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CONTABILIDADE AMBIENTAL 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ana Lizete Farias 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Em nossa aula vamos conhecer sobre o Sistema de Contas Nacionais e 
a sua relação com a contabilidade ambiental. Na sequência, vamos aprender 
sobre Ativos Ambientais, Passivos Ambientais, Custos, Despesas e Receitas 
Ambientais. Esses elementos são necessários para compreendermos como 
estão estabelecidos e como se inter-relacionam. De posse desses conceitos, 
veremos como se estrutura um Plano de Contas Ambiental. 
Na prática, vamos conhecer o exemplo de Belo Monte, empreendimento 
polêmico em termos ambientais, sociais e econômicos. Nesse exemplo, então, 
vamos nos deparar com os Passivos Ambientais decorrentes desde a sua 
implantação. 
Para darmos início, vamos ler o texto de Ricardo Abramovay, renomado 
pesquisador sobre economia verde, que traz informações sobre para onde 
caminha a economia global, sinalizando importantes mudanças que se refletirão, 
certamente, na contabilidade ambiental. 
CONTEXTUALIZANDO 
Leia o trecho a seguir, publicado na página do Valor Econômico: 
Economia global 
Quanto pesa a economia global? Para a sabedoria econômica convencional, a 
pergunta é completamente esdrúxula. Faz parte das primeiras lições da disciplina a ideia de 
que a única forma de comparar banana, ferro, computador e restaurante é por meio daquilo 
que se paga pelos produtos e pelos serviços. O que há de comum ao mundo das mercadorias 
é que elas são escassas e é da escassez que decorrem seus preços. Dizer que a soma dos 
bens e serviços produzidos no mundo em 2017 sobe a US$ 78 trilhões ou que o produto médio 
anual per capita é de quase US$ 10 mil faz todo o sentido. Mas qual o peso daquilo que está 
na origem das utilidades de que desfrutamos, esta não é uma pergunta que integra a tradição 
mais consagrada da ciência econômica. 
Esta tradição vem sendo contestada, já há algumas décadas, sob o ângulo científico, 
por meio da ecologia industrial. A base desta contestação é que apesar de sua inegável 
importância, o valor de mercado dos bens não é capaz de sinalizar adequadamente o uso que 
deles fazem as sociedades humanas. As 23 conferências climáticas realizadas até hoje e as 
dezenas de tentativas de taxar a emissão de gases de efeito estufa ainda não conseguiram 
incorporar ao sistema de preços os danos provocados pelas mudanças climáticas. O que se 
paga pelos antibióticos não inclui o excesso em seu consumo (sobretudo pelas criações 
estabuladas) e os estragos provocados pela crescente resistência que sua descarga no 
ambiente vem causando. 
Mas este raciocínio aplica-se também aos materiais básicos que compõem a riqueza. 
Que a melhoria nos padrões de vida conduza a maior consumo de materiais, é intuitivo, que 
se trate do local onde as pessoas moram, daquilo que comem, de seus deslocamentos ou das 
infraestruturas de que dependem. Mas é fundamental ampliar a eficiência no uso destes 
materiais. É para isso que foi formado, em 2007 o Painel Internacional de Recursos, por parte 
do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. 
A palavra que o define, decoupling, pode ser traduzida como desacoplamento, ou 
descasamento: trata-se de alcançar mais riqueza sobre a base da extração e do uso de cada 
 
 
3 
vez menos materiais. Da mesma forma que o mundo se esforça hoje para descarbonizar a 
vida econômica, é fundamental igualmente satisfazer as necessidades humanas usando 
menos materiais por unidade de riqueza oferecida. 
Os especialistas reunidos pelo Painel trabalham em torno de quatro famílias de 
materiais: biomassa, combustíveis fósseis, minerais metálicos e minerais não metálicos. Seu 
primeiro relatório, lançado em 2011 mostrava que, em meados da primeira década do milênio, 
o peso destes quatro materiais chegava a 60 bilhões de toneladas. Cada ser humano em 
média consumia, anualmente, nada menos que nove toneladas de materiais. Só que a 
distribuição deste consumo era altamente desigual. A “pegada material” (material footprint) da 
Índia era de quatro toneladas. A do Canadá subia a 25 toneladas per capita. [...] 
O Painel acaba de lançar seu último relatório e [...] O consumo dos quatro materiais 
estudados pelo Painel atinge 88,6 bilhões de toneladas ao final de 2017. O consumo per capita 
pulou de nove para 11,4 toneladas em uma década. Embora o grande aumento tenha sido na 
Ásia, o que reflete vitórias importantes na luta contra a pobreza na China e na Índia, é 
fundamental destacar que o norte-americano médio usa anualmente 30 toneladas e o europeu 
20 toneladas de materiais. Americanos e canadenses consomem dez vezes mais materiais 
per capita que os habitantes da África ao Sul do Sahara. 
[...] Quais as consequências destas informações para o crescimento econômico? O 
relatório destaca países (Japão, Alemanha, Áustria, Finlândia, Bélgica e Reino Unido), que já 
incluem a pegada material de suas economias no sistema de contas nacionais. Sobre esta 
base o Japão elabora indicadores e metas para chegar a uma “sociedade saudável sob o 
ângulo de seu ciclo material”. A Áustria quer aumentar a eficiência no uso de recursos em 50% 
entre 2008 e 2020. [...] 
Até aqui, não há por parte nem do Governo nem das principais organizações 
empresariais brasileiras qualquer sinal de que o crescimento econômico, cujo retorno os 
brasileiros desejam em 2018, tenha a orientação estratégica que norteia a transição dos 
países acima mencionados. Sem isso, o crescimento pode até vir, mas vai ampliar nossa 
distância da fronteira tecnológica e cultural do mundo atual. (Adaptado de Abramovay, 2018) 
TEMA 1 – CONTAS AMBIENTAIS 
O texto da seção anterior é de um importante economista, Ricardo 
Abramovay, reconhecidamente um especialista em Economia Verde, e aponta a 
importância do tema que vamos abordar, relacionado às contas ambientais. Na 
contramão dos países em desenvolvimento, o Brasil ainda não se pauta por 
incluir a questão ambiental em seu sistema de contas ambientais. Vamos 
detalhar, então, do que se trata esse importante tema. 
Como é possível observar no texto do professor Abramovay, há uma 
crítica por parte da economia verde em relação ao Sistema de Contas Nacionais 
pautada pela busca de modificar esse sistema e seus principais 
macroindicadores econômicos, para incorporar a exaustão e a degradação dos 
recursos naturais utilizados ao processo econômico (ONU, 1993; IUCN, 1996). 
Na sua grande maioria, sem dúvida, esse movimento está ancorado nas 
incontáveis iniciativas para remodelar a agenda de desenvolvimento da nossa 
sociedade, no sentido de provocar mudanças no funcionamento da economia 
global na direção de uma releitura do paradigma econômico, que está baseado 
na concentração de riqueza, no consumo de massa e na exploração imprudente 
de recursos não renováveis. 
 
 
4 
É nesse contexto, ou seja, nessa inter-relação entre a economia e o meio 
ambiente que surge, portanto, essa crítica, por parte dos economistas que 
defendem a economia verde, de que o atual Sistema de Contas Nacionais (SCN) 
não considera os impactos de uma enorme gama de atividades que afetam 
significantemente a vida no planeta (Diaz, 2003). Desta forma, entendem esses 
críticos, as contas nacionais geram indicadores inconsistentes do ponto de vista 
da sustentabilidade do desenvolvimento. 
Historicamente, a política macroeconômica adotada pela maior parte dos 
governos e instituições monetárias do mundo tem se baseado em informações 
quantitativas sobre a economia fornecidas pelos Sistemas de Contas Nacionais. 
Esses sistemas de contabilidade se constituíram no modelo macroeconômico 
desenvolvido por John Maynard Keynes, como resposta à depressão dos anos 
1930 para suprir a necessidade de se conseguirdados confiáveis sobre a 
atividade econômica das nações europeias, durante a II Guerra Mundial. 
O Produto Nacional Bruto (PNB), o Produto Interno Bruto (PIB) e o 
Produto Interno Líquido (PIL) foram então estabelecidos como as principais 
medidas de renda dos SCN e, desde então, possuem uma relevância 
mundialmente reconhecida. No entanto, em decorrência do processo de 
degradação acelerado que o planeta atravessa, esses indicadores têm sido alvo 
de críticas profundas que destacam suas falhas e deficiências, principalmente 
pelo fato de ignorarem a contribuição dos recursos naturais no processo 
produtivo. 
Diaz (2003) delimita importantes aspectos dessa discussão quando 
questiona, por exemplo, as questões relacionadas ao Produto Interno Bruto 
(PIB), o qual aumenta quando o país reduz seus estoques de recursos naturais. 
Nesse caso, um surto de expansão da atividade económica faz crescer o PIB, 
mas, de forma simultânea, também promove a degradação ambiental, com 
custos que geralmente não são registrados. 
Diaz (2003) ainda cita outros exemplos que são computados como 
incremento do PIB, tais como os custos resultantes dos danos à saúde humana 
causados por um aumento da poluição produzido por surto econômico, 
aumentos de gastos em médicos, remédios e hospitais provocados pelo 
aumento de poluição, os quais são tratados como se representassem elevação 
de bem-estar social. Além disso, também provocam aumentos no PIB os gastos 
no controle da poluição e na regeneração ambiental pelo desmatamento 
 
 
5 
realizado na Amazônia por empreendimentos agropecuários incentivados pelo 
financiamento de instituições públicas. 
Os questionamentos focalizam-se na distinção entre a verdadeira geração 
de renda e o consumo do capital natural, pois uma economia cujo crescimento 
está ancorado na exploração de recursos naturais pode ter rendas 
superestimadas. Consequentemente, percebemos que o sistema gera 
indicadores inconsistentes, que afetam a capacidade da economia de produzir 
numa base contínua do ponto de vista da sustentabilidade ambiental. 
De acordo com as críticas de Claude (1997) e Harrison (1997) na 
perspectiva ambiental, o SCN e seus macroindicadores econômicos apresentam 
três deficiências relacionadas ao tratamento dos recursos naturais exauridos ou 
degradados no processo econômico de produção: 
• A primeira falha é de natureza teórica e corresponde à ausência de 
distinção entre os conceitos de renda e capital; 
• A segunda é não considerar o esgotamento e a degradação dos recursos 
naturais como depreciação; 
• A terceira, tratar de maneira insatisfatória os custos de proteção ambiental 
ou as despesas defensivas. 
É a partir desse cenário que as Nações Unidas, com base nas pesquisas 
e nos debates iniciados na década de 1980, propuseram a revisão do SCN e a 
implantação do Sistema de Contabilidade Econômica e Ambiental Integrada 
(System of Integrated Environmental and Economic Accounting – SEEA), que 
reúne as experiências de vários países em contas ambientais e constitui, 
atualmente, um dos avanços mais significativos para estabelecer a vinculação 
entre o sistema econômico e o ambiente natural, na busca da sustentabilidade 
ambiental (Diaz, 2003). 
TEMA 2 – ATIVOS AMBIENTAIS 
Vimos, no tema anterior, que está em curso um debate amplo sobre os 
principais critérios para mensuração do que, em síntese, é a riqueza de um país 
e que fundamenta de forma importante o surgimento da contabilidade ambiental. 
Agora, daremos prosseguimento à compreensão sobre o que constitui os 
registros e eventos ambientais, que buscam consolidar os dados da posição 
ambiental das empresas, como descrito por Antonovz (2014). 
 
 
6 
Vamos olhar, então, o conceito de Ativo Ambiental, relembrando que, 
segundo Tinoco e Kraemer (2011), Ativos são os recursos que são controlados 
por uma organização e dos quais se esperam resultados econômicos futuros. 
Portanto, Ativos Ambientais são os bens adquiridos pela empresa que 
visam ao controle, à preservação e à recuperação do meio ambiente, os quais 
são diferentes para cada tipo de organização pois estão relacionados 
diretamente aos vários processos operacionais das distintas atividades 
econômicas, devendo compreender todos os bens utilizados no processo de 
proteção e conservação do meio ambiente (Tinoco; Kraemer, 2011). 
Segundo Neves (2006), esses Ativos podem estar na forma de Capital 
Circulante ou Capital Fixo. Nesse caso, o Capital Circulante (Capital de Giro) é 
o montante aplicado para a realização da atividade econômica da empresa, 
composto pelas disponibilidades e pelos Ativos realizáveis a curto e longo prazo. 
A Norma Brasileira de Contabilidade NBC TE XXX, que tem como objetivo 
definir os conceitos e os critérios para a contabilização de eventos e transações 
que reflitam as interações da entidade com o meio ambiente, apresenta a 
seguinte discriminação dos elementos do Ativo Ambiental: 
Quadro 1 – Elementos do Ativo Ambiental 
Norma Brasileira de Contabilidade NBC TE XXX 
Ativos 
Ativos 
Circulantes 
Ambientais 
Estoques de insumos (bens e serviços) que serão utilizados no processo 
operacional, ou ao final deste, com o objetivo de reduzir ou eliminar a 
produção de poluentes ou, ainda, aqueles com a finalidade de recuperar 
danos ambientais. 
Estoques 
Operacionais 
Ambientais 
Devem ser segregados entre ambientais, reciclados e reutilizados, 
visando proporcionar maior transparência sobre a relação da entidade 
com o meio ambiente. 
Ativos Não 
Circulantes 
Formados por contas de Investimento Ambiental, Imobilizado Ambiental e 
Intangível Ambiental. 
Ativos Não 
Circulantes 
Ambientais 
Aqueles associados com a proteção e a recuperação ambiental cuja 
realização se dará no longo prazo. 
Investimentos 
Ambientais 
Aplicação de recursos na aquisição de áreas de conservação de recursos 
naturais com o objetivo específico de promover a preservação da fauna e 
da flora. Se mudada a intenção, o ativo tem que ser reclassificado. 
Imobilizado 
Ambiental 
Itens utilizados ao longo de vários períodos especificamente para tratar 
os poluentes oriundos do processo operacional da entidade, durante a 
operação ou após o final desta. Pode incluir, também, os ativos de longa 
duração, destinados, exclusivamente, à recuperação de áreas 
degradadas pela entidade em períodos anteriores, enquanto estiverem 
em atividade. 
Intangíveis 
Ambientais 
Itens incorpóreos controlados pela entidade capazes de produzir fluxos 
de caixa futuros e que estejam vinculados à interação com o meio 
ambiente 
Fonte: NBC, 2012. 
 
 
7 
A importância da identificação dos Ativos Ambientais está na sua 
utilização em negociações, avaliações, transferências, fusões e aquisições entre 
empresas desde que comprovada a sua viabilidade legal, a sustentabilidade e a 
adequação das atividades, o que é extremamente relevante para a valorização 
financeira do empreendimento. 
Além disso, a demonstração dos Ativos na contabilidade ambiental torna-
se um elemento fundamental para identificar, avaliar e quantificar os custos e 
gastos ambientais que necessitam de atenção em curto, médio ou longo prazo, 
assim como relacionar os investimentos necessários. 
TEMA 3 – PASSIVOS AMBIENTAIS 
Outro aspecto importante ligado às questões ambientais e, portanto, 
inserido no escopo da contabilidade ambiental se refere ao Passivo Ambiental, 
ou seja, os danos ao meio ambiente causados por empresas que têm, 
consequentemente, obrigação de repará-los. De forma objetiva, podemos dizer 
que Passivo Ambiental é todo tipo de impacto causado ao ambiente por um 
determinado empreendimento e que não tenha sido reparado ao longo de suasatividades. Como exemplos, tem-se desde o descarte incorreto de lixo a emissão 
de gases poluentes, lançamento de produtos químicos em ambientes aquáticos, 
contaminação do solo ou de águas subterrâneas, alterações realizadas nas 
paisagens devido às construções de estradas e projetos de mineração. 
Na teoria da contabilidade, Passivo, de acordo com Braga (2007), é 
denominado exigibilidade e representa uma obrigação de uma entidade para 
com outra que em algum momento deve ser liquidada. Adequando esses 
conceitos à contabilidade ambiental, Kraemer (2003) conclui que Passivos 
Ambientais são “as obrigações contraídas pela empresa perante terceiros, que 
origina um gasto ambiental (ativos, custos, despesas etc.)”. 
De acordo com Ribeiro (2006), há três tipos de obrigações provenientes 
dos passivos ambientais: 
• Obrigações de natureza legal são aquelas em que a empresa tem uma 
obrigação presente legal como consequência de um evento passado, que 
é o uso do meio ambiente (água, solo, ar etc.) ou a geração de resíduos 
tóxicos. Surge de um contrato, legislação ou outro instrumento de lei. 
 
 
8 
• Obrigações construtivas são aquelas que a empresa se propõe a cumprir 
espontaneamente, excedendo as exigências legais. Isso pode ocorrer 
principalmente quando a empresa estiver preocupada com sua reputação 
na comunidade em geral ou consciente de sua responsabilidade social, 
usando os meios disponíveis para proporcionar o bem-estar da 
comunidade. 
• Obrigações justas, ou seja, refletem a consciência de responsabilidade 
social. A empresa as cumpre em razão de fatores éticos e morais. 
O levantamento do Passivo Ambiental de uma empresa deve ser 
realizado por equipe especializada para que possa ser realizada a sua 
contabilização. Essa etapa de levantamentos pode incluir questões desde 
trabalhos de campo, análises de cunho laboratorial – no caso de contaminações, 
na sua grande maioria –, enfim, tudo o que for pertinente à caracterização 
ambiental e seus processos causadores. A partir disso é que o seu valor poderá 
ser estimando, sendo provisionado um valor, com todos os detalhes dessa 
estimativa em notas explicativas (Tinoco; Kraemer, 2011). 
TEMA 4 – RECEITAS, DESPESAS E PERDAS DE NATUREZA AMBIENTAL 
Ainda dentro do universo que abrange as contas contábeis das empresas, 
no tocante à sua situação ambiental, é necessário discriminar o que são as 
receitas, as despesas e as perdas ambientais. Nesse sentido, os custos 
ambientais fazem parte do total de custos de uma entidade e consistem no 
conjunto de gastos monetários incorridos em uma instituição. 
Conforme Antonovz (2014, citada por Santos 2001), entende-se por 
despesas ambientais todos os gastos relacionados direta ou indiretamente ao 
gerenciamento ambiental do processo produtivo, ou mesmo aqueles decorrentes 
de atividades voltadas ao meio ambiente. Nesse caso, ainda conforme citado 
pela autora acima, representam amortização, exaustão e depreciação, aquisição 
de insumos para controle, redução ou eliminação de poluentes, tratamento de 
resíduos de produtos, disposição dos resíduos poluentes, tratamento de 
recuperação e restauração de áreas contaminadas, mão de obra utilizada nas 
atividades de controle e preservação e recuperação do meio ambiente. 
Braga (2007) considera que despesas ambientais são todos os gastos 
envolvidos com o gerenciamento ambiental, aplicados de forma indireta, 
 
 
9 
consumidos no período e incorridos na área administrativa, apontando como 
exemplos todos os gastos relativos a horas de trabalho e insumos necessários 
aos processos de definição e manutenção de programas e políticas ambientais, 
seleção e recrutamento de pessoal para gerenciamento e operação do controle 
ambiental, compra de insumos e equipamentos antipoluentes, pagamento das 
compras realizadas para a área ambiental, recepção dos itens ambientais 
adquiridos, estocagem dos insumos utilizados no controle ambiental, 
treinamentos específicos para a proteção ambiental e auditoria ambiental. 
No caso das receitas ambientais, Tinoco e Kramer (2011) as definem 
como aquelas decorrentes de prestação de serviços especializados em gestão 
ambiental, venda de produtos elaborados de sobras de insumos do processo 
produtivo, como sucatas e sobras, venda de produtos reciclados e receita de 
aproveitamento de gases e calor. Os autores também listam as reduções do 
consumo de matérias-primas, de energia, de água bem como ganhos intangíveis 
àqueles sobre a conquista de mercado que empresa passa a obter a partir do 
momento em que a opinião pública reconhece suas ações e começa a dar 
preferência a seus produtos. 
Em relação às perdas ambientais, Ribeiro (2010) as descreve como 
aquelas que refletem os gastos incorridos sem uma contrapartida em benefícios, 
ou seja, não proporcionam benefícios para as empresas. O autor explica ainda 
que os gastos podem ser classificados como normais, ou seja, aceitáveis e até 
previsíveis dentro do planejamento da empresa, ou anormais, que são os que 
acontecem inesperadamente, de volume relevante e na maioria das vezes por 
subestimação dos riscos. 
Um exemplo bastante simples e comum sobre perdas ambientais é o caso 
de multas ou penalidades por inadequações das atividades à legislação. 
Por fim, Antonovz (2014) aponta uma questão relevante em relação ao 
tema apresentado, que é o fato de que segregar esses elementos não é uma 
tarefa muito fácil, uma vez que apresentam elementos que são de natureza 
intangível, por exemplo a reputação e a imagem de uma empresa. Atualmente, 
diz a autora, o que é realmente mensurado são os aspectos de mais fácil 
identificação, aqueles sujeitos a fatores externos, quando se conhecem os 
impactos gerados pela incorreta utilização dos bens naturais ou mesmo aqueles 
gerados por um gerenciamento ambiental inadequado. 
 
 
10 
TEMA 5 – PLANO DE CONTAS AMBIENTAIS 
A partir de tudo o que vimos, podemos definir do que se trata um Plano 
de Contas, ou seja, o registro adequado e justo das operações realizadas numa 
organização empresarial de forma objetiva, clara para poder representar as 
devidas contas dos registros das transações econômicas realizadas ou dos fatos 
geradores (Ferreira, 2006). 
Segundo Kramer (2000), o Plano de Contas terá como contribuição dentro 
da contabilidade de gestão ambiental um uso mais eficiente de recursos naturais, 
como a água (geração de energia); a redução dos custos externos relacionados 
à poluição da indústria, como os custos monitoramento ambiental; o 
fornecimento de informações para a tomada de decisão, melhorando a política 
pública e o fornecimento de informação ambiental industrial do desempenho 
(Kraemer, 2000). 
 
 
Créditos: isak55/Shutterstock. 
O Quadro 1 mostra um exemplo de como os elementos ambientais podem 
ser estruturados dentro de um Plano de Contas: 
 
 
 
11 
Quadro 2 – Plano de Contas 
 
Fonte: Adaptado de Tinoco; Kraemer, 2011. 
Conclui-se, então, que um Plano de Contas que envolva as atividades 
relacionadas ao meio ambiental não é, e não pode ser, um agrupamento de 
informações recolhidas daquilo que apenas estiver ao alcance rápido do banco 
de dados da contabilidade geral de forma a preencher algum relatório. Muito pelo 
contrário, o Plano de Contas deve ser cuidadosamente planejado com atenção 
à segregação de todas as informações e com visão e preocupação de gerar 
 
 
12 
dados para o futuro uso em análises e geração de indicadores contábeis de meio 
ambiente. 
TROCANDO IDEIAS 
O texto do professor Abramovay apontou que os países mais 
desenvolvidos andam “a galope” para incluir a pegada material de suas 
economias no sistema de contasnacional. No entanto, no Brasil, país com 
imenso potencial de desenvolvimento a partir de seus bens naturais, a discussão 
é incipiente. O que acha? Quais são os desafios que essa mudança impõe? Qual 
é o papel do “contador ambiental”? 
NA PRÁTICA 
Um dos tópicos incluídos em um Plano de Contas Ambientais se relaciona 
aos Passivos Ambientais das empresas. A seguir, segue um recorte sobre os 
passivos ambientais, sociais e econômicos que a empresa Norte Energia, com 
seu projeto mais controverso e de impacto ambiental altíssimo, tem transferido 
à sociedade brasileira. Veremos ao longo do trecho os aspectos tangíveis – 
multas, compensações etc. – e os intangíveis, dos quais também falamos em 
nossa aula, que se referem aos direitos das populações tradicionais que foram 
violados desde a constituição do projeto, bem como a reputação da empresa, 
fora os ecossistemas que foram perdidos ou modificados de forma irreversível. 
Além disso, estão implícitos os altos custos em medidas judiciais realizadas pela 
Norte Energia para barrar as ações que têm se acumulado. Esse sem dúvida é 
um caso extremo em que a Contabilidade Ambiental revela a sua importância 
em demonstrar o tamanho dos passivos ambientais impostos à empresa e à 
sociedade. Quem pagará essa conta? 
Belo Monte, um legado de violações 
A Licença de Operação de Belo Monte completa um ano e, para marcar a data, publicamos o 
seguinte balanço dos passivos, pendências e dívidas da usina junto ao Xingu e seus povos. 
Indígenas isolados ameaçados, sistema de saneamento básico em Altamira (PA) 
incompleto –  jogando esgoto diretamente em rios e igarapés – hospital fechado, ribeirinhos 
expulsos de suas casas –  lutando para recuperar seus modos de vida – Terras Indígenas 
desprotegidas e o rio Xingu definitivamente transformado. 
Um ano após a emissão da Licença de Operação (LO) da hidrelétrica de Belo Monte 
e o barramento definitivo do Xingu, o legado da maior usina hidrelétrica construída na 
Amazônia está erguido sobre graves violações aos direitos humanos e ao meio ambiente. A 
usina encerra 2016 com três tentativas de suspensão da LO na Justiça, suspeita de 
 
 
13 
superfaturamento de R$ 3,384 bilhões nas obras e inadimplente nas principais obrigações 
socioambientais. [...] 
Durante o primeiro semestre deste ano, Belo Monte recebeu multas administrativas 
que chegaram ao valor total de R$ 35,3 milhões. Foram as maiores infrações impostas pelo 
Ibama à empresa Norte Energia desde a emissão da primeira licença ambiental, em 2010. 
A concessionária foi multada em R$ 27,3 milhões pela morte de 16,2 toneladas de 
peixes durante o processo de enchimento do reservatório principal, entre novembro de 2015 
e fevereiro de 2016. A essa multa se somam outras duas punições publicadas entre janeiro e 
fevereiro, no valor de R$ 8 milhões, também por causa da morte massiva de peixes. 
[...] 
A Norte Energia, além de responsabilizada por crime ambiental, também foi multada 
em meio milhão de reais, em janeiro deste ano, por apresentar informações falsas em 
relatórios para o Ibama sobre a quantidade de trabalhadores contratada para realizar o 
resgate da fauna aquática. Essa equipe tinha como uma das principais funções fazer o 
salvamento dos peixes aprisionados em bolsões d’água após a redução da vazão. 
Ao longo dos seis anos de licenciamento, a Norte Energia já recebeu Autos de 
Infração que culminaram com a aplicação de multas ambientais no montante de mais de 60 
milhões de reais em decorrência de diversas infrações, crimes ambientais, reporte de 
informações falsas, entre outras irregularidades constatadas pelos analistas ambientais do 
Ibama que acompanham a obra. 
[...] 
Dentre o conjunto de descumprimentos, os mais graves, sem dúvida, têm a ver com a 
população que ainda luta pelo respeito do direito de ser reassentada próxima ao rio Xingu, em 
condições dignas e com possibilidades reais de reconstrução de suas vidas, redes sociais e 
atividades econômicas. 
Para poder barrar o rio Xingu e encher o lago do reservatório principal da usina de 
Belo Monte, a Norte Energia removeu compulsoriamente mais de cinco mil famílias que 
residiam tanto na cidade de Altamira como nas ilhas e nas margens do rio Xingu. [...] 
[...] 
Assim, em decisão de setembro de 2016, a Norte Energia foi obrigada a pagar R$ 60 
mil pelo descumprimento da conclusão dos sistemas de abastecimento de água e 
esgotamento sanitário até o dia 30 de outubro de 2016, e a partir desta data, ficou estabelecida 
multa de R$ 40 mil por dia até a operação dos sistemas de saneamento básico em todo o 
perímetro urbano de Altamira. Segundo MPF, a empresa não cumpriu a decisão. [...]. 
(Adaptado de Instituto Socioambiental – ISA, 2016) 
FINALIZANDO 
Iniciamos nossa aula a partir do texto de Ricardo Abramovay, o qual 
trouxe uma série elementos que reforçam a tese de que o valor de mercado dos 
bens não é capaz de sinalizar adequadamente o uso que deles fazem as 
sociedades humanas. Mesmo assim, há uma série de países que têm caminhado 
nessa direção, situação diferente do Brasil. 
O texto propiciou um olhar com mais cuidado do Sistema de Contas 
Nacionais e do movimento atual pela modificação desse sistema em prol de 
incorporar a exaustão e a degradação dos recursos naturais utilizados no 
processo econômico. 
 
 
14 
Na sequência, aprendemos sobre os ativos ambientais, bens adquiridos 
pela empresa que visam a controle, preservação e recuperação do meio 
ambiente. Também aprendemos sobre os Passivos Ambientais, ou seja, o 
impacto causado ao ambiente por um determinado empreendimento e que não 
tenha sido reparado ao longo de suas atividades. 
Ainda dentro do universo que abrange as contas contábeis das empresas 
no tocante à sua situação ambiental, examinamos os conceitos de receitas, 
despesas e perdas ambientais. Por fim, pudemos nos deparar com a 
estruturação de um Plano de Contas Ambiental. 
Para a nossa compreensão prática, escolhemos um dos tópicos incluídos 
no Plano de Contas Ambientais: os Passivos Ambientais das empresas e como 
se articulam no caso da hidrelétrica de Belo Monte. 
 
 
 
15 
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