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DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 MÓDULO 1: TEMA 7 - AS ESPÉCIES DE FAMÍLIAS E ENTIDADES FAMILIARES: DA FAMÍLIA TRADICIONAL À FAMÍLIA EUDEMONISTA (CASAMENTO, UNIÃO ESTÁVEL E FAMÍLIA MONOPARENTAL) - II INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA CONSTITUCIONAL 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 Aula IV - União Estável e Namoro Texto Casamento na técnica jurídica, é um contrato formal e solene entre duas pessoas em que se estabelecem direitos e obrigações, formando uma sociedade conjugal e instituindo uma família. O casamento pode ter sentido amplo na linguagem leiga, como por exemplo, “casamento de fato” para designar a união estável ou para designar as pessoas que vivem como se casadas fossem. Contudo, no Direito de Família, a expressão tem um sentido técnico e se diferencia de outras formas de constituição de família. Melhor se traduz como casamento civil. O casamento foi, é e continua sendo uma forma paradigmática de se constituir famílias. Não significa que seja melhor ou superior às outras, embora até a Constituição de 1988 assim era considerado. Além de ser um contrato para regular as relações patrimoniais entre os cônjuges, e estabelecer regras pessoais de convivência como fidelidade e assistência mútua, em razão de seu conteúdo religioso, foi importante instrumento de controle da sexualidade. Por muitos séculos ele tentou aprisionar o desejo, e funcionou como o legitimador das relações sexuais. E assim, toda sexualidade exercida fora do casamento era considerada ilegítima, pecado, sanção moral que se misturava à jurídica. Foi somente com o Código Civil 2002 que se revogou a possibilidade de anular o casamento em razão da não virgindade da mulher. Essa moral religiosa, veiculada nos textos jurídicos, era determinante no Direito de Família e a sua infração significava a exclusão da cidadania, ou condenação à invisibilidade social, como foi por muitos anos com os filhos e famílias havidos fora do casamento, e ainda hoje com as famílias simultâneas. Com o movimento feminista e o pensamento psicanalítico, esta moral sexual aplicada somente às mulheres teve que transitar para outro lugar. E assim, o casamento não é mais o legitimador das relações sexuais e nem a única forma legítima de se constituir famílias (Art. 226, CR). O casamento sempre esteve atrelado a um conteúdo religioso, daí a expressão matrimônio utilizada comumente como sinônimo. Embora a Igreja Católica tenha se divorciado do Estado pela Constituição da República de 1891, o princípio da indissolubilidade do casamento só foi rompido em 1977 com a Lei n. 6.515, que introduziu o divórcio no Brasil. Desde a Resolução do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, o casamento 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 pode ser feito entre pessoas do mesmo sexo: É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo (Art. 1º, Resolução n. 175/2013). Já a união estável é a expressão adotada pela Constituição da República de 1988 para designar uma das formas e possibilidades de constituição de família, além do casamento e das famílias monoparentais, descritas exemplificativamente pelo art. 226, § 3º. O primeiro registro desta expressão no Direito brasileiro foi feito em 1975 pelo desembargador paulista e doutrinador, Edgard de Moura Bittencourt, em seu livro Concubinato. É a convivência more uxuorio, ou melhor, é a relação afetivo-amorosa entre duas pessoas, não incestuosa, com estabilidade e durabilidade, vivendo sob o mesmo teto ou não, constituindo família sem o vínculo do casamento civil. Historicamente, foi também chamada de mancebia, amigação, barregã, concubinato etc. É um casamento de fato. Essa noção não está longe daquela que se diz popularmente para designar uma relação de duas pessoas que se apresentam como marido e mulher, como se casados fossem: “Quem ama com fé, casado é.” Embora não sejam rígidos, podemos apontar como elementos que integram ou que caracterizam a união estável a durabilidade da relação, a existência de filhos, aquisição patrimonial em comum, a relação de dependência econômica, affectio societatis, coabitação, lealdade, notoriedade, a comunhão de vida, enfim, tudo aquilo que faça a relação parecer um casamento. É a posse de estado de casado. Não é necessário que todos esses elementos estejam presentes para que se configure uma união estável, são apenas indícios. O importante, ao analisar cada caso, é saber se na somatória dos elementos está presente ali um núcleo familiar, ou, na linguagem do art. 226 da Constituição Federal, uma entidade familiar. Uma das dificuldades de se delinear o conceito de união estável é que muitas vezes ela se confunde com namoro. Até o advento da Lei n. 8.971/94, o conceito de união estável era determinado pelo prazo de cinco anos. Embora esta lei não tenha sido revogada expressamente, a tentativa do conceito estabelecida em seu art. 1º, revogado pela Lei n. 9.278/96, assim dizia: A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se do disposto na Lei n. 5.478, de 25 de julho de 1968, enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade. Parágrafo único. Igual direito 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 e nas mesmas condições é reconhecido ao companheiro de mulher solteira, separada judicialmente, divorciada ou viúva. Este conceito mais “fechado” provocou injustiças e mostrou-se contraditório. É que o prazo rígido de cinco anos, embora tenha sido referenciado nos costumes e em leis previdenciárias, mostrou-se equivocado. Pode ser que uma relação de apenas dois, três ou quatro anos, já pudesse ser caracterizada como família, ao passo que uma relação de mais de dez anos, por exemplo, não necessariamente seja família, mas apenas namoro. Até porque namoro não tem prazo de validade, isto é, pode-se namorar eternamente. Foi assim que a Lei n. 9.278/96, acertadamente, abriu o conceito: É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família (Art. 1º). Da mesma forma, o Código Civil brasileiro de 2002 manteve o conceito mais aberto. Apesar da dificuldade para aplicação aos casos concretos, um conceito mais aberto pode evitar julgamentos injustos. E assim, o art. 1.723 do CCB manteve a mesma ideia da Lei n. 9.278/96, ou seja, não delineou um prazo rígido como estabelecido na Lei n. 8.971/94. A regulamentação da união estável e do concubinato é um paradoxo. Por um lado, a interferência do Estado neste tipo de relacionamento vai acabando com a liberdade das pessoas de não se casarem, pois quanto mais se regulamenta,mais a aproxima do casamento e, consequentemente, ela vai deixando de existir para se tornar um quase casamento. Por outro lado, a falta de normas pode ocasionar injustiças, uma vez que da relação de afeto e da comunhão de vida entre duas pessoas nascem efeitos e consequências que merecem regulamentação, especialmente para proteger a parte economicamente mais fraca. Uniões livres, união estável, ou simplesmente concubinato sempre existiram, embora tenham sido tratadas à margem da lei, e, portanto, consideradas ilegítimas. O STF no julgamento do RE 878694 equiparou em 2017 para fins sucessórios cônjuge e companheiro e firmou a seguinte tese: É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002. Com isso, aproxima-se a união estável cada vez mais com o casamento, mitigando a liberdade para constituição de famílias. A História das uniões estáveis, ou direito concubinário como tradicionalmente 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 designado, tem suas raízes na França. Por isto se diz que a pátria do direito concubinário é a França. Foi lá, pela primeira vez, em 1892, que o tribunal reconheceu o esforço indireto de uma mulher na constituição do patrimônio. Da teoria do enriquecimento ilícito aplicado àquele caso, foi um passo para o reconhecimento destas relações como sociedade de fato. Foi assim que, no Brasil surgiu, na década de 1960, a Súmula 380 do STF: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. E, da teoria da sociedade de fato para as concepções do Direito de Família foi uma evolução rápida. Em geral, a informalidade deste casamento de fato propicia que as partes não procedam aos registros formais daquilo que intencionalmente fazem: comunhão de vida e de interesses. A vida e o esforço comum acarretam propósitos de cooperação. Estabelece-se, então, uma sociedade conjugal de fato. É um contrato-realidade. É a relação que se vai constituindo pouco a pouco, é algo nascido do fato, ou criado pelo fato, ao contrário do casamento civil, cujas regras e consequências são predeterminadas. Em outras palavras, o concubinato-união estável deixou o Direito Obrigacional e encontrou seu respaldo no Direito de Família. O marco normativo para essas concepções foi a Constituição da República de 1988, que fez uma verdadeira revolução no Direito de Família, absorvendo a evolução social, ao estabelecer que há várias formas de se constituir família, inclusive pela união estável. Já o namoro é o relacionamento amoroso entre duas pessoas, mas sem caracterizar uma entidade familiar. Pode ser a preparação para constituição de uma família futura, o que o difere do instituto da união estável, na qual a família já existe. Assim, o que distingue esses dois institutos é o animus familiae, reconhecido pelas partes e pela sociedade (trato e fama). Existem namoros longos que nunca se transformaram em entidade familiar e relacionamentos curtos que logo se caracterizaram como união estável. O mesmo se diga com relação à presença de filhos, que pode se dar tanto no namoro quanto na união estável. O namoro, por si só, não tem consequências jurídicas. Não acarreta, por exemplo, partilha de bens ou qualquer aplicação de regime de bens, fixação de alimentos entre namorados ou Direito Sucessório. Se um casal de namorados adquire juntos um veículo, por exemplo, com o fim do relacionamento este bem pode ser dividido, se não houver contrato escrito entre eles, de acordo com as regras do Direito 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 Obrigacional. Neste sentido, pode--se dizer, então, que é possível haver uma “sociedade de fato” dentro de um namoro, sem que isto caracterize uma entidade familiar. Por não se tratar de entidade familiar, as questões jurídicas concernentes ao namoro, como danos causados à pessoa, são discutidas no campo do Direito Comercial ou Obrigacional. O namoro pode ser indício de prova para algumas situações jurídicas. Por exemplo, somado à negativa de realização de exame em DNA pode acarretar a declaração de suposta paternidade. Além disso, pode indicar o fumus boni iuris necessário à antecipação de tutela no pedido de alimentos gravídicos (Lei n. 11.804/08). A Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/06) também é aplicável nos casos de namoro. Namoro não tem prazo de validade. Faz parte do exercício da autonomia privada optar por esta forma de se relacionar e, da mesma forma, escolher não prosseguir, não constituindo a quebra do namoro, por si só, uma ofensa a direito alheio ou configuração de ato ilícito. Ao Direito de Família interessa delinear um conceito de namoro, para distingui--lo da união estável ou concubinato. Esta confusão de conceitos surge no mundo jurídico a partir da “revolução sexual”, na década de 1960, com a liberalização dos costumes. Antes, se o casal não mantinha relação sexual eram apenas namorados, e se mantinham já se podia dizer que eram “amigados” ou “amasiados”. Tornou--se comum, natural e saudável que casais de namorados mantenham relacionamento sexual, sem que isto signifique nada além de um namoro, e sem nenhuma consequência jurídica. Assim, o conteúdo sexual de uma relação amorosa que até pouco tempo era caracterizador, ou descaracterizado de um instituto ou outro, não é mais determinante ou definidor deste ou daquele instituto. E, para confundir ainda mais, namorados às vezes têm filhos sem planejar, ou moram sob o mesmo teto para dividirem despesas, o que por si só não descaracteriza o namoro e não o eleva à categoria de união estável. Nessas relações, vê--se também uma grande diferença entre a forma de se ver ou nomear tal relação. É muito comum os homens enxergarem ou entenderem que se trata apenas de um namoro, enquanto as mulheres, talvez por serem mais comprometidas com o amor, veem como união estável. Esse ângulo de visão diferente, somado à falta de um delineamento mais preciso sobre o namoro e união estável, tem levado este amor às barras dos tribunais, para que o juiz diga se é uma coisa ou outra. 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 Estas demandas aumentaram principalmente após o advento da Lei n. 9.278/96, que acertadamente abriu o conceito de união estável, isto é, retirou o prazo de cinco anos estabelecido na Lei n. 8.971/94. Muitos casais, especialmente aqueles que já constituíram família anteriormente, para evitar futuros aborrecimentos ou demandas judiciais em razão da confusão desses dois conceitos, têm feito um contrato de namoro, ou uma “declaração de namoro”, dizendo que a relação entre as partes é apenas um namoro e que não têm intenção ou objetivo de constituírem uma família. E, se a realidade da vida descaracterizar o namoro, elevando--o ao status de união estável, fica desde já assegurado naquele contrato, ou declaração, qual será o regime de bens entre eles. Embora o contrato de namoro possa parecer o antinamoro, muitos casaisem busca de uma segurança jurídica e para evitar que a relação equivocadamente seja tida como união estável, desviando assim o aninus de namorados, têm optado por imprimir esta formalidade à relação. Leitura Complementar Casamento e união estável são duas maneiras diferentes de se constituir uma família conjugal e não há uma hierarquia entre elas. Uma não é melhor que a outra, nem superior ou inferior. Apenas diferentes. Desde a Constituição da República de 1988, o então chamado concubinato passou a ser denominado de união estável e deixou de ser uma subfamília. Elas se equiparam em suas consequências jurídicas, mas se diferenciam, principalmente, nos direitos daí decorrentes. No geral os direitos são praticamente os mesmos. A principal diferença está na herança entre os companheiros e cônjuges. Quando o casamento se dissolve pela morte, o cônjuge, necessariamente, receberá herança do morto, ou seja, ele é herdeiro necessário. Na união estável, o companheiro sobrevivo não necessariamente é herdeiro. Isso porque se pode fazer um testamento e destinar os bens a outras pessoas, excluindo o companheiro. E, se não houver testamento, a herança do companheiro é, às vezes, de uma pequena parte, isto é, em um critério diferente daqueles que optaram pelo casamento. No dia 10 de maio, o Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento, iniciado no ano passado, declarando que o dispositivo do Código Civil brasileiro (artigo 1.790) que fazia essa diferenciação é inconstitucional. Para íntegra do texto, segue o link abaixo: STF ACABOU COM A LIBERDADE DE NÃO CASAR AO IGUALAR UNIÃO ESTÁVEL A CASAMENTO 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 https://www.conjur.com.br/2017-jun-14/rodrigo-cunha-pereira-stf-acabou-liberdade-nao-casar https://www.conjur.com.br/2017-jun-14/rodrigo-cunha-pereira-stf-acabou-liberdade-nao-casar Jurisprudência DIREITO CONSTITUCIONAL E CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 1.790 DO CÓDIGO CIVIL À SUCESSÃO EM UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA. INCONSTITUCIONALIDADE DA DISTINÇÃO DE REGIME SUCESSÓRIO ENTRE CÔNJUGES E COMPANHEIROS. 1. A Constituição brasileira contempla diferentes formas de família legítima, além da que resulta do casamento. Nesse rol incluem-se as famílias formadas mediante união estável, hetero ou homoafetivas. O STF já reconheceu a inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de um novo e autonomizado núcleo doméstico, aplicando-se a união estável entre pessoas do mesmo sexo as mesmas regras e mesas consequências da união estável heteroafetiva (ADI 4.277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Britto, j. 05.05.2011) os cônjuges e os companheiros, isto é, a família formada pelo casamento e a formada por união estável. Tal hierarquização entre entidades familiares é incompatível com a Constituição de 1988. Assim sendo, o art. 1.790 do Código Civil, ao revogar as Leis n. 8.971/1994 e n. 9.278/1996 e discriminar a companheira (ou o companheiro), dando-lhe direitos sucessórios bem inferiores aos conferidos à esposa (ou ao marido), entra em contraste com os princípios da igualdade, da dignidade humana, da proporcionalidade como vedação à proteção deficiente e da vedação do retrocesso. 3. Com a finalidade de preservar a segurança jurídica, o entendimento ora firmado é aplicável apenas aos inventários judiciais em que não tenha havido trânsito em julgado da sentença de partilha e às partilhas extrajudiciais em que ainda não haja escritura pública. 4. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão geral, da seguinte tese: No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002. (RE 646.721/RS, Rel. Ministro Luiz Barroso, Tribunal Pleno, DJe 11.09.2017). Bibliografia DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2016. 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 FACHIN, Luiz Edson. Direito de família: elementos críticos à luz do novo Código Civil brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Famílias, 7. ed. São Paulo: Atlas, 2015, vol. 6. FREUD, Sigmund. Luto e Melancolia. Obras Psicológicas Completas. Trad. Themira O. Brito, Paulo H. Brito e Cristiano Ort. Rio de Janeiro: Imago, 1974, vol. XIV. LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Princípios Fundamentais Norteadores do Direito de Família. 2. ed. Saraiva: São Paulo, 2012. _____________. Direito de Família uma Abordagem Psicanalítica. 4. ed. Saraiva: São Paulo, 2012. PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Dicionário de Direito de Família e Sucessões. 2. ed. Ilustrado. São Paulo: Saraiva, 2018 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5 00 66 01 85 10 5
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