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PRÁTICAS CONTÁBEIS EM 
LABORATÓRIO 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Adriely Camparoto Brito 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Entre as inúmeras opções de atuação profissional que o contador tem, é 
notória a alta concentração de vagas disponíveis em empresas prestadoras de 
serviços contábeis (escritórios de contabilidade) e em departamentos internos 
de contabilidade nas organizações. 
Considerando este contexto profissional, essa disciplina tem o objetivo 
de iniciar as noções básicas das atividades desenvolvidas na constituição de 
pessoas jurídicas, a escrituração dos eventos contábeis e a gerações dos 
demonstrativos contábeis, bem como o cumprimento das obrigações principais 
e acessórias que são impostas. 
Nesta aula, abordaremos o que é uma personalidade jurídica, os tipos 
societários existentes, os requisitos necessários para constituição de cada um 
e as orientações iniciais do processo de elaboração dos atos constitutivos. 
CONTEXTUALIZANDO 
A constituição de uma pessoa jurídica não é uma atividade simples e 
exige do profissional o conhecimento de diversas possibilidades e opções 
disponíveis e suas respectivas particularidades, pois é este profissional o 
responsável por explicar aos futuros empresários sobre os requisitos 
necessários e as obrigações que estarão sujeitos após a constituição da 
empresa. Este assunto é bastante vasto, e nesta aula serão abordados os 
conceitos principais que subsidiam o profissional de contabilidade. 
TEMA 1 – PESSOA FÍSICA E PERSONALIDADE JURÍDICA 
Todo ser humano é uma pessoa física, desde o seu nascimento, 
momento em que inicia sua vida e, enquanto indivíduo de uma sociedade é 
capaz de adquirir direitos e deveres na ordem civil, conforme estabelece o 
Código Civil em seu artigo 1º (Brasil, 2002). 
A instrução normativa da receita federal (IN/RFB) n. 1548 de 13 de 
fevereiro de 2015 dispõe a respeito do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), de 
competência da Receita Federal do Brasil, estabelecendo que as pessoas 
físicas brasileiras residentes no Brasil ou no exterior estão obrigadas a 
inscrever-se no CPF. 
 
 
3 
Esse cadastro pode ser realizado no nascimento da pessoa e sua 
inscrição é comprovada por meio de uma sequência numérica de onze dígitos, 
única e exclusiva, não se repetindo e não podendo existir legalmente mais que 
um cadastro para a mesma pessoa (RFB, 2015). 
A pessoa jurídica não se trata de um ser vivo e, por isso é denominada 
por muitos de ficção jurídica, pois sua constituição é prevista e autorizada em 
lei, mas não fisicamente. Pode ser constituída por uma única ou por várias 
pessoas físicas, que se reúnem para realização de objetivos comuns. 
O Código Civil em seu art. 52, define que se aplica às pessoas jurídicas, 
no que couber, a proteção dos direitos de personalidade, ou seja, tem direito à 
nome, marca, imagem, privacidade e, também tem seus deveres. Isso é o que 
se chama de personalidade jurídica. 
Assim como a pessoa física possui cadastro próprio (CPF), pessoas 
jurídicas possuem o Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ), também 
de competência da Receita Federal do Brasil, identificado por uma sequência 
numérica de 15 números, único e exclusivo por pessoa jurídica, que não pode 
se repetir, conforme disposto na IN/RFB n. 1.863 de 27 de dezembro de 2018. 
Todas as entidades domiciliadas no Brasil são obrigadas a inscrever-se 
no CNPJ antes de iniciar suas atividades, assim como cada um de seus 
estabelecimentos, como é o caso de empresas que possuem filiais no Brasil ou 
no exterior (RFB, 2018). 
Resumindo, uma ou mais pessoas físicas juridicamente constituem uma 
nova pessoa, a jurídica, e esta passa possui uma vida fictícia amparada 
legalmente e tem direitos e obrigações perante a sociedade, e seus 
constituidores responderão juridicamente pelos atos praticados por meio dessa 
nova pessoa (jurídica). 
No Brasil, temos o código civil e demais legislações societárias que 
estabelecem as formas jurídicas pelas quais podem ser constituídas as 
pessoas jurídicas e regulamentam a respeito de seu funcionamento. 
Nesse sentido, duas abordagens precisam ser destacadas para a 
constituição de pessoas jurídica: quanto ao direito e quanto à finalidade. 
1.1 Quanto ao direito público versus privado 
O Código Civil, Lei Federal n. 10.406 de 10 de janeiro de 2002, em seu 
título II, arts. 40 ao 69, dispõe sobre as pessoas jurídicas. Inicialmente 
 
 
4 
estabelece que podem ser de direito público, interno ou externo, ou de direito 
privado, conforme mostra a Figura 1 (art. 40) (Brasil, 2002). 
Figura 1 – Direitos das pessoas jurídicas 
 
As pessoas jurídicas de direito público interno são as que exercem 
atividades do estado, a nível municipal, estadual e federal que serão civilmente 
responsabilizadas pelos atos de seus agentes, gestores ou representantes. 
Conforme o art. 41 do Código Civil, são elas: 
 I – A União; 
 II – Os estados, o Distrito Federal e os territórios; 
 III – Os municípios; 
 IV- As autarquias, inclusive associações públicas; 
 V – As demais entidades de caráter público criadas por lei. (Brasil, 2002) 
 São várias as entidades que compõem os governos federal, estadual e 
municipal, mostra o Quadro 1. 
Quadro 1 – Entidades que compõem o governo federal 
 
 É importante destacar que a estrutura de governo pode ser alterada com 
a mudança de gestor, seja ele o presidente, o governador ou o prefeito. Assim 
como o governo federal possui seus membros, os governos estaduais e 
 
 
5 
municipais também possuem e estes, por sua vez, são menos complexos em 
relação ao governo federal, conforme demonstra o Quadro 2. 
Quadro 2 – Entidades que compõem o governo estadual e municipal 
 
 Pessoas jurídicas de direito público externo são aquelas dos estados 
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional 
público, conforme previsto no art. 42 do Código Civil. Como por exemplo: a 
União das Nações Unidas (ONU); a UNESCO; a União Europeia e o Mercosul. 
As pessoas jurídicas de direito privado são organizadas por pessoas com 
interesses particulares, conforme o art. 44 do Código Civil. Podem ser 
constituídas sob várias formas, como mostra a Figura 2. 
Figura 2 – Formas de constituição das pessoas jurídicas 
 
1.2 Quanto à finalidade: com fins lucrativos versus sem fins lucrativos 
Toda pessoa jurídica é constituída com uma finalidade específica, ou 
seja, para cumprir determinado objetivo de comum acordo entre seus 
idealizadores e instituidores. 
 
 
6 
Essa finalidade pode ser a obtenção de lucros para distribuição entre os 
sócios ou acionistas ou ainda, uma finalidade voltada ao bem-estar social que 
não vise a acumulação ou distribuição de lucros, embora sejam necessários 
resultados positivos para sua continuidade e reinvestimentos. 
Quanto à finalidade, as pessoas jurídicas se dividem em: com fins 
lucrativos ou sem fins lucrativos. 
Os tipos de pessoa jurídica citados nos incisos I, III, IV e V do art. 44 do 
Código Civil são organizações constituídas por meio da união de pessoas 
físicas com objetivos em comum voltado ao exercício de atividades sem 
finalidades lucrativas e econômicas. Assim, as associações, fundações, 
organizações religiosas e partidos políticos são denominados de entidades sem 
fins lucrativos. 
Enquanto as sociedades e empresas individuais de responsabilidade 
limitada (Eireli), são organizações com finalidade de lucro (Hauser, 2017). 
1.3 Sintetizando 
Para melhor compreender os conceitos abordados até aqui, o Quadro 3 
representa um resumo. 
Quadro 3 – Pessoa física e pessoa jurídica 
 
TEMA 2 – TIPOS DE ORGANIZAÇÕES JURÍDICAS DE PESSOAS JURÍDICAS 
O Código Civil, por meio da Lei Federal n. 10.406, de 10 de janeiro de 
2002, em seu título II dos arts. 40 ao 69, estabelece as formas jurídicas que 
podem ser utilizadas para constituição de pessoas jurídicas de direito privado(Brasil, 2002). São elas: Associações; Sociedades; Fundações; Organizações 
religiosas; Partidos políticos; Empresa individual de responsabilidade limitada. 
 
 
7 
2.1 Associações (inciso I) 
As associações, conforme previsto nos arts. 53 ao 61 do Código Civil, 
serão constituídas por pessoas organizadas para atender um propósito em 
benefício dos associados, sem finalidade lucrativa, como por exemplo, uma 
associação de bairro constituída pelos seus moradores para buscar melhorias 
nos serviços públicos e estruturais do bairro, e contribuir para melhoria de vida 
dos associados e moradores do próprio bairro (Brasil, 2002). 
Para sua constituição, é necessária a criação de um estatuto social que 
abrange: sua denominação, sede, composição, finalidade pretendida, 
funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos, assembleias, regras 
para admissão, demissão e exclusão de associados, direitos e deveres, fonte 
de recursos, entre outras cláusulas e condições facultativas (Brasil, 2002). 
É importante destacar que essas organizações sem fins lucrativos são 
constituídas com a finalidade de atender necessidades relacionadas à 
assistência social, saúde, educação, ensino e pesquisa, cultura, esporte, entre 
outras que sejam relevantes à sociedade, de forma beneficente e filantrópica e 
que nem sempre são atendidas pelo poder público. 
2.2 Fundações (inciso III) 
As fundações, previstas nos arts. 62 ao 69 do Código Civil, são 
constituídas por escritura pública ou testamento, em que o instituidor destinará 
um patrimônio para servir à alguma causa de interesse público, também sem 
finalidade de lucro. Podem ser fundadas para atender finalidades religiosas, de 
assistência social, cultural, educacional, saúde, segurança alimentar, defesa do 
meio ambiente, pesquisas científicas, promoção da ética, cidadania, 
democracia e direitos humanos (Brasil, 2002). Como exemplos, há a Fundação 
Getúlio Vargas (voltada ao ensino e pesquisa); Fundação Nacional do Índio 
(FUNAI), criada para proteção dos direitos indígenas; Fundação SOS Mata 
Atlântica (defesa do meio ambiente). 
2.3 Organizações religiosas (inciso IV) 
As pessoas interessadas são livres para criar, organizar, estruturar 
internamente e funcionar organizações religiosas, desde que todos esses 
detalhes sejam especificados em seu estatuto, conforme previsto no Código 
 
 
8 
Civil, sendo, portanto, vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou 
registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Brasil, 
2002). 
É importante destacar que organizações religiosas tradicionais 
abrangem não somente a estrutura formal, mas também as entidades mantidas 
pelas igrejas, templos de culto e santas casa de misericórdia de todas as 
religiões e demais formas organizadas para desenvolvimento de atividades 
voltadas para a religião. 
2.4 Partidos políticos (inciso V) 
Os partidos políticos serão criados pelas pessoas com interesses 
políticos em comum, que defendam e proponham uma mesma ideologia, com o 
objetivo de participar de eleições para ocupar cargos políticos. Devem ser 
organizados e funcionar conforme legislação específica, como é o caso da Lei 
Federal n. 9.096 de 19 de setembro de 1995, que dispõe sobre os partidos 
políticos (Brasil, 1995; Brasil, 2002). 
2.5 Sociedades (inciso II) 
Como citado anteriormente, o Código Civil define quais as naturezas 
jurídicas que podem ser utilizadas para a constituição de pessoas jurídicas e, 
entre as opções, estão as sociedades. Há nove possibilidades que podem ser 
utilizadas para a constituição de pessoa jurídica do tipo sociedade, conforme 
mostra o Quadro 4, relacionando quais os artigos as disciplinam. 
 
 
 
9 
Quadro 4 – Os tipos societários previstos no código civil 
 
 Apesar dessa variedade de tipos societários, vamos abordar a 
sociedade limitada e a sociedade por ações, pois estão entre as mais 
utilizadas. 
2.5.1 Sociedade limitada 
A sociedade limitada está prevista nos arts. 1.052 a 1.087 do Código 
Civil e, conforme o próprio nome traz, a expressão limitada evidencia que há 
neste tipo de pessoa jurídica, o limite, que se refere à responsabilidade de cada 
sócio, restrita ao valor de suas quotas. Porém, todos respondem solidariamente 
pela integralização do capital social, ou seja, o capital social é dividido em 
quotas e cada sócio terá sua participação proporcional à quantidade de quotas 
integralizadas no ato da constituição da sociedade ou em alterações 
posteriores. Assim, sua participação, por exemplo, nos resultados positivos ou 
negativos apurados, será correspondente ao percentual de suas quotas (Brasil, 
2002). 
Neste tipo de sociedade é necessária a participação de no mínimo dois 
sócios, todavia, devido à possibilidade de transformação da sociedade 
empresária em outro tipo, atualmente a sociedade pode prosseguir com 
apenas um sócio, sendo então categorizada como sociedade unipessoal, 
desde que pelo prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, considerando o 
disposto no art. 1.033 do Código Civil (Brasil, 2002). 
2.5.2 Sociedade anônima 
 
 
10 
O Código Civil prevê a sociedade anônima em seus arts. 1.088 e 1.089 e 
estabelece que esse tipo de sociedade será disciplinada por lei especial, que 
neste caso, é a Lei Federal n. 6.404 de 15 de dezembro de 1976 (lei das 
sociedades anônimas), que define em seu art. 1º que a companhia ou 
sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos 
sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas 
ou adquiridas (Brasil, 1976; Brasil 2002). 
A razão social destas sociedades deverá possuir as expressões 
companhia ou sociedade anônima, expressas por extenso ou abreviadamente 
(Cia. e S.A., SA ou S/A). 
A expressão companhia normalmente é utilizada no início, sendo vedada 
sua utilização ao final, e a expressão sociedade anônima normalmente é 
representada ao final da razão social (Brasil, 1976). 
Podem ser companhias de capital aberto ou fechado, conforme os 
valores mobiliários de sua emissão. Companhias de capital aberto são aquelas 
que negociam suas ações na bolsa de valores brasileira. Companhias de 
capital fechado são sociedades anônimas, e não disponibilizam suas ações 
para negociação em bolsa de valores, ficando o capital fechado àqueles 
acionistas que já compõem seu quadro societário. 
2.6 Empresa individual de responsabilidade limitada (inciso VI) 
As empresas individuais de responsabilidade limitada são compostas por 
um único sócio, enquanto as sociedades são constituídas, em situações 
normais, por no mínimo dois sócios (Hauser, 2017; Brasil, 2002). 
A possibilidade de constituição de empresas do tipo empresa individual 
de responsabilidade limitada foi regulamentada pela Lei Federal n. 12.441 de 
11 de julho de 2011, que alterou o Código Civil, em seu art. 980-A (Brasil, 
2002). Até então, a responsabilidade limitada era um benefício apenas das 
pessoas jurídicas constituídas sob a forma de sociedades. 
Esse tipo de empresa será constituído por um único sócio, que deverá 
integralizar capital social de sua integral titularidade e, no valor mínimo de 100 
(cem) salários mínimos, vigente no país na data do registro do seu instrumento 
constitutivo ou alterador. A razão social deverá finalizar com a expressão Eireli. 
O empresário poderá constituir uma única empresa nesta natureza jurídica 
(Brasil, 2002). 
 
 
11 
A vantagem oferecida por meio deste tipo jurídico é a proteção ao 
patrimônio particular do sócio, e sua responsabilidade fica limitada ao capital da 
empresa constituída. 
2.7 Empresário individual 
Além dos tipos jurídicos de direito privado abrangidos pelo Código Civil, 
ainda existe mais uma opção, o empresário individual, previsto nos arts 966 a 
980 (Brasil, 2002). 
O empresário individual é uma forma jurídica sob a qual pode ser 
constituída uma empresa contendo apenas um sócio, denominadoempresário. 
A pessoa física poderá constituir uma única empresa com este tipo jurídico e, 
não há previsão de limites para a integralização do capital social, desde que 
este seja integralmente de titularidade do empresário. 
A desvantagem desse tipo de empresa é que o patrimônio da pessoa 
física poderá ser atingido caso o capital (patrimônio) da empresa não seja 
suficiente para o cumprimento das obrigações. Por exemplo, em caso de 
falência, acabando os bens da empresa, a justiça pode determinar a liquidação 
de bens particulares do empresário para quitar as obrigações que ainda 
existirem sob responsabilidade da pessoa jurídica. 
Para melhorar essa situação e oferecer uma opção com maior 
segurança aos empresários individuais, foi criada e regulamentada a limitação 
da responsabilidade por meio do tipo Eireli (Brasil, 2002). 
TEMA 3 – PRODUTOR RURAL: PESSOA FÍSICA VERSUS PESSOA JURÍDICA 
 O produtor rural é a pessoa física ou jurídica que desenvolve atividades 
de exploração da terra com finalidades econômicas, em propriedade própria ou 
de terceiros, ou seja, sob a forma de cessão, parcerias, arrendamentos ou 
outras. 
As atividades desenvolvidas pelos produtores rurais podem ser: a 
pecuária (criação de animais); a agricultura (plantio de vegetais) e o 
extrativismo (extração de produtos da natureza); e atividades específicas, como 
por exemplo a piscicultura (criação de peixes), a apicultura (criação de 
abelhas), a suinoculturas (criação de suínos), entre inúmeras outras. 
 
 
12 
O produtor rural pessoa física é aquele que explora a atividade rural de 
forma autônoma, ou seja, organiza, estrutura e individualiza a sua produção e 
movimentação de compras e vendas em seu cadastro de pessoa física (CPF). 
Dessa forma, todas as notas fiscais e demais documentos serão emitidos em 
seu CPF, de modo a permitir que a apuração dos resultados seja feita 
individualmente. 
A tributação a nível federal será em conformidade com a tributação das 
pessoas físicas, ou seja, na apuração do imposto de renda realizada na 
declaração de imposto de renda pessoa física, apresentada no período de 
março a abril, contendo os dados de todo o ano calendário anterior. 
Destaca-se que as informações da atividade rural devem ser declaradas 
na ficha específica da atividade rural, apurando-se o resultado, que se positivo, 
será tributado nos limites da tabela progressiva do imposto de renda. Se 
negativo, será acumulado para a apuração do ano calendário seguinte, 
conforme disposto no regulamento do imposto de renda, Decreto-Lei n. 9.580 
de 22 de novembro de 2018 (Brasil, 2018). 
Para que o produtor rural pessoa física esteja regularizado para 
comercialização dos seus produtos, é necessário providenciar seu cadastro na 
secretaria de fazenda do estado de sua localização, obtendo a inscrição 
estadual, um número de identificação desse produtor junto ao Estado. 
Após esse cadastro, normalmente é emitido o cartão da inscrição 
estadual, que evidencia as atividades rurais que o produtor está autorizado a 
desenvolver, sua habilitação / autorização para emissão de documentos fiscais, 
bem como sua regularidade quanto à utilização de benefícios fiscais 
concedidos pelos estados, como a redução de impostos de competência 
estadual, como é o caso do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e 
Serviços (ICMS). 
Há alguns casos em que, além do cadastro da inscrição estadual, o 
produtor necessita providenciar o cadastro junto à prefeitura municipal da sua 
localidade. Essa exigência é específica das prefeituras, podendo ou não 
acontecer, por isso é necessário sempre realizar consulta prévia junto aos 
órgãos públicos para confirmar quais os cadastros e documentos que precisam 
ser feitos para regularizar o desempenho da atividade rural. 
O produtor rural pessoa jurídica é quando, individualmente ou em 
coletivo com outros produtores, uma pessoa constitui uma empresa para a 
 
 
13 
exploração da atividade rural, podendo ser formalizada em qualquer um dos 
tipos jurídicos previstos com finalidade de lucro: sociedade limitada, sociedade 
anônima, Eireli, etc. 
Depois que a pessoa jurídica é constituída, suas atividades e 
movimentações deverão respeitar em todos os aspectos, os dispositivos legais 
que regem as pessoas jurídicas, além daqueles específicos para o segmento. 
Nesse sentido, independente de quantos produtores rurais são os 
sócios, toda a movimentação é centralizada na empresa para tributação e 
apuração dos resultados e distribuição entre os sócios. 
A tributação será em conformidade com a tributação das pessoas 
jurídicas, respeitando os regimes impostos, que podem ser: simples nacional, 
lucro presumido ou lucro real. A distribuição dos resultados também respeitará 
as legislações em vigor. 
No cenário econômico brasileiro, é notória a participação da agricultura 
familiar como uma importante fonte de sustento de muitas famílias possuidoras 
de pequenas propriedades rurais e logo, é muito comum a exploração da 
atividade rural por meio da pessoa física. 
TEMA 4 – ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA CONSTITUIÇÃO DE PESSOA 
JURÍDICA 
Há alguns elementos que necessitam de atenção para constituição de 
pessoas jurídicas, em conformidade com o disposto nas legislações federais. 
É importante destacar que antes de executar os procedimentos, é 
primordial conhecer, além da legislação federal abordada aqui, os dispositivos 
legais específicos de cada estado, verificando normativos na respectivas juntas 
comerciais, secretarias de fazenda de Estado, assim como os demais órgãos 
regulamentadores específicos da atividade a ser explorada, além das 
disposições da prefeitura municipal, pois elas podem determinar 
particularidades para o processo de formalização e autorização de 
funcionamento das empresas estabelecidas em sua localidade. 
Resumindo, há sempre três níveis de legislação a serem cumpridos, 
para que a documentação fique adequada e permita as autorizações e 
licenciamentos necessários à exploração da atividade, conforme mostra a 
Figura 3. 
 
 
14 
Figura 3 – Níveis de legislação 
 
4.1 Razão social e nome fantasia 
Conforme apresenta o inciso I do art. 46 do Código Civil, as pessoas 
jurídicas devem informar no documento constitutivo, qual será a sua 
denominação (Brasil, 2002). A denominação é a razão social de uma pessoa 
jurídica, ou seja, o nome pela qual será conhecida juridicamente. Ou seja, uma 
pessoa física possui o seu nome e sobrenome, que formam seu nome 
completo, já a pessoa jurídica possui sua razão social. 
A instrução normativa do Departamento de Registro Empresarial e 
Integração (DREI) n. 15 de 05 de dezembro de 2013 aborda as especificidades 
da formação do nome empresarial e sua proteção, sendo fundamental seu 
estudo para compreensão desse assunto e composição da maneira correta, já 
que as razões sociais apresentadas com inconsistência aos dispositivos legais 
serão rejeitadas pelas juntas comerciais. 
Conforme estabelecido em seu art. 1º, o nome empresarial é aquele sob 
o qual a pessoa jurídica, seja ela do tipo empresário individual, empresa 
individual de responsabilidade limitada, etc., sociedades empresárias ou 
cooperativas irá desempenhar suas atividades, obrigando-se aos atos a elas 
pertinentes, respondendo por meio de seus representantes legais (DREI, 
2013). 
No caso de Microempreendedor Individual (MEI), a razão social será 
formada pelo nome completo, sem qualquer tipo de abreviação seguido do 
número do CPF da pessoa. 
Assim, sempre que se observar empresas que apresentam o número de 
CPF à frente de sua razão social, pode- se identificar que essa pessoa jurídica 
é (ou foi) do tipo MEI, como o exemplo do Quadro 5 (Brasil, 2006). 
 
 
 
 
 
15 
Quadro 5 – Exemplo de razão social de MEI 
 
Para o empresário individual a razão social será o seu nome completo, 
podendo haver abreviações, exceto para o último sobrenome. Poderáainda 
apresentar opcionalmente a atividade da empresa, conforme o Quadro 6 
apresenta (DREI, 2013). 
Quadro 6 – Exemplo de razão social de empresário individual 
 
É importante fazer uma observação sobre a indicação da atividade, de 
que esta seja a atividade principal, não sendo recomendado informar várias 
atividades. 
Para o empresário individual de responsabilidade limitada (Eireli), a 
razão social poderá ser composta pelo próprio nome ou ainda pelo nome 
fantasia da empresa. A única obrigatoriedade que se faz é que seja 
apresentada a sigla Eireli ao fim, conforme exemplos no Quadro 7 (DREI, 
2013). 
Quadro 7 – Exemplo de razão social de empresário individual de 
responsabilidade limitada 
 
 
 
16 
Na sociedade limitada a razão social poderá individualizar todos os 
sócios, ou seja, apresentar o nome de todos, apresentar o nome de apenas um 
dos sócios acompanhando da expressão “e companhia”, ou ainda pode utilizar 
o nome fantasia da empresa. 
Em qualquer das situações, sempre deverá possuir a expressão limitada 
ao final, por extenso ou abreviado, sendo mais comum a utilização da forma 
abreviada: LTDA (Quadro 8). 
Quadro 8 – Exemplo de razão social de sociedade limitada 
 
Nas sociedades anônimas não é utilizado o nome dos acionistas, até 
pelo fato de serem muitos. A orientação é que a razão social deve ser 
acompanhada das expressões companhia ou sociedade anônima, de forma 
abreviada ou por extenso, conforme a preferência (Quadro 9). 
Quadro 9 – Exemplo de razão social de Sociedade Anônima 
 
As sociedades em nome coletivo, sociedade em comandita simples e 
sociedade em comandita por ações podem utilizar o nome de um ou mais 
sócios, desde que acrescidos da expressão e companhia, podendo também 
 
 
17 
optar por utilizar o nome fantasia ou outro nome representativo da sociedade 
como razão social. Especificamente para a sociedade em comandita por ações 
deve-se utilizar a expressão comandita por ações de forma abreviada ou por 
extenso ao final da razão social. 
É importante destacar que a razão social das pessoas jurídicas, no 
momento de sua constituição deverá ser novidade, ou seja, não haverá duas 
pessoas jurídicas com a mesma razão social, registradas na mesma junta 
comercial. As palavras filho, júnior, neto, sobrinho ou qualquer outro que 
indique a relação de parentesco no nome da pessoa, não são consideradas 
sobrenome e não podem ser apresentadas de forma abreviada. 
Além disso, não é permitido a utilização na razão social de palavras ou 
expressões atentatórias à moral e aos bons costumes (DREI, 2013). 
Além da denominação empresarial, as pessoas jurídicas possuem o 
nome comercial, aquele apresentado na fachada do estabelecimento e utilizado 
nas publicidades, propagandas e demais meios de divulgação, chamado de 
nome fantasia. Exemplificando: se fosse uma pessoa física, o nome fantasia se 
assemelha ao apelido ou nome pelo qual a pessoa é popularmente conhecida. 
A razão social e o nome fantasia podem ser diferentes ou semelhantes, 
conforme exemplos no Quadro 10. 
Quadro 10 – Exemplo de razão social e nome fantasia 
 
 
As informações de razão social e nome fantasia, podem ser melhor 
visualizados no modelo de cartão de CNPJ apresentado na Figura 4. 
A razão social das pessoas jurídicas se constitui pelo nome completo da 
pessoa e deve ser utilizado em seus atos legais, tais como nos documentos de 
constituição e alteração e nos documentos fiscais (notas fiscais) emitidas e 
recebidas, nos recibos e documentos disponibilizados aos colaboradores, como 
holerites, recibos de férias, termo de rescisão de contrato, contratos de 
prestação de serviços e em todos os documentos que vier a emitir e receber. 
 
 
18 
O nome fantasia também pode ser utilizado nos documentos emitidos 
pela empresa, desde que sempre estejam acompanhados da razão social. Vale 
destacar aqui, que mesmo sendo informado no contrato social qual será o 
nome fantasia da empresa, esse registro não garante a proteção do nome ou 
da marca, devendo ser providenciado esse ato específico nos órgãos 
competentes de registro de marcas e patentes. 
4.2 Objeto social e CNAEs 
O objeto social refere-se à finalidade a que se propõe a pessoa jurídica, 
podendo ser de lucro ou não, como no caso das associações, fundações, 
organizações religiosas e partidos político. Essa finalidade não poderá ser 
ilícita, impossível, indeterminável ou em contrário aos bons costumes, à ordem 
pública e à moral (DREI, 2018). 
O objeto de uma pessoa jurídica é a descrição de todas as atividades, 
tanto a principal como as secundárias, que serão desenvolvidas. 
A atividade principal refere-se ao que a empresa se dedicará realizar 
como objetivo maior. 
Para as empresas com finalidade de lucro, a atividade principal deve ser 
aquela responsável pela maior receita ou faturamento da empresa, ou seja, a 
atividade preponderante. As demais atividades desenvolvidas são classificadas 
como secundárias. 
Não há previsão legal que estabeleça um limite na quantidade de 
atividades a serem informadas no contrato social e demais documentos 
societários, assim como nada impede que uma pessoa jurídica contenha 
apenas a atividade principal. 
Nesse sentido, deve ser feita uma análise do que realmente a empresa 
pretende desempenhar e então definir no contrato social. 
O objeto social pode ser alterado a qualquer momento, conforme o 
desenvolvimento das atividades organizacionais e as necessidades de 
ampliação ou mudança de segmento da pessoa jurídica. 
No contrato social há uma cláusula específica em que se deve informar 
o objeto (a finalidade) da empresa, utilizando-se nesse campo, normalmente, 
uma descrição semelhante àquelas da tabela de Classificação Nacional de 
Atividades Econômicas (CNAE), acrescentando-se detalhes específicos das 
particularidades desempenhadas e oferecidas pela empresa (DREI, 2018). 
 
 
19 
Na sequência do objeto social, mas ainda na mesma cláusula, é 
necessário informar o CNAE correlacionado a cada atividade e nesta parte 
deve-se manter na íntegra a descrição constante na tabela de CNAE do IBGE, 
pois essa é a tabela padrão utilizada pela receita federal, receitas estaduais, 
prefeituras municipais e demais órgãos regulamentadores das atividades 
empresariais. Todas as atividades que irão compor o objeto social da pessoa 
jurídica devem estar correlacionadas a algum dos CNAE da tabela do IBGE, 
sob pena de não autorização pela junta comercial ou órgão competente. 
A CNAE é disponibilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE) e a Comissão Nacional de Classificação (CONCLA), 
disponível no link: <https://concla.ibge.gov.br/classificacoes/por-
tema/atividades-economicas>. A vigente atualmente é a versão de número 2.3. 
É fundamental destacar que na descrição do objeto no contrato social 
devem ser evitadas as expressões: em geral, não especificadas anteriormente, 
e outros, ainda que constem dessa forma na tabela de CNAE, pois são termos 
genéricos. As atividades a serem desempenhadas devem ser apresentadas 
com maior clareza e detalhamento possível, evitando indefinição, ambiguidade 
e duplo sentidos. O Quadro 11 traz um exemplo. 
Quadro 11 – Exemplo de descrição de objeto social e CNAE correspondente 
 
Observa-se que a descrição do objeto apresenta o que a empresa 
realizará de maneira simples, clara e específica. Na parte dos CNAE a 
descrição está idêntica à da tabela do IBGE. 
É fundamental que o contrato social contenha a descrição de todas as 
atividades desenvolvidas, para que a empresa possa fornecer as notas fiscais 
adequadas e em conformidade com a legislação comercial e tributária. 
Emitir documento fiscal de produto ou serviço não autorizado nos 
documentos constitutivos, licenças e autorizações de funcionamento 
 
 
20 
caracteriza inidoneidade de operação, podendo ocasionar sanções às partes 
envolvidas na operação.4.2 Capital social 
O capital social é o valor que os sócios ou acionistas investem na 
pessoa jurídica para iniciar as atividades, ou seja, o capital inicial é aquele 
disponível no momento da constituição, devendo ser expresso em moeda 
corrente nacional. Será administrado visando o alcance dos objetivos da 
empresa (DREI, 2018). 
O capital social pode compreender qualquer espécie de bens desde que 
sejam possíveis de avaliação pecuniária. 
Por exemplo, pode o capital ser integralizado com dinheiro em espécie, 
imóveis, veículos, máquinas ou outros bens, desde que estes possam ser 
mensurados monetariamente, sejam legalmente documentados, estejam 
disponíveis para transferência em favor da empresa e tenham sua descrição 
especificamente detalhada no contrato social (DREI, 2018). 
É vedada a indicação de integralização do capital social baseada na 
realização de lucros futuros que o sócio venha a obter, mesmo porque a 
constituição de uma pessoa jurídica não é garantia de obtenção de resultados 
positivos, mesmo que seja esta a sua finalidade (DREI, 2018). 
Em se tratando de sociedades, o valor do capital deverá ser 
discriminado no contrato social, detalhados os valores de cada sócio, a fim de 
que se apure a participação de cada um na pessoa jurídica, conforme 
apresentado no Quadro 12. 
Quadro 12 – Exemplo de composição de capital social em sociedade limitada 
 
 
 
21 
Na sociedade limitada a participação e as responsabilidades serão 
definidas com base no capital integralizado por cada sócio. Neste caso, o 
capital social deverá ser dividido em cotas, normalmente no valor de R$1,00 
(um real) cada (não é obrigatório que o valor de cada cota seja este, entretanto, 
é o utilizado com maior frequência). 
TEMA 5 – DIRECIONAMENTOS INICIAIS PARA A CONSTITUIÇÃO DE 
EMPRESAS 
O art. 45 do Código Civil estabelece que as pessoas jurídicas somente 
passam a existir legalmente quando existe registro do seu ato constitutivo no 
órgão específico, seja na junta comercial ou em cartório e serão precedidas 
das autorizações necessárias nas esferas federais, estaduais e municipais para 
o desenvolvimento de suas atividades (Brasil, 2002). 
 Somente após estar devidamente regularizada em todos os órgãos 
necessários a pessoa jurídica pode iniciar suas atividades, por isso, a etapa da 
constituição precisa ser executada com muito zelo, observando aos 
dispositivos legais pertinentes, possibilitando assim a obtenção das licenças e 
autorizações necessárias. 
5.1 Cuidados na elaboração do contrato social 
A elaboração do contrato social ou do ato constitutivo em si, conforme o 
tipo jurídico definido, é uma atividade que exige muita atenção do profissional 
que está a executando, e principalmente, clareza por parte dos sócios e 
administradores. Neste documento deverão constar as informações que irão 
conduzir o desenvolvimento das atividades da empresa, quanto aos aspectos 
legais e societários, bem como os direitos e obrigações dos sócios 
proprietários. 
É importante ressaltar aqui, que os exemplos apresentados dos 
elementos abaixo seguirão como base os tipos empresariais da sociedade 
limitada ou Eireli por serem os mais utilizados e possuírem algumas 
semelhanças em certas cláusulas do contrato social. Em casos específicos de 
outros tipos jurídicos deverão ser observadas as orientações e modelos 
disponibilizados no site da junta comercial do seu estado. 
 
 
22 
O art. 46 do Código Civil estabelece que os elementos que devem ser 
declarados e esclarecidos no documento de constituição da pessoa jurídica. 
Inciso I: a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o 
fundo social, quando houver” (art. 46). (Brasil, 2002) 
A denominação é a razão social, conforme já especificado, ou seja, o 
nome jurídico da empresa. 
Normalmente é utilizada a primeira cláusula do contrato social para 
apresentar a razão social. Pode-se aproveitar a mesma cláusula do contrato 
para apresentar também o nome fantasia, conforme mostra o Quadro 13. 
Quadro 13 – Exemplo de cláusula de razão social e nome fantasia 
 
 
Note que se considera a mesma razão social como se fosse uma única 
empresa, mudando apenas a sigla ao final, que indica o tipo de personalidade 
jurídica escolhida. Se a opção fosse por sociedade limitada, utiliza-se a sigla 
“LTDA”, se a escolha for pelo tipo empresa individual de responsabilidade 
limitada, utiliza-se a sigla Eireli. Relembrando que a razão social somente será 
utilizada após aprovação da junta comercial do respectivo estado, indicando 
que é novidade e não há outra razão social semelhante. 
Os fins referem-se à finalidade a que se propõe, ou seja, as atividades. 
É necessário apresentar a descrição destas atividades (objeto social), 
acompanhando dos respectivos CNAEs. O Quadro 14 evidencia. 
 
 
 
23 
Quadro 14 – Exemplo de cláusula de objeto social 
 
Nota-se que na descrição do primeiro e segundo CNAE, há as 
expressões em geral e não especificados anteriormente ao final, e estas não 
foram utilizadas na primeira parte da cláusula, em que se define o objeto social. 
Isso refere-se ao tópico 4.2, que aborda a vedação de utilização de 
expressões genéricas ou ambíguas, que tornem o objeto indefinido, ou seja, o 
ideal é que toda clareza seja utilizada nessa cláusula. 
A sede é o endereço em que a pessoa jurídica será estabelecida, 
precisa ter informação completa (logradouro, número, bairro, município, CEP), 
alguns órgãos solicitam até a informação de um complemento e um ponto de 
referência que facilitem a localização do estabelecimento para fins de 
fiscalização. Recomenda-se ainda, que antes de formalizar a constituição seja 
feita a consulta na prefeitura municipal para confirmação do endereço, evitando 
possíveis transtornos no momento da emissão do alvará municipal. O Quadro 
15 traz o exemplo. 
Quadro 15 – Exemplo de cláusula da sede 
 
O tempo de duração corresponde à expectativa de atuação da pessoa 
jurídica. Normalmente é informado no contrato social que o tempo é 
indeterminado, e é rara a constituição de uma empresa com prazo ou data 
definida para sua dissolução (Quadro 16). Apesar dos altos índices de 
 
 
24 
encerramento de empresas, o tradicional é que sejam constituídas pensando 
na sua continuidade e prosperidade. 
Quadro 16 – Exemplo de cláusula da duração 
 
O fundo social (quando houver), é um fundo financeiro destinado a 
garantir a finalidade social, normalmente utilizado em instituições sem fins 
lucrativos voltadas ao bem-estar social. 
Inciso II: o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, 
e dos diretores. (Brasil, 2002). 
Isso refere-se à identificação completa de todos os sócios e 
administradores da pessoa jurídica. Essa identificação deve conter pelo menos 
o nome completo, nacionalidade, data de nascimento, documento de 
identificação, número do CPF e endereço. Também deve ser destacada a 
função exercida, se é apenas sócio ou sócio administrador, entre outros. A 
identificação completa é apresentada no preâmbulo (parte inicial) do contrato 
social, conforme pode-se observar no Quadro 17. 
Quadro 17 – Exemplo de preâmbulo de um contrato social de sociedade 
limitada 
 
 
 
25 
O exemplo acima contempla o preâmbulo do contrato social de uma 
sociedade limitada composta por dois sócios, entretanto, utiliza-se o mesmo 
modelo para o preâmbulo de contrato social de uma empresa individual de 
responsabilidade limitada (Eireli), ajustando-se o que for necessário, como na 
última frase em que é citado o tipo jurídico da empresa a ser constituída. Além 
da apresentação dos sócios, devem ser discriminadas as suas participações no 
capital social, pois isto define a responsabilidade de cada sócio, como 
demonstra o Quadro 18. 
Quadro 18 – Exemplo de cláusula do capital social 
 
Inciso III: o modo por que se administra e representa, ativa e 
passivamente, judicial e extrajudicialmente. ” (Brasil,2002). 
Corresponde à forma que ocorrerá a administração e representação 
legal da pessoa jurídica, se caberá aos próprios sócios de maneira conjunta ou 
isoladamente, qual sócio será o representante legal ou, se será por meio de 
conselhos de administração, identificando quais existirão, a função principal de 
cada um, seus membros e respectivas funções (Quadro 19). 
Quadro 19 – Exemplo de cláusula de administração da sociedade 
 
Nota-se que a cláusula apresenta apenas um sócio como administrador, 
mas nada impede que a administração da sociedade seja realizada por mais de 
 
 
26 
um sócio ou até mesmo por todos os sócios. É necessário apenas que isso 
seja devidamente detalhado no instrumento de constituição. Poderá ainda, 
ocorrer mudança de sócio administrador ou sócios administradores no decurso 
das atividades organizacionais, para tanto, faz-se necessário o registro do 
instrumento alterador. 
Inciso IV: se o ato constitutivo é reformável no tocante à 
administração e de que modo. (Brasil, 2002) 
 
No caso de sociedades administradas por meio de conselhos, o próprio 
ato constitutivo deve prever condições específicas para a alteração da 
administração, ou seja, qual será o conselho responsável, se será por eleição, 
a quantidade mínima de membros que devem estar presentes, entre outros 
detalhes. 
Em caso de sociedade limitada, é fundamental que o ato constitutivo 
apresente cláusula específica a respeito da vedação de atos ilícitos ou alheios 
à finalidade da sociedade. 
Isso também pode ser observado no exemplo acima, em que se 
apresenta a cláusula a respeito da administração da sociedade, já citando que 
é vedado a realização de atividades estranhas ao interesse social. 
Inciso V: se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas 
obrigações sociais. (Brasil, 2002) 
Os atos constitutivos devem apresentar as obrigações dos sócios e 
administradores e sua participação nos resultados apurados, seja ele lucros ou 
prejuízo. Em caso de dívidas, deve apresentar como ocorrerá sua quitação e o 
alcance do patrimônio para honrar as obrigações. O Quadro 20 exemplifica. 
Quadro 20 – Exemplo de cláusula da apuração dos resultados 
 
Inciso VI: as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do 
seu patrimônio, nesse caso. (Brasil, 2002) 
 
 
27 
Mesmo que as empresas não sejam constituídas pensando em sua 
dissolução, o contrato social deve conter cláusula específica estabelecendo as 
condições para sua extinção, discriminando como ocorrerá a apuração dos 
haveres, a quitação de obrigações, a distribuição do patrimônio entre os sócios, 
e a destinação do patrimônio no caso de entidades sem fins lucrativos. 
Quadro 21– Exemplo de cláusulas que abordem sobre a dissolução 
 
 
É notório destacar que as próprias juntas comerciais de cada estado 
disponibilizam modelos dos atos constitutivos alterador e de extinção, e as 
normas para elaboração em seus sites institucionais. Além disso, há o 
Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI), que 
disponibiliza as instruções normativas e demais atos legais que regulamentam 
os atos de constituição, alteração e extinção, sendo fundamental a realização 
da leitura dessas orientações antes da sua formalização. 
5.2 Porte das pessoas jurídicas 
Após definir o tipo jurídico da empresa a ser constituída é necessário 
pensar em seu porte. O porte é uma classificação realizada com base no 
tamanho da empresa. Existem classificações feitas por órgãos como o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Banco Nacional do 
Desenvolvimento Econômico Sustentável (BNDES), normalmente utilizadas em 
estudos estatísticos. Para a prática contábil deve-se considerar a classificação 
trazida pela Lei Complementar Federal n. 123 de 14 de dezembro de 2006 (LC 
n. 123/2006), popularmente conhecida como a lei do simples nacional (Brasil, 
2006). 
 
 
28 
Conforme estabelecido no art. 3º da referida legislação, podem ser 
consideradas como microempresa ou empresa de pequeno porte, a sociedade 
empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade 
limitada (Eireli) e o empresário. Ou seja, essa classificação é aplicável somente 
às empresas constituídas sob esses tipos jurídicos. Demais pessoas jurídicas 
como associações, fundações, órgãos públicos, etc., não utilizam 
enquadramento por porte (Brasil, 2006). 
Para ser considerada microempresa (ME) a receita bruta prevista para o 
exercício atual, no caso de constituição de empresa ou receita bruta obtida no 
ano calendário anterior, no caso de empresas já em atividade, deve ser igual 
ou inferior a R$360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais). Ultrapassado este 
limite, deve-se providenciar o reenquadramento como empresa de pequeno 
porte (Brasil, 2006). 
Para ser considerada empresa de pequeno porte (EPP) a receita bruta 
prevista para o exercício atual no caso de constituição de empresa, ou receita 
bruta obtida no ano calendário anterior para empresa já em atividade deve ser 
superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a 
R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). Ultrapassado esse 
limite, deve-se providenciar o desenquadramento de EPP (Brasil, 2006). 
Era comum a utilização das expressões ME e EPP ao final da razão 
social das empresas, o que foi alterado pela revogação do art. 72 da Lei 
Complementar n.123/2006, não sendo mais permitido utilizar a indicação do 
porte juntamente com a razão social. Em virtude disso, foi criado um novo 
campo no comprovante de inscrição no CNPJ. 
Para as empresas que já possuíam a indicação do porte em sua razão 
social, deve-se providenciar a alteração de razão social, excluindo o mesmo 
em cláusula específica, conforme modelo sugerido: 
Retira-se a expressão ME ou EPP (conforme o constante na razão 
social da empresa) do nome empresarial, em razão da revogação do 
Art. 72 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, 
pelo Art. 10 da Lei Complementar nº 155, de 27 de outubro de 2016. 
 
Destaca-se que não foi estabelecido um prazo para essa alteração da 
razão social, pois as alterações possuem custos de honorários do profissional 
responsável e taxas dos órgãos específicos (como junta comercial, secretaria 
de estado de fazenda e prefeitura municipal). Diante disso, fica obrigatório sua 
 
 
29 
realização na primeira alteração que a empresa venha a ter após a publicação 
da nova regra. 
Para os empresários individuais que não possuem contrato social, e sim, 
requerimento de empresário, não se utiliza a cláusula citada acima, devendo 
incluir o evento de alteração de nome empresarial em sua alteração. 
Figura 4 – Cartão de CNPJ 
 
É fundamental que as empresas mantenham seu porte informado 
corretamente nas juntas comerciais e na receita federal e, quando há mudança 
de porte, deve-se providenciar no início do ano calendário, o reenquadramento 
ou desenquadramento. Isso é relevante para que a informação apresentada 
seja correta, o que garante o usufruto de benefícios previstos na lei, como por 
exemplo, as participações em licitações (Brasil, 2006). 
TROCANDO IDEIAS 
Para melhor compreensão do assunto abordado, propõe-se a reflexão e 
discussão a respeito do novo tipo jurídico, a empresa individual de 
responsabilidade de limitada (Eireli). Considerando os conceitos e a 
classificação do Código Civil apresentados nesta aula, pode-se entender a 
Eireli como uma sociedade empresária? 
 
 
30 
NA PRÁTICA 
Para melhor fixação dos conteúdos estudados nesta aula, propõe que o 
aluno identifique os itens abaixo, de pelo menos três 
empresas/estabelecimentos que você frequenta rotineiramente, baseado no 
cupom ou nota fiscal de alguma compra (pode ser o lanche feito em uma 
cantina, o almoço em um restaurante, o café em uma cafeteria, etc.).: 
a. O tipo jurídico; 
b. A razão social; 
c. O nome fantasia. 
FINALIZANDONa aula de hoje estudamos as diferenças da pessoas físicas e pessoas 
jurídicas, os diversos tipos jurídicos que podem ser constituídos, inclusive para 
a atividade de produtor rural. 
Além disso, abordamos os conceitos principais que precisam ser 
apreciados para a constituição de uma pessoa jurídica, quanto à sua 
composição da razão social, sua finalidade e o objetivo social, o capital e 
outras cláusulas e esclarecimentos necessários ao instrumento constitutivo. 
Mesmo sendo uma atividade complexa a constituição e a legalização de 
pessoas jurídicas, com os conceitos abordados nessa aula o aluno adquire 
condições de compreender a prática. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto Federal n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. 
Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do 
imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Disponível em: 
<http://www2.planalto.gov.br/>. Acesso em: 24 maio 2019. 
_____. Lei Complementar Federal n. 123 de 14 de dezembro de 2006. 
Institui o estatuto nacional da microempresa e da empresa de pequeno porte; 
altera dispositivos das leis n. 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, 
de 1o de maio de 1943, da Lei n. 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei 
Complementar n. 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as leis n. 9.317 de 5 
 
 
31 
de dezembro de 1996 e 9.841 de 5 de outubro de 1999. Disponível em: < 
http://www2.planalto.gov.br. Acesso em: 24 maio 2019. 
_____. Lei Federal n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o código civil. 
Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br>. Acesso em: 24 maio 2019. 
_____. Lei Federal n. 12.441, de 11 de julho de 2011. Altera a Lei n. 10.406, 
de 10 de janeiro de 2002 para permitir a constituição de empresa individual de 
responsabilidade limitada. Disponível em: < http://www2.planalto.gov.br>. 
Acesso em: 24 maio 2019. 
_____. Lei Federal n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as 
sociedades por ações. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br>. Acesso 
em: 24 maio 2019. 
_____. Lei Federal n. 9.096, de 19 de setembro de 1995. Dispõe sobre 
partidos políticos, regulamenta os arts. 17 e 14, § 3º, inciso V da Constituição 
Federal. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br>. Acesso em: 24 maio 
2019. 
DREI – Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração. 
Instrução Normativa DREI n. 50, de 11 de outubro de 2018. Altera os 
manuais de registro aprovados pela instrução normativa n. 38, de 2 de março 
de 2017. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/>. Acesso em: 24 maio 2019. 
_____. Instrução Normativa n. 15, de 5 de dezembro de 2013. Dispõe sobre 
a formação do nome empresarial, sua proteção e outras providências. 
Disponível em: <www.mdic.gov.br>. Acesso em 24 maio 2019. 
HAUSER, P. Contabilidade tributária: dos conceitos à aplicação. Curitiba, 
InterSaberes, 2017. 
RFB - Receita Federal do Brasil. Instrução Normativa RFB n. 1.548 de 13 de 
fevereiro de 2015. Dispõe sobre o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF). 
Disponível em: <<normas.receita.fazenda.gov.br>>. Acesso em: 24 maio 2019. 
_____. Instrução normativa RFB n. 1.863 de 27 de dezembro de 2018. 
Dispõe sobre o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Disponível em: 
<<normas.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 24 maio 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRÁTICAS CONTÁBEIS EM 
LABORATÓRIO 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Adriely Camparoto Brito 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Anteriormente, aprendemos a respeito dos tipos jurídicos pelos quais as 
pessoas jurídicas podem ser constituídas, bem como os principais aspectos 
conceituais necessários para sua constituição. Nesta aula, vamos verificar a 
aplicação prática dos conceitos aprendidos anteriormente. Para tanto, 
abordaremos as etapas dos processos de constituição, alteração e extinção de 
pessoas jurídicas em âmbitos federal, estadual e municipal, tentando evidenciar 
a ideia de como é atualmente a operacionalização de cada uma dessas etapas. 
Para complementar esse estudo do ambiente de funcionamento das pessoas 
jurídicas, também abordaremos as licenças e autorizações necessárias para o 
desenvolvimento das atividades operacionais. 
CONTEXTUALIZANDO 
 Até alguns anos atrás o processo de constituição, alteração e, 
principalmente, de baixa de pessoas jurídicas era realizado em sua grande parte 
(ou em sua totalidade) de maneira manual. Esse cenário se refletia em longos 
dias de espera pelos empresários para que tivessem seus atos devidamente 
registrados. Sempre houve uma grande demanda por parte dos profissionais que 
atuam nessa área, em especial os contabilistas, para que os governos de todos 
os níveis se esforçassem para melhorar e reduzir o tempo desses processos. 
Esse é o ambiente atual, de mudanças, pois os governos estão tentando otimizar 
e facilitar os processos de registro e legalização das pessoas jurídicas, por meio 
da criação de um portal único que visa integrar os sistemas federal, estadual e 
municipal, que ainda está em fase de implantações e aperfeiçoamentos, 
principalmente quanto aos serviços municipais. Este novo ambiente de registros 
e legalização é o que estudaremos nesta aula. 
TEMA 1 – CONSTITUIÇÃO DE EMPRESA PELO REDESIM 
 O Redesim reduziu de 8 para 5 dias o tempo médio de abertura de 
empresas no Brasil, comparando os últimos trimestres de 2017 e 2018. Além 
disso, aumentou em 20% a quantidade de empresas abertas em até 3 dias 
(Receita Federal, 2018). 
 
 
 
3 
1.1 O que é o Redesim? 
 O Redesim é a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da 
Legalização de Empresas e Negócios, criado por meio da Lei Federal n. 11.958, 
de 3 de dezembro de 2007, com o objetivo de estabelecer (e continuar 
aprimorando) diretrizes e procedimentos para a integração e a simplificação 
dos processos de constituição, alteração, baixa e legalização de pessoas 
jurídicas (Sempe, 2019; Brasil, 2007). 
 O projeto completo do Redesim é que todos os órgãos responsáveis por 
registros e legalizações de pessoas jurídicas participem dessa rede nacional, 
compartilhando o mesmo banco de dados, desburocratizando e agilizando os 
processos de registros de atos. Conforme observa-se pela Lei de criação, o 
projeto idealizado desde 2007 foi implementado no início de 2017 no município 
de São Paulo e somente em julho de 2018 foi disponibilizado para todo o Brasil 
– e ainda está em desenvolvimento. Desde sua implantação, o Redesim se 
tornou “a janela única dos órgãos partícipes para a interação com o cidadão 
empreendedor” (Receita Federal, 2018). 
 Atualmente, os órgãos responsáveis pelos registros de atos e legalização 
das pessoas jurídicas são: Receita Federal, Juntas Comerciais, Receitas 
Estaduais e Secretarias de Fazenda de todos os estados e do Distrito Federal, 
prefeituras de todos os municípios brasileiros e órgãos de licenciamentos de 
atividades, tais como corpo de bombeiros, vigilâncias sanitárias e órgãos do meio 
ambiente. Entretanto, a participação no Redesim é obrigatória apenas para os 
órgãos federais responsáveis pelos processos de registro e legalização 
(Receita Federal e Juntas Comerciais). Para os demais órgãos estaduais, 
municipais e de legalização, a adesão é voluntária (Sempe, 2019). 
 A administração do Redesim é feita pelo comitê gestor CGSIM, e sua 
secretaria executiva é de responsabilidade do Departamento de Registro 
Empresarial e Integração (DREI), da Secretaria Especial da Micro e Pequena 
Empresa (Sempe). O modelo de trabalho consolidado pelo CGSIM marca uma 
mudança significativa na relação do empreendedor com o governo, pois até 
pouco tempo era preciso elaborar documentação separada para cada órgão e, 
com a evolução do Redesim, o contribuinte poderá acessar em um local único 
todos os sistemas governamentais de registro e legalização envolvidos (Sempe, 
2019; Receita, 2018).O endereço eletrônico do site atual do Redesim é 
 
 
4 
<www.redesim.gov.br>. Para melhor segregação dos serviços, o portal divide-
se em “Já possuo pessoa jurídica”, campo que dará acesso aos serviços 
disponíveis para as pessoas jurídicas já constituídas, e a opção “Abra sua 
pessoa jurídica”, que permite o acesso dos serviços disponíveis para a 
constituição de novas pessoas jurídicas (Redesim, 2019). 
 Como se trata de um site institucional, além das opções de serviços 
citadas, também são disponibilizadas outras opções de acesso, conforme pode-
se observar no cabeçalho da ilustração do Quadro 1 e que são melhor 
detalhadas a seguir, na ordem da direita para a esquerda (Redesim, 2019): 
• Busca no site: campo para realização de pesquisas no site, bastando 
digitar a palavra do serviço desejado que a busca será feita. É uma opção 
padrão disponibilizada nos sites institucionais. 
• Parceiros: neste campo estão disponíveis nomes de todos os parceiros 
do Redesim, juntamente com os canais (links) para acessar seus sites 
institucionais. São órgãos e instituições que participam e apoiam essa 
rede de integração nacional. 
• Serviços: ao clicar nesta opção, será direcionado para uma página 
contendo o detalhamento de todos os serviços disponibilizados pela 
Redesim que poderão ser acessados pelo contribuinte, bem como as 
orientações disponibilizadas para cada tipo de serviço. 
• Estatísticas: este campo reúne as informações e dados estatísticos dos 
estabelecimentos matrizes e filiais, por situação cadastral ativa, baixada 
e outras, segregados por estado e por município. 
• Consultas: neste campo o Redesim disponibiliza serviços de consultas e 
pesquisas relacionadas ao CNPJ, sendo possível imprimir o comprovante 
do CNPJ caso já possua o número em mãos. Uma novidade deste serviço 
de consultas é a disponibilização de pesquisa de um número de CNPJ 
pelo nome empresarial ou fantasia. Essa busca não era disponibilizada 
anteriormente, entretanto, para essa opção é necessário acessar a área 
de usuário. Qualquer pessoa pode se cadastrar na área de usuário, 
preenchendo os dados solicitados e gerando a senha de acesso. Além 
dessas opções, são disponibilizados campos para consultar o andamento 
dos serviços já solicitados, sendo necessário informar o número de 
protocolo do Redesim, que é gerado no ato de cada solicitação. 
 
 
Figura 1 – Opção passo a passo: esquema básico dos serviços concentrados no Redesim 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Redesim, 2019. 
 
 
• Passo a passo: esta opção sintetiza o fluxo de serviços disponibilizados 
pelo portal Redesim, conforme a ordem em que devem ser realizados. 
Para melhor visualização desse processo, apresentamos a ilustração no 
Quadro 2 (página anterior). Pode-se observar que se divide em três 
passos, sendo (Redesim, 2019): 
1. Consulta prévia, também chamada de viabilidade: é a etapa em que 
se realiza a pesquisa na Junta Comercial do respectivo estado da sede 
da empresa. Somente com a viabilidade aprovada é que se prossegue 
para a etapa seguinte. 
2. Coleta de dados da Receita Federal: são informados os dados para 
registro no CNPJ, na página do Coletor Nacional. 
3. Licenças operacionais que a pessoa jurídica necessita obter para 
iniciar suas operações. 
 É importante destacar que a realização da etapa seguinte somente será 
possível após a aprovação ou deferimento da etapa anterior. Ressaltamos esse 
fluxo operacional devido à sua relevância para os conteúdos que serão 
abordados nos tópicos seguintes desta aula. 
1.2 Constituição de empresas – Junta Comercial e Receita Federal 
 Constituir uma pessoa jurídica refere-se ao ato de providenciar seu 
registro nos órgãos específicos competentes, ou seja, transformar a ideia em 
algo legalmente existente. Somente após o deferimento do registro pelos órgãos 
competentes é que a empresa estará formalmente constituída e terá seu número 
do Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas – CNPJ. Toda pessoa jurídica 
possui o seu CNPJ, único e exclusivo, não se repetindo, inclusive em casos de 
filiais, que apesar de possuírem a mesma numeração da raiz do CNPJ de sua 
matriz (ou seja, os primeiros 8 números), a numeração final sempre será 
diferente (6 últimos números), indicando a quantidade de filiais inscritas e seu 
digito de verificação. 
 Conforme abordamos anteriormente, a constituição de uma pessoa 
jurídica é uma fase que exige decisões por parte do(s) empresário(s), tais como: 
qual tipo jurídico optar entre as opções existentes, quais atividades serão 
desenvolvidas, qual será a forma de atuação, quanto de capital social será 
integralizado, qual será o endereço, o nome fantasia etc. Tendo todas essas 
informações, pode-se iniciar o processo de formalização da empresa.
 
 
Figura 2 – Opções do Redesim para a constituição de pessoas jurídicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Redesim, 2019. 
 
 
 O processo de formalização da constituição de uma pessoa jurídica vai 
ser iniciado pelo Redesim, conforme pode-se observar no Quadro 3, página 
anterior, na opção de serviços “Abra sua pessoa jurídica”. Ao clicar nessa opção, 
será aberta uma pequena tela com o “Passo 1 – Consulta Prévia” e, logo abaixo, 
o campo para selecionar o estado onde será a sede da empresa (Redesim, 
2019). 
 No Quadro 3, utilizamos o estado de Mato Grosso como exemplo, e 
prosseguiremos os próximos exemplos deste tópico utilizando esse mesmo 
estado. Entretanto, é importante ressaltar que as opções de serviços serão as 
mesmas para todas as Juntas Comerciais, pois estão vinculadas ao Redesim. 
Pode ser que o layout dos sites de cada Junta Comercial tenha diferenças em 
sua forma de apresentação, mas os serviços disponíveis serão os mesmos. 
 Apresentamos no Quadro 4 a relação das Juntas Comerciais e sistema 
de registro de empresas por estado. 
Quadro 1 – Relação de Juntas Comerciais por estado 
Estado Junta Comercial Estado Junta Comercial 
Acre JUCEAC Paraíba Redesim PB 
Alagoas Facilita Alagoas Paraná Empresa Fácil 
Paraná 
Amapá Empresa Fácil Amapá Pernambuco JUCEPE 
Amazonas Empresa Super Fácil 
Amazonas 
Piauí Piauí Digital 
Bahia JUCEB Rio de Janeiro JUCERJA 
Ceará JUCEC Rio Grande do Norte Redesim RN 
Distrito Federal Portal de Serviços – RLE 
Digital – Junta DF 
Rio Grande do Sul JUCISRS 
Espírito Santo JUCEES Rondônia Empresa Fácil 
Rondônia 
Goiás Portal do Empreendedor 
Goiano 
Roraima JUCERR 
Maranhão Empresa Fácil Maranhão Santa Catarina JUCESC 
Mato Grosso JUCEMAT São Paulo – Capital Empresa Simples - 
RLE 
Mato Grosso do 
Sul 
JUCEMS São Paulo – outros 
municípios 
JUCESP 
Minas Gerais JUCEMG Sergipe Agiliza SE 
Pará JUCEPA Tocantins Simplifica Tocantins 
 
 No Quadro 5, pode ser visualizado o sistema Redesim redirecionando 
para o site da Junta Comercial selecionado. 
 
 
Figura 3 – Página de redirecionamento para a Junta Comercial dos estados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Redesim, 2019. 
 
 
 Observando o Quadro 5, nota-se que, ao selecionar o estado, o sistema 
Redesim fará o redirecionamento para o site da Junta Comercial ou sistema de 
registro digital do estado indicado, para que seja possível dar prosseguimento 
aos serviços de constituição das pessoas jurídicas. 
 Vale destacar que com essa evolução do sistema de registro de atos 
empresariais, os serviços podem ser realizados a qualquer momento e de 
qualquer lugar do Brasil, sem a necessidade de que a documentação física 
seja apresentada na Junta Comercial respectiva. Além de reduzir custos e 
tempo, isso facilita os serviços do profissional contábil responsável. 
 Atualmente, os registros de atos empresariais nas Juntas Comerciais são 
realizados de forma digital, ou seja, após concluída a fase de elaboração da 
documentação, ela é transmitida por meio de um processo digital para que a 
Junta Comercial respectiva possa fazer a análisee deferimento ou não do 
registro solicitado. Esse envio de documentos é realizado por meio de certificado 
digital dos sócios ou representantes legais, o que permite identificação, 
autenticidade e integridade das transações em meio eletrônico (DREI, 2018). 
 Apresentamos, no Quadro 6 a seguir, o campo de registro digital do site 
da Junta Comercial do estado do Mato Grosso. 
Figura 4 – Registro digital na Jucemat 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Pode-se observar no exemplo as opções de solicitar “Novo registro”, ou 
seja, um novo processo e “Consultar registro”, para acompanhar o andamento 
do pedido de registro. No campo de “Assinar documentos” são utilizados os 
certificados digitais, conferindo autenticidade e integridade aos documentos e, 
após assinados, deve-se “Enviar para Jucemat” para que sejam analisados. Na 
opção “Consultar solicitação”, acompanha-se a análise e seu resultado. 
 
 
Figura 5 – Opções de eventos de inscrição na viabilidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Redesim, 2019. 
 
 
 Ao selecionar no sistema Redesim a opção de constituição de empresa e 
informar o estado, conforme já citado, você será redirecionado(a) para o site da 
Junta Comercial específica. A partir de então, inicia-se o processo de 
preenchimento das informações (Redesim, 2019). 
 Já citamos também que o passo 1 é a consulta prévia, chamada de 
viabilidade. A viabilidade é a pesquisa inicial que se faz na Junta Comercial, 
informando todos os dados necessários para a constituição da empresa, sendo 
eles (Jucemat, 2019): 
• natureza jurídica e o porte; 
• endereço completo; 
• atividades, principal e secundárias, e descrição do objeto social; 
• opções de nome para a razão social; 
• nome e CPF dos sócios; 
• tipo de unidade e forma de atuação. 
 Além destes dados, que já estudamos anteriormente, pode haver mais 
questionamentos estabelecidos pela Receita Estadual ou pela prefeitura 
municipal da localidade em que a empresa será estabelecida, para utilização na 
parte de legalização da empresa, tais como se o imóvel é próprio ou alugado, o 
tamanho do imóvel utilizado em metros quadrados, entre outros. 
 Após preenchida, a viabilidade é transmitida gerando um protocolo que 
será utilizado nas demais etapas do processo. Pelo protocolo, deve-se 
acompanhar a análise desta viabilidade, que pode ser deferida ou indeferida. 
Quando indeferida, são apresentados seus motivos para que sejam sanados na 
apresentação de uma nova viabilidade. Quando deferida, pode-se prosseguir 
para o Passo 2. Quando indeferida, o órgão responsável (Junta ou prefeitura) 
deverá apresentar o motivo do seu indeferimento (Jucemat, 2019). 
 O Quadro 7 nos apresenta a tela inicial de preenchimento da viabilidade, 
com as opções de “Eventos de inscrição” e “Eventos de alteração”, devendo 
ser selecionado o tipo de evento que se pretende registrar. Existem quatro 
opções de eventos para inscrição, entre as quais as mais utilizadas são: a 101 – 
inscrição de primeiro estabelecimento utilizado para criação de empresa matriz 
ou única; 102 – inscrição dos demais estabelecimentos, utilizados para 
constituição de filiais; 106 – para inscrição de missões diplomáticas ou órgãos 
internacionais; e a opção de proteção de nome empresarial (evento 150) 
(Jucemat, 2019). 
 
 
Figura 6 – Opções de natureza jurídica e órgão de registro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Redesim, 2019. 
 
 
 Após selecionar o tipo de evento a ser registrado, a página seguinte de 
preenchimento da viabilidade solicita o preenchimento de mais dois campos 
relevantes, conforme apresentado no Quadro 8, sendo eles: 
• Enquadramento: em Micro Empresa (ME); Empresa de Pequeno Porte 
(EPP) e outros. 
 Quanto à constituição de empresa, a opção de Micro Empresa (ME) deve 
ser selecionada quando a previsão de faturamento para o exercício atual seja 
igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) ou na 
proporcionalidade de até R$ 30.000,00 (trinta mil reais) por mês, considerando 
os casos em que a constituição é realizada entre os meses de fevereiro e 
dezembro. Caso este limite seja ultrapassado no exercício corrente, deve-se 
providenciar o reenquadramento como empresa de pequeno porte, no mês de 
janeiro do exercício seguinte (Brasil, 2006). 
 Já a opção de empresa de pequeno porte (EPP) deve ser selecionada 
quando a expectativa de faturamento prevista para o exercício atual seja superior 
a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 
4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), ou ainda proporcionalmente 
a R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) por mês considerando os casos em 
que a constituição é realizada entre os meses de fevereiro e dezembro. Ao 
ultrapassar esse limite, deve-se providenciar o desenquadramento de EPP no 
mês janeiro do exercício seguinte (Brasil, 2006). 
 A opção Outros deverá ser utilizada nos casos em que a expectativa de 
faturamento para o exercício atual ultrapasse o limite de R$ 400.000,00 
(quatrocentos mil reais) mensais. Essa opção também será utilizada para as 
entidades governamentais, organizações sem fins lucrativos e outras pessoas 
jurídicas imunes ou isentas, visto que não são enquadradas como ME ou EPP 
(Jucemat, 2019). 
• Órgão de registro: órgão responsável por realizar registro do ato. 
 As opções disponíveis de órgão de registro são: Junta Comercial, cartório 
de registro de pessoa jurídica, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ato legal 
(legislação) e outros (Jucemat, 2019). 
 Para melhor compreensão de qual tipo deve ser utilizado e em quais 
situações, destinamos o item 2 desta aula para explicar detalhadamente esse 
assunto. 
 
 
Figura 7 – Passo 2: coleta de dados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Receita Federal, 2019.
 
 
 Após indicar o porte e o órgão de registro, as próximas telas da viabilidade 
vão apresentar campos para preenchimento dos dados específicos da pessoa 
jurídica que se pretende constituir, tais como (Jucemat, 2019): 
• O endereço, que deve ser o mais completo possível, de preferência 
apresentando um complemento e ponto de referência e se a natureza do 
imóvel é urbana, rural ou sem regularização. Uma novidade é o campo 
para informar as coordenadas geográficas, caso tenha e queira 
preencher, assim como a opção de localizar o endereço pelo Google 
Maps. Observa-se que são todas as opções possíveis para localização 
exata do estabelecimento, a fim de evitar a sua não localização pelas 
fiscalizações responsáveis no processo de legalização e licenciamento, e 
ainda contribui para inibir a constituição de empresas fantasmas. 
• A descrição do objeto social, abordando todas as atividades que serão 
desenvolvidas, tanto a principal quanto as secundárias, e seus 
respectivos CNAE (classificação nacional de atividades econômicas), em 
conformidade com a tabela disponibilizada pela Receita Federal e o 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
• As opções de nome empresarial que se pretende utilizar; normalmente 
pede-se que sejam informadas três opções para que a Junta analise e 
aprove uma opção para uso. Lembrando que é função da Junta Comercial 
analisar a disponibilidade do nome empresarial, visto que não pode haver 
mais de uma pessoa jurídica com a mesma razão social. Nesse sentido, 
deve-se preencher as opções de nome conforme a prioridade de 
preferência, pois a análise inicia-se pela primeira opção, que, estando 
disponível, já será deferida. Somente são analisadas as demais opções 
no caso de indisponibilidade da primeira. 
• O nome e o número de CPF de todos os sócios e outras informações 
que venham a ser solicitadas em cada caso. 
 Concluída e transmitida a viabilidade, é gerado um protocolo necessário 
para acompanhar seu andamento. Quando deferida, prossegue-se para o passo 
2, conforme evidenciado no Quadro 9, da páginaanterior. 
 O passo 2 é o preenchimento da coleta de dados, realizado no ambiente 
Coletor Nacional da Receita Federal. Ao clicar na opção “Crie sua pessoa 
jurídica”, evidenciada no Quadro 9, o Redesim vai direcionar para a página de 
preenchimento, que é apresentada no Quadro 10, a seguir. 
 
 
Figura 8 – Página inicial de preenchimento da coleta de dados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Receita Federal, 2019.
 
 
 No Quadro 10, apresenta-se a página inicial de preenchimento do “Passo 
2 – Coleta de dados”, no ambiente do Coletor Nacional. 
 O Coletor Nacional é um aplicativo da Receita Federal, de uso obrigatório 
em todo o território nacional desde 10 de novembro de 2014. Em 31 de julho de 
2018, seu acesso passou a ser realizado pelo portal Redesim, estando integrado 
ao sistema nacional e compartilhando os dados (Receita Federal, 2019). 
 Os primeiros dados a serem preenchidos no Coletor Nacional (2019) são: 
• UF: campo em que se deve selecionar a sigla do estado onde será a sede 
da empresa; ou ainda marcar a opção “Exterior” caso seja uma pessoa 
jurídica internacional. 
• Município: neste campo aparecerão as opções dos municípios 
pertencentes ao estado selecionado anteriormente, para que seja 
preenchido com o município da sede da empresa. 
• Natureza jurídica: nesta opção será selecionado o tipo jurídico 
(denominado natureza jurídica nos órgãos de registros) da empresa que 
está sendo constituída. Estudamos no tema 2 da aula 1 alguns dos tipos 
jurídicos mais utilizados, caso queira revisar esse assunto. 
 Existe uma tabela de natureza jurídica padrão que é utilizada por todos 
os órgãos de registro. Nesta tabela, cada tipo jurídico é identificado por um 
código numérico composto por quatro números. Podemos observar alguns 
exemplos no quadro 11. 
Quadro 2 – Exemplos de natureza jurídica 
Código Descrição 
101-5 Órgão Público do Poder Executivo Federal 
113-9 Fundação Federal 
201-1 Empresa Pública 
204-6 Sociedade Anônima Aberta 
205-4 Sociedade Anônima Fechada 
206-2 Sociedade Empresária Limitada 
213-5 Empresário Individual 
214-3 Cooperativa 
230-5 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada 
 As naturezas jurídicas apresentadas no Quadro 11 são apenas algumas 
escolhidas aleatoriamente para exemplificar. A tabela completa está disponível 
em todos os aplicativos e programas de constituição e alteração de empresas e 
 
 
19 
nos sites das Juntas Comerciais, com acesso público e livre para todos os 
interessados. Devido à sua extensão, optamos por não apresentar aqui a tabela 
na íntegra. 
• Protocolo de viabilidade: neste campo será informado o número de 
protocolo da viabilidade aprovada pela Junta Comercial responsável. 
 Ao informar a viabilidade, o sistema do Coletor Nacional realiza a 
conferência dos dados informados nos três campos anteriores (UF, município e 
natureza jurídica). Estando em conformidade, todos os dados da viabilidade são 
automaticamente importados para o Coletor Nacional, não sendo necessário 
digitar novamente as informações constantes na viabilidade. Com isso, os 
campos de endereço, objeto social, atividades, razão social e nome fantasia 
serão todos importados (Coletor Nacional, 2019). 
 No Coletor Nacional, são solicitadas informações adicionais, além 
daquelas já importadas da viabilidade, tais como capital social e a respectiva 
participação de cada sócio em sua integralização (se for o caso de constituição 
de sociedades), o endereço dos sócios e do administrador/representante legal, 
e os dados do profissional ou organização contábil que será responsável pela 
empresa. Podem ser solicitadas ainda outras informações específicas 
determinadas pelo estado e/ou município-sede da pessoa jurídica (Coletor 
Nacional, 2019). 
• Transmitir com certificado digital: a última opção dessa tela inicial do 
Coletor Nacional é a respeito da assinatura do documento, se será 
realizada por meio digital ou não. 
 É importante destacar que ainda não é obrigatória a assinatura digital 
neste campo. Esta é apenas uma opção que, se for selecionada, ao final do 
preenchimento aparecerá o campo para selecionar o certificado digital e realizar 
a assinatura. Não sendo assinado digitalmente, deverá ser assinado de forma 
manual pelo sócio administrador ou representante legal, após o deferimento da 
solicitação e liberação para sua impressão (Coletor Nacional, 2019). 
 Concluído o preenchimento do Coletor Nacional, este é transmitido para 
a Receita Federal, órgão responsável por sua análise, que pode deferir ou 
indeferir o pedido. O protocolo de acompanhamento desta solicitação é o 
mesmo da viabilidade, pois fazem parte de uma mesma solicitação. Em casos 
de indeferimento, será apresentado o motivo para que seja providenciada a 
 
 
20 
regularização e o preenchimento de uma nova solicitação. Sendo deferida a 
solicitação, é disponibilizado o documento para impressão, que se chama DBE 
– Documento Básico de Entrada (Coletor Nacional, 2019). 
 O DBE é o documento emitido pela Receita Federal utilizado para o 
registro de qualquer ato ou evento perante ao Cadastro Nacional das Pessoas 
Jurídicas (CNPJ). Somente um DBE permite a aprovação, alteração ou baixa em 
um CNPJ. A solicitação feita no Coletor Nacional é repleta de dados e 
informações, entretanto, o documento a ser impresso (DBE) é composto por 
apenas uma página “resumo” indicando os eventos solicitados, a identificação 
da empresa e do responsável por sua assinatura. Para maior familiaridade com 
este documento, o Anexo I desta aula apresenta um modelo de DBE. 
 Após aprovado o DBE, deverá ser elaborado o documento de constituição 
da pessoa jurídica, que pode ser um requerimento de empresário para o caso de 
empresário individual, contrato social para casos de sociedade, ou outros 
conforme o tipo jurídico. Essa etapa é realizada digitalmente em algumas Juntas 
Comerciais, por meio do processo digital, com a integração dos dados da 
viabilidade e do DBE. Nos casos em que a Junta Comercial ainda não 
disponibilize essa opção, deve-se elaborar manualmente o instrumento 
constitutivo, conforme as orientações e modelos disponibilizados pelas próprias 
Juntas Comerciais em seus sites. O Anexo II desta aula apresenta um modelo 
de contrato social de constituição de uma empresa individual de 
responsabilidade limitada (EIRELI), elaborado e registrado digitalmente em uma 
Junta Comercial. 
 Um processo básico de constituição de empresa é composto por no 
mínimo os seguintes documentos: 
• capa do processo (modelo-padrão das Juntas Comerciais); 
• viabilidade; 
• Documento Básico de Entrada – DBE; 
• instrumento constitutivo; 
• documentos pessoais de todos os sócios; 
• taxas de serviços de registros devidamente recolhidas. 
 Além dessa documentação, podem ser necessários outros documentos 
conforme a exigência estadual e/ou municipal. Estando pronto, o conjunto de 
documentos deverá ser apresentado na Junta Comercial do estado-sede da 
 
 
21 
empresa. Essa apresentação de documentos em muitos casos tem sido 
realizada digitalmente por meio de processos digitais, assinados por certificação 
digital dos sócios e/ou representantes legais. Para as Juntas Comerciais em que 
os processos ainda não sejam totalmente digitais, deverá ser apresentada a 
documentação física, devidamente assinada e com reconhecimento de firma, 
pelos sócios e/ou representantes legais. 
 Recebendo o conjunto de documentos (seja digital ou fisicamente), a 
Junta Comercial fará sua análise, deferindo ou indeferindo o registro. Se 
indeferido, o analista deverá apresentar todos os motivos para que sejam 
sanados e reapresentada a documentação. Se deferido, é disponibilizado o ato 
devidamente registrado, juntamente com o número de CNPJ da pessoa jurídica 
ora constituída. E, assim, está concluído o processo de constituição em âmbito 
de Junta Comercial e Receita Federal. O passo seguinte

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