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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - CAMPUS I CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - CCBS DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM ADMILLA ROANA CABRAL OLIVEIRA ELLEN CRISTINA CORDEIRO LIMA HELLEN ANAÍDH DE OLIVEIRA LUANA PAULINO DA SILVA Portfólio: Percepção de estudantes de enfermagem em relação à Análise Histórica da Enfermagem CAMPINA GRANDE, PB 2022 ADMILLA ROANA CABRAL OLIVEIRA ELLEN CRISTINA CORDEIRO LIMA HELLEN ANAÍDH DE OLIVEIRA LUANA PAULINO DA SILVA Portfólio: Percepção de estudantes de enfermagem em relação à Análise Histórica da Enfermagem Trabalho apresentado ao Curso de Enfermagem da Universidade Estadual da Paraíba, como requisito para a disciplina de Análise Histórica da Enfermagem do 1° Período da Graduação. Orientador: Prof. Valdecir Carneiro da Silva CAMPINA GRANDE, PB 2022 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3 2. METÓDO DE ANÁLISE DAS AULAS .......................................................................... 4 3. PLANO DE CURSO ......................................................................................................... 5 4. ENSINO E ÁREA DE REFLEXÃO-APLICAÇÃO DA ANÁLISE DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM ................................................................................................................ 7 5. ENFERMAGEM COMO PRÁTICA SOCIAL ............................................................ 14 6. AS ENTIDADES REPRESENTATIVAS DA ENFERMAGEM NO MUNDO E NO BRASIL ................................................................................................................................... 15 7. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM .................... 18 8. GUERRAS E ENFERMAGEM ..................................................................................... 23 9. OS PRIMEIROS CUIDADOS DA ENFERMAGEM NO BRASIL ........................... 26 10. FLORENCE NIGHTINGALE....................................................................................... 30 11. ENSINO DE ENFERMAGEM NO BRASIL ............................................................... 33 12. MOBILIZAÇÕES E REIVINDICAÇÕES ATUAIS DA ENFERMAGEM BRASILEIRA ......................................................................................................................... 37 13. AVANÇOS, DESAFIOS E PESPECTIVAS PARA A ENFERMAGEM BRASILEIRA ......................................................................................................................... 39 14. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 43 15. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 44 3 1. INTRODUÇÃO Este Portfólio Reflexivo equivale a uma das notas para a disciplina de Análise Histórica da Enfermagem, componente curricular do curso de bacharelado em Enfermagem da Universidade Estadual da Paraíba. O trabalho em questão condiz com um resumo crítico sobre todo o conteúdo que foi discutido, utilizando como base as aulas ministradas e os materiais de apoio concedidos aos discentes. De modo geral, o portfólio serve para avaliar os estudantes com a apresentação de um breviário crítico-reflexivo sobre a trajetória de aprendizagem. Como afirma Rosângela Cotta et.al (2013): "O portfólio é um método que proporciona um processo ensino-aprendizagem ativo, cujo enfoque metodológico se baseia na comunicação dialógica entre os diferentes sujeitos; a intenção é que os estudantes desenvolvam além de conhecimentos, atitudes e habilidades." Enfim, é válido destacar que este trabalho contém, além de registros, uma análise crítica sobre a construção do processo de ensino-aprendizagem. Tendo como objetivo fazer uma análise da percepção dos graduandos em enfermagem sobre a atuação dos portfólios como uma estratégia de avaliação da aprendizagem. 4 2. METÓDO DE ANÁLISE DAS AULAS Componente de uma das dez cadeiras do primeiro período do curso de Enfermagem da Universidade Estadual da Paraíba, a Análise Histórica da Enfermagem aborda a prática dos cuidados desde o início da civilização até os dias de hoje, além de abordar os marcos da história da enfermagem e a importância da compreensão acerca da constituição profissional que acarretou a qualificação dos enfermeiros atualmente. No decorrer da disciplina é possível observar, sobretudo, como os cuidados com o próximo são base para a enfermagem e exercem grande importância para a sociedade. Desse modo, se destaca o conceito de cuidar na enfermagem promovido por Maria de Lourdes de Souza et al (2005): “Deste modo, prestar cuidado quer na dimensão pessoal quer na social é uma virtude que integra os valores identificadores da profissão da enfermagem. Assim, compartilhar com as demais pessoas experiências e oportunidades, particularmente as que configuram o bem maior, a vida, constitui um dos fundamentos dos humanistas, que se apresenta na essência do cuidado de enfermagem.” Visto tudo isso, nota-se como a Análise Histórica da Enfermagem é uma disciplina importante para o entendimento da enfermagem e sua importância para a sociedade. Para análise do componente curricular foram aplicados os conteúdos encontrados nos materiais (artigos, matérias e livros) disponibilizados pelo docente responsável, o professor Valdecir Carneiro da Silva. 5 3. PLANO DE CURSO No dia 29 de abril de 2022, foi ministrada a primeira aula de Análise Histórica da Enfermagem, na qual foram informadas a dinâmica e metodologia das aulas posteriores. A carga horária do componente é de 30 horas, com aulas presenciais semanais, ocorridas toda sexta-feira, com duração de 2 horas, das 9h às 11h. Os componentes curriculares regulares dos cursos de graduação da UEPB exigem a realização de duas avaliações, dando ao aluno o direito de, ao final da Segunda Unidade, realizar reposição das atividades e Prova Final. Nesta primeira aula do componente, ocorreu a apresentação do curso, com o esclarecimento da área de atuação para a História da Enfermagem, o plano de ensino, o regimento do curso, os procedimentos didáticos adotados com o objetivo de desenvolvimento da metodologia crítico-reflexiva (apresentação do Plano de Curso, aulas expositivas e dialogadas; estudos dirigidos, portfólio, seminários, análise de vídeos ou filmes/documentários temáticos), evidenciando os pontos principais da disciplina e seu objetivo geral: analisar os contextos da História da Enfermagem, desde os indícios da pré- história e antigas civilizações até os dias atuais. Além disso, foram discutidos os objetivos específicos, sendo eles: • Apresentar a trajetória dos processos de cuidado humano e as concepções de saúde- doença, seguindo as diferentes etapas históricas e culturais da humanidade; • Identificar as influências das religiões nas práticas de cuidado da Enfermagem Pré- Profissional e atual; • Analisar a organização, sistematização, implantação e difusão do Ensino da Enfermagem Moderna no mundo e no Brasil; • Identificar contextos, instituições, organização e tipos de assistências no desenvolvimento das práticas de cuidado, avanço, desafios e perspectivas atuais da Enfermagem, incentivando e estimulando o senso crítico e reflexivo do aluno recém- ingresso no Curso de Graduação em Enfermagem. Durante esta aula introdutória, também foi disponibilizada a ementa do curso, em que os conteúdos ficaram divididos em duas unidades: • Práticas de cuidados, do início da civilização até à contemporaneidade; • Etapas históricas e culturais da humanidade eas concepções de saúde-doença que instruem as formas de cuidar; • Instituições, organização e tipos de assistências no desenvolvimento das práticas de cuidados; 6 • A influência do cristianismo e da cristandade, na Idade Média, na implantação de serviços religiosos de enfermagem; • Surgimento da Enfermagem Moderna; • História da enfermagem no Brasil; • Prática profissional da enfermagem frente à pós-modernidade; • Contextualização da enfermagem regional; • Enfermagem atual: avanços, desafios e perspectivas. 7 4. ENSINO E ÁREA DE REFLEXÃO-APLICAÇÃO DA ANÁLISE DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM Também ministrada no dia 29 de abril de 2022, esta aula teve como objetivo discutir sobre o início da enfermagem na região Nordeste do Brasil, além da história do curso de enfermagem em Campina Grande, PB. Primeiramente, foram expostos os nomes que foram essenciais no pioneirismo da profissão em Campina Grande, que vieram dos Estados de Alagoas e Paraíba. Do estado de Alagoas destacam-se: Lalie Alves Navarro, Lenira Pacheco Moreira, Leonete Procópio dos Santos, Luzia Almeida Santos e Maria do Carmo Feitosa. Enquanto, no estado da Paraíba: Irismar Carvalho Lôbo, Maria da Glória Uchoa Barbosa e Maria Zélia Uchoa Barbosa. Dentro da exposição destas pioneiras, apresentou-se também algumas figuras das principais figuras no entendimento do princípio da História da Enfermagem, como: a Profa. Luzia Almeida Santos e a Profa. Lalie Alves Navarro, ambas alagoanas que trabalhavam em Campina Grande, na Paraíba, que estudaram na Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças em Pernambuco. Complementando essa discussão o docente trouxe imagens para o melhor entendimento do conteúdo. Figura 1: Profa. Luzia Almeida dos Santos 8 Figura 2: Profa. Lalie Alves Navarro Além disso, o professor trouxe, também por meio de imagens, as primeiras escolas e hospitais da região, destacando a Escola de Enfermagem da Medalha Milagrosa (depois mudada para Escola de Enfermeiras N.S. das Graças e atualmente FENSG/UPE), o Hospital Regional Alcides Carneiro do Instituto de Previdência e Assistência ao Servidor (IPASE), a Escola Regional de Auxiliar de Enfermagem de Campina Grande e a Universidade Regional do Nordeste (URNe), esta última teve destaque na discussão devido ao seu papel no desenvolvimento do atual centro de Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Figura 3: Primeiramente Escola de Enfermagem da Medalha Milagrosa (1945), depois Escola de Enfermeiras N.S. das Graças (1946), atual FENSG/UPE. 9 Figura 4: Hospital Regional Alcides Carneiro do Instituto de Previdência e Assistência ao Servidor (IPASE) Fonte: Campina Grande, Paraíba (1950) Figura 5: Escola Regional de Auxiliar de Enfermagem de Campina Grande Fonte: Revista “O Cruzeira”, 04 de março de 1964 10 Figura 6: Universidade Regional do Nordeste - URNe Fonte: Revista “O Cruzeira”, 03 de junho de 1967 4.1 WALESKA PAIXÃO No artigo complementar enviado pelo professor, na plataforma Classroom, “Waleska Paixão: uma biografia a serviço da enfermagem brasileira”, destaca-se como uma figura marcante na história da enfermagem, por sua excelência, dedicação e toda a sua contribuição para a profissão. Desde jovem manifestando seu interesse no processo do cuidar, sempre buscou se especializar e estudar, aprendendo várias línguas de forma autodidata. Ainda na adolescência, atuou como voluntaria em sua região durante a gripe espanhola. Entrou para o curso de enfermagem na mesma escola onde dava aula (EECC) aos 33 anos e, depois de formada, foi chamada para ser diretora da EECC, na qual atuou equiparando- a ao modelo Anna Nery. Dentre suas contribuições, está a sua mobilização em busca de um órgão defensor da profissão a nível estadual, criando posteriormente a ABED – MG. Também atuou como diretora da escola Anna Nery durante 16 anos, sempre promovendo reuniões entre as diretoras de escolas do país, buscando uma maior atenção a formação profissional. Como professora de história e de ética, auxiliou no estabelecimento da enfermagem como uma profissão técnico- cientifica a nível universitário e participou da luta para a aprovação de um código de ética para a profissão. Waleska Paixão foi uma das pioneiras da enfermagem, trouxe uma visão de dever e cuidado, abordando os três elementos básicos da profissão: habilidade, ciência e espírito de serviço, que são necessários para conhecer a história da enfermagem e melhor compreender o histórico da nossa civilização. Em seu livro “Páginas da História da Enfermagem (1951)”, a autora faz uma linha do tempo, e divide a história da enfermagem em seis períodos: 11 • Período antes de Cristo; • Período da Unidade Cristã; • Período Crítico da Enfermagem; • Primeiros movimentos de reforma da Enfermagem; • Sistema Nightingale; • Enfermagem no Brasil. Além disso, em 1960, por seu vasto conhecimento e importância, Waleska foi indicada ao título de "Cidadã Carioca" pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Muito cedo, ela aprendeu o que seria o princípio do ofício da enfermagem, pois com a pandemia de gripe espanhola e Primeira Guerra Mundial, Waleska desempenhou o papel introdutório do "ofício de ser enfermeira” (AZEVEDO E GOMES, 2009). Figura 7: Waleska Paixão Fonte: Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn Nacional 4.2 MARIE-FRANÇOISE COLLIÉRE Foi uma importante figura no campo da enfermagem. Lecionou na Universidade Lumière de Lyon II, no curso de mestrado de Ciências e Técnicas Sanitárias e Sociais, de 1965 a 1994. Em seu livro “Promover a vida”, Marie destaca que para o entendimento da importância do papel da enfermeira na prestação dos “cuidados de enfermagem”, se torna indispensável interrogar a história, com destaque no inquérito sobre as mulheres que prestam cuidados, já que, é só através da compreensão do passado em questão, que podemos desvendar “o significado original dos cuidados: estimular e mobilizar as capacidades de viver dos doentes que acompanham" (COLLIÉRE, 1999). 12 Figura 8: Livro “Promover a vida” Figura 9: Livro: Cuidar... A primeira arte da vida 13 Também escrito por Marie, “Cuidar... A primeira arte da vida”, é uma obra que agrupou diversos artigos que trazem a abordagem e concepção dos cuidados. Fazendo uma análise dos dilemas que se colocam a profissão de enfermagem, essa obra contribui para a reflexão e argumentação sobre os cuidados prestados pelos profissionais de enfermagem, que tem tão pouca viabilidade social. Figura 10: Marie-Françoise Colliére 4.3 ATUALIDADES Na aula do dia 29 de abril, também foi discutida a importância do entendimento do passado da enfermagem, compreendendo o seu desenvolvimento, que é essencial para esclarecer as origens dessa profissão e as raízes culturais e históricas que auxiliam na qualificação profissional. Como afirma a Associação Americana de História da Enfermagem: “A História da Enfermagem deve ser incluída como área específica no currículo de graduação e pós-graduação, pois seu conteúdo permite a reflexão crítica sobre os significados da profissão, consubstancia o sentido atribuído ao seu exercício e legitima a identidade profissional, provendo enfermeiros e estudantes de enfermagem de competências cognitivas, que ampliam o conhecimento dos fenômenos consoantes à saúde-doença.” https://s3.amazonaws.com/s3.timetoast.com/public/uploads/photo/16015354/image/823962f35460b4d15a67f229aaf15571 14 5. ENFERMAGEM COMO PRÁTICA SOCIAL A aula ministrada dia 06 de maio de 2022 com o auxílio de slides informativos, teve por objetivo conceituar práticas sociais e a relação da enfermagem com estas. De acordo com os slides disponibilizados pelo docente, prática social é entendida como a açãoque se desenvolve em resposta a um interesse e/ou necessidade da pessoa e da sociedade, exercida por seus praticantes sobre o objeto do seu fazer, através da qual estabelecem relações, aplicam o seu saber como forma de transformar uma realidade concreta. “No momento em que o enfermeiro busca definir seu papel social, ele deve buscar compreender o lugar que ocupa, as possibilidades e limitações que a estrutura social lhe impõe. [...] Poderá levá-lo, portanto, a uma ação política objetiva e consequente.” (Martins, 1987) Na aula e nos artigos propostos, evidenciou-se a necessidade do profissional de enfermagem de estar sempre atualizado para promover um cuidado integrador em saúde, pois sempre deve buscar entender o paciente como um ser social, compreendendo como o meio influencia seu quadro. Ademais, no SUS, o enfermeiro deve sempre buscar promover novas possibilidades interativas e associativas, diante de sua função assistencial, educativa e administrativa, sempre prezando pela ordem e organização como itens fundamentais para a realização do seu trabalho. Diante disso, o enfermeiro deve focar no diálogo, na criticidade e inquietude, e que para isso, deve fortalecer sua tímida participação na elaboração de políticas públicas, e engajar na luta contra as injustiças sociais, buscando combater a precarização do trabalho em saúde, e o fortalecimento da atenção primária. 15 6. AS ENTIDADES REPRESENTATIVAS DA ENFERMAGEM NO MUNDO E NO BRASIL Ministradas nos dias 6 e 13 de maio de 2022, o professor apresentou em sala, as entidades representativas da enfermagem no mundo e no Brasil, com o objetivo de uma maior compreensão da história da enfermagem, destacando a importância da profissão. A exposição do conteúdo ocorreu por meio de slides com imagens, além de textos de apoio disponibilizados pelo Google Classroom. 6.1 CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMEIROS – ICN Em 1 de julho de 1899, Ethel G. Fenwick propôs a fundação do Conselho Internacional de Enfermeiras na Conferência Anual do Conselho de Matronas da Grã- Bretanha e Irlanda. Gordon buscava aumentar a qualidade de educação dos enfermeiros, fornecendo-os um registro comprovando esta formação, com o objetivo de elevar o padrão da enfermagem. Um trecho encontrado nos arquivos da ICN demonstra as ideias de Ethel: “A profissão de enfermagem, acima de tudo no presente, requer organização: os enfermeiros, acima de tudo no presente, precisam estar unidos. O valor do seu trabalho para os doentes é hoje reconhecido pelo Governo deste e de todos os outros países civilizados, mas depende dos enfermeiros individual e colectivamente tornar o seu trabalho da máxima utilidade possível para os doentes, e isso só pode ser alcançados se a sua educação se basear em linhas tão amplas que o termo 'uma enfermeira treinada' seja equivalente ao de uma pessoa que recebeu uma formação tão eficiente e provou ser também tão confiável que os deveres responsáveis que ela deve assumir podem ser realizada para o máximo benefício daqueles que lhe são confiados. Para garantir esses resultados, duas coisas são essenciais: que deve haver sistemas reconhecidos de ensino de enfermagem e de controle sobre a profissão de enfermagem. A experiência do passado provou que esses resultados nunca podem ser obtidos por nenhuma profissão, a menos que esteja unida em suas demandas pela reforma necessária, e somente pela união pode ser obtida a força necessária.” Ao concretizar sua ideia, Fenwick viu que membros importantes da enfermagem de outros países deveriam ser consultados sobre a melhor constituição para conduzir o ICN de modo eficiente. 6.2 PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO Em 1900, o Art.1 da Constituição definiu os objetivos do ICN: 16 1) Fornecer um meio de comunicação entre enfermeiros de todas as nações; 2) Definiu que os Oficiais Honorários devem ser enfermeiros treinados, e os Oficiais Honorários eleitos devem ser membros ex-officia de todos os comitês; 3) Estabeleceu que um Presidente do Conselho Internacional, quando exercesse o cargo por um mandado completo, ao se aposentar seria nomeado de “Presidente Honorário do Conselho” com voto vitalício no Comitê Executivo e no Grande Conselho. 6.3 SEMANA BRASILEIRA DA ENFERMAGEM - SBEN A Semana Brasileira de Enfermagem, em um primeiro momento denominada “Semana da Enfermeira” (até 1958), foi um evento realizado com o objetivo de agrupar a categoria, expondo suas atividades e refletindo acerca dos problemas de sua prática. As propostas tinham a finalidade de aperfeiçoar a assistência à saúde, mesmo sem a consciência dos limites de suas ações. Figura 11: Encerramento da I Semana da Enfermagem, no dia 20 de maio de 1940, no Internato da Escola Anna Nery Fonte: Almeida Filho, 2004 Foi só em 12 de maio de 1960, pelo Decreto n. 48.202, o presidente da república Juscelino Kubitschek oficializa a Semana de Enfermagem, tendo por objetivo a promoção do acordo entre os enfermeiros, por meio de encontros culturais, sociais e científicos. Por exemplo, a última SBEn, que ocorreu entre 10 a 12 de maio de 2022, teve como tema central: “A enfermagem no contexto da Pandemia do COVID-19: que lições aprendemos?”. 17 Figura 12: 83ª Semana Brasileira de Enfermagem No documento da ABEn - 1926/1976, foram registrados por Lais Netto dos Reys os objetivos para a semana, são eles: 1) “Honrar Florence Nightingale e Anna Nery”; 2) “Estimular as enfermeiras na procura do aperfeiçoamento dos serviços de Enfermagem, recordando as idéias e os ensinamentos daquelas que as precederam na profissão”; 3) “Facilitar o encontro de diretoras de escolas e tornar possível o contato dessas com autoridades da administração pública, com profissionais do ramo da saúde e com pessoas interessadas nos problemas da Enfermagem". 6.4 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM - ABEN Em 1926, as primeiras enfermeiras da Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (atual Escola de Enfermagem Anna Nery) criaram a Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas. Em 1954, passou a ser denominada de Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), mantendo esse nome até a atualidade. A ABEn é uma associação cultural, científica e política, que agrupa profissionais da área de enfermagem (ABEN NACIONAL, 2022). 6.5 CONSELHOS FEDERAL E REGIONAIS DE ENFERMAGEM O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e os seus Conselhos Regionais (CORENs) foram criados em 12 de julho de 1973, pela Lei n. 5.905. O COFEN normatiza e fiscaliza o exercício da profissão de profissionais da enfermagem, buscando a qualidade dos serviços prestados e o cumprimento da Lei do Exercício Profissional da Enfermagem. 18 7. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM O seguinte conteúdo foi discutido em sala de aula nos dias 13, 20 e 27 de maio do ano de 2022. As aulas tinham por objetivo expor aos alunos quais as fases evolutivas da enfermagem. Utilizou-se de recursos visuais, por meio de slides. Além disso, foi disponibilizado pelo docente uma série de textos de apoio acerca do conteúdo por meio da turma virtual criada na plataforma Google Classroom, que possibilitaram o aprofundamento dos alunos acerca do tema. 7.1 EVOLUÇÃO DO CUIDADO HUMANO Com o passar do tempo, a prática de cuidar vem se alterando e evoluindo. A origem do cuidado humano é muitas vezes associada à maternidade e aos tratos de uma mãe com seu filho. Durante estas aulas, o professor destacou bem a origem do cuidado, e como se deu esta evolução diante de cada época da história humana. Inicialmente, os slides exibidos destacaram alguns dos acontecimentos principais já registrados, que ocorreram em cada período, acontecimentos estes que de forma direta ou indireta acabaram influenciando e resultando em mudanças no processo de cuidado. Assim como foi discutido na aula, na idade Antiga,pode-se destacar a invenção da escrita, que possibilitou uma comunicação mais eficiente e pode ser considerado um grande avanço da humanidade. Além disso, neste período também se formaram as primeiras civilizações, que trouxeram consigo as primeiras organizações no âmbito econômico, social (divisão de classes) e político. Neste período, inclusive, as religiões predominantes eram politeístas. Anos depois, a idade Média foi responsável por abranger algo que impactou muito o cuidado: o estabelecimento de uma religião monoteísta como principal, o Catolicismo. A partir desse momento e antes da ocorrência da reforma protestante, o poder passou a ser recentralizado e a pertencer majoritariamente à Igreja Católica, cuja algumas de suas atitudes que afetavam o processo de cuidar foram expostas e contestadas pelo professor. Este período é marcado pelo modelo de organização feudalista. A idade Moderna foi grandemente marcada pela Revolução Industrial. Este feito, atrelado à Revolução Francesa e a Filosofia Moderna, trouxe grandes mudanças para a forma de ver e organizar o mundo. Com o capitalismo, a classe burguesa, a industrialização e o pensamento iluminista, o cuidado foi deveras impactado por todas as alterações que vinham 19 ocorrendo. No âmbito nacional, pode-se destacar que foi nesta época que os portugueses chegaram até o Brasil, e se iniciou a escravidão no país. Por último, a idade Contemporânea ainda está sendo escrita, tendo em vista que abrange os dias de hoje. Após o fim da idade moderna, eventos como ditaduras, conquistas, a globalização, invenções extraordinárias (como os meios de comunicação e outras tecnologias), a guerra fria, e a consolidação do capitalismo e da democracia marcaram estes séculos. Também neste período o cuidado foi profissionalizado e transformado na profissão de enfermagem a partir de Florence Nightingale. Todos estes pontos altos foram considerados pelo docente, assim como sua influência sobre o cuidado e sua evolução ao longo da história, o que será abordado mais adiante neste trabalho. 7.2 ENFERMAGEM NA IDADE ANTIGA OU ERA PRÉ-CRISTÃ Por muito tempo, durante a idade Antiga, o corpo humano foi visto como um santuário. Por isso, houve uma lenta evolução no âmbito da saúde, pois estudos anatômicos eram fortemente repudiados e restringidos pela igreja e pelo pensamento religioso. Apesar disso, assim como foi destacado pelo professor nas aulas, registros históricos indicam que o processo de cuidar se evidenciou e progrediu em algumas das principais civilizações existentes no período. Por exemplo, o cuidado na Grécia era exercido de forma voluntária durante guerras, além de estar presente no ambiente familiar, muitas vezes sendo desempenhada por funcionários ou até mesmo escravos das famílias mais ricas. Já no Egito, esta civilização se destacava pelas suas práticas avançadas (incluindo até cirurgias) e conhecimento científico. Também foi lá que se registrou a origem das parteiras, mulheres que cuidavam de outras de mesmo sexo. Os homens que exerciam o cuidar nesta época também se limitavam a esta execução apenas com aqueles de mesmo gênero. Algumas práticas de cuidado tinham relação estreita com a religião. Por exemplo, os Astecas, Maias e Incas atribuíam tanto a doença, como a prática médica às suas crenças e mitos religiosos. Também outras civilizações como a China, desempenharam e desempenham até os dias de hoje um importante papel no desenvolvimento da saúde e da enfermagem em si. 7.3 ENFERMAGEM NA IDADE MÉDIA OU ERA CRISTÃ A idade Média foi um período fortemente influenciado e guiado pela religião, principalmente por causa do poder que a Igreja possuía. O docente, com auxílio de slides, explanou que nestes séculos a enfermagem foi exercida majoritariamente por religiosos como 20 uma prática leiga. Por isso, valores morais como a obediência e altruísmo foram atrelados ao cuidado, e isso impedia a legitimação da enfermagem como uma prática profissional. Resquícios destes ideais podem ser observados até hoje. Outro ponto discutido na aula foi a Saint Fabíola (IMAGEM X), mulher romana responsável pela inauguração do primeiro hospital público civil da Europa Ocidental. É considerada pelo catolicismo a padroeira dos Enfermeiros. A prática do cuidado também era vista em comunidades da cristandade, como os mosteiros e conventos. E durante guerras e conflitos, a enfermagem adquire organização militar-religiosa. Figura 13: Cópia do retrato de Henner de Santa Fabíola. 7.4 ENFERMAGEM NA IDADE MODERNA E O CAPITALISMO Este conteúdo foi exposto pelo docente com o auxílio informativo de recursos visuais em forma de slides, objetivando relacionar o período com a enfermagem e a influência do capitalismo sobre a profissão. Após a Reforma Protestante, a sociedade - incluindo as práticas de saúde - iniciaram um processo de desagregação da religião, à medida que a Igreja Católica perdia parte de seu poder. Por ser a principal detentora de enfermeiros, combinado com uma série de fatores resultou no que ficou conhecido como o período de decadência da Enfermagem, que durou até a organização de escolas por Florence Nightingale. 21 Não obstante, em meio à desorganização social (e também administrativa e econômica) advinda das invasões, migrações, aglomerações urbanas, reformas, pestes, secularização e decadência dos hospitais, entre outras, a Enfermagem entra em franco declínio, em virtude do impacto que sofreu com tais transformações sociais. (OLIVEIRA, 2009) Neste período surgem os primórdios da enfermagem, de fato. Por exemplo, as parteiras que tinham um vasto conhecimento farmacológico e eram conhecidas como bruxas. Algumas formas religiosas do período, como o Concílio de Trento, limitavam a prática de enfermagem. Eis alguns pontos altos da enfermagem durante a idade moderna: • Companhia das filhas da Caridade de São Vicente de Paulo (Santa Casa da Misericórdia); • Beguinas; • Irmãs Carmelitas; • Beneditinos e Franciscanos; • Santa Catarina de Siena; • Jesuítas ou Companhia de Jesus; (Principais padres jesuítas do Brasil: Manoel de Nóbrega, José de Anchieta, Antônio Vieira). A ascensão do renascimento e do iluminismo gerou a reforma dos costumes e integração da ciência, o que levou ao progresso no âmbito social, intelectual e na própria forma de cuidar. A valorização científica foi de suma importância para alavancar a enfermagem, principalmente com os movimentos marítimos, que desencadeou e espalhou uma série de doenças por todo o mundo, exigindo uma grande demanda de enfermeiros. Contudo, o trabalho hospitalar sofreu grande desvalorização. Ao ser separada da Igreja, deixa de haver ensino formal para os enfermeiros até que Florence implante o método Nightingale de ensino, assim como será discutido posteriormente neste trabalho. Apenas no final do século XVII o ambiente hospitalar passou a valorizar organização e disciplina. E um século depois surgem as condições organizacionais das clínicas hospitalares. 7.5 ENFERMAGEM NA IDADE CONTEMPOR NEA Junto com a idade Contemporânea, a partir da Revolução Francesa e Industrial surgem novas mudanças e com elas, novos problemas. Estes foram abordados durante as aulas ministradas pelo docente, e explicados em paralelo com suas causas e consequências. 22 A aplicação do modelo capitalista afetou todas as áreas da sociedade, incluindo o trabalho, que deixa de ser um processo orgânico para se tornar uma atividade que visa produção, valorização e lucro. Houveram uma série de mudanças na divisão internacional do trabalho, e obviamente, a enfermagem também foi transformada por este modo de organização. Por volta de 1873, iniciou-se a percussão dos sistemas de ensino de enfermagem baseados no Sistema Nightingale, visando aproveitar-se da mão de obra mais barata das aprendizes e diminuir os custos nos hospitais.Por isso, chegou-se a triplicar o tempo de treinamento, apenas para que pudesse manter funcionárias com baixos salários, além das péssimas condições trabalhistas. A prática de cuidar se torna um instrumento capitalista. Entre o século XIX e XX, com o desenvolvimento do imperialismo, há grande impacto na área da saúde, pois o mercado internacional e o crescimento urbano contribuem para que doenças sejam espalhadas, surgindo assim uma alta demanda para os enfermeiros. Por isso, a enfermagem passa a adquirir novas competências e aplicações de conhecimento, tendo em vista que as condições de saúde passam a ser importantes para o financeiro das indústrias, que objetivavam recuperar a saúde dos trabalhadores para que possam oferecer seu trabalho e agir como consumidores, além de "limpar" a imagem dos interesses imperialistas. Estes ideais moldam a forma de enxergar a enfermagem até hoje, que, conforme será discutido mais adiante, enfrenta inúmeros desafios na busca por condições dignas de trabalho. 23 8. GUERRAS E ENFERMAGEM Este assunto foi discutido durante uma aula expositiva ministrada no dia 06 de junho de 2022. Com o auxílio de slides, o objetivo da aula foi destacar o papel da enfermagem em períodos de guerras e conflitos que ocorreram ao longo dos anos. Deu-se atenção especial à Primeira e Segunda Guerra Mundial, e também à Guerra da Criméia e do Paraguai, que foram muito importantes no desenvolvimento da enfermagem. Além disso, também foram disponibilizados pelo docente textos de apoio e multimídias sobre o conteúdo na plataforma Google Classroom. Segue-se alguns destaques da enfermagem em cada um destes conflitos: - 1° GUERRA MUNDIAL: Entre os homens que foram aos campos de batalha na Primeira Guerra Mundial, havia mulheres que lutavam também, mas pela vida dos soldados feridos. Juntas, formaram a linha de frente da enfermagem de um dos maiores conflitos do século 20 - e uma grande influência para a emancipação feminina na ciência do Planeta. (RAPOPORT, 2021) Entre as enfermeiras mais conhecidas da época, cujo suas histórias são conhecidas até hoje, estão: Maria Alexandra Vitória (“estrela da esperança”), Nicole Girard-Mangin (a primeira médica), Edith Cavell, e Maria Francisca Machado (“Coração de Portugal”. Seu trabalho levou o governo a criar as escolas de enfermagem de Lisboa e do Porto). Figura 14: Enfermeiras no internato Jean-Baptiste de la Salle, em Rouen, França - Fonte: Fonte: Imagens Europeana - 2° GUERRA MUNDIAL: Durante o conflito, o governo brasileiro passou a adotar diversas estratégias para a constituição de um front interno. Isso ocorreu no sentido de preparar cidadãos voluntários para possíveis ataques ao território nacional, o que conduziu à mobilização de enfermeiras com o objetivo de cuidar dos acometidos na guerra. Nesse contexto, as Escolas de Enfermagem do Distrito Federal (na época, a cidade 24 do Rio de Janeiro) empenharam-se no preparo de voluntárias socorristas, por meio da criação e organização de diversos cursos intensivos. Dentre as instituições que tomaram parte dessa preparação, estiveram a Escola Prática de Enfermeiras da Cruz Vermelha Brasileira, a Escola Anna Nery, a Escola Profissional de Enfermeiras Alfredo Pinto e a Escola de Enfermeiras Luiza de Marillac. (KNEODLER, 2017). As instituições de ensino citadas acima exerceram grande papel na capacitação de enfermeiras voluntárias que desejavam atuar na guerra. A partir do cenário da época, havia uma grande demanda de enfermeiras. Por isso, fez-se uma grande propaganda midiática, por parte do governo, acerca da profissão. Isso difundiu a enfermagem pelo país. Figura 15: Fotografia das enfermeiras da Força Expedicionária Brasileira Virgínia (meio), Sylvinha (esquerda) e Doris (direita), durante a Segunda Guerra Mundial, na Itália. Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). - GUERRA DO PARAGUAI Na guerra do Paraguai, as condições sanitárias eram precárias. O cuidado aos feridos combatentes foi realizado majoritariamente pelas mulheres, e na grande maioria das vezes precisavam resolver situações de emergência através do improviso. A falta de água potável, alimento, materiais para as práticas e remédios, somado às doenças infecciosas levaram à morte de milhares. Neste contexto, a enfermagem se ascendeu no Brasil, associada à prática de Anna Nery (considerada a primeira enfermeira brasileira), o que será discutido mais adiante ao decorrer deste trabalho. - GUERRA DA CRIMÉIA Foi no cenário deste conflito que Florence Nightingale, a partir de sua boa reputação como chefe de enfermagem, foi convidada pelo governo para servir como enfermeira na guerra, junto com uma equipe de enfermeiras, objetivando ajudar a cuidar dos doentes. A atuação de Florence foi um marco na história da enfermagem, conforme será abordado posteriormente. 25 Por outro lado, ela promoveu reformas consideradas surpreendentes nos hospitais militares, que com seus princípios de cura e liderança exerceram influência sobre a criação de novas escolas de enfermagem, formação de enfermeiros e médicos dos hospitais militares. Por estas razões é considerada a criadora de uma nova profissão feminina e da Enfermagem Moderna. (COSTA, 2009) Figura 16: An Angel of Mercy. Gravura do hospital de Scutari (atual Turquia). 1855 26 9. OS PRIMEIROS CUIDADOS DA ENFERMAGEM NO BRASIL Temas ministrados nas aulas do dia 03 de junho de 2022, com o intuito de fazer entender a historiografia dessa profissão para compreendê-la nos dias atuais. Pessoas com atribuições de enfermeiros e enfermeiras como Anna Nery, Francisca de Sande, padre José de Anchieta, frei Fabiano de Cristo, indígenas, mulheres negras e Procópio José Gomes Valongo, de modo fictício ou real, mas que de certa forma se dedicaram ao cuidado. 9.1 INSERÇÃO DA ENFERMAGEM NO BRASIL No início, os cuidados eram exercidos por pessoas segregadas socialmente, como mulheres indígenas ou negras que exerciam o papel de parteiras e cuidavam de pessoas enfermas. Essas figuras foram segregadas por teorias que tinham como lema: a “higiene social” como alternativa para o desenvolvimento do Brasil. Posteriormente, a população era assistida por barbeiros, parteiras e curandeiros, que necessitavam de um atestado de aptidão e carta de exame. Durante a companhia de Jesus, o padre José de Anchieta foi mostrado como precursor da enfermagem, tendo atuado como enfermeiro. Outros nomes evidenciados foram o Frei Fabiano de Cristo da Ordem Seráfica de São Francisco de Assis e D. Francisca de Sande, que auxiliou durante a epidemia de febre amarela, ao transformar sua casa em um hospital. Os tratados de enfermagem do período colonial também foram citados, sendo eles contidos na "Postilla Religiosa e a Arte de Enfermeiros": 1. Tratado único das bexigas, e Sarampo; 2. Tratado Único de Constituição Pestilencial de Pernambuco. Também foi discutido em aula o Corpo de Saúde do Exército, durante a Guerra do Paraguai e onde também teve o início da trajetória de Anna Nery. Seu quarto incompleto de profissionais foi convocado para a Guerra e fez um tratado com a companhia das irmãs de caridade de São Vicente de Paulo. Outro ponto importante foi o Hospital Militar da Guarnição da Corte ou simplesmente, Real Hospital Militar, com enfermeiro-mor que era um sargento, e a atuação das irmãs de caridade, após a assinatura de do tratado, onde utilizavam uma técnica, "técnica da disciplina", que controlava de forma rígida o tratamento aos pacientes. 27 Figura 17: Antiga Escola de Cirurgia do Hospital Real Militar; hoje, Hospital Geral de Salvador 9.2 A PRÁTICA DE ENFERMAGEM NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA Figura 18: Santa Casa da Misericórdia retratada do Morro do Castelo Durante o século XIX, através da organização do ProvedorJosé Clemente Pereira, o novo Hospital da Santa Casa é inaugurado, o que faz com que surja a necessidade de organização do novo ambiente, e consequentemente das Irmãs de Caridade que chegam ao Brasil, para as instituições da Irmandade da Misericórdia. Posteriormente, após uma reforma no regimento, fica organizado hierarquicamente em três poderes: 28 1. Econômico ou Administrativo 2. Sanitário 3. Religioso. Porém, as duas organizações entram em conflito. Os médicos de um lado e as Filhas da Caridade do outro, ambos buscando ordenar e controlar o trabalho dos exercentes de enfermagem. Apesar disso, o cuidar de enfermagem era visto de modo inferior e desvalorizado, já que era exercido por pessoas pobres e sem qualificação. Também foi apresentado a "Santa Casa de Misericórdia da Paraíba", em que seu primeiro edifício do hospital foi destruído durante a invasão holandesa e reconstruído em 1754. Infelizmente, foi demolido no fim da década de 1920. 9.3 ANNA JUSTINA FERREIRA NERY Esse conteúdo foi ministrado durante a aula do dia 10 de junho de 2022. Anna Justina Ferreira Nery, conhecida como Anna Nery, denominada "Mãe dos brasileiros", dá início ao seu legado durante a Guerra do Paraguai, para a qual seus dois filhos foram então convocados. Após tal convocação, ela envia uma carta ao então Presidente da Província da Bahia, Manuel Pinto de Souza Dantas, onde se oferece para servir aos feridos de guerra, e assim poder ficar perto dos seus parentes. Ela enfrenta diversas adversidades e doenças que estavam se proliferando no conflito: 1. Cólera; 2. Varíola; 3. Febre tifoide 4. Malária. Ela atuou nos hospitais da Argentina, Paraguai e de campo, e impôs condições de higiene para conseguir tratar das feridas evitando que se contaminassem pelas doenças e a organização de hospitais de campanha e primeira enfermaria, onde atendeu feridos dos dois exércitos, o que gerou críticas do Comando do Exército Brasileiro. Em 1870, ela retornou ao Brasil com mais seis órfãs. O Governo Imperial lhe deu a Medalha de 2º Classe, a medalha de Campanha e uma pensão anual de um conto e duzentos mil reis. Viveu seus últimos dias no Rio de Janeiro e faleceu as 16h30 do dia 20 de maio, com 65 anos de idade, sendo sepultada no cemitério São Francisco Xavier e sua lápide tinha a seguinte inscrição: "Aqui descansam os restos mortais de Da. Anna Nery, denominada Mãe dos Brasileiros, pelo Exército, na 29 campanha do Paraguai". Em 1979 seu corpo foi exumado e levado para a Bahia, em Cachoeira, na sacristia da Igreja da Matriz. Figura 19: Tela de Anna Nery pintada por Vitor Meirelles de Lima (1987) 30 10. FLORENCE NIGHTINGALE Na aula ministrada no dia 01 de julho de 2022, o professor abriu uma discussão sobre Florence Nightingale, trazendo imagens e sua biografia, com a história da sua formação e como ocorreu seu treinamento. Foi falado sobre o seu papel na guerra da Crimeia, além dos seus vários ensinamentos e práticas de enfermagem. Nascida no dia 12 de maio de 1820, em Florença, na Itália, Florence era filha de um milionário, William Shore Nightingale, por isso sempre teve mais oportunidades, muito cedo, e indo contra os padrões femininos da época, ela aprendeu a leitura e escrita de francês, inglês e alemão. Sabia latim, grego, matemática e era especialista em estatística. Vivendo seus 90 anos, ela acompanhou as grandes mudanças ocorridas no final do século XIX e início do século XX no campo da ciência, tecnologia, política, relações sociais, e da totalidade da cultura. Viajando para o Egito e visitando hospitais, Florence despertou sua vocação para a enfermagem, apesar de que na sua época a prática ainda não era considerada uma atividade digna. Na Inglaterra, iniciou seu aprendizado, dividindo seu tempo entre aulas de anatomia e visitas ao hospital do distrito. Em 1851, passou quatro meses e meio, numa instituição alemã (Kaiserswerth), observando como era o trabalho ali realizado. Durante a Guerra da Criméia, em 1854, Florence foi para o campo de batalha junto com uma equipe de enfermeiras com o intuito de supervisionar os hospitais de assistência aos soldados ingleses. Seus cuidados percorrendo as enfermarias dos acampamentos durante a noite e visitando os doentes com um lanterna, lhe fizeram receber o apelido de “a dama da lâmpada”. Após seu retorno da guerra da criméia, fundou em 1960 a “escola de treinamentos para enfermeiros”. Depois de Florence iniciar sua escola para enfermeiros, vários hospitais seguiram seu padrão de cuidados, tornando a enfermagem cada vez melhor. Vale ressaltar também sobre as cinco notas para hospitais, publicada por Nightingale, que nos mostra sobre como os hospitais devem ser, sua estrutura e condições sanitárias. Já caminhando para o final da aula, nos foi apresentado a voz de Florence Nightingale sobre advocacia. Florence não aceitava que pacientes com doenças crônicas e mentais não fossem cuidados de modo igual a outros pacientes, por isso, ela aceitava esses pacientes e permitia que fossem cuidados, mesmo com as objeções da equipe. Também foi autora de um artigo que solicitava que todos os doentes fossem removidos de suas dependências, promovendo sua cura como primeiro passo. 31 Florence Nightingale foi uma importante figura para a história da enfermagem, indo além dos padrões implantados na sua época, e se negando a seguir o destino que era reservado às mulheres de sua classe social. Ela contribuiu para o desenvolvimento e melhorias na área da saúde, e até os dias de hoje, inspira e é fonte de pesquisa para investigadores de todo o mundo. Foi uma pessoa adiante do seu tempo, não se atendo aos padrões sociais impostos, porém ela teve que sacrificar muitas coisas para isso. Além disso, destacam a visão dela ao entender como era necessária a criação de uma nova profissão, que fornecesse o cuidado ao outro. Nightingale também trouxe a enfermagem como uma ciência. Contrária às teorias de sua época, a mesma trouxe o movimento anabolismo, baseado nas seguintes práticas: alimentação adequada, sol, ambiente arejado, higiene e aeração. Florence gravou além do cuidado, a compaixão e empatia na enfermagem, marcada pela criação da figura “Dama da lâmpada”. Hoje, reconhece-se que os princípios propostos por Florence transformaram a prática de cuidar. Por exemplo, em 1859 propôs a teoria ambientalista, o que revolucionou a forma de enxergar a saúde pública e abriu caminhos para o sanitarismo. Além disso, também foi responsável por instaurar o método Nightingale de ensino, que estimulava o pensamento científico das alunas e incentivava o raciocínio clínico. Dessa forma, impulsionou-se para que a enfermagem se tornasse a “ciência do cuidar”, e ganhasse profissionalização, além de mais reconhecimento. Ela também teve um importante papel ao promover a saúde e fazer importantes contribuições para diminuição do índice de mortalidade, que inclusive são acatadas até os dias de hoje. Florence também revolucionou o conceito de higiene e saúde. Suas orientações e conselhos sobre como lidar com doenças infectocontagiosas (como por exemplo, lavar as mãos frequentemente e isolar os doentes) ajudaram os civis, profissionais e os pacientes a se prevenir e diminuir a proliferação de patologias, tanto em seus lares como no ambiente hospitalar. Um exemplo claro disso foi no Barrack Hospital, em Üsküdar, onde Nightingale estava diante de um ambiente faltoso em instrumentos, insumos, e alimentação adequada para os pacientes. Mesmo enfrentando resistência, ela participou da criação de uma comissão sanitária em 1855, que aplicou melhoras significativas às condições do hospital. Sua contribuição para a enorme redução da mortalidade nesta ocasião a tornou uma referência na saúde pública, no gerenciamento de hospitais e na humanização ao cuidar. Ademais,a expansão do Sistema Nightingale de ensino promoveu a formação de enfermeiras em todo o mundo. O legado de Florence é essencial para a constituição das enfermeiras profissionais nos dias de hoje. Atualmente, não se separa os cuidados de 32 enfermagem do pensamento dela. Vê-se, portanto, a importância da herança deixada por ela, que dedicou boa parte da sua vida à profissão Figura 20: Florence Nightingale Figura 21: A Dana da Lâmpada https://spdm.org.br/wp-content/uploads/2015/05/k2_items_src_13bf3ee8d2a01727d45bdca32af9aa23.jpg 33 11. ENSINO DE ENFERMAGEM NO BRASIL Na aula ministrada no dia 15 de julho, considerada a penúltima aula do componente curricular, foi discutido a respeito do ensino da enfermagem no Brasil. Logo de início, foi destacado pelo professor o contexto geral da enfermagem na américa latina, com o surgimento de escolas de enfermagem no fim do sec. XIX, impulsionada por profissionais da medicina, enfermeiras inglesas e americanas e instituições religiosas, com o objetivo de suprir a demanda de assistência aos doentes. Já no Brasil, destacou-se nos slides de maneira didática, as seguintes escolas: • Escolas profissional de enfermeiras e enfermeiros (1890): Tinha como objetivo formar profissionais para suprir a demanda do hospital nacional dos alienados. Ainda não seguia aos padrões da enfermagem moderna. • Escola de enfermagem do hospital samaritano (1894): Primeiras enfermeiras formadas no modelo Florence; funcionava sob regime de internato. • Escola Prática de Enfermeiras da Cruz Vermelha Brasileira (1914): Contexto da grande guerra despertou o interesse pelo serviço voluntário; Damas da cruz vermelha. • Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (1922): visava a fornecer instrução teórica e prática; com duração de dois anos e quatro meses, tempo este que precisou ser estendido, para ser possível ministrar as matérias estabelecidas. E os seguintes currículos: • Currículo de 1949: uniformizou o ensino de enfermagem, apresentando o curso de enfermagem, com 36 meses, e o curso de auxiliar com 18 meses. Seguia o modelo americano; • Currículo de 1962: estabeleceu um curso geral e duas alternativas para especialização. Sendo o curso geral administrado em 3 anos, e a especialização era ministrada em mais um ano; as especializações buscavam formar o enfermeiro de saúde pública e a enfermeira obstétrica. Suprimindo, no entanto a carga horaria de anatomia e fisiologia e excluindo disciplinas como sociologia. • Currículo de 1972: diante da reforma universitária, feita pelo MEC, o currículo se dividiu em 3 partes; pré-profissional, tronco profissional comum e as três habilitações: enfermagem médico-cirúrgica; enfermagem obstétrica; ou enfermagem de saúde pública. E, é dado início a introdução as teorias da enfermagem. 34 Portarias: • Portaria no 1.721/94: modificações em seguintes matérias e disciplinas: bases biológicas e sociais da enfermagem, com 25% da carga horária total do curso, fundamentos de enfermagem, com 25%, assistência de enfermagem, com 35%; administração em enfermagem, com 15%, e sua carga horaria consistia em 3,500 horas. Também, abordando as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), para a enfermagem (2001), seguindo os seguintes conceitos: • As DNCs para a enfermagem devem contribuir para a inovação e qualidade do curso, devendo assim, orientar o currículo do curso para um perfil acadêmico e profissional do egresso. Devendo assim, seguir os seguintes pontos: a atenção a saúde; tomada de decisões; comunicação; liderança, administração e gerenciamento, educação permanente. 11.1 ESTADO NOVO No estado novo, período que perdurou de 1937 a 1945, o qual o país era governado de maneira autoritária e ditatorial por Getúlio Vargas, resultou em grandes avanços para a profissão. Nessa época, a escola Anna Nery, foi incorporada à universidade através da lei no 452, de cinco de julho de 1937. Refletindo assim, um certo prestigio pela profissão na sociedade brasileira. Além disso, diante do contexto da industrialização, houve um grande incentivo ao desenvolvimento da enfermagem na época, por ser uma profissão majoritariamente composta por mulheres. 11.2 ENFERMAGEM MODERNA NO BRASIL Na aula ministrada dia 01 de julho, foi apresentado por meio de slides e comentários do professor, o tópico Enfermagem Moderna brasileira. 11.2.1 ANTECEDENTES: De início, os cuidados eram feitos por pajés, que comandavam suas tribos. Com a colonização, tal ação passou a ser feita por meio de religiosos, como no caso dos jesuítas, de voluntários e de escravos. Até a enfermagem, exercida em Santas Casas, não havia exigências quanto a escolaridade dos praticantes. 35 Antes de Florence o ensino era religioso com motivação espiritual, tendo no hospital uma grande influência religiosa, pois o maior intuito era salvar a alma do doente. Até as teorias de microrganismos, medidas de higiene e assepsia não eram aceitas nos hospitais da época. Nesse caso, foi preciso separar a religião, da ciência. “A direção de escolas e de serviços de enfermagem e o ensino de enfermagem seriam feitos por enfermeiras. Além disso, esse ensino deveria ser teórico-prático e as candidatas deveriam ser selecionadas sob o ponto de vista físico, moral, intelectual e de aptidão profissional” (Baer,1985). 11.2.2 MODELO NIGHTINGALE: Prática considerada apropriada para mulheres, realizada sob regime de internato em escolas anexas a hospitais sob rígidos padrões morais. Esse modelo, entretanto, era extremamente segregacionista e racista pois não permitia negros e homens. 11.2.3 MODELO ANGLO AMERICANO: Já o modelo anglo americano, consistiu na ideia do ensino de enfermagem na universidade 1899. Tinha como pioneiras: Ethel Fenwick e Lavinia Dock. 11.3 A IMPLANTAÇÃO DA ENFERMAGEM MODERNA NO BRASIL Carlos Chagas, junto com Ethel Parsons e a fundação Rockerfeller atuaram na modernização dos padrões de saúde do país. 11.3.1 MISSÃO PARSONS: Carlos Chagas, em busca de oferecer melhores condições sanitárias para a população, por meio de uma cooperação Brasil – EUA, em parceria com a fundação Rockerfeller implantaram no Brasil, a missão Parsons. Diante disso, a Fundação Rockefeller enviou uma missão médica ao Brasil em 1916, que auxiliou na implementação de medidas de higiene e prevenção de doenças nas áreas rurais. A missão Parsons, tinha como um de seus objetivos criar uma escola de enfermagem no Brasil, de acordo com padrões dos EUA. Ethel, ao chegar no Brasil, percebeu que não havia enfermeiras profissionais que atendessem aos padrões do EUA. Diante disso, utilizou duas estratégias para posicionara s enfermeiras graduadas na sociedade 36 • Supervisão obrigatória de visitantes sanitários por enfermeiras de saúde pública norte americanas; além da obrigatoriedade de um curso emergencial para esses visitantes; • Criação de uma escola de enfermagem; criando assim, a escola de enfermeiros do DNSP; 11.4 ESCOLA DE ENFERMEIRAS DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA (DNSP) Figura 22: Estatuas da Anna Nery e Florence Nightingale Foi a primeira escola ao usar o modelo anglo-americano no país. E, em seus critérios de admissão, estava ter idade entre 20 e 35 anos, ser mulher solteira, viúva ou divorciada, possuir ensino fundamental ou médio, ter referências de boa conduta, atestado médico de boas condições mentais, ausência de doenças contagiosas e defeitos físicos. As aulas eram ministradas pelas enfermeiras da Missão Parsons, pelos médicos do DNSP e pelos professores da Faculdade de Medicina. 37 12. MOBILIZAÇÕES E REIVINDICAÇÕES ATUAIS DA ENFERMAGEM BRASILEIRA Aula ministrada com o auxílio de slides pelo professor e disponibilização de multimídias extraspara serem utilizados a critério dos estudantes. Esse tema foi discutido com o intuito de evidenciar as principais reinvindicações da profissão de Enfermagem no Brasil. 12.1 JORNADA DE TRABALHO Mobilizações que buscam reduzir as horas de trabalho prestadas para 30 horas, para os enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem, ganhassem relevância em 2009, mas não surtiu o efeito desejado. Começou a partir do PL 2295/2000, tendo sequência com PLS 3739/2020, ambos exigindo a aprovação da nova jornada. Figura 23 12.2 LEI DO DESCANSO - REPOUSO DIGNO Tem início com o PL 4998/2016, busca o repouso dos profissionais de enfermagem durante as jornadas de trabalho e condições propícias para que isso ocorra. Ainda aguarda a apreciação pelo Senado Federal e designação de relator na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Figura 24 38 12.3 PISO SALARIAL NACIONAL – PROJETOS DE LEI Tem início com o PL 459/2015, segue para o PL 2564/2020, e atualmente o PL 2997/2020. Ambos visavam o reajuste do salário dos profissionais da enfermagem, em suas devidas atribuições, e um piso fixo. O que garantiria que estes ganhassem o determinado de forma segura e justa. A priori o piso salarial exigido era de R$ 7.880,00, (cinquenta por cento) para o técnico de Enfermagem e (quarenta por cento) para o auxiliar de Enfermagem e Parteira, mas sofreu algumas alterações até chegar no PL 2997/2020. Figura 25 39 13. AVANÇOS, DESAFIOS E PESPECTIVAS PARA A ENFERMAGEM BRASILEIRA Na aula do dia 22 de julho, última aula do componente curricular, foi tratado a respeito dos avanços, desafios e perspectivas para a enfermagem atual. De início, foi tratado a respeito do quadro geral da enfermagem nas américas, no qual a enfermagem representa maioria dentre os profissionais da saúde. Partindo desse ponto, a OPAS recomenda fortemente a necessidade de se investir em formação, prática, emprego e liderança, para a manutenção da qualidade na profissão. Logo após, seguindo para sua situação no Brasil, percebe-se que, mesmo sendo uma categoria que figura mais de dois milhões de profissionais, ainda há uma lacuna na categoria em cargos de destaque no governo federal. 13.1 ORGANIZAÇÕES CIVIS DE ENFERMAGEM As entidades representativas são de extrema importância para a profissão, pois colaboram de forma decisiva nas lutas da categoria a favor da classe e da sociedade. Dentre elas, destacou-se: • Associação Brasileira de Enfermagem – (ABEn); • Conselho Federal de Enfermagem; Conselho Regional de Enfermagem (COFEN/COREN); • Federação Nacional da Enfermagem - FNE 13.2 ATUAÇÃO POLÍTICA Como dito em sala, o reconhecimento da profissão só irá ocorrer por meio de organização e estruturação interna como classe, compreendendo o papel e a importância na equipe de saúde. Além disso, é de extrema importância conhecer a história para atuar de forma crítica, reflexiva e com responsabilidade, dando respostas a sociedade. Faz-se necessária a politização dos trabalhadores para mudar esse cenário atual. 13.3 ENFERMAGEM E SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE O SUS é de extrema importância para a saúde pública brasileira, pois desde sua criação, auxiliou na redução da mortalidade infantil, avanço da expectativa de vida e o aumento dos indicadores de saúde do país. No entanto, mesmo diante de todo esse progresso, o programa ainda é subfinanciado e sucateado, o que acarreta também na desvalorização da classe da 40 enfermagem, que compõe um dos principais pilares do sistema. Diante disso, as vitórias e desafios do SUS, estão intimamente ligados a enfermagem brasileira. 13.4 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM – CIPE A Classificação Profissional para a Pratica de Enfermagem foi estabelecida em um congresso realizado em Seul, capital da Coreia do Sul em 1989 pelo CIE, e tinha como objetivo: • Fornecer um instrumento para descrever e documentar a prática clínica de enfermagem; • Servir como base para a tomada de decisão clínica; • Prover a profissão com um vocabulário e um sistema de classificação que possam ser usados para a inserção de dados de enfermagem em sistemas de informação computadorizados Permitindo assim, com uma linguagem padronizada, uma comparação de dados de diferentes setores clínicos, populações, áreas e tempos. Além disso, sendo importante para promover o aumento da visibilidade da enfermagem nas equipes multidisciplinares e estabelecer uma correlação entre os resultados alancados e as atividades desenvolvidas. • Em 2008, foi aprovada a inclusão da CIPE na Família de Classificações Internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma Classificação Relacionada ao domínio da enfermagem. • Em julho de 2007 o CIE aprovou o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da CIPE do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba - Brasil. • Esse centro tem como objetivo apoiar e promover o desenvolvimento da CIPE. 13.5 LUTAS CONTRA PRECARIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO Sendo fortemente influenciada pela política neoliberal, a enfermagem brasileira sofre com a deterioração de suas condições de trabalho, com jornadas exaustivas, multifuncionalidade, prática do multiemprego devido aos baixos salários da categoria e a falta de um piso que determine um valor inicial para seu salário são fatores determinantes para a permanência 41 desse quadro deletério. Logo, essa precarização, leva ao comprometimento da qualidade do atendimento e serviço. 13.6 ENFERMAGEM AFRODESCENDENTE Figura 26: Mary Seacole Mary Seacole (1805-1881), considerada a pioneira na enfermagem afrodescendente, Mary atuou em uma época marcada pela eugenia e racismo, sendo recusada na Guerra da Crimeia por esse motivo. Mesmo diante da recusa, Mary atuou no conflito, estabelecendo um hotel para cuidado aos soldados feridos. Era chamada de "Mãe Seacole" pelos soldados e, na época, sua reputação rivalizava com a de Florence Nightingale. Em 2016, foi criada uma estátua em sua homenagem no Hospital St. Thomas, sendo considerada a primeira estátua memorial de uma mulher negra nomeada no Reino Unido. 13.6.1 ENFERMAGEM AFRODESCENDENTE NO BRASIL No Brasil atual, apesar da enfermagem negra compor a maioria na classe, ainda sofre com o com os efeitos do racismo, infelizmente ocupando os postos mais precários e expostos, permanecendo estagnada no nível médio da profissão e, sendo minoria em cargos significativos e de liderança. Nesse caso, é preciso promover condições que favoreçam a integração, valorização e visibilidade dessa parcela tão importante para a classe. 13.6.2 A RECONFIGURAÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM BRASILEIRA • Josephina de Mello: Primeira mulher negra a ingressar em uma escola de enfermagem (1944) 42 Figura 27: Josephina de Mello • Benoni de Sousa Lima: Primeiro homem a estudar na Escola de Enfermagem da USP (1947) Figura 28: Benoni de Sousa Lima 13.7 ENFERMAGEM E PANDEMIA DE COVID-19 Durante a pandemia de COVID-19, o legado de Florence Nightingale ficou evidente, pois a adoção de medidas criadas por ela, como os hospitais de campanha e distanciamento social auxiliaram no manejo desse período crítico para a enfermagem mundial. Dentre outas medidas criadas por ela estão o cuidado ao paciente crítico; Terapia Intensiva; Lavagem das Mãos; Higiene e regras de etiqueta; e sua teoria ambientalista no geral. 43 14. CONCLUSÃO O portfólio mostrou ser um método de avaliação eficiente para o acompanhamento do aprendizado dos alunos, trazendo diferentes pontos de vistas em relação às aulas e ao conteúdo ministrado. Os temas analisados foram expostos de modo breve, mas claro. Portanto, vemos como a aplicação do portfólio reflexivo foi fundamental para uma melhor fixação dos assuntos absorvidos em sala de aula.O presente trabalho também contribui para que o docente tenha um meio crítico para ser avaliado, determinando a prática crítico- reflexiva dos graduandos. Além disso, com a construção desta avaliação, foi visto como o componente “Análise Histórica da Enfermagem'' é importante para o entendimento da enfermagem e sua importância para a sociedade, sendo essencial para a nossa formação acadêmica. 44 15. REFERÊNCIAS ABEN NACIONAL. História. In: História. [S. l.], 23 jul. 2022. Disponível em: https://www.abennacional.org.br/site/historia/. Acesso em: 23 jul. 2022. 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