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Namoro e União Estável

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DIREITO DE FAMÍLIA E 
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MÓDULO 1: 
TEMA 7 - AS ESPÉCIES DE FAMÍLIAS E ENTIDADES 
FAMILIARES: DA FAMÍLIA TRADICIONAL À FAMÍLIA 
EUDEMONISTA (CASAMENTO, UNIÃO ESTÁVEL E 
FAMÍLIA MONOPARENTAL) - II 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DE 
FAMÍLIA CONSTITUCIONAL 
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Aula IV - União Estável e Namoro 
 
 
 Texto 
 
Casamento na técnica jurídica, é um contrato formal e solene entre duas 
pessoas em que se estabelecem direitos e obrigações, formando uma sociedade 
conjugal e instituindo uma família. O casamento pode ter sentido amplo na linguagem 
leiga, como por exemplo, “casamento de fato” para designar a união estável ou para 
designar as pessoas que vivem como se casadas fossem. Contudo, no Direito de 
Família, a expressão tem um sentido técnico e se diferencia de outras formas de 
constituição de família. Melhor se traduz como casamento civil. 
O casamento foi, é e continua sendo uma forma paradigmática de se constituir 
famílias. Não significa que seja melhor ou superior às outras, embora até a 
Constituição de 1988 assim era considerado. Além de ser um contrato para regular as 
relações patrimoniais entre os cônjuges, e estabelecer regras pessoais de convivência 
como fidelidade e assistência mútua, em razão de seu conteúdo religioso, foi 
importante instrumento de controle da sexualidade. Por muitos séculos ele tentou 
aprisionar o desejo, e funcionou como o legitimador das relações sexuais. E assim, 
toda sexualidade exercida fora do casamento era considerada ilegítima, pecado, 
sanção moral que se misturava à jurídica. Foi somente com o Código Civil 2002 que 
se revogou a possibilidade de anular o casamento em razão da não virgindade da 
mulher. Essa moral religiosa, veiculada nos textos jurídicos, era determinante no 
Direito de Família e a sua infração significava a exclusão da cidadania, ou condenação 
à invisibilidade social, como foi por muitos anos com os filhos e famílias havidos fora 
do casamento, e ainda hoje com as famílias simultâneas. Com o movimento feminista 
e o pensamento psicanalítico, esta moral sexual aplicada somente às mulheres teve 
que transitar para outro lugar. E assim, o casamento não é mais o legitimador das 
relações sexuais e nem a única forma legítima de se constituir famílias (Art. 226, CR). 
O casamento sempre esteve atrelado a um conteúdo religioso, daí a 
expressão matrimônio utilizada comumente como sinônimo. Embora a Igreja Católica 
tenha se divorciado do Estado pela Constituição da República de 1891, o princípio da 
indissolubilidade do casamento só foi rompido em 1977 com a Lei n. 6.515, que 
introduziu o divórcio no Brasil. 
Desde a Resolução do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, o casamento 
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pode ser feito entre pessoas do mesmo sexo: É vedada às autoridades competentes 
a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união 
estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo (Art. 1º, Resolução n. 
175/2013). 
Já a união estável é a expressão adotada pela Constituição da República de 
1988 para designar uma das formas e possibilidades de constituição de família, além 
do casamento e das famílias monoparentais, descritas exemplificativamente pelo art. 
226, § 3º. O primeiro registro desta expressão no Direito brasileiro foi feito em 1975 
pelo desembargador paulista e doutrinador, Edgard de Moura Bittencourt, em seu livro 
Concubinato. 
É a convivência more uxuorio, ou melhor, é a relação afetivo-amorosa entre 
duas pessoas, não incestuosa, com estabilidade e durabilidade, vivendo sob o mesmo 
teto ou não, constituindo família sem o vínculo do casamento civil. Historicamente, foi 
também chamada de mancebia, amigação, barregã, concubinato etc. É um 
casamento de fato. Essa noção não está longe daquela que se diz popularmente para 
designar uma relação de duas pessoas que se apresentam como marido e mulher, 
como se casados fossem: “Quem ama com fé, casado é.” 
Embora não sejam rígidos, podemos apontar como elementos que integram 
ou que caracterizam a união estável a durabilidade da relação, a existência de filhos, 
aquisição patrimonial em comum, a relação de dependência econômica, affectio 
societatis, coabitação, lealdade, notoriedade, a comunhão de vida, enfim, tudo aquilo 
que faça a relação parecer um casamento. É a posse de estado de casado. Não é 
necessário que todos esses elementos estejam presentes para que se configure uma 
união estável, são apenas indícios. O importante, ao analisar cada caso, é saber se 
na somatória dos elementos está presente ali um núcleo familiar, ou, na linguagem do 
art. 226 da Constituição Federal, uma entidade familiar. 
Uma das dificuldades de se delinear o conceito de união estável é que muitas 
vezes ela se confunde com namoro. Até o advento da Lei n. 8.971/94, o conceito de 
união estável era determinado pelo prazo de cinco anos. Embora esta lei não tenha 
sido revogada expressamente, a tentativa do conceito estabelecida em seu art. 1º, 
revogado pela Lei n. 9.278/96, assim dizia: 
A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, 
divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, 
poderá valer-se do disposto na Lei n. 5.478, de 25 de julho de 1968, enquanto não 
constituir nova união e desde que prove a necessidade. Parágrafo único. Igual direito 
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e nas mesmas condições é reconhecido ao companheiro de mulher solteira, separada 
judicialmente, divorciada ou viúva. 
Este conceito mais “fechado” provocou injustiças e mostrou-se contraditório. 
É que o prazo rígido de cinco anos, embora tenha sido referenciado nos costumes e 
em leis previdenciárias, mostrou-se equivocado. Pode ser que uma relação de apenas 
dois, três ou quatro anos, já pudesse ser caracterizada como família, ao passo que 
uma relação de mais de dez anos, por exemplo, não necessariamente seja família, 
mas apenas namoro. Até porque namoro não tem prazo de validade, isto é, pode-se 
namorar eternamente. Foi assim que a Lei n. 9.278/96, acertadamente, abriu o 
conceito: 
É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e 
contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de 
família (Art. 1º). 
Da mesma forma, o Código Civil brasileiro de 2002 manteve o conceito mais 
aberto. Apesar da dificuldade para aplicação aos casos concretos, um conceito mais 
aberto pode evitar julgamentos injustos. E assim, o art. 1.723 do CCB manteve a 
mesma ideia da Lei n. 9.278/96, ou seja, não delineou um prazo rígido como 
estabelecido na Lei n. 8.971/94. 
A regulamentação da união estável e do concubinato é um paradoxo. Por um 
lado, a interferência do Estado neste tipo de relacionamento vai acabando com a 
liberdade das pessoas de não se casarem, pois quanto mais se regulamenta,mais a 
aproxima do casamento e, consequentemente, ela vai deixando de existir para se 
tornar um quase casamento. Por outro lado, a falta de normas pode ocasionar 
injustiças, uma vez que da relação de afeto e da comunhão de vida entre duas 
pessoas nascem efeitos e consequências que merecem regulamentação, 
especialmente para proteger a parte economicamente mais fraca. Uniões livres, união 
estável, ou simplesmente concubinato sempre existiram, embora tenham sido tratadas 
à margem da lei, e, portanto, consideradas ilegítimas. O STF no julgamento do RE 
878694 equiparou em 2017 para fins sucessórios cônjuge e companheiro e firmou a 
seguinte tese: 
É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges 
e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser 
aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união 
estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002. 
Com isso, aproxima-se a união estável cada vez mais com o casamento, 
mitigando a liberdade para constituição de famílias. 
A História das uniões estáveis, ou direito concubinário como tradicionalmente 
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designado, tem suas raízes na França. Por isto se diz que a pátria do direito 
concubinário é a França. Foi lá, pela primeira vez, em 1892, que o tribunal reconheceu 
o esforço indireto de uma mulher na constituição do patrimônio. Da teoria do 
enriquecimento ilícito aplicado àquele caso, foi um passo para o reconhecimento 
destas relações como sociedade de fato. Foi assim que, no Brasil surgiu, na década 
de 1960, a Súmula 380 do STF: 
Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é 
cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio 
adquirido pelo esforço comum. 
E, da teoria da sociedade de fato para as concepções do Direito de Família 
foi uma evolução rápida. 
Em geral, a informalidade deste casamento de fato propicia que as partes não 
procedam aos registros formais daquilo que intencionalmente fazem: comunhão de 
vida e de interesses. A vida e o esforço comum acarretam propósitos de cooperação. 
Estabelece-se, então, uma sociedade conjugal de fato. É um contrato-realidade. É a 
relação que se vai constituindo pouco a pouco, é algo nascido do fato, ou criado pelo 
fato, ao contrário do casamento civil, cujas regras e consequências são 
predeterminadas. Em outras palavras, o concubinato-união estável deixou o Direito 
Obrigacional e encontrou seu respaldo no Direito de Família. O marco normativo para 
essas concepções foi a Constituição da República de 1988, que fez uma verdadeira 
revolução no Direito de Família, absorvendo a evolução social, ao estabelecer que há 
várias formas de se constituir família, inclusive pela união estável. 
Já o namoro é o relacionamento amoroso entre duas pessoas, mas sem 
caracterizar uma entidade familiar. Pode ser a preparação para constituição de uma 
família futura, o que o difere do instituto da união estável, na qual a família já existe. 
Assim, o que distingue esses dois institutos é o animus familiae, reconhecido pelas 
partes e pela sociedade (trato e fama). 
Existem namoros longos que nunca se transformaram em entidade familiar e 
relacionamentos curtos que logo se caracterizaram como união estável. O mesmo se 
diga com relação à presença de filhos, que pode se dar tanto no namoro quanto na 
união estável. 
O namoro, por si só, não tem consequências jurídicas. Não acarreta, por 
exemplo, partilha de bens ou qualquer aplicação de regime de bens, fixação de 
alimentos entre namorados ou Direito Sucessório. Se um casal de namorados adquire 
juntos um veículo, por exemplo, com o fim do relacionamento este bem pode ser 
dividido, se não houver contrato escrito entre eles, de acordo com as regras do Direito 
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Obrigacional. Neste sentido, pode--se dizer, então, que é possível haver uma 
“sociedade de fato” dentro de um namoro, sem que isto caracterize uma entidade 
familiar. Por não se tratar de entidade familiar, as questões jurídicas concernentes ao 
namoro, como danos causados à pessoa, são discutidas no campo do Direito 
Comercial ou Obrigacional. 
O namoro pode ser indício de prova para algumas situações jurídicas. Por 
exemplo, somado à negativa de realização de exame em DNA pode acarretar a 
declaração de suposta paternidade. Além disso, pode indicar o fumus boni iuris 
necessário à antecipação de tutela no pedido de alimentos gravídicos (Lei n. 
11.804/08). 
A Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/06) também é aplicável nos casos de 
namoro. 
Namoro não tem prazo de validade. Faz parte do exercício da autonomia 
privada optar por esta forma de se relacionar e, da mesma forma, escolher não 
prosseguir, não constituindo a quebra do namoro, por si só, uma ofensa a direito alheio 
ou configuração de ato ilícito. 
Ao Direito de Família interessa delinear um conceito de namoro, para 
distingui--lo da união estável ou concubinato. Esta confusão de conceitos surge no 
mundo jurídico a partir da “revolução sexual”, na década de 1960, com a liberalização 
dos costumes. Antes, se o casal não mantinha relação sexual eram apenas 
namorados, e se mantinham já se podia dizer que eram “amigados” ou “amasiados”. 
Tornou--se comum, natural e saudável que casais de namorados mantenham 
relacionamento sexual, sem que isto signifique nada além de um namoro, e sem 
nenhuma consequência jurídica. Assim, o conteúdo sexual de uma relação amorosa 
que até pouco tempo era caracterizador, ou descaracterizado de um instituto ou outro, 
não é mais determinante ou definidor deste ou daquele instituto. E, para confundir 
ainda mais, namorados às vezes têm filhos sem planejar, ou moram sob o mesmo teto 
para dividirem despesas, o que por si só não descaracteriza o namoro e não o eleva 
à categoria de união estável. 
Nessas relações, vê--se também uma grande diferença entre a forma de se ver 
ou nomear tal relação. É muito comum os homens enxergarem ou entenderem que se 
trata apenas de um namoro, enquanto as mulheres, talvez por serem mais 
comprometidas com o amor, veem como união estável. Esse ângulo de visão diferente, 
somado à falta de um delineamento mais preciso sobre o namoro e união estável, tem 
levado este amor às barras dos tribunais, para que o juiz diga se é uma coisa ou outra. 
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Estas demandas aumentaram principalmente após o advento da Lei n. 9.278/96, que 
acertadamente abriu o conceito de união estável, isto é, retirou o prazo de cinco anos 
estabelecido na Lei n. 8.971/94. 
Muitos casais, especialmente aqueles que já constituíram família 
anteriormente, para evitar futuros aborrecimentos ou demandas judiciais em razão da 
confusão desses dois conceitos, têm feito um contrato de namoro, ou uma “declaração 
de namoro”, dizendo que a relação entre as partes é apenas um namoro e que não 
têm intenção ou objetivo de constituírem uma família. E, se a realidade da vida 
descaracterizar o namoro, elevando--o ao status de união estável, fica desde já 
assegurado naquele contrato, ou declaração, qual será o regime de bens entre eles. 
Embora o contrato de namoro possa parecer o antinamoro, muitos casaisem 
busca de uma segurança jurídica e para evitar que a relação equivocadamente seja 
tida como união estável, desviando assim o aninus de namorados, têm optado por 
imprimir esta formalidade à relação. 
 
 Leitura Complementar 
 
Casamento e união estável são duas maneiras diferentes de se 
constituir uma família conjugal e não há uma hierarquia entre elas. Uma 
não é melhor que a outra, nem superior ou inferior. Apenas diferentes. 
Desde a Constituição da República de 1988, o então chamado 
concubinato passou a ser denominado de união estável e deixou de ser 
uma subfamília. Elas se equiparam em suas consequências jurídicas, 
mas se diferenciam, principalmente, nos direitos daí decorrentes. No 
geral os direitos são praticamente os mesmos. A principal diferença está 
na herança entre os companheiros e cônjuges. 
Quando o casamento se dissolve pela morte, o cônjuge, 
necessariamente, receberá herança do morto, ou seja, ele é herdeiro 
necessário. Na união estável, o companheiro sobrevivo não 
necessariamente é herdeiro. Isso porque se pode fazer um testamento 
e destinar os bens a outras pessoas, excluindo o companheiro. E, se 
não houver testamento, a herança do companheiro é, às vezes, de uma 
pequena parte, isto é, em um critério diferente daqueles que optaram 
pelo casamento. 
No dia 10 de maio, o Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento, 
iniciado no ano passado, declarando que o dispositivo do Código Civil 
brasileiro (artigo 1.790) que fazia essa diferenciação é inconstitucional. 
 
Para íntegra do texto, segue o link abaixo: 
STF ACABOU COM A LIBERDADE DE NÃO CASAR AO IGUALAR UNIÃO ESTÁVEL 
A CASAMENTO 
 
 
 
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https://www.conjur.com.br/2017-jun-14/rodrigo-cunha-pereira-stf-acabou-liberdade-nao-casar
https://www.conjur.com.br/2017-jun-14/rodrigo-cunha-pereira-stf-acabou-liberdade-nao-casar
 
 
 Jurisprudência 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL E CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 1.790 DO CÓDIGO CIVIL À 
SUCESSÃO EM UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA. INCONSTITUCIONALIDADE 
DA DISTINÇÃO DE REGIME SUCESSÓRIO ENTRE CÔNJUGES E 
COMPANHEIROS. 1. A Constituição brasileira contempla diferentes formas de família 
legítima, além da que resulta do casamento. Nesse rol incluem-se as famílias 
formadas mediante união estável, hetero ou homoafetivas. O STF já reconheceu a 
inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas de 
constituição de um novo e autonomizado núcleo doméstico, aplicando-se a união 
estável entre pessoas do mesmo sexo as mesmas regras e mesas consequências da 
união estável heteroafetiva (ADI 4.277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Britto, j. 
05.05.2011) os cônjuges e os companheiros, isto é, a família formada pelo casamento 
e a formada por união estável. Tal hierarquização entre entidades familiares é 
incompatível com a Constituição de 1988. Assim sendo, o art. 1.790 do Código Civil, 
ao revogar as Leis n. 8.971/1994 e n. 9.278/1996 e discriminar a companheira (ou o 
companheiro), dando-lhe direitos sucessórios bem inferiores aos conferidos à esposa 
(ou ao marido), entra em contraste com os princípios da igualdade, da dignidade 
humana, da proporcionalidade como vedação à proteção deficiente e da vedação do 
retrocesso. 3. Com a finalidade de preservar a segurança jurídica, o entendimento ora 
firmado é aplicável apenas aos inventários judiciais em que não tenha havido trânsito 
em julgado da sentença de partilha e às partilhas extrajudiciais em que ainda não haja 
escritura pública. 4. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão 
geral, da seguinte tese: No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a 
distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser 
aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002. (RE 
646.721/RS, Rel. Ministro Luiz Barroso, Tribunal Pleno, DJe 11.09.2017). 
 
 
 Bibliografia 
 
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11. ed. rev., atual. e 
ampl. São Paulo: RT, 2016. 
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