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DESCRIÇÃO Avaliação cinético-funcional das principais lesões musculoesqueléticas dos membros inferiores e as respectivas abordagens fisioterapêuticas. PROPÓSITO Apresentar as principais lesões musculoesqueléticas que acometem os membros inferiores, as formas de avaliação e as propostas de intervenções fisioterapêuticas para a atuação profissional na área de Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar as principais técnicas de avaliação cinético-funcional dos membros inferiores e da pelve MÓDULO 2 Identificar as principais lesões da pelve e dos membros inferiores MÓDULO 3 Relacionar técnicas e métodos fisioterapêuticos indicados no tratamento das lesões e disfunções dos membros inferiores INTRODUÇÃO Os membros inferiores recebem sobrecargas continuamente durante a marcha ou quando nos mantemos em posição ortostática, quando caminhamos, corremos, pulamos, quando nos levantamos da cama ou sentamos em uma cadeira, ou seja, durante a maioria das atividades diárias. Daí advém uma das justificativas para o grande número de lesões musculoesqueléticas que podem acometer as articulações do quadril, joelho e tornozelo. Essas três articulações trabalham conjuntamente, estabelecem elos anatômicos e funcionais, interferindo positivamente (Facilita o livre movimento.) ou negativamente (O comprometimento da articulação do tornozelo pode, por exemplo, gerar sobrecarga inadequada de forças sobre o quadril.) no funcionamento do membro inferior. Devemos ainda considerar a importância da pelve em nosso estudo, uma vez que ela estabelece o elo entre o membro inferior e o esqueleto axial através da articulação do quadril, o que nos leva a estudar as disfunções da pelve em conjunto com o membro inferior. ATENÇÃO Os movimentos do tronco, e consequentemente os da pelve, influenciam o membro inferior, principalmente quando o pé se encontra apoiado. O mesmo raciocínio fazemos no sentido contrário, em que movimentos dos pés influenciam ações nas articulações do joelho e do quadril. Ter a noção de que existe um elo anatômico e funcional entre os segmentos corporais é importante para entendermos que lesões desenvolvidas no tornozelo podem ter origem em posicionamentos do joelho e vice-versa. Por uma questão didática, vamos iniciar o nosso estudo por segmentos corporais, porém não podemos esquecer que sempre devemos entender o corpo como um sistema interligado, observando o indivíduo como um todo. MÓDULO 1 Identificar as principais técnicas de avaliação cinético-funcional dos membros inferiores e da pelve A avaliação de lesões ou distúrbios musculoesqueléticos é uma tarefa que consiste principalmente na anamnese e no exame físico. ANAMNESE A anamnese é de grande relevância por fornecer o histórico da saúde do paciente e identificar o surgimento da queixa principal, permitindo direcionar a um possível diagnóstico. EXAME FÍSICO O diagnóstico só será mais preciso a partir do exame físico, que pode ser realizado através da inspeção, palpação e aplicação de testes. Para traçarmos um plano de tratamento, é necessária a realização de uma cuidadosa avaliação - existem diversos testes clínicos específicos. Vamos iniciar o nosso estudo com os métodos empregados para o complexo articular do quadril, joelho e tornozelo. COMPLEXO ARTICULAR DO QUADRIL Anatomicamente, a articulação do quadril é formada pela união da cabeça do fêmur no acetábulo (acidente anatômico do osso ilíaco) através de uma articulação sinovial esferoide tri-axial. ARTICULAÇÃO SINOVIAL ESFEROIDE TRI-AXIAL As articulações sinoviais são classificadas quanto à forma (classificação morfológica) e ao número de eixos (classificação funcional). Portanto, a classificação morfofuncional do quadril é sinovial esferoide, tri-axial. Esferoide: por apresentar a superfície articular (cabeça do fêmur) esférica; Tri-axial: por realizar movimento nos três planos (frontal, sagital e horizontal). A articulação do quadril, em cadeia cinemática fechada ou aberta, apresenta limitações estruturais quanto à sua amplitude, embora seja, juntamente com a articulação do ombro, a mais móvel do corpo. O quadril participa da manutenção das posturas ortostáticas (Em pé) e da deambulação (Marcha) . Confere estabilidade para o membro inferior, o que é observado no elo formado entre os ossos ilíacos: Anteriormente através da sínfise púbica (anfiartrose ou cartilaginosa do tipo sínfise) & Posteriormente através da articulação sacro-ilíaca (diartrose ou sinovial plana) javascript:void(0) A cintura pélvica, juntamente com a articulação do quadril, quando em cadeia cinemática fechada (o pé em apoio fixo), forma um sistema no qual as forças avançam superiormente desde o membro inferior, em direção à pelve e ao tronco, e inferiormente desde o tronco e a pelve, passando pelo quadril e alcançando os membros inferiores. A articulação óssea anterior e posterior da pelve garante maior estabilidade para o membro inferior. Esse arranjo contribui significativamente para a manutenção do equilíbrio e da postura ereta, mediante constantes ajustes musculares e articulares. Imagem: Shutterstock.com ANAMNESE DO COMPLEXO ARTICULAR DO QUADRIL Em uma entrevista com o avaliado, é importante levantar os seguintes dados para a anamnese do complexo articular do quadril (MAGEE, 2010): Imagem: Shutterstock.com Fêmur saudável, fêmur apresentando osteoporose e fratura do colo femoral. Idade Doença como Legg-Calvé-Perthes é mais comum em meninos com 4 a 12 anos de idade. Fraturas por osteoporose do colo femoral é uma tendência em mulheres idosas. javascript:void(0) A artrose de quadril pode atingir ambos os sexos com idade avançada, porém com predomínio no sexo feminino. LEGG-CALVÉ-PERTHES Também denominada doença de Perthes, acomete comumente meninos. Caracteriza-se por uma má formação da articulação do quadril, pelo suprimento sanguíneo insuficiente para a cartilagem epifisária do fêmur, próximo à articulação do quadril. Imagem: Shutterstock.com Bursite trocantérica. Mecanismo do trauma Queda da própria altura com fratura do colo femoral: característica das fraturas por redução da densidade óssea (osteoporose). Queda sobre a face lateral do quadril: pode ser a causa do desenvolvimento da bursite trocantérica. Trauma indireto sobre o quadril (como ocorre quando se bate o joelho no chão em uma queda): pode ocasionar uma subluxação ou uma laceração do lábio do acetábulo. Imagem: Shutterstock.com Como se apresenta a dor Profunda, incômoda ao acordar e no suporte de peso em posição ortostática e durante a marcha: característica das artroses. Aguda, intensa, repentina, gerando incapacidade de movimentação: fratura. Aumento da dor quando sentado, quando cruza o membro acometido: bursite trocantérica. Dor quando sentado sem os membros estarem cruzados e ao realizar exercícios de extensão do quadril: bursite isquiática. Imagem: Shutterstock.com Alguma atividade reduz a dor ou a faz piorar É preciso pesquisar se existe algum movimento que o paciente sinta como fraco ou anormal. Por exemplo, na síndrome do piriforme, ocorre a compressão do nervo isquiático na região látero-posterior do quadril, podendo gerar uma redução na força para a abdução e rotação lateral da articulação. A anamnese do complexo articular do quadril é relevante porque fornece dados sobre o estado atual da articulação e da patologia. AVALIAÇÃO FÍSICA DO COMPLEXO ARTICULAR DO QUADRIL Na avaliação física, é importante observar a marcha enquanto o paciente se direciona ao local de avaliação, ou seja, antes do início da anamnese propriamente dita. Assim, a locomoção pode ser observada sem qualquer interferência de correções. ATENÇÃO Sabendo que será examinado, o paciente pode fazer ajustes na postura sem querer. Podemos avaliar o complexo articular do quadril como um composto de três articulações, que a princípio devem ser avaliadas conjuntamente nas disfunções e queixas que acometem a pelve e o quadril: Articulaçãosacroilíaca Sínfise púbica Articulação do quadril AVALIAÇÃO DA ARTICULAÇÃO SACROILÍACA A articulação sacroilíaca desempenha um importante papel no elo entre os ossos ilíacos direito e esquerdo em conjunto com a sínfise púbica, transferindo o peso para os membros inferiores e proporcionando elasticidade à pelve (MAGGE, 2010). Essa articulação é ligeiramente móvel em jovens, tornando-se mais rígida com o avançar da idade. É classificada como sinovial plana, apresenta cartilagem articular, cápsula articular e um grande complexo ligamentar estabilizador. Imagem: Shutterstock.com Articulação sacroilíaca. Existe um complexo muscular estabilizador da pelve e uma correlação anatômica e funcional que deve ser considerada tanto na avaliação como no tratamento dessa região do corpo. Podemos citar o sistema longitudinal profundo, que inclui: Músculo eretor da espinha (espinal, longuíssimo e iliocostal) Lâmina profunda da fáscia toracolombar Ligamento sacrotuberal Músculos isquiotibiais Imagem: Shutterstock.com Sistema longitudinal profundo estabilizador da pelve, posteriormente. Este sistema interligado de músculos e ligamentos, quando encurtado, pode gerar: Tensionamento do tronco em direção aos membros inferiores Ocasionando hiperlordose e consequente adaptação do quadril, da pelve e dos joelhos. OU Tensionamento dos membros inferiores em direção ao tronco Gerando retificação da lordose lombar, por exemplo. Em ambos os casos, ocorrem sobrecarga e comprometimento da função estabilizadora da articulação sacroilíaca. Testes específicos para avaliar a articulação sacroilíaca (MAGEE, 2010): TESTE DE APROXIMAÇÃO 1. O avaliado é posicionado em decúbito lateral. 2. O examinador posiciona as mãos sobre a crista ilíaca, pressionando-a em direção ao solo (esse movimento gera tensão anterior sobre o sacro). 3. A sensação de pressão nas articulações sacroilíacas pode indicar uma possível lesão ou comprometimento dos ligamentos sacroilíacos posteriores. Imagem: Avaliação musculoesquelética. MAGEE, 2010, p. 633 Teste de aproximação (A. Visão posterior; B. Visão anterior). TESTE DE ROTAÇÃO LATERAL PASSIVA DO QUADRIL 1. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal. 2. O examinador flexiona o quadril e a articulação do joelho a 90° e, em seguida, roda o quadril lateralmente. 3. O movimento gera tensão na articulação sacroilíaca do lado testado. AVALIAÇÃO DA SÍNFISE PÚBICA No plano frontal, os dois ossos ilíacos se unem anteriormente para formar a sínfise púbica, uma articulação cartilaginosa formada pela união dos púbis direito e esquerdo no plano mediano através de um disco fibrocartilaginoso. Ao estabilizar a articulação, temos os ligamentos púbico superior e púbico inferior e as fibras tendíneas dos músculos reto do abdome e oblíquo externo (MOORE et al, 2017). SAIBA MAIS A pubalgia é uma condição dolorosa na região da sínfise púbica ou no local de inserção proximal (origem) dos adutores, podendo ser considerada uma causa externa de dor muitas vezes associada ao quadril. Testes específicos para avaliar a sínfise púbica: TESTE DE ESTRESSE SUPEROINFERIOR 1. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal. 2. O examinador posiciona a base de uma mão sobre o ramo do osso púbico de um lado e a outra mão sobre o ramo púbico do outro lado e faz uma compressão associada à força de cisalhamento. 3. O teste é considerado positivo quando desencadeia dor na sínfise púbica. Imagem: Avaliação musculoesquelética. MAGEE, 2010, p. 634 Teste de estresse superoinferior da sínfise púbica. TESTE DA ADUÇÃO FORÇADA 1. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal, com os joelhos flexionados e as plantas dos pés unidas, na posição de alongamento de adutores. 2. O examinador posiciona uma mão em cada joelho, gerando resistência e solicitando que o avaliado realize adução bilateral. 3. Dor na sínfise púbica provocada pela adução bilateral contra a resistência é indicativo de pubalgia. 4. O avaliado pode ser sensibilizado pela associação de flexão do tronco por ativar o reto do abdome que tem fixação na sínfise púbica. AVALIAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DO QUADRIL Investigar a dor no quadril e na pelve requer avaliação cuidadosa, uma vez que envolve todo o complexo articular, órgãos internos pélvicos e a coluna lombar. A investigação pode gerar uma dor referida no quadril e levar a um diagnóstico equivocado. Por isso, além da avaliação específica, é preciso realizar um diagnóstico diferencial, cogitando hérnia de disco, pubalgia, acometimento articulação sacroilíaca e a possibilidade de os sintomas estarem associados à síndrome do piriforme. Testes específicos para avaliar a articulação do quadril: TESTE DE FLEXÃO DO QUADRIL (AVALIAÇÃO DE ARTROSE DO QUADRIL) 1. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal. 2. O examinador realiza passivamente a flexão do quadril. 3. O teste é considerado positivo quando há reprodução da dor associada com a redução de amplitude de movimento em relação ao membro contralateral, podendo ocorrer uma flexão da articulação do joelho como forma de compensação. Foto: Shutterstock.com Teste de flexão do quadril. TESTE DE ROTAÇÃO MEDIAL DO QUADRIL (AVALIAÇÃO DE ARTROSE DO QUADRIL) 1. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal. 2. O examinador realiza passivamente a flexão do quadril a 90°. 3. O examinador realiza a rotação medial do quadril passivamente. 4. O teste é considerado positivo quando há reprodução da dor. Foto: Shutterstock.com Teste de rotação medial do quadril. TESTE FABERE OU TESTE DE PATRICK (TESTE DE FLEXÃO, ABDUÇÃO E ROTAÇÃO LATERAL DO QUADRIL) 1. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal. 2. A perna do lado doloroso é colocada em posição de “quatro”, posicionando o tornozelo logo acima do joelho da perna contralateral. 3. O examinador aplica uma pressão para baixo no joelho do lado doloroso e na espinha ilíaca anterossuperior do lado contralateral. 4. O teste é considerado negativo quando o joelho do membro inferior encosta na mesa ou, pelo menos, fica paralelo ao membro inferior oposto sem relato de dor; o teste é positivo quando é reproduzida a dor na região anterior ou lateral do quadril. OBS: O teste de Fabere também é empregado para avaliação de dor na articulação sacroilíaca, e a dor na região posterior está associada à disfunção nessa articulação. Foto: Shutterstock.com Teste de Fabere. Veja a seguir o quadro comparativo dos sintomas: Articulação sacroilíaca Sínfise púbica Articulação do quadril Em geral a dor é profunda, tende a ser unilateral e pode ser referida na região posterior da coxa. Pode gerar graus variáveis de fraqueza muscular, iniciando com desconfortos leves; com o passar do tempo, evolui para restrição de atividades esportivas e cotidianas. Quando o quadril está afetado, o peso do corpo é baixado cuidadosamente sobre o lado comprometido e o joelho aumenta discretamente a flexão para amortecer o impacto. A dor ou o desconforto permanece independentemente da posição, porém pode ser percebido nas mudanças de posição na cama ou ao apoiar os pés no chão para ficar em pé. A dor piora com flexão do tronco e exercícios abdominais; piora com esforço físico e melhora com repouso. Quando o quadril apresenta rigidez, o tronco e o membro inferior afetado se deslocam em bloco anteriormente, comprometendo a dissociação de cinturas. Quadro: Quadro comparativo de sintomas relacionados às articulações da cintura pélvica. Elaborado por Adriana de Souza Marinho Teixeira. ARTICULAÇÃO DO JOELHO O joelho é classificado morfofuncionalmente como uma articulação sinovial condilar biaxial, realizando flexão e extensão no plano sagital e rotação medial e lateral com o joelho ligeiramente flexionado no plano transversal. ATENÇÃO As superfícies articulares do joelho apresentam incongruências, não havendo um encaixe ósseo que garanta estabilidade, como ocorre na articulação do quadril. Para suprir essa incongruência, temos os meniscos, que garantemum melhor encaixe entre as superfícies ósseas, além de aumentar a área articular, reduzindo a pressão sobre a articulação - um componente anatômico importante para dissipar a sobrecarga sofrida. A cápsula articular envolve a superfície articular do fêmur, da tíbia e da patela. Lembre-se de que a fíbula não faz parte da articulação do joelho. Os ligamentos capsulares, extracapsulares e intra-articulares auxiliam a função de união e estabilização promovida pela cápsula articular. Temos ainda tendões e bursas ao redor da articulação. Essa quantidade de componentes articulares torna a articulação do joelho uma das mais complexas do corpo humano não só pelas estruturas envolvidas, como também por se encontrar entre duas grandes articulações (quadril e tornozelo) e receber carga nos dois sentidos. Além disso, precisa garantir mobilidade e estabilidade. Os músculos que cruzam o joelho apresentam importante papel em sua estabilização, por isso sempre devem ser considerados na prevenção e tratamento de lesões. Podemos citar o músculo quadríceps, os isquiotibiais, o tensor da fáscia lata através de sua aponeurose (o trato iliotibial) e ainda a “pata de ganso” (sartório, grácil e semitendíneo). O trato iliotibial funciona como um “ligamento ativo” estabilizando a articulação do joelho lateralmente. Imagem: Shutterstock.com Para que ocorra movimentação com adequada distribuição de forças, existe um arranjo muscular e ligamentar (principalmente através do retináculo patelar medial e lateral) que traciona a patela naturalmente durante os movimentos em diversas direções e sentidos, de forma a neutralizar a artrocinemática e permitir o seu deslizamento de forma alinhada em suas superfícies articulares. RETINÁCULO PATELAR javascript:void(0) Formado por tecido conjuntivo fibroso que estabiliza a patela. O desequilíbrio dessas forças pode levar a um desgaste articular maior e desenvolver artrose, luxações patelares lateralmente (um predomínio de tração lateral da patela pelo próprio vasto lateral), condromalácia e alteração do “trilho” fisiológico articular. Observamos uma grande variedade anatômica nas estruturas articulares do joelho, entre elas o formato da patela, que pode estar envolvido nas instabilidades patelofemoral (NAVARRO et al., 2010). ANAMNESE DO COMPLEXO ARTICULAR DO JOELHO Na anamnese das lesões que envolvem a articulação do joelho, é importante levantar as seguintes questões: Qual o mecanismo da lesão? Quando o mecanismo se dá por uma força valga (deslocando a articulação medialmente), pode ocorrer lesão do ligamento colateral medial e esta ser acompanhada por ruptura do menisco medial e do ligamento cruzado anterior, conhecido como a “lesão em tríade do joelho”. Quando o mecanismo se dá por uma força vara (deslocando a articulação lateralmente), pode ocorrer lesão do ligamento colateral lateral e esta ser acompanhada por lesão do ligamento cruzado posterior. Quando o mecanismo se dá por uma força de hiperextensão (a tíbia deslocando-se anteriormente ou o fêmur, posteriormente), pode ocorrer lesão do ligamento cruzado anterior acompanhada de ruptura meniscal. Quando o mecanismo se dá por uma força em flexão (a tíbia deslocando-se posteriormente, ou o fêmur, anteriormente), pode ocorrer lesão do ligamento cruzado posterior acompanhada de ruptura meniscal. Qual a direção da força que causou a lesão? Lesões de menisco, principalmente medial, ocorrem por mecanismos de torção, que combinam compressão e rotação. Forças de desenvolvimento lento tendem a causar avulsões ósseas. Forças de desenvolvimento rápido tendem a causar rupturas ligamentares (entorses). Em crianças, podem ocorrer lesões da placa epifisária (cartilagem relacionada ao crescimento longitudinal do osso longo) em vez de lesão ligamentar, uma vez que, durante o crescimento, a placa epifisária apresenta-se mais frágil que os ligamentos. Quando, em crianças ou adolescentes, essa lesão ocorre na epífise proximal da tíbia, é denominada doença de Osgood-Schlatter, que apresenta como sintomas dor e aumento de volume local durante ou após atividade física. A lesão ocorre por movimentos de aceleração ou desaceleração? Lesão por aceleração ou por rotação pode envolver o menisco. Lesão por desaceleração envolve com mais frequência os ligamentos cruzados. Lesão por velocidade constante ou por frenagem súbita, como em um drible, pode envolver o ligamento cruzado anterior. Como a dor se manifesta? Rigidez matinal, que melhora com as atividades, é característico das lesões articulares causadas por artrose (degeneração da cartilagem articular). O avaliador deve ter atenção quando a dor é constante, sem estar relacionada a atividades, momentos do dia ou mudanças de postura. A dor constante pode indicar patologias graves, como tumores. Ocorre “falseio” ou bloqueio no joelho? Muitas vezes o “falseio” pode estar associado a lesões ligamentares e até mesmo meniscais, porém pode ser somente o reflexo de fraqueza muscular sem a presença de lesões. Se após a manutenção do joelho flexionado por um tempo mais prolongado ocorrer uma sensação de bloqueio para sua extensão, o bloqueio pode estar associado à lesão meniscal. TESTES ESPECÍFICOS PARA A AVALIAÇÃO DO JOELHO: RUPTURAS MENISCAIS E LESÕES LIGAMENTARES Teste de Apley 1. O avaliado é posicionado em decúbito ventral. 2. O examinador estabiliza a coxa do avaliado e flexiona o joelho deste a 90°. 3. O examinador se inclina sobre o pé do paciente, aplicando uma força de distração rodando medial e lateralmente o joelho. Depois, impõe uma força compressiva axial exercendo uma rotação medial e lateral. 4. O teste é positivo para lesão ligamentar pela presença de dor na distração; e é positivo para lesão meniscal pela presença de dor na compressão. Foto: Shutterstock.com Teste de Apley. Teste da marcha de pato (teste de Childress) 1. O avaliado passa da posição ortostática para um agachamento profundo (Posição de cócoras) . 2. Se a dor não se reproduzir com o agachamento total, solicita-se ao avaliado que “ande como um pato” nesta posição. 3. O teste positivo para ruptura meniscal é indicado por um bloqueio que impede a flexão completa ou pela presença de dor à flexão máxima. Quando o membro inferior não afetado se eleva para dar um passo, todo o peso corporal comprime o joelho contralateral e, por consequência, o menisco, acusando principalmente uma lesão posterior no menisco. Teste de gaveta anterior (teste do ligamento cruzado anterior) 1. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal com o joelho flexionado a 90°, o quadril flexionado a 45°, com o pé apoiado sobre a maca. 2. O examinador estabiliza o pé do paciente e apoia as mãos por trás da tíbia proximalmente, com os polegares sobre a face anterior da tíbia e os indicadores sobre os tendões dos músculos isquiotibiais medial e lateralmente. 3. O examinador traciona a tíbia anteriormente. 4. O teste é positivo para lesão do ligamento cruzado anterior quando ocorre maior deslocamento anterior da tíbia do lado afetado, se comparado com o lado não afetado. Foto: Shutterstock.com Teste de gaveta anterior. Teste de gaveta posterior (teste do ligamento cruzado posterior) 1. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal com o joelho flexionado a 90°, o quadril flexionado a 45° e o pé em posição neutra. 2. O examinador estabiliza o pé do paciente e apoia as mãos na região anterior da tíbia proximalmente, com os polegares nas interlinhas articulares medial e lateral. 3. O examinador traciona a tíbia posteriormente. 4. O teste é positivo quando ocorre deslocamento posterior da tíbia. O deslocamento pode ser classificado em: grau 1 (0 a 5mm), grau 2 (6 a 10mm) e grau 3 (+11mm). ATENÇÃO Nos testes de gaveta anterior e posterior, ambos os joelhos devem ser avaliados para evitar o falso positivo. Teste de apreensão patelar ou teste de apreensão de Fairbank (teste para disfunção patelofemoral) 1. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal, com o membroinferior semiflexionado e apoiado sobre a coxa do examinador (sentado ao lado da maca). 2. Com uma das mãos, o examinador empurra a patela lateralmente e, com a outra mão, flexiona passivamente o joelho. 3. O teste é positivo quando o avaliado apresenta sinais de apreensão, podendo resistir à força lateral, e tenta estender o joelho. Foto: Shutterstock.com Ângulo Q e os desvios em varo e valgo. O ângulo Q (quadriciptal) é formado por duas linhas que se encontram: Uma linha passa pelo centro da patela e pela tuberosidade da tíbia Outra linha passa pelo centro da patela e pela espinha ilíaca anterossuperior O ângulo Q, considerado normal para homens, varia entre 11 e 17 graus; para mulheres, varia entre 14 e 20 graus. Valores fora desses limites sobrecarregam as estruturas articulares do joelho e quadril. Imagem: Shutterstock.com As causas de aumento do ângulo Q podem ser: valgo femoral, tuberosidade da tíbia rodada lateralmente, retináculo lateral tenso e encurtado, vasto medial enfraquecido, patela deslocada lateralmente, o que gera alteração postural do joelho denominada geno valgum (joelho valgo). SAIBA MAIS Portadores de geno varum (joelho varo) geralmente apresentam rotação medial da tíbia, muitas vezes associada às degenerações causadas por artroses, prática de esporte como o futebol e raquitismo desenvolvido na infância. Nesse caso, ocorre uma diminuição do ângulo Q. Imagem: Shutterstock.com Joelho normal, joelho valgo e joelho varo. O valgismo exagerado do joelho acarreta encurtamento das estruturas musculoligamentares, como o trato iliotibial, o retináculo lateral e a compressão do menisco lateral com tensionamento sobre o ligamento colateral medial. Já o varismo exagerado leva ao encurtamento dos músculos adutores e do retináculo medial, com compressão do menisco medial e tensionamento sobre o ligamento colateral lateral. COMPLEXO ARTICULAR DO TORNOZELO A articulação talocrural (articulação do tornozelo) é classificada morfofuncionalmente como sinovial gínglimo, localizada entre as extremidades distais da tíbia e da fíbula e a face superior e lateral do tálus. Ela realiza os movimentos de flexão plantar e flexão dorsal (os movimentos de inversão e eversão ocorrem no pé, entre a face inferior do tálus e a face superior do calcâneo, formando a articulação talocalcânea ou subtalar). ATENÇÃO O tálus encontra-se entre os maléolos lateral e medial. Observe que a tróclea do tálus (superfície articular superior) é mais larga anteriormente, o que dá maior estabilidade na flexão dorsal, uma vez que este movimento desloca posteriormente a região anterior. A flexão plantar do tornozelo encontra-se mais instável por deslocar a região posterior do tálus anteriormente, que é mais estreita. Essa relação anatômica do tálus com os maléolos, que gera maior instabilidade na flexão plantar, é um dos motivos da maior incidência de entorses nesse movimento. AVALIAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DO TORNOZELO Na avaliação do complexo articular do tornozelo, devemos considerá-lo juntamente com o pé e suas alterações, uma vez que a integridade de ambos é necessária para o suporte de peso e o deslocamento durante a marcha. Podemos iniciar pela Inspeção: Identificar se existem deformidades ósseas, cicatrizes, retrações da pele ou muscular. Avaliar todo o membro inferior conjuntamente (articulação do quadril, joelho, tornozelo e a forma que o pé distribui o peso sobre o solo). Analisar o arco longitudinal do pé. ARCO LONGITUDINAL → Aumentado: pé cavo. → Diminuído: pé plano. javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com Pé plano, pé normal, pé cavo. Observar a coloração, se existe vasculopatias que muitas vezes dificultam o retorno venoso e linfático gerando dor. Avaliar calosidades, pois elas podem significar uma distribuição desigual de peso ou traumas causados por esporte ou sapatos inadequados. Observar edemas que podem estar relacionados a traumas mecânicos, como entorse ou doenças sistêmicas que comprometem o retorno venoso e linfático (cardiopatias). Avaliar como ocorre a ação dinâmica do pé e do tornozelo com carga na marcha: observar o toque do calcanhar no solo, as adaptações do médio e do antepé, o arco longitudinal (se é flexível) distribuindo e ao mesmo tempo resistindo às cargas (não “desabando” quando suporta o peso corporal) e a relação dos dedos com o solo durante os últimos estágios do passo (os dedos devem ser bem distribuídos, não ficar em garra - flexão dos dedos). Solicitar a marcha nas pontas dos pés, nos calcanhares e sobre as faces laterais e mediais dos pés, para verificar a amplitude articular, a capacidade de suporte de peso e a força muscular. Ao observarmos o arranjo ósseo do pé, percebemos a organização em três agrupamentos: O retropé Calcâneo e tarso O mediopé Navicular, cuneiformes e cuboide O antepé 1º ao 5º metatarso e falanges Entre o retropé e o mediopé, temos a articulação transversa ou de Chopart; e entre o mediopé e o antepé, a articulação tarsometatársica ou articulação de Lisfranc. Essas duas articulações transversais entre os ossos do pé são importantes para a absorção de impacto, a acomodação do pé no solo e a transferência de forças durante a impulsão. Imagem: Shutterstock.com Vista anatômica superior do pé e seu arranjo ósseo. SAIBA MAIS O conjunto de movimentos dos ossos do mediopé possibilitam melhor adaptação ao tocarmos com o pé no solo e quando transferimos força durante movimentos de propulsão na marcha e na corrida. Testes específicos para avaliar a articulação do tornozelo (COOK; HEGEDUS, 2015): TESTE DE THOMPSON 1. O avaliado é posicionado em decúbito ventral com os pés para fora da maca. 2. O examinador comprime o músculo da panturrilha, aproximando os ventres dos gastrocnêmios. 3. Esse teste avalia a integridade do tendão do calcâneo. Em uma pessoa sem lesão, o teste gera uma discreta flexão plantar. Com o tendão rompido, o pé não se mexe, e o teste é então considerado positivo. Imagem: Shutterstock.com Teste de Thompson. TESTE DO ESTRESSE EM VARO DO TORNOZELO 1. O avaliado é posicionado confortavelmente, de preferência em decúbito dorsal. 2. O examinador estabiliza a perna do avaliado e gera o movimento em varo (inversão do pé). 3. Esse teste verifica a integridade do ligamento calcâneo-fibular e da cápsula lateral. É considerado positivo quando ocorre um movimento além do esperado (se comparado com o membro contralateral). O avaliado pode demonstrar apreensão (receio do movimento) e dor. TESTE DO ESTRESSE EM VALGO DO TORNOZELO 1. O avaliado é posicionado confortavelmente, de preferência em decúbito dorsal. 2. O examinador estabiliza a perna do avaliado e gera o movimento em valgo (eversão do pé). 3. Esse teste verifica a integridade do ligamento deltoide e da cápsula medial. É considerado positivo quando ocorre um movimento além do esperado (se comparado com o membro contralateral). O avaliado pode demonstrar apreensão (receio do movimento) e dor. TESTE PARA LESÃO DA SINDESMOSE TIBIOFIBULAR DISTAL 1. O avaliado é posicionado confortavelmente em decúbito lateral ou dorsal. 2. O examinador aplica força anterior e posterior no local da sindesmose. 3. O teste é positivo quando ocorre dor durante o emprego de força pelo examinador e uma ligeira movimentação em comparação ao lado contralateral. Observação: A sindesmose tibiofibular distal é uma articulação fibrosa de grande importância para a estabilidade do tornozelo, mantendo a tíbia e a fíbula unidas sobre o tálus. Embora a lesão da sindesmose ocorra somente em aproximadamente 10% dos casos de entorse do tornozelo, ela deve ser investigada por ser um dos principais fatores relacionados a sintomas residuais e disfunção prolongada do tornozelo após quadros de entorse. ATENÇÃO Os testes de estresse em varo e valgo geralmente não são realizados na fase aguda em razão do edema e da dor. Nesse caso, deve ser analisada a história clínica narrada pelopaciente. GONIOMETRIA: TESTE DE AMPLITUDE ARTICULAR A goniometria é um processo de mensuração da amplitude articular em graus realizada com o goniômetro, um instrumento de baixo custo, simples de usar e de fácil higienização, muito útil para fornecer os dados de movimentação articular e quantificar a evolução do paciente. Imagem: Shutterstock.com Goniômetro. O goniômetro apresenta um braço fixo e um braço móvel. O braço fixo fica alinhado ao segmento do corpo que não vai se mover; o braço móvel acompanha o segmento a ser avaliado. Foto: Shutterstock.com Posicionamento do goniômetro para avaliar a amplitude articular. Segundo Magee (2010), a realização de testes que permitam aferir a amplitude de movimentos ativos é recomendada para os seguintes graus articulares: GONIOMETRIA DA ARTICULAÇÃO DO QUADRIL A goniometria do quadril avalia flexão e extensão (plano sagital), abdução e adução (plano frontal), rotação medial e rotação lateral (plano horizontal) da articulação. Atente-se aos detalhes da mensuração: Flexão Amplitude articular de 0-125° com o joelho flexionado e de 0-90° com o joelho estendido. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal, mantendo o membro oposto estabilizado sobre a maca. Extensão Amplitude articular de 0-15°. O avaliado é posicionado em decúbito ventral ou lateral, mantendo o tronco e o membro contralateral estabilizados. Abdução Amplitude articular de 0-45°. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal, mantendo o alinhamento corporal e evitando a flexão lateral da coluna. Adução Amplitude articular de 0-15°. O avaliado é posicionado em decúbito dorsal; a mensuração pode ser feita na região anterior da coxa sobre a articulação do quadril. Rotação medial Amplitude articular de 0-45°. O avaliado deve estar sentado sobre a maca, com o joelho e o quadril flexionados a 90°, e em posição neutra antes de iniciar o teste. Rotação lateral Amplitude articular de 0-45°. O avaliado deve estar sentado sobre a maca, com o joelho e o quadril flexionados a 90°, e em posição neutra antes de iniciar o teste. GONIOMETRIA DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO A angulação articular da flexão do joelho é mensurada com o avaliado em decúbito dorsal. O joelho da perna avaliada deve estar flexionado. É necessária a flexão máxima de joelho, para que o examinador posicione o goniômetro com o eixo sobre a articulação do joelho – o braço fixo do goniômetro deve ficar paralelo à superfície lateral do fêmur, na direção do trocânter maior, e o braço móvel deve estar paralelo à face lateral da fíbula na direção do maléolo lateral. A amplitude articular fisiológica do joelho é de 130 a 140°. GONIOMETRIA DA ARTICULAÇÃO DO TORNOZELO E PÉ Os movimentos fisiológicos realizados pelo tornozelo e pelo pé – e suas respectivas amplitudes – também devem ser avaliados, pois a marcha, a corrida e os ajustes dos pés no solo dependem da preservação da mobilidade articular. Movimento Amplitude fisiológica Flexão plantar 45-50° Flexão dorsal 20° Quadro: Articulação do tornozelo Elaborado por Adriana de Souza Marinho Teixeira. Articulação talocalcânea (articulação subtalar) Inversão 35° Eversão 25° Articulações metatarsofalângicas Flexão 30° Extensão 80° Quadro: Movimentos do pé Elaborado por Adriana de Souza Marinho Teixeira. AVALIAÇÃO DA FLEXÃO DORSAL 1. O avaliado deve estar sentado, com os joelhos e pés fora da maca. 2. O examinador deve solicitar ao avaliado que faça a flexão dorsal. 3. Em seguida, o examinador posiciona o goniômetro com o eixo paralelo ao maléolo lateral, o braço fixo do goniômetro paralelo à face lateral da fíbula e o braço móvel paralelo à superfície lateral do quinto metatarso. Nesse momento, é possível medir a amplitude articular. A amplitude fisiológica da flexão dorsal é de 20°. AVALIAÇÃO DA FLEXÃO PLANTAR 1. O avaliado deve estar sentado, com os joelhos e pés fora da maca. 2. O examinador deve solicitar ao avaliado que faça a flexão plantar. 3. Em seguida, o examinador posiciona o goniômetro com o eixo paralelo ao maléolo lateral, o braço fixo do goniômetro paralelo à face lateral da fíbula e o braço móvel paralelo à superfície lateral do quinto metatarso. Nesse momento, é possível medir a amplitude articular. A amplitude fisiológica da flexão plantar é de 45-50°. AVALIAÇÃO PARA FORÇA MUSCULAR TESTE DA PRANCHA REVERSA Esse teste avalia se os músculos isquiotibiais possuem força suficiente para sustentar o quadril. Imagem: Shutterstock.com Prancha reversa. O avaliado deve elevar a pelve enquanto permanece com o peso do corpo sobre os cotovelos e calcanhares. O examinador pode ainda solicitar que o avaliado eleve uma perna de cada vez. ATENÇÃO O movimento rotatório ou a queda da pelve pode indicar fraqueza dos músculos isquiotibiais ou dor na tuberosidade isquiática (local onde esses músculos possuem inserção proximal). SINAL DE TRENDELENBURG Esse teste é importante para verificar se existe comprometimento dos músculos abdutores do quadril, principalmente do músculo glúteo médio, que é um estabilizador do apoio unipodal. Imagem: Shutterstock.com Sinal de Trendelenburg. O avaliado deve estar em posição ortostática para iniciar o teste. O examinador solicita que ele retire um pé do chão e que se mantenha equilibrado sem apoio. O teste é considerado negativo se a pelve do lado oposto ao membro inferior que retirou o pé do chão se elevar (essa adaptação é fisiológica e fundamental para a marcha). O teste é positivo se a pelve do lado sem apoio inclinar para baixo quando o paciente ficar em pé sobre o membro inferior afetado. Devemos pensar da seguinte forma: o músculo glúteo médio direito estabiliza a pelve, trazendo o tronco para a direção do membro inferior direito, quando retiramos o pé esquerdo do chão (ocorre o mesmo com o outro lado). Portanto, se a pelve inclinar para o lado sem apoio, significa uma incapacidade de manutenção do apoio unipodal, o que pode indicar fraqueza ou mesmo um processo inflamatório na inserção do músculo glúteo médio. SÍNDROME CRUZADA INFERIOR Atualmente, passamos sentados durante longo tempo do dia, seja nos meios de transporte, no trabalho ou na escola – comportamento ainda associado à utilização de equipamentos eletrônicos, cada vez mais inseridos na nossa vida cotidiana. Foto: Shutterstock.com Hábitos posturais afetam o complexo lombo-pélvico-quadril. Com esse “novo normal”, relatos de dor na região posterior das costas tornaram-se comuns nos atendimentos. Essa dor pode estar associada à manutenção da postura sentada por longos períodos, geralmente de forma inadequada, sem preservação das curvaturas corporais e em total desalinhamento corporal. O complexo articular do quadril muitas vezes pode ser afetado por posturas inadequadas, e a pessoa acabar desenvolvendo a “síndrome cruzada inferior”. Essa condição se caracteriza por rigidez dos flexores do quadril e dos músculos extensores da coluna lombar e, em contrapartida, por fraqueza nos músculos anterolaterais da parede do abdome (reto abdominal, oblíquos internos e externos e transverso do abdome) e nos glúteos máximo e médio. Imagem: Shutterstock.com Síndrome cruzada inferior. Tudo isso associado, na maioria das vezes, ao encurtamento dos músculos isquiotibiais. Os músculos flexores do quadril associados aos eretores da coluna quando tensos (encurtados) tendem a inclinar a pelve anteriormente, acentuando a lordose lombar. Isso, por sua vez, gera maior sobrecarga nas faces articulares das vértebras lombares, articulações sacroilíacas e quadril, podendo acarretar em uma adaptação de encurtamento em rotação lateral do quadril. Esse quadro pode levar à dor, à disfunção articular e ao desconforto. Além disso, estratégias compensatórias talvez se desenvolvam, como o aumento da cifose torácica ou da lordose cervical, gerando cargas extras nessas regiões de forma compensatória. SAIBA MAIS A musculatura abdominal e a glútea subativadae inibida tornam-se incapazes de neutralizar os flexores de quadril e os extensores da coluna tensos e encurtados. Quando permanecemos sentados por um longo período, os flexores do quadril ficam em uma posição de aproximação de origem e inserção (resultando em encurtamento e tensionamento, o que fatalmente gera maior tensão nos extensores da coluna para manter a posição) enquanto os abdominais e glúteos subutilizados tornam-se inibidos e fracos com o passar do tempo. Percebemos a importância desta avaliação muscular quando estamos em posição ortostática. A linha de gravidade passa anteriormente ao eixo da articulação do quadril, gerando um efeito de inclinação pélvica anterior. Para garantir a estabilidade nesse momento, é necessária a ativação dos músculos abdominais e extensores do quadril, como o glúteo máximo. AVALIAÇÃO DOS MOVIMENTOS FUNCIONAIS Outra forma de verificar o funcionamento dos complexos articulares do quadril, joelho e tornozelo é avaliar se a pessoa preserva a capacidade de realização de atividades funcionais como: Amarrar sapatos Sentar Inclinar para frente Agachar Subir escada Descer escada Colocar o pé sobre a coxa oposta (cruzar a perna) Vestir uma calça Para a realização de atividades funcionais aparentemente simples, é necessário em torno de 120° de flexão do tronco e 20° de rotação lateral e abdução do quadril, associadas à flexão do joelho e à mobilidade do tornozelo. A manutenção da amplitude articular é um elemento importante para a realização das atividades da vida diária (AVDs). As patologias que afetam o quadril e o joelho costumam ser de difícil avaliação clínica. Muitas vezes são necessários exames complementares (desde uma radiografia simples, até imagens por tomografia ou ressonância magnética) que vão permitir uma avaliação mais aprofundada das partes ósseas e das partes moles adjacentes. Imagem: Shutterstock.com ATENÇÃO Lembre-se de que apresentar dor, desconforto e limitações funcionais não significa necessariamente a presença de uma lesão tecidual correspondente, mas, sim, uma alteração mecânica do movimento que, por sua vez, acarreta imobilizações ativas (evitamos os movimentos normais quando sentimos dor) levando à redução de fluxo sanguíneo para a região, à redução de líquido sinovial, com consequente encurtamento e fraqueza muscular. O movimento consciente, através de um programa de exercícios posturais associado às mudanças de hábitos de vida, muitas vezes é a solução ideal para restabelecer a saúde articular. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS E FUNCIONAIS DOS MEMBROS INFERIORES A especialista Adriana de Souza Marinho Teixeira apresenta características anatômicas essenciais da pelve, do quadril, do joelho e do tornozelo para o movimento e a estabilidade. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O TESTE DE FABERE (TESTE DE PATRICK) SERVE PARA AVALIAR: A) Apenas quadril doloroso contralateral B) Apenas quadril doloroso ipsilateral C) Apenas a sacroilíaca ipsilateral. D) Tanto a sacroilíaca ipsilateral quanto o quadril doloroso contralateral E) Tanto a sacroilíaca contralateral quanto o quadril doloroso ipsilateral 2. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA A TRÍADE INFELIZ DO JOELHO OU TRÍADE DE O'DONOGHUE. A) Lesão do ligamento cruzado anterior, do ligamento cruzado posterior e do canto posterolateral B) Lesão do ligamento cruzado anterior, do ligamento colateral medial e do menisco medial C) Lesão do ligamento cruzado anterior, do ligamento cruzado posterior e do ligamento colateral medial D) Lesão do ligamento cruzado anterior, do ligamento cruzado posterior e do menisco lateral E) Lesão do ligamento cruzado anterior, do ligamento colateral lateral e do ligamento colateral medial GABARITO 1. O teste de Fabere (teste de Patrick) serve para avaliar: A alternativa "E " está correta. O teste de Fabere é empregado para identificação de lesão ou comprometimento da articulação do quadril, porém comprometimentos da articulação sacroilíaca também podem ser identificados no lado avaliado. 2. Assinale a alternativa que apresenta a tríade infeliz do joelho ou tríade de O'Donoghue. A alternativa "B " está correta. As lesões do ligamento cruzado anterior, do ligamento colateral medial e do menisco medial podem estar associadas em traumas mecânicos de lesões em valgo. MÓDULO 2 Identificar as principais lesões da pelve e dos membros inferiores A identificação das lesões que acometem a pelve e os membros inferiores é de grande relevância para traçarmos um plano de tratamento. A identificação da causa da queixa dolorosa ou do mecanismo da lesão permite estabelecer os objetivos e prognósticos esperados. Foto: Shutterstock.com O fisioterapeuta tem como preocupação principal o restabelecimento das funções que eram realizadas pelo indivíduo antes de uma lesão, mas o profissional sabe também que limitações funcionais podem surgir por questões mecânicas (desarranjos articulares) que geram sobrecarga biomecânica, sem lesão tecidual. Em ambas as situações (lesões ou desarranjos articulares), o objetivo é sempre a redução da dor ou do desconforto e o retorno aos movimentos funcionais. Sabemos que existe uma retroalimentação da dor e que o fisioterapeuta deve tentar impedir a instalação desse ciclo vicioso no paciente. Se o ciclo se instala, o fisioterapeuta deve agir de forma a interrompê-lo. LESÃO OU ALTERAÇÃO POSTURAL DOR IMOBILIZAÇÃO ATIVA (DESUSO) ENCURTAMENTO MUSCULAR, LIGAMENTAR E DAS FÁSCIAS IMOBILIZAÇÃO ATIVA AUMENTO DA DOR CINESIOFOBIA (MEDO DE MOVIMENTAR O SEGMENTO COMPROMETIDO) POSSIBILIDADE DE DESENVOLVIMENTO DE DOR/LESÃO NAS ARTICULAÇÕES PRÓXIMAS POR MOVIMENTOS COMPENSATÓRIOS PUBALGIA Também chamada de osteíte púbica ou pubeíte, pubalgia é o nome dado à dor originada ou localizada no púbis. É mais frequente em jogadores de futebol, corredores ou praticantes de atividade de impacto e geralmente associada a desequilíbrios musculares. Na maioria das vezes, a pubalgia melhora com o repouso e piora com o esforço físico. SAIBA MAIS A pubalgia crônica (que tem duração superior a três meses) pode ter relação com sobrecarga na musculatura adutora associada à fraqueza dos músculos abdominais. Quando combinada com hiperlordose lombar, é denominada “trilogia infeliz”. A dor geralmente se manifesta na adução contra a resistência ou na abdução (quando alonga os adutores). O grupo muscular adutor atua em conjunto com a parte mais distal dos músculos abdominais para estabilizar a pelve durante as atividades dos membros inferiores. A diminuição de amplitude de movimento da articulação do quadril juntamente com o desequilíbrio entre adutores e abdutores pode estar correlacionada aos processos dolorosos dessa região. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Geralmente, a pubalgia é tratada de forma conservadora, mas nos casos mais graves indica-se a correção cirúrgica. Lembramos a importância de se avaliar a articulação do quadril pela relação e proximidade anatômica e funcional, uma vez que a sínfise púbica estabiliza a cintura pélvica anteriormente, dando suporte para a articulação do quadril. Nos quadros agudos, o tratamento consiste em repouso, analgesia e afastamento das atividades físicas. Pode-se associar a crioterapia, caso haja um processo inflamatório, porém se deve avaliar se a inflamação está relacionada à sínfise púbica (Que teria indicação do uso de gelo.) ou à lesão muscular de adutores. javascript:void(0) LESÃO MUSCULAR DE ADUTORES Nesse caso, deve ser evitado o uso de anti-inflamatórios, que acabam por prejudicar o processo natural de cicatrização tecidual. Quando o paciente não apresentar mais dor, é importante iniciar um programa de correção postural, focando nos possíveis desequilíbrios musculares envolvidos na lesão. FRATURA DO COLO FEMORAL A osteoporose é uma doença osteometabólica que leva à redução da densidade óssea. Atinge principalmente o osso trabecular (esponjoso), reduzindoa resistência mecânica óssea e facilitando a incidência de fraturas. A fratura do colo femoral é típica de mulheres idosas que apresentam osteoporose. A fratura do colo femoral muitas vezes está relacionada com a queda da própria altura, conhecida como “fratura de quadril”. As consequências dessa fatura podem ir além do trauma em si, uma vez que o fêmur recebe vascularização através do colo femoral, ou seja, uma irrigação retrógada que pode ser prejudicada nas fraturas e nos procedimentos cirúrgicos. A falta do suprimento sanguíneo pode levar à necrose da cabeça femoral, condição bastante prejudicial para a recuperação. Nesse caso, muitas vezes, é necessária uma nova cirurgia, como uma artroplastia de quadril substituindo as partes necrosadas. Imagem: Shutterstock.com Fratura do colo femoral. Nos casos de fratura do colo femoral, o fisioterapeuta deve ter muita atenção na recomendação médica e na expectativa da cirurgia, como também na expectativa do semiapoio, da descarga de peso e da marcha de forma independente e autônoma sem o uso de órteses. ATENÇÃO Quando não ocorrer a resposta esperada, ao perceber um distanciamento do prazo de recuperação, é imprescindível indicar que se procure o médico responsável pela cirurgia ou, se não for possível, algum médico especializado em ortopedia e traumatologia para verificar o sucesso ou insucesso da cirurgia. O fisioterapeuta após qualquer procedimento cirúrgico passa a depender do êxito deste procedimento. Com a evolução da recuperação pós-cirúrgica, quando já ocorre a possibilidade de descarga de peso total, a recomendação é a realização de exercícios sob a influência da gravidade ou de alguma sobrecarga externa que seja capaz de gerar no tecido ósseo maior sobrecarga mecânica. Por isso as atividades de impacto, como corrida, caminhada, salto na cama elástica, exercícios com resistência na água, são as que mais estimulam a osteogênese e reduzem a perda óssea. SÍNDROME DO PIRIFORME O músculo piriforme, localizado na face lateral do quadril e profundamente à musculatura glútea, tem importante função estabilizadora da pelve. Ele realiza a rotação lateral do quadril e abdução, porém, no caso de sua insuficiência associada à fraqueza do músculo glúteo máximo, pode ocorrer a adução e rotação medial, resultando em uma adaptação em valgo do quadril e consequente sobrecarga nas estruturas anatômicas, por conta da inadequada distribuição de peso. O encurtamento do músculo piriforme pode levar à compressão do nervo isquiático, que gera uma dor referida na região lateral do quadril, podendo irradiar posteriormente na coxa, acompanhando o trajeto do nervo isquiático. Os sintomas, por serem semelhantes aos da hérnia de disco, merecem um diagnóstico diferencial. Imagem: Shutterstock.com Síndrome do piriforme: compressão do nervo isquiático pelo músculo piriforme e representação da distribuição da dor. Embora os sintomas sejam semelhantes nos dois casos, os tratamentos são bem diferentes: NA HÉRNIA DE DISCO A lesão tem origem na coluna vertebral, região onde se concentra o tratamento. NA SÍNDROME DO PIRIFORME A lesão tem origem profunda na região glútea. javascript:void(0) javascript:void(0) SAIBA MAIS O nervo isquiático é formado pelas raízes das L4, L5, S1, S2 e S3 e é responsável pela inervação dos músculos localizados na região posterior da coxa (isquiotibiais), seguindo distalmente em direção ao joelho, quando se bifurca em nervo tibial (medialmente) e nervo fibular (lateralmente) inervando a perna. As causas da síndrome do piriforme podem ser: Postura sentada por tempo prolongado. Manutenção da postura sentada associada à carteira guardada no bolso posterior da calça. Variações anatômicas (nervo isquiático passando por dentro do ventre do músculo piriforme). Restrições de movimentos fisiológicos da pelve e consequente tensão sobre o músculo. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS O tratamento da síndrome do piriforme geralmente é conservador, tendo indicação cirúrgica em casos de recidiva e em situações que a fisioterapia não alcança resultados. Fatores predisponentes da síndrome do piriforme (HANKIN et al, 2015): Sexo feminino. Uso excessivo do músculo piriforme (alguns atletas, como corredores de longa distância). Variação anatômica, atravessando o ventre do músculo o nervo fibular comum. Atividades que solicitam a rotação lateral do quadril de forma repetitiva, como o movimento realizado por bailarinas ou bailarinos (en dehors). ARTROSE DO QUADRIL A artrose do quadril caracteriza-se como uma degeneração da articulação do quadril, podendo acometer a superfície articular da cabeça do fêmur e a face articular do acetábulo. Com o passar do tempo, pode gerar alterações ósseas com redução do espaço articular, o que compromete a artocinemática com consequente limitação do movimento e dor. ARTOCINEMÁTICA Caracteriza-se por deslizamentos e rolamentos intra-articulares, necessários para a movimentação normal da articulação. Essa mecânica articular pode ser definida como o movimento do fêmur no acetábulo ou do ilíaco quando se move sobre o fêmur. A dor da artrose de quadril pode ser localizada ou irradiada para a região glútea e coxa, manifestando-se após caminhadas prolongadas, no suporte de peso em posição ortostática e, em casos mais graves, ao acordar ou durante o repouso. javascript:void(0) RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS O tratamento da artrose do quadril mudou muito ao longo dos anos. Pode-se iniciá-lo com um diagnóstico precoce e mudanças no estilo de vida. O tratamento conservador (não cirúrgico) se dá com técnicas fisioterápicas, como trações, fortalecimentos e manobras específicas. Em casos mais graves, a indicação em geral é cirúrgica. O conhecimento mais aprofundado da biologia da cartilagem hialina tem levado a tratamentos não cirúrgicos, como a infiltração de ácido hialurônico e fatores de crescimento derivados de plaquetas. A terapia cirúrgica com substituição protética (artroplastia de quadril) é uma opção que pode ser escolhida em função da dor e da limitação funcional. Imagem: Shutterstock.com Artroplastia total do quadril direito (substituição da cabeça e do colo femoral com haste intramedular e substituição do acetábulo). BURSITES Bursas ou bolsas sinoviais são prolongamentos da cápsula articular que funcionam como um acolchoamento entre uma proeminência óssea e um tendão. O processo inflamatório dessas estruturas pode ocorrer na bursa do músculo iliopsoas, na bursa trocantérica e na bursa isquiática: NA BURSITE DO MÚSCULO ILIOPSOAS A dor é referida na região anterior e proximal da coxa, podendo ser irradiada em direção ao joelho. Agrava-se com movimentos que exijam grande amplitude de flexão da articulação do quadril. NA BURSITE TROCANTÉRICA A dor é referida na região lateral do quadril, podendo se dirigir distalmente acompanhando o trato iliotibial devido à relação anatômica do trato com a bursa. Os sintomas podem aumentar na subida de escadas ou durante a marcha, também quando a pessoa fica em pé de forma assimétrica (acarretando maior sobrecarga do membro acometido) ou se deita sobre o lado afetado. Os desequilíbrios posturais e musculares, como encurtamentos e redução da força, podem predispor à irritação da bursa troncadérica, assim como os traumas locais diretos, como quedas ou sobrecargas em movimentos de abdução do quadril. Imagem: Shutterstock.com A bursite trocantérica apresenta dor na região lateral do quadril, podendo irradiar distalmente, acompanhando o trato iliotibial. NA BURSITE ISQUIÁTICA A dor é sentida ao redor da tuberosidade isquiática, principalmente na posição sentada. Pode ainda ocorrer a dor irradiada, assemelhando-se aos comprometimentos que envolvem a compressão do nervo isquiático, como ocorre na hérnia de disco ou na síndrome do piriforme. A bursite isquiática pode advir de exercícios em extensão do quadril com grande sobrecarga e muita repetição (por exemplo, os exercíciosfeitos para a região glútea) ou de traumas diretos como quedas na posição sentado. Imagem: Shutterstock.com Na bursite isquiática, a dor é referida ao redor do ísquio, na região glútea. LESÕES DO JOELHO LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR E DO LIGAMENTO CRUZADO POSTERIOR A lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) é muito comum entre os atletas do futebol, basquete e esqui, mas também acomete pessoas comuns em atividades cotidianas por quedas ou entorses. Entre os praticantes de atividades físicas, a lesão pode ocorrer quando o calçado permanece aderido ao solo enquanto se dá uma torção do corpo e a carga rotacional é transferida para a articulação do joelho. Imagem: Shutterstock.com Ligamento cruzado anterior íntegro e entorse do ligamento cruzado anterior. Como fatores causais das lesões no LCA, podemos destacar: CALÇADOS ESPORTIVOS E SUPERFÍCIES Importantes mudanças se deram em relação à confecção de calçados esportivos, principalmente no que diz respeito às travas, que são necessárias para garantir estabilidade ao atleta durante atividades de aceleração, desaceleração e torções. No entanto, quando a aderência do calçado é muito grande, acaba ocorrendo a fixação do pé no solo, quando ele deveria acompanhar a mudança de direção do corpo. Isso gera um eixo rotacional sobre o joelho, muitas vezes com o segmento estendido, o que causa a lesão. DESEQUILÍBRIOS MUSCULARES2 Os encurtamentos geram músculos fracos que, consequentemente, sobrecarregam as estruturas ligamentares e musculares próximas como uma forma compensatória. Os desequilíbrios musculares são uma das principais causas de lesões, inclusive do LCA. O ligamento cruzado posterior (LCP) juntamente com o LCA são estruturas intra-articulares que estabilizam o joelho nos movimentos de rotação especialmente o LCP impede que a tíbia se desloque posteriormente em relação ao fêmur. Esse ligamento apresenta maior espessura e consequentemente maior resistência que o LCA, geralmente a sua lesão está associada a traumas de maior energia. Os mecanismos de lesão do LCA podem estar associados a: Traumas frontais sobre a face anterior da perna em esporte de contato. Quedas com hiperflexão dos joelhos. Acidentes automobilísticos, quando o painel do veículo gera uma força mecânica que desloca a perna posteriormente em relação ao fêmur. Atualmente os tratamentos fisioterapêuticos e os procedimentos cirúrgicos evoluíram bastante, por isso o retorno às atividades realizadas anteriormente à lesão acontece rapidamente. O tratamento não cirúrgico do LCA deve ser considerado em pacientes mais velhos, sem lesões associadas, com pouca queixa de instabilidade e que não pratiquem atividades físicas de maior exigência. ATENÇÃO Há pessoas que apresentam resposta positiva ao tratamento conservador, mantendo práticas esportivas com lesões do LCA. Porém, se casos de “falseios” e novas lesões surgirem, o procedimento cirúrgico deve ser considerado. A lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) apresenta uma boa capacidade de cicatrização e, a maioria das vezes, o tratamento convencional obtém sucesso sem a necessidade de cirurgia. As lesões de grau I e II geralmente não possuem indicação cirúrgica. As de grau III precisam de uma decisão individualizada. javascript:void(0) INDIVIDUALIZADA Leva-se em consideração a idade, as atividades praticadas e as lesões associadas, como a ruptura de menisco, por exemplo. LESÕES MENISCAIS As lesões meniscais estão entre as mais frequentes na articulação do joelho. Relacionam-se geralmente com traumas mecânicos que geram força rotacional quando a articulação se encontra flexionada, comprimindo os meniscos entre a tíbia e o fêmur. EXEMPLO Esportes como futebol, basquete, tênis e handebol respondem por boa parte das lesões ocorridas nas práticas esportivas, por envolverem desaceleração com mudança brusca de direção. Corrida, voleibol e academia estão em ordem crescente de riscos de lesões meniscoligamentares (ASTUR et al., 2016). Os meniscos desempenham papel importante na estabilidade do joelho, transmissão de carga, absorção de impacto, congruência articular e propriocepção. Quando lesionados, comprometem o funcionamento normal da articulação, gerando dor e dificuldade de movimentação, e são um dos fatores causais de processos degenerativos da cartilagem articular, podendo levar ao desenvolvimento de artrose na articulação. A dor no momento da lesão é muito variável, podendo evoluir nas primeiras 24 horas e desenvolver edema articular, juntamente com incapacidade para estender o joelho, agachar ou ajoelhar. A dor pode estar associada aos “falseios” (a estabilidade da articulação fica prejudicada pela redução das informações proprioceptivas causada pela lesão do menisco). Imagem: Shutterstock.com O diagnóstico é traçado pela história do trauma e pelo exame físico, através de testes específicos e identificação de pontos de dor à palpação. A avaliação por imagens é indicada para um adequado planejamento cirúrgico e para a identificação de eventuais lesões em outros ligamentos, como o LCA, o LCP e o ligamento colateral medial, que muitas vezes podem estar associados às lesões meniscais. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS O tratamento conservador (fisioterapia) pode ser uma opção inicial, porém se o joelho permanecer travando, com movimentação restrita e ainda associada à lesão de ligamento, sem evolução no tratamento ou até piora, a indicação é de intervenção cirúrgica. Devem ainda ser considerados o nível de atividade física, a idade do paciente e o risco cirúrgico, para determinar a melhor conduta. CISTO POPLÍTEO OU CISTO DE BAKER O cisto poplíteo ou cisto de Baker é um cisto sinovial que surge na fossa poplítea em razão do aumento da pressão intra-articular, o que gera uma herniação da membrana interna da cápsula articular (membrana sinovial), contendo no seu interior líquido sinovial. SAIBA MAIS Esse cisto foi descrito pela primeira vez por Adams, em 1840, mas ficou mais conhecido com a descrição de Baker em 1877. Atualmente é entendido como um cisto localizado entre a cabeça medial do músculo gastrocnêmio e o tendão do semimembranáceo (DEMANGE, 2011). O desenvolvimento do cisto de Baker geralmente está associado a um comprometimento prévio, como se fosse uma reação. É comum em ambos os sexos, entre adultos e idosos, e a maior parte está associada à artrose e às lesões traumáticas anteriores, principalmente a ruptura meniscal. O cisto de Baker tem consistência líquida, não aderido a planos profundos, e pode ser encontrado em exames de imagem realizados por outros motivos. Nesses casos, geralmente são pequenos e assintomáticos. Quando o paciente procura atendimento pelo cisto sintomático, queixa-se de abaulamento na região poplítea (posterior do joelho) associado a sintomas de dor e rigidez. Em casos de cistos maiores, pode ocorrer ruptura por compressão de estruturas adjacentes e o aparecimento de sintomas semelhantes à trombose venosa profunda. Imagem: Shutterstock.com Cisto de Baker. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS O tratamento inicial é voltado para a analgesia, se esta for a queixa principal. Pode ocorrer a regressão espontânea do cisto, mas nos casos de aumento progressivo, com dor significativa ou com sinais de compressão de estruturas adjacentes, é necessário o encaminhamento para um médico ortopedista, a fim de se avaliar a necessidade de abordagem cirúrgica. CONDROMALÁCIA PATELAR A condromalácia patelar também denominada artropatia degenerativa da cartilagem fêmoro-patelar está associada a processos inflamatórios e alterações biomecânicas. Segundo Matos (2015), as principais alterações anatômicas que podem interferir na biomecânica do joelho são: A forma e a altura da patela A forma da tróclea femoral Os distúrbios de desalinhamento do joelho As alterações biomecânicas levam a uma maior sobrecarga sobre áreas desta articulação (patelofemoral), o que pode alterar a homeostaseentre a produção de colágeno tipo II e a sua degradação. Já o processo inflamatório seria secundário em relação às alterações biomecânicas, como uma forma de resposta tecidual desordenada às cargas impostas, ocorrendo por secreção de citocinas inflamatórias e enzimas proteolíticas necessárias ao catabolismo do colágeno tipo II. COLÁGENO Proteína fibrosa que garante resistência à cartilagem articular, composta primariamente de colágeno tipo II. CITOCINAS Proteínas produzidas por diversas células, mas principalmente por linfócitos e macrófagos ativados participando da resposta imune. Atualmente, novas pesquisas têm demonstrado uma reação autoimune nesse desequilíbrio de síntese e absorção de colágeno. A partir desses novos achados, os tratamentos fisioterapêuticos na condromalácia passaram a ser associados a acréscimos de novas medicações que talvez possam inibir a degradação do colágeno, ou seja, uma atuação multidisciplinar envolvendo médico e fisioterapeuta. javascript:void(0) javascript:void(0) LESÕES DO TORNOZELO ENTORSE Anatomicamente, o tornozelo é formado pela “pinça bimaleolar”, que é a união entre os maléolos medial (da tíbia) e lateral (da fíbula) através da sindesmose tíbiofibular distal, o que confere estabilidade na união entre a os ossos da perna distalmente. Essa “pinça” é posicionada sobre o tálus, formando a articulação do tornozelo. A articulação do tornozelo apresenta: OS LIGAMENTOS COLATERAIS LATERAIS Talofibular anterior, calcaneofibular e talofibular posterior MEDIALMENTE O LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL Conhecido como ligamento deltoide As lesões desses ligamentos são comuns no cotidiano e no esporte, principalmente em inversão associada à flexão plantar, como ocorre quando descemos um degrau, no amortecimento de um salto ao tocar pé no solo e com o uso de sapatos altos. Nesse tipo de lesão, pode ocorrer a ruptura de ligamentos colaterais laterais, principalmente do talofibular anterior e calcaneofibular. Quando o mecanismo da lesão se dá em eversão e flexão dorsal, com cargas mecânicas maiores, pode levar à entorse do ligamento colateral medial, ou ainda, como ocorre em quedas com o pé em pronação, pode ocorrer a fratura do maléolo fibular. javascript:void(0) javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com Entorse de ligamentos colaterais laterais (fibulares). Imagem: Shutterstock.com Entorse de ligamento colateral medial. As lesões de entorse podem ser de menor ou maior intensidade, sendo classificadas em leve (grau I), moderada (grau II), grave (grau III). Grau I Edema leve, ligeira perda da função, ruptura de até 25% das fibras. Grau II Edema moderado, com instabilidade do tornozelo, dificuldade para suportar peso, ruptura entre 25 e 75% das fibras ligamentares. Grau III Ruptura ligamentar que pode chegar a ser total, com edema, hematoma, dor significativa e instabilidade do tornozelo considerável. Quadro: Classificação das entorses. Elaborado por Adriana de Souza Marinho Teixeira. ATENÇÃO A maioria das entorses de tornozelo podem ser tratadas sem cirurgia, principalmente as de graus I e II. O tratamento de entorses pode ser dividido em três fases: Fase 1 Cicatrização: indica-se a imobilização do segmento associada ao repouso, objetivando a cicatrização do ligamento, a redução do edema e do quadro álgico. Fase 2 Reabilitação: o objetivo é minimizar o mais rápido possível as consequências do desuso, que são encurtamentos teciduais e redução da força e da amplitude de movimento. Essa intervenção deve ser inserida o mais precocemente possível. Fase 3 Funcional: nessa fase já é possível a descarga de peso e movimentos funcionais, seja das atividades diárias, seja dos gestos desportivos, trabalhando força, resistência e propriocepção. Nas lesões mais leves, com apenas duas semanas, as três fases do tratamento já podem ser concluídas. Enquanto nas entorses mais graves, chegar ao processo final de reabilitação e alta pode levar até 12 semanas. FRATURA DO MALÉOLO LATERAL E/OU MEDIAL As lesões de entorse do tornozelo podem associar fraturas no momento do trauma, envolvendo o maléolo medial ou o maléolo lateral. Porém essa perda da solução de continuidade do tecido ósseo pode ocorrer por traumas mecânicos sem associação de lesões ligamentares. Os sintomas que podem indicar uma fratura são: Edemas. Hematomas. Incapacidade de suportar o peso. Dor severa e imediata. Incapacidade de movimentar o segmento. As fraturas que envolvem os maléolos são muitas vezes cirúrgicas, por afetarem uma região articular. Deve ser evitado qualquer desvio na consolidação da fratura, o que pode levar a alterações do movimento e ao desenvolvimento de processos degenerativos que podem tornar a articulação rígida e dolorosa. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS A cirurgia busca a redução da fratura (aproximação e alinhamento) através da fixação de placas e parafusos. Após esse processo cirúrgico, é necessária uma intervenção fisioterapêutica para a recuperação da força muscular, da amplitude articular, do treino da marcha e de atividades funcionais. BURSITE DO TENDÃO DO CALCÂNEO A bursite do tendão do calcâneo é um processo inflamatório da bursa localizada entre a pele da região posterior do calcâneo e o tendão do calcâneo (bursite posterior do calcâneo) ou entre o calcâneo e o tendão do calcâneo (bursite anterior do calcâneo ou bursite retromaleolar). A bursite posterior do calcâneo pode ser causada por pressões de calçados sobre a bursa, enquanto a bursite anterior, também chamada de doença de Albert, pode ter as mesmas causas da bursite posterior e ainda ser desencadeada por doenças reumatológicas como gota e artrite reumatoide. Imagem: Shutterstock.com Bursite anterior do calcâneo ou retromaleolar. SAIBA MAIS Os sintomas da bursite do tendão do calcâneo incluem edema, aquecimento local, dor e grande sensibilidade ao toque no local. TENDINITE DO TENDÃO DO CALCÂNEO O tendão do calcâneo é uma faixa de tecido conjuntivo denso que faz a fixação dos músculos da panturrilha no osso calcâneo. Músculos da panturrilha: Gastrocnêmio lateral, gastrocnêmio medial e sóleo Tríceps sural O tríceps sural tem ação na flexão plantar do tornozelo e inversão da articulação talocalcânea (subtalar). Quando esses músculos se contraem, o tendão do calcâneo traciona o osso em sua inserção distal permitindo os movimentos de flexão plantar (movimentos necessários para saltar, correr ou andar). Apesar de ter capacidade de suportar grandes tensões, o tendão do calcâneo apresenta um suprimento sanguíneo limitado e recebe grande carga mecânica, muitas vezes repetitivas, como ocorre com corredores ou bailarinas. Dor, sensibilidade no calcanhar e limitação de movimentos são os principais sintomas da tendinite do tendão do calcâneo. O tratamento dessa lesão é geralmente conservador, associando repouso e recursos fisioterapêuticos. ALTERAÇÕES DE PISADA ASSOCIADAS ÀS LESÕES Durante a postura estática, as forças de reação do solo são distribuídas de forma equilibrada quando apresentamos alinhamento nos membros inferiores e na pelve. Porém, quando ocorrem desvios posturais nos pés (pé plano ou pé cavo), as forças verticais de reação do solo são maiores em determinados pontos, acarretando sobrecargas sobre o tornozelo, o joelho e até o quadril. Podemos verificar também que rotações de quadril ou desvios posturais das articulações do joelho geram cargas desequilibradas sobre os pés e tornozelos. Por isso a avaliação do fisioterapeuta não deve se ater somente a uma região corporal. É preciso, por exemplo, buscar correlações de disfunções nos pés que possam ter origem na postura inadequada do quadril, ou observar alterações do quadril e dos joelhos como respostas aos desvios posturais do pé e/ou tornozelo. Na Inspeção, podemos visualizar deformidades estruturais comuns na postura dos pés. Vejamos: Foto: Benefros at English Wikipedia / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 Pé cavo - Nessapostura, o pé apresenta um arco longitudinal anormalmente elevado. O pé torna-se rígido, com redução da capacidade de absorção de cargas e pronação limitada. A sobrecarga é então transmitida, superiormente, para tornozelo e joelho, por exemplo, podendo gerar ainda calosidades e fraturas por estresse. Foto: Shutterstock.com Pé plano. Pé plano - Nessa postura, o pé apresenta um arco longitudinal anormalmente baixo. O pé pode ser rígido (a planta do pé permanece sem o arco com sobrecarga de peso em pé e mesmo com a retirada dessa carga sobre o apoio) ou flexível (quando é retirado o apoio do peso corporal, o arco se apresenta próximo ao normal). ATENÇÃO Tanto o pé plano rígido como o flexível podem causar lesões, principalmente pelo fato de que, durante a descarga de peso, ele se torna incapaz de gerar sustentação rígida, permanecendo o pé em pronação quando deveria estar supinado. Imagem: Shutterstock.com Foto: Shutterstock.com Alterações posturais do retropé e antepé associadas ao pé plano e pé cavo, Geno varo e tíbia vara, com repercussão sobre a postura do pé e do tornozelo. FRATURA DO FÊMUR E SÍNDROME DO PIRIFORME A especialista Adriana de Souza Marinho Teixeira apresenta as principais características da osteoporose e suas implicações na articulação do quadril e na fratura do colo de fêmur, abordando também as causas e os sintomas da Síndrome do Piriforme. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NA REGIÃO DO QUADRIL, O NERVO ISQUIÁTICO PODE SER COMPRIMIDO PELO MÚSCULO PIRIFORME (SÍNDROME DO PIRIFORME). QUANDO ESSE MÚSCULO É AFETADO, O PACIENTE APRESENTA DOR E FRAQUEZA NOS MOVIMENTOS DE: A) Adução e rotação interna do quadril B) Extensão e rotação interna do quadril C) Abdução e rotação externa do quadril D) Flexão e adução do quadril E) Flexão e abdução do quadril 2. A DOR E A DISFUNÇÃO DO PÉ, DEVIDO A DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS, SÃO DIVIDIDAS EM CONDIÇÕES GENERALIZADAS E LOCALIZADAS. AS GENERALIZADAS INCLUEM AS DEFORMIDADES, A ARTRITE, A ATROFIA DE SUDECK E AS NEUROPATIAS DE COMPRESSÃO. A DEFORMIDADE DO PÉ ASSOCIADA À CRESCENTE ELEVAÇÃO DO ARCO LONGITUDINAL MEDIAL (DE MODO QUE O ANTEPÉ FIQUE EM UM NÍVEL INFERIOR AO RETROPÉ, OS LIGAMENTOS DORSAIS FIQUEM CONTRAÍDOS E OS DEDOS DO PÉ CONTRAÍDOS COMO GARRAS) É IDENTIFICADA COMO: A) Pé cavo B) Retropé em varo C) Tornozelo equino D) Antepé em valgo E) Antepé em varo GABARITO 1. Na região do quadril, o nervo isquiático pode ser comprimido pelo músculo piriforme (síndrome do piriforme). Quando esse músculo é afetado, o paciente apresenta dor e fraqueza nos movimentos de: A alternativa "C " está correta. O músculo piriforme tem ação nos movimentos de rotação lateral e abdução do quadril; no caso da síndrome do piriforme, os movimentos do quadril causam sintomas dolorosos ou de redução de força. 2. A dor e a disfunção do pé, devido a distúrbios musculoesqueléticos, são divididas em condições generalizadas e localizadas. As generalizadas incluem as deformidades, a artrite, a atrofia de Sudeck e as neuropatias de compressão. A deformidade do pé associada à crescente elevação do arco longitudinal medial (de modo que o antepé fique em um nível inferior ao retropé, os ligamentos dorsais fiquem contraídos e os dedos do pé contraídos como garras) é identificada como: A alternativa "A " está correta. Nessa alteração, o pé apresenta um arco longitudinal anormalmente elevado, apresentando um encurtamento da borda medial da face plantar. MÓDULO 3 Relacionar técnicas e métodos fisioterapêuticos indicados no tratamento das lesões e disfunções dos membros inferiores Neste módulo, vamos trazer propostas de intervenções que podem ser aplicadas nas mais diversas disfunções e lesões traumáticas dos membros inferiores. É importante que o fisioterapeuta conheça o maior número possível de exercícios, sejam ativos sejam passivos (que ocorrem ou não com a colaboração do paciente). A seleção dos exercícios e da modalidade de tratamento somente pode ocorrer após a compreensão das causas que originaram dor ou lesão e a identificação dos tecidos fisiológicos envolvidos. Só então é possível traçar um plano de intervenção e o prognóstico da recuperação, lembrando sempre das individualidades biológicas e expectativas de recuperação, principalmente quando falamos de um atleta. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Antes de iniciar qualquer tratamento, é importante ter um olhar “através” do seu paciente, ou seja, pensar quais os eventos teciduais que ocorrem após as lesões, qual a expectativa de recuperação e como é o processo interno de recuperação tecidual, pois o movimento normal e sem dor só pode acontecer se internamente as estruturas se alinharem, seja no nível tecidual, seja no nível articular ou muscular. O retorno ao esporte ou às atividades da vida diária em geral requer respeito a todas as fases de recuperação. As lesões musculoesqueléticas passam pelo seguinte processo: Ruptura muscular Formação de hematoma Sinalização celular local Fase inicial de necrose com reabsorção do hematoma Formação de tecido cicatricial TECIDO CICATRICIAL O músculo, por exemplo, desenvolve tecido fibroso na cicatrização, ou seja, não regenera 100% como tecido muscular. PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DE LESÕES MUSCULARES O Protocolo RICE (repouso, gelo, compressão e elevação) foi criado pelo médico Gabe Mirkin em 1978. Mais de trinta anos depois, em 2012, foi substituído pelo Protocolo PRICE (proteção, repouso, gelo, compressão e elevação). javascript:void(0) Posteriormente surgiu o Protocolo POLICE (proteção, carga otimizada, gelo, compressão e elevação) e ainda o POLICE-CANAI, que acrescentou a atividade cardiovascular através do treino aeróbico com exclusão da medicação anti-inflamatória. Estudos continuaram para fundamentar a utilização de protocolos nas lesões agudas. Em 2015, após novas pesquisas, o próprio Dr. Gabe Mirkin reconheceu que o gelo, apesar de ajudar a diminuir a dor quando aplicado logo após a lesão, impede as células responsáveis pela regeneração tecidual de entrarem no tecido lesionado, podendo dificultar a cicatrização e a recuperação. Foto: Shutterstock.com Aplicação com bolsa de gelo. SAIBA MAIS PRICE é o que chamamos de acrônimo, ou seja, uma sigla formada pelas letras iniciais de um grupo de palavras: Protection (proteção); Rest (repouso); Ice (gelo); Compression; (compressão); Elevation (elevação). Os protocolos de tratamento de lesões musculares se baseiam na proteção através: • Do repouso, necessário para não agravar a lesão e auxiliar no processo cicatricial. • Do gelo, que atua na analgesia (reduzindo a velocidade da condução de informação sensitiva para o sistema nervoso central) e controla a evolução do edema (por ser vasoconstrictor, o gelo reduz a chegada de fluidos, como o sangue, funciona como um anti-inflamatório e ainda auxilia na regeneração tecidual). • Da compressão, que auxilia o retorno venoso e linfático, associada à elevação. ANALGESIA A redução da temperatura através da crioterapia diminui o nível de excitação das terminações nervosas livres e dos nervos sensitivos, aumentando o limiar de dor e podendo reduzir também os espasmos dolorosos. javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com Protocolo RICE. Estudos recentes indicam que os fatores responsáveis por diminuir a inflamação – como o gelo e os medicamentos anti-inflamatórios – retardam o processo de recuperação, devendo essas estratégias serem evitadas na fase aguda. Outros achados clínicos têm mostrado que o uso de anti-inflamatórios na fase inicial aumenta a chance do desenvolvimento e do aumento do tamanho da fibrose. Na fase inicial, indicam recursos analgésicos através da fisioterapia e analgésicos via oral. Atualmente, os protocolos estão passando por uma fase de transição para o modelo PEACE & LOVE, que faz referência ao protocolo mais recente de tratamento de lesões agudas publicado por Blaise Dubois e Jean-François Esculier no British
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