUESTÃO DA 
INTEGRALIDADE
Olá caro(a) aluno(a)! Bem-vindo(a) a nossa disciplina de história e teologia da 
missão integral. Espero que o conteúdo estudado aqui seja útil e abençoador para 
você. “Missão Integral” é, principalmente, uma prática, uma atitude em relação 
à ação da Igreja no mundo. Aprender teologia da missão integral implica em 
assumir o compromisso com a integralidade da missão, mesmo que tenhamos 
diferentes visões teológicas sobre a missão propriamente dita. Aproveite bem as 
discussões aqui propostas. Deus abençoe você.
Vamos direto ao ponto: por que missão integral? Porque a teologia e a prática 
missionária das igrejas protestantes e evangélicas no Brasil e América Latina, ao 
longo dos pouco mais de cem anos de existência das mesmas, foram predomi-
nantemente parciais ou unilaterais. Para entender essa parcialidade, precisamos 
conversar um pouco sobre a implantação do Protestantismo no Brasil. No início 
do século XIX, chegaram os primeiros imigrantes protestantes ao Brasil: primei-
ramente ingleses (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil) e, depois, alemães (Igreja 
Evangélica de confissão Luterana no Brasil). Em função de: (a) as leis do período 
O Conceito de Missão e a Questão da Integralidade
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em que chegaram, quando o Catolicismo ainda era a religião oficial do Estado 
brasileiro, essas igrejas não podiam divulgar publicamente a sua fé; e (b) do cará-
ter relativamente “fechado” de comunidades imigrantes nos primórdios de sua 
instalação em uma nova região – essas igrejas não desenvolveram uma prática 
“missionária” propriamente dita (a prática missionária dessas igrejas começou 
a ser realizada na segunda metade do século XX). Essas igrejas formaram o que 
se convencionou chamar de Protestantismo de Imigração.
No final do século XIX chegaram ao Brasil os primeiros missionários con-
gregacionais (ingleses), batistas, metodistas e presbiterianos (norte-americanos) e 
começaram a pregar, publicamente, o Evangelho e buscar a conversão de brasilei-
ras e brasileiros(quase todos os brasileiros na época eram católico-romanos). Esses 
missionários não só pregavam o Evangelho e distribuem Bíblias, mas também cos-
tumavam abrir escolas e hospitais como meio de testemunho da teologia e doutrina 
de suas igrejas (uma prática que poderia ser chamada de ‘missão (quase) integral’).
Todavia, por razões estratégicas, optaram por não se envolver diretamente 
em questões sócio-estruturais e políticas. As denominações fundadas por esses 
missionários mantiveram esse padrão de ênfase na evangelização e crescimento 
numérico da igreja e a manutenção das escolas e hospitais já fundados pelas 
missões norte-americanas. Como eram numericamente muito pequenas, essas 
denominações não dispunham de recursos para investimento significativo em 
ação social. De modo que se concentram, especialmente, na manutenção e 
ampliação de escolas - desde o ensino fundamental até o superior. Por exemplo: 
as Universidades Metodistas e a Universidade Mackenzie – vinculada à Igreja 
Presbiteriana do Brasil. As denominações deste grupo ficaram conhecidas como 
pertencentes ao Protestantismo de Missões.
Na segunda década do século XX foram fundadas as primeiras denominações 
pentecostais no Brasil: a Congregação Cristã no Brasil (por Luigi Francescon) e a 
Assembleia de Deus no Brasil (por Gunnar Vingren e Daniel Berg). Nas décadas 
de 50-70 foram fundadas as denominações carismáticas ou da renovação (e.g. 
Presbiteriana Renovada, Batista Nacional, Evangelho Quadrangular etc.). Essas 
denominações pentecostais, nas primeiras décadas de sua existência, focaram sua 
atividade missionária, essencialmente na evangelização e crescimento numérico, 
mantendo um distanciamento das questões políticas e sócio estruturais do país.
HISTÓRIA DA TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Assim, até os anos 1960, podemos dizer que o Protestantismo de Imigração, 
o Protestantismo de Missões e o Pentecostalismo desenvolveram uma missiologia 
e uma prática missionária parcial, centrada quase que exclusivamente na expan-
são denominacional e relativamente avessas à participação nas questões políticas 
do país. Esta realidade era semelhante à do Protestantismo e Pentecostalismo 
em toda a América Latina. Entretanto, em cada uma dessas denominações, 
desde seus primórdios, vozes que questionavam essa centralização na expan-
são numérica se fizeram ouvir, mas não tiveram força suficiente para convencer 
suas respectivas lideranças a ampliar a visão e prática missionárias. No último 
quarto do século XX, porém, essa situação mudou e em todo o Protestantismo 
e no Pentecostalismo, movimentos em direção à integralidade da missão ocor-
reram e ampliaram, significativamente, a teologia e a prática da missão.
Missão integral, portanto, é o nome que se deu a uma visão missiológica e 
prática missionária que, sem negar a importância (ou mesmo a centralidade) 
da evangelização e expansão denominacional, afirmava que era necessário agir 
missionariamente também nos âmbitos da estrutura socioeconômica e polí-
tica dos países. A mesma época em que surgiu a missão integral (final dos anos 
1960), também se desenvolveu a teologia da libertação (especialmente na Igreja 
Católica), com uma influência significativa também no meio protestante, espe-
cialmente nas denominações do Protestantismo de Imigração e nas denominações 
do Protestantismo de Missões que participavam mais ativamente do Conselho 
Mundial de Igrejas ou de outras entidades ecumênicas nacionais e internacionais.
Os fundadores da missão integral – provenientes de denominações do 
Protestantismo de Missões e, na maioria, de países de fala hispana – não viam 
a sua missiologia e prática como uma novidade radical no Protestantismo, mas 
como o retorno à missiologia e prática missionária que se encontram na Bíblia e 
em vários momentos da história do Protestantismo (como a teologia da missão 
integral é peculiar a igrejas protestantes e pentecostais, deixarei de lado a dis-
cussão sobre a teologia da libertação). Por exemplo: os petistas e morávios, já no 
século XVI e XVII tinham uma concepção que poderíamos chamar de integral 
O Conceito de Missão e a Questão da Integralidade
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da ação missionária. Na Holanda, igrejas calvinistas se envolviam com as ques-
tões econômicas e políticas – o que também poderíamos chamar de uma visão 
integral da missão. Em grande medida, o movimento metodista nascente na 
Inglaterra também desenvolveu uma prática missionária integral. A quase ausên-
cia de integralidade da missão foi um fenômeno mais típico do Protestantismo 
nos Estados Unidos da América do que do europeu. Nos Estados Unidos, por 
exemplo, o chamado Evangelho Social (uma forma de teologia que afirmava a 
integralidade da missão), que se desenvolveu no início do século XX, foi conside-
rado liberal e comunista e rejeitado pelas principais denominações e lideranças.
Na Europa, em 1960 e 1962, no âmbito da realização de conferências mis-
sionárias e teológicas (que, mais tarde, vieram a compor o Conselho Mundial de 
Igrejas), duas obras missiológicas fundamentais foram publicadas – ambas afir-
mando a integralidade da missão: mas sem usar o termo integral ou integralidade. 
A primeira dessas obras foi de George F. Vicedom, Missio Dei - Einführung in 
eine Theologie der Mission (1960), publicada em português como A missão como 
obra de Deus: introdução à teologia da missão, a segunda foi de Johannes Blauw, 
The Missionary Nature of the Church: A Survey of the Biblical Theology of Mission 
(1962), publicada em português como A Natureza Missionária da Igreja. Estes 
dois livros desempenharam um papel fundamental na renovação da missiolo-
gia protestante no Primeiro Mundo e, igualmente, na América Latina e Brasil. 
Podemos dizer que ambos foram fonte de inspiração para a criação e o desen-
volvimento da missão integral.
A teologia da missão integral, portanto, foi uma das expressões missiológi-
cas e práticas do reconhecimento do caráter integral da missão do povo de Deus: 
pregar o Evangelho em sua totalidade e dar testemunho concreto do Evangelho 
em todas as dimensões da vida humana (pessoal, social, econômica, política etc.) 
em todo o mundo e para toda a criação.
Caro(a) aluno(a), feitos estes comentários iniciais sobre a integralidade da 
missão e sobre a noção de missão integral, vamos agora estudar o nascimento e 
o desenvolvimento – propriamente ditos – da missão integral latino-americana.
HISTÓRIA DA TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
O PROTESTANTISMO LATINO-AMERICANO E A 
HISTÓRIA DA MISSÃO INTEGRAL
A história da missão integral, propriamente dita, tem seu início no final dos anos 
1960, entretanto, é importante voltar nosso olhar para alguns eventos anteriores 
a esse período, a fim de entender as diferentes identidades doutrinárias e missio-
nárias no Protestantismo latino-americano. Em fevereiro de 1916 foi realizado o 
Congresso de Ação Cristã na América Latina, mais conhecido como Congresso 
do Panamá, por ter sido realizado naquele país. Nesse Congresso, convocado e 
organizado por norte-americanos, foi, primariamente, uma reunião de lideranças 
missionárias – somente 21 dos 230 delegados oficiais eram latino-americanos. 
Todavia, o Congresso do Panamá acabou estimulando a busca de cooperação 
protestante e a construção de uma identidade “autóctone”.
O Protestantismo Latino-Americano e a História da Missão Integral
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Nos anos 1920 foram organizados dois outros Congressos latino-ameri-
canos, em 1925 na cidade de Montevidéu (ainda organizado por americanos, 
maspresidido pelo pastor brasileiro Erasmo Braga) e, em 1929, organizado por 
latino-americanos, na cidade de Havana, sem a presença de delegados oficiais 
brasileiros (foi um congresso do mundo hispano-americano). De maior impacto 
foram as CELAs (Conferências Evangélicas), em número de três, nos anos de 
1949 (Buenos Aires), 1961 (Lima), 1969 (Buenos Aires – teria sido no Brasil em 
1964, mas impedido por causa do golpe militar). As CELAs tiveram, entre outros 
efeitos, demarcar as duas grandes formas de identidade do Protestantismo lati-
no-americano: (a) a doutrinária e politicamente “conservadora”, composta pela 
maioria das denominações e pelo Pentecostalismo - que estava começando a 
crescer; e (b) a doutrinária e politicamente “progressista” e “ecumênica”, com-
posta pela minoria das denominações históricas. Para efeitos didáticos, vamos 
chamar esses dois grupos de “evangélicos” e “históricos”.
No início dos anos 1960, esses dois grupos ainda conviviam entre si e, no 
Brasil, estavam representados na Confederação Evangélica do Brasil (CEB), 
porém, foram se distanciando ao longo da década, em função das diferentes res-
postas ao movimento ditatorial que cresceu na América Latina nos anos 1960, 
especialmente nos países do Cone-Sul. Em 1962, no Recife, foi realizada a famosa 
Conferência do Nordeste, com o tema “Cristo e o processo revolucionário bra-
sileiro” (a quarta conferência organizada pelo Setor de Responsabilidade Social 
da Igreja da CEB), com a participação não só das igrejas-membro da CEB e seus 
delegados, mas também de intelectuais brasileiros como Gilberto Freyre, Celso 
Furtado e Paul Singer.
Na Conferência do Nordeste, as duas visões políticas e doutrinárias do 
Protestantismo estavam presentes, embora a “histórica” tenha tido uma influ-
ência mais significativa. Os “evangélicos”, porém, temendo as consequências de 
adotar uma visão mais progressista da teologia e da política pressionaram não só 
a Conferência, mas também a própria CEB para adotar uma visão mais conser-
vadora. Uma das consequências desse “recuo” foi a criação da Igreja e Sociedade 
na América Latina (ISAL), organização na qual os “históricos” (brasileiros e his-
pânicos) construíram seu espaço “progressista e ecumênico”.
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Logo, porém, chegaram os “anos de chumbo”, como foi conhecido o perí-
odo da ditadura militar pós-1964. A década dos 1960 viu emergir no continente 
latino-americano o período também conhecido como os “anos de chumbo da 
ditadura” em que vários governos nacionais, sob a liderança político-ideológica 
dos EUA, deram uma guinada à direita em uma “luta contra o comunismo” rea-
lizada a partir de golpes militares inconstitucionais – como o de 31 de março de 
1964 no Brasil. Os EUA, assustados com a possibilidade da revolução cubana se 
estender a outros países das Américas Central e do Sul, patrocinaram um forte 
movimento anti-esquerdista, tirando proveito de:
a. ideologia conservadora dos militares latino-americanos.
b. dependência econômica dos países da América Central e América do Sul.
c. predomínio da mentalidade teológica e política conservadora nas Igrejas 
Cristãs do continente (Católica, Protestantes “Evangélicas” e Pentecostais).
d. imaturidade democrática dos países da América do Sul, com suas popu-
lações facilmente manipuladas pela propaganda anticomunista.
Três diferentes respostas foram dadas pelas Igrejas Cristãs ao movimento dita-
torial: (a) resposta conservadora de apoio aos golpes e à demonização das 
ideologias de esquerda (tendo como sujeitos as “Igrejas” ou “denominações”, 
tanto Católica como Protestantes em geral), que desembocou no neo-fun-
damentalismo; (b) resposta ecumênica de esquerda (tendo como sujeitos as 
denominações protestantes filiadas ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e 
segmentos da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), que desembocou nas 
Teologias da Libertação (antes da Teologia “católico-romana” da Libertação, 
teólogos protestantes como Richard Shaull, Waldo Cesar e Rubem Alves já 
escreviam sobre o papel da Igreja na transformação social); e (c) resposta 
“evangelical” de centro e centro-esquerda (tendo como sujeitos pessoas e 
organizações filiadas a denominações protestantes “conservadoras” e não-e-
cumênicas) e pentecostais, que desembocou na missão integral.
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AS ORIGENS DA MISSÃO INTEGRAL – A 
FRATERNIDAD TEOLÓGICA LATINOAMERICANA (FTL)
Caro(a) aluno(a), vamos lá, você já havia ouvido falar dos CLADES? Em 1969, 
em Bogotá (Colômbia) foi realizado o CLADE I (Congresso Latino-americano 
de Evangelização), auspiciado por organizações norte-americanas, com o tema 
“Ação de Cristo para um Continente em Crise” com o foco predominando sobre 
a ação evangelística.
Quem colocou a mesa para CLADE I? Foram organizações missioná-
rias evangélicas da América do Norte, a Associação Evangelística Billy 
Graham, a Evangelical Fellowship of Mission Associates (EFMA) e a 
International Fellowship of Mission Associates (IFMA). Estes grupos já 
haviam organizado congressos sobre evangelização na Ásia e na África, 
depois de um grande em Berlim (1966), e agora era a vez da América 
Latina. Como eles punham a mesa — convocavam e pagavam a conta 
—, naturalmente se sentiam com todo o direito de determinar o menu 
— o programa — e os convidados — a quem se convidaria para partici-
par e a quem não. A leitura da correspondência que circulou em prepa-
ração para o Congresso revela o forte filtro conservador e a imposição 
acrítica de definições nascidas no contexto de controvérsias teológi-
cas nos Estados Unidos. Na percepção dos líderes norte-americanos, 
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a mesa de CELA III (a Terceira Conferência Evangélica Latino-Ame-
ricana) se propunha como “liberal” e, portanto, como uma ameaça à 
qual havia que se contrapor. CLADE I seria o espaço no qual os líderes 
evangélicos norte-americanos “corrigiriam” a má dieta oferecida pelos 
movimentos progressistas próximos ao Conselho Mundial de Igrejas e 
seus simpatizantes (PADILLA,1992, p. 32).
Entretanto, e contra a vontade de seus organizadores, CLADE I acabou por criar 
espaço para uma nova trilha evangélica na América Latina. Segundo Sidney 
Sanches, a proposta do CLADE I foi “contextualizar a reflexão desenvolvida em 
Berlim e aproximar seu pensamento e estratégia das necessidades próprias do 
continente latino-americano” (ESCOBAR, 1995 apud SANCHES, 2010, p. 77). 
Ao discutir a evangelização presente e futura da América Latina, o Congresso 
possibilitou a tomada de consciência acerca da situação presente da América 
Latina e seu futuro da parte dos mais de 900 delegados.
Comentando o CLADE I, Escobar afirmou que ele estabeleceu a contextualiza-
ção da herança teológica evangélica no continente como a sua plataforma teológica. 
Esta preocupação foi documentada na “Declaração Evangélica de Cochabamba”, que
[...] busca a contextualização da obediência ao Senhor da Igreja. [...] 
o trabalho de contextualização tem que diferenciar entre o miolo e a 
casca na herança evangélica, entre o conteúdo e a roupagem na men-
sagem. Isto demanda uma autocrítica madura e realista (ESCOBAR, 
1995, p. 22, apud SANCHES, 2010, p. 77).
Cerca de 25 participantes do CLADE I se reuniram no ano seguinte, em 1970, 
em Cochabamba e fundaram a Fraternidad Teológica Latinoamericana, uma 
associação de “teólogos” que visava levar adiante e aprofundar a questão da con-
textualização do Evangelho discutida em CLADE I. Dentre os fundadores estavam 
C. René Padilla, Samuel Escobar, Pedro Arana, Robinson Cavalcantie Key Yuasa 
(ambos do Brasil), e a FTL assumiu uma posição intermediária entre o conser-
vadorismo (evangelicalismo norte-americano da Associação Evangelística Billy 
Graham - AEBG) e as Teologias da Libertação. A plataforma da contextualiza-
ção da evangelização se ampliou para a do Evangelho e uma tomada de posição 
consciente sobre a situação política e econômica do continente levou o pensa-
mento dos membros da FTL para rumos próximos ao pensamento progressista.
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Em 1974, alguns membros da FTL participaram do Congresso de Evangelização 
Mundial patrocinado pela AEBG, realizado em Lausanne. Juntamente com cole-
gas de outros continentes, René Padilla e outros pressionaram a inclusão, no 
Pacto de Lausanne da temática que veio a ser conhecida como “Missão Integral” 
– ou seja, que a evangelização não pode ser realizada sem levar em considera-
ção as necessidades concretas das pessoas em seus contextos sociais específicos. 
Em função disso, muitas pessoas confundem “missão integral” com o Pacto de 
Lausanne, mas o parágrafo 5 do Pacto expressa apenas um aspecto da noção de 
Missão Integral, não a sua totalidade.
A relação da FTL com o “Movimento de Lausanne”, não oficial, mas a partir 
da presença constante de algumas de suas principais lideranças nos Congressos 
de Evangelização e outros eventos liderados pelo Movimento, é relativamente 
ambígua. Por um lado, a ala evangelical progressista no Movimento tem sido 
importante para financiar boa parte das atividades da FTL, especialmente os 
CLADES e outros eventos nacionais, regionais ou continentais. Por outro, a 
atitude política e teologicamente conservadora da maioria do Movimento repre-
senta um obstáculo à contextualização do Evangelho e da Teologia que animam 
a FTL e a Missão Integral desde seu nascimento. Vejamos alguns testemunhos 
de protagonistas desta história.
Existia o convencimento de que fazia falta um ponto de encontro 
que permitisse aos evangélicos pensantes entender melhor o Evan-
gelho e sua pertinência ante a crítica situação de nossos países. Ha-
via um desejo de unir-se e ajudar-se mutuamente a escutar com cla-
reza a voz do Espírito Santo para seu povo na América Latina. Não 
nos sentíamos representados pela teologia elaborada na América do 
Norte e imposta através de seminários e institutos bíblicos dos evan-
gélicos conservadores, cujos programas e literatura eram tradução 
servil e repetitiva, forjada em uma situação totalmente estranha à 
nossa. Tampouco nos sentíamos representados pela teologia elitista 
dos protestantes ecumênicos, geralmente calcada em moldes euro-
peus e distante do espírito evangelizador e das convicções funda-
mentais das igrejas evangélicas majoritárias do continente america-
no (ESCOBAR, 1995, p. 16).
Outro testemunho, desta vez de René Padilla:
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Grig não conhece, então, o que está acontecendo em comunidades, 
muitas delas em favelas ou com pastores bem humildes que não tem 
maior capacitação teológica, mas que captaram a visão da Missão In-
tegral e estão lendo e aproveitando o que se produz no seio da FTL. 
Viv Grig deve se aproximar um pouco mais da Fraternidade Teológica 
e conhecer o que está acontecendo como consequência prática. Não é 
verdade que seja uma teologia acadêmica. Pelo contrário, nos acusaram 
muitas vezes de que não fazemos teologia acadêmica e não sistemati-
zamos nosso pensamento. E se critica isso. Porque a preocupação era 
de que fosse uma teologia para a luta, uma teologia para a vida práti-
ca. Os materiais que produzimos por [Ediciones] Kairós, por exemplo, 
são uma maneira de sistematizar em nível de manuais práticos. É uma 
teologia que mantém uma ligação muito forte com a vida prática. O 
esforço que se faz é ajudar o estudante a pensar teologicamente dentro 
do seu próprio contexto e à luz das Escrituras para a vida prática. Essa 
é a ênfase central. E isso chegou a muita gente que não tem capacitação 
acadêmica mas que está aproveitando a reflexão que vem de gente que 
tem a preparação e que está preocupada em fazer da teologia uma teo-
logia prática (PEDAÇOS, [2018], on-line)1.
Um último testemunho é o do falecido bispo Robinson Cavalcanti:
Foi a FTL que convocou os CLADE’s seguintes. Como membro do Co-
mitê Executivo daquela entidade por 7 anos, integrei a Comissão Direto-
ra do CLADE II (Huampani, Peru, 1979). Sob a tensão da Guerra Fria e o 
impacto da então recente Revolução Sandinista da Nicarágua, reunimo-
-nos sob o tema “Que a América Latina Ouça a Voz de Deus”. Mais de mil 
pessoas de todos os países do continente e de várias denominações se fi-
zeram presentes, em uma demonstração de maturidade da fé evangélica. 
Pude participar como um dos oradores sobre o tema da responsabilidade 
política do cristão. O CLADE III foi o ápice do trabalho da Teologia da 
Missão Integral da Igreja em nosso continente. Até hoje estão firmes os 
seus objetivos-desafios: 1) Reafirmar o lugar essencial das Escrituras na 
formação do pensamento, vivência e missão da comunidade do Espírito; 
2) Destacar, a partir da Trindade, o papel, a presença e o poder do Espíri-
to Santo na vida, espiritualidade e missão da Igreja na América Latina; 3) 
Refletir sobre as diversas expressões teológicas, missiológicas e litúrgicas 
da espiritualidade contemporânea da igreja evangélica no continente; 4) 
Desafiar a igreja evangélica no seu testemunho, como comunidade do 
reino de Deus, a ser agente de mudança e transformação em uma socie-
dade caracterizada pela violência, corrupção, pobreza e injustiça; 5) Dar 
testemunho público e agradecer a Deus pelo crescimento da igreja na 
América Latina ao longo do século que termina e discernir a vontade de 
Deus para o novo milênio (CAVALCANTI, [2018], on-line)2.
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No âmbito continental, a FTL tem desempenhado um papel significativo no cres-
cimento da reflexão teológica e na prática da missão integral, por meio de seus 
encontros e congressos, da publicação de grande número de livros teológicos 
acadêmicos e populares, por meio da publicação de revistas de divulgação teoló-
gica (como Iglesia y Misión) e também como a principal promotora dos CLADEs 
(Congresso Latinoamericano de Evangelização), encontros de leigos, ministros 
ordenados e teólogos que têm sido os grandes responsáveis pelo avanço da teo-
logia e da prática da missão integral em nosso continente.
No Brasil, a FTL-B (como é chamado o Núcleo-Brasil da FTL Continental) 
tem desempenhado papel similar, de forma menos visível, semelhante ao fermento 
que leveda a massa. A FTL-B (como a FTL) deve ser vista como um movimento e 
não como uma instituição. Sua característica fundamental é a reunião de peque-
nos núcleos locais e/ou regionais para reflexão teológica, companheirismo e apoio 
pastoral e pessoal. A reflexão da FTL-B é, assim, diretamente ligada à realidade 
local e às necessidades concretas das comunidades cristãs que se identificam, 
de uma forma ou de outra, com o chamado evangelicalismo, constantemente se 
concretizando em projetos de missão integral nessas comunidades. Outro efeito 
significativo da reflexão teológica nos núcleos da FTL-B é o da introdução das 
temáticas evangelicais, especialmente a da missão integral, nos currículos e conte-
údo de seminários e faculdades de teologia. Em menor escala do que a produção 
bibliográfica da FTL-Continental, a FTL-B também difunde sua produção por 
meio de livros e revistas teológicas – a maior parte dessa produção, porém,não 
tem o selo editorial da FTL-B. O Boletim Teológico foi a revista da FTL-B, mas 
não tem continuidade de publicação – a maior parte de seus números foi digi-
talizada em um CD-ROM pela Visão Mundial do Brasil, reunindo mais de 20 
números do BT e cerca de 1.500 páginas de texto.
HISTÓRIA DA TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL
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O DESENVOLVIMENTO DA MISSÃO INTEGRAL 
NO BRASIL
Caro(a) acadêmico(a), você conhece a história da missão integral no Brasil? Se 
não, aqui você encontrará um bom material para começar a conhecê-la.
FRATERNIDADE TEOLÓGICA LATINO-AMERICANA – BRASIL (FTL-B)
De acordo com Zabatiero (2007), o contexto histórico da FTL-B pode ser divi-
dida em dois momentos.
No primeiro, que durou mais ou menos a primeira década de sua 
existência, a FTL-B não conseguiu se consolidar como movimento 
significativo no meio evangélico brasileiro. Vários fatores, internos e 
externos, contribuíram para que isso acontecesse. Entretanto, nos seus 
primeiros anos de vida no Brasil, a FTL-B começou a deitar raízes que 
foram germinar mais tarde do que se esperava. O segundo período da 
FTL-B pode ser datado a partir de sua reorganização em âmbito nacio-
nal, ocorrida ao final de 1983, a partir de um encontro realizado em 
Campinas, no estado de São Paulo (ZABATIERO, 2007, p. 141).
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Várias pessoas – principalmente das denominações evangélica de confissão lute-
rana, presbiteriana do Brasil e presbiteriana independente, metodista, holiness 
e batistas da CBB – estavam se encontrando em núcleos isolados entre si, con-
tinuando a busca de uma teologia contextual, e, finalmente, se reuniram para 
canalizar melhor seus esforços. Uma diretoria foi eleita, o Boletim Teológico come-
çou a ser publicado, consultas nacionais começaram a ser realizadas e núcleos 
regionais se organizaram a fortaleceram a partir desta data. A maioria dessas 
pessoas tinha algum tipo de ligação com o evangelicalismo norte-atlântico, por 
seu relacionamento com a Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB) e com 
a Visão Mundial do Brasil (VMB).
Movimento sem recursos financeiros em um país de proporções continentais 
como o Brasil, a FTL-B atuou de forma quase que silenciosa, tendo suas refle-
xões se difundido “boca-a-boca” por meio de seus membros, consultas nacionais 
(que reuniam de 30 a 60 pessoas, embora o número de membros tenha ultrapas-
sado os 200, formado por pastores e leigos) e o Boletim Teológico que, no auge 
de sua publicação (entre 1986 e 1995), distribuía cerca de quatrocentos exem-
plares. Seu primeiro grande compromisso foi o de refletir teologicamente sobre 
a missão integral da Igreja.
Missão Integral foi o nome dado à defesa de uma compreensão da missão da 
igreja que não se restringisse à evangelização e missões (plantação de igrejas em 
locais com pouca ou nenhuma presença protestante), mas que constituísse, tam-
bém, uma meta-narrativa sócio-política que orientasse a participação pessoal e 
institucional nos processos de transformação social. Pode-se dizer que a ideia (mas 
não a prática, que já existia difusa e desarticulada) de Missão Integral surge no I 
Congresso de Evangelização Mundial, em Lausanne, 1974, graças aos esforços de 
alguns teólogos e agentes de pastoral latino-americanos, africanos, asiáticos e anglo-
-americanos, cuja prática missional já era mais abrangente do que a tradicional 
(entre eles, os latino-americanos René Padilla, Orlando Costas e Samuel Escobar).
No Brasil, as já citadas ABUB e VMB foram pioneiras na difusão do ideário 
da Missão Integral por meio de congressos estudantis, encontros de pastores e 
de publicações de documentos e textos inspirados no Pacto de Lausanne. Apesar 
dos esforços dessas entidades já citadas, nos primórdios da década de 80, do 
século passado, o Protestantismo e o Pentecostalismo no Brasil (com a exceção 
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do Protestantismo de Imigração) concentravam seus esforços na evangelização e 
missões. Missão integral ainda era uma exceção à regra – de modo que a reflexão 
teológica e o trabalho da FTL-B vieram a ter um importante papel na constitui-
ção do evangelicalismo brasileiro, lado a lado com a ABUB e a VMB (e durante 
um período significativo, também com o apoio da VINDE, presidida pelo Pr. Caio 
Fábio de Araújo Filho). Seguindo os passos do Congresso de Lausanne, os evan-
gelicais brasileiros organizaram o I Congresso Brasileiro de Evangelização (1983), 
que foi um marco decisivo na percepção dessa situação e na sua transformação.
A pobreza era vista como uma consequência do pecado e sua solução esta-
ria na conversão individual a Cristo. A participação política, por sua vez, era 
concebida exclusivamente como apoio ao governo, baseada em uma leitura 
excessivamente simplista de Romanos 13,1ss. A teologia era concebida basica-
mente como doutrina que deveria ser repetida sem reformulação. Fazer teologia, 
justiça social e participação política foram temas marcantes e decisivos para a 
constituição do evangelicalismo brasileiro na década de oitenta. Esta constata-
ção também nos ajuda a entender a opção do evangelicalismo por um caminho 
próprio, sem adesão institucional ou pública ao ecumenismo e à Teologia da 
Libertação – embora comungando com boa parte de seus propósitos.
A missão cristã passou a ser vista como missão cristocêntrica, na ótica do 
discipulado/seguimento de Jesus Cristo, em fidelidade devocional ao Pai, e rea-
lizada no poder do Espírito Santo. Fazer missão se definiu como agir de modo 
semelhante a Jesus em sua própria atuação missional.
MOVIMENTO EVANGÉLICO PROGRESSISTA
A partir da FTL-B, ou paralelamente a ela, outros movimentos nasceram e se 
desenvolveram no meio evangelical, voltados para a atuação política e social nos 
anos 90 e na atualidade. Apresento brevemente um deles, com destacada atuação 
no meio protestante e pentecostal no final do século XX – de uma certa forma 
transcendendo os limites do evangelicalismo.
Movimento Evangélico Progressista (MEP) – nasce na primeira campa-
nha de Lula à presidência da República, tendo como objetivo primário persuadir 
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evangélicos de que a votação em um candidato de esquerda não representava uma 
negação do Evangelho, nem um perigo para às igrejas evangélicas. Lembremo-
nos de que, naquele tempo, os oponentes de Lula e das esquerdas nacionais 
afirmavam que o “comunismo” (sic) petista faria com que igrejas fossem fecha-
das e evangélicos fossem proibidos de declarar publicamente sua fé. Terminada 
a campanha, com o resultado já conhecido, o MEP continuou a atuar, existindo 
até hoje, agora com seu foco voltado para a conscientização política de evangé-
licos e para a formação de quadros dedicados à transformação social.
A VISÃO MUNDIAL E A MISSÃO INTEGRAL
A Visão Mundial do Brasil é um braço da World Vision International, fundada 
em 1950 por um jornalista cristão norte-americano, Bob Pierce. A Visão Mundial 
se dedica, em vários países do mundo, a apoiar projetos de desenvolvimento 
comunitário e apadrinhamento de crianças em situação de pobreza. No Brasil, 
tem sido uma apoiadora da prática da missão integral desde as suas origens.
Destaco os seguintes temas, de diferentes áreas, apoiados pela Visão Mundial: 
saúde, educação, desenvolvimento comunitário, desenvolvimento econômico, 
direitos humanos, combate à violência etc.
A ALIANÇA BÍBLICA UNIVERSITÁRIA E A MISSÃO INTEGRAL 
NO BRASIL
A Aliança Bíblica Universitáriado Brasil (ABUB) é uma organização ministerial 
cristã, dedicada à evangelização e edificação de estudantes universitários. Ela é 
parte da International Fellowship of Evangelical Students (http://www.ifesworld.
org/en), uma organização presente em todos os continentes na atualidade. Foi, 
especialmente, nos anos 1980 e 1990, uma das grandes difusoras da prática e da 
teologia da missão integral no Brasil. Ela realiza até hoje seu ministério no Brasil 
e sua Editora é uma fonte rica de material para a vida espiritual e para a missio-
logia em perspectiva integral, evangélica e bíblica.
HISTÓRIA DA TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL
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HISTÓRIA PRESENTE E FUTURA DA MISSÃO INTEGRAL
Muito bem, caro(a) aluno(a). Você 
chegou até aqui e agora vamos con-
versar sobre a história presente e 
futura da Missão Integral. Você já 
ouviu alguma vez esta expressão “his-
tória futura”? É um pouco estranha, 
não é verdade? Como fazer história 
de algo que ainda não aconteceu? 
Bem, a expressão é usada como uma 
metáfora: ou seja, não deve ser enten-
dida literalmente. Entendeu?
HISTÓRIA PRESENTE DA MISSÃO INTEGRAL NO BRASIL
Nas seções anteriores apresentei as três primeiras décadas da teologia da mis-
são integral latino-americana no Brasil. Na virada do século XX para o XXI, a 
ideia e a prática da missão integral se tornaram difundidas por, praticamente, 
todo o protestantismo evangelical e pelo pentecostalismo. Quando consultamos 
a bibliografia e a webgrafia sobre o tema, encontramos artigos, sermões, devo-
cionais e livros a favor da integralidade da missão em todos os setores das Igrejas 
Protestantes brasileiras. Missão Integral se tornou “moeda corrente” na prática 
das igrejas e organizações evangélicas brasileiras. Isto não quer dizer que seja a 
única missiologia em ação, nem que todos os segmentos de todas as denomina-
ções protestantes a pratiquem. Quer dizer, apenas, que a noção da integralidade 
da missão – seja através da teologia da missão integral, seja por outros meios – 
tornou-se difundida e praticada em todo o campo protestante brasileiro.
Vejamos alguns exemplos de organizações evangélicas que praticam e difundem a 
missão integral, além da FTL e da ABUB já discutidos acima. O movimento “Missão 
na Íntegra”, coordenado por Ariovaldo Ramos dos Santos com uma equipe de lideran-
ças de diferentes denominações evangélicas. A FLAM (Faculdade Latino-Americana), 
História Presente e Futura da Missão Integral
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mantida pela Missão Jovens da Verdade, com vocação específica na área da missão 
integral. A revista e a editora Ultimato também difundem e praticam a missão inte-
gral, com identidade interdenominacional. A Rede Miquéias, organização evangélica 
interdenominacional latino-americana recentemente fundou seu ramo brasileiro, 
também apoiada pela RENAS (Rede Evangélica Nacional de Ação Social).
Caro(o) aluno(a), um último aspecto que precisamos abordar nesta primeira 
Unidade de nossa disciplina é a polêmica que, recentemente, tem se desenvol-
vido – especialmente na internet – com relação à missão integral. Vários líderes 
evangélicos, predominantemente de tradição calvinista, têm acusado a teologia 
da missão integral de ser marxista e herética, além de, em alguns casos específi-
cos, tecerem críticas pessoais contra algumas das lideranças da missão integral 
no Brasil. Vejamos os principais aspectos dessa polêmica.
Em um artigo publicado pelo site “info Pastor”, o pastor presbiteriano - de tra-
dição calvinista - Antonio Carlos Barro, respondeu às críticas de Renato Vargens 
em um texto intitulado “Calvino, Wesley, Spurgeon e o evangelho social da TMI”1
O texto “Calvino, Wesley, Spurgeon e o evangelho social da TMI” do 
Pr. Renato Vargens é interessante e merece alguns poucos comentários. 
O que está em negrito é de autoria dele e a minha resposta está logo a 
seguir.O pessoal do evangelho social precisa entender que cuidar dos 
pobres sem a pregação do evangelho é mera filantropia.Concordo 
com essa afirmação. Todavia, ela induz ao erro. O erro a que ela induz 
é fazer o leitor ignorante pensar que as pessoas que falam do social não 
pregam o evangelho. Isso é uma mentira deslavada. Eu não conheço 
um pastor da TMI que prega que a missão da igreja é apenas o social. 
Até porque esse pastor morreria de fome, pois as igrejas da MI geral-
mente são pequenas e pobres (BARRO, 2017, on-line, grifo do autor)3.
O defensor da TMI lembra o crítico de que o conceito de “Evangelho Social” 
não se aplica à missão integral, posto que se refere a um movimento teológico 
e prático norte-americano do início do século XX e que não serviu de inspira-
ção para a missão integral.
Em outro tópico (que também tem a mesma estrutura em questões que o 
crítico da missão integral apresenta em relação a Wesley e Spurgeon), o defen-
sor da teologia da missão integral mostra a ironia da crítica, ironia que o próprio 
crítico, Renato Vargens, não foi capaz de perceber:
1 Em: <http://renatovargens.blogspot.com.br/2015/06/calvino-wesley-spurgeon-e-o-evangelho.html>.
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Calvino por exemplo ao chegar a Genebra encontrou graves problemas 
sociais. Havia pobreza extrema, agravada por impostos pesados. Os 
trabalhadores eram oprimidos por baixos salários e jornadas extensas 
de trabalho. O analfabetismo era quase que absoluto. O Álcool era um 
problema grave e a prostituição caracterizava uma sociedade escrava da 
promiscuidade. Além disso, o vício do jogo de cartas, o adultério, a fal-
ta de educação e todo tipo de pecado caracterizava a Genebra pré-Cal-
vino. Contudo, ao chegar em Genebra o reformador Francês através da 
pregação evangelho produziu aquilo que nada nem ninguém poderia 
produzir, isto é conversão dos genebrinos. Juntamente a isso, Calvino 
defendeu os pobres e fracos contra os ricos e poderosos, promoveu 
educação, defendeu que o hospital geral fundado por Farel desse as-
sistência gratuita aos pobres, órfãos e viúvas, criou a primeira escola 
primária na Europa e pregou contra a exploração financeira.
Isso somente prova a tese da TMI. Correto? (BARRO, 2017, on-line, 
grifo do autor)3.
O crítico da missão integral afirma, corretamente, que Wesley e Spurgeon tam-
bém fizeram obras sociais além de pregar o evangelho, e o pastor Antonio Carlos 
Barro, defensor da missão integral, responde da mesma forma: a crítica somente 
consegue comprovar a tese da missão integral (pregação e ação). Por fim, o crí-
tico da missão integral relata uma conversa que teve com uma pessoa anônima:
diante do exposto fico pensando naqueles que defendem o evange-
lho social sem contudo se disporem a pregar o evangelho. Outro dia 
ouvi uma pessoa relatando que tinha ajudado uma família cons-
truindo sua casa, dando-lhe gêneros alimentícios e roupas sem con-
tudo lhes ter anunciado a Cristo. Quando indagada do que porque 
não o fizera, a pessoa respondeu dizendo: “Precisa?” Ora, vamos 
combinar uma coisa? Que “cristianismo” é esse que não proclama 
Cristo? Que missão é essa que não se preocupa com o destino eterno 
dos homens? Que ação é essa que não fala do que nos é mais caro, 
isto é, Cristo nosso Senhor?
Apanha um fato isolado e faz dele um pampeiro. Essa pessoa mencio-
nada é mesmo uma cristã autêntica, nascida de novo, comprometida 
com Jesus ou apenas uma frequentadora de igreja como os milhares 
que temos hoje nas igrejas evangélicas?
Mas digamos que essa pessoa seja cristã. Ao fazer o bem àquela família 
ela estava ao seu modo demonstrando o amor de Deus porque somente 
quem tem o amor de Deus pode ser tão altruísta. Esse amor de Deus 
demonstrado em obras não é em vão, pois foi o próprio Jesus que nos 
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ensinou para brilharmos a nossa luz diante das pessoas para que elas 
pudessem e ver [as obras] e… voilá… o Pai ser glorificado.
Hoje, as igrejas querem glorificar a Deus dentro dos templos. Deus, ao 
contrário, quer ser glorificado fora do templo.
Ademais, tem outro aspecto aqui que precisa ser ressaltado. Nem todos 
os crentes tem o dom da evangelização. Segundo Peter Wagner, que foi o 
grande guru do crescimento de igreja e de priorizar a evangelização como 
tarefa principal, somente 10% dos membros de uma igreja possuem esse 
dom. Todavia, os pastores, e me parece ser o caso do articulista estudado, 
querem que todos os crentes saiam pelo mundo para evangelizar. Isso é 
febril. Jamais acontecerá. Faça uma pesquisa em qualquer igreja evangé-
lica e vejam quantos evangelizam seus parentes, amigos e colegas?
Pastores gostam de acabrunhar os crentes pedindo que eles evangelizem 
porque querem que suas igrejas cresçam. Peça, ao invés disso, que seus 
crentes sejam honestos, cumpridores de seus deveres, bons cristãos na 
empresa, solidários e verá que muitos se interessaram pelo evangelho e as 
portas se abriram para o Salvador (BARRO, 2017, on-line, grifo do autor)3.
Há um erro de argumentação destacado por Barro, sobre o qual comento outro 
detalhe. Não se pode usar um fato específico para condenar toda uma teoria (ou, 
neste caso, uma teologia e sua prática), o crítico deveria provar que todos, ou 
pelo menos a maioria, dos adeptos da missão integral são contra a pregação do 
evangelho, juntamente, com a ação social, doutra forma, sua crítica é irrelevante. 
Ademais, e isto eu acrescento, uma crítica baseada em uma fala de uma pessoa 
anônima não tem qualquer valor lógico ou probatório – tal fala poderia ter sido 
meramente inventada, poderia ter sido retirada do contexto etc.
Outro crítico da missão integral, com dezenas de mensagens condenatórias 
é o blogueiro Julio Severo (também de tradição calvinista). Indico apenas um 
de seus ataques, pois sintetiza praticamente tudo o que o blogueiro tem a dizer 
sobre a TMI, simplesmente acusando organizações como a ABUB a FTL, o MEP 
e a Aliança Evangélica do Brasil como entidades “esquerdistas”.
Começo com a ironia presente na crítica: o autor da crítica lista uma série de 
organizações missionárias e educacionais ligadas à missão integral (embora não “gera-
das” pela missão integral como ele afirma) – se tantas e tais organizações praticam a 
missão integral, como pode ela ser tão ruim assim? Ou somente o crítico tem razão 
e todas essas organizações são infiéis ao Evangelho? Bem, faço alguns destaques.
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“Mas o tom desta obra está na questão da ‘desigualdade social’, uma pérola 
da esquerda socialista”. Ora, o tema da desigualdade social não é uma pérola 
da esquerda socialista, mas um tema presente em escritos capitalistas em geral. 
Ademais, o simples fato de mencionar desigualdade social não faz de ninguém 
um esquerdista, marxista, capitalista, ou qualquer outra coisa, simplesmente 
é uma referência a um aspecto da realidade social contemporânea em todo o 
mundo globalizado.
“Em primeiro lugar, há um vício de origem. O problema está na confecção 
do documento no Congresso de Lausanne, pois houve uma tremenda disputa 
dos latino-americanos para pender o Pacto para o socialismo”, (SEVERO, 2017, 
on-line)4. Ora, como vimos acima, a missão integral foi criada antes da con-
ferência de que resultou o Pacto de Lausanne e jamais houve um esforço de 
latino-americanos para ‘pender o Pacto para o socialismo’ – o Pacto de Lausanne 
é, ideologicamente falando, bastante conservador. Ademais, jamais houve qualquer 
rompimento entre o Movimento Lausanne e organizações praticantes da Missão 
Integral – basta acompanhar a história do Movimento Lausanne e verificar, por 
exemplo, o quanto membros da FTL e FTL-Brasil apoiam e estão vinculados a 
esse Movimento internacional (fato este que, a meu ver, traz mais problemas do 
que soluções para a missão integral enquanto teologia e prática).
O Movimento Lausanne é um dos proponentes da ideia de missão integral 
no Primeiro Mundo. Sua visão, porém, é mais tipicamente norte-americana 
e sua relação com os continentes mais pobres é relativamente tensa. Caro(a) 
aluno(a), você pode conhecer mais sobre o Movimento Lausanne a partir dos 
livros publicados por ele. Veja o seguinte site: <http://literaturaprotestante.
blogspot.com.br/2014/04/lausanne-1974-conheca-os-livros-do.html>.
Fonte: o autor.
Outro problema sério na crítica de Severo é a sua generalidade e o caráter ad 
hominem (contra a pessoa) de suas acusações:
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em segundo lugar, essas organizações foram crescendo a (sic) revelia da 
igreja de nosso Senhor Jesus Cristo. Elas colaboram para a desordem 
eclesiástica existente na medida em que os pastores das ovelhas que 
eles recrutam não são consultados, cumprindo o propósito de desmo-
ralizar a hierarquia existente. Por muitas vezes, os encontros e eventos 
tornam-se espaço para inoculação de idéias heterodoxas a (sic) vida de 
uma igreja saudável (SEVERO, 2017, on-line)4.
O crítico não apresenta nenhuma prova do que afirma, até porque não ocorre 
isso que ele está afirmando contra essas organizações, que não visam desmora-
lizar a hierarquia existente.
Por fim, existem membros destas organizações da TMI que resolveram 
ter aproximações, senão conluios, com a esquerda socialista do PT e 
seus satélites, buscando um “outro mundo possível”, forçando assim a 
instalação do Reino de Deus na terra, clássico projeto da teologia da 
libertação (SEVERO, 2017, on-line)4.
Que alguns dos praticantes da teologia da missão integral tenham se filiado ao PT 
e participado dos governos petistas é um fato que não precisa ser negado. Disso, 
porém, não decorre que os mesmos tenham “forçado assim a instalação do Reino 
de Deus na terra”, que também não é um “clássico projeto da teologia da libertação”. 
De novo, o crítico não apresenta nomes, não apresenta provas, não traz qualquer 
evidência e ainda mostra desconhecer os conteúdos das teorias que ele critica.
Caro(a) aluno(a) não vejo razão para me estender sobre este tópico. Eu o 
incluí, apenas, porque este debate acusatório contra a missão integral e alguns 
de seus praticantes está disseminado pela rede virtual, em blogs, páginas, vídeos 
e similares. Caso você tenha interesse em aprofundar seu conhecimento sobre o 
debate, basta fazer uma busca na internet com o tema “missão integral” que terá 
inúmeros materiais à disposição.
HISTÓRIA FUTURA DA MISSÃO INTEGRAL NO BRASIL
Como eu, pessoalmente, vejo o futuro da missão integral no Brasil? Este é o tema 
do que escrevo a seguir. É uma visão pessoal, exclusivamente pessoal: não falo 
em nome de nenhuma organização praticante da missão integral; não falo em 
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nome da missão integral; não falo em nome de minha denominação; não falo 
em nome da tradição calvinista (a que pertenço). Participei e participo ativa-
mente da história da missão integral no Brasil e jamais deixei de ter consciência 
dos limites de qualquer movimento eclesial humano. Sempre teci críticas (cons-
trutivas) ao movimento (e a mim mesmo como participante do movimento da 
missão integral) e esse comportamento sempre me trouxe consequências com-
plexas (uma das quais, ironicamente falando, é o fato de eu não ser incluído 
entre os líderes da missão integral pelos críticos que mencioneina seção ante-
rior), no tocante aos “rótulos” com que são agraciadas as pessoas que militam 
na vida cristã e na cultura, em geral.
Uma história futura é uma percepção de desafios e possibilidades. Vamos lá!
O primeiro desafio é: não se tornar uma ortodoxia. A teologia da missão inte-
gral é apenas uma das formas mediante as quais cristãs e cristãos tentam praticar 
integralmente a missão de Deus confiada ao seu povo. Ela não é a única e nem 
é a versão ortodoxa da missiologia cristã. Assim, podemos e devemos criticar a 
teologia e a prática da missão integral, buscando, sempre, o seu aperfeiçoamento 
– defendendo a integralidade da missão e não a “teologia da missão integral”. 
Assim, não posso concordar com esta afirmação de meu amigo Ricardo Gouvêa 
em sua caracterização da missão integral:
Missão integral é, talvez, outro nome que se pode dar ao próprio evan-
gelho, como um cognome, ou um aposto. Como aposto, poderíamos 
dizer, por exemplo: ‘o evangelho de Cristo, isto é, a missão integral da 
igreja, deve ser o centro da pregação cristã, e assim por diante’ (GOU-
VÊA, 2016, p. 2).
Porque se tornar uma ortodoxia é um perigo para a prática missão integral? 
Como evitar esse perigo?
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O segundo desafio é: não se tornar uma identidade. A teologia e a prática da 
missão integral podem ser assumidas por cristãos de qualquer identidade deno-
minacional ou doutrinária. Ela mesma, a missão integral, não é uma identidade, 
mas uma prática desenvolvida por pessoas, igrejas e organizações com as mais 
variadas identidades cristãs. Assim, reduzir a missão integral a uma identidade 
seria cometer o mesmo erro de reduzi-la a uma ortodoxia.
O terceiro desafio: não se tornar mero chavão. Ficou tão comum se falar em 
missão integral, na atualidade, que ela corre o risco de virar mero chavão, ou seja, 
um rótulo que não se refere a nada importante. Missão integral não é uma “coisa”, 
mas um movimento. Não é uma realidade estática, mas dinâmica – à medida em 
que se pratica a missão integral se percebem novos desafios que a integralidade 
da missão nos apresenta diante dos novos desafios da realidade humana sob o 
pecado. Se missão integral virar um chavão, não abrirá nenhuma porta concreta.
O quarto desafio é o mais importante, porque é positivo, ou seja, tematiza 
as possibilidades futuras da missão integral: falar em “MI” deve ser um convite 
para a permanente edificação do povo de Deus. Para que isso aconteça, é preciso 
que a teologia da missão integral morra e o seu fruto brote: a integralidade da 
vida e missão do povo de Deus. A questão fundamental não é se a TMI é boa ou 
má, ortodoxa ou não, evangelical ou não etc. A questão fundamental é: nós, que 
seguimos ao Messias Jesus, O seguimos integralmente (em todas as dimensões da 
vida) e integralmente (amando a Deus e ao próximo como a nós mesmos)? Esta 
é a possibilidade mais concreta e desafiadora para qualquer seguidora ou segui-
dor do Senhor Jesus Cristo: viver a integridade e a integralidade do Evangelho. 
A teologia, qualquer que seja, vem sempre em segundo lugar.
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de nossa breve conversa sobre a histó-
ria da Teologia da Missão Integral. Obrigado por me acompanhar até aqui. Na 
próxima Unidade começaremos a estudar a Teologia da missão integral propria-
mente dita. Abraço!
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito bem, colegas. Chegamos ao final desta Unidade em que estudamos os prin-
cipais aspectos da História da Missão Integral na América Latina e no Brasil. Nosso 
objetivo foi mostrar que a missão integral é uma resposta missiológica e teológica 
a uma realidade prática e espiritual: a integralidade da missão do povo de Deus.
Um grande perigo que enfrentamos, no Cristianismo em geral, é o de con-
fundir a vida com a doutrina, de atribuir maior valor aos conceitos doutrinários 
do que à prática da vida e missão. O que é importante não é a Teologia da missão 
integral, mas a sua prática, ou seja, a busca constante de realizarmos a missão 
levando em consideração todo o Evangelho, a ser levado a todo os mundo, para a 
salvação de toda a criação, com vistas ao aperfeiçoamento de todo ser humano e do 
ser humano como um todo em comunhão com o Deus Pai, filho e EspÍrito Santo.
A prática da integralidade da missão demanda, de cada um e cada uma de 
nós, uma constante sensibilidade e compaixão para com as necessidades do ser 
humano diante do Evangelho. Missão não é uma atividade de conquista, mas de 
serviço amoroso ao mundo, assim como Deus amou o mundo de tal maneira que 
nos deu o seu Filho como Salvador e Senhor, e seu Espírito como nosso advo-
gado e consolador em toda a nossa vida cristã.
Conhecer a nossa história como Igrejas Protestantes é um fator importante 
para tomarmos consciência de que nossas práticas não têm sido, predominan-
temente, boas respostas à integralidade do Evangelho e da missão do povo de 
Deus. Conhecer a história da missão integral é indispensável para tomarmos 
consciência da prioridade da integralidade da missão e da espiritualidade cris-
tãs em nossa vida.
Esta Unidade é um primeiro convite: conheça a história da sua Igreja. Conheça 
a história do Protestantismo brasileiro. Conheça criticamente e se comprometa 
a seguir integralmente ao Senhor Jesus, na força do Espírito Santo, para a gló-
ria de Deus Pai.
41 
1. Até os anos 1960 os Protestantismos no Brasil desenvolveram uma prática mis-
sionária, assinale a alternativa correta:
a) Parcial.
b) Progressista.
c) Integral.
d) Ecumênica.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
2. De que resposta eclesiástica aos anos 1960 se originou a Missão Integral, assi-
nale a alternativa correta:
a) Progressista.
b) Ecumênica.
c) Conservadora.
d) Evangelical.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
3. A FTL-Brasil foi uma instituição com financiamento do exterior que cresceu ra-
pidamente, levando a Missão Integral à cúpula das Igrejas, avalie o enunciado 
e assinale se falso ou verdadeiro.
( ) FALSO. ( ) VERDADEIRO.
4. Dentre as críticas inadequadas feitas à teologia da missão integral, uma delas é:
a) Seguir a exegese histórico-crítica.
b) Não aceitar a inspiração da Escritura.
c) Ser igual à teologia da libertação.
d) Defender a integralidade da missão.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
42 
5. Três desafios negativos para o futuro da missão integral, apresentados no tex-
to, são:
a) Não se tornar uma ortodoxia, não se tornar uma identidade, não se tornar 
mero chavão.
b) Não se tornar uma ortodoxia, não se tornar uma identidade, não se tornar 
ecumênica.
c) Não se tornar uma heresia, não se tornar uma identidade, não se tornar 
mero chavão.
d) Não se tornar uma identidade, não se tornar mero chavão, não se tornar 
uma denominação.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
43 
Uma síntese da teologia da missão integral
A Teologia da Missão Integral oferece uma lente através da qual lemos as Escrituras Sa-
gradas em busca de referenciais para a presença do cristão/comunidade cristã no mun-
do: “Assim como o Pai me enviou ao mundo, também eu vos envio”.
A soteriologia da missão integral é o domínio de Deus, de direito e de fato, sobre todo o 
universo criado, através daqueles restaurados à imagem de Jesus Cristo, o primogênito 
dentre muitos irmãos. A salvação é o Reino de Deus em plenitude, onde a vontade de 
Deus é realizada – concretizada em perfeição. A redenção pessoal/individual é a apenas 
uma parcela do que o Novo Testamento chama salvação: o novo céu e a nova terra.
A eclesiologia da missão integral é o novo homem coletivo. Deus não está salvando 
pessoas, está restaurando a raça humana. Estar em Cristo é não apenas ser nova criatura, 
mas também e principalmenteser nova humanidade – não mais descendência de Adão, 
mas de Cristo, o novo homem – homem novo. O caos do universo é fruto da rebeldia da 
raça humana em relação ao Deus Criador; a redenção do universo – fazer convergir to-
das as coisas em Cristo – é resultado da reconciliação da raça humana com Deus – Deus 
estava em Cristo reconciliando consigo a humanidade. No Cristianismo, a salvação é 
pessoal, a peregrinação espiritual é comunitária, e nada, absolutamente nada, é indivi-
dual. A igreja é a unidade dos redimidos que são transformados de glória em glória, pelo 
Espírito Santo, até que todos cheguem juntos à estatura de varão perfeito.
A missiologia da missão integral é a sinalização histórica do Reino de Deus, que será 
consumado na eternidade. A igreja, o corpo de Cristo, é o instrumento prioritário através 
do qual Cristo, o cabeça, exerce seu domínio sobre todas as coisas, no céu, na terra e 
debaixo da terra, não apenas neste século, mas também no vindouro. A missão da igreja 
é manifestar aqui e agora a maior densidade possível do Reino de Deus que será consu-
mado ali e além. O convite ao relacionamento pessoal com Deus é apenas uma parcela 
da missão. A missão integral implica a ação para que Cristo seja Senhor sobre tudo, to-
dos, em todas as dimensões da existência humana: “o evangelho todo o homem todo”.
A antropologia da missão integral é a unidade indivisível do “pó da terra/fôlego da 
vida”, as dimensões física e espiritual do ser humano. “Corpo sem alma é defunto; alma 
sem corpo é fantasma”; “Cristo veio não só a alma do mal salvar, também o corpo 
ressuscitar”. A ação missiológica e pastoral da igreja afeta a pessoa humana em todas 
as suas dimensões: bio-psíco-espiritual-social – a pessoa inteira em seu contexto – o 
homem e suas circunstâncias.
O kerigma, evangelização, na missão integral é a proclamação de que Jesus Cristo é o 
Senhor, seguida da convocação ao arrependimento e à fé, para acesso ao Reino de Deus. 
A oferta de perdão para os pecados pessoais é o início da peregrinação espiritual, porta 
de entrada para o relacionamento de submissão radical a Jesus Cristo, a partir do que a 
pessoa humana e tudo quanto ela produz, passa a servir aos interesses do reino de Deus, 
existindo e funcionando em alinhamento ao caráter perfeito de Deus.
44 
A proposta da missão integral como agenda ministerial para a igreja é mais do que o mix 
evangelismo pessoal + assistência social (geralmente como isca ou argumento even-
gelístico). O referencial da missão integral para a presença do cristão/comunidade cris-
tã no mundo é mais do que a construção/multiplicação de igrejas locais, para onde os 
cristãos se retiram do mundo e passam a exercer funções que a viabilizam – ela, igreja, 
instituição religiosa - como um fim em si mesmo. A convocação da missão integral é 
para a rendição ao senhorio de Jesus Cristo, para perdão dos pecados e recebimento do 
dom do Espírito Santo, a partir do que se passa a integrar um corpo, o corpo de Cristo, 
ambiente para a experimentação coletiva dos benefícios da cruz, responsável por trans-
bordar tais benefícios ao mundo, como anúncio profético do novo céu e da nova terra. O 
caminho missiológico e pastoral da missão integral é afetivo/relacional, em detrimento 
de metodológico/operacional; comunitário, em detrimento de institucional; devocional, 
em detrimento de gerencial.
A igreja é a comunidade da graça, comunidade terapêutica, agência de transformação 
social, sinal histórico do Reino de Deus, instrumentalizada pelo Espírito Santo, enquanto 
serve incondicionalmente a Jesus Cristo, Rei dos reis, Senhor dos senhores, a quem seja 
glória eternamente, amém.
Fonte: René Kivitz (2004, p. 50).
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Para conhecer melhor o Movimento Evangélico Progressista (MEP) consulte a página oficial do 
movimento:
Disponível em: <http://www.mepbrasil.xpg.com.br/>.
Para conhecer mais sobre a Visão Mundial Brasil (VMB), veja a página oficial da mesma:
Disponível em: <http://visaomundial.org/>.
Para conhecer mais sobre a Aliança Bíblica Universitária Brasil, veja a página oficial da mesma:
Disponível em: <http://www.abub.org.br/>
Para conhecer mais sobre a FTL-Brasil, veja a página oficial da mesma:
Disponível em: <http://ftl.org.br>.
Sonhos Roubados
Ano: 2010
Sinopse: a trama retrata o difícil cotidiano de três amigas de uma comunidade 
carioca, que acabam se prostituindo com o propósito de conseguir dinheiro 
para satisfazer seus sonhos de consumo e completar o orçamento doméstico. 
Mostra a necessidade de transformação pessoal e social.
Missão Integral. Ensaio sobre a Igreja e o Reino
C. René Padilla
Editora: Descoberta
Sinopse: coletânea original de ensaios sobre os fundamentos da teologia da 
Missão Integral latino-americana. É considerada a obra pioneira da Missão 
Integral.
REFERÊNCIAS
ESCOBAR, Samuel. “La fundación de la Fraternidad Teológica Latinoamericana: Bre-
ve ensayo histórico”. In: PADILLA, C. René (Org.). 25 Años de Teologia Evangelica La-
tinoamericana. Buenos Aires: FTL, 1995, p. 7-22.
GOUVÊA, R. Q. Missão Integral: Um Convite à Reflexão. Disponível em: <http://
www.cbn.org.br/redemi/images/download/teologia_missao_integral/missao_in-
tegral_convite_reflexao(Gouvea).pdf>. Acesso em: 2 mar. 2016.
KIVITZ, Ed R. Missão integral: proclamar o reino de Deus, vivendo o evangelho de 
cristo, Editora Ultimato, 2004.
PADILLA, R. Missão integral: ensaios sobre o reino e a igreja. São Paulo: FTL, 1992.
RED MIQUEIAS. Declaração Miquéias sobre Missão Integral. 2004. Disponível 
em: <http://www.redemiqueias.org/home/miss_o_integral/declara_o_miqu_ias>. 
Acesso em:
SANCHES, S. M. A teologia da missão integral como teologia evangélica contextual 
latinoamericana. Revista Caminhando. v. 15, n. 1, p. 65-85, jan./jun. 2010. Dispo-
nível em: <https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/Cami-
nhando/article/view/1549/1859>. Acesso em: 24 maio 2018.
ZABATIERO, J. P. T.. Um movimento teológico e sua contribuição para a transforma-
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2 Em: <http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/260/para-que-um-clade-iv>. 
Acesso em: 24 maio 2018.
3 Em:<http://infopastor.com.br/site/teologia-da-missao-integral-uma-resposta/>.
4 Em: <http://juliosevero.blogspot.com/2012/12/a-arvore-podre-da-missao-inte-
gral.html>. Acesso em: 8 jun. 2018.
REFERÊNCIAS
http://www.cbn.org.br/redemi/images/download/teologia_missao_integral/missao_integral_convite_reflexao(Gouvea).pdf
http://www.cbn.org.br/redemi/images/download/teologia_missao_integral/missao_integral_convite_reflexao(Gouvea).pdf
http://www.cbn.org.br/redemi/images/download/teologia_missao_integral/missao_integral_convite_reflexao(Gouvea).pdf
http://www.cbn.org.br/redemi/images/download/teologia_missao_integral/missao_integral_convite_reflexao(Gouvea).pdf
http://www.cbn.org.br/redemi/images/download/teologia_missao_integral/missao_integral_convite_reflexao(Gouvea).pdf
http://lattes.cnpq.br/6084107335994470
47
GABARITO
1. A.
2. D.
3. Falso.
4. C.
5. A.
GABARITO
ANOTAÇÕES
U
N
ID
A
D
E II
Professor Dr. Júlio Paulo Tavares Mantovani Zabatiero
TEOLOGIA BÍBLICA 
DA INTEGRALIDADE 
DA MISSÃO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Explicar o que é hermenêutica contextual no âmbito da missão 
integral.
 ■ Relacionar a teologia do reino de Deus em Êxodo com a noção de 
integralidade da missão.
 ■ Relacionar a teologia do reino de Deus nos Evangelhos Sinóticos com 
a noção de integralidade da missão.
 ■ Analisar os principais elementos da teologia da missão em Atos dos 
Apóstolos.
 ■ Descrever as dimensões da missão integral nos escritos paulinos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Hermenêutica contextual: o “método” da teologia

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