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1 DEFICIÊNCIA AUDITIVA, PATOLOGIAS DO OUVIDO E NOÇÃO DE DIAGNOSE 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................... 3 Deficiência auditiva(s) o que é deficiência auditiva .................................................. 4 Diferença de surdez e deficiência auditiva ............................................................... 4 Tipos de deficiências auditivas ................................................................................ 5 Classificação por forma de comunicação ................................................................ 6 As causas da surdez podem ser divididas em: pré-natais, perí-natais e pós-natais 7 Inclusão educacional e deficiência auditiva ............................................................. 8 Como lidar com a deficiência auditiva na escola? ................................................... 9 Inclusão da criança com deficiência audtiva em salas comuns de ensino ............. 10 Aspectos gerais sobre a surdez e deficiência auditiva ........................................... 12 Patologias do ouvido .............................................................................................. 13 A disfunção temporomandibular ............................................................................ 14 Causas da surdez .................................................................................................. 15 Causas Pré-natais .............................................................................................. 16 Causas Peri-natais: ............................................................................................ 16 Causas Pós-natais ............................................................................................. 16 Mensuração da perda auditiva ............................................................................... 16 Grau de perda auditiva .......................................................................................... 17 Consequências da surdez ..................................................................................... 18 Surdez Pré-verbal .............................................................................................. 18 Surdez pós-verbal .............................................................................................. 19 Deficiência auditiva e suas formas de tratamento.................................................. 19 2 Problemas auditivos na criança ............................................................................. 21 Há diferentes definições para o termo surdo e deficiente auditivo. .................... 21 Quanto à época .................................................................................................. 21 Quanto às causas: ............................................................................................. 22 Congênitas: ........................................................................................................ 22 Adquiridas: ......................................................................................................... 23 Sinais de Deficiência Auditiva ............................................................................ 23 Prevenção de problemas auditivos ........................................................................ 23 O papel do professor frente aos problemas auditivos ............................................ 24 Sistemas de Comunicação Gestual: ...................................................................... 26 Leitura Oro-Facial (LOF): ................................................................................... 26 Língua de Sinais: ................................................................................................ 26 Linguagens Sinalizadas: .................................................................................... 27 Alfabeto Datilológico ou manual: ........................................................................ 27 Procedimento Aural-Oral: ...................................................................................... 27 Comunicação Total e Bilinguismo: ..................................................................... 27 Voz e Articulação ................................................................................................... 29 Expressões: ........................................................................................................... 30 Comunicação ......................................................................................................... 31 Recursos para professores que não possuem domínio de Libras ......................... 34 Mímica/Dramatização: ........................................................................................ 34 Desenho/Ilustrações/Fotografias/Figuras: .......................................................... 34 Referências Bibliográficas ..................................................................................... 35 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 Deficiência auditiva(s) o que é deficiência auditiva É a perda parcial ou total da audição, causada por má-formação (causa genética), lesão na orelha ou nas estruturas que compõem o aparelho auditivo. A deficiência auditiva moderada é a incapacidade de ouvir sons com intensidade menor que 50 decibéis e costuma ser compensada com a ajuda de aparelhos e acompanhamento terapêutico. Em graus mais avançados, como na perda auditiva severa (quando a pessoa não consegue ouvir sons abaixo dos 80 decibéis, em média) e profunda (quando não escuta sons emitidos com intensidade menor que 91 decibéis), aparelhos e órteses ajudam parcialmente, mas o aprendizado de Libras e da leitura orofacial, sempre que possível, é recomendado. Perdas auditivas acima desses níveis são consideradas casos de surdez total. Quanto mais agudo o grau de deficiência auditiva, maior a dificuldade de aquisição da língua oral. É importante lembrar que a perda da audição deve ser diagnosticada por um médico especialista ou por um fonoaudiólogo. Diferença de surdez e deficiência auditiva Por vezes, as pessoas confundem surdez com deficiência auditiva. Porém, estas duas noções não devem ser encaradas como sinónimos. A surdez, sendo de origem congénita, é quando se nasce surdo, isto é, não se tem a capacidade de ouvir nenhum som. Por consequência, surge uma série de dificuldades na aquisição da linguagem, bem como no desenvolvimento da comunicação. 5 Por sua vez, a deficiência auditiva é um défice adquirido, ou seja, é quando se nasce com uma audição perfeita e que, devido a lesões ou doenças, a perde. Nestassituações, na maior parte dos casos, a pessoa já aprendeu a se comunicar oralmente. Porém, ao adquirir esta deficiência, vai ter de aprender a comunicar de outra forma. Em certos casos, pode-se recorrer ao uso de aparelhos auditivos ou a intervenções cirúrgicas (dependendo do grau da deficiência auditiva) a fim de minimizar ou corrigir o problema. Tipos de deficiências auditivas Condutiva : Quando ocorre qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico. Esta deficiência pode ter várias causa, entre elas pode-se citar: Corpos estranhos no conduto auditivo externo, tampões de cera, otite externa e média, mal formação congênita do conduto auditivo, inflamação da membrana timpânica, perfuração do tímpano, obstrução da tuba auditiva, etc. Sensório-Neural : Quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da orelha interna ou do nervo auditivo. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível. A deficiência auditiva sensório-neural pode ser de origem hereditária como problemas da mãe no pré-natal tais como a rubéola, sífilis, herpes, toxoplasmose, alcoolismo, toxemia, diabetes etc. Também podem ser causadas por traumas físicos, prematuridade, baixo peso ao nascimento, trauma de parto, meningite, encefalite, caxumba, sarampo etc. Mista : Quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea uma lesão do aparelho de transmissão e de recepção, ou seja, quer a transmissão mecânica das vibrações sonoras, quer a sua transformação em percepção estão 6 afectadas/perturbadas. Surdez não é uma condição de "tudo ou nada". Embora existam pessoas que são completamente surdas, há também pessoas com diversos graus de perda auditiva funcional. Graus de perda auditiva muitas vezes são classificados como leve, moderada, grave, profunda. Habitualmente, aqueles que se dizem surdos têm a perda auditiva severa ou profunda. Aqueles com menor grau de perda auditiva são comumente referidos como Audição difícil. Graus de perda auditiva Perda Auditiva Leve: A incapacidade de ouvir sons abaixo de 30 decibéis. Discursos podem ser de difícil Audição especialmente se estiverem presentes ruídos de fundo. Perda Auditiva Moderada: A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 50 decibéis. Aparelho ou prótese auditiva pode ser necessária. Perda Auditiva Severa: A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 80decibéis. Próteses auditivas são úteis em alguns casos, mas são insuficientes em outros. Alguns indivíduos com perda auditiva severa se comunicam principalmente através de linguagem gestual, outros contam com uso das técnicas de leitura labial. Perda Auditiva Profunda: a ausência da capacidade de ouvir, ou a incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 95 decibéis. Tal como aqueles com perda auditiva severa, alguns indivíduos com perda auditiva profunda se comunicam principalmente através de linguagem gestual, outros com uso das técnicas de leitura labial. Classificação por forma de comunicação • Surdos oralizados: aqueles que se comunicam utilizando a língua oral e/ou escrita. 7 • Surdos sinalizados: aqueles que se comunicam utilizando alguma forma de linguagem gestual. • Surdos bilíngues: aqueles que utilizam ambas as formas de comunicação. As causas da surdez podem ser divididas em: pré-natais, perí-natais e pós-natais As causas pré-natais são: •Hereditárias (A deficiência auditiva pode ser transmitida geneticamente de geração em geração, particularmente quando existem casos de surdez na família); Doenças adquiridas pela mãe durante a gravidez, tais como: •Rubéola; • Sífilis;Toxoplasmose; Citomegalovirus; Herpes; Intoxicações intra- uterinas; • Agentes Físicos (como, por exemplo, os raio-X); • Alterações Endócrinas (Diabetes ou Tiróide); • Carências Alimentares. As causas peri-natais podem ser: • Traumatismos Obstétricos; • Anóxia. As causas pós-natais podem ser: • Doenças infecciosas; • Bacterianas (ex.: meningites, otites, inflamações agudas ou crónicas das fossas nasais e da naso-faringe); • Virais; 8 • Intoxicações; Inclusão educacional e deficiência auditiva A temática da inclusão social vem gerando polêmica e mau entendimento entre as pessoas nos mais distintos seguimentos sociais, na própria vida doméstica, nos centros de lazer, nas empresas e, onde não deveria, no lócus das diferenças – a escola. Embora decretado nas políticas educacionais do Governo Federal para a educação especial, LDB 9.394/96 art. 60, que estabelece “como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino”, ainda existe segregação, por medo do desconhecido muitos pais acabam não levando seus filhos à escola regular, concomitantemente, muitas escolas acabam ignorando a inserção deste aluno, talvez por falta de preparo ou de verbas para atender às exigências impostas a essa realidade. A tarefa de projetar o educando para a vida em sociedade e, consequentemente, para o trabalho é da escola, portanto, é através da escola que toda e qualquer pessoa, criança ou adulto, deve escolarizar-se e conhecer as diferentes formas de aprendizagem que a escola pode emplacar. Mas, fazer acontecer a Inclusão Educacional de pessoas com deficiência auditiva e surdez na educação básica é uma tarefa lenta e muito complexa. É importante ter cuidado e atenção, pois, o tratamento de uma pessoa com necessidades especiais deve ser igual ao de qualquer outra, todavia, com peculiaridades diferenciadas, é necessário que ela se sinta bem e perceba que as possibilidades do ensino são múltiplas para todos, ouvintes ou não. Dessa forma, os próprios alunos com deficiência auditiva é que levantaram as demandas de um ensino inclusivo. 9 Mesmo sem preparo qualificado, muitas escolas já estão recebendo alunos com deficiência auditiva, e além de aprender as especificidades da língua materna, ler (mesmo sem pronunciar as palavras) e escrever, ainda aprendem a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, que permitirá tanto aos alunos com deficiência auditiva e surdez quanto aos colegas ouvintes uma melhor interação na comunicação e na fala, ora com expressão verbal ora com as mãos. Muitos profissionais da educação devem se perguntar, “como abrir as portas das escolas aos alunos com deficiência auditiva, se não estamos preparados e se ainda faltam interpretes de LIBRAS? Como estabelecido no decreto federal de 2008, deve-se (deveria) dobrar o valor do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação para alunos com deficiência inclusos na rede regular, se atendidos pelo contra turno e estudando regularmente com intérprete, como manda a lei. Todavia, e enquanto isso não acontece na íntegra, fica aos professores a tarefa de não permitir que esses alunos desistam de seus sonhos, haja vista que para esses a escola é a única forma de conquistar a autonomia e seu espaço na sociedade. Entende-se, por essas razões, que os olhares quanto às questões da língua, identidade e cultura surda continua carente de atenção, conforme relatos de educadores da AEE: “faz-se prioritária a (re) construção de um espaço educacional formal transformador que direcione a educação dos surdos aos discursos e às práticas educacionais dos sistemas com um todo, de forma consensual, integrada e crítica”.Como lidar com a deficiência auditiva na escola? 10 O professor pode suspeitar de casos de deficiência auditiva entre seus alunos quando observar os seguintes sintomas: Excessiva distração; frequentes dores de ouvido ou ouvido purgante; dificuldade de compreensão; intensidade da voz, inadequada para a situação, muito alta ou baixa ou quando a pronúncia dos sons é incorreta. Toda escola regular com alunos com deficiência auditiva tem o direito de receber um intérprete de Libras e material de apoio para as salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Para isso, recomenda-se que a direção da escola entre em contato com a Secretaria de Educação responsável. No dia a dia, posturas simples do professor em sala facilitam o aprendizado do aluno surdo. Traga- o para as primeiras carteiras e fale com clareza, evitando cobrir a boca ou virar de costas para a turma, para permitir a leitura orofacial no caso dos alunos que sabem fazê-lo. Dê preferência ao uso de recursos visuais nas aulas, como projeções e registros no quadro negro. Para os alunos com perda auditiva severa ou surdez, a aquisição da Língua Brasileira de Sinais é fundamental para a comunicação com os demais e para o processo de alfabetização inicial. O aprendizado de libras ocorre no contraturno, nas salas de AEE. É importante que professores da escola solicitem treinamento para aprender libras ou peçam o acompanhamento de um intérprete em sala. Isso garante a inclusão mais efetiva dos alunos. Inclusão da criança com deficiência audtiva em salas comuns de ensino Várias são as polêmicas existentes acerca da inclusão da pessoa com deficiência na classe comum de ensino, sobretudo quando falamos da deficiência 11 auditiva. Essa dificuldade ou impossibilidade de perceber através da via auditiva os sons da fala provocou e ainda provoca inúmeras discussões no campo educacional. Alguns importantes documentos que versam sobre o direito de inclusão da pessoa com deficiência em salas comuns de ensino, como a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 e a Declaração de Salamanca de 1994, consideram o aluno com deficiência auditiva uma exceção possível no processo de inclusão nas classes comuns das redes de ensino, uma vez que tais alunos necessitam de adaptações comunicativas, como a Língua Brasileira de Sinais, para que eles possam acompanhar o que é dito em sala de aula. Muitos questionamentos acerca da inclusão nos remetem a idade em que a inclusão educacional deve ocorrer. Particularmente a inclusão desde o ensino infantil até o ensino superior. O contato precoce com as diferenças certamente terá como resultado final adultos tolerantes e abertos a aceitação do outro. Além disso, a inclusão precoce estimula o uso dos recursos que os alunos com deficiência auditiva necessitam para ultrapassar as barreiras impostas pelo processo educacional e com isso poderão fazer uso consciente de seus direitos escolares e exercerão sua cidadania. Outro fator que merece atenção são as salas de Atendimento Educacional Especializado, as salas de Recurso. Nesse ambiente as crianças serão assistidas individualmente ou em grupo em período contrário ao da escola, e serão estimuladas com materiais pedagógicos diferenciados visando a superação das dificuldades de aprendizagem. Tais salas são de fundamental importância e garantirão a aprendizagem dos alunos com deficiência auditiva. Portanto, quanto ao questionamento “é possível a inclusão de pessoas com deficiência auditiva na escola comum de ensino” a minha resposta é “claro, mas é uma questão muito maior que colocar crianças com diferentes características em um mesmo ambiente, precisamos mudar políticas públicas, precisamos quebrar paradigmas educacionais e, mais que tudo, precisamos exercer e ensinar a todas as crianças a exercerem sua cidadania”. 12 Aspectos gerais sobre a surdez e deficiência auditiva Denomina-se deficiência auditiva a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. A intensidade produzida por um som é medida em decibéis (dB). O som mais delicado que uma pessoa pode ouvir é definido por 0 dB de nível de audição, o som de uma pessoa murmurando registrará 30 dB. O nível normal de conversa mede de 45-50 dB de nível de audição, e um concerto de rock pode medir cerca de 100 dB, que podem até causar surdez temporária (Perret e Batshaw,1990). Existem dois tipos de problemas auditivos, o primeiro afeta o ouvido externo ou médio e provoca dificuldades auditivas condutivas, normalmente tratáveis e curáveis. O outro tipo envolve o ouvido interno ou o nervo auditivo e chama-se surdez neurossensorial. A surdez neurossensorial pode se manifestar em qualquer idade, desde o pré-natal até a idade avançada. A cóclea é um órgão muito sensível e vulnerável aos fatores genéticos, às doenças infantis, aos sons muito altos e a alguns medicamentos. Um parto difícil ou prematuro, sobretudo quando o bebê não recebe oxigênio suficiente, pode causar surdez neurossensorial. Ao nascer a criança está sujeita a icterícia, prejudicial ao nervo auditivo, podendo levar a perda de audição. (Secretaria de Educação Especial, 1997). Autores como Myklebust (1971), Perelló e Tortosa (1972) e Reynolds e Birch (1976) citados por costa, (1994), afirmam que a localização de lesão no ouvido, permite a distinguir a surdez: a) de transmissão ou condução; b) de recepção ou percepção; c) mista. A surdez de transmissão decorre de algum tipo de problema no ouvido médio, a lesão existe apenas no aparelho de transmissão: há um impedimento na passagem das vibrações até o ouvido interno. Na surdez de percepção há uma lesão no aparelho de recepção: no órgão de Corti ou nas fibras nervosas condutoras do impulso provocado pelas vibrações sonoras. Está é uma surdez mais complexa porque é o próprio órgão sensorial que pode favorecer as distorções de sensação sonora. No caso da surdez mista tanto o ouvido médio como interno são afetados, e 13 ocorre quando a perda de audição tem componentes condutivos e neurossensorial (Costa, 1994) Patologias do ouvido O profissional ao iniciar o exercício de sua atividade, assume responsabilidades irreversíveis perante os pacientes, colegas de profissão, enfim, diante da sociedade como um todo. No entanto, a eficácia dos tratamentos, coma constante evolução e velocidade e diversidade de conhecimentos, depende, muitas vezes, do trabalho em equipe. Há muitos anos fala-se da importância da interdisciplinaridade e da necessidade de se trabalhar em conjunto. Acredita-se que essa ideia é decorrente da conscientização dos profissionais em relação às possibilidades e limitações de suas especialidades. Com essa consciência, buscam ajuda de outras especialidades para a eficácia do tratamento do seu paciente. O significado da palavra parceria é reunião de pessoas para um fim comum (MARCHESAN, 2005). Acompanhando este pensamento, este trabalho teórico-prático visa evidenciar a importância da interdisciplinaridade para melhor diagnóstico e tratamento da Disfunção Temporomandibular (DTM), que é o conjunto de doenças que acometem a articulação temporomandibular, os músculos mastigatórios e estruturas adjacentes. O fonoaudiólogo e o odontologista, por meio do diagnóstico por imagem vão avaliar os fatores predisponentes e iniciadores da DTM e intervir, cada qual em sua área de atuação para promover o tratamento e a recuperação do paciente portador dessa patologia. Além do levantamento teórico para um melhor conhecimento sobre a Articulação Temporomandibular, Disfunção Temporomandibular (causas e tratamento), o papel do fonoaudiólogo, do odontologista e do diagnósticopor imagem, no diagnóstico e tratamento da DTM, foram realizadas palestras para pacientes e funcionários da Clínica de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas 14 Gerais para divulgar a importância do tratamento em conjunto com vários profissionais para a intervenção nas desordens da Articulação Temporomandibular, ressaltando a grande relevância da Fonoaudiologia e os benefícios que ela traz ao paciente. A disfunção temporomandibular A ATM (articulação temporomandibular) é uma das articulações mais complexas do corpo humano, responsável por mover a mandíbula para frente, para trás e para os lados e pode ser avaliada por meio de exame de diagnóstico por imagem. A disfunção temporomandibular (DTM) é um termo que constitui um conjunto de doenças que acometem a ATM, os músculos mastigatórios e estruturas adjacentes, normalmente apresenta sinais e sintomas como, presença de estalos, creptações e inflamações na região da articulação temporomandibular. Geralmente, a DTM dá a sensação ao indivíduo acometido de que sua mandíbula está saltando para fora, fazendo um estalo e até travando por um instante. A causa exata desta disfunção, em geral, é impossível de ser identificada. É difícil para o paciente suspeitar de DTM, porque um destes sintomas ou todos eles podem também estar presentes em outras patologias. O odontologista é o profissional responsável em fazer um diagnóstico preciso, por meio de uma história médica e dentária completa, um exame clínico e de radiografias adequadas. Muitas pessoas sofrem desses sintomas, às vezes, durantes anos, sem saber a origem de seus problemas; outras, já passaram por vários tipos de tratamentos e por diversos exames e uso de medicamentos, sem encontrar a causa dos mesmos. O sintoma mais comum é a sensação dolorosa nos músculos da mastigação e na ATM, sendo que as mulheres são mais afetadas que os homens, podem ocorrer também em crianças, geralmente por causa da história de otite média e disfunção tubária. 15 Os sintomas auditivos com DTM são, dores de ouvido (otalgia), zumbido, tonturas, vertigens, sensação de plenitude auricular, sensação de diminuição da acuidade auditiva, outros sintomas da DTM são, limitação dos movimentos da mandíbula, oclusão, ruídos articulares (crepitação) que nem sempre vem acompanhada por dores e o estalido duplo, na abertura e fechamento da mandíbula, o que chama atenção para deslocamento anterior do disco articular podendo causar estiramento ou rompimento. Esta crepitação pode indicar uma artrose e cuidados devem ser tomados. ADTM possui uma etiologia multifatorial e está relacionada a fatores como, stress, alterações psicológicas e hábitos posturais e deletéricos como movimentos repetitivos, fatores estruturais, neuromusculares, oclusais (próteses mal adaptadas, perdas dentárias,cáries, desgaste dental, restaurações inadequadas), hábito parafuncionais (bruxismo, onicofagia, apoio de mão na mandíbula ao dormir ou sentado, sucção digital ou chupeta), traumas de origem mecânica ou emocional e lesões degenerativas da ATM. As DTMs podem ser de origem articular em que os sintomas estão relacionados à ATM e também as de origem musculares, nas quais o sintomas se referem a musculatura estomatognática, sendo que esta última representa cerca de 60% dos casos, enquanto que as articulares, representam 40% dos casos. Uma grande parte da população apresenta sinais e sintomas da DTM, influenciando negativamente na qualidade de vida destas pessoas, prejudica o apetite, alimentação e deglutição, o sono, as atividades do trabalho e da escola, as relações sociais e interpessoais. Faz- se necessário o trabalho multidisciplinar no diagnóstico e tratamento das DTMs, visto que trata se de um caso complexo e sem evidências significativas de causa e efeito entre os sinais e sintomas e os fatores etiológicos da DTM. Causas da surdez Para Maspetiol (in Costa, 1994) as causas da deficiência auditiva podem ser hereditárias, adquiridas no pré-natal, e adquirida pós-natal. Dentre os fatores 16 ambientais que acarretam a deficiência auditiva destacam-se as infecções, drogas e traumatismos cranianos. Causas Pré-natais Desordens genéticas ou hereditárias; relativas à consanguinidade; relativas ao Rh; relativas a doenças infecto-contagiosas, como rubéola; sífilis, citomegalovirus, toxicoplasmose, herpes; remédios ototóxicos, drogas, alcoolismo materno; desnutrição, carências alimentares, pressão alta, diabetes; exposição à radiação. Causas Peri-natais: Pré-maturidade, pós-maturidade, anóxia, fórceps; infecção hospitalar. Causas Pós-natais Meningite, remédios ototóxicos, em excesso, com ou sem orientação medicas; sífilis adquirida; sarampo, caxumba; exposição continua a ruídos ou sons muitos altos; traumatismos cranianos (Secretaria de Educação Especial, 1997). Mensuração da perda auditiva A perda auditiva é mensurável, e para tanto é utilizado um audiômetro, que é um instrumento eletrônico que mede os níveis de audição em um espectro de frequências. A unidade de medida sonora é o decibel (dB), e a classificação do grau de perda é feita com base nesta medida (Costa, 1994). A perda auditiva pode ser leve, moderada ou severa, como veremos no quadro a seguir: Limiares normais De 0 a 20dB Perda Leve De 20 a 40dB Perda Moderada De 40 a 55dB 17 Perda Moderadamente Severa De 55 a 70dB Perda Severa De 70 a 90dB Perda Profunda Acima 90dB Grau de perda auditiva O grau e o tipo de perda de audição assim como a idade em que esta ocorreu, vão determinar o tipo de atendimento que o aluno receberá. Do ponto de vista educacional e com base na classificação do Bureau Internacional d’Audiophonologie – BIAP, e na Portaria Interministerial n° 186 de 10/03/78, considera-se parcialmente surdo, o portador de surdez leve e portador de surdez moderada. Enquanto que surdo, é considerado o portador de surdez severa e o portador de surdez profunda, que serão descritos a seguir (Secretaria de Educação Especial, 1997): Portador de Surdez Leve apresenta perda auditiva de até quarenta decibéis. Essa perda impede que o aluno perceba igualmente todos os fonemas da palavra. Além disso, a voz fraca ou distante não é ouvida. Em geral, esse aluno é considerado desatento, solicitando, frequentemente, a repetição daquilo que lhe falam. Essa perda auditiva não impede a aquisição normal de linguagem, mas poderá ser causa de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita. Porta dor de Surdez Moderada apresenta perda auditiva entre quarenta e setenta decibéis. Esses limites encontram-se no nível da percepção da palavra, sendo necessário uma voz de certa intensidade para que seja convenientemente percebida. São frequentes o atraso de linguagem e as alterações articulatórias, havendo em alguns casos, problemas linguísticos mais graves. Esse aluno tem maior dificuldade em discriminação auditiva em lugares ruidosos. Identifica palavras mais significativas, tendo dificuldade em compreender certos termos de relação e/ou frases gramaticais complexas. Sua compreensão verbal está intimamente ligada à sua aptidão para a percepção visual. 18 Portador de Surdez Severa apresenta perda auditiva entre setenta e noventa decibéis. Este tipo de perda permite que ele identifique alguns ruídos familiares e poderá perceber apenas a voz forte, podendo chegar até quatro ou cinco anos sem aprender a falar. A compreensão verbal vai depender, em grande parte, de aptidão para utilizar a percepção visual e para observar o contexto das situações. Portador de Surdez Profunda apresenta perda auditiva superior a noventa decibéis.A gravidade dessa perda é tal, que o priva das informações auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o deadquirir naturalmente a linguagem oral. A construção da linguagem oral é uma tarefa longa e bastante complexa, envolvendo aquisições como: tomar conhecimento sonoro, aprender a utilizar todas as vias perceptivas que pode complementar a audição, perceber e conservar a necessidade de comunicação e de expressão, compreender a linguagem e aprender a expressar-se. Consequências da surdez As consequências da surdez no desenvolvimento da linguagem variam em função da importância da perda e da idade do surgimento da mesma, segundo Juarez A. in Pena, (1992): Surdez Pré-verbal Em caso de perda leve, não aparecem problemas importantes. Podem aparecer algumas dislalias por insuficiente discriminação de certos traços fonéticos, problemas de atenção em classe e dificuldade para perceber baixa intensidade de voz. Muitas vezes estes passam despercebidos pela família. Nas perdas médias, há o aparecimento natural da linguagem, mas com atrasos e serias dificuldades, mas com prótese adequada e uma capacitação fonoaudialógica durante a infância, podem desenvolver uma linguagem normal e frequentar uma escola comum. Apresentarão dificuldade de compreensão em ambientes ruidosos. Acima de 70 dB de perda, é o grupo que era chamado de “surdo-mudo”. 19 Não se observa desenvolvimento espontâneo da linguagem, a audição residual não é funcional (ainda que esteja amplificada), e a aprendizagem oral é difícil, lenta e as vezes, muito limitada. Na surdez severa, um trabalho intenso e precoce pode permitir que a criança consiga uma voz articulação bastante inteligível, e o aproveitamento de seus resíduos auditivos, unidos a leitura labial, costumam proporcionar uma compreensão satisfatória. Na surdez profunda, toda a compreensão verbal da criança depende da leitura labial. Salvo exceções, a voz e a pronúncia são muito alteradas e a aquisição da linguagem oral é difícil. Surdez pós-verbal A surdez adquirida depois de um primeiro processo de aprendizagem da linguagem oral tem evidentemente menos repercussões sobre o desenvolvimento dos aspectos fonéticos, léxicos e morfossintáticos. Porém as consequências na compreensão são idênticas e proporcionais a importância da perda, apesar de terem uma melhor leitura labial devido ao conhecimento da linguagem. Produzem também consequências afetivas e sociais (isolamento, regressões, etc.) podendo afetar o desenvolvimento pessoal e a integração social. Se a surdez surgir durante os anos de aprendizagem básica da linguagem entre 3 e 6 anos, precisará de capitação fonoaudiológica para conseguir níveis de aquisição normais. Se ocorrer mais tarde, a capacitação mudará o foco para aprendizagem da leitura labial e manutenção das qualidades vocais e articulatórias da criança, que poderão piorar gravemente por falta de retorno auditivo permanentemente. Deficiência auditiva e suas formas de tratamento Como todos os órgãos do sentido, o ouvido relaciona o SNC com o mundo exterior, e como tal é responsável pelo equilíbrio e pela audição. Para a fonoaldióloga Maria Helena Piza, a grande importância da audição no desenvolvimento intelectual e na integração social do indivíduo é que tanto audição como a linguagem, são funções essenciais à comunicação oral entre os homens. É pela audição que se originam os processos e mecanismos da formação e 20 desenvolvimento da linguagem. Como esta é necessária à integração social e à aprendizagem acadêmica, torna-se evidente que o dano causado por um distúrbio auditivo representa muito mais do que uma simples redução da capacidade de ouvir. Daí grande valor que deve ser dado à capacidade auditiva na educação, tendo em vista não só a criança surda, que não adquiri espontaneamente, que necessita de técnicas psicopedagógicas, professores, e aparelhos especiais, mas também a criança hipoacúsica, com perdas moderadas e leves de audição, que lhe podem acarretar desajustamentos, distúrbios de linguagem e escrita, mau aproveitamento escolar e ainda, sem razão, o qualificativo de “retardada”. Adquirir a linguagem é ser bombardeado constantemente pelos sons da língua, é aprender que os desejos e pessoas têm nomes, que são constituídos de sons específicos que se seguem em sequência. A criança que escuta, inconscientemente, adquire a estrutura da gramática de sua língua e pode combinar e recombinar os elementos linguísticos indefinidamente, sem ter tido nem um treino anterior. Ela vai entrar na escola aos 5 anos madura e apta para aprendizados mais complexos. A criança surda profunda não pode aprender a linguagem naturalmente e se não for exposta a treino intenso pode até ficar sem saber que as palavras existem e que as coisas têm um significado que pode se exteriorizado. A linguagem será sempre um obstáculo à aprendizagem e essa terá que ser feita com esforço e passo a passo e, infelizmente a maior parte das vezes, de maneira imperfeita. Os sons sempre chegarão à criança filtrada e distorcida, mesmo que ela tenha uma inteligência normal, seu desenvolvimento será bloqueado pelas limitações da comunicação. 21 Problemas auditivos na criança Há diferentes definições para o termo surdo e deficiente auditivo. O Surdo é o indivíduo cujo sentido da audição não é funcional para os objetivos comuns da vida. Este grupo é constituído de duas classes baseadas no período em que ocorre a surdez. A surdez congênita – o indivíduo nasce surdo A surdez adquirida – o indivíduo nasce com audição normal, mas a perdeu devida uma doença ou acidente. Deficientes auditivos ou hipoacúsicos são os indivíduos cuja audição, embora deficiente, desde o nascimento ou adquirida, é funcional com ou sem ajuda de prótese auditiva. Os prejuízos causados a criança pela deficiência auditiva estão diretamente ligados à época em que a deficiência se instalou, à causa que a determinou e à extensão da perda auditiva. Quanto à época Quanto à época podemos separar a surdez adquirida antes da aquisição da linguagem e adquirida após essa aquisição. A criança inicia sua linguagem por imitação do som; depois do balbucio aparecem as primeiras palavras, os substantivos concretos, os verbos, os substantivos abstratos, a linguagem estruturada. Não pode haver desenvolvimento intelectual completo sem a linguagem e não há desenvolvimento da linguagem sem a audição. 22 Antes da aquisição da linguagem a criança que nasce surda pode ter as mesmas condições intelectuais e habilidades psicomotoras do aparelho fonoarticulatório de uma criança normal, porém não poderá reproduzir sons que não ouve. Nesse caso, a descoberta e o diagnóstico precoce são muito importantes porque a educação especializada e adequada ao tipo de deficiência deve iniciar-se o mais cedo possível. Quando a surdez ocorre depois que a criança teve oportunidade de adquirir e desenvolver a linguagem, ela pode esquecer tudo o que já havia aprendido, se não for bem aproveitado seu resíduo auditivo através da estimulação por métodos apropriados de aprendizagem e por uma prótese auditiva. Assim, todos os meios devem ser empregados e qualquer resíduo auditivo deve ser aproveitado, evitando-se a deformação da linguagem por falta de estimulo e pelo esquecimento, com alterações da entonação e, dando-se à criança oportunidade de aprendizado e de melhor adaptação social. Quanto às causas: A surdez da criança pode ter muitas origens, mas didaticamente pode-se separa-las em causas congênitas e adquiridas. Congênitas: *Hereditariedade. *Incompatibilidade sanguínea entre a mãe e o feto (RH - ) ou consanguinidade dos pais. *Má formações. *Doenças infecciosas maternas. *Intoxicações endógenas da mãe na gestação. 23 *Intoxicações hexógenas da mãe. *Traumatismos obstétricos Adquiridas: *Obstrução da trompa de Eustáquio *Otites*Infecções (tifo, caxumba, meningite, sarampo, etc.) *Inflamações, tumores, traumas. *Intoxicações (as mais frequentes são por medicamentos) *Tóxicos Sinais de Deficiência Auditiva Certos tipos de sinais de deficiência auditiva entre as crianças podem ser observados pelos professores, ou por pessoas que trabalham com elas: *Defeitos de linguagem *Expressão oral pobre *Pedidos para que se repitam palavras e instruções *Uso demasiado de (o que? Como?) *Andar arrastando os pés Prevenção de problemas auditivos Orientar as crianças na higiene do ouvido, bem como em relação a imprudências praticadas em brincadeiras que podem levar às perdas auditivas e até mesmo à surdez. Tais Como: 24 *O conceito errôneo de que cera é sujeira e precisa ser removida *Combater o hábito de limpar o ouvido com a unha, grampos palitos ou outros objetos pontiagudos. *Ao limpar o ouvido evitar o uso de objetos que empurram a cera em direção à membrana timpânica, pois pode ocorrer trauma no canal e até no tímpano *Não introduzir objetos estranhos no ouvido *Evitar o uso indiscriminado de gotas otológicas *Não descuidar de gripes, rinofagites, amigdalites, vegetação adenóide, e principalmente das dores e purgação no ouvido *Usar antibióticos somente com prescrição médica *Tomar cuidado com os tampões de algodão que não devem ser muito pequenos nem afundados no conduto auditivo O papel do professor frente aos problemas auditivos Pelo fato das deficiências auditivas, muitas vezes, virem a ser detectadas somente na escola o professor deve tomar determinados cuidados: *Falar claramente em tom natural *Sentar a criança mais perto de sua mesa *Permanecer em posição tal que o aluno possa ver seu rosto com facilidade *Oferecer-lhe oportunidades de participar de atividade de grupo *Evitar falar enquanto escreve na lousa *Utilizar material visual variado 25 É importante que as crianças surdas convivam com as pessoas que ouvem, que sejam estimuladas a falar, evitando que constituam um grupo à parte. A orientação e os conselhos devem basear-se no que ela pode fazer bem, e não no que ela não pode fazer. Conversas com os pais também serão de grande auxilio, pois eles também devem contribuir para o ajustamento do filho e fornecer informações importantes que poderão ajudar no desenvolvimento global da criança. Exercícios para desenvolver a audição: Toda criança mesmo aquela que tem audição normal deve ser sempre estimulada a desenvolver cada vez mais a sua acuidade auditiva. Há inúmeros exercícios que podem ser feitos coletivamente e individualmente para atingir os mais variados aspectos, tais como: *Memória Auditiva: Sons de animais(imitação), instruções de jogos, atividades diárias(relato oral), musicas favoritas, lembrar nomes de instrumentos, palavras começadas por determinada letra ou silaba, repetição de historias, etc. *Sequência Auditiva: Seguir instruções especificas (dar à criança três ou mais ordens para que ela cumpra) repetir o alfabeto, sequências numéricas em ordem crescente e decrescente, lembrar letras e números que vem antes ou de pois de outros, sequência de símbolos mistos (u, 2, menino, 3), poesias, historias em sequências. *Conhecimento Geral dos Sons: Tocar instrumentos, identificar sons de animais, da natureza, jogos de relaxamento relatando os sons que ouviu, jogos de imitação, jogos de cochichar, historias gravadas, etc. 26 Sistemas de Comunicação Gestual: Leitura Oro-Facial (LOF): A leitura oro-facial, é a técnica que auxilia a criança a realizar a leitura dos movimentos labiais de seu interlocutor. Nos sistemas de auxílios à leitura labial, como LIBRAS, língua de sinais, os gestos correspondem a conceitos próprios ou palavras da língua oral. Nos sistemas de auxílio à leitura labial, os gestos não têm razão de existir sem a fala. Eles têm por objetivo facilitar a leitura labial e estão inscritos dentro de uma perspectiva oralista. Língua de Sinais: São sistemas de sinais independentes das línguas faladas. Contrariamente a uma ideia preconcebida não existe uma língua de sinais utilizada e compreendida universalmente. As línguas de sinais praticadas nos diferentes países diferem umas das outras. No Brasil temos a LIBRAS ( Língua Brasileira de Sinais); nos EUA utiliza-se a ASL(American Sign Language) e na França a LSF (Langue de Signes Français). Existem também como para as outras línguas orais, dialetos ou variabilidade regional dos sinais. A língua de sinais tem uma estrutura própria. Um sinal gestual remete a um conceito, não existindo uma correspondência termo a termo como a língua oral. A língua de sinais é uma língua de dimensão espacial e corporal. No Brasil, a Libras foi oficializada pela lei federal 10.436/2002 e regulamentada em dezembro de 2005, pelo Decreto Federal n 5.626. Este fato faz com que as políticas educacionais passem a tratar os surdos como uma minoria linguística, bem com torna obrigatório a língua de sinais no currículo dos cursos de formação de professores, em nível médio e superior e de fonoaldiologia, assim os professores podem tornar-se profissionais bilíngues. 27 Linguagens Sinalizadas: Utilizam um léxico gestual, emprestando a organização gramatical das linguagens orais correspondentes. Um exemplo é o “português sinalizado”. Existe também o SE (Signed English), o FS(Français Signé), etc. Esses sistemas criados artificialmente exploram menos possibilidades que as línguas gestuais que se desenvolvem com base nas dimensões espaciais e corporais. Alfabeto Datilológico ou manual: É um sistema em que cada letra do alfabeto escrito corresponde a uma configuração particular da mão e dos dedos. Esse sistema utiliza, na realidade uma escrita no espaço. Quando queremos “escrever” uma palavra, a mão realiza as configurações que correspondem às letras das palavras, de forma sequenciada. Procedimento Aural-Oral: É um processo terapêutico que auxilia a criança a construir e a usar a linguagem oral de forma eficiente, possibilitando sua interação com o meio social. Porém, o desenvolvimento auditivo passível de ser detectado depende de fatores, como: grau de perda auditiva, idade de detecção, atitudes e habilidade dos pais, capacidade cognitiva e capacidade de construir a linguagem da criança, além disso, é necessário a adaptação pela criança de uma AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual) ou um IC multicanal (Implante Coclear). Comunicação Total e Bilinguismo: Para certos autores, a comunicação total implica a utilização simultânea da linguagem oral e gestual. Para outros seria o emprego de diversas formas de comunicação disponíveis, sem a preocupação particular pela sua hierarquização. 28 Desta forma, são utilizados: a fala, a leitura labial, a língua de sinais, o português sinalizado, o alfabeto manual, a audição residual, a leitura e a escrita dentro de diferente circunstâncias e contextos. O uso simultâneo das línguas de sinais e das orais seria um “bimodalismo”, isto é, o uso concomitante de duas línguas de modalidade diferente. A comunicação total, por tanto, é uma filosofia bimodal. Atualmente esta filosofia educacional vem sofrendo muitas críticas (Brito, 1993). A Abordagem bilíngue pretende que ambas as línguas, a gestual (LIBRAS) e a oral (português) sejam mencionadas e usadas, sem que uma interfira e/ou prejudique a outra. Por tanto, as duas línguas seriam utilizadas em situações diferentes. Isto exige, que no processo de educação da criança surda existam, obrigatoriamente um profissional ouvinte, que seria responsável pela língua da comunidade ouvinte, e um profissional surdo responsável pela transmissão da cultura dos surdos e da língua de sinais. Orientações metodológicas: Atuar com o deficiente auditivorequer que as pessoas que convivam com ele tenham condutas que favoreçam e auxiliem seu desenvolvimento. Estas pessoas devem sempre se ater às necessidades gerais da criança e não enfatizar a deficiência auditiva, pois isso pode levar a distorções na relação com a criança. É preciso estar sempre atento a tais condutas e usa-las constantemente na interação diária. Em outras palavras, ter habilidade, sensibilidade, e competência técnica em situações de vida diária e ter flexibilidade em adaptá-las às diferenças de cada indivíduo é uma arte que deve ser aprimorada. Pais, professores, terapeutas, devem todos procurar ter a mesma conduta quando se relacionam com a criança a fim de ajudá-la. Se as condutas forem diferentes, o resultado poderá criar confusão e dificuldade de aprendizagem. 29 Voz e Articulação *Fale com voz clara. Fale um pouco mais devagar que o normal, usando articulação normal e não exagerada. *Use a voz com intensidade normal. Falar alto faz com que a voz se torne ininteligível e a articulação forçada. Não articule sem som e nem engula palavras. *Use voz interessante e animada. Os padrões de entonação, ritmo, duração e intensidade dos sons das palavras e das frases podem ser percebidos auditivamente trazendo muitas informações de caráter emocional. *Fale próximo à criança. À medida que nos afastamos do microfone do AASI, o som fica menos intenso. Quando falamos próximo à criança com voz menos intensa, ela tem mais informações de frequências agudas. Falando perto e baixo a voz está acima do ruído ambiental. Use o sussurro, quando necessário. *Fale preferencialmente sem ruído mascarante, ou seja, tente diminuir o ruído ambiental. È muito difícil para criança ouvir na presença do ruído de fundo. Seria como tentar ler uma página borrada. Atenção: *Segure e toque a criança adequadamente, evite tocá-la, puxá-la ou agarrá-la para conseguir sua atenção. *Use primeira voz para chamar atenção, é preciso dar-lhe a chance de usar a audição. *Use movimentos corporais, toques, gestos apropriados para chamar a atenção da criança, sempre associados à fala. 30 *Ao falar com a criança ou produzir qualquer ruído dê um tempo para que a informação auditiva seja processada. É fundamental a espera. *Desenvolva a atenção auditiva e a comunicação oral nas atividades do dia-a-dia, use os sons para conseguir a atenção da criança. Não se limite a chamá-la apenas pelo nome, mas chame a sua atenção quando à uma razão e não apenas para testa-la. Os sons devem ter significados para a criança. *É preciso sempre aproveitar a oportunidade para falar com a criança no momento exato em que ela necessita ou em que solicita, não desperdice esse momento. *Fale sobre o que a criança está interessada no momento e vá ampliando os interesses gradativamente. Procure atividades, jogos e brincadeiras que a estimulem e que sejam interessantes e adequadas à sua idade. *Envolva a criança nas atividades diárias tanto na escola como orientar os pais nas atividades em casa como comer, vestir, brincar, tomar banho etc. *Seja sensível à capacidade de atenção da criança pois a criança consegue se manter mais atenta às produções de fala que tenham conexão com a situação que está vivenciando. Expressões: *Deixe o deficiente auditivo ver seu rosto de frente. *Tenha certeza de que seu rosto esteja sempre iluminado. *Tenha certeza de que seu rosto está no mesmo nível visual, ou seja fique de 50 cm a 01 m da criança, pois ela precisa ver o rosto de seu interlocutor. *Use expressões faciais e entonações ricas. 31 *Use gestos naturais com as mãos, associados à linguagem oral, para facilitar a comunicação e a compreensão da criança. *Deixe os lábios descobertos, ou seja, pelo menos no início do trabalho terapêutico o homem deve evitar o uso de barba e bigode, pois eles dificultam a comunicação já que impedem a criança acompanhar os movimentos dos lábios. Comunicação *Destaque os aspectos não verbais da comunicação como o olhar, o sorriso e o choro, pois muitas vezes nos comunicamos sem palavras. A criança, ao se dar conta desse fato, logo aprende que a comunicação é um processo que envolve um falante e ouvinte. *Comunique-se de maneira positiva, transmitindo a mensagem de forma calorosa e positiva procurando estar próximo a criança. Porém não seja exagerado. * Procure reconhecer as tentavas de comunicação da criança. Quanto mais os adultos se tornarem habilidosos para entender o que a criança tem a dizer, mais ela mostrará interesse em se comunicar. *Fale sobre o aqui e agora, sobre as coisas que estão ocorrendo dentro de um contexto significativo para a criança. *Desenvolva uma atividade apropriada procurando facilitar e encorajar brincadeiras com objetos, matérias e eventos que sejam estimulantes e apropriados. *Respeite o ritmo e os interesses da criança, ficando atento à quantidade de informação que ela pode absorver naquele determinado momento. *Crie condições para que a criança comunique-se, por meio de palavras corretas, aquilo que ela quer expressar. Exponha-lhe as palavras, que acompanham as ações, traduzindo-as para a linguagem oral. *Enfatize a imitação, incentivando a criança a reproduzir os sons produzidos por carros, animais, tosse, espirro, e fala. O adulto também de emitir a produções infantis mesmo sem significado, para estabelecer o jogo de imitação. 32 *Responda à comunicação da criança encorajando e possibilitando outra resposta da criança e incentivando um diálogo. *Use sentenças pequenas e simples, porém não utilize vocábulos isolados, introduza-os sempre dentro de uma estrutura frasal. *Use repetições, pois uma criança surda necessita ouvir uma palavra várias vezes para entendê-la. *Procure expandir as produções semânticas e gramaticais à medida que a criança vai se desenvolvendo *Não use diminutivos ou fala infantilizada, isto pode confundir e dificultar a fala. *A melhor maneira de a criança adquirir a linguagem é a de ouvi-la num contexto situacional, onde fala-se de coisas que estão ocorrendo no momento. *Use palavra-chave na mudança de assunto, se necessário, pode-se utilizar pequenos gestos. *Enfatize comunicação com pessoas diferentes e não apenas com amigos próximos e o professor que estão habituadas a ouvi-la. *Avalie o nível de resposta da criança para não causar frustrações e com isso inibir uma produção oral. *Procure não ser ansioso durante a comunicação com a criança, para que ela não se frustre por ter falhado na resposta. *Deixe-a tentar se comunicar e pedir o que quer. *Caso não entenda o que a criança lhe falou, não se acanhe em transmitir-lhe isso, para que ela tente melhorar sua produção de fala. Orientações Verbais: 33 *Fale a mensagem sempre que necessário, quando perceber que a criança não ouviu. *Simplifique a mensagem para melhor compreensão pela criança. *Use sinônimos para facilitar a compreensão da mensagem. *Reforce as palavras chaves. *Repita palavras chaves que destaquem algum significado dentro da sentença ou forneça mais informações para possibilitar a compreensão. *Limite as possibilidades de respostas quando as perguntas forem feitas. *Construa frases apresentando informações que possam sempre reconhecidas baseadas em conhecimentos que a criança já tem. *Peça para a criança repetir ou refrasear o que foi dito. Comportamento: *Procure entender as necessidades da criança sem esquecer o problema auditivo. *Apresente atitudes positivas diante de problemas e dificuldades apresentadas pela criança. *Preocupe-se em impor limites ao comportamento da criança deficiente auditivo. *Busque ajuda sempre que necessário, inclusive com os pais e os colegas de trabalho que também possuem alunos com a mesma deficiência.*Busque informações sempre que puder, para com isso auxiliar a criança. *Envolva os familiares, mãe, pai, avós, etc. 34 Recursos para professores que não possuem domínio de Libras Mímica/Dramatização: Estratégias visuais que podem acompanhar ou enriquecer os conteúdos estudados podem ser utilizados para construir significados relacionados ao contexto imediato. Desenho/Ilustrações/Fotografias/Figuras: Utilizados para o esclarecimento de temas apresentados na aula e com pistas na leitura de textos. As pistas visuais enriquecem o conteúdo e são recursos que contribuem para a memória visual dos alunos. Recursos Tecnológicos (Tv/Vídeo, Retroprojetor, Computador, Slides, etc...) São ótimos recursos para o trabalho dos conteúdos de ordem mais abstrata. Para os vídeos, existe um variado acervo de temas para as diferentes disciplinas. É importante observar a escolha de filmes legendados, pois facilitam a compreensão das imagens pelos surdos. E, finalmente o professor que atua com crianças deficientes auditivas deve sempre estar atento aos mínimos detalhes que estas apresentam para se comunicarem a fim de conseguir melhorar suas expressões orais, não esquecendo que com elas o trabalho é praticado no concreto, sempre, pois possuem grande dificuldade para abstrair o pensamento. 35 Referências Bibliográficas BIANCHETTI, B; FREIRE Ida Mara (ORGS).Um olhar sobre a diferença: interação, trabalho e cidadania. SP: Papiros, 2006. BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Especial: Direito à educação: orientações gerais e marcos legais. Brasília: MEC/SEESP. 1997. COSTA, M. da P.R da: O Deficiente auditivo. São Carlos: EDU FSCar. 1994 FERNANDEZ, Sueli. Metodologia da educação especial. Curitiba IBPEX. GÂMBARO, Jovina de Cássia. Capacitação de professores de classe inclusiva: efeitos sobre as atitudes frente ao aluno deficiente auditivo. Dissertação de Mestrado, UFSCar, SP,2000. GOTTI, Marlene de Oliveira. Avanços na educação de alunos surdos: Revista brasileira da educação especial – Jul/2006. JUÁREZ . A. Intervenção fonoaudiológica na surdez infantil, in C. Pena (Org). Porto Alegre: artes médicas. MANTOAM, Maria T. E. A formação do professor tal como concebemos e realizamos. ll Congresso brasileiro sobre educação especial. Curitiba, 1998. 36 VITALIANO, C. R. MANZINI, E. J. Relato de professores que tem alunos especiais integrados: Suas dificuldades, procedimentos que utilizam e sugestões para formação de futuros professores. In: M. C. Marquezini, M. A. Almeida & E. D. O. Tanaka (Orgs), Perspectivas multidisciplinares e educação especial 2, Londrina: EDUEL. PERRET, Y. M. Batshaw, M. L., Criança com deficiência. Uma orientação médica. São Paulo: Ed. Maltese, 1990 SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA. 1997. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Deficiência auditiva / organizado por Giusepe Rinaldi et al. Brasília: SEESP.
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