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PROF: KEITH LIMA Autor: Sou Enfermagem Em: 30/07/2018 HISTÓRIA DA ENFERMAGEM O QUE É A ENFERMAGEM? ♦ Enfermagem é a arte de cuidar e também uma ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico, desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe, atividades de promoção, proteção, prevenção e recuperação da saúde. O conhecimento que fundamenta o cuidado de enfermagem deve ser construído na intersecção entre a filosofia, que responde à grande questão existêncial do homem, a ciência e tecnologia, tendo a lógica formal como responsável pela correção normativa e a ética, numa abordagem epistemológica efetivamente comprometida com a emancipação humana e evolução das sociedades. ♦ Enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano, no atendimento de suas necessidades básicas (Necessidades Fisiológivas, N. de Segurança, N. de Amor, N. de Estima, N. de auto-realização - Maslow) , de torna-lo independente dessa assistência, quando possível, pelo ensino do auto-cuidado; de recuperar manter e promover a saúde em colaboração com outros profissionais (Horta, 1967). ♦ Enfermagem é a arte e a ciência do CUIDAR, necessárias a todos os povos e nações, imprescindível em época de paz ou em época de guerra e indispensável à preservação da saúde e da vida dos seres humanos em todos os níveis, classes ou condições sociais (Geovani). Como profissão, o Técnico de Enfermagem é um profissional de nível médio da área da saúde, responsável inicialmente pela promoção, prevenção e na recuperação da saúde dos indivíduos, dentro de sua comunidade. Dentro da enfermagem, encontramos os enfermeiros (nível superior), auxiliar de enfermagem (nível fundamental) e o técnico de enfermagem, (nível médio). Prestam assistência ao paciente ou cliente em clínicas, hospitais, ambulatórios, empresas de grande porte, transportes aéreos, navios, postos de saúde e em domicílio, realizando atendimento de enfermagem e implementam ações para a promoção da saúde junto à comunidade. A ENFERMAGEM NO BRASIL No Brasil, segundo o Conselho Federal de Enfermagem - COFEN, os profissionais que compõem a enfermagem são:Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteiras. A competência, responsabilidade, direitos e deveres desses profissionais são regulamentadas pelas Resoluções, Pareceres, Normas Técnicas e Leis do Conselho Federal de Enfermagem. Quem ingressa na enfermagem ou quem deseja ingressar na enfermagem, precisa saber o que cada profissional pode e o que não pode fazer para não confundir as funções e responsabilidades. O Conselho Federal de Enfermagem- COFEN, conforme falei acima, é órgão que normatiza a profissão de enfermagem no Brasil. A sua sede fica em Brasília, mas cada estado existe um Conselho Regional de Enfermagem, que são órgãos criados e normatizado pelo COFEN para fazer cumprir as suas decisões. Vale a pena depois você tirar um tempo e estudar um pouco mais sobre a função, responsabilidade e atribuições do Conselho de Enfermagem (COFEN/COREN), pois todos nós, entendendo ou não,gostando ou não, aceitando ou não, concordando ou não, é regido por este órgão.Além disso, o Conselho funciona como um guardião da enfermagem e ouvidoria de toda a enfermagem e também de toda a população, mas, por ser um órgão público e cheio de burocracias e formalidades, muita gente desiste de entender e de recorrer ao Conselho. ORIGEM DA ENFERMAGEM A enfermagem é uma profissão que se desenvolveu ao longo dos tempos. Surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de saúde no decorrer da história. No Brasil, desde a implantação da enfermagem moderna, na década de 20 e até os dias atuais, a história da enfermagem vem sendo objeto de estudo dado sua importância como profissão. A enfermagem, desde suas origens religiosas e militares, é um saber dominado pelas mulheres e dirigido ao ato do cuidar, e tendo os mais pobres como alvos. A seguir, vamos apresentar um breve resumo da história de enfermagem no mundo. HISTÓRIA GERAL Desenvolvimento das práticas de saúde durante os períodos históricos Subdivisão dos períodos relacionados com a mudança das práticas de saúde: • As práticas de saúde instintivas - caracteriza a prática do cuidar nos grupos nômades primitivos, tendo como pano-de-fundo as concepções evolucionista e teológica. Neste período as práticas de saúde, propriamente ditas, num primeiro estágio da civilização, consistiam em ações que garantiam ao homem a manutenção da sua sobrevivência, estando na sua origem, associadas ao trabalho feminino. Com o evoluir dos tempos, constatando que os conhecimentos dos meios de cura resultavam em poder, o homem, aliando este conhecimento ao misticismo, fortaleceu tal poder e apoderou-se dele. Observa- se que a Enfermagem está em sua natureza intimamente relacionada ao cuidar das sociedades primitivas. • As práticas de saúde mágico-sacerdotais - aborda a relação mística entre as práticas religiosas e as práticas de saúde primitivas desenvolvidas pelos sacerdotes nos templos. Este período corresponde à fase de empirismo, verificada antes do surgimento da especulação filosófica que ocorre por volta do século V a.C. Essa prática permanece por muitos séculos desenvolvida nos templos que, a princípio, foram simultaneamente santuários e escolas, onde os conceitos primitivos de saúde eram ensinados. Posteriormente, desenvolveram- se escolas específicas para o ensino da arte de curar no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros do comércio, nas ilhas e cidades da costa. Naquelas escolas pré-hipocráticas, eram variadas as concepções acerca do funcionamento do corpo humano, seus distúrbios e doenças, concepções essas que, por muito tempo, marcaram a fase empírica da evolução dos conhecimentos em saúde. O ensino era vinculado à orientação da filosofia e das artes e os estudantes viviam em estreita ligação com seus mestres, formando as famílias, as quais serviam de referência para mais tarde se organizarem em castas. Quanto à Enfermagem, as únicas referências concernentes à época em questão estão relacionadas com a prática domiciliar de partos e a atuação pouco clara de mulheres de classe social elevada que dividiam as atividades dos templos com os sacerdotes. • As práticas de saúde no alvorecer da ciência - relaciona a evolução das práticas de saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando estas então se baseavam nas relações de causa e efeito. Inicia-se no século V a.C., estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã. A prática de saúde, antes mística e sacerdotal, passa agora a ser um produto desta nova fase, baseando-se essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no raciocínio lógico - que desencadeia uma relação de causa e efeito para as doenças - e na especulação filosófica, baseada na investigação livre e na observação dos fenômenos, limitada, entretanto, pela ausência quase total de conhecimentos anatomofisiológicos. Essa prática individualista volta-se para o homem e suas relações com a natureza e suas leis imutáveis. Este período é considerado pela Medicina grega como período hipocrático, destacando a figura de Hipócrates que como já foi demonstrado no relato histórico, propôs uma nova concepção em saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos místicos e sacerdotais, através da utilização do método indutivo, da inspeção e da observação. Não há caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta época. • As práticas de saúde monástico-medievais - Focaliza a influência dos fatores sócio-econômicos e políticos do medievo e da sociedade feudal nas práticas de saúde e as relações destas com o cristianismo. Esta época corresponde ao aparecimento da Enfermagem como prática leiga, desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval compreendido entre os séculos V e XIII. Foi um período que deixoucomo legado uma série de valores que, com o passar dos tempos, foram aos poucos legitimados e aceitos pela sociedade como características inerentes à Enfermagem. A abnegação, o espírito de serviço, a obediência e outros atributos que dão à Enfermagem, não uma conotação de prática profissional, mas de sacerdócio. • As práticas de saúde pós monásticas - evidencia a evolução das práticas de saúde e, em especial, da prática de Enfermagem no contexto dos movimentos Renascentistas e da Reforma Protestante. Corresponde ao período que vai do final do século XIII ao início do século XVI A retomada da ciência, o progresso social e intelectual da Renascença e a evolução das universidades não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem. Enclausurada nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada durante muito tempo, vindo desagregar-se ainda mais a partir dos movimentos de Reforma Religiosa e das conturbações da Santa Inquisição. O hospital, já negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de doentes, onde homens, mulheres e crianças coabitam as mesmas dependências, amontoados em leitos coletivos. Sob exploração deliberada, o serviço doméstico - pela queda dos padrões morais que o sustentava- tornou-se indigno e sem atrativos para as mulheres de casta social elevada Esta fase tempestuosa, que significou uma grave crise para a Enfermagem, permanece por muito tempo e apenas no limiar da revolução capitalista é que alguns movimentos reformadores, que partiram principalmente de iniciativas religiosas e sociais, tentam melhorar as condições do pessoal a serviço dos hospitais. • As práticas de saúde no mundo moderno - analisa as práticas de saúde e, em especial, a de Enfermagem, sob a ótica do sistema político-econômico da sociedade capitalista. Ressalta o surgimento da Enfermagem como prática profissional institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução Industrial no século XVI e culmina com o surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra, no século XIX. Portanto, a enfermagem é um trabalho de perfeita ordem com responsáveis a serviço da saúde, implementando, desenvolvendo, coordenando serviços, havendo até certas e determinadas classes profissionais que lhe atribuem , com desdém, a manipulação dos serviços de saúde dado o elevado número de profissionais que se verificam, e pelo brilhantismo superior com que projetam novas configurações de políticas de saúde, com principal ênfase nas políticas de promoção da saúde. destaca-se neste campo, a implementação de programas de vacinação que nasceram da enfermagem comunitária do Arquipélago dos Açores, implementada por enfermeiros açorianos e que rapidamente se estendeu ao portugal continental. HISTÓRIA MODERNA A história da enfermagem vem junto com o desenvolvimento desta profissão no mundo e em como ela se tornou cada vez mais popular no mundo. Tudo isso vem lado a lado com a evolução da medicina e das práticas medicinais através dos séculos e o ganho de conhecimento desta área para a humanidade de uma forma geral. Chegando mais à história moderna da enfermagem, até o começo da primeira grande guerra mundial não havia propriamente dito profissionais desta área. Nesta época – como ainda hoje – as pessoas que possuíam maior poder aquisitivo conseguiam atendimento e tratamento mais personalizado, dentro de suas próprias casas. É quando a jovem Florence Nightingale é convidada pelo atual Ministério de Guerra da Inglaterra para atuar cuidando e assistindo os soldados feridos pela então Guerra da Criméia. Uma vez finda a Guerra da Criméia, a jovem Florence fundou a Escola de Enfermagem no então Hospital Saint Thomas, que posteriormente viria a se tornar o modelo para todas as escolas que viriam a ser fundadas após ela. O curso era totalmente voltado para a formação e capacitação de enfermeiras do sexo feminino e era conhecido pelo alto grau de exigência de seus candidatos e pelo nível disciplinar que lembrava a própria disciplina militar. Nascida em Florença em 12 de maio de 1820, era dotada de uma inteligência incomum. Em 1854, seguiu para a guerra da Criméia, instalou em dois hospitais o seu serviço, prestando atendimento a 4.000 feridos. Florence ficou conhecida como a dama da lamparina, pois era com uma lamparina na mão que ela percorria as enfermarias à noite. Até meados do século XIX, era praticamente nula a assistência aos enfermos nos hospitais de campanha, onde a insalubridade aumentava ainda mais o número de mortos. Com seu trabalho, Florence Nightingale lançou as bases dos modernos serviços de enfermagem. Educada pelo pai, aprendeu grego, latim, francês, alemão e italiano, história, filosofia e matemática. Em 7 de fevereiro de 1837, acreditou ter ouvido a voz de Deus conclamá-la a uma missão. Interessou-se então pela enfermagem, e após formar-se por uma instituição protestante de Kaiserweth, Alemanha, transferiu- se para Londres, onde passou a trabalhar como superintendente de um hospital de caridade. Florence não conhecia o conceito de contato por microorganismos, uma vez que este ainda não tinha sido descoberto, porém já acreditava em um meticuloso cuidado quanto à limpeza do ambiente e pessoal, ar fresco e boa iluminação, calor adequado, boa nutrição e repouso, com manutenção do vigor do paciente para a cura. Em suas escolas, Florence baseava sua filosofia em quatro idéias-chave: 1. O dinheiro público deveria manter o treinamento de enfermeiras e este, deveria ser considerado tão importante quanto qualquer outra forma de ensino. 2. Deveria existir uma estreita associação entre hospitais e escolas de treinamento, sem estas dependerem financeira e administrativamente. 3. O ensino de enfermagem deveria ser feito por enfermeiras profissionais, e não por qualquer pessoa não envolvida com a enfermagem. 4. Deveria ser oferecida às estudantes, durante todo o período de treinamento, residência com ambiente confortável e agradável, próximo ao local. Durante a guerra da Criméia, entre 1854 e 1856, integrou o corpo de enfermagem britânico em Scutari, Turquia. Seu trabalho de assistência aos enfermos e de organização da infra-estrutura hospitalar a tornou conhecida em toda a frente de batalha. Publicou Notes on Matters Affecting the Health, Efficiency and Hospital Administration of the British Army (1858 Notas sobre a saúde, a eficiência e a administração hospitalar no exército britânico). Fundou em 1860 a primeira escola de enfermagem do mundo. Em 1901, completamente cega, parou de trabalhar. Morreu em Londres, em 13 de agosto de 1910. Como podemos observar, a história da enfermagem começou no exercício das funções para ajudar a doentes e feridos do que numa teoria ou numa idéia, ao contrário de muitas outras disciplinas. Talvez seja por isso que este curso possui uma característica tão pessoal, que aproxima paciente e profissional através do vínculo da ajuda e gratidão. FLORENCE NIGHTINGALE Florence Nightingale (12 de Maio 1820, Florença - 13 de Agosto 1910, Londres) foi uma enfermeira britânica que ficou famosa por ser pioneira no tratamento a feridos de guerra, durante a Guerra da Criméia. Também contribuiu no campo da Estatística, nomeadamente na criação de sistemas de representação e popularização gráfica como o gráfico setorial (comumente conhecido como gráfico do tipo "pizza"). Sua família, rica e bem-relacionada, vivia em Florença, na Itália. Por isso, Florence recebeu o nome em inglês da cidade em que nasceu, como sua irmã mais velha Parthenope nascida em Partênope. Moça brilhante e impetuosa, rebelou-se contra o papel convencional para as mulheres de seu status, que seria tornar-se esposa submissa, e decidiu dedicar-se à enfermagem. Tradicionalmente, o papel de enfermeira era exercido por mulheres ajudantes em hospitais ou acompanhando exércitos, muitas cozinheiras e prostitutas acabavam tornando-se enfermeiras, sendo que estas últimas eram obrigadas como castigo. Florence Nightingaleficou particularmente preocupada com as condições de tratamento médico dos mais pobres e indigentes. Ela anunciou sua decisão para a família em 1845, provocando raiva e rompimento, principalmente com sua mãe. Aparentemente, Florence sofria de esquizofrenia. Em dezembro de 1844, em resposta à morte de um mendigo numa enfermaria em Londres, que acabou evoluindo para escândalo público, ela se tornou a principal defensora de melhorias no tratamento médico. Imediatamente, ela obteve o apoio de Charles Villiers, presidente do Poor Law Board (Comitê de Lei para os Pobres). Isto a levou a ter papel ativo na reforma das Leis dos Pobres, estendendo o papel do Estado para muito além do fornecimento de tratamento médico. Em 1846, ela visitou Kaiserwerth, um hospital pioneiro fundado e dirigido por uma ordem de freiras católicas na Alemanha, ficando impressionada pela qualidade do tratamento médico e pelo comprometimento e prática das religiosas. Outras informações falam sobre a comunidade religiosa luterana em Kaiserswerth-am-Rhein na Alemanha, onde ela observou o pastor Theodor Fliedner e as diaconisas que trabalhavam para os doentes e os desprovidos. A contribuição mais famosa de Florence foi durante a Guerra da Criméia, que se tornou seu principal foco quando relatos de guerra começaram a chegar à Inglaterra contando sobre as condições horríveis para os feridos. Em outubro de 1854, Florence e uma equipe de 38 enfermeiras voluntárias treinadas por ela, inclusive sua tia Mai Smith, partem para os Campos de Scurati localizados na Criméia. Florence Nightingale voltou para a Inglaterra como heroína em Agosto de 1857 e, de acordo com a BBC, era provavelmente a pessoa mais famosa da Era Vitoriana além da própria Rainha Vitória. Contudo, o destino lhe reservou um grande golpe quando contrai tifo e permanece com sérias restrições físicas, retornando em 1856 da Criméia. Impossibilitada de exercer seus trabalhos físicos, dedicou-se a formação da escola de enfermagem em 1859 na Inglaterra, onde já era reconhecida no seu valor profissional e técnico, recebendo prêmio concedido através do governo inglês. Fundou a Escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, com curso de um ano, que era ministrado por médicos com aulas teóricas e práticas. Florence faleceu em 13 de agosto de 1910; deixando legado de persistência, capacidade, compaixão e dedicação ao próximo, estabeleceu as diretrizes e caminhos para enfermagem moderna. Florence Nightingale, OM, RRC (*12 de maio de 1820 +13 de agosto de 1910) foi uma célebre reformista social e estatística inglesa, e a fundadora da enfermagem moderna. Ela ganhou proeminência enquanto servia como enfermeira durante a Guerra da Crimeia, onde ela tratou de soldados feridos. Ela era conhecida como “A Senhora com a Lanterna” por causa de seu hábito de fazer rondas à noite. Comentaristas do início do século XXI têm argumentado que as realizações de Nightingale na Guerra da Criméia foram exageradas pela mídia na época para satisfazer a necessidade do público por um herói, mas suas realizações posteriores permanecem amplamente aceitas. Em 1860, Nightingale lançou as bases da enfermagem profissional com o estabelecimento de sua escola de enfermagem no St. Thomas' Hospital em Londres. Foi a primeira escola de enfermagem secular no mundo, agora parte da King's College London. O Juramento de Nightingale feito por novas enfermeiras foi batizado em sua honra, e o Dia Internacional dos Enfermeiros é comemorado em todo o mundo na data do seu aniversário de nascimento. Suas reformas sociais incluem a melhoria nos cuidados da saúde de todos os setores da sociedade britânica, melhorias na saúde e luta por um melhor alívio da fome na Índia, ajudando a abolir leis que regulavam a prostituição de forma demasiadamente opressora às mulheres, e ampliando a formas aceitáveis a participação da mulher na força de trabalho. No juramento criado por Florence fica claro o empenho por ela colocado em cada uma dessas lutas e o desejo de que cada vez mais mulheres se enveredassem por esse caminho da enfermagem de forma digna e eficaz. Nightingale foi uma escritora prodigiosa e versátil. Em sua vida muito do seu trabalho publicado foi respaldado com difundidos conhecimentos médicos. Alguns de seus trechos foram escritos em Inglês simples, para que pudessem ser facilmente compreendidos por aqueles com pouco conhecimento literário. Ela também ajudou a popularizar a apresentação gráfica dos dados estatísticos. Grande parte da sua escrita, incluindo o seu extenso trabalho sobre religião e misticismo, só foi publicado postumamente. OS PRIMEIROS ANOS Florence Nightingale nasceu em 12 de maio de 1820 em uma família rica, bem relacionada da classe alta britânica, em Villa Colombaia, em Florença, Itália, e foi batizada com o nome da cidade de seu nascimento. A irmã mais velha de Florence, Frances Parthenope, fora igualmente batizada com o nome do lugar de seu nascimento, Parthenopolis, um assentamento grego, hoje parte da cidade de Nápoles. Quando Florence tinha um ano de idade, a família mudou-se de volta para a Inglaterra em 1821 com Nightingale sendo criada nos lares da família em Embley e Lea Hurst. Seus pais eram William Edward Nightingale, nascido William Edward Shore (1794–1874) e Frances (“Fanny”) Nightingale née Smith (1789–1880). A mãe de William, Mary née Evans, era sobrinha de Peter Nightingale ao qual, sob os termos de seu testamento, William herdou sua propriedade em Lea Hurst em Derbyshire, e assumiu o nome e o brasão de Nightingale. O pai de Fanny (avô materno de Florence) foi o abolicionista e unitarista William Smith. Florence Nightingale fora educada principalmente por seu pai que almejava um outro futuro para ela. Nightingale passou pela primeira de várias experiências que ela acreditava serem chamados de Deus em fevereiro de 1837, quando estava em Embley Park, provocando um forte desejo de devotar a sua vida ao serviço de outros. Em sua juventude, foi respeitosa com a oposição de sua família sobre seu trabalho como enfermeira, anunciando sua decisão de ir a campo apenas em 1844. Apesar de raiva e angústia intensa de sua mãe e irmã, ela se rebelou contra o papel esperado de uma mulher de seu status de se tornar uma esposa e mãe. Nightingale trabalhou duro para educar-se na arte e ciência da enfermagem, apesar da oposição de sua família e do restritivo código social para jovens mulheres inglesas afluentes. Como uma jovem mulher, Nightingale era atraente, esbelta e graciosa. Ainda que seu comportamento muitas vezes fosse rude, ela podia ser muito charmosa e seu sorriso era radiante. Seu pretendente mais persistente era o político e poeta Richard Monckton Milnes, 1º Barão de Houghton, mas depois de um namoro de nove anos ela o rejeitou, convencida de que o casamento iria interferir na habilidade de seguir sua vocação para a enfermagem. Abaixo encontram-se fotos de seus pretendentes: Em 1847 em Roma ela conheceu Sidney Herbert, um político que tinha sido Secretário de Guerra (1845-1846). Herbert estava em sua lua de mel; ele e Nightingale se tornaram amigos próximos ao longo da vida. Herbert seria Secretário de Guerra novamente durante a Guerra da Crimeia; ele e sua esposa foram fundamentais para facilitar o trabalho de enfermagem de Nightingale na Crimeia. Ela se tornou uma conselheira chave da carreira política dele, embora tenha sido acusada por alguns de ter adiantado a morte de Herbert pela Doença de Bright em 1861 por causa da pressão que seu programa de reforma colocara sobre ele. Nightingale também, muito mais tarde, teve fortes relações com Benjamin Jowett, que pôde ter querido se casar com ela. Nightingale continuou suas viagens (agora com Charles e Selina Bracebridge) a lugares tão distantes quanto a Grécia e o Egito. Seus escritos sobre o Egito em particular, são testemunhos da sua aprendizagem, habilidade literária e filosofia de vida. Navegando pelo Nilo tantoquanto Abu Simbel em janeiro de 1850, ela escreveu o pequeno texto que registramos a seguir: “Eu acho que nunca vi nada que me afetara mais do que isso”. E sobre o templo: “Sublime no mais alto nível de beleza intelectual, intelecto sem esforço, sem sofrimento... nenhuma apresentação está correta – mas o efeito completo é mais expressivo da grandeza espiritual do que qualquer coisa que eu poderia ter imaginado. Dá a impressão que milhares de vozes dariam, unindo-se em um só sentimento simultâneo unânime de entusiasmo ou emoção, que fora dito que superaria o homem mais forte”. Em Tebas ela escreveu sobre ser “chamada por Deus”, enquanto uma semana depois, perto do Cairo, ela escreveu em seu diário (como distinto das suas longuíssimas cartas que sua irmã mais velha, Parthenope, imprimira após seu retorno): “Deus me chamou pela manhã e me perguntou se eu faria o bem por ele apenas, sem reputação” Mais tarde, em 1850, ela visitou a comunidade religiosa luterana em Kaiserswerth-am-Rhein na Alemanha, onde ela observou o pastor Theodor Fliedner e as diaconisas que trabalhavam para os doentes e os desprovidos. Ela considerou a experiência como um ponto de virada em sua vida, e publicou suas descobertas anonimamente em 1851; A Instituição de Kaiserswerth no Reno pelo Treinamento Prático das Diaconisas, etc. foi seu primeiro trabalho publicado. Ela também recebeu quatro meses de formação médica no instituto, o que serviu de base para seus cuidados posteriores. Em 22 de agosto de 1853, Nightingale assumiu o cargo de superintendente do Instituto para o Cuidado de Senhoras Doentes em Upper Harley Street, Londres, um cargo que ocupou até outubro de 1854. Seu pai tinha lhe dado uma renda anual de £500 (cerca de £40 mil ou US$ 65 mil dólares americanos em valores atuais), o que lhe permitiu viver confortavelmente e para perseguir a sua carreira. A GUERRA DA CRIMEIA A contribuição mais famosa de Florence Nightingale veio durante a Guerra da Crimeia, que se tornou seu foco central quando chegaram notícias à Grã- Bretanha sobre as terríveis condições dos feridos. Em 21 de outubro de 1854, ela e uma equipe de 38 enfermeiras mulheres voluntárias que ela treinou, incluindo sua tia Mai Smith, e quinze freiras católicas (mobilizadas por Henry Edward Manning) foram enviadas (sob a autorização de Sidney Herbert) para o Império Otomano. Elas foram dispostas em cerca de 295 milhas náuticas(546 quilômetros; 339 milhas) através do Mar Negro a partir de Balaclava na Crimeia, onde o principal acampamento britânico foi levantado. Na imagem que se segue podemos visualizar um pouco essa localização. Nightingale chegou no início de novembro de 1854, nas Casernas de Selimiye em Scutari (atual Üsküdar em Istambul). Sua equipe descobriu que um tratamento pobre para soldados feridos estava sendo levado pelo staff médico sobrecarregado de trabalho sob a indiferença dos oficiais. Faltavam medicamentos, a higiene era negligenciada e infecções em massa eram comuns, muitas delas fatais. Não havia equipamentos para processar alimentos para os pacientes. Depois que Nightingale enviou um apelo para The Times pedindo por uma solução do governo para o mau estado das instalações, o governo britânico encomendou a Isambard Kingdom Brunel o projeto de um hospital pré-fabricado que fosse construído na Inglaterra e pudesse ser enviado para os Dardanelos. O resultado foi o Hospital Renkioi, uma instalação civil, que, sob a gestão do Dr. Edmund Alexander Parkes, teve uma taxa de mortalidade menor do que um décimo da de Scutari. A primeira edição do Dicionário da Biografia Nacional (1911) afirmou que Nightingale reduziu a taxa de mortalidade de 42% para 2%, fosse pelas apenas pelas melhorias na higiene ou por chamar a Comissão Sanitária. Porém, outros escritos afirmam que as taxas de mortalidade, na verdade, começaram a subir aos níveis mais altos de todos os hospitais da região. Durante o seu primeiro inverno em Scutari, 4.077 soldados morreram. Dez vezes mais soldados morreram de doenças como tifo, febre tifoide, cólera e disenteria do que por ferimentos de batalha. Com a superlotação, esgotos defeituosos e falta de ventilação a Comissão Sanitária teve de ser enviada pelo governo britânico para Scutari em março de 1855, quase seis meses depois da chegada de Florence Nightingale. A comissão descarregou os esgotos e melhorou a ventilação. As taxas de mortalidade foram drasticamente reduzidas, embora alguns escritos refiram também que ela não reconheceu a higiene como a causa predominante das mortes na época e, por outro lado, também nunca clamou por crédito de ajudar a reduzir a taxa de mortalidade. Em 2001 e 2008, a BBC lançou documentários críticos do desempenho de Nightingale na Guerra da Crimeia, acompanhando alguns artigos publicados em The Guardian e em The Sunday Times. O estudioso de Nightingale, L. McDonald rejeitou estas críticas como “muitas vezes prepotentes”, argumentando que eles não são sustentadas por fontes primárias. Nightingale acreditava ainda que as taxas de mortalidade alta foi devido à má nutrição, falta de suprimentos e excesso de trabalho dos soldados. Depois que ela voltou para a Inglaterra e começou a coletar provas perante a Comissão Real sobre a Saúde do Exército, ela passou a acreditar que a maioria dos soldados no hospital foram mortos pelas más condições de vida. Essa experiência influenciou sua carreira mais tarde, quando ela defendeu boas condições sanitárias como de grande importância para a vida. Consequentemente, ela reduziu as mortes de tempos de paz no exército e voltou sua atenção para hospitais sanitariamente desenhados. A SENHORA COM A LANTERNA Durante a Guerra da Crimeia, Florence Nightingale ganhou o apelido de “A Senhora com a Lanterna” de uma frase em uma reportagem de The Times. “Ela é um anjo ministrante, sem exagero nenhum nesses hospitais, e no que sua forma esbelta deslizasilenciosamente ao longo de cada corredor, o rosto de todo pobre companheiro amacia com gratidão ao vê-la. Quando todos os oficiais médicos se retiraram durante a noite e o silêncio e a escuridão se estabeleceram sobre aquelas milhas de prostrados doentes, ela pode ser observada sozinha, com uma pequena lanterna na mão, fazendo suas rondas solitárias”. A frase foi popularizada mais ainda pelo poema “Santa Filomena” de Henry Wadsworth Longfellow de 1857: Foi naquela casa de infortúnio. Uma Senhora com uma Lanterna eu vejo. Passa através do brilhoso turno, E, de sala em sala, em cortejo. CARREIRA PROFISSIONAL Em 29 de Novembro de 1855 na Crimeia foi criado o Fundo Nightingale para a formação de enfermeiras durante uma reunião pública de reconhecimento do trabalho de Nightingale na guerra. Houve uma onda de doações generosas. Sidney Herbert atuou comosecretário honorário do fundo e o Duque de Cambridge fora o presidente. Nightingale foi considerada também uma pioneira no conceito de turismo médico, com base em suas 1.856 cartas descrevendo spas no Império Otomano. Ela detalhou as condições de saúde, descrições físicas, informações de dietas e outros detalhes vitais dos pacientes que ela dirigiu lá. O tratamento lá era significativamente menos caro do que na Suíça. Nightingale teve £45 mil à sua disposição a partir do Fundo Nightingale para criar a Escola de Treinamento Nightingale no Hospital St. Thomas em 9 de Julho de 1860. As primeiras enfermeiras Nightingale treinadas começaram a trabalhar em 16 de maio de 1865 na Enfermaria Casa de Cuidados de Liverpool. Hoje chamada de Escola de Enfermagem e Obstetrícia Florence Nightingale, a escola faz parte do King’s College de Londres. Ela também fez campanha e levantou fundos para o Hospital Real de Buckinghamshire em Aylesbury, perto da casa de sua irmã em Claydon House. Nightingale escreveu Notas sobre Enfermagem no ano de1859. O livro fez as vezes de pedra fundamental do currículo da Escola Nightingale e de outras escolas de enfermagem, muito emboratenha sido escrito especificamente para a educação das pessoas para enfermagem domiciliar. Nightingale escreveu “O conhecimento sanitário diário, ou o conhecimento de enfermagem, ou, em outras palavras, de como pôr a Constituição em tal Estado no qual não teremos doença, ou que teremos recuperação de doença, tome um lugar mais alto. Isto é reconhecido como o conhecimento que cada um deve ter – independente do conhecimento médico, o qual só uma profissão pode ter.” A seguir imagem de uma das edições do referido livro. Notas sobre a Enfermagem também vendeu bem para o público leitor em geral e é considerada uma clássica introdução à enfermagem. Nightingale passou o resto de sua vida promovendo e organizando a profissão de enfermagem. Na introdução da edição de 1974, Joan Quixley da Escola Nightingale de Enfermagem escreveu: “O livro foi o primeiro de seu tipo a ser escrito. Apareceu num momento em que simples regras de saúde estavam apenas começando a serem conhecidas, quando os seus temas foram de importância vital não só para o bem-estar dos pacientes em recuperação, quando os hospitais estavam cheios de infecção, quanto para os enfermeiros que ainda eram majoritariamente considerados como pessoas ignorantes e sem instrução. O livro tem, inevitavelmente, o seu lugar na história da enfermagem, pois foi escrito pela fundadora da enfermagem moderna”. Como Mark Bostridge demonstrou recentemente, uma das realizações mais pontuais de Nightingale foi a introdução de enfermeiras treinadas para o sistema de casas de cuidados na Inglaterra e na Irlanda da década de 1860 em diante. Isso significava que indigentes doentes não estavam mais sendo cuidados por outros indigentes sadios, mas por equipe de enfermagem devidamente treinada. Embora Nightingale seja dita às vezes por ter negado a teoria da infecção por toda a sua vida, uma biografia recente discorda, dizendo que ela estava simplesmente fazendo oposição a uma teoria dos germes precursora conhecida como “contagionismo”. Esta teoria sustentou que a doença só poderia ser transmitida pelo toque. Antes dos experimentos de meados da década de 1860 por Pasteur e Lister , dificilmente quase alguém levava a sério a teoria dos germes; mesmo depois, muitos médicos praticantes não ficaram convencidos. Bostridge apontou que no início dos anos 1880 Nightingale escreveu um artigo para um livro texto em que ela defendeu precauções estritas concebidas, disse ela, para matar os germes. O trabalho de Nightingale serviu de inspiração para os enfermeiros na Guerra Civil Americana. O governo da União se aproximou dela para conselhos sobre a organização da medicina de campo. Embora suas ideias tenham encontrado resistência de oficiais, elas inspiraram o corpo voluntário da Comissão Sanitária dos Estados Unidos. Na década de 1870, Nightingale foi mentora de Linda Richards, a “primeira enfermeira treinada da América”, e permitiu a ela para voltar para os EUA com a formação e conhecimentos adequados para estabelecer escolas de enfermagem de alta qualidade. Linda Richards se tornou uma grande pioneira de enfermagem nos EUA e Japão. Em 1882, várias enfermeiras Nightingale tornaram-se matronas em vários hospitais de renome, incluindo, em Londres (Hospital Santa Maria, Hospital Westminster, Casa de Cuidados e Enfermaria St. Marylebone e o Hospital para Incuráveis em Putney) e por toda a Grã-Bretanha (Hospital Vitoriano Real, Netley; Enfermaria Real de Edimburgo; Enfermaria de Cumberland e a Enfermaria Real de Liverpool), bem como no Hospital de Sydney, em Nova Gales do Sul, na Austrália. Em 1883, Nightingale foi premiada com a Cruz Vermelha Real pela Rainha Vitória. Em 1904, foi nomeada a Senhora da Graça da Ordem de São João (LGStJ). Em 1907, ela se tornou a primeira mulher a ser condecorada com a Ordem do Mérito. No ano seguinte, foi dada a ela a Honraria da Liberdade da Cidade de Londres. Seu aniversário é hoje comemorado como o Dia Internacional da consciência sobre Síndrome de Fadiga Crônica. “A Liberdade Honorária (Honorary Freedom) é ocasionalmente atribuída a líderes mundiais e outros indivíduos proeminentes em reconhecimento as suas realizações. Trata-se da honra mais distinta conferida pela Cidade de Londres. ” De 1857 em diante, Nightingale foi intermitentemente acamada e sofrera de depressão. Uma biografia recente cita brucelose e espondilose associada como causas. Uma explicação alternativa para sua depressão é baseada em sua descoberta após a guerra que tinha sido enganada sobre as razões para a alta taxa de mortalidade. Não há, no entanto, nenhuma prova documental para apoiar esta teoria. A maioria das autoridades hoje aceita que Nightingale sofria de uma forma particularmente extrema de brucelose, cujos efeitos começaram a serem levantados apenas no início dos anos 1880. Apesar de seus sintomas, ela permaneceu produtiva na reforma social. Durante seus anos acamada, ela fez também um trabalho pioneiro na área de planejamento hospitalar, e seu trabalho se propagou rapidamente pela Grã-Bretanha e pelo mundo. ANA NERI A representatividade que Florence Nightingale tem para a Enfermagem internacional, Ana Neri, guardada as devidas proporções, tem aqui no Brasil. Nascida na cidade de Cachoeira, interior da Bahia, em 1810, Ana Neri tem uma história semelhante com a de Florence. A afinidade, no entanto, não é a mesma no quesito financeiro. Afinal, a enfermeira brasileira teve uma origem humilde. O que aproxima as duas é, na verdade, a relação com grandes guerras. GUERRA DO PARAGUAI Ana Neri também se voluntariou para defender as cores da bandeira de seu país, só que na Guerra do Paraguai. O pedido de oferecer seus serviços como enfermeira ao exército do Brasil foi também uma maneira de ficar mais próxima de seus filhos, que serviam à pátria. Então, depois de passar por um pequeno período de treinamento no Rio Grande do Sul, aos 51 anos, a enfermeira integrou o Décimo Batalhão de Voluntários. À época, começou a tratar pacientes em hospitais militares nas cidades de Salto, Corrientes e Assunção. Reconhecimento e homenagens Com muito êxito em seu trabalho, Ana Neri voltou da Guerra e começou a receber homenagens por seus serviços prestados. Alguns reconhecimentos foram feitos em vida e outros, após o seu falecimento. Em 1870, Ana recebeu duas medalhas: a de prata Geral de Campanha e a Humanitária de Primeira Classe. Além disso, o Imperador Dom Pedro II conferiu pensão vitalícia por decreto, para que ela pudesse criar seus filhos, que haviam ficado órfãos de pai após a Guerra. Ana Neri faleceu em 1880, mas as condecorações por seu pioneirismo continuaram acontecendo. Em 1923, a primeira escola de alto padrão em Enfermagem do Brasil foi batizada com o nome da enfermeira. Em 2009, por meio da Lei nº 12.105, de 2 de dezembro, Ana Neri foi a primeira brasileira a integrar o Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria. Esta obra fica arquivada no Panteão da Liberdade e da Democracia, na capital federal. CRUZ VERMELHA BRASILEIRA https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_do_Brasil http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/L12105.htm A Cruz Vermelha Brasileira foi organizada e instalada no Brasil em fins de 1908, tendo como primeiro presidente o médico Oswaldo Cruz. Destacou-se a Cruz Vermelha Brasileira por sua atuação durante a I Guerra Mundial (1914-1918). Durante a epidemia de gripe espanhola (1918), colaborou na organização de postos de socorro, hospitalizando doentes e enviando socorristas a diversas instituições hospitalares e a domicílio. Atuou também socorrendo vítimas das inundações, nos Estados de Sergipe e Bahia, e as secas do Nordeste. Muitas das socorristas dedicaram-se ativamente à formação de voluntárias, continuando suas atividades após o término do conflito. PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM NO BRASIL 1. Escola de Enfermagem "Alfredo Pinto" Esta escolaé a mais antiga do Brasil, data de 1890, foi reformada por Decreto de 23 de maio de 1939. O curso passou a três anos de duração e era dirigida por enfermeiras diplomadas. Foi reorganizada por Maria Pamphiro, uma das pioneiras da Escola Anna Nery. 2. Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro Começou em 1916 com um curso de socorrista, para atender às necessidades prementes da 1ª Guerra Mundial. Logo foi evidenciada a necessidade de formar profissionais (que se desenvolveu somente após a fundação da Escola Anna Nery) e o outro para voluntários. Os diplomas expedidos pela escola eram registrados inicialmente no Ministério da Guerra e considerados oficiais. Esta encerrou suas atividades. 3. Escola Anna Nery A primeira diretoria foi Miss Clara Louise Kienninger, senhora de grande capacidade e virtude, que soube ganhar o coração das primeiras alunas. Com habilidade fora do comum, adaptou-se aos costumes brasileiros. Os cursos tiveram início em 19 de fevereiro de 1923, com 14 alunas. Instalou-se pequeno internato próximo ao Hospital São Francisco de Assis, onde seriam feitos os primeiros estágios. Em 1923, durante um surto de varíola, enfermeiras e alunas dedicaram-se ao combate à doença. Enquanto nas epidemias anteriores o índice de mortalidade atingia 50%, desta vez baixou para 15%. A primeira turma de Enfermeiras diplomou-se em 19 de julho de 1925. Destacam-se desta turma as Enfermeiras Lais Netto dos Reys, Olga Salinas Lacôrte, Maria de Castro Pamphiro e Zulema Castro, que obtiveram bolsa de estudos nos Estados Unidos. A primeira diretora brasileira da Escola Anna Nery foi Raquel Haddock Lobo, nascida a 18 de junho de 1891. Foi a pioneira da Enfermagem moderna no Brasil. esteve na Europa durante a Primeira Grande Guerra, incorporou-se à Cruz Vermelha Francesa, onde se preparou para os primeiros trabalhos. De volta ao Brasil, continuou a trabalhar como Enfermeira. Faleceu em 25 de setembro de 1933. 4. Escola de Enfermagem Carlos Chagas Por Decreto nº 10.925, de 7 de junho de 1933 e iniciativa de Dr. Ernani Agrícola, diretor da Saúde Pública de Minas Gerais, foi criado pelo Estado a Escola de Enfermagem "Carlos Chagas", a primeira a funcionar fora da Capital da República. A organização e direção dessa Escola coube a Laís Netto dos Reys, sendo inaugurada em 19 de julho do mesmo ano. A Escola "Carlos Chagas", além de pioneira entre as escolas estaduais, foi a primeira a diplomar religiosas no Brasil. 5. Escola de Enfermagem "Luisa de Marillac" Fundada e dirigida por Irmã Matilde Nina, Filha de caridade, a Escola de Enfermagem Luisa de Marillac representou um avanço na Enfermagem Nacional, pois abria largamente suas portas, não só às jovens estudantes seculares, como também às religiosas de todas as Congregações. É a mais antiga escola de religiosas no Brasil e faz parte da União Social Camiliana, instituição de caráter confessional da Província Camiliana Brasileira. 6. Escola Paulista de Enfermagem Fundada em 1939 pelas Franciscanas Missionárias de Maria, foi a pioneira da renovação da enfermagem na Capital paulista, acolhendo também religiosas de outras Congregações. Uma das importantes contribuições dessa escola foi início dos Cursos de Pós-Graduação em Enfermagem Obstétrica. Esse curso que deu origem a tantos outros, é atualmente ministrado em várias escolas do país. 7. Escola de Enfermagem da USP Fundada com a colaboração da Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP) em 1944, faz parte da Universidade de São Paulo. Sua primeira diretora foi Edith Franckel, que também prestara serviços como Superintendente do Serviço de Enfermeiras do Departamento de Saúde. A primeira turma diplomou- se em 1946. ENTIDADES DE CLASSE 1. Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn Sociedade civil sem fins lucrativos que congrega enfermeiras e técnicos em enfermagem, fundada em agosto de 1926, sob a denominação de "Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras". É uma entidade de direito privado, de caráter científico e assistencial regida pelas disposições do Estatuto, Regulamento Geral ou Regimento Especial em 1929, no Canadá, na Cidade de Montreal, a Associação Brasileira de Enfermagem, foi admitida no Conselho Internacional de Enfermeiras (I.C.N.). Por um espaço de tempo a associação ficou inativa. Em 1944, um grupo de enfermeiras resolveu reerguê-la com o nome Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas. Seus estatutos foram aprovados em 18 de setembro de 1945. Foram criadas Seções Estaduais, Coordenadorias de Comissões. Ficou estabelecido que em qualquer Estado onde houvesse 7 (sete) enfermeiras diplomadas, poderia ser formada uma Seção. Em 1955, esse número foi elevado a 10 (dez). Em 1952, a Associação foi considerada de Utilidade Pública pelo Decreto nº 31.416/52. Em 21 de agosto de 1964, foi mudada a denominação para Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn, com sede em Brasília, funciona através de Seções formadas nos Estados, e no Distrito Federal, as quais, por sua vez, poderão subdividir-se em Distritos formados nos Municípios das Unidades Federativas da União. 1.1. Finalidades da ABEn - Congregar os enfermeiros e técnicos em enfermagem, incentivar o espírito de união e solidariedade entre as classes; - Promover o desenvolvimento técnico, científico e profissional dos integrantes de Enfermagem do País; - Promover integração às demais entidades representativas da Enfermagem, na defesa dos interesses da profissão. 1.2. Estrutura ABEn é constituída pelos seguintes órgãos, com jurisdição nacional: a) Assembléia de delegados b) Conselho Nacional da ABEn (CONABEn) c) Diretoria Central d) Conselho Fiscal 1.3. Realizações da ABEn - Congresso Brasileiro em Enfermagem Uma das formas eficazes que a ABEn utiliza para beneficiar a classe dos enfermeiros, reunindo enfermeiros de todo o país nos Congressos para fortalecer a união entre os profissionais, aprofundar a formação profissional e incentivar o espírito de colaboração e o intercâmbio de conhecimentos. 2. Sistema COFEN/CORENs 2.1. Histórico a) Criação- Em 12 de julho de 1973, através da Lei 5.905, foram criados os Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem, constituindo em seu conjunto Autarquias Federais, vinculadas ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. O Conselho Federal e os Conselhos Regionais são Órgãos disciplinadores do exercício da Profissão de Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. Em cada Estado existe um Conselho Regional, os quais estão subordinados ao Conselho federal, que é sediado no Rio de Janeiro e com Escritório Federal em Brasília. b) Direção- Os Conselhos Regionais são dirigidos pelos próprios inscritos, que formam uma chapa e concorrem à eleições. O mandato dos membros do COFEN/CORENs é honorífico e tem duração de três anos, com direito apenas a uma reeleição. A formação do plenário do COFEN é composta pelos profissionais que são eleitos pelos Presidentes dos CORENs. c) Receita- A manutenção do Sistema COFEN/CORENs é feita através da arrecadação de taxas emolumentos por serviços prestados, anuidades, doações, legados e outros, dos profissionais inscritos nos CORENs. d) Finalidade- O objetivo primordial é zelar pela qualidade dos profissionais de Enfermagem e cumprimento da Lei do Exercício Profissional. O Sistema COFEN/CORENs encontra-se representado em 27 Estados Brasileiros, sendo este filiado ao Conselho Internacional de Enfermeiros em Genebra. - Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) Normatizar e expedir instruções, para uniformidade de procedimento e bom funcionamento dos Conselhos Regionais; Esclarecer dúvidas apresentadas pelos CORENs; Apreciar Decisões dos COREns; Aprovar contas e propostas orçamentárias de Autarquia, remetendo-as aos Órgãos competentes; Promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional; Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por lei. - Conselho Regional de Enfermagem (COREN) Deliberar sobre inscrições no Conselho e seu cancelamento; Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observando as diretrizes gerais do COFEN; Executar as instruções e resoluções do COFEN; Expedir carteira e cédula de identidade profissional, indispensável ao exercício da profissão, a qual tem validade em todo o território nacional; Fiscalizar e decidir os assuntos referentes à Ética Profissional impondo as penalidades cabíveis; Elaborar a proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno, submetendo-os a aprovação do COFEN; Zelar pelo conceito da profissão e dos que a exercem; Propor ao COFEN medidas visando a melhoria do exercício profissional; Eleger sua Diretoria e seus Delegados a nível central e regional; Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas pela Lei 5.905/73 e pelo COFEN. 2.3.- Sistema de Disciplina e Fiscalização O Sistema de Disciplina e Fiscalização do Exercício Profissional da Enfermagem, instituído por lei, desenvolve suas atividades segundo as normas baixadas por Resoluções do COFEN. O Sistema é constituído dos seguintes objetivos: a) Área disciplinar normativa: Estabelecendo critérios de orientação e aconselhamento para o exercício da Enfermagem, baixando normas visando o exercício da profissão, bem como atividade na área de Enfermagem nas empresas, consultórios de Enfermagem, observando as peculiaridades atinentes à Classe e a conjuntura de saúde do país. b) Área disciplinar corretiva: Instaurando processo em casos de infrações ao Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, cometidas pelos profissionais inscritos e, no caso de empresa, processos administrativos, dando prosseguimento aos respectivos julgamentos e aplicações das penalidades cabíveis; encaminhando às repartições competentes os casos de alçada destas. c) Área fiscalizatória: Realizando atos e procedimentos para prevenir a ocorrência de Infrações à legislação que regulamenta o exercício da Enfermagem; inspecionando e examinando os locais públicos e privados, onde a Enfermagem é exercida, anotando as irregularidades e infrações verificadas, orientando para sua correção e colhendo dados para a instauração dos processos de competência do COREN e encaminhando às repartições competentes, representações. -►Símbolos utilizados na Enfermagem • Lâmpada: caminho, ambiente; • Cobra: magia, alquimia; • Cobra + cruz: ciência; • Seringa: técnica • Cor verde: paz, tranqüilidade, cura, saúde - Pedra Símbolo da Enfermagem: Esmeralda - Cor que representa a Enfermagem: Verde Esmeralda - Símbolo: lâmpada TEORIA DE ENFERMAGEM Teoria Ambientalista 1958 (Florence Nightingale) No qual demonstrou que um ambiente limpo o número de infecção diminuirá, compreendido hoje como infecção hospitalar LEOPARDI, 1999 e 2006; GEORGE, 2000; SANTOS; CARRARO 2001. Teoria Interpessoal 1952 ( Hildegard Peplau) Apresenta o processo de interação enfermeiro-cliente, compreendido como agir diante das situações adversas MELEIS, 1985; LEOPARDI, 1999; LEOPARDI, 2006; GEOEGE, 2000; SANTOS, 2001. Teoria da definição das Práticas em Enfermagem 1955 (Virgínia Henderson) Função da enfermagem é assistir o indivíduo doente ou sadio no desempenho de suas atividades, ajudando-o o para independência MELEIS, 1985; LEOPARDI, 1999; LEOPARDI, 2006; GEORGE, 2000 e SANTOS, 2001. Teoria Prescritiva do Cuidado 1958 (Ernestine Wiedenbach) Teoria sendo o foco a necessidade do paciente e a enfermagem num processo nutridor, apresentando quatro elementos de assistência: a filosofia, proposito, pratica e arte. Teoria dos Sistemas de Neumam 1974 (Betty Neuman)-No qual a enfermagem era uma profissão que ajuda indivíduos a buscarem a melhor respostas a condições aos estressores internos e esternos. Desenvolveu o modelo de sistemas holísticos, com foco nos aspectos psicológicos, fisiológicos, socioculturais e desenvolvimentistas dos seres humanos LEOPARDI, 1999; LEOPARDI, 2006; GEORGE, 2000. Teoria do Cuidado Transcultural 1978 (Madeleine Leininger)-Como foco o cuidado, e sua essência a prática e o conhecimento. Na sua teoria defendeu que a enfermagem deve considerar os valores culturais e a crenças das pessoas LEOPARDI, 1999; LEOPARDI, 2006; GEORGE, 2000; SANTOS, 2001. Teoria das Necessidades Humanas Básicas NHB) 1970 (Wanda de Aguiar Horta)- Baseado nas necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais, propõe uma metodologia para o processo de enfermagem focando o ser humano integral, na busca do equilíbrio bio-psico-sócioespiritual PAIM, 1998; LEOPARDI, 1999; LEOPARDI, 2006; BUB, 2001; MARIA; MARTINS e PEIXOTO, 2005. Teoria do autocuidado 1970 (Dorothea E. Orem) Sistema de ajuda para o autocuidado, quando o paciente apresenta um déficit de autocuidado ou não possui condições de realizá-lo a enfermagem relaciona a educação em saúde, com propósito de tomar o paciente independente MELEIS, 1985; LEOPARDI, 1999; LEOPARDI, 2006; GEORGE, 2000; SANTOS, 2001. Teoria de solução de problemas 1960 (Faye Abdellah) A enfermagem deve satisfazer as necessidades físicas e psicológicas , sociais e espirituais, para tanto, deve usar instrumentos como: relações interpessoais sociologia e comunicação. Teoria da obtenção de metas1971 (Imogene King) A estrutura conceitual preconizada por King inclui meta,estrutura, função, recursos e tomada de decisão como elementos essenciais para o trabalho do enfermeiro.