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Co nh ec im en to s E sp ec ífi co s INSS Técnico do Seguro Social Conhecimentos Específicos Seguridade Social. Origem e evolução legislativa no Brasil. Conceituação. Organização e princípios constitucionais................. .......................................................................................... 01 Legislação Previdenciária. Conteúdo, fontes, autonomia. Aplicação das normas previdenciárias. Vigência, hierarquia, interpretação e integração. ............................................ 12 Regime Geral de Previdência Social. Segurados obrigatórios, Filiação e inscrição. Conceito, características e abrangência: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial. Segurado facultativo: conceito, características, filiação e inscrição. Trabalhadores excluídos do Regime Geral ................................................ 17 Empresa e empregador doméstico: conceito previdenciário ..................................................... 28 Financiamento da Seguridade Social. Receitas da União. Receitas das contribuições sociais: dos segurados, das empresas, do empregador doméstico, do produtor rural, do clube de futebol profissional, sobre a receita de concursos de prognósticos, receitas de outras fontes. Salário de contribuição. Conceito. Parcelas integrantes e parcelas não integrantes. Limites mínimo e máximo. Contribuições inferiores ao salário mínimo e complementação de contribuições. Reajustamento. Arrecadação e recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social. Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Obrigações da empresa e demais contribuintes. Prazo de recolhimento. Recolhimento fora do prazo: juros, multa e atualização monetária. ................... 29 Decadência e prescrição ........................................................................................................... 41 Crimes contra a seguridade social ............................................................................................ 45 Recurso das decisões administrativas ..................................................................................... 50 Plano de Benefícios da Previdência Social: beneficiários, espécies de prestações, benefícios, disposições gerais e específicas, períodos de carência, salário de benefício, renda mensal do benefício, reajustamento do valor dos benefícios ................................................................ 54 Manutenção, perda e restabelecimento da qualidade de segurado .......................................... 63 Serviços Previdenciários. Serviço social. Reabilitação profissional .......................................... 66 Benefícios decorrentes de legislações especiais. Pensão especial - Síndrome de Talidomida - Lei nº 7.070/1982 e suas alterações ...................................................................................... 66 Pensão especial dos seringueiros - Lei nº 7.986/1989 e suas alterações Pensão especial de ex-combatente - Lei nº 8.059/1990. ........................................................................................... 67 Pensão especial às vítimas de hemodiálise de Caruaru - Lei nº 9.422/1996 ............................ 68 Pensão especial de ex-combatente - Lei nº 8.059/1990 ........................................................... 68 Pensão vitalícia às vítimas do CÉSIO 137 - Lei nº 9.425/1996 ................................................. 71 Aposentadoria e pensão excepcional ao anistiado político - Lei nº 10.559/2002 e suas alterações .................................................................................................................................. 72 Pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase - Lei nº 11.520/2007 ......................... 77 Pensão especial destinada a crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus - Lei nº 13.985/2020 ..................................................................................................................... 78 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA Seguro desemprego pescador artesanal - Seguro defeso - Lei nº 10.779/2003 ....................... 79 Decreto nº 8.424/2015 e suas alterações .................................................................................. 81 Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS. Lei nº 8.742/1993 e suas alterações. .................. 86 Benefício de prestação continuada - BPC/LOAS. Decreto nº 6.214/2007 .............................. 102 Auxílio-Inclusão. Lei nº 14.176/2021 e suas alterações. ......................................................... 120 Regimes Próprios de Previdência Social (União, estados, Distrito Federal e municípios)Certidão de Tempo de Contribuição Contagem recíproca .................................... 124 Certidão de Tempo de Contribuição ........................................................................................ 126 Compensação previdenciária. Lei nº 9.796/1999 e suas alterações ....................................... 128 Decreto nº 10.188/2019 e suas alterações .............................................................................. 131 Emenda Constitucional nº 103/2019 ...................................................................................... 138 Lei Complementar nº 142/2013 ............................................................................................... 157 Lei nº 8.212/1991 e suas alterações ....................................................................................... 158 Lei nº 8.213/1991 e suas alterações ....................................................................................... 193 Decreto nº 3.048/1999 e suas alterações ................................................................................ 234 Instrução Normativa PRES/INSS nº 128/2022 (publicada no Diário Oficial da União de 29/3/2022, Edição: 60, Seção: 1, Página: 132) ....................................................................... 235 O servidor público como agente de desenvolvimento social. .................................................. 235 Saúde e qualidade de vida no serviço público ........................................................................ 237 Questões ................................................................................................................................. 249 Gabarito ................................................................................................................................... 252 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 1 Seguridade Social. Origem e evolução legislativa no Brasil. Conceituação. Organiza- ção e princípios constitucionais Origem e Evolução Legislativa no Brasil De antemão, ressalta-se que o direito à proteção social do ser humano advinda do Estado, possui sua ori- gem relacionada ao desenvolvimento da sua estrutura, bem como acerca da discussão histórica sobre quais deveriam ser as suas funções. Na seara histórica, ressalta-se que a seguridade social teve início na Inglaterra no ano de 1.601, com a de- nominada Poor Law, que significava a “Lei dos Pobres”, ou seja, tratava-se de uma lei que buscava amparar de forma contundente aos menos favorecidos. Naquele período, a Inglaterra passava por uma grande trans- formação na sociedade, uma vez que ela se encontrava em plena revolução industrial, por meio da qual os trabalhadores migravam da zona rural, vindo a habitar nas cidades com o fito de trabalhar nas indústrias. Tendo em vista que as condições de trabalho desses trabalhadores não eram boas, muitos se tornavam incapazes e inválidos para o trabalho, ficando à mercê da própria sorte em decorrência do desamparo total do Estado, fatos que acarretava-lhes a ausência de condições para prover o próprio sustento, bem como de suas famílias, e, fez com que muitos passassem a ter óbito prematuro, vindo os seus dependentes também a ficar semqualquer recurso para sobreviver. Em virtude da intensa pressão social, no ano de 1.601, a Inglaterra editou a Poor Law, ou, “Lei dos Pobres”, legislação eivada de normas e direitos que possuíam como objetivo, fornecer, de modo geral, um seguro ao trabalhador, momento histórico por meio do qual, a doutrina considera que iniciou-se a criação da Seguridade Social, nascendo com ela, os indícios primordiais de preocupação do Estado para com o trabalhador. Naquele período, a maior e mais marcante preocupação era com os trabalhadores, bem como com os infortúnios sociais que estes sofriam. Ressalta-se que no Estado contemporâneo, a maior função da Previdência Social era a de dar amparo e apoio ao trabalhador em situações de infortúnios sociais, como por exemplo, a incapacidade laborativa, a idade avançada, bem como a ocorrência de óbito ou morte, deixando pensão para a sobrevivência de seus depen- dentes. A doutrina majoritária afirma que a Inglaterra e a Alemanha são os países pioneiros da Previdência Social, posto que por intermédio de Otto Von Bismarck, foi criado um seguro de assistência social. Em relação ao Brasil, no ano de 1.824, a Primeira Constituição do Império, buscou tratar desse assunto por meio dos denominados “Socorros Públicos”, por intermédio dos quais, o Sistema Estatal ainda não se compro- metia e nem se preocupava com o trabalhador de forma eficaz e contundente, embora mencionasse em seu texto alguma espécie de proteção. Já em 1.891, a Constituição da República trouxe em seu bojo a inovação da possibilidade da concessão da aposentadoria por invalidez aos servidores públicos como um todo, fato que demonstrava que o Brasil, apesar de se encontrar como principiante em tal tarefa, estaria começando a se preocupar com os infortúnios sociais dos trabalhadores que se encontravam sob sua proteção. Registra-se que sob a suprema égide da Constituição de 1.891, foi editada a Lei Eloy Chaves por meio do Decreto-Legislativo nº. 4.682, de 24/01/1923, que criou importantes caixas de aposentadorias e pensões para os trabalhadores ferroviários que concediam aos empregados a aposentadoria por invalidez, a validez da pen- são por morte e, ainda, a aposentadoria ordinária. Entretanto, o Estado não custeava e nem tampouco admi- nistrava essas caixas, uma vez que eram as empresas que administravam e os trabalhadores que contribuíam. No decorrer do tempo, outras empresas passaram a criar suas próprias caixas de aposentadoria, fato que definiu e marcou a década de 20 pela criação de caixas de aposentadoria e pensão, mesmo sem a intervenção do Estado, situação por intermeio da qual, as caixas continuaram sendo administradas pelas empresas. Pondera-se que a Lei Eloy Chaves, embora não seja considerada o primeiro diploma legal em vigor sobre o assunto securitário, uma vez que já existia o Decreto-Legislativo nº 3.724/19, dispondo a respeito do seguro obrigatório de acidentes do trabalho com vínculo ao Ministério do Trabalho, em razão do desenvolvimento ulte- rior da previdência, bem como da estrutura interna da Lei Eloy Chaves, esta Lei ficou conhecida como o marco inicial da Previdência Social no Brasil. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 2 Desde o período do Império, no Brasil, já se encontravam em vigor alguns mecanismos de propensão previ- denciária. No entanto, registra-se que apenas a partir de 1923, com a aprovação da Lei Eloy Chaves por meio do Decreto Legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, o Brasil passou a obter um marco jurídico competente para a aplicação e a atuação do Sistema Previdenciário, que à época se compunha das Caixas de Aposenta- dorias e Pensões, as chamadas CAPs. Importante: A Lei Eloy Chaves tratava de forma exclusiva e específica das CAPs das empresas ferroviárias. Isso ocorria pelo fato de seus sindicatos serem eivados de maior organização, além de possuírem maior poder de pressão política. As CAPs possuíam como objetivo inicial, o apoio aos trabalhadores ferroviários durante o período de inatividade (INSS 2.017). Extremamente marcada pela criação dos IAPs (Instituto de Aposentadoria e Pensão), ressalta-se que na década de 30, estas classes atendiam categorias de trabalhadores, como por exemplo, o IAP dos marítimos por meio do Decreto nº 22.872 de 29.06.1933 (IAPM). Assim sendo, os IAPs permaneceram no cenário nacional até a metade da década de 50. Destaque-se com grande importância, o fato da Constituição de 1934 ter sido a primeira a estabelecer a forma tríplice da fonte de custeio do Sistema Previdenciária àquele período com contribuições do Estado, do empregador e do empregado. Em síntese temos: Importante: No Brasil, a Constituição de 1.946 foi a primeira Carta Magna a valer-se do uso da expressão “Previdência Social”, que veio em substituição à expressão “Seguridade Social”. Reproduzida e aprovada no ano de 1.960, a Lei nº 3.807/1.960 unificou toda a legislação securitária e por esse motivo acabou sendo taxada e reconhecida como a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS). Três anos após, em 1.963, criou-se o Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural, o denomi- nado FUNRURAL com suas normas estabelecidas e determinadas pelo diploma legal da Lei nº 4.214/1.963. Já em 1.966, os já retro mencionados Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), por intermédio do De- creto-Lei nº 72/1.966, foram declarados unificados ao Instituto Nacional da Previdência Social (INPS). Criada no ano de 1.967, a Lei nº 5.316, passou a integrar de forma contundente o seguro de acidentes de tra- balho à previdência social, vindo, desta forma, fazer com que desaparecesse este seguro como ramo à parte. Em evolução histórica, partindo para a década de 1.970, a cobertura previdenciária sofreu grande expansão com a concentração de recursos no Governo Federal, principalmente em razão da aprovação das seguintes medidas: 1. No ano de 1.972, a inclusão dos empregados domésticos; 2. No ano de 1.973, houve a regulamentação da inscrição de autônomos em regime de compulsoriedade; 3. No ano de 1.974, ocorreu a instituição do amparo previdenciário aos maiores de 70 anos de idade, bem como aos inválidos não-segurados, (idade que posteriormente foi significativamente alterada); 4. No ano de 1.976, ocorreu a extensão dos benefícios de previdência e assistência social destinada aos empregadores rurais e aos seus dependentes. Explicita-se que na década de 1.970, ocorreram importantes inovações na legislação previdenciária bra- sileira que foram legalmente disciplinadas por diversos diplomas legais, fato que fez surgir a necessidade de unificação que ocorreu com a CLPS (Consolidação das Leis da Previdência Social), no período de 24/01/1976 através do Decreto nº 77.077/1.976, vindo a ser criado no ano posterior, o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS). Com o advento histórico da criação e aprovação da Constituição Federal Brasileira de 1.988, foi criado o conceito de “Seguridade Social”. A seguridade social se encontrava composta pelas áreas da Saúde, Assis- 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 3 tência e Previdência Social. Assim sendo, é nesse contexto de importante momento que se estabelece a pre- vidência como conhecemos atualmente, que mantém sua compleição de arrecadação entre empregadores e empregados, porém, sempre delegando ao Estado o papel de organizar e distribuir os recursos de acordo com a legislação vigente como um todo. Devido ao fato de incluir pontos importantes para a garantia da proteção social, a Previdência descrita na Constituição Federal Brasileira de 1.988 se destaca por ter conseguido incluir importantes pontos para a ga- rantia da proteção social, além de ser vista como uma ação eivada de progresso quando comparada às medi- das de liberalização que vinham sendo tomadas em outros países nesse período. Entretanto, a Carta Magna passou por algumas reformas que mudaramos detalhes do seu funcionamento. É o que veremos no deslindar desse estudo. Em evolução histórica, na data de 27 de junho de 1.990 foi criado o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, durante a gestão do presidente Fernando Collor de Melo, por intermédio do Decreto n° 99.350, isso, a partir da incorporação do Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social – IAPAS com o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, como autarquia dotada de vínculo ao Ministério da Pre- vidência e Assistência Social – MPAS. (INSS, 2017). Ainda na vigência do governo Collor de Melo, em 1991, ocorreu a primeira mudança no INSS. Trata-se de medida com a previsão de que os benefícios levassem em conta a correção monetária, uma vez que naquele momento, a economia brasileira sofria com a inflação. Em 1.998, com a vigência do governo Fernando Henri- que, ocorreram maiores mudanças, posto que foi a partir daquele momento que não seria mais considerado o tempo de serviço do trabalhador, mas, sim, o de contribuição para o INSS que foi definido como 30 anos para mulheres e 35 para homens. Ademais, a reforma também criou a implantação do fator previdenciário, cálculo que seria usado para definir o valor do benefício recebido após a aposentadoria do trabalhador. Em 2.003, com o governo Lula, as mudanças tiveram como foco o funcionalismo público. Assim, a reforma criou um teto para os servidores federais e passou a instituir a cobrança da contribuição para pensionistas e inativos, bem como também, alterou o valor do benefício para estes servidores. Ocorre que em meados do ano de 2.010, houve uma crescente preocupação com a necessidade preeminen- te de uma Reforma da Previdência Brasileira. Isso ocorreu pelo fato de haver crise na seguridade social, tendo naquele momento como argumento principal, a razão de não existirem mais recursos totalmente suficientes para sustentar as despesas futuras, caso não houvessem significativas regras de aposentadoria e pensão. Na gestão da Presidente Dilma Rousseff, em 2015, o congresso aprovou uma mudança que buscava alterar a idade de acesso à aposentadoria integral. Isso fez com que a denominada “regra de pontos”, conhecida como 85/95, que levava em consideração a soma da idade acoplada ao tempo de contribuição. Desta forma, para as mulheres, esta soma deveria resultar em 85 anos, e, para os homens, em 95 anos de idade, para que os trabalhadores passassem a ter o direito de receber o benefício integral como um todo. Entre os anos de 2.016 e 2.018, sob a gestão do Governo Temer, prevaleceu a tentativa de aprovação de uma reforma da Previdência mais radical. Entretanto, a conjuntura nacional colocou inúmeras dificuldades à tramitação da proposta na Câmara dos Deputados, motivo pelo qual, em 2.019, o governo do Presidente Jair Bolsonaro decidiu ter como prioridade, levar adiante a Reforma da Previdência no país. Aprovada na data de 23 de outubro de 2.019 pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, de forma separada, aprovada em dois turnos de votação em cada Casa, a Emenda Constitucional número 103, conhe- cida como Nova Previdência, trouxe consigo inúmeras e significativas modificações ao Sistema Previdenciário Brasileiro. Vejamos a respeito desta importante Emenda e suas inovações: A Emenda Constitucional 103, de 2019 Breve histórico Tramitando no Congresso Nacional no ano de 2.019, a PEC nº. 6/2019, alterou novamente e de forma sig- nificativa tanto o RGPS (Regime Geral de Previdência Social), quanto o RPPS (Regime Próprio de Previdência Social) da União. Pondera-se que os regimes dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não foram tão afetados, uma vez que foram criados tratamentos diferenciados para servidores federais, quando comparados com os demais ocupantes de cargos efetivos dos outros entes Federativos. Por meio da mencionada PEC, pode-se destacar com ênfase, a criação de idade mínima para as aposenta- 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 4 dorias voluntárias do RGPS, inclusive a aposentadoria “especial”; a alteração do critério de carência para novos filiados ao RGPS do sexo masculino, de 15 para 20 anos; a mudança na apuração do salário de benefício, que passa a ser igual à média de todos os salários de contribuição desde julho de 1994; o critério de cálculo da renda mensal inicial das aposentadorias, inclusive a por invalidez, salvo a acidentária; a alteração no direito à pensão por morte, auxílio-reclusão e salário-família; a previsão de aposentadoria de empregados públicos com cessação do vínculo de emprego, inclusive por atingimento da idade “compulsória” aplicada a ocupantes de cargos; e regras mais restritivas de acumulação de benefícios, especialmente de aposentadoria e pensão, entre outras regras incluídas. Registra-se que a Reforma da Previdência Social, por meio da Emenda Constitucional 103/2.019 trouxe diversas mudanças relativas à concessão dos benefícios, no tempo de contribuição, no período básico de cál- culo (PBC), nas alíquotas de contribuição, na pensão por morte , na idade mínima mesmo para aqueles que adquirissem o direito à aposentar-se por tempo de contribuição, dentre outras significativas alterações, dentre as quais podem-se destacar: — Sobre a idade mínima para aposentadoria: Com a aprovação da Emenda Constitucional 103/2019 da Reforma da Previdência, que alterou de forma significativa o art. 201, § 7º da CFB, a aposentadoria por idade aos segurados do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), será devida ao segurado ao cumprir o tempo de carência, quando este completar: 65 anos de idade, se homem; e 62 anos de idade, se mulher. Importante: Os servidores públicos que se encontrem segurados pertencentes ao Regime Próprio de Pre- vidência Social (RPPS), via de regra, também se aposentarão com a mesma idade dos servidores do RGPS. — Quanto ao tempo de Contribuição: Com a promulgação da EC 103/2019, o tempo mínimo de contribuição para requerer a aposentadoria por idade, passou a ser de 15 anos para mulheres e 20 anos para homens, des- de que tenham começado a contribuir para a Previdência Social após a promulgação da Emenda Constitucional 103/2.019. Importante: Antes da Reforma, o tempo mínimo de contribuição tanto para a mulher quanto para o homem, era de 15 anos. Entretanto, para os homens que já estão no mercado antes da emenda começar a vigorar, o tempo de contribuição permanece sendo de 15 anos — Sobre o valor do salário-de-benefício: Nos trâmites do art. 26, § 2º da Reforma da Previdência (RPREV), o valor do benefício de aposentadoria corresponderá a: 60% da média aritmética correspondentes a 100% (cem por cento) do período contributivo desde a competência julho de 1994 em diante; e acréscimo de 2 pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição, se homem; e, acréscimo de 2 pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 15 anos de contri- buição, se mulher. — Sobre o período básico de cálculo (PBC): Nos trâmites do art. 26 da Reforma, para o cálculo dos be- nefícios, será utilizada a média aritmética de forma simples dos salários de contribuição e das remunerações adotadas como base para contribuições ao RPPS e ao RGPS, correspondentes a 100% (cem por cento) do período contributivo, desde a competência de julho de 1.994, ou, ainda, desde o início da contribuição, caso seja posterior a julho de 1.994, até a última contribuição efetuada. Importante: Antes da Reforma, utilizava-se a média dos 80% maiores salários de contribuição desde 1994, e, eram dispensados os outros 20% menores. — Da pensão por morte: Foram feitas alterações estabelecendo-se percentuais de cota familiar para o rece- bimento da pensão por morte a partir da entrada em vigor da Emenda 103, resguardado, desta forma, o direito adquirido aos segurados antes da entrada em vigor dos termos determinados pelo art. 24, §4º da Emenda Constitucional 103/2019.Assim, a partir da reforma, a pensionista irá receber somente 50% do valor da apo- sentadoria recebida pelo segurado ou servidor, ou, ainda, daquela a que teria direito, caso fosse aposentado por incapacidade permanente, que era a antiga aposentadoria por invalidez na data do óbito, com o acréscimo de 10% por dependente, até o máximo de 100%. Importante: Antes da Reforma, a Lei 13.135/2.015 havia estabelecido dentre seus pré-requisitos, condições diferenciadas aos cônjuges beneficiários da pensão por morte a partir de 2015. Com isso, a partir desta data, o cônjuge beneficiário terá direito a um período de forma parcial para o recebimento da pensão, isso, dependendo do tempo de contribuição do segurado que faleceu, do tempo de casamento ou do tempo de convivência con- 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 5 jugal, bem como da idade do beneficiário. — Dos professores: Nos trâmites do art. 19, §1º, II da Emenda Constitucional 103/2019, a carência para a aposentadoria por idade para o professor que comprove 25 anos de exclusiva contribuição em efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de 57 anos de idade, se mulher; e 60 anos de idade, se homem. Importante: Em relação aos professores servidores, além da idade exigida acima, estes terão que ter 10 anos de efetivo exercício de serviço público, acrescidos de 5 anos no cargo efetivo em que for concedida a aposentadoria para ambos os sexos. — Sobre as alíquotas de contribuição: Dispõe, em suma, a nova Portaria nº 477, de 12 de janeiro de 2.021 da SECRETARIA ESPECIAL DE PREVIDÊNCIA E TRABALHO, (SEPRT): a) os benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS serão reajustados, a partir de 1º de janeiro de 2021, em 5,45% (cinco intei- ros e quarenta e cinco décimos por cento); partir de 1º de janeiro de 2021, o salário de benefício e o salário de contribuição não poderão ser inferiores a R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), nem superiores a R$ 6.433,57 (seis mil quatrocentos e trinta e três reais e cinquenta e sete centavos); b) os valores dos benefícios concedidos ao pescador, ao mestre de rede e ao patrão de pesca com as vantagens da Lei 1.756/1952, deverão corresponder, respectivamente, a 1 (uma), 2 (duas) e 3 (três) vezes o valor de R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), acrescidos de 20% (vinte por cento); c) o valor da cota do salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14 (quatorze) anos de idade, ou inválido de qualquer idade, a partir de 1º de janeiro de 2021, é de R$ 51,27 (cinquenta e um reais e vinte e sete centavos) para o segurado com remuneração mensal não superior a R$ 1.503,25 (um mil quinhentos e três reais e vinte e cinco centavos); d) o auxílio-reclusão, a partir de 1º de janei- ro de 2021, será devido aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão em regime fechado que não receber remuneração da empresa e nem estiver em gozo de auxílio por incapacidade temporária, pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em serviço que, no mês de recolhimento à prisão tenha renda igual ou inferior a R$ 1.503,25 (um mil quinhentos e três reais e vinte e cinco centavos), independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas, observado o valor de R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), a partir de 1º de janeiro de 2021; dentre outros dispositivos contidos na referida Portaria. Fator de reajuste dos benefícios concedidos de acordo com as respectivas datas de início, aplicável a partir de janeiro de 2021 DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO REAJUSTE (%) Até janeiro de 2020 5,45 Em fevereiro de 2020 5,25 Em março de 2020 5,07 Em abril de 2020 4,88 Em maio de 2020 5,12 Em junho de 2020 5,39 Em julho de 2020 5,07 Em agosto de 2020 4,61 Em setembro de 2020 4,23 Em outubro de 2020 3,34 Em novembro de 2020 2,42 Em dezembro de 2020 1,46 1 Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de Janeiro de 2021 SALÁRIO-DE- CONTRIBUIÇÃO (R$) ALÍQUOTA PROGRESSIVA PARA FINS DE RECOLHIMENTO AO INSS até 1.100,00 7,5% de 1.100,01 até 2.203,48 9% de 2.203,49 até 3.305,22 12 % de 3.305,23 até 6.433,57 14% 1 https://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/contribuicoes-previdenciarias-pj 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 6 Importante: As alíquotas devidas pelo segurado empregado, inclusive o doméstico, e pelo trabalhador avul- so, serão de: até 1 salário-mínimo = 7,5%; acima de 1 salário-mínimo até R$ 2.000,00 = 9%; de R$ 2.000,01 até R$ 3.000,00 = 12%; e de R$ 3.000,01 até o limite do salário de contribuição= 14%. — Sobre as regras de transição: Possuem como finalidade, o estabelecimento de um período de adaptação ao segurado que ainda não possuía o direito adquirido de se aposentar antes da Reforma da Previdência, mas que se encontrava em posição de expectativa do alcance desse direito num curto espaço de tempo. A respeito das regras de transição, a Reforma da Previdência trouxe cinco regras para fins de aposentadoria. Vejamos: 1) Aposentadoria por Pontos: Conforme o art. 15 da EC 103/2.019, ao segurado filiado ao RGPS até a data da entrada em vigor da referida emenda, fica assegurado o direito à aposentadoria quando forem preenchidos, de forma concomitante os seguintes requisitos: • Mulher: 30 anos de contribuição + idade em 2019, de forma que a soma totalize 86 pontos; • Homem: 35 anos de contribuição + idade em 2019, de forma que a soma totalize 96 pontos; Entretanto, a partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação acima foi acrescida a cada ano de 1 (um) ponto, até atingir o limite de: 100 pontos, se mulher; 105 pontos, se for homem. 2) Idade Mínima + Tempo de Contribuição: Nos trâmites do art. 16 da EC 103/2019, ao segurado filiado ao RGPS até a data da entrada em vigor da referida emenda, estaria assegurado o direito à aposentadoria quando se preenchesse, de forma cumulativa, os seguintes requisitos: • Mulher: 30 anos de contribuição e 56 anos idade em 2019; • Homem: 35 anos de contribuição e 61 anos idade em 2019. Entretanto, a retro mencionada regra de transição, estabeleceu que a partir de 1º de janeiro de 2020, pas- saria a valer a aplicação de uma tabela progressiva de aumento de idade, mas, sempre mantendo o tempo mínimo de contribuição e acrescentando 6 (seis) meses a cada ano. 3) Tempo de Contribuição com Pedágio de 50%: Criada para atender aos segurados que com menos de 2 anos, estavam prestes a se aposentar por tempo de contribuição, pelas regras anteriores à reforma. Da mesma forma como as outras, esta regra só pode ser aplicada aos segurados que já se encontram filiados na data da Reforma. Nos parâmetros do art. 17 da Emenda Constitucional 103/2019, ao segurado que se encontre filiado ao RGPS até a data da entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/2019, fica assegurado o direito à aposen- tadoria por tempo de contribuição quando preencher, de forma concomitante, os seguintes requisitos: • Mulher: 28 anos de contribuição, ou seja, faltando 2 anos para completar 30 anos; • Homem: 33 anos de contribuição, ou seja, faltando 2 anos para completar 35 anos. Importante: Tendo em vista que a ambos os segurados faltam somente 2 anos para completar o período mí- nimo que falta para o tempo de contribuição, ambos terão que contribuir os 2 anos que ainda faltam, acrescidos de mais 50% (pedágio) deste período. Vejamos: • Mulher: 3 anos de contribuição (2 anos que faltam + 50% = 3 anos); • Homem: 3 anos de contribuição (2 anos que faltam + 50% = 3 anos). 4) Do tempo de contribuição com pedágio de 100%: Da mesma forma que na terceira regra, (pedágio de 50%), nesse pedágio, o pagamento do mesmo consiste basicamente na obrigação do segurado em contribuir mais 100% do número de meses que faltava para se aposentar, isso sem levar em consideração, a idadedo segurado. Nos ditames do art. 20 da EC 103/2019, ao segurado ou servidor público filiado ao RGPS, ou ingressado no serviço público em cargo efetivo, até a data da entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/2019, fica assegurado o direito à aposentar-se por tempo de contribuição quando preencher, de maneira cumulada, os seguintes requisitos: • Mulher: 57 anos de idade e 30 anos de contribuição; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 7 • Homem: 60 anos de idade e 35 anos de contribuição; • Servidores: 20 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos de cargos efetivo em que se der a aposentadoria; • Pedágio de 100% ao período adicional de contribuição correspondente a 100% do tempo que falta para se aposentar na data da entrada em vigor da EC/2.019. 5) Aposentadoria por idade com 15 Anos de contribuição: Pondera-se que antes da Reforma esta regra já era existente, entretanto, houve alteração em relação à idade mínima estabelecida para mulher (62 anos), vindo a manter a idade mínima para o homem (65 anos). De acordo com o determinado no art. 18 da EC 103/2019, ao segurado filiado ao RGPS até a data da entrada em vigor da referida emenda, fica assegurado por lei, o direito à aposentadoria quando preencher, de forma cumulativa, os requisitos a seguir: • Mulher: 60 anos de idade e 15 anos de contribuição; • Homem: 65 anos de idade e 15 anos de contribuição. Importante: Frise-se que esta regra de transição estabelece de forma clara que, a partir de 1º de janeiro de 2020, seria aplicada uma tabela progressiva de aumento de idade somente para as mulheres, sendo acrescen- tado 6 meses a cada ano, até que venham a atingir 62 anos de idade. Conceituação Nos parâmetros legais, a definição de Seguridade Social fornecida pela Constituição Federal Brasileira de 1.998 em seu art. 194, é a seguinte: Art. 194 - A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. A Carta Magna também adverte no mesmo diploma legal, em seu parágrafo único: Parágrafo único. Compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados. Percebe-se, que determinou ainda a Constituição Federal, que a seguridade deverá ser financiada por toda a sociedade, tanto de maneira direta como indireta, nos parâmetros da lei, mediante recursos advindos dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como das contribuições sociais pagas pelo empregador, pela empresa e, ainda, da entidade a ela comparada na forma da lei, sendo incidentes sobre a folha de pagamentos de salários e de outros rendimentos do trabalho pagos ou creditados a qualquer título relativo à pessoa física que venha a lhe prestar serviços, mesmo que não exista vínculo empregatício. Acrescenta-se também a esse mencionado rol acima, a receita ou o faturamento, o lucro percebido tanto pelo trabalhador quanto pelos demais assegurados da Previdência Social, não vindo a incidir contribuição sobre a aposentadoria e à pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social que dispõe o art. 201 da CF/1.988. Vejamos: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de fi- liação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 8 II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observa- do o disposto no § 2º. Machado, conceitua de forma doutrinária, a seguridade social ou segurança social como sendo um conjunto de políticas sociais cujo fim é amparar e assistir ao cidadão e à sua família em situações como a velhice, a do- ença e o desemprego, e cujo princípio fundamental é a solidariedade (MACHADO, 2019). Por fim, cabe registrar que recentemente, por intermédio da Medida Provisória nº. 870/2.019, depois de 56 anos de existência, o Ministério da Previdência Social deixou de existir no país, sendo que as suas funções foram delegadas ao Ministério da Economia, conforme determina o art. 31 em seus incisos X e XI do referido diploma legal. Organização e Princípios Constitucionais Organização No sentido de organização, a Seguridade Social engloba um conceito amplo e com abrangência universal, destinado a todos aqueles que dela venham a precisar, desde que haja previsão legal a respeito de evento especifico a ser coberto. A seguridade social é o gênero por meio do qual são considerados como espécies: a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde. De forma sucinta, entende-se que a Previdência Social vai abranger, em suma, a cobertura de riscos de- correntes de morte, doença, velhice, invalidez, desemprego e proteção à maternidade, mediante contribuição pecuniária com a concessão de pensões e aposentadorias, dentre outros fatores pertinentes à matéria em questão. Denota-se que a Assistência Social se encontra encarregada de atender aos hipossuficientes, vindo, desta forma, a destinar benefícios para pessoas que nunca contribuíram para o sistema previdenciário, como no caso da renda mensal vitalícia, por exemplo. Em relação à saúde, verifica-se que esta pretende ofertar uma política social e econômica com destino à redução de riscos de doença e outros infortúnios, vindo a proporcionar ações e serviços próprios para que haja a proteção e a recuperação do cidadão que esteja necessitando. Registra-se, como marco histórico no Brasil, que as mudanças na estrutura administrativa realizadas por meio do governo do Presidente Michel Temer, em 2016 a Previdência Social veio a perder o status de Minis- tério. Por esta razão, nos termos do disposto na Lei n. 13.341/2;016 e alterações posteriores, o INSS passou a integrar o Ministério do Desenvolvimento Social. Criou-se ainda uma Secretaria de Previdência vinculada ao até então denominado Ministério da Fazenda com a incumbência de promover uma reforma significativa nas regras de concessão de benefícios do RGPS e também dos RPPS. Contemporaneamente, existe uma Secre- taria Especial de Previdência e Trabalho, que integra o Ministério da Economia, Ministério este, que veio a ser o responsável pelas atribuições que antes eram delegadas ao extinto Ministério da Previdência Social no Brasil. Registra-se, ainda, que o INSS, autarquia que atualmente se encontra vinculada ao Ministério da Economia, por meio do Decreto n.º 9.746, de 08.04.2019, é organizado de acordo com a seguinte estrutura: I – órgãos de assistência direta e imediata ao Presidente do Instituto Nacional do Seguro Social: a) Gabinete; b) Assessoria de Comunicação Social; e c) Coordenação-Geral de Projetos Estratégicos e Inovação; II – órgãos seccionais: a) Procuradoria Federal Especializada; b) Auditoria-Geral; c) Corregedoria-Geral; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 9 d) Diretoria de Gestão de Pessoas e Administração;e) Diretoria de Tecnologia da Informação e Inovação; e f) Diretoria de Integridade, Governança e Gerenciamento de Riscos; III – órgãos específicos singulares: a) Diretoria de Benefícios; e b) Diretoria de Atendimento; e IV – unidades descentralizadas: Superintendências Regionais. Por fim, no que condiz à organização da Seguridade Social, a Lei dispõe da seguinte forma: 1) Sistema Nacional de Seguridade Social 2) Instituto Nacional do Seguro Social – INSS 3) Gestão descentralizada 4) Conselho Nacional de Previdência – CNP 5) Conselhos de Previdência Social – CPS 6) Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS 7) Conselho Nacional de Previdência Complementar – CNPC 8) Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS 9) Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF Ante o estudado, passemos, pois, à uma importante e essencial análise de cada um dos princípios constitu- cionais da Seguridade Social. Princípios Constitucionais O jurista Miguel Reale, em sua doutrina “Lições Preliminares de Direito”, trabalha essa classe sob o ponto de ótica lógico, na forma de enunciados admitidos como condição ou como base de validade das demais as- severações que fazem parte da composição dada ao campo do saber. Desta forma, entende-se que as regras ordinárias, portanto, devem se encontrar dotadas destes princípios, sob pena de acabarem se tornando letra sem valor legal e, ainda, de serem excluídas do ordenamento jurídico. Assim, como exemplo, pode-se citar a fixação de uma norma legal que possua o condão de isentar todos os trabalhadores da obrigação legal que estes possuem de contribuir para a Seguridade Social, uma vez que tal norma não faria sentido algum, posto que se existe um princípio determinador da diversidade da base de financiamento legal, e outro, que, por sua vez, impõe a lisura no custeio da Seguridade Social. De forma geral, boa parte da doutrina entende que os princípios não deixam de ser normas jurídicas. Au- tores como Robert Alexy e Daniel Machado da Rocha, afirmam que as normas jurídicas são subdivididas em princípios e regras, posto que a diferença entre estas duas espécies, aduz-se na ideia de que os princípios são formas de mandados de otimização, ao passo que as regras, por sua vez, são imposições feitas de forma definitiva, vindo a se basear nos princípios guiadores do sistema, vindo, por esse motivo, os princípios a serem elevados à espécie e categoria de normas bem mais relevantes do ordenamento jurídico. Os princípios constitucionais da Seguridade Social se encontram dispostos no já estudado parágrafo único do art. 194 da CFB/1.988. Vejamos: Art. 194. [...] Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I – universalidade da cobertura e do atendimento; II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV – irredutibilidade do valor dos benefícios; V – eqüidade na forma de participação no custeio; VI – diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 10 VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participa- ção dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Antes de adentrarmos aos princípios, vale à pena registrar de forma sucinta a existência do princípio da So- lidariedade, que embora não se encontre no rol do art. 194 da CFB/1.998, é tema bastante cobrado em provas de concurso e áreas afins. Princípio da Solidariedade A solidariedade é um princípio que a doutrina previdenciária reconhece como uma espécie de “princípio geral”, ou, comum a todos. Além disso, a solidariedade constitui-se em um objetivo fundamental da República Federativa do Brasil que marca presença no art. 3º, I da CFB/1.998. Vejamos: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; Na seara da seguridade social, a solidariedade está implícita no teor do caput do art. 195 da CFB/1.998. Analisemos: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- pios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposen- tadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. Para um melhor entendimento, vejamos o esquema representativo: PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE Art.3º, CFB/1.988>>> Constituem objetivos funda- mentais da República Federativa do Brasil: Construir uma socie- dade justa, livre e solidária. Art. 195, CFB/1.988>>> A seguridade social será financia- da por toda a sociedade. >>>União; Estados e o DF; Municípios. Regista-se que o conceito de financiamento por intermédio de toda a sociedade, é bastante amplo. Assim sendo, podemos citar como exemplo clássico: as empresas de modo geral quando contribuem por intermédio da cota patronal e demais contribuições pertinentes. Conceituada como característica importante de um sistema previdenciário de repartição, como o do Brasil, denota-se que a solidariedade faz com que sejam ativados os benefícios da geração anterior, posto que quando vierem a se aposentar, terão assegurados o direito de ver seus benefícios serem custeados pelas contribuições feitas anteriormente pelos mais jovens, vindo, desta forma, a se consolidar a relação. Adentrando ao tema dos princípios expressos no art. 194, parágrafo único, da Constituição Federal, temos: Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento Por meio desse princípio, entende-se que a seguridade social deverá por dispositivo legal, ser organizada de forma que possua total abrangência de todos os riscos ou infortúnios sociais possíveis, que se traduz na universalidade da cobertura, que, por sua vez, deve ser destinada a todos os cidadãos que possuam domicílio no território nacional, que trata-se da universalidade do atendimento. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 11 Denota-se que a existência do princípio da universalidade da cobertura e do atendimento não se compõe de medida plausível que possa justificar a distribuição de todos os pilares da Seguridade a todos os cidadãos, porém, todos os que possuem domicílio no território nacional, possuem direito a alguma das diversas formas de proteção da seguridade como um todo. Uniformidade e Equivalência de Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais De antemão, afirma-se que esse importante princípio foi criado com o fito de corrigir determinada discrimi- nação histórica, posto que a proteção social dada aos trabalhadores rurais sempre foi, em partes, inferior à proteção gozada pelos urbanos. Denota-se que bem antes da promulgação da Constituição Federal de 1.988, o trabalhador rural já se encontrava sujeito a receber valor inferior ao salário mínimo ao se aposentar. Consagrado pelo art. 5º da CFB/1.988, o princípio da isonomia, contribuiupara que o legislador julgasse oportuno aplicá-lo também em relação à seguridade social. Nesse sentido, por isonomia e uniformidade com- preende-se que o plano de proteção social como um todo, deverá ser o mesmo tanto para os trabalhadores urbanos, quanto para os rurais, tendo esses últimos, os mesmos direitos previdenciários que os primeiros. No que condiz à questão de equivalência, afirma-se que esta assegura que os benefícios concedidos às popula- ções urbanas e rurais não sejam necessariamente equivalentes em valor. Isso ocorre devido à sistemática de cálculo que é aplicado para ambas as categorias, posto que quanto maior for o tempo de contribuição, automa- ticamente, maior será o valor da aposentadoria e, quanto mais alto for o valor das contribuições do segurado, maior será a sua aposentadoria, dentre outros fatores coerentes a serem avaliados em cada caso específico. Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços Por meio desse princípio, entende-se de forma explícita que nem todos os cidadãos terão direito a todos os benefícios e serviços oferecidos pela seguridade social. Porém, todos terão direito a pelo menos um benefício ou serviço advindo da seguridade social. Por intermédio desse princípio, depreende-se que o legislador deverá estar apto a identificar os riscos e eventualidades geradores de maior necessidade de proteção da seguridade social, bem como trabalhar no estabelecimento de critérios de forma objetiva para alcançar e contemplar as camadas sociais que mais neces- sitarem da proteção e auxílio do Estado. Em relação à distributividade, explica-se que ela se encontra diretamente relacionada à distribuição de ren- da, tendo em vista que a atuação do sistema de proteção deve ser distribuída da maneira mais ampla possível, além de ser direcionada e levada para as pessoas dotadas com maior necessidade, nos trâmites da previsão legal vigente, por se tratar de instrumento de justiça social e direito de todos os que do auxílio do Estado ne- cessitarem. Irredutibilidade do valor dos benefícios Esse princípio visa garantir aos assegurados que os benefícios por estes percebidos não podem ter seu valor diminuído, fazendo referência apenas aos benefícios e não englobando, entretanto, as prestações e nem mesmo os serviços. Pondera-se que existem duas correntes doutrinárias a respeito da imposição do princípio da irredutibilidade da valor dos benefícios. A primeira, afirma que a restrição determinada por esse princípio, diz respeito ao valor nominal. Já a segunda corrente, aduz que o valor real do benefício não pode ser diminuído. Como exemplo, po- de-se citar o caso específico de um indivíduo que tenha se aposentado com rendimentos iniciais de R$1.580,00 e, mesmo com o lapso de tempo de 2 anos, ele ainda continua recebendo o mesmo valor. Nesse período, tudo teve considerável aumento de preços, além da inflação ter aumentado. Assim sendo, verifica-se que o valor nominal do benefício não sofreu redução, tendo permanecido com o seu valor pecuniário inicial. Entretanto, registre-se de passagem, que é inegável que o valor real com o poder de compra desse indivíduo foi amplamen- te diminuído. Nesse caso, a resposta para ser dada a esse impasse, irá depender de forma total da corrente doutrinária aplicada, uma vez que poderá ser positiva ou negativa. Equidade na Forma de Participação no Custeio Trata-se esse princípio de uma variação previdenciária do princípio da capacidade contributiva. A lei Orgânica da Seguridade Social de nº. 8.212/1991, que regulamenta o custeio da Seguridade Social, possui em seu bojo, variadas e diversas fontes de arrecadação, tais como: as contribuições dos empregados, dos empregados domésticos, dos empregadores e também das empresas. Ademais, verifica-se que as con- 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 12 tribuições dos empregados são dotadas de diferentes valores pecuniários de acordo com a renda de cada um deles sendo fixadas, conforme já visto em 7,5%, 9%, 12% ou 14%; já a contribuição patronal do empregador doméstico é de 8%; com referência à contribuição patronal das empresas sobre a folha de salários, verifica-se que está firmada em um percentual de 20%. Desta forma, pelo exposto acima, nota-se a aplicação do princípio da capacidade contributiva de maneira contundente, por meio da qual, quem pode mais, paga mais. Ressalte-se, que força desse princípio, o legisla- dor deve levar em consideração, além da capacidade financeira do contribuinte, a atividade laborativa que ele exerce no momento de estabelecer as fontes e formas de custeio da seguridade. Diversidade da Base de Financiamento Por meio desse princípio, depreende-se que toda a sociedade é responsável pelo financiamento da seguri- dade social. O Diploma legal que ampara esse princípio se encontra registrado no art. 195 da Constituição Federal Brasi- leira de 1.988, e determina de forma clara que a seguridade social deverá ser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos parâmetros estabelecidos por lei, mediante recursos advindos dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e, ainda de contribuições sociais. Desta forma, entende-se que o financiamento da seguridade social deverá advir de diversas fontes, com o fito de garantir a solvência do sistema, com o objetivo de evitar que as crises que ocorrem em determinados setores venha a comprometer de forma prejudicial a arrecadação, o que deve ser feito com a participação de toda a sociedade, seja de forma direta ou indireta. Caráter democrático e descentralizado da Administração Edmilson de Almeida Barros Júnior, conceitua esse princípio afirmando que “a Seguridade Social tem admi- nistração com caráter democrático e descentralizado mediante gestão quadripartite, ou seja, com participação nos órgãos colegiados dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo.” Como exemplo da aplicação desse princípio, pode-se citar o fato de existirem representantes da União, dos trabalhadores e das empresas, formando uma espécie de colegiado nas Juntas de Recursos da Previdência Social, que julgam de maneira definitiva as questões previdenciárias na seara administrativa, tanto no custeio, quanto na área de benefícios. O jurista Fabio Camacho Dell`Amore Torres, subdivide o princípio do caráter democrático e descentralizado da administração em duas categorias. São elas: a) Caráter democrático da gestão administrativa: Possui como foco a aproximação dos cidadãos, quando representados pelos trabalhadores, aposentados e empregadores às organizações e processos de decisão dos quais dependem seus direitos. Como exemplo, podemos citar a participação dos trabalhadores, aposentados e empregadores no Conselho Nacional da Previdência Social, para que estes possam sugerir projetos acerca da Previdência Social. b) Caráter descentralizado da gestão administrativa: É tido como um conceito de direito administrativo, por meio do qual o serviço público descentralizado possui o condão de criar uma pessoa jurídica de direito público ou privado, vindo a atribuir a ela a titularidade e a execução de determinado serviço público. Por fim, vale a pena registrar que esse princípio se encontra dotado de caráter democrático, e, isso, o coloca num patamar que busca atingir a justiça como um fim social acessível a todos os cidadãos. Legislação Previdenciária. Conteúdo, fontes, autonomia. Aplicação das normas previ- denciárias. Vigência, hierarquia, interpretação e integração Conceito, fontes, autonomia Conceito Podemos conceituar Legislação Previdenciária como sendo um acoplado de normas e atos administrativos que se referem ao bom funcionamento do sistema securitário como um todo, onde se alojam a Constituição, as leis complementares, as leis ordinárias, as medidas provisórias, os decretos e atos administrativos (instruções normativas, resoluções e portarias) concernentes à seguridadesocial. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 13 Ressalta-se que o art. 22, inc. XXIII da Constituição Federal Brasileira, delega competência privativa à União para que esta possa legislar sobre o sistema securitário. Porém, esse mesmo diploma legal dá permissão para que lei complementar possa autorizar aos Estados, bem como o Distrito Federal a legislar sobre o assunto. Já no condizente à Previdência Social, a competência legislativa se mostra de forma concorrente. É o que afirma o art. 24, inc. XII, da CFB/1.988. Vejamos o diploma legal: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; Ressalta-se que a União trata das normas gerais, já os Estados, o Distrito Federal e os Munícipios podem legislar sobre a matéria, desde que obedeçam as normas de regras gerais. No concernente aos Estados, de- nota-se que esses entes federativos criaram o seu próprio regime de Previdência com o fito de amparar seus servidores detentores de cargos efetivos. Assim sendo, o Estado está legislando sobre a matéria como um todo. Entretanto, estará o Estado obedecendo ao que está disposto na Constituição Federal de 1.988, bem como da Lei de Regimes Gerais de Regimes Próprios de Previdência, Lei nº 9717/1988. Fontes O Direito Previdenciário possui sua base firmada na Constituição Federal Brasileira de 1.988. No vocábulo do ilustre Miguel Reale: “Por fonte do direito, designamos os processos ou meios em virtude dos quais as re- gras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa”. Assim, entende-se que existe um processo de nítida concretização destas fontes, seja ele de cunho legislativo, jurisdicional ou social. Um dado importante no deslinde do estudo desse tema, encontra-se disposto no art. 193 da CFB/1.988, que dispõe: Art. 193 - A ordem social tem como base o primado do trabalho e como objetivo o bem-estar e a justiça social. Cuida-se o referido artigo, de fonte de lei, bem como de fonte filosófica inspiradora de todo o sistema de proteção social organizado pela Constituição Federal Brasileira. Pondera-se que esta fonte inserida no art. 193, é usada de forma significativa como critério de interpretação do Direito Previdenciário. Isso significa que as nor- mas do Direito Previdenciário possuem o dever de subordinar-se a este foco básico, que se compõe no alcance do bem-estar e da justiça social. De modo geral, a doutrina divide e conceitua as fontes do Direito Previdenciário como primárias e secundá- rias. Entende-se como fontes primárias, aquelas cujo conteúdo é o suficiente para gerar a regra jurídica, como a Constituição, as Leis ordinárias, leis complementares, leis delegadas, bem como os demais atos com força de lei. Já como fontes secundárias, afirma-se que são aquelas por meio das quais não existe a geração de regra jurídica, porém, estas fontes a interpretam e a aplicam. Exemplos: doutrinas, jurisprudência, decretos, portarias, instruções normativas e a jurisprudência. Considerando que as fontes do Direito Previdenciário são diversas, de forma sucinta, pode se considerar que esse ramo do direito é composto pelas seguintes fontes: a Constituição, as leis e os demais atos normati- vos a pertinentes. Vejamos: Fontes Primárias: 1) Constituição: Trata-se de fonte primária do Direito Previdenciário, uma vez que ela é a base de todo o Direito Previdenciário no país. Com supedâneo no art. 194 da CFB/1.988, esse dispositivo legal inaugura o Capítulo II da Carta Magna, que dispõe de forma explícita sobre a seguridade social no território nacional em suas três vertentes: a saúde, a previdência social e a assistência social. 2) Leis: Englobam um rol extenso. Pondera-se que na atualidade, na seara do Direito Previdenciário, além da CFB/1.988, são fontes primárias do Direito Previdenciário: a Lei complementar nº 108/2001, que dispõe so- bre os planos de benefícios e entidades de Previdência Complementar; a Lei complementar nº 109/2001, que dispõe sobre o regime de Previdência Complementar; a Lei Orgânica da Seguridade Social (Lei nº 8.212/91), que dispõe sobre a organização da Seguridade Social; a Lei Orgânica de Benefícios Previdenciários (Lei nº 8.213/91), que dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social; Fontes Secundárias: 1) Doutrinas: são o acoplado de estudos elaborados por juristas e demais doutrinadores e aplicadores do 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 14 Direito, que possuem a finalidade de classificar, conceituar, fundamentar ou influenciam as decisões jurídicas no Ordenamento Jurídico Brasileiro. 2) Decretos: São ordens advindas de autoridades superiores ou órgãos, que possuem o condão de determi- nar o cumprimento de uma ou mais resoluções. 3) Costumes: Tratam-se de atos reiterados da sociedade. Pondera-se que a ocorrência de um ato social que passa a ser usado de forma constante e uniforme, mesmo que não se encontre descrito de maneira formal nos diplomas legais, poderá influenciar de forma contundente a elaboração de normas jurídicas. 4) Portarias: São documentos de ato administrativo advindos de autoridades públicas, que se encontram dotados de instruções a respeito da aplicação e vigência de leis ou regulamentos, bem como de recomenda- ções de ordem geral, normas de execução de serviço, ou, ainda qualquer outra determinação que seja da sua competência. 5) Instruções normativas: São documentos de organização e ordenamento administrativo interno usados com o objetivo de estabelecer diretrizes, criar normas de métodos e procedimentos. Possuem ainda, a função de regulamentar matéria específica usada anteriormente, com o fito de coordenar e orientar servidores na maior excelência possível no desempenho de suas atribuições. 6) Jurisprudência: Trata-se de um acoplado de decisões e interpretações reiteradas das leis realizado por intermédio dos Tribunais superiores com abrangência no território nacional brasileiro. Autonomia A conceito de autonomia surgiu a partir do acoplado de princípios jurídicos próprios deste ramo, bem como do complexo de normas e regras que podem ser aplicada a ele. De forma didática, com relação à autonomia, pode-se dividir-se o Direito Previdenciário em duas teorias. Vejamos: 1 ) Teoria monista: Trata o Direito Previdenciário como se esse fosse uma simples ramificação do Direito do Trabalho. De caráter histórico, esta teoria surgiu quando o Direito Previdenciário era tratado como parte do Direito do Trabalho. Porém, na atualidade, esse conceito não se encontra mais em vigor. 2) Teoria Dualista: Considera o Direito Previdenciário como ramo autônomo, e que não se confunde mais com o Direito do Trabalho. Esta teoria foi inserida no diploma legal da Constituição Federal de 1.988, que tratou de separar o módulo do tema Trabalho do módulo do tema Seguridade Social, e se encontra em uso na atuali- dade. Assim sendo, o Direito Previdenciário Brasileiro é considerado autônomo. Mesmo com a Constituição Federal tendo adotado a teoria autônoma em seu texto, a autonomia do Direito Previdenciário ainda não encontrou pacificidade entre os doutrinadores, posto que alguns adotam o entendi- mento de que o surgimento do Direito Previdenciário ocorreu a partir da segmentação do Direito Administrativo, devido à organização estatal da proteção social. Outros, já consideram o Direito Previdenciário como sendo uma evolução do Direito do Trabalho. Além disso, registra-se que existe, também, a linha de doutrinadores que tratam o Direito Previdenciário como ramo autônomo, desde o seu surgimento, tendo em vista que desde os tempos antigos, os conceitos e princípios previdenciários são conhecidos, sendo alguns até de criação anterio- res ao próprio Direito do Trabalho como um todo. Divergências doutrinárias à parte, o que prevalece, no entantoé o entendimento de que o Direito Previdenci- ário Brasileiro é autônomo com fulcro na teoria dualista que foi inserida no diploma legal da Constituição Fede- ral de 1.988 em seu art. 201, que separou o módulo do tema Trabalho do módulo do tema Seguridade Social, e se encontra em uso na atualidade. Desta forma, o Direito Previdenciário Brasileiro é considerado autônomo. Aplicação das normas previdenciárias Vigência Considera-se vigência, o período contado a partir do momento em que a norma entra em vigor, até o mo- mento em que esta norma passa pelo processo de revogação, ou, ainda, em que se acaba o prazo prescrito para sua duração. O art. 1º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, LINDB, Decreto-Lei nº. 4.657/42, aduz que uma lei começa a ter vigência em todo o país 45 dias depois de publicada, salvo se a lei dispuser de outro modo. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 15 Considera-se vacatio legis, o período compreendido entre a data da publicação da lei até sua entrada em vigor. Ressalta-se que durante o vacatio legis, a norma já se encontra eivada de validade e também já pertence ao ordenamento jurídico, porém, ainda não possui vigência. Denota-se que validade e vigência não podem ser confundidas, posto que deve se levar em consideração que uma norma pode ter eficácia de validade sem estar vigente, embora, de qualquer modo, a norma vigente seja sempre válida. De modo geral, via de regra, a norma vigente é sempre eficaz e apta a produzir efeitos. Entretanto, nem sempre isso acontece, como é o caso do contido no art. 196 em seu parágrafo único que dispõe que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” É importante salientar que a eficácia da norma jurídica pode ser subdividida em relação ao tempo e ao es- paço da seguinte forma: • Eficácia no Tempo: Refere-se à entrada da lei em vigor. De modo geral, as disposições securitárias costu- mam entrar em vigor na data da publicação da lei e com eficácia imediata. Entretanto, determinados disposi- tivos contidos no Plano de Custeio e no de Benefícios, precisam ser complementados pelo regulamento, fato que acarreta a possibilidade de que apenas a partir da existência deste regulamento é que poderão ter plena eficácia. Um exemplo clássico disso, é o fato de no momento de edição das Leis 8.212 e 8.213/91, ter acon- tecido de muitos de seus dispositivos só terem entrado em vigor com a edição de suas regulamentações por intermédio dos Decretos 356 e 357 somente no ano de 1.991. Merece destaque o fato do parágrafo 6º do artigo 195 da Constituição Federal de 1.988, estabelecer em seu bojo, que as contribuições sociais com destino ao custeio da Seguridade Social, apenas entram em vigor após 90 dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado. • Eficácia no Espaço: Esse dispositivo faz referência ao território em que a norma será aplicada. Aqui, vale registrar que em consonância com as regras determinadas pelo Plano de Custeio e Benefícios e outras espe- cificações referentes à matéria, a lei de Seguridade Social é aplicada em todo o território brasileiro e possui eficácia tanto para os cidadãos nacionais quanto para os estrangeiros que nele habitam. Hierarquia Ocorrerá a hierarquia entre as normas, apenas quando a validade de norma específica depender de outra norma superior, na qual a primeira irá depender de forma completa da maneira de criação da norma superior como um todo. Pondera-se que a Constituição é hierarquicamente superior às demais normas, tendo em vista que o proces- so de validade destas se encontra regulado pela primeira, no caso, a Constituição. Assim, logo abaixo da Cons- tituição Federal, encontram-se os demais preceitos legais com campos diversos, como: leis complementares, leis ordinárias, decretos-lei, medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos e também as resoluções. Vejamos o gráfico explicativo: Assim sendo, infere-se que a norma superior é o fundamento de validade da norma imediatamente inferior, 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 16 vindo a norma superior prevalecer sobre a norma inferior, conforme se demonstra abaixo: 1º) Constituição Federal e emendas constitucionais; 2º) Lei Complementar, lei ordinária, medida provisória, lei delegada, decretos legislativos, resoluções do Senado e tratados internacionais; 3º) Decretos (são editados pelo Presidente da República); 4º) Portarias (são expedidas pelo Ministro da Previdência ou da Fazenda); 5º) Outras normas internas da administração. Exemplos: instruções normativas, ordens de serviço, dentre outras. Importante: • Os tratados internacionais, via de regra, possuem status de lei ordinária. • Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais (CFB/1.988, art. 5º, § 3º). • Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo interna- cional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados como lei espe- cial. (Art. 85-A da Lei 8.212/91). Interpretação Esta espécie de aplicação da norma previdenciária decorre da análise da norma jurídica que irá ser aplicada aos casos concretos de forma geral. São formas de interpretação da norma jurídica: 1) Forma gramatical ou literal (verba legis): Trata-se de norma verificadora do sentido do texto gramatical da norma jurídica a ser aplicada, por meio da qual, analisa-se o alcance das palavras obstruídas ou encerradas no texto da lei; 2) Forma lógica (mens legis): Estabelecedora de uma conexão entre os vários textos legais que serão inter- pretados; 3) Forma teleológica ou finalística: Esta forma explica que a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o objetivo aspirado pelo legislador; 4) Forma sistemática: Aqui, a interpretação será dada ao dispositivo legal em consonância com a análise dos sistemas no qual está inserido, dando interpretação ao conjunto e não apenas a um dispositivo de forma isolada; 5) Forma extensiva ou ampliativa: Atribui-se um sentido mais amplo para a norma que será interpretada de forma mais abrangente do que ele normalmente teria; 6) Forma restritiva ou limitativa: Atribui-se um sentido mais restrito e limitado à interpretação da norma jurí- dica; 7) Forma histórica: Aqui, o Direito advém de um processo evolutivo por meio do qual existe a necessidade de analisar a evolução histórica dos fatos com o pensamento do legislador à época da edição da lei, levando em conta sua exposição de mensagens, motivos, dentre outros aspectos; 8) Forma autêntica: É executada pelo órgão que editou a norma e que irá declarar o seu real sentido, o seu alcance e o seu conteúdo por intermédio de outra norma jurídica. É também denominada interpretação legal ou legislativa. Por fim, registra-se que no Direito da Seguridade Social, vigora a aplicação da norma mais favorável ao segurado na interpretação do texto do diploma legal, uma vez que esta aplicação na maioria das vezes, é dis- ciplinada pela própria lei. Integração Integração na Legislação Previdenciária, significa que o intérprete se encontra autorizado a agir de forma que possa suprir as lacunas existentes na norma jurídica através do uso sistemático de técnicas jurídicas. Es- tas técnicas são a analogia e a equidade, lembrando que também podem ser utilizados os princípios gerais de 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 17 Direito e a Doutrina de maneira geral. Vejamos as técnicas: 1)Técnica da analogia: É aplicada alei que possui o condão de regular um caso semelhante, como por exemplo, o disposto no art. 40, § 4º da CFB/1.998 que dispõe: § 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores I - portadores de deficiência; II - que exerçam atividades de risco; III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. 2) Técnica da equidade: É utilizada tanto para amenizar quanto para humanizar o direito. O juiz, ou, outra autoridade equivalente, quando autorizados a decidir por meio da equidade, aplicarão a norma que estabele- ceriam como se fossem o legislador da lei em questão. A equidade relativa ao Direito Previdenciário pode ser exemplificada por meio do parágrafo único, inciso VI do art. 194 da CFB/1.988, que dispõe que compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base em objetivos específicos, sendo um deles a equidade na forma de participação no custeio. Regime Geral de Previdência Social. Segurados obrigatórios, Filiação e inscrição. Conceito, características e abrangência: empregado, empregado doméstico, contribuin- te individual, trabalhador avulso e segurado especial. Segurado facultativo: conceito, características, filiação e inscrição. Trabalhadores excluídos do Regime Geral Nos parâmetros do art. 12 e seus parágrafos da Lei n. 8.212, de 1.991, e art. 11 e parágrafos da Lei n. 8.213, de 1991, é segurado da Previdência Social de forma obrigatória, a pessoa física detentora do exercício de ati- vidade remunerada, efetiva ou eventual, de natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo de emprego, seja a título precário ou não, e, também aquele que a lei define como tal, observadas, caso seja preciso, as exceções previstas no texto legal, ou, ainda, aquele que exerceu alguma das atividades retro mencionadas no período imediatamente anterior ao chamado “período de graça”. Além disso, considera-se também como segurado, o indivíduo que, embora não exerça atividade remune- rada, opta por se filiar de forma facultativa e espontânea à Previdência Social, vindo a contribuir para o custeio das prestações sem se encontrar vinculado de maneira obrigatória ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), ou a qualquer outro regime previdenciário, nos parâmetros do art. 14 da Lei de Custeio e do art. 13 da Lei de Benefícios. Assim sendo, pondera-se que existem duas espécies de segurados: os obrigatórios e os facultativos. Segurados obrigatórios Pode-se conceituar como segurados obrigatórios, aqueles que possuem o dever de contribuir de forma com- pulsória para a Seguridade Social e que possuem como direito, os benefícios pecuniários que a lei assegura para a sua categoria. São exemplos de benefícios desta categoria: as pensões, as aposentadorias, os auxílios, o salário-família e o salário-maternidade, bem como os serviços de reabilitação profissional e serviço social, estando esses dois últimos, a encargo da Previdência Social. Ressalta-se que o requisito básico para que uma pessoa tenha a condição de segurado do RGPS, nos ter- mos do disposto no art. 12 da Lei n. 8º212/1.991 e do art. 11 da Lei n. 8.213/1.991, é o de ser pessoa física, tendo em vista que é inaceitável a existência de segurado como pessoa jurídica. Ademais, o segundo requisito para ser segurado obrigatório é a prática do exercício de uma atividade laborativa, remunerada e lícita, posto que o exercício de atividade com objeto ilícito, não encontra respaldo ou proteção no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Pondera-se que o segurado obrigatório deverá exercer pelo menos uma atividade remunerada, seja ela com vínculo empregatício, urbano, rural ou doméstico, e, também, que esta atividade esteja sob regime jurídico público estatutário, seja como trabalhador autônomo ou outro trabalho que possa ser a este equiparado, como 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 18 trabalhador avulso, empresário ou segurado especial. Com relação à atividade exercida, registra-se que ela pode tanto de natureza urbana como rural. É importante salientar que mesmo que o segurado exerça suas atividades em outro país, nas condições acima, estará amparado pela Previdência Social, nas condições previstas em lei. Importante: Independente da nacionalidade do indivíduo, este encontra amparo para a filiação ao RGPS, bem como pode se enquadrar como segurado obrigatório, tendo em vista que é permitido aos estrangeiros que tenham domicílio fixo no Brasil o ingresso a esse direito, desde que o trabalho tenha sido desenvolvido no Brasil, ou, ainda em repartições diplomáticas brasileiras no exterior. Registra-se, que existe também a possibilidade de a pessoa física ser reconhecida como segurado obrigató- rio do RGPS, caso exerça atividade trabalhista no exterior e a contratação seja realizada em território brasileiro, ou, ainda em decorrência de tratados ou acordos internacionais firmados pelo Brasil. É o que a Lei brasileira chama de critério da extraterritorialidade em face da aplicação do princípio da universalidade do atendimento àqueles que necessitam de seguridade social. Em relação ao disposto no art. 12 da Lei 8.212/1.991 e do art. 11 da Lei 8.213/1.991, afirma-se que são con- siderados segurados obrigatórios da Previdência Social: Lei 8.212/1.991: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I - como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subor- dinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta ser- viço para atender à necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior; d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular; e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional; g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais; Lei 8.213/1991: Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I - como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subor- dinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta ser- viço para atender à necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucur- sal ou agência de empresa nacional no exterior; d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartiçãoconsular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular; e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 19 g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais. (Incluída pela Lei nº 8.647, de 1993) h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âm- bito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos; Por fim, explicita-se que o reconhecimento do indivíduo como segurado do Regime de Previdência Social é uma condição fundamental para que este possa usufruir dos direitos advindos de tal natureza. Entretanto, em se tratando das relações informais de trabalho, nem sempre o trabalhador consegue demonstrar de forma efi- caz e inequívoca tal qualidade. No entanto, nas situações por meio das quais o indivíduo necessitar comprovar sua condição de trabalhador mediante os procedimentos administrativos ou judiciais pertinentes, tais situações não são aceitas como impedimento para que este requeira seus benefícios, sendo inadmissível que o cida- dão seja impedido de ter acesso às prestações, ou seja, de forma permanente, por não possuir condições de demonstrar de forma imediata, ou apresentar sua carteira de trabalho assinada, como acontece sempre com frequência. Por isso, terá o indivíduo, o direito de requerer o que entender de direito, tendo garantido o direito de provar sua condição de segurado, caso seja preciso. Filiação e inscrição Conceitua-se filiação, o início da relação jurídica que existe entre o segurado e o Regime Geral de Previ- dência Social (RGPS). Afirma-se que de modo geral e, via de regra, a filiação é uma decorrência automática do exercício de atividade remunerada do trabalhador. Assim, denota-se que a filiação acontece no momento no qual o empregador faz o registro na CTPS do empregado por meio do contrato de trabalho pactuado entre ambos. Registra-se que a filiação não é dependente de manifestação de vontade, tendo em vista que o segurado obrigatório não possui o direito de optar ou não por ser filiado à Previdência Social, uma vez que ela ocorre de forma compulsória, como ordena o caput do art. 201 da Constituição Federal Brasileira de 1.988. Vejamos: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei a [...]. Assim sendo, todo aquele que esteja exercendo de maneira simultânea, mais de uma atividade remunera- da que se encontre sujeita ao RGPS, é filiado de forma obrigatória em relação a cada uma desta atividades. Entretanto, uma exceção à filiação obrigatória que se trata da filiação do segurado facultativo, uma vez que ela não é advinda do exercício de atividade remunerada, levando em conta que em regra, o segurado facultativo não é praticante do exercício de atividade remunerada. Assim, a filiação não ocorrerá de forma automática e o interessado deverá se manifestar para que possa se filiar. É o que afirma o art. 11, § 3º do RPS: Art. 11. [...] § 3º. A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo, gerando efeito so- mente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição, ressalvado o § 3º do art. 28. É a partir da filiação que o indivíduo pode ser considerado segurado e passa a ter direitos à proteção previ- denciária, bem como a ter a obrigação de contribuir para o RGPS. No entanto, para isso, existem alguns pré- -requisitos básicos que merecem destaque. Vejamos: • 16 (dezesseis) anos, como regra geral; • 14 (quatorze) anos, desde que na condição de menor aprendiz (Constituição Federal art. 7º, XXXII e De- creto n. 3.048/1999, art. 18, § 2º); e 18 (dezoito) anos para filiação como empregado doméstico. Obs. importante>>> É vedada a contratação de menor de 18 (dezoito) anos para desempenho de trabalho doméstico, nos parâmetros do disposto na Convenção no 182, de 1999, da Organização Internacional do Tra- balho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 de junho de 2008. Porém, a idade mínima para filiação ao RGPS, sem especificar a categoria de segurado é de 16 anos, exceto como menor aprendiz. Assim, caso não seja trabalhador doméstico, a idade mínima para se filiar, é de 16 anos, e, sendo doméstico, 18 anos de idade. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 20 No condizente à inscrição do segurado, afirma-se que se trata de um ato formal por intermédio do qual o se- gurado é cadastrado no RGPS, vindo a ocorrer após a filiação, salvo quanto ao segurado facultativo, posto que para este, a inscrição ocorre de maneira anterior à filiação. O art. 18 do RPS, é claro em relação ao assunto. Vejamos: Art. 18. Considera-se inscrição de segurado para os efeitos da previdência social o ato pelo qual o segurado é cadastrado no RGPS, por meio da comprovação dos dados pessoais, da seguinte forma: I – empregado – pelo empregador, por meio da formalização do contrato de trabalho e, a partir da obrigatorie- dade do uso do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas – eSo- cial, instituído pelo Decreto n. 8.373, de 11 de dezembro de 2014, ou do sistema que venha a substituí-lo, por meio do registro contratual eletrônico realizado nesse Sistema; II – trabalhador avulso – pelo cadastramento e pelo registro no órgão gestor de mão de obra, no caso de trabalhador portuário, ou no sindicato, no caso de trabalhador não portuário, e a partir da obrigatoriedade do uso do e Social, ou do sistema que venha a substituí-lo, por meio do cadastramento e do registro eletrônico realizado nesse Sistema; III – empregado doméstico – pelo empregador, por meio do registro contratual eletrônico realizado no e So- cial; IV – contribuinte individual: a) por ato próprio, por meio do cadastramento de informações para identificação e reconhecimento da ativida- de, hipótese em que o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderá solicitar a apresentação de docu- mento que comprove o exercício da atividade declarada; b) pela cooperativa de trabalho ou pela pessoa jurídica a quem preste serviço, no caso de cooperados ou contratados, respectivamente, se ainda não inscritos no RGPS; e c) pelo MEI, por meio do sítio eletrônico do Portal do Empreendedor; V – segurado especial – preferencialmente, pelo titular do grupo familiar que se enquadre em uma das con- dições previstas no inciso VII do caput do art. 9º, hipótese em que o INSS poderá solicitar a apresentação de documento que comprove o exercício da atividadedeclarada, observado o disposto no art. 19-D; e VI – segurado facultativo – por ato próprio, por meio do cadastramento de informações pessoais que permi- tam a sua identificação, desde que não exerça atividade que o enquadre na categoria de segurado obrigató- rio. § 3º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social será obrigatoriamente inscrito em relação a cada uma delas. [...] § 5º Presentes os pressupostos da filiação, admite-se a inscrição post mortem do segurado especial. § 5º-B Não será admitida a inscrição post mortem de segurado contribuinte individual e nem de segurado facultativo. § 6º A comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis à caracterização do segurado poderá ser exigida pelo INSS, a qualquer tempo, para fins de atualização cadastral, inclusive para a concessão de benefício. Ante o exposto, depreende-se que a inscrição ocorre mediante o registro contratual eletrônico realizado no sistema, sendo por isso, um ato formal que ocorre após a filiação. A filiação ocorre no momento do ato da assi- natura da CTPS, já a inscrição, ocorre com o registro do contrato no sistema. Importante: caso o segurado seja exercente de mais de uma atividade remunerada, ele será inscrito em relação a ambas, tendo o dever de contribuir sobre os rendimentos de ambas. O mesmo vale para a filiação, conforme previsão do art. 11, § 2º da LBPS. E, mais: Via de regra, a inscrição deverá ocorrerá após a filiação, salvo para o segurado facultativo, cuja filiação requer a inscrição e o pagamento da primeira contribuição previdenciária. Conceito, características e abrangência: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, traba- lhador avulso e segurado especial Conceito, Características e abrangência De antemão, podemos conceituar a previdência social, ou Regime Geral de Previdência Social (RGPS), como sendo um seguro público que garante renda para os trabalhadores na aposentadoria para a manutenção de sua subsistência, ou de seus dependentes. A Previdência Social possui como função, substituir a renda do segurado quando ele não se encontra mais capacitado para trabalhar, tanto em situações de doença quanto por idade avançada, maternidade, ou, nos 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 21 casos de riscos sociais como acidente e prisão. A Previdência Social pode ser caracterizada principalmente pela contribuição mensal a que se encontra o segurado incumbido de realizar mensalmente para ter direito à proteção, sendo desta forma o segurado obri- gado a contribuir é contribuir mensalmente com o INSS, sendo que o valor será descontado em folha de paga- mento para os segurados assalariados. Já em relação aos segurados facultativos, eles não precisam recolher o INSS, mas podem recolher de maneira facultativa para preservar os direitos previdenciários que lhes são pertinentes, como pensões, aposentadorias e auxílio-doença. Outra característica marcante da Previdência Social, é o fato de esta, ao inverso do que acontece com a saú- de e a assistência social, adotar sistema de caráter contributivo e obrigatório, motivo pelo qual, somente quem para ela contribui e atende às condições previstas em lei pode auferir dos benefícios previstos. A Previdência Social, abrange, dentre outros fatores, aos seguintes benefícios concedidos ao trabalhador: 1. Salário-maternidade: É direito de quem dá à luz ou adota uma criança. Em se tratando das trabalhadoras de empresas privadas, o valor deverá ser pelo empregador, por se tratar de direito trabalhista. O INSS, porém, fica responsável pelo pagamento de MEIs para as empregadas domésticas e outros contribuintes que adotam. 2. Auxílio-doença: É atribuído ao contribuinte que se encontrar temporariamente incapacitado para o traba- lho por motivos de doença ou por acidente. Para que receba esse benefício, o contribuinte deverá por perícia médica, e, caso se comprove a necessidade do benefício, o empregador deverá arcar com os primeiros 15 dias de afastamento, ficando o INSS responsável pelo restante do pagamento. 3. Auxílio-reclusão: Fornece suporte para a família do contribuinte que se encontrar privado de sua liberdade. Para fazer jus ao auxílio, é necessário que o preso seja contribuinte do INSS e comprovar sua última renda com um valor pecuniário igual ou inferior ao estabelecido pela previdência. Quem recebe o valor são os seus dependentes, sendo que o tempo de sua duração pode variar de acordo com a idade do indivíduo, bem com o tempo total de contribuição feito por ele. 4. Pensão por morte: é concedida aos dependentes do segurado que vier a óbito. Estão aptos, segundo a lei para receber esse benefício: o cônjuge ou companheiro; os filhos e enteados com menos de 21 anos; os pais com dependência econômica; e os irmãos com menos de 21 anos e economicamente dependentes. 5. Benefícios assistenciais: São benefícios definidos por legislações específicas, como o benefício assisten- cial ao idoso ou à pessoa com deficiência. Existe ainda, a pensão especial em virtude de hanseníase, o seguro para pescador artesanal, a pensão especial da síndrome da Talidomida, etc. Pondera-se que os segurados obrigatórios podem ser classificados em: Empregado Nos ditames do art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, (CLT), empregado é a pessoa física que pres- ta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante o recebimento de salário. Porém, em se tratando do conceito de empregado adotado pela Legislação do RGPS, pondera-se que alcan- ça ao trabalhador urbano e ao rural que se encontrem submetidos a contrato de trabalho, cujos requisitos são: ser pessoa física e realizar o trabalho de forma personalíssima; prestar serviço de natureza não eventual; ter o objetivo de receber salário pelo serviço prestado; trabalhar sob subordinação do empregador. Na relação de emprego, conforme os parâmetros legais, o trabalhador possui o acesso a todos os direitos trabalhistas, tais como por exemplo, a anotação do registro na Carteira do Trabalho, FGTS, 13° salário e férias, dentre outros. Registra-se que para ser reconhecido como serviço prestado, não é preciso que as atividades diárias do empregado sejam praticadas de forma diária, tendo em vista que a prestação de serviços em caráter eventual também possui vínculo com o empregador, bastando, para isso que haja a configuração da relação de empre- go, bem como que a relação trabalhista não tenha sido eventual. Movimentando um conflito relativo à ótica previdenciária, a Lei nº. 13.467/2.017, prevê o “trabalho intermi- tente”, justamente por haver a preservação da qualidade de segurado desses trabalhadores como um todo. Entretanto, com previsão legal nos arts. 443 e 452-A da referida lei, existe a hipótese conceituada no § 3° do art. 443. Vejamos: 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 22 [...] §3º - Considera-se como intermitente e o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com su- bordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empre- gador, exceto para aeronautas, regidos por legislação própria. Vale ressaltar com grande importância, que a Constituição Federal Brasileira de 1.988 trouxe em seu bojo, a equiparação dos direitos trabalhistas e previdenciários de trabalhadores rurais aos dos urbanos, sendo que entre eles, se destacou a extensão do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Entretanto, houve, nesse período, lapso do prazo prescricional que só passou por equiparação após a aprovação da Emenda Constitucional 28/2000. Por fim, com ressalva às igualdades trazidas pela Constituição, deve-se aplicar ao trabalhador rural os dis- positivos legais contidos da Lei 5.889/1.973e do Decreto 73.626/1974, que foram criados para regulamentar as relações individuais e coletivas de trabalho rural, nas particularidades relativas ao trabalho executado por esse trabalhador. Empregado Doméstico Dispõe o inciso II do art. 11 da LBPS: Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: [...] II – como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos; Desta forma, em entendimento ao dispositivo citado acima, o trabalho deve se dar na residência do empre- gador e em atividade sem fins lucrativos. O conceito de empregado doméstico abrange diversos requisitos, tais como: serviço de natureza contínua, por meio do qual é preciso que o trabalho seja habitual e frequente. Desta forma, uma faxineira que é contrata- da sem os requisitos mencionados acima, não é considerada empregada doméstica. Em relação à diarista, o judiciário firmou o entendimento de que o trabalho executado por ela, se for prestado com habitualidade a partir de três dias por semana, configura relação e vínculo empregatício, o que faria da diarista, uma empregada doméstica. Importante: Se uma diarista atender em uma mesma residência até dois dias por semana, ela não é consi- derada doméstica. Porém, se atender a partir de três dias, é considerada empregada doméstica. Com o objetivo de regulamentar a PEC das Domésticas, a Lei Complementar nº 150/2.015 trouxe em seu art. 1º uma definição mais detalhada dessa figura. Vejamos o que determina o art. 1º desta lei: Art. 1º - Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordi- nada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. Parágrafo único. É vedada a contratação de menor de 18 (dezoito)anos para desempenho de trabalho doméstico, de acordo com a Convenção no 182, de 1999, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 de junho de 2008. Compreende-se em interpretação ao art. 1º, que se encontram presentes os requisitos de serviço contínuo, sem finalidade lucrativa, no âmbito residencial de pessoa ou família. Entretanto, o legislador complementar acrescentou a esse rol, a necessidade de subordinação e relação entre patrão e empregado. Assim, a simples prestação de favor, não encontra respaldo legal de vínculo doméstico. Dado o conceito disposto pela Lei Complementar n. 150/2.015, adotado pelo RGPS, registra-se por fim, que permanecem em vigor os dispositivos da LBPS ou LOCSS que definem de forma clara essa categoria de segurados. Assim, desde que sejam preenchidos os requisitos supra mencionados, aduz-se que podem ser empregados domésticos, além dos faxineiros, os jardineiros, os cozinheiros, os motoristas e os caseiros. Contribuinte individual Esse tipo de segurado, se refere à pessoa que trabalha na prestação de serviços de natureza eventual para empresas, sem possuir com estas vínculo empregatício, ou seja, trabalha por conta própria, vindo desta manei- ra a recolher de modo individual suas contribuições. Em tempos remotos, esta categoria de segurados era conhecida como trabalhador autônomo, porém, na contemporaneidade, seguindo a análise do art. 11 da Lei nº 8.213 /1.991, é conhecida como contribuinte indivi- dual. Vejamos o que dispõe o art. 11 da referida lei: 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 23 Art. 11 - São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: [...] V – como contribuinte individual: a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter per- manente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepos- tos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 9º e 10 deste artigo; b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral – garimpo, em caráter per- manente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; d) (Revogado pela Lei n. 9.876, de 26.11.1999); e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de admi- nistração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; De antemão, em suma, merecem destaque alguns pontos importantes das alíneas citadas acima. Sendo que com fulcro na redação da alínea “a”, depreende-se que são requisitos importantes para a classificação como contribuinte individual, a extensão da propriedade rural e o auxílio de empregados/prepostos. Ressalta- -se também, que o cônjuge ou companheiro mencionado do produtor rural a que se refere a alínea, também é classificado como segurado obrigatório como contribuinte individual, desde que mantenha sua participação na atividade rural. Merece destaque também, a alínea “e”, que afirma que se o segurado trabalhar para organismo oficial in- ternacional, será considerado contribuinte individual. Porém, se trabalhar para a União em organismo oficial internacional, será considerado empregado. Assim, entende-se que aquele que trabalha para a União e não possui amparo por regime próprio de previdência, é considerado como segurado do RGPS como empregado. Abaixo, com o objetivo de melhor fixação e entendimento, com base na alínea “e”, vejamos uma das hipóte- ses de enquadramento como segurado empregado: EMPREGADO e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exte- rior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vi- gente do país do domicílio; CONTRIBUINTE INDIVIDUAL e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organis- mo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; Trabalhador avulso É considerado trabalhador avulso, seja ele sindicalizado, ou não, aquele que presta serviço de natureza ur- bana ou rural para diversas empresas, ou, entes equiparados, desde que não haja vínculo empregatício, mas que haja intermediação de forma obrigatória do órgão gestor de mão de obra, nos parâmetros do determinado na Lei n. 12.815/2.013, ou, ainda, do sindicato da categoria específica. O inciso VI do art. 11 da LBPS, aduz que: Art. 11 - São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: [...] VI – como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natu- reza urbana ou rural definidos no Regulamento; Em interpretação ao retro mencionado inciso, entende-se que a prestação de serviços sem a existência de 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 24 vínculo empregatício é uma atividade que possui o condão de identificar o contribuinte individual, desde que sejam definidos no Regulamento,fato que facilita para que se defina se o trabalhador é avulso, ou não. Já o art. 9º da LBPS, dispõe: Art. 9º - São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: [...] VI – como trabalhador avulso – aquele que: a) sindicalizado ou não, preste serviço de natureza urbana ou ru- ral a diversas empresas, ou equiparados, sem vínculo empregatício, com intermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra, nos termos do disposto na Lei n. 12.815, de 5 de junho de 2013, ou do sindicato da categoria, assim considerados: 1. o trabalhador que exerça atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto de carga e vigi- lância de embarcação e bloco; 2. o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério; 3. o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios); 4. o amarrador de embarcação; 5. o ensacador de café, cacau, sal e similares; 6. o trabalhador na indústria de extração de sal; 7. o carregador de bagagem em porto; 8. o prático de barra em porto; 9. o guindasteiro; e 10. o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos; e b) exerça atividade de movimentação de mercadorias em geral, nos termos do disposto na Lei n. 12.023, de 27 de agosto de 2009, em áreas urbanas ou rurais, sem vínculo empregatício, com intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho, nas atividades de: 1. cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação de carga, amostragem, arru- mação, remoção, classificação, empilhamento, transporte com empilhadeiras, paletização, ova e desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha em secadores e caldeiras; 2. operação de equipamentos de carga e descarga; e 3. pré-limpeza e limpeza em locais necessários às operações ou à sua continuidade. Ante a exposição de lei acima, aduz-se que existem diferenças entre o contribuinte individual e avulso, que se trata da necessidade de intermediação do órgão gestor de mão de obra, ou do sindicato específico da cate- goria e, caso não haja esta intermediação, resultaria em um contribuinte individual. Ressalta-se, ainda, que o fato de não existir vínculo empregatício, também se faz indispensável, tendo em vista que caso haja contrato de trabalho, teremos o que caracteriza um empregado. Segurado especial Estabelecida a partir da redação do art. 195, § 8º, da Constituição Federal Brasileira, esta categoria enseja a determinação ao legislador para que aplique tratamento diferenciado para os trabalhadores que, laborando por conta própria em sistema de economia familiar, consigam retirar seu sustento por meio das pequenas pro- duções de trabalho. Registra-se que o retro mencionado dispositivo constitucional, ordena que a base de cálculo das contribui- ções à Seguridade Social do segurado especial seja o produto da comercialização daquilo que ele produziu, vindo a criar, desta forma, uma regra diferente para a participação no custeio como um todo. Isso acontece pelo fato desses segurados realizarem atividades instáveis durante o ano, como nos períodos de temporadas de pesca, colheitas de safras, dentre outros aspectos. De acordo com a nova redação conferida ao art. 11, VII da Lei n. 8.213/1991 considera-se segurado especial: Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: [...] VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida; b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 25 São consideradas similares as atividades a de pescador artesanal, o caranguejeiro, o mariscador, o pesca- dor de tartarugas, dentre outras pertinentes. Ressalta-se que em consonância com as definições das concomitantes Instruções Normativas expedidas pelo INSS em questão de procedimentos nas linhas de Benefícios e Arrecadação, são considerados: I – produtor: aquele que, proprietário ou não, desenvolve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, por conta própria, individualmente ou em regime de economia familiar; II – parceiro: aquele que, comprovadamente, tem contrato de parceria com o proprietário da terra ou detentor da posse e desenvolve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando o lucro conforme o ajuste; III – meeiro: aquele que, comprovadamente, tem contrato com o proprietário da terra ou detentor da posse e da mesma forma exerce atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, dividindo os rendimentos auferidos; IV – arrendatário: aquele que, comprovadamente, utiliza a terra, mediante pagamento de aluguel, em espécie ou in natura, ao proprietário do imóvel rural, para desenvolver atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, individualmente ou em regime de economia familiar, sem utilização de mão de obra assalariada de qualquer espécie; V – comodatário: aquele que, comprovadamente, explora a terra pertencente a outra pessoa, por empréstimo gratuito, por tempo determinado ou não, para desenvolver atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira; VI – condômino: aquele que se qualifica individualmente como explorador de áreas de propriedades definidas em percentuais; VII – pescador artesanal ou assemelhado: aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que: a) não utilize embarcação; b) utilize embarcação de até seis toneladas de arqueação bruta, ainda que com auxílio de parceiro; c) na condição, exclusiva, de parceiro outorgado, utilize embarcação de até dez toneladas de arqueação bru- ta; VIII – mariscador: aquele que, sem utilizar embarcação pesqueira, exerce atividade de captura ou de extração de elementos animais ou vegetais que tenham na água seu meio normal ou mais frequente de vida, na beira do mar, no rio ou na lagoa; IX – índios em via de integração ou isolado: aqueles que, não podendo exercer diretamente seus direitos, são tutelados pelo órgão regional da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Importante: Em decorrência da decisão proferida nos autos da Ação Civil Pública n. 2008.71.00.024546-2/ RS14, o INSS passou a considerar como segurado especial o índio devidamente reconhecido pela FUNAI, bem como o artesão que utilize matéria-prima advinda de extrativismo vegetal, não importando a localidade onde morem ou realizem suas atividades, se tornando sem relevância a definição de indígena aldeado, índio isolado ou índio integrado, índio em vias de integração, dentre outras pertinências, desde que estes estejam exercendo suas atividades rurais em sistema de economia familiar, vindo a comprovar que essas atividades são o seu principal meio de sustento próprio e de seus dependentes. Por fim, é importante destacar também, que serão considerados segurados especiais aqueles que integram a entidade familiar que exerçam a atividade rural, porém,o motivo de algum dos integrantes não realizar o tra- balho em sistema de economia familiar, não descaracteriza a condição dos demais familiares. É o que dispõe Súmula nº 41 da TNU (Turma Nacional de Uniformização). Vejamos: Súmula 41 - “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”. Segurado facultativo: conceito, características, filiação e inscrição Conceito e características Trata-se o segurado facultativo da pessoa que se encontrando em situação que a lei a desconsiderar como segurado obrigatório, optar por contribuir para a Previdência Social. Pondera-se que deverá ter mais de 16 anos, conforme exige o Decreto n. 3.048/99, bem como que não poderá estar filiado ou inscrito a nenhum outro regime de Previdência, segundo a determinação do art. 11, § 2º do Regulamento. Vejamos o que dispõe o art. 11 do Decreto nº. 3.048/1.999, que aprova o Regulamento da Previdência So- cial, e dá outras providências: Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previ- dência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo atividade remune- rada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 26 Assim, percebe-se que a filiação ao RGPS somente é permitida a partir dos 16 anos, com exceção do menor aprendiz, que possui a opção de ser filiado a partir dos 14 anos de idade. Dispõe o art. 11 do Decreto nº 3.048/1.999: Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previdên- cia Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo atividade remunera- da que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social. § 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros: I - aquele que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). II - o síndico de condomínio, quando não remunerado; III - o estudante; IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior; V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social; VI - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; VII - o estagiário que preste serviços a empresa nos termos do disposto na Lei nº 11.788, de 2008; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-graduação, mes- trado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdên- cia social; (Redação dada pelo Decreto nº 7.054, de 2009) X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). XI - o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semi-aberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da organização carce- rária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria. (Incluído pelo Decreto nº 7.054, de 2009) XII - o atleta beneficiário da Bolsa-Atleta não filiado a regime próprio de previdência social ou não enquadra- do em uma das hipóteses previstas no art. 9º. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020). Importantes: A dona de casa que não contribui para o INSS não é considerada uma segurada facultativa. Mas, caso opte por iniciar suas contribuições, poderá vir a ser. — O estudante não praticante de qualquer atividade de vinculação obrigatória, caso venha a se inscrever como facultativo e iniciar as suas contribuições, passará a ser considerado facultativo. Entretanto, se ele exer- cer atividade remunerada, será um contribuinte individual. — Aquele que se encontra preso e que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social, poderá se inscrever como segurado facultativo. Filiação e inscrição Admite-se a filiação na qualidade de segurado facultativo das pessoas físicas que não exerçam nenhum tipo de atividade remunerada, desde que não sejam participantes de regime próprio de previdência social, dentre outros: a) da dona de casa; b) do síndico de condomínio, desde que não remunerado; c) do estudante; d) do brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior; e) daquele que deixou de ser segurado obrigatório da Previdência Social; f) do membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de 1990, quando não remunerado e desde que não esteja vinculado a qualquer regime de Previdência Social; g) do bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, de acordo com a Lei nº 11.788, de 2008; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 27 h) do bolsista que se dedica em tempo integral à pesquisa, curso de especialização, pós-graduação, mestra- do ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de Previdência Social; i) do presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de Previdência Social; j) do brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional; k) do segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da organização carce- rária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria; e l) do beneficiário de auxílio-acidente ou de auxílio suplementar, desde que simultaneamente não esteja exer- cendo atividade que o filie obrigatoriamente ao RGPS. Registra-se que o segurado afastado temporariamente de suas atividades, poderá fazer contribuição como segurado facultativo, desde que não esteja recebendo remuneração no período de afastamento e não esteja exercendo outra atividade que o torne vinculado ao RGPS ou a regime próprio. Um exemplo disso, é o caso de um empregado que esteja com o contrato de trabalho para a realização de curso de capacitação profissional, como por exemplo, os professores que fazem cursos de mestrado ou doutorado no país ou até mesmo foram do território nacional. Importantes: Na condição de segurado facultativo em ato volitivo, filiação é um ato que gera efeitos após re- alizada a inscrição e o primeiro recolhimento, ato que não permite retroagir e também não permite o pagamento de contribuições relacionadas a competências anteriores à data da inscrição. — A filiação facultativa é permitida aos maiores de 16 anos e sem emprego, podendo ser efetivada após a inscrição e o recolhimento da primeira contribuição. Em relação à inscrição, poderão se inscrever, cidadãos que não exerçam atividade remunerada, como de- sempregados, donas de casa, estudantes, dentre outras categorias. A inscrição deverá ser feita na Previdência Social na categoria de segurado facultativo. Realizada a inscrição, mediante contribuição, o segurado terá por lei, garantidos alguns direitos, como o auxílio-doença, o salário-maternidade, aposentadoria, dentre outros. Pondera-se que segurado facultativo poderá contribuir de duas maneiras, sendo que a primeira, seria pelo plano normal, que concede direito a todos os benefícios previdenciários; e, a segunda, seria por meio da con- tribuição pelo Plano Simplificado, por meio da qual, o segurado possuirá o direito a todos os benefícios da Previdência Social, salvo à aposentadoria por tempo de contribuição.Importantes: Art. 11 do Decreto-lei nº. 3.048/1.999: § 2º É vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência social, salvo na hipótese de afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo regime próprio. § 3º A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo, gerando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição, ressalvado o § 3º do art. 28. § 4º Após a inscrição, o segurado facultativo somente poderá recolher contribuições em atraso quando não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado, conforme o disposto no inciso VI do art. 13. Trabalhadores excluídos do Regime Geral Se encaixam nesta categoria, os cidadãos que não exercem atividade remunerada que faz com que sejam segurados obrigatórios, e optaram por não efetuar recolhimentos como segurados facultativos. Pondera-se que esta categoria não foi excluída do RGPS, porém, optou por não participar dele. Assim sendo, registra-se que excluídos do RGPS e impedidos de nele ingressar, são os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, desde que participam de regime próprio de previdência, incluindo nesta categoria, os militares. Desta forma, vejamos o que determina o art. 12 da LBPS: Art. 12. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de Pre- vidência Social consubstanciado nesta Lei, desde que amparados por regime próprio de previdência social. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 28 § 1º Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a essas atividades. § 2º Caso o servidor ou o militar, amparados por regime próprio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação, nessa condição, permanecerão vinculados ao regime de origem, obedecidas as regras que cada ente estabeleça acerca de sua contribuição. Por fim, aduz-se que essa exclusão ocorre em relação ao exercício do cargo público civil ou militar. Assim, caso o servidor público civil ou militar venha a exercer outra atividade que o encaixe como segurado obrigatório, ele deverá participar do RGPS em virtude desse trabalho, nos parâmetros art. 12, § 1º da LBPS. Empresa e empregador doméstico: conceito previdenciário Quando se fala na expressão “empresa”, a primeira ideia que se tem, é em relação ao conceito na seara cível. De acordo com o ilustre civilista Fábio Ulhôa Coelho, empresa é uma atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Entretanto, na seara previdenciária, o conceito de empresa se mostra um pouco mais amplo. A lei de Planos de Benefícios da Previdência Social, Lei nº. 8.213/1.991, (LBPS), regula a matéria pertinente ao assunto, bem como dispõe sobre outras providências, incluindo o conceito de empregador doméstico como um todo. Vejamos o disposto no art. 15 do referido diploma legal: Art. 15 . Consideram-se: I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta ou fun- dacional; II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empre- gado doméstico. Percebe-se que no âmbito do Direito Previdenciário, o conceito de empresa abrange, além da questão de ser uma firma ou uma sociedade que assume o risco de atividade econômica, o alcance aos órgãos e entidades da Administração Pública direta, indireta bem como da fundacional. Em relação ao empregador doméstico, registra-se que este possui como atributo principal e marcante a não existência de finalidade lucrativa. Vejamos o conceito legal devidamente paramentado pelo art. 15 da LOCSS da Lei n. 8.212/1991: Art. 15. Considera-se: I – empresa – a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e funda- cional; II – empregador doméstico – a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, emprega- do doméstico. Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual e a pessoa física na condição de proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada pela Lei nº 13.202, de 2015). Ressalta-se que o disposto por lei, trata-se da regra geral. Entretanto, pondera-se que existe a situação daqueles que são equiparados à empresa, que são o contribuinte individual e a pessoa física na condição de proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segurado que lhe presta serviço, a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. Deve-se, no entanto, levar em conta que todos esses entes se encontram sujeitos às mesmas obrigações previdenciárias das empresas de modo geral no território pátrio. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 29 Assim sendo, em resumo, temos: SÃO EQUIPARADOS A EMPRESA O contribuinte individual e a pessoa física na condição de pro- prietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segurado que lhe presta serviços. A cooperativa, a associação ou a entidade eivada de qualquer natureza ou finalidade, estando inclusa a missão diplomática e a Repartição Consular de carreiras estrangeiras. Obs. Todos esses entes acima citados, se encontram sujeitos às mesmas obrigações previdenciárias das empresas de modo geral. Ante o exposto, pode-se citar como exemplo, um mestre-de-obras que trabalha por conta própria como contribuinte individual, sendo que nesse caso, será considerado, como uma empresa no que condiz aos fins previdenciários, em relação ao auxiliar de pedreiro, sendo que as respostas e consequências dessa regra se encontram relacionadas com a parte de custeio previdenciário. Financiamento da Seguridade Social. Receitas da União. Receitas das contribuições sociais: dos segurados, das empresas, do empregador doméstico, do produtor rural, do clube de futebol profissional, sobre a receita de concursos de prognósticos, recei- tas de outras fontes. Salário de contribuição. Conceito. Parcelas integrantes e parcelas não integrantes. Limites mínimo e máximo. Contribuições inferiores ao salário mínimo e complementação de contribuições. Reajustamento. Arrecadação e recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social. Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Obrigações da empresa e demais contribuintes. Prazo de reco- lhimento. Recolhimento fora do prazo: juros, multa e atualização monetária Com previsão no art. 195 da CFB/1.988, o financiamento da Seguridade Social é conceituado como um de- ver de modo geral, imposto à toda a sociedade, seja de maneira direta ou indireta, mediante recursos advindos dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e também das contribuições sociais de forma geral. Ressalta-se, que o estilo de financiamento da Seguridade Social disposto na Constituição Federal foi feito com base no sistemacontributivo, tendo por esse motivo, o Poder Público marcante participação no orçamento da Seguridade, sob a preeminente entrega de recursos advindos dos orçamentos tanto da União, quanto dos demais entes da Federação, com o fito de cobrir eventuais insuficiências do sistema, e, de ainda, fazer frente às diversas despesas decorrentes de seus próprios encargos previdenciários, recursos humanos e também dos materiais empregados como um todo. Com receita própria, pondera-se que o orçamento da Seguridade Social não se confunde com a receita tribu- tária federal, que se trata daquela que possui destino unicamente para as prestações da Seguridade Social nas searas da Saúde Pública, da Previdência Social e da Assistência Social, com as devidas obediências à LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Por esse motivo, deverá o orçamento ser objeto de deliberação conjunta en- tre os órgãos competentes que são os seguintes: Conselho Nacional de Previdência Social, Conselho Nacional de Assistência Social e Conselho Nacional de Saúde. Importante: A gestão dos recursos é descentralizada por área de atuação. Receita da União De antemão, registra-se que a Seguridade Social deverá ser financiada por meio de toda a sociedade, nos termos do art. 195, caput da CFB/1.988, devendo tal financiamento ocorrer de forma direta e indireta, nos ter- mos legais, com recursos advindos dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- pios, bem como das contribuições sociais de modo geral. Registra-se que existe regra adequada, nos conformes do art. 165, § 5º, III, da CFB/1.988, por meio da qual, a lei orçamentária anual compreenderá “o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 30 órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público”. O que ocorre na realidade, é que a União não possui, uma contribuição social efetiva. Isso ocorre pelo fato de ela participar com atribuição de dotações do seu orçamento diretamente para a Seguridade Social, orçamen- tos esses que são fixados de forma obrigatória na Lei Orçamentária anual. Ademais, a União é a autêntica res- ponsável pela cobertura de eventuais faltas de recursos da Seguridade em decorrência do pagamento de be- nefícios advindos de prestação continuada pela previdência social, nos termos do art. 16 da Lei n. 8.212/1991. Pondera-se que não existe um percentual mínimo definido a ser designado à Seguridade Social, da maneira como ocorre com a educação, nos conformes do art. 212 da CFB/1.988, levando em conta que esse percentual se constitui em uma parcela aleatória de modo geral. O jurista Wladimir Novaes Martinez, aduz que ficar o Estado e particularmente a União, na retaguarda das obrigações assumidas pela Previdência Social, ou seja, deixando a sociedade como última garantia dos re- cursos financeiros essenciais às prestações, é uma tomada de posição de índole filosófica, posto que a União garante a Previdência Social. Assim sendo, tem-na socializada e sob sua administração, lesionando a ideia de o seguro social ser um empreendimento dos trabalhadores de modo geral. Na realidade, caso aconteça de os recursos obtidos pelas contribuições não serem suficientes, a sociedade poderá ser chamada por intermédio do orçamento da União, a contribuir um pouco mais. Entretanto, visto por outro ângulo, a União pode também vir a se socorrer-se dos benefícios da Seguridade Social para adimplir com seus encargos previdenciários. Para isso, denote-se que a União se encontra auto- rizada a utilizar-se dos recursos advindos das contribuições que incidem sobre o faturamento e o lucro, nos parâmetros do art. 17 da Lei nº. 8.212/1.991, sob a redação da Lei nº. 9.711/1998. Por fim, registre-se que os recursos da Seguridade Social também podem ser usados para custear despe- sas com o pessoal e a administração geral do INSS, exceto os advindos da arrecadação da contribuição sobre concursos de prognósticos, uma vez que o destino destes é apenas para o custeio dos benefícios e serviços que são prestados pela Seguridade Social, nos ditames do art. 18 da Lei n. 8.212/1991. Receita das contribuições sociais A princípio, infere-se que a CFB/1.988 dispôs sobre as contribuições sociais no capítulo reservado ao Sis- tema Tributário Nacional, determinando de forma expressa no art. 149, normas gerais a respeito da Instituição, e, por conseguinte, no art. 195, sobre as normas especiais relacionadas às contribuições para a Seguridade Social Brasileira. A título de conhecimento, prevaleceu na doutrina e na jurisprudência tributárias a teoria da tripartição, por meio da qual os tributos eram divididos em impostos, taxas e contribuições de melhoria. Na contemporanei- dade, esta teoria ainda é defendida por parte da doutrina, mas, atualmente a maior parte da doutrina adota a teoria pentapartida, que se divide os tributos: em impostos empréstimos compulsórios (art. 148 da CFB/1.988), taxas, contribuições de melhoria (art. 145 da Constituição) e contribuições especiais (artigos 149 e 149-A da CFB/1.988). Além disso a teoria pentapartida também se trata da teoria adotada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que tem decidido de maneira concomitante que os impostos compulsórios e as contribuições espe- ciais são considerados espécies tributárias autônomas. A respeito das contribuições especiais, denota-se que possuem como fulcro o custeamento das atividades sociais do Estado, como a saúde, a educação, a previdência social, dentre outros. Em relação às contribuições sociais, no termos do art. 149 da CFB/1.988, afirma-se que elas são tributos cobrados da população, cabendo à União instituir as contribuições especiais, tendo em vista que os Estados, o DF e os Municípios só possuem permissão da Constituição para instituir contribuições cobradas de seus servidores, com designação ao custeio de seus regimes próprios de Previdência Social. Também é da União a competência de instituir as contribuições sociais, bem como a competência para fazer arrecadações, sendo que quem faz é a Secretaria da Receita Federal do Brasil. Importante: A regra de a Secretaria da Receita Federal do Brasil fazer arrecadações por delegação da União, foi aplicada desde 2.007, posto que nesse ano, a Lei nº. 11.457/2.007 fez a fusão da Secretaria da Receita Previdenciária e da Secretaria da Receita Federal. Antes da aprovação da referida lei, era o INSS que fazia a arrecadação exercida pelos Auditores Fiscais da Previdência Social, que com a unificação desses órgãos, passaram a ser integrados aos Auditores Fiscais da 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 31 Receita Federal. Dos segurados Segurados obrigatórios são todos os trabalhadores que exercem alguma espécie de atividade remunerada. Assim sendo, eles se encontram obrigados a contribuir para a Previdência Social, pelo fato de receberem remuneração pelo trabalho executado. Nesta categoria, temos diversos tipos de trabalhadores. Vejamos: • Empregados registrados na CLT; • Empregados domésticos; • Trabalhadores avulsos; • Segurados especiais; • Contribuintes individuais, incluindo nesta subcategoria os microempreendedores individuais, os chamados MEI. Ressalta-se que a contribuição destes trabalhadores não ocorre de forma igual para toda a categoria, sendo que para os empregados CLT, empregados domésticos e trabalhadores avulsos, a contribuição é cobrada de forma direta, tendo como base o salário que esses trabalhadores recebem, sendo que o desconto previdenciá- rio incide de forma direta na folha de pagamento e pelo próprio empregador. No que condiz aos contribuintes individuais, afirma-se que estes contribuem com uma alíquota no valor de 20% sobre um valor entre o salário-mínimo, (R$ 1.100,00 em 2.021) e o Teto segundo o INSS, (R$ 6.433,57 em 2021). Denota-se que existea possibilidade desta categoria contribuir com uma alíquota de 11% em cima do mínimo também. Entretanto, esses trabalhadores terão direito apenas a uma aposentadoria no valor do salário-mínimo. Em relação aos MEIs, ressalta-se que esta classe, também acaba contribuindo em cima do valor do mínimo, porém, com alíquota diferente no percentual de 5%, havendo, ainda, a possibilidade deles poderem comple- mentar a alíquota para no máximo 20%, caso optem por buscar a obtenção de uma aposentadoria melhor. A contribuição dos segurados especiais é realizada sobre o valor de sua receita bruta da produção rural. No caso dos segurados facultativos, pelo fato de não exercerem nenhuma atividade remunerada, porém, caso desejem ser cobertos pelos benefícios da Previdência Social, é necessário que façam o recolhimento previdenciário de forma voluntária. Exemplos: os desempregados e os estudantes. No condizente aos segurados facultativos, aduz-se que esta categoria não pode ser segurada de um Regime Próprio de Previdência Social, porém, suas contribuições podem ser feitas de maneira igual à dos contribuintes individuais que em geral é de 20% sobre um valor declarado pelo próprio segurado, desde que seja em quantia que varie entre o salário-mínimo e o Teto do INSS. No entanto, existe ainda, a possibilidade do facultativo con- tribuir com uma alíquota de 11% sobre o salário mínimo. Importante: Há alguns tipos de segurados que por se encaixarem no conceito de baixa-renda, poderão con- tribui com uma alíquota de 5% sobre o valor do salário mínimo. Das empresas Por força de determinação do art. 195 da CFB/1.988, as empresas são grandes financiadoras da Seguridade Social. Assim sendo, vale a pena rever esse artigo. Vejamos: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- pios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 32 c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposen- tadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. Ressalta-se que o trabalho executado pelos segurados cria para a empresa, a obrigação de remunerá-los, bem como é sobre o valor dessa remuneração que incide a contribuição patronal, vindo, assim, a gerar a base de cálculo de contribuição desses segurados. O recolhimento da contribuição dos segurados deverá ser exe- cutado até o dia 20 do mês seguinte ao que se refere a remuneração, ou, ainda, um dia antes, se o dia 20 não tiver expediente bancário. Importante: Sobre o mencionado no retro parágrafo, pondera-se que não é no mês seguinte ao pagamento da remuneração. Assim, caso o segurado tenha laborado em abril, a contribuição da empresa deve se dar até o dia 20 de maio, não importando se o salário foi pago em abril ou no início de maio, tendo em vista que o que importa é a prestação do serviço com o exercício da atividade remunerada. Entretanto, não existe apenas esta forma de contribuição no que condiz às empresas, posto que em de- corrência do princípio da Equidade na Forma de Participação no Custeio contido na Constituição Federal, por meio do qual, quem pode mais, paga mais e quem pode menos, deverá o legislador garantir a aplicabilidade desse dispositivo. Assim, em decorrência desse princípio, existem regras variadas, bases de cálculo distintas e alíquotas diferentes. Vejamos em síntese: 1. Da Contribuição da Empresa sobre a Remuneração dos Segurados Empregado e Avulso: O recolhimento pela empresa deverá ser de 20% sobre o total das remunerações devendo, nos ditames legais do art. 22, inc. I da LOCSS, ser pagas, devidas ou creditadas a esses segurados, no decorrer do mês, lembrando que em de- corrência da EFPC, a contribuição patronal não poderá sofrer limitação ao teto. 2. Sobre a contribuição da empresa sobre a remuneração dos segurados contribuintes individuais presta- dores de serviço: A empresa deverá nos moldes do art. 22, inc. III da LOCSS, recolher 20% sobre o total das remunerações pagas ou creditadas aos contribuintes individuais que lhe prestem serviços. Registre-se que a cooperativa de trabalho, nos moldes do art. 201, § 19 do RPS não se encontra sujeita a essa contribuição, tendo em vista que ela paga de forma distribuída ou creditada aos seus cooperados, sob a forma de título de remune- ração ou retribuição pelos serviços os segurados tenham por seu intermédio, prestado a empresas. 3. Sobre a contribuição destinada ao Financiamento da Aposentadoria Especial e dos Benefícios Aciden- tários: Com determinação legal expressa no art. 22, II, da LOCSS é bastante conhecida pelas siglas SAT do Seguro de Acidentes do Trabalho, RAT dos Riscos Ambientais do Trabalho ou GILRAT (Grau de incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho). Assim, a contribuição a cargo da em- presa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. O benefício previsto nos artigos 57 e 58 é o da aposentadoria especial. Importante: A empresa só recolhe essa contribuição adicional sobre o total das remunerações pagas a se- gurados empregados e avulsos, tendo em vista que a contribuição adicional não incide sobre a remuneração dos contribuintes individuais que estejam a serviço da empresa, porque eles não possuem direito a benefícios acidentários. A respeito da atividade preponderante, o Regime de Previdência Social em seu art. 202, § 3º, aduz que esta categoria que se considera preponderante em relação à atividade que ocupa na empresa que possui maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. Assim, deverá a empresa fazer o enquadramento com fulcro na relação de atividades preponderantes, que se encontra disposto no Anexo V do RPS no art. 202 em seu parágrafo 4º, que poderá ser revisionado a qualquer tempo pela Receita Federal. Sobre os motivos da atividade preponderante ser aferida, por força de lei, em cada estabelecimento da enti- dade empresarial, desde que estas empresas possuam CNPJ distintos, é firme a posição do STJ com a edição da súmula 351 do STJ, editada no ano de 2008. Vejamos: 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 33 STJ – Súmula 351 – “A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro. Essa contribuição segue a regra geral dos recolhimentos empresariais, o que significa que deve ser paga até o dia 20 do mês seguinte ao da competência, antecipando- -se para o dia útil imediatamente anterior, se não houver expediente bancário no dia 20”. Registra-se que em relação à análise do FAP (Fator Acidentário de Prevenção), esse fator foi implantado a partir do ano de 2007, com a função de auxiliar as empresas que são buscadoras da redução dos acidentes de trabalho, bem como a pressionar, mediante o aumento da contribuição,aquelas empresas que pouco ou nada fazem nesse sentido, e nem, tampouco se preocupam com a segurança do trabalhador. Com previsão legal no artigo 202-A do Regime de Previdência social, trata-se o FAP de um multiplicador eivado de variáveis entre o índice de 0,5 e 2,0, atribuído pelo Ministério da Economia por empresa. O FAP possui incidência sobre as alíquotas de 1, 2 ou 3%, podendo reduzi-las em até 50%, ou as aumentando em até 100%, em decorrência do desempenho da empresa no condizente à sua respectiva atividade. Importante: O FAP é calculado com base nos índices de gravidade como: • Morte, incapacidade permanente ou temporária; • De frequência pela quantidade de ocorrências; e • De custo (valor e duração dos benefícios acidentários) dos acidentes de trabalho da empresa. Prevista no art. 57 da LBPS, existe a contribuição adicional ao SAT (Seguro de Acidente do Trabalho), que se predispõe de forma específica ao custeio da aposentadoria especial. Denota-se que esta contribuição será devida, uma vez cumprida a carência exigida por lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições espe- ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos. Em atenção ao parágrafo 6º do art. 57 da LBPS, aduz-se que o SAT, benefício previsto no artigo 57, será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa, permitindo a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. Posto que o parágrafo 7º do referido artigo, trata exclusivamente sobre a incidência da remuneração do segurado sujeito às condições especiais referidas no caput do art. 57 retro mencionadas. Desta forma, ao passo que a alíquota SAT – ou RAT, ou GILRAT – encontra incidência sobre a folha de sa- lários da empresa de forma total, essa contribuição adicional incide de maneira exclusiva sobre a remuneração dos segurados que se encontram sujeitos ao trabalho sob condições especiais. Do empregador doméstico Nos ditames do art. 15, II da LOCSS, empregador doméstico é a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Por outro ângulo, sob a ótica da LOCSSS, em seu art. 12, II, empregado doméstico é aquele que presta serviço de natureza contínua à pessoa ou família, no âmbito resi- dencial desta, em atividades sem fins lucrativos. Registra-se, que com base nos conceitos de empregador e empregado domésticos, pode ser encontrada a principal diferença advinda da Legislação previdenciária entre os empregados domésticos e os demais segu- rados empregados. Nesse sentido, pelo fato dos empregadores domésticos não auferirem nenhum tipo de retorno financeiro por meio do trabalho daqueles que lhes prestam serviços domésticos, se torna inviável cobrar dos empregadores domésticos as mesmas contribuições que são exigíveis das empresas. Em relação ao recolhimento de alíquotas, dentre outros tributos, a Lei Complementar n. 150 trouxe ao orde- namento jurídico, a regulamentação da PEC das Domésticas por meio da qual criou-se o “simples doméstico”, que trata de um sistema de pagamento único de diversas contribuições que dizem respeito ao empregado do- méstico. Assim sendo, vejamos como a mencionada lei regulamenta esta questão em seus arts. 34 e 35: Art. 34. O Simples Doméstico assegurará o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes valores: [...] II – 8% (oito por cento) de contribuição patronal previdenciária para a seguridade social, a cargo do emprega- dor doméstico, nos termos do art. 24 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 34 III – 0,8% (oito décimos por cento) de contribuição social para financiamento do seguro contra acidentes do trabalho; IV – 8% (oito por cento) de recolhimento para o FGTS; V – 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento), na forma do art. 22 desta Lei; e VI – imposto sobre a renda retido na fonte de que trata o inciso I do art. 7º da Lei n. 7.713, de 22 de dezem- bro de 1988, se incidente. [...] § 2º A contribuição e o imposto previstos nos incisos I e VI do caput deste artigo serão descontados da remuneração do empregado pelo empregador, que é responsável por seu recolhimen- to. § 7º O recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, e a exigência das contribuições, dos depósitos e do imposto, nos valores definidos nos incisos I a VI do caput, somente serão devidos após 120 (cento e vinte) dias da data de publicação desta Lei. Art. 35. O empregador doméstico é obrigado a pagar a remuneração devida ao empregado doméstico e a arrecadar e a recolher a contribuição prevista no inciso I do art. 34, assim como a arrecadar e a recolher as contribuições, os depósitos e o imposto a seu cargo discriminados nos incisos II, III, IV, V e VI do caput do art. 34, até o dia 7 do mês seguinte ao da competência. Ante o exposto, entende-se que o empregador doméstico contribui com alíquota no valor total de 20%. E, ainda, que a cota patronal e o GILRAT, por sua vez, incidem sobre o salário de contribuição percebido pelo empregado doméstico, já o FGTS e a multa do FGTS, incidem sobre a remuneração. Importante: De acordo com o inc. VIII do art. 216 do RPS, durante o período da licença-maternidade da em- pregada doméstica, o INSS é o responsável pelo adimplemento do salário-maternidade. No entanto, o empre- gador doméstico permanece responsável, nesse período, pelo recolhimento das contribuições que estão sob o seu encargo, como a cota patronal, o GILRAT, o FGTS e a Multa do FGTS. Do produtor rural Denota-se, de antemão, que os trabalhadores rurais não são detentores de rendimentos com prazos regu- lares, tendo em vista que são dependentes dos períodos de plantio, das variações climáticas e também das safras que planejam. Por esse motivo, a lei os desobriga de terrem que contribuir mensalmente. Desta maneira, apenas serão devidas as contribuições no instante da venda da produção agrícola. Entretanto, após ser realizada a venda da safra, as alíquotas devidas pelo trabalhador rural serão as seguin- tes: • 1,2% da receita bruta da comercialização da produção, com destino à previdência social, posto que esta alíquota, veio em substituição à contribuição incidente sobre a remuneração dos empregados que em regra é de 20%; • 0,1% para o SAT/RAT/GILRAT, que veio em substituição às alíquotas de 1, 2 ou 3% devidas pelas demais empresas como um todo. Registra-se, que pelo fato do empregador rural pessoa física, ser encaixado como contribuinte individual dentro dos parâmetros da LOCSS, no art. 25, § 2º, é facultado-lhe vir a contribuir da mesma maneira que as empresas em geral, sendo a cota catronal de 20%, acoplada à GILRAT de 1, 2 ou 3%, devendo manifestar sua opção anualmente, demonstrando e fazendo o recolhimento sobre a folha de salários de janeiro, ou, ainda, sobre a folha do primeiro mês de trabalho no ano do início de seu exercício de labor. Do clube de futebol profissional Trata-se esta categoria da contribuição da associação desportiva que mantém equipe de time de futebol profissional. Esta contribuição possui como função, tratar dos assuntos de substituição da cota patronal e da GILRAT. Desta forma, esta categoria deixará de contribuir com 20% sobre a folha de salários, mais 1, 2 ou 3%, sendo que a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional deverá recolher, por sua vez, uma única contribuição, de 5% relativo à receita bruta advinda dos espetáculos desportivos de que participe em todo o país e em qualquer tipo de modalidade desportiva, inclusive em jogos internacionais, quaisquer formas de patrocínio, de licenciamento de uso de marcase símbolos, de publicidade, de propaganda e de transmis- são de espetáculos desportivos, nos termos do art. 22, §6º da LOCSS. Denota-se que a citada contribuição, constitui motivo de cláusula substitutiva da cota patronal que incide sobre a remuneração de empregados, bem como de avulsos e também do GILRAT. Assim, caso a associação desportiva venha a contratar os serviços de um contribuinte individual, terá o dever de recolher 20% sobre a remuneração paga com o tempo de prazo de recolhimento de no máximo dois dias úteis após a realização do evento, cabendo à associação desportiva prestar as devidas informações pertinentes de forma minuciosa à entidade promotora a respeito de todas as receitas auferidas no evento. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 35 Em relação à contribuição com incidência sobre as receitas adquiridas com patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos desportivos, pondera-se que deverá ser recolhida pela empresa ou entidade pagadora. Nessa hipótese, o recolhimento deverá ser pela regra geral de todas as empresas até o dia 20 do mês seguinte ao da competência, ou, ainda, no dia útil ime- diatamente anterior, caso não haja expediente bancário no dia 20. Com a intenção de adequar a contribuição previdenciária dos clubes de futebol, a Previdência Social realizou algumas mudanças na legislação. Vejamos: • Sendo associação desportiva com equipe de futebol amador, deverá seguir a regra geral das empresas. • Caso seja associação desportiva com equipe de basquetebol profissional, deverá seguir a regra geral das empresas. • Sendo associação desportiva com equipe de futebol profissional e de outros esportes, poderá se beneficiar da contribuição diferenciada. Sobre a receita de concursos de prognósticos Concursos de prognósticos são concursos de sorteios de números, aposta e de loterias. Pode-se incluir nesse rol, as apostas realizadas em reuniões hípicas de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e também dos municípios. Pondera-se que essa contribuição é constituída a partir da receita auferida nos concursos de prognósticos, sorteios e loterias, sendo multiplicada pela alíquota fixada pelos parâmetros legais. Essa contribuição encon- tra-se prevista art. 195, III, da CFB/1.988 e é regulada pelos artigos 26 da LOCSS e 212 do RPS. Entretanto, informa-se nesse estudo que o RPS se encontra fora de atualização neste ponto, pelo fato de não terem sido incorporadas nele as alterações que a Lei n. 13.756/2018 determinou por meio do art. 26 da LOCSS. Por fim, pondera-se que a Lei n. 13.756 fixa alíquotas diversas que variam de 0,25% a 17,32%, a depender do tipo de loteria. Receitas de outras fontes Sobre esta categoria, dispõe de forma clara o art. 27 da LOCSS: Art. 27. Constituem outras receitas da Seguridade Social: I – as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; II – a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros; III – as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou arrendamento de bens; IV – as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras; V – as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais; VI – 50% (cinquenta por cento) dos valores obtidos e aplicados na forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal; Salário de contribuição Conceito Trata-se do valor usado como base de cálculo para a incidência das alíquotas das contribuições previdenci- árias dos segurados, exceto a do segurado especial. O salário de contribuição constitui-se em um dos elementos de cálculo da contribuição previdenciária, com especial medida do valor por meio da qual é aplicada a alíquota de contribuição, vindo, desta forma, a obter-se o montante da contribuição de todos os tipos de segurados empregados. Registra-se que no sistema utilizado pelo ordenamento jurídico brasileiro, não é viável se ater apenas à finalidade arrecadatória das contribuições, para fazer frente às despesas públicas, posto que, ao ser realizada a contribuição conforme manda a lei, sua base de cálculo deverá ser avaliada e considerada também para fins de cálculo do benefício, de acordo com o previsto no art. 201, § 11, da CFB/1.988. Vejamos: §11 – Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. Assim sendo, considera-se de suma importância, fixar com precisão, não somente o salário de contribuição, mas também que seja levado em conta a época em que esse salário foi, ou deveria ter sido pago pelo tomador 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 36 do serviço do segurado, de forma que este consiga receber o valor que lhe é devido a título de benefício previ- denciário de modo correto. Ressalta-se que o limite mínimo do salário de contribuição para os segurados contribuinte individual e facul- tativo, é correspondente ao valor do salário mínimo. Já para os segurados empregados, incluindo nesta classe, o doméstico e também o trabalhador avulso, corresponde ao piso salarial legal ou ao normativo da categoria, e, caso não exista este, corresponderá ao valor do salário mínimo, tomado seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo no decorrer do mês, nos termos do disposto no § 3º do art. 28 da Lei n. 8.212/1991. Ponto bastante importante nesse estudo e que merece destaque, é o referente à A EC 103/2019 e o limite mínimo do salário de contribuição, tendo em vista que em relação à necessidade de observância do limite míni- mo do salário de contribuição, a EC n. 103/2019 determinou no art. 195, § 14, norma que aduz que o segurado apenas terá reconhecida como tempo de contribuição ao RGPS a competência cuja contribuição ocorra de tempo igual ou de lapso superior à contribuição mínima mensal que a lei exige para a sua categoria, tendo por esse motivo, assegurado para si o acoplamento de contribuições. Ocorre que tal regra se encontra dotada de violação à Constituição Federal em seu art.194, § único, posto que ao ferir o princípio da equidade da participa- ção no custeio, passa a exigir contribuição maior aos que auferem menor rendimento. Parcelas integrantes e parcelas não-integrantes Parcelas integrantes são as os valores pecuniários sobre os quais deverá incidir a alíquota de contribuição previdenciária de forma geral. Já as parcelas não-integrantes, podem ser considerados os valores pecuniários sobre os quais não são incidentes a contribuição previdenciária. De modo geral, compõem as parcelas integrantes as que são de natureza remuneratória, que se referem aos pagamentos que se destinam à retribuição do labor como um todo. No tocante às parcelas não-integrantes, ressalta-se que a ideia segundo a qual, as verbas indenizatórias ou de ressarcimento não são integrantes do sistema de alíquotas de contribuição previdenciária, tem prevalecido como regra geral. Entretanto, existem algumas ressalvas que se encontram previstas na lei e também reconhe- cidas nos Tribunais pertinentes. Importante: Pondera-se que a remuneração que é tida como base de cálculo da contribuição da empresa não é totalizante, posto que as mesmas verbas que não são passíveis de incidência da contribuição do empre- gado, também não poderão ser objeto de contribuição da empresa. Limites máximo e mínimo O Salário de contribuição se encontra dividido dentro de um limite mínimo e de um limite máximo. Nos ditames do art. 28, § 3º, da Lei n. 8.212/91, o limite mínimo do salário de contribuição é correspondente ao piso salarial, legal ou normativo, da categoria ou, caso este não exista, ao salário mínimo, sendo que será tomado no seu valor mensal, diário ou por horas, de acordo com o que foi ajustado, bem como o tempo de trabalho efetivadodurante o decorrer do mês. Assim, o limite máximo se encontra correspondente ao teto da previdência social que é reajustado pelo INPC de forma anual. Proporcionalidade Sobre a proporcionalidade, vejamos o que dispõe o art. 214, §1º do Decreto-Lei 3.048/99: § 1ª Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado, inclusive o doméstico, ocor- rer no curso do mês, o salário-se-contribuição será proporcional ao número de dias efetivamente trabalhados, observadas as normas estabelecidas pelo instituto Nacional do Seguro Social. É importante frisar que na atualidade, em relação às alíquotas de contribuição do INSS, estas passaram por um reajuste que também teve reflexo na tabela de contribuição dos trabalhadores para o INSS. Assim sendo, entende-se que a contribuição dos segurados empregados, do trabalhador avulso e do trabalhador doméstico, no que condiz aos fatos geradores ocorridos a partir da competência janeiro de 2.021, deverá ser calculada de forma proporcional ao salário recebido pelo trabalhador, com a aplicação da correspondente alíquota sobre o salário de contribuição percebido mensalmente, porém, de forma progressiva, 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 37 conforme os dados dispostos abaixo: Reajustamento Sobre o reajustamento do salário-de-contribuição, dispõe o art. art. 20 § 1º do Decreto-Lei 3.048/99: § 1º. Os valores do salário-de-contribuição serão reajustados, a partir da data de entrada em vigor desta Lei, na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. Dispõe ainda art. 40: Art. 40. É assegurado o reajustamento dos benefícios para preserva-lhes, em caráter permanente, o valor real da data de sua concessão. § 1º Os valores dos benefícios em manutenção serão reajustados, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Ge- ografia e Estatística – IBGE. (Redação dada pelo Decreto nº 6.042, de 2007). Desta forma, de acordo com as atualizações dadas pelo Anexo II da Portaria Interministerial MTP/ME nº 12/2022, temos a seguinte Tabela de Contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e traba- lhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de 2022: SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO (R$) ALÍQUOTA PROGRESSIVA PARA FINS DE RECOLHIMENTO AO INSS >>> Até R$ 1.212,00 7,5% >>> De R$ 1,212,01 até R$ 2.427,35 9% >>> De R$ 2.427,36 até R$ 3.641,03 12 % >>> De R$ 3.641,04 até R$ 7.087,22 14% Arrecadação e recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social Ocorre a arrecadação no momento em que o contribuinte segurado cumpre o seu adimplemento com a contribuição social devida junto ao Estado. Em relação ao recolhimento, infere-se que ocorre quando o agente arrecadador transfere os valores arrecadado para o Tesouro Nacional. Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal do Brasil Em tempos remotos, o órgão responsável por controlar a arrecadação das contribuições previdenciárias, bem como sua cobrança era o INSS, que também se responsabilizava pela concessão e pela manutenção dos benefícios previdenciários. Entretanto, em 2007, a Lei nº. 11.457/2.007 tratou de unificar a Secretaria da Recei- ta Federal e a Secretaria da Receita Previdenciária, vindo a criar, desta forma, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). A partir da promulgação da referida lei, passou a RFB a ser a responsável por planejar, exe- cutar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à arrecadação, à fiscalização, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais com destino ao financiamento da Seguridade Social, das contribuições que são incidentes a título de substituição, bem como das devidas a outras entidades e fundos de modo geral. Assim sendo, infere-se que é função da RFB, por meio dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (AFRFB), realizar o devido exame da contabilidade das empresas de modo geral. Por esse motivo, as empre- sas, os segurados da Previdência Social de modo geral, bem como outros se encontram obrigados por força de Lei, a demonstrar todos os documentos e livros relacionados com as contribuições destinadas à Seguridade Social, que estejam sem eu poder, e, ainda, prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados por esse órgão, sob pena de caso haja recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou, ainda a 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 38 sua apresentação de forma deteriorada, a RFB poderá, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida, nos trâmites legais. Havendo ausência de provas formalizadas pelo sujeito passivo, ressalta-se que o montante dos salários pa- gos pela execução de obra de construção civil, por exemplo, poderá ser adquirido pela RFB, mediante cálculo da mão de obra que ali foi empregada, proporcional à área construída, de acordo com critérios estabelecidos pela RFB, cabendo, nos trâmites legais, ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária ou, ainda, da empresa corresponsável pela construção, o ônus da prova em contrário, nos termos da lei. Desta maneira, observa-se que após a promulgação da referida lei, restou ao INSS, tratar sobre a concessão e a manutenção de benefícios previdenciários, vindo, desta forma, a se tornar esta, a sua principal atividade. Além disso, o art. 5º da lei nº. 11.457/2007, atribuiu ao INSS outras responsabilidades. Vejamos: Art. 5º. Além das demais competências estabelecidas na legislação que lhe é aplicável, cabe ao INSS: I – emitir certidão relativa a tempo de contribuição; II – gerir o Fundo do Regime Geral de Previdência Social; III – calcular o montante das contribuições referidas no art. 2º desta Lei e emitir o correspondente documento de arrecadação, com vistas no atendimento conclusivo para concessão ou revisão de benefício requerido. Em alusão ao texto do inciso III, quanto às contribuições a que se referem, tratam-se daquelas que chama- mos de forma exclusiva de contribuições previdenciárias. Obrigações da Empresa e demais contribuintes A respeito das obrigações da empresa, assim dispõe o art. 30 da Lei 8.212/1.991: Art 30. A empresa é obrigada a: a) Arrecadar as contribuições dos segurados empregados a seu serviço, descontando-as da respectiva remu- neração, e recolher esses valores até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência; b) Arrecadar as contribuições dos segurados trabalhadores avulsos a seu serviço, descontando-as da respec- tiva remuneração, e recolher esses valores até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência; c) Arrecadar as contribuições dos segurados contribuintes individuais a seu serviço, descontando-as da res- pectiva remuneração, e recolher esses valores até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência; d) Recolher as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência; e) Recolher o Programa de Integração Social e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), na forma e nos prazos definidos pela legislação tributária federal vigente. Em atenção às alíneas c e d, vejamos o entendimento: • Em relação à alínea C, entende-se que a expressão “mês seguinte ao da competência” significa que o pa- gamento se refere ao mês antecedente. Desta forma, aduz-se que a contribuição incidente sobre o valor que foi adimplido pelos serviços prestados na vigênciado mês de janeiro deverá ser recolhida até o dia 20 de fevereiro. • Já em relação à alínea D, trata-se do recolhimento da cota patronal que são os 20% que encontram a cargo da empresa. Ponderando que a previsão anterior se incumbia da arrecadação e recolhimento da contribuição dos segurados, e que era apurada sob os critérios da incidência, sobre seu salário de contribuição, das alíquo- tas progressivas dispostas no art. 198 do Regulamento da Previdência Social, sob o Decreto n. 3.048/19990. Dando continuidade ao nosso estudo, infere-se que a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são respectivamente, obrigadas a recolher a contribuição que incide sobre a comercialização da produção do produtor rural como pessoa física e do segurado especial, até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, não importando se essas operações foram realizadas de forma direta com o produtor ou, também, com o intermediário pessoa física. Já o produtor rural como pessoa jurídica, se encontra obrigado a recolher as contribuições que incidirem sobre o montante total da receita bruta advinda da comercialização da sua produção rural, até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da operação de venda da sua produção. Registra-se que a entidade sindical remuneradora dirigente que mantém a qualidade de segurado contri- buinte individual, se encontra, nos termos da Lei, obrigada a recolher a contribuição relativa a esse segurado 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 39 individual, e, ainda, as parcelas a seu cargo, até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência vigente. No tocante à entidade sindical remuneradora do dirigente que mantém a qualidade de segurado empregado, de trabalhador avulso, ou de licenciado da empresa, aduz-se, que esta é obrigada a recolher a contribuição desses agentes acrescidas das parcelas a seu cargo, até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência vigente. Relativo à empresa remuneradora de empregado licenciado para exercer mandato de dirigente sindical, a lei diz que ela é obrigada a recolher a contribuição desse empregado e as parcelas a seu cargo, até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência vigente. Por fim, em alusão à empresa contratadora de serviços executados com cessão de mão de obra, incluindo os empregados contratados em regime de trabalho temporário, afirma-se que ela se encontra obrigada a reter 11% do valor bruto da nota fiscal ou da fatura de prestação de serviços, recolhendo, ainda, em nome da em- presa que cedeu a mão de obra, a importância que foi retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da nota fiscal ou do documento correspondente, ou até o dia útil imediatamente anterior, caso não haja expediente bancário naquela data. Em relação aos demais contribuintes, registra-se que o segurado contribuinte individual, ao exercer atividade econômica por conta própria, ou trabalhar como prestador de serviços à pessoa física ou a outro contribuinte individual, seja produtor rural pessoa física, ou, ainda, quando referir a brasileiro civil que executa labor no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo, seja em missão diplomática ou repartição consular de carreira estrangeiras, e, por último o facultativo, se encontram obrigados a fazer o recolhimento da sua contribuição por vias de iniciativa própria, respeitando o prazo de até o dia quinze do mês seguinte àquele segundo o qual, as contribuições se referirem, vindo a prorrogar o vencimento para o dia útil subsequente, no caso de não existir expediente bancário no dia quinze. Importante: Faculta-se aos contribuintes individual e facultativo, cujos sistemas de contribuição sejam iguais ao salário mínimo vigente, optar pelo recolhimento de forma trimestral das contribuições previdenciárias, com a data de vencimento para o dia quinze do mês seguinte ao de cada trimestre civil, vindo a prorrogar o venci- mento para o pagamento para o dia útil subsequente, em caso de não ter expediente bancário no dia quinze Dando continuidade ao nosso estudo, verifica-se que o produtor rural como pessoa física e o segurado es- pecial, se encontram por força de lei, obrigados a recolher a contribuição que incide sobre a receita bruta do comércio de sua produção rural até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da operação de venda da safra, caso a sua produção seja comercializada como adquirente domiciliado no exterior, de forma direta, no varejo, para consumidor pessoa física, ou, a outro produtor rural pessoa física e, ainda, a outro segurado especial. Em alusão ao segurado especial, segundo os ditames do art. 12, § 8º da LOCSS, que venha a contratar trabalhador temporário ou contribuinte individual, esse tipo de segurado se encontra obrigado a recolher as contribuições preditas acima, sobre a receita bruta, e mais a contribuição que incidir sobre a remuneração dos trabalhadores que estejam a seu serviço, acrescidos do FGTS e também dos encargos trabalhistas até o dia 07 (sete) do mês seguinte ao da competência vigente. A pessoa física que não seja produtor rural, mas que obtém produção de segurado especial ou produtor rural pessoa física para a execução de venda, no varejo e a consumidor pessoa física, ainda que de modo temporá- rio, é obrigada a recolher a contribuição sobre a receita bruta advinda da comercialização da produção rural até o dia 20 (vinte) do mês seguinte. Por fim, em relação ao empregador doméstico, afirma-se que se encontra obrigado, por força de lei a arre- cadar a contribuição do segurado empregado que esteja a seu serviço e a fazer o seu recolhimento, recolhê-la, bem como da parcela que esteja a seu cargo, o FGTS, a GILRAT e a reserva para a multa do pagamento do FGTS até o dia sete do mês seguinte ao da competência, e, ainda, recolher, durante a vigência do período de licença-maternidade da empregada doméstica que se encontre a seu serviço, todas as contribuições mencio- nadas acima, com ressalva à contribuição do empregado, posto que esta é descontada pelo INSS durante o ato do pagamento do benefício. Prazo de recolhimento Para cada espécie de contribuinte, existe um prazo determinado por lei para que sejam feitos os recolhi- mentos previdenciários. Pondera-se que a legislação estabelece prazos diferenciados o para recolhimento das contribuições previdenciárias. Passemos a uma breve análise desses prazos. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 40 Em uma primeira acepção, temos: • Prazo para o pagamento até o dia 15 do mês seguinte ao da competência, com prorrogação do vencimento para o primeiro dia útil seguinte, caso não exista atendimento bancário no dia 15. Em uma segunda acepção, temos: • Prazo para a Contribuição do facultativo, com opção para pagamento até o dia 20 do mês posterior ao da competência, vindo a adiantar o vencimento para o primeiro dia útil anterior, caso não haja atendimento bancá- rio no dia 20. • Prazo para a contribuição da empresa incidente sobre a folha de salários. • Prazo sobre a contribuição da receita bruta da comercialização da produção por meio de todas as vias rurais, sendo: • A do produtor rural pessoa física, da empresa adquirente, do segurado especial, da pessoa física que ad- quire produção rural para venda no varejo, dentre outros, contribuição de 11% do valor bruto da nota fiscal ou da fatura de prestação de serviços realizados mediante cessão de mão de obra; contribuição de 5% sobre a re- ceita de forma bruta de patrocínios, licenciamentos, publicidade, propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos de associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional de forma geral. E, por último, temos: • Prazo para pagamento até o dia 20 de dezembro, podendo antecipar-se o vencimento para o primeiro dia útil anterior, caso não haja atendimento bancário no dia 20.• Prazo para a contribuição das empresas com incidência sobre o 13º salário, sempre até o dia 20, nos ter- mos do art. 216, § 1º do RPS, pois o pagamento se dá sempre até o dia 20 do mês de dezembro, podendo ante- cipar-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior, caso não exista atendimento bancário no dia vinte. • Prazo para pagamento até o dia 07 do mês seguinte ao da competência, sendo esta contribuição adequada ao segurado especial que, nos parâmetros do art. 12, § 8º da LOCSS, venha a contratar empregado temporário ou contribuinte individual, com incidência sobre a receita bruta da comercialização da produção, acrescida da contribuição sobre a receita de forma bruta do comércio de artigos de artesanato, atividade artística, dentre outros itens, com o acréscimo da contribuição que incide sobre a remuneração dos trabalhadores que estejam a seu serviço, bem como dos valores do FGTS e dos demais encargos trabalhistas. • Prazo para a contribuição do empregador doméstico, nos termos da LC nº. 150/2015: cota patronal, acres- cida da contribuição do empregado doméstico, do FGTS e da GILRAT e também da reserva para a multa do pagamento do FGTS. Em relação à contribuição do 13º salário, afirma-se que é paga no dia 07 do mês subse- quente, sendo no dia 07 de janeiro. • Prazo para pagamento até 2 dias úteis depois do acontecimento de eventos em geral, deve-se contribuir com 5% sobre a receita bruta advinda da realização de espetáculos desportivos de associações desportivas que mantém equipes de futebol profissional em geral. Recolhimento fora do prazo: juros, multa e atualização monetária O art. 35 da Lei 8.212/1.991, determina que os débitos com a União advindos das contribuições sociais pre- videnciárias, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, não pagos nos prazos previstos em legislação, deverão ser acrescidos de multa de mora e juros de mora. Prevê ainda, a referida Lei, que a respeito das contribuições sociais previdenciárias que se encontrarem em atraso, incidirão juros de mora, com cálculos com base na taxa Selic, acumulada mensalmente, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento, fato que caso o pagamento seja feito no mesmo mês do vencimento, não haverá a incidência de juros de mora. Registra-se que no Brasil, utiliza-se a taxa SELIC que se trata da taxa média ajustada dos financiamentos de modo diário e que são apurados através do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) para os títulos federais. A SELIC é adquirida mediante o cálculo da taxa média ponderada com o ajuste das operações de finan- ciamento por um dia, posto que a taxa SELIC caracteriza a remuneração das instituições financeiras nas ope- rações realizadas com títulos públicos. Normalmente a SELIC também é usada como uma espécie de índice 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 41 por meio da qual as taxas de juros no Brasil se delimitam. Trata-se de importante um instrumento de política monetária usado pelo bastante comentado COPOM (Comitê de Política Monetária) com a finalidade de contro- lar os juros no país. De encontro ao art. 61 da Lei nº. 9.430/1996, percebe-se em estudo ao caput, que os débitos para com a União advindos de tributos e contribuições administrados pela RFB que não são pagos nos prazos determina- dos na legislação específica, deverão ser pagos com o acréscimo de multa de mora, calculada sobre a base da taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso. A referida multa deverá ser será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo, até o dia em que ocorrer o seu pagamento. Assim sendo, ocorre que ela fica limitada a 20%. Obs. importante: Deixando o contribuinte de realizar o pagamento do seu débito de forma espontânea, ca- berá à fiscalização realizar o lançamento de ofício, por meio do qual, cobra-se o tributo, com o acréscimo de multa de 75% do montante devido, nos termos da Lei n. 9.430/1996, art. 44, I. Lembrando que esse percentual poderá ser duplicado para 150%, caso seja comprovada sonegação, fraude ou conluio nos ditames do art. 44, § 1º da referida lei. Deixando o sujeito passivo de atender, no prazo determinado por Lei, à intimação de autoridade competente, com o fito de prestar esclarecimentos, apresentar a documentação técnica, dentre outras ordens, aduz-se que os percentuais serão aumentados em 50%, vindo a totalizar 112,5% ou 225%, segundo o art. 44, § 2º, sendo que nesse caso específico, não será cobrada a multa de mora. Em alusão à multa de mora, registra-se que se trata de uma multa um pouco menos severa que a multa de ofício, posto que pode ser aplicada nos casos de pagamento de forma espontânea do débito pelo contribuinte. Ressalta-se caso o contribuinte adimpla em dias com o seu débito, ou venha a requerer compensação ou parcelamento, existem algumas reduções em razão do prazo, que estão dispostas no art. 6º da Lei 8.218/1.991: Art. 6 - Será concedida redução da multa de lançamento de ofício nos seguintes percentuais: I – 50% (cinquenta por cento), se for efetuado o pagamento ou a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que o sujeito passivo foi notificado do lançamento; II – 40% (quarenta por cento), se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, con- tado da data em que foi notificado do lançamento; III – 30% (trinta por cento), se for efetuado o pagamento ou a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, con- tado da data em que o sujeito passivo foi notificado da decisão administrativa de primeira instância; IV – 20% (vinte por cento), se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, con- tado da data em que foi notificado da decisão administrativa de primeira instância. Se a autoridade julgadora de primeira instância recorrer à segunda instância administrativa e seu recurso for provido, vale a previsão de redução de 30% para pagamento/compensação e 20% para parcelamento. Denota-se que há casos em que o contribuinte pugna pelo parcelamento do débito, porém, não adimple com o pagamento. Nesses casos, poderá haver a rescisão do parcelamento, motivada pelo descumprimento das regras que o regulam, vindo desta forma, a implicar com o restabelecimento do montante da multa que se encontra proporcional ao valor da receita não adimplida e que vier a exceder o valor alcançado com a garantia apresentada. Importante: As reduções se encontram em ordem decrescente, vejamos: • Nos 30 dias do lançamento, haverá o percentual com acréscimo de 50% para pagar e 40% para parcelar o débito. • Nos 30 dias da decisão de primeira instância, haverá o percentual com acréscimo de 30% para pagar e 20% para parcelar o débito. Decadência e prescrição A decadência e a prescrição são institutos que representam a perda de direitos pela ausência de utilização por parte de seu titular por um período de tempo definido por lei. Podemos definir a prescrição como sendo a perda de determinada pretensão motivada por razão do decurso temporal, ou seja, o agente vem a perder a pretensão de reivindicar um direito legítimo através da ação judicial 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 42 cabível. Em relação à decadência, trata-se da extinção do direito em si, que ocorre em razão do prazo transcorrido, vindo o direito a decair e por conseguinte, extinguir. Assim, temos: Prescrição: Trata-se da perda de uma pretensão. Decadência: Trata-se da extinção do direito. Sobre a decadência e prescrição no custeio Registra-se que na seara do Direito Previdenciário, a doutrina clássica divide o estudo da decadência e prescrição em custeio e em benefícios, com o fito de que haja maior facilidade de entendimento e aplicação desses institutos. No condizente ao custeio, ressalta-se que as normas de decadência e prescriçãodeverão ser aplicadas de forma contundente e relacionadas aos prazos dispostos para recolhimento, estando esses efeitos acoplados aos requisitos necessários para a Administração Pública, em relação à demora para cobrar um crédito previ- denciário. Sendo a decadência a extinção de um direito em decorrência de decurso de tempo, ao mencionar-se a de- cadência no custeio previdenciário, denota-se se encontra passível de extinção, o direito relativo à constituição do crédito previdenciário, ato que a autoridade fiscal competente poderá realizar através de uma prerrogativa chamada lançamento. Desta forma, tendo sido constituído o crédito através do lançamento, por conseguinte, começará a correr o prazo de prescricional. E, mais, caso, caso o sujeito passivo deixe de adimplir com a contribuição lançada, deverá o sujeito passivo ajuizar o procedimento competente por meio de ação judicial para cobrança, ato que caso o sujeito passivo deixe de realizar dentro do prazo estabelecido por lei, acarretará o evento de prescrição da ação. Em relação aos prazos decadenciais, ressalta-se que na vigência dos arts. 45 e 46 da Lei º. 8.212/1.991, eram entendidos e aplicados da seguinte forma: Art. 45. O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extingue-se após 10 (dez) anos conta- dos: (Revogado pela Lei Complementar n. 128, de 2008) I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; (Revogado pela Lei Complementar n. 128, de 2008); II – da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, a constituição de crédi- to anteriormente efetuada. (Revogado pela Lei Complementar n. 128, de 2008) [...] Art. 46. O direito de cobrar os créditos da Seguridade Social, constituídos na forma do artigo anterior, prescre- ve em 10 (dez) anos. (Revogado pela Lei Complementar n. 128, de 2008) [...] Entretanto, o Supremo Tribunal Federal declarou esses artigos inconstitucionais, criando, inclusive, a súmula 08 no ano de 2.009 dispondo sobre o assunto. Vejamos: STF – Súmula Vinculante 08 – São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº. 1.569/1.977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº. 8.212/1.991 que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Ressalta-se que O STF veio a declarar a inconstitucionalidade dos mencionados artigos relativos à decadên- cia e à prescrição, possuindo as contribuições de natureza tributária, em decorrência da Constituição Federal dispor em seu art. 146, III, ‘b’, que o estabelecimento de normas gerais relativas à prescrição e decadência tributárias deve se dar por meio de lei complementar. É o que determina o art. 146 da Carta Magna: Art. 146. Cabe à lei complementar: [...] III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: [...] b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Assim sendo, denota-se que a Lei 8.212/1.991 é uma lei ordinária, fato que fez com que o dispositivo cons- titucional acima mencionado fosse violado, por isso o STF veio a declarar a inconstitucionalidade dos dispo- sitivos em comento. Desta forma, declarada a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/1.991, a regra que passou a valer para o cômputo dos prazos de prescrição e decadência em relação às contribuições previdenciárias, passou a ser a mesma regra adota e prescrita no Código Tributário Nacional em seu arts. 173 e 174, respectivamente, sendo de 05 anos. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 43 Denota-se que a contagem do prazo decadencial e prescricional previdenciário, pode iniciar, com inevitável ligação ao instituto do lançamento do crédito tributário, bem como do fato gerador desta seara do direito, a partir da ocorrência do fato gerador com o prazo decadencial, como regra geral de 5 anos. Havendo fato gerador sem que o contribuinte tenha feito qualquer espécie de pagamento, ou se deixou de fazê-lo por fraude ou qualquer outro motivo, entende-se que a Fazenda Pública passará a adquirir tempo para resolver estas questões se valendo do uso do art. 173 do CTN. Vejamos: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, con- tados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; de ofício, e para isso o prazo, embora também seja de 5 anos, inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele no qual o lançamento poderia ter sido efetuado. Em relação ao custeio, passemos a analisar a respeito da prescrição. Pondera-se que a Receita Federal passou a efetuar o lançamento de ofício, entretanto, ela o fez antes do decurso do prazo decadencial, fato que faz com que o contribuinte passe a ter o direito de impugnar o auto de infração e tomar outras medidas cabí- veis, sendo que, caso na seara administrativa a existência do débito seja reconhecida, o contribuinte poderá simplesmente deixar de adimplir. Caso não adimpla, a União poderá exigir por vias judiciais o valor a ser pago dentro do prazo estipulado por lei, fato que nesse caso, seria de prescrição, posto que o crédito tributário foi constituído pelo lançamento, então o direito existe, porém, não decaiu. Em relação ao prazo, infere-se que a prescrição, assim como a decadência, também encontra respaldo legal no art. 174 do CTN que dispõe: Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Desta forma, o prazo prescricional possui como termo inicial, a constituição de forma definitiva do crédito, posto que deixou de existir na seara administrativa, possibilidades de impugnação ou de adentrar com recur- so, pois, se houver pendências de discussões no campo administrativo, o prazo prescricional não poderá ser encerrado. Por fim, afirma-se ainda, que o prazo prescricional para a ação de cobrança do crédito tributário, contados da data da sua constituição definitiva, é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 174 do CTN. Em suma, temos: 1) A ocorrência do fato gerador da contribuição; 2) A inadimplência do sujeito passivo; 3) Emissão do auto de infração por parte da autoridade fiscal, sendo que o sujeito passivo possui o prazo de 30 dias para adimplir, ou, caso deseje, impugnar o lançamento. 4) Caso não haja impugnação do sujeito passivo, o crédito será considerado definitivamente constituído ao final do prazo dos 30 dias consecutivos. 5) Havendo a ocorrência de impugnação, o crédito tributário passará a ser considerado definitivamente cons- tituído caso não exista recurso em faze da decisão de segunda instância mantenedora do auto de infração, na data em que vier a expirar o prazo recursal. Vale mencionar ainda, os dispositivos de lei que interrompem ou suspendem a prescrição. Estão contidos no CTN, sendo eles: Art. 174 . [...] § único - a prescrição se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II – pelo protesto judicial; III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV – por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo deve- dor. Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I – moratória; II – o depósito do seu montante integral; III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 44 IV – a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento. Sobre a decadência e prescrição nos benefícios De antemão, denota-se que a decadência e a prescrição, sob o ponto de vista dos benefícios, funcionam com dispositivos dotados de requisitos diversos relacionados a prazo, dentre outras categorias. Assim sendo, em relaçãoaos prazos decadenciais, determina o art. 103 da Lei nº. 8.213/1.991: Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão, indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício e do ato de deferimento, indeferimento ou não concessão de revisão de benefício é de 10 (dez) anos, contado: I – do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da primeira prestação ou da data em que a presta- ção deveria ter sido paga com o valor revisto; ou II – do dia em que o segurado tomar conhecimento da decisão de indeferimento, cancelamento ou cessação do seu pedido de benefício ou da decisão de deferimento ou indeferimento de revisão de benefício, no âmbito administrativo. Assim, ante o estudo do artigo em comento, aduz-se, em síntese que o prazo decadencial é de 10 anos. A forma de contabilização do prazo pode ocorrer no caso do benefício ter sido concedido, porém, se desejar revisão do ato concessório, vindo a contar-se o prazo decadencial a partir do primeiro dia do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação. Porém, caso alguma revisão não tenha sido implantada, o prazo deverá ter início na data em que a prestação deveria ter sido adimplida com o valor revisto. Havendo o indeferimento, cancelamento, ou, cessação, situações de pedido de revisão de benefício, tendo o segurado a intenção de questionar tais decisões, bem como outras pertinentes, o prazo decadencial deverá ser contado a partir do dia em que dela tomar conhecimento. Registra-se que a regra contida do Direito Brasileiro na LBPS por meio do art. 79, que afirmava que não correm os prazos de decadência contra o civilmente incapaz, foi revogada pela Lei 13.846/2019. Vejamos o dispositivo de lei: Art. 79. Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensionista menor, incapaz ou ausente, na forma da lei. No entanto, a revogação, contudo, não possui a intenção de alterar a regra que se encontra em vigor no momento e que advém do art. 208, e do art.198, I do Código Civil Brasileiro. Desta maneira, não corre a de- cadência contra os absolutamente incapazes que assim são considerados os indivíduos menores de 16 anos. Dispõe o art. 103-A da LBPS referente à seara da decadência: Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favorá- veis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo compro- vada má-fé. § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. § 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. O que o retro mencionado artigo quis dizer, é que caso o INSS tenha concedido um benefício de forma in- devida, possui ele o prazo de 10 anos, a contar do primeiro pagamento, para anular os atos administrativos. Entretanto, se esse prazo expirar e não houve má-fé por parte do beneficiário, não poderá o INSS anular seus atos, bem como a situação em comento não pode mais ser revista. Importante: Em relação à prescrição, em se tratando de benefícios, aduz-se que esses atingem somente as prestações vencidas. Como se sabe, os benefícios previdenciários são pagos mensalmente aos beneficiários. Porém, caso algum beneficiário entre em juízo com ação judicial buscando revisar o seu benefício e obtenha deferimento por parte da autoridade, terá esse beneficiário o direito ao pagamento das prestações dos últimos cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação, nos ditames do parágrafo único do art. 103 da LBPS. A exemplo do que ocorre com a decadência, o prazo de prescrição também não corre contra os civilmente incapazes, é o que determina o art. 198, I do Código Civil Brasileiro. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 45 Por fim, merece destaque, a disposição da LBPS contida no art. 104, que cuida de dispor sobre o prazo pres- cricional das ações que se referem aos benefícios acidentários. Observa-se que o prazo é o mesmo, sendo de 5 anos, porém, o termo se início da contagem é único e específico para as prestações dessa natureza. Assim dispões o art. 104 da LBPS, Lei nº 8.213/1.991: Art. 104. As ações referentes à prestação por acidente do trabalho prescrevem em 5 (cinco) anos, observado o disposto no art. 103 desta Lei, contados da data: I – do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade temporária, verificada esta em perícia médica a cargo da Previdência Social; ou II – em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade permanente ou o agravamento das se- quelas do acidente. Assim, prescrevem em 05 (cinco) anos as ações de prestação por acidente de trabalho, contadas da data do acidente, quando dele resultar a morte, também a incapacidade temporária e ainda, nas ações em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade permanente, bem como o agravante das sequelas aciden- tárias de modo geral. Crimes contra a seguridade social Moldado sob a forma de repartição, o Sistema de Seguridade Social Brasileiro é constituído por imposições em forma de condutas, que proíbem atos que venham a desrespeitar as normas estatais que regem o seu fun- cionamento. Assim sendo, uma vez desrespeitada a norma estatal em vigência, incorrerá o agente na prática de ato ilícito. Registra-se que a Lei n. 8.212/1991 dispunha no art. 95, as normas penais que tipificavam os crimes contra a Seguridade Social. Entretanto, essas regras vigoraram até o ano 2000, mas, a partir daí, entrou em vigor a Lei nº. 9.983/2.000, que passou dar novo rumo à matéria, e, pelo fato de se tratar de lei mais benéfica, possui aplicação retroativa, nos parâmetros exigidos pelo art. 2º, parágrafo único do Código Penal Brasileiro. Assim, utilizando também de outras eventuais atualizações que tenham ocorrido sobre o assunto, aduz-se que são crimes contra a Previdência Social todos aqueles por meio dos quais, ocorre quando existe a percep- ção de benefícios previdenciários mediante fraude, abuso, má-fé, dentre outros atributos pertinentes, sendo que esses crimes também poderão ser qualificados com diminuição ou aumentos de pena conforme a Legisla- ção pertinente. Apropriação indébita previdenciária Registra-se de antemão, que o art. 168-A, que foi acrescentado ao Código Penal através da Lei n. 9.983/2000, dispondo de forma detalhada sobre o aumento de condutas ilícitas que são atribuídas aos contribuintes que, de alguma maneira, visam à sonegação fiscal no país. Desta forma, denota-se que o legislador procurou aper- feiçoar o tipo legal que existia por meio do art. 95 da Lei n. 8.212/1991, passando a chamá-lo de Apropriação Indébita Previdenciária. Abaixo, vejamos a redação dada por lei a esse crime: Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. Em entendimento ao referido dispositivo, verifica-se que o legislador impôs a sanção do crime de apro- priação indébita previdenciária a todo aquele que deixar de repassar ou de recolher, dentro do prazo legal, contribuições ou qualquer valor que tenha como destino a Previdência Social e que tenha sido descontado do adimplemento pecuniário efetuado aos segurados, bem como a terceiros ou, ainda, que tenhamsido arrecada- das do público. Entra nesse rol, a ausência de recolhimento de contribuições que porventura tenham integrado despesas contábeis, ou, custos relacionados para a venda de produtos e também para a prestação de serviços. Pondera-se que o crime de Apropriação Indébita Previdenciária e suas penas, também é aplicado ao agente 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 46 que se eximir de pagar benefício devido a segurado, quando ocorrer de o respectivo valor já tiver sido repassa- do e reembolsado à empresa pela Previdência Social. Assim, depreende-se que o objetivo dessa norma é evitar a sonegação fiscal, vindo desta forma, a inibir o desvio de contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade Social, bem como prestar tutela à manu- tenção financeira das ações que buscam garantir e assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência social. Ressalta-se que a conduta de nome apropriação indébita previdenciária, não pode ser confundida com a apropriação indébita comum que se encontra disposta no art. 168 do Código Penal, cuja figura típica consiste em: Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Em relação à diferença existente entre a apropriação indébita previdenciária e a penal, entende Andréas Ei- sele: “Dentre as divergências entre as hipóteses, podem ser indicadas: a) a irrelevância da eventual existência de situação de posse (pelo agente) do objeto material sobre o qual recairá a conduta; b) a desnecessidade da presença da intenção apropriativa do objeto, por parte do sujeito; e c) a titularidade da propriedade do objeto, que pertence ao próprio sujeito (motivo pelo qual a ‘coisa’ sobre a qual recai a conduta não é alheia’)”. Aduz-se, também, que a nova lei usou de inovação ao descrever a conduta como “deixar de recolher contri- buições à Previdência Social” e não mais à Seguridade Social, conforme previa o art. 95, d, da Lei n. 8.212/1991. Em análise ao inciso II do art. 168-A, entende-se que a conduta de delito ali disposta, diz respeito ao infrator que por ventura deixar de recolher as contribuições integrantes da escrituração contábil em forma de despesas, ou aquelas que foram transferidas para o custo do produto ou serviço, tendo em vista que nesse caso, o contri- buinte de fato é o consumidor final. Justificando-se, assim, o tipo penal, pois é admissível que a pessoa que não foi capaz de aguentar o encargo da relação econômica, venha a se tornar omissa em recolher a contribuição para os cofres da Previdência Social. Em relação ao inciso, III do mencionado diploma legal, denota-se que a conduta típica é o fato de deixar de pagar benefício devido a segurado, quando os respectivos valores já foram reembolsados pela Previdência Social. Podem ocorrer esses casos, em situações pelas quais a empresa é responsável, de forma direta pelo adimplemento do benefício, como por exemplo, na entrega do salário-família e também nos casos em que exis- te convênio com o INSS para este fim, dentre outros fatores pertinentes ao assunto. Abaixo, temos uma breve síntese acerca das características desse tipo penal: Importante: Em relação à constitucionalidade da penalização da conduta de omissão de recolhimento de contribuições previdenciárias, denota-se que é questionada sob a alegação de preeminente ofensa ao art. 5º, LXVII, da CFB/1.988 e ao Pacto de São José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, que proíbem a prisão por dívida. • O tipo objetivo da apropriação indébita previdenciária é caracterizado como crime omissivo próprio, tendo em vista que é advindo da inércia do sujeito ativo ao omitir ato que a Lei Penal ordena ou obriga que seja rea- lizado. • O elemento subjetivo do tipo da apropriação indébita previdenciária é o dolo genérico, a vontade plenamen- te livre e consciente de não se recolher a contribuição que é devida aos cofres da Previdência Social, mas que foi descontada dos empregados. • Para que seja configurado o delito da apropriação indébita previdenciária, não é necessário qualquer outro elemento subjetivo senão o próprio dolo (deixar de repassar) extraível do tipo.” (STJ). Sujeito ativo: Nos termos do art. 225, §3º, da CFB/1.988, somente a pessoa física possui a capacidade de delinquir nesse tipo penal. Sujeito passivo: Em substituição ao INSS, o sujeito passivo desse delito passou a ser a União, desde a cria- ção da Receita Federal do Brasil pela Lei nº. 11.457/2007, a quem cabe realizar a arrecadação e fiscalização dos valores retidos e arrecadados que não são repassados à Seguridade Social. Crime continuado Ressalta-se que a omissão quanto ao recolhimento de contribuições previdenciárias, em geral, acontece de 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 47 maneira contínua, tendo em vista que a ausência de recolhimento, geralmente ocorre por vários meses e até anos, vindo a incidir a regra contida no art. 71 do Código Penal Brasileiro. Assim sendo, é justo que o aumento de pena previsto pela continuidade do delito deverá ser dosado pelo juiz, que levará em conta a quantidade de meses em que não foi feito o recolhimento das contribuições. A respeito da continuidade delitiva, o Supremo Tribunal Federal firmou a edição da Súmula nº. 711, dispondo: STF – Súmula 711 - “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. Prisão por dívida Dentre esses tópicos estudados, de acordo com os juristas Castro e Lazzari, registra-se a importância de mencionar a Lei nº. 8.866/1.994, que dispunha ser depositário da Fazenda Pública, o indivíduo que a legisla- ção tributária ou previdenciária determinava a obrigação de reter ou receber de terceiro e recolher aos cofres públicos impostos, taxas e contribuições, inclusive à Seguridade Social. Assim sendo, com fulcro no § 2º do art. 1º da referida lei, que tratava como depositário infiel o indivíduo que não entregasse aos cofres públicos os valores por ele arrecadados, foi esteada a revogação do art. 95, alínea d, da Lei nº. 8.212/1991. Entretanto, tal esse entendimento não repercutiu, tendo em vista que a Lei nº. 8.866/1994 pertence ao âmbito do Direito Civil, e não tornou descriminalizada a conduta disposta no art. 95, d, da Lei nº. 8.212/1991. Para resolver o assunto, o TRF da 4ª Região promoveu a edição da Súmula nº. 65, que assim determina: TRF 4ª Região – Súmula 65 - “A pena decorrente do crime de omissão de recolhimento de contribuições previdenciárias não constitui prisão por dívida”. Assim, na mesma direção, foi consolidado pelo Supremo Tribunal Federal o entendimento de que o agente que se enquadra no art. 168-A do Código Penal, não se encontrará submetido à prisão civil por dívida, porém, terá que responder pela prática dos delitos que cometer. Inserção de dados falsos em sistema de informações Trata-se esse tema de um delito cometido por intermédio de meios eletrônicos, por meio do qual, o sujeito passivo é a Administração Pública. É o que demonstra a redação do art. 313-A: Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevida- mente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Registra-se que esse delito teve sua inserção no Código Penal pelo Título XI, que trata dos Crimes contra a Administração Pública, em seu Capítulo I – Dos Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Adminis- tração Pública. O crime de inserção de dados falsos em sistema de informações é considerado como um peculato eletrônico que possui como sujeito ativo somente o servidor público, porém, é admitida, a participação de particular paraa sua consumação. Pondera-se, por fim, que a conduta foi instituída com o objetivo de punir o servidor que usa do seu poder no cargo que ocupa para inserir, alterar ou excluir dados dos sistemas informatizados ou, ainda, banco de dados da Previdência Social com o objetivo de auferir vantagem ilícita para si ou para outros. Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações Dentre os crimes que se encontram relacionados ao sistema eletrônico e à informática, encontra-se também, o de modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações. O art. 313-B do Código Penal, assim o define: Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autori- zação ou solicitação de autoridade competente: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. O ilustre jurista Baltazar Júnior conceitua as condutas delituosas da seguinte maneira: “Modificar tem aqui o sentido de instalar um novo sistema ou programa, ou seja, substituir ou trocar por um outro programa.” Ao 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 48 passo que “Alterar é modificar o programa ou sistema existente.” Ressalta-se que são aplicadas a esse delito, as mesmas considerações que foram feitas ao delito de inser- ção de dados falsos em sistema de informações já estudado. Porém, afirma-se com veracidade, que as penas aplicadas ao crime em comento, são menos severas que as aplicadas àquele, tendo em vista que as consequ- ências do tipo se encontram dotadas de menor gravidade. No entanto, registra-se que as penas poderão ser atenuadas em situações de dano para a Administração Pública, bem como para os administrados, que, por sua vez, são por lei, considerados os sujeitos passivos do crime. Sonegação de contribuição previdenciária Esse delito pode ser tipificado legalmente pelas seguintes condutas: Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previ- denciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equipa- rado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. O delito de sonegação de contribuição previdenciária é um crime praticado por particular contra a Previdên- cia Social, sendo que o elemento do tipo é a vontade livre e consciente de sonegar contribuição previdenciária, mediante a omissão de procedimentos contábeis obrigatórios. A respeito da consumação e da competência para julgamento desse delito, existe uma interessante decisão do STJ. Vejamos: Decidiu a 3ª Seção do STJ que: “O delito previsto no art. 337-A do Código Penal consuma-se com a supres- são ou redução da contribuição previdenciária e acessórios, sendo o objeto jurídico tutelado a Seguridade So- cial. A competência para processar e julgar o crime de sonegação de contribuição previdenciária é fixada pelo local da consumação do delito, conforme previsto no art. 70 do Código de Processo Penal” (CC 200901070341, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJE 29.3.2010). Vejamos abaixo, em síntese, as principais características relativas a esse delito: • De acordo com a súmula vinculante nº. 24 do STF, por se tratar de crime material, exige-se a constituição definitiva do crédito tributário previamente à propositura da ação penal que aduz que “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. • Para o delito de sonegação de contribuição previdenciária, as causas de extinção de punibilidade são as mesmas que as da conduta tipificada no art. 168-A, à exceção do perdão judicial pelo pagamento após a ação fiscal e antes do oferecimento da denúncia, hipótese que foi vetada pelo Poder Executivo ao sancionar a lei. (Castro e Lazzari, 2.020). • Existem regras especiais para a aplicação da pena. Porém, é facultado ao juiz deixar de aplicar a pena, ou aplicar apenas a pena de multa, caso o agente seja primário e possua bons antecedentes, desde que o valor das contribuições devidas, incluindo nesse rol os acessórios, possua valor igual ou inferior ao estabelecido pela Previdência Social. Divulgação de informações sigilosas ou reservadas O art. 153 do Código Penal Brasileiro determina ser criminoso o ato de divulgação de segredo, dispondo que constitui crime “Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem”. No entanto, a redação desse dispositivo passou por alterações por meio da Lei nº. 9.983/2000, com o objetivo de oferecer proteção aos sistemas e bancos de dados da Administração Pública. Vejamos o dispositivo legal: 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 49 Art. 153. § 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública: Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1º (parágrafo único original). § 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada. Ressalta-se, que a pena prevista anteriormente no Código Penal Brasileiro para o crime de divulgação de segredo, era a com detenção de um a seis meses, ou multa, sendo que somente se submeteria a procedimento, mediante representação do ofendido. Já pela redação atualizada, a pena foi elevada, sendo que poderá chegar a até 04 (quatro) anos de detenção, acrescida de multa. Desta forma, a ação penal passou a ser considerada como incondicionada em caso de causação de dano à Administração Pública. Falsidade Documental Nesta seara, verifica-se que o art. 296 do Código Penal, que dispõe sobre a falsidade documental, recebeu mais um inciso no § 1º, sendo que a partir do momento da vigência da nova lei, será aplicada a pena de reclu- são, de dois a seis anos, acrescida de multa, a quem alterar, falsificar ou fazer uso indevido de marcas, logoti- pos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública de um modo geral. Falsificação de documento público Para a recepção desta categoria delituosa, foi inserido art. 297 do Código Penal, o § 3º, para determinar que se implica na pena de reclusão de dois a seis anos, e multa, aquele que insere ou faz inserir: I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a Pre- vidência Social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a Previdência Social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a Previdência Social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. Ressalta-se que referidas condutas eram consideradas criminosas pelo art. 95, nas alíneas g, h e i da Lei n. 8.212/1991, entretanto, sem pena para os infratores. Desta forma, o novo dispositivo penal surgiu para fazer correção a essa distorção, vindo a instituir penas maisduras que variam de 02 (dois) a 06 (seis) anos, além de multa. Assim, nos conformes do § 4º da contemporânea redação do art. 297 do Código Penal, incorrerá nas mes- mas penas aquele que omitir, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado e seus dados pesso- ais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. Violação de sigilo funcional Ao sujeito ativo do delito de violação de sigilo funcional, o Código Penal estabeleceu pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constituiu crime mais grave. Além disso, a Lei nº. 9.983/2000 determinou que incorre nas penas desse artigo aquele que: I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito (art. 325, § 1º). Desta maneira, se da ação ou omissão advir dano à Administração Pública ou a outrem, a pena passará a ser de reclusão, de dois a seis anos, e multa (art. 325, § 2º). Equiparação a funcionário público De antemão, verifica-se que o conceito real de funcionário público inserido no art. 327 do Código Penal foi ampliado. Com a redação contemporânea do § 1º desse dispositivo legal, passou-se a equipar a funcionário público, aquele que exercer cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, bem como aquele que trabalha para empresa que presta serviços de forma contratada ou conveniada para a execução específica da Adminis- tração Pública. Havendo essa modificação, ressalta-se que foi incluído no conceito de funcionário público, aquele que tra- balha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública, como os estagiários, os serventes, os vigilantes, dentre outros. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 50 Estelionato previdenciário Esse crime se encontra disposto no art. 171, § 3º, do Código Penal. Sua conduta tipificada é “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. Ocorre que em relação à pena de reclusão de um a cinco anos e multa, prevista no caput do art. 171 do CP, deverá ser majorada em um terço por se tratar de crime praticado contra a Autarquia Previdenciária. Infelizmente, esse crime vem acontecendo com frequência nos casos de agentes que fazem uso de do- cumentação falsa para sacar em contas alheias, valores depositados em nome de outras pessoas a título de benefício previdenciário. Nos dizeres do jurista José Paulo Baltazar Júnior, na maior parte das vezes, o autor se trata de um interme- diário ou de um despachante de benefícios e, não raro ex-servidor da Previdência Social que é conhecedor do funcionamento da Autarquia: “Assim, no específico caso do estelionato contra a previdência, o segurado, se tiver ciência da fraude, cola- borando e aderindo à conduta do intermediário, poderá ser partícipe ou coautor, dependendo de cada hipótese, como acima referido. Caso o segurado sequer tenha ciência da fraude, não poderá ser condenado. Exemplifi- ca-se com a hipótese do segurado denunciado por estelionato que relata, no interrogatório, a entrega de suas carteiras profissionais ao intermediário, que informou ter ele direito ao benefício, vindo a receber, alguns meses depois, a carta de concessão de aposentadoria do INSS, negando saber não contava com tempo suficiente para se aposentar. Tal tese mais será admissível quando o acusado for pessoa simples e houver contagem de tempo de benefício rural e urbano, ou conversão de tempo especial, ou vários contratos de trabalho, caso em que há dificuldades em determinar a existência do direito. Ao contrário, se o segurado praticamente jamais trabalhou registrado, é difícil admitir que não tenha ciência da fraude. Se os honorários do despachante de be- nefícios, forem muito elevados há indício de que o segurado tem ciência da fraude. Como se vê, é questão a ser apurada concretamente.” (CASTRO E LAZZARI, 2.020). De acordo com o entendimento do STF, esse crime se encontra eivado de natureza permanente, posto que a sua consumação sempre se renova a cada recebimento mensal. Entendida a gravidade do assunto, o prazo prescricional deverá ser contado a partir do fim do recebimento do benefício irregular e acordo com o HC 116.816, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 4.3.2013. Por fim, registra-se a importante disposição da Súmula nº. 82 do TRF da 4ª Região: TRF 4ª Região – Súmula 82 - “É inaplicável o princípio da insignificância ao estelionato cometido em detrimento de entidade de direito público.” Recurso das decisões administrativas De antemão, registra-se que não existe uma lei específica que regule o processo administrativo previdenci- ário, sendo que suas bases essenciais se encontram presentes em várias leis e normas, sendo que a principal delas, é a Lei nº 9.784/99, sendo, assim, a única lei que regula o processo administrativo na seara da Adminis- tração Pública Federal. Pode-se encontrar a finalidade da referida lei em seu primeiro artigo que argumenta: Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Fede- ral direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. Ressalta-se que o processo que se encontra em trâmite no INSS e no CRSS (Conselho de Recurso da Previdência Social) em fase recursal, deverá obedecer ao que disciplina a Lei Federal nº 9.784/99, bem como as como as normas internas dos respectivos órgãos, como a Instrução Normativa INSS/PRES nº 77/2015 e a Portaria MDSA nº 116/2017 que trata do Regimento Interno do CRSS. Denota-se que tão importante quanto exercer o direito de petição na fase em que inicia o processo adminis- trativo, é o recurso aplicado como forma de garantia do devido processo legal, do contraditório e também da ampla defesa. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 51 Da Interposição do Recurso e Prazos Deverá o recurso ser interposto no prazo de trinta dias da ciência da decisão proferida pelo INSS. Denota-se que o mesmo prazo, após a ocorrência do protocolo do recurso, deverá ser concedido ao INSS para que este venha a apresentar as contrarrazões. Em relação às contrarrazões, dispõe o § 3º do art. 31 do Regimento Interno do CRSS: 3º - Na hipótese de Recurso Ordinário, serão considerados como contrarrazões do INSS os motivos do inde- ferimento. Em se tratando de Recurso Especial, expirado o prazo para contrarrazões, os autos serão imedia- tamente encaminhados para julgamento. Em síntese, sobre o subtema em estudo, vejamos algumas disposições importantes e bastante cobradas em concursos: • O prazo para interpor o recurso é, na verdade, para o agendamento deste, uma vez que se trata um serviço que exige prévio agendamento. Assim, o fato de agendar o recurso dentro dos 30 (trinta) dias da ciência da decisão a ser recorrida é medida de suma para a sua tempestividade. • O recurso deverá ser apresentado apenas na data marcada para o atendimento presencial. Na atualidade, demora em média (120) cento e vinte dias. • Sendo encaminhado o processo à Junta de Recursos ou Câmara de Julgamento, o prazo deverá ser de 85 (oitenta e cinco) dias para que seja proferida a decisão final. • Como em todas as outras áreas do direito brasileiro, o processo de trâmite do recurso previdenciário não é célere, apesar de os prazos estarem definidos por lei, raramente são cumpridos. Das Prioridades nos Julgamentos Da mesma forma que acontece nas demandas judiciais por determinação de lei, no processo administrativo do CRSS, algumas particularidades prioritárias são essenciais. Vejamos o que determina o art. 38 do CRSS: § 1º - As Juntasde Recursos e as Câmaras de Julgamento priorizarão a análise e solução dos seguintes recursos: I - que tenham como parte beneficiários com idade igual ou superior a sessenta anos; e II - relativos às prestações de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez e do benefício assistencial de que trata o art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Ressalta-se, que existem também outras prioridades sujeitas a acontecer tanto no julgamento quanto no trâ- mite e no julgamento. Dispõe o CRSS que para fins de prioridade na sessão de julgamento, serão considerados os processos que tiverem requerimento de sustentação oral e nos casos em que as partes estiverem presentes. No condizente à prioridade no trâmite e no julgamento, esta será conferida aos processos que versem sobre revisão de ofício dos atos dos órgãos julgadores, segundo o Regimento Interno. Processo eletrônico e recursos Para fins de processo eletrônico, pondera-se que o recurso protocolizado na Agência da Previdência Social (APS), deverá ser digitalizado e disponibilizado no e-Recursos, que se trata de uma importante ferramenta im- plantada no site para auxiliar o usuário e gerenciar a tramitação de processos em fase de recurso. Registra-se que o e-recursos é uma ferramenta disponibilizada pelo Ministério da Previdência Social, por meio da qual, os usuários podem acompanhar todas as etapas processuais de um recurso administrativo em desfavor de uma decisão do INSS. Assim sendo, qualquer pessoa poderá visualizar o andamento das demandas processuais. Entretanto, em relação ao acesso aos documentos ali disponíveis, entende-se que são de interesse da parte, que somente poderão acessá-los mediante o uso de senha – Cadsenha. Do julgamento e da sustentação oral do recurso A sessão de julgamento no CRSS é pública, ressalvado quando a matéria exige sigilo, admitindo-se apenas a presença das partes. Ressalta-se que não é de amplo conhecimento o que se encontra disposto no parágrafo único do artigo 44 do Regimento Interno do CRSS: “Terão prioridade de julgamento na sessão os processos em que houver sus- tentação oral ou quando a parte estiver presente”. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 52 Em relação à sustentação oral das razões do recurso, afirma-se que se trata de um direito que possui como fulcro, assegurar a ampla defesa do segurado no julgamento do seu respectivo processo administrativo, sendo que deverá ser requerida no recurso, bem como antes do início do julgamento, de acordo com o que determina o Regimento Interno. A sustentação oral, apesar de ser pouco usada nas sessões de julgamento, trata-se de uma ferramenta de primordial importância para se levar a conhecimento dos julgadores, informações eivadas de dados e detalhes determinantes do processo que podem passar despercebidos. Ressalta-se que os recursos administrativos mais usados são o recurso ordinário e o especial. Entretanto, existem outras espécies de recursos passíveis de uso, como os embargos de declaração, pedido de uniformi- zação de jurisprudência, dentre outros que estudaremos nos próximos tópicos. Antes de adentrarmos ao estudo dos principais recursos na esfera previdenciária, vejamos em síntese, algu- mas importantes informações: • Diferentemente do que ocorre com os recursos na seara judicial, na qual não é possível que se levem novos fatos para os julgamentos, os recursos no âmbito do processo administrativo previdenciário, são permis- sionários da apresentação de novos documentos, bem como da inclusão de novos comprovantes de períodos de contribuição que não foram usados na instância anterior, bem como outras provas pertinentes. • Em relação à contagem do prazo, infere-se que poderá feita em dias corridos, excluindo o dia do início e incluindo o dia do vencimento. • De acordo com a Portaria n.º 116/2017, o prazo iniciará ou vencerá num interstício de dias de expediente normal no órgão que tramitar o recurso, ou em que deverá ser praticado o ato, podendo ser prorrogado até o primeiro dia útil seguinte, caso o vencimento ocorra em dia em que não haja expediente, ou, ainda, se este for encerrado antes do horário de expediente normal. • Via regra geral, o prazo para interposição dos recursos é de 30 dias. Recurso especial Independentemente da decisão pronunciada em relação ao recurso ordinário interposto, pondera-se que caberá recurso especial para as Câmaras de Julgamento, que se tratam de órgãos de segunda instância ins- tituídos para recursos do INSS. Sendo a interposição recursal tempestiva, os efeitos da decisão de primeira instância deverão ser suspensos e devolvidos para a instância superior eivados do conhecimento de forma integral da causa. Entretanto, dadas as orientações acima, é preciso que se atente ao art. 30, §2º, do Regimento Interno do CRSS, que dispõe: Art. 30. Das decisões proferidas no julgamento do Recurso Ordinário caberá Recurso Especial dirigido às Câmaras de Julgamento. (…) § 2º Constituem alçada exclusiva das Juntas de Recursos, não comportando recurso às Câmaras de Julgamento, as seguintes decisões: I – fundamentada exclusivamente em matéria médica, e relativa aos benefícios de auxílio-doençaeassisten- ciais; II – proferida sobre reajustamento de benefício em manutenção, em consonância com os índices estabeleci- dos em lei, exceto quando a diferença na Renda Mensal Atual – RMA decorrer de alteração da Renda Mensal Inicial – RM. Ante o exposto, adverte-se que nestas situações, a decisão será conhecida como de instância única, sendo apenas das Juntas de Recursos, fato que significa que não caberá recurso especial junto às Câmaras de Jul- gamento. Caso não haja encaixe da decisão em nenhuma das hipóteses do art. 30, §2º, do Regimento Interno do CRSS, o prazo para interpor o recurso especial será de 30 dias, e, da mesma forma, para que sejam apresen- tadas as contrarrazões. Recurso Ordinário Nos ditames do art. 29, do Regimento Interno do CRSS: 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 53 Art. 29. Denomina-se Recurso Ordinário aquele interposto pelo interessado, segurado ou beneficiário da Seguridade Social, em face de decisão proferida pelo INSS, dirigido às Juntas de Recursos do CRSS, obser- vada a competência regimental. Observe-se que a referida estipulação, deverá ser levada em consideração em conjunto com o art. 660, da IN nº 77/2015, que lista os agentes legitimados para protocolar o recurso, sendo eles: o próprio segurado, o procurador legalmente constituído, o dependente ou beneficiário, o representante legal do interessado, a em- presa, o sindicato ou a entidade de aposentados devidamente legalizada ou, por fim, o dirigente de entidade de atendimento definida pelo ECA, nos ditames do art. 92, §1º. Registra-se, por fim, que o prazo para que seja interposto o recurso ordinário é de 30 dias, contando-se da ciência da decisão, protocolando-o junto ao órgão do INSS proferidor da decisão sobre o benefício, que, por sua vez, deverá proceder a sua instrução com remessa posterior do recurso à Junta ou Câmara. Pedido de Uniformização da Jurisprudência Da mesma forma que no processo judicial, o pedido de uniformização não pode ser considerado de maneira exata como sendo um recurso. Isso ocorre, pelo fato de servir para resolver divergências existentes entre as decisões definitivas proferidas pelos inúmeros órgãos do CRSS, e também entre estas e a Consultoria Jurídica do Ministério que for responsável pelas políticas previdenciárias, bem como para materializar um entendimento já consolidado por diversos julgados do CRSS. Nesta seara, aduz-se que o pedido de uniformização de jurisprudência poderá vir a ser dividido ainda, entre pedido de uniformização em tese e em concreto, onde na primeira hipótese, a divergência não possui origem em um caso concreto, se tratando apenas de uma situação em abstrato, mas que precisa de definição por parte dos órgãos julgadores.Por esse motivo, o pedido só poderá ser provocado pela própria Autarquia, a qual nos trâmites do art.61, §1º do Regimento Interno do CRSS, exige que seja mediante a prévia apresentação de estu- do fundamentado sobre a matéria a ser uniformizada, por meio do qual deverá ser demonstrada a existência de relevante divergência jurisprudencial ou de jurisprudência convergente reiterada. Assim, feita a uniformização, a tese adotada pelo órgão será reduzida a enunciado. Sob outro aspecto, o pedido de uniformização de jurisprudência em concreto, poderá ser propugnado por qualquer uma das partes no processo administrativo nos seguintes casos: I – quando houver divergência na interpretação em matéria de direito entre acórdãos de Câmaras de Julga- mento do CRSS, em sede de Recurso Especial, ou entre estes e resoluções do ConselhoPleno; II – quando houver divergência na interpretação em matéria de direito entre acórdãos de Juntas de Recursos do CRSS, nas hipóteses de alçada exclusiva previstas no art. 30, § 2º, deste Regimento, ou entre estes e Resoluções do Conselho Pleno. Por fim, registra-se, que a apresentação do pedido de uniformização deverá ser feita em até 30 dias depois da ciência do acórdão. Ocorrendo do pedido não for recebido, caberá a interposição de recurso junto ao Presi- dente do CRSS, no prazo de até 30 dias, contados a partir da ciência da decisão devidamente comprovada nos autos em questão. O prazo para oferecer as contrarrazões, também é de 30 dias. Reclamação ao Conselho Pleno Nas demandas de decisão das Juntas de Recurso em questão de seara de instância única, ou das Câmaras de Julgamento em trâmites de decisão de recurso especial que se encontrarem em divergência relativa a pa- receres da Consultoria Jurídica (Conjur)/AGU, ou enunciados que são editados pelo Conselho Pleno, caberá a este último, reclamação que poderá ser feita no prazo de até 30 dias a contar da ciência da decisão infringente, suspendendo o prazo para o seu cumprimento. Mesmo sendo um instrumento pouco conhecido, a reclamação ao Conselho Pleno se encontra dotada de grande importância dentro do processo administrativo previdenciário, tendo em vista que, havendo descumpri- mento da decisão da reclamação, os julgadores responsáveis pela prolação do acórdão divergente poderão sofrer as consequências com a abertura de procedimento administrativo disciplinar e consequente aplicação de sanções de ordem ética e disciplinar. Também poderão ser registradas, reclamações junto ao Presidente do Conselho de Recursos do Seguro Social, nas hipóteses de descumprimento de decisão definitiva das Juntas de Recursos ou das Câmaras de Julgamento, sendo que a sua interposição só poderá ocorrer se decorridos 30 dias, o INSS ainda não houver cumprido o que foi determinado. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 54 Poderá ocorrer ainda, o ajuizamento de Mandado de Segurança nas situações por meio das quais, venha a ocorrer decisão do Conselho de Recursos com determinação de implantação do benefício requerido, o Gerente Regional do INSS tenha se quedado a estabelecê-lo. Embargos de Declaração Os embargos de declaração são cabíveis em qualquer uma das instâncias recursais. Poderão ser interpos- tos embargos declaratórios nas seguintes situações: A) Quando houver decisões eivadas de obscuridade, ambiguidade ou omissão; B) Quando houver necessidade de correção de erro material, ou, nos ditames do art. 58 do CRSS: “que não afetem o mérito do pedido, o fundamento ou a conclusão do voto, bem como não digam respeito às interpreta- ções jurídicas dos fatos relacionados nos autos, o acolhimento de opiniões técnicas de profissionais especiali- zados ou o exercício de valoração de provas”. Aduz-se que na primeira situação, o prazo para oposição dos embargos é de 30 dias, contados a partir do momento da ciência do acórdão. Já na segunda situação, sendo de erro material, os embargos poderão ser opostos a qualquer tempo. A oposição dos embargos possui motivação legal para que se interrompa o prazo para o cumprimento do acórdão, da interposição de recurso especial, da apresentação de reclamação ao Conselho Pleno e também do Pedido de Uniformização de Jurisprudência. Lembrando que para que haja o retorno dos mencionados prazos, a lei apenas permitirá a sua ocorrência, após a intimação das partes, informando a decisão dos embargos, data a partir da qual passará a se contar mais 30 (trinta) dias. Em relação à intimação da parte oposta para a apresentação de contrarrazões, poderá ocorrer apenas se acontecer do conteúdo dos embargos estiver dotado de conteúdo que possa implicar na modificação da deci- são final. Lembrando sempre, que os embargos de declaração possuem o direito de andamento prioritário em relação a outros recursos dentro dos órgãos do CRSS. Plano de Benefícios da Previdência Social: beneficiários, espécies de prestações, be- nefícios, disposições gerais e específicas, períodos de carência, salário de benefício, renda mensal do benefício, reajustamento do valor dos benefícios Beneficiários Tratam se das pessoas que possuem o direito de usufruir das prestações e dos benefícios previdenciários, podendo ser nas espécies de segurados ou dependentes. A LPBS, Lei nº. 8.213/1.991 lista, em seu art. as denominações daqueles que são beneficiários da Previdên- cia Social na condição de dependentes. Vejamos: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; II – os pais; III – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; IV – (Revogada pela Lei n.9.032, de 1995). § 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que com- provado a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento. Em alusão ao retro parágrafo 2º transcrito, entende-se que o segurado deverá, com posse de declaração escrita, confirmar que o menor sob sua tutela, ou, enteado são tidos como seus dependentes e no condizente ao comprovante de forma econômica, deverá ocorrer somente no momento da pugnação do benefício pelos dependentes, acompanhados da apresentação de pelo menos dois dos documentos listados no art. 22, §3º do RPS. Sendo eles: Art. 22. A inscrição do dependente do segurado será promovida quando do requerimento do benefício a que tiver direito, mediante a apresentação dos seguintes documentos: I – para os dependentes preferenciais: 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 55 a) cônjuge e filhos - certidões de casamento e de nascimento; b) companheira ou companheiro - documento de identidade e certidão de casamento com averbação da se- paração judicial ou divórcio, quando um dos companheiros ou ambos já tiverem sido casados, ou de óbito, se for o caso; c) equiparado a filho - certidão judicial de tutela e, em se tratando de enteado, certidão de casamento do se- gurado e de nascimento do dependente, observado o disposto no § 3º do art. 16; II – pais - certidão de nascimento do segurado e documentos de identidade dos mesmos; III – irmão - certidão de nascimento. § 1º (Revogado pelo Decreto n.4.079, de 2002); § 2º (Revogado pelo Decreto n.4.079, de 2002); § 3º Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, deverá ser apresentado, no mínimo, dois documentos, observado o disposto nos § 6º-A e § 8º do art. 16, e poderão ser aceitos, dentre outros: I – certidão de nascimento de filho havido em comum; II – certidão de casamento religioso; III – declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente; IV – disposições testamentárias;V – (Revogado pelo Decreto n.5.699, de 2006). VI – declaração especial feita perante tabelião; VII – prova de mesmo domicílio; VIII – prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil; IX – procuração ou fiança reciprocamente outorgada; X – conta bancária conjunta; XI – registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado; XII – anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados; XIII – apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária; XIV – ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como responsável; XV – escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente; XVI – declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou XVII – quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar a LBPS: § 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal. Em atenção ao retro transcrito parágrafo 3º desta Lei, verifica-se que a mera convivência sob o mesmo teto não é argumento suficiente para a configuração da dependência previdenciária, sendo preciso que exista união estável, caso contrário, não será considerado companheiro, uma vez que o Código Civil em seu art. 1.723, §1º, conceitua união estável como sendo “aquela configurada na convivência pública contínua e duradoura entre o homem e a mulher, estabelecida com intenção de constituição de família.” Seguindo a determinação constitucional, o Regulamento de Previdência Social (RPS) e o Código civil afir- mam de forma clara que a união estável deve ser constituída por homem e mulher. Portanto, em interpretação lógica do dispositivos legais, verifica-se que a união homoafetiva não se encontra coberta pela Previdência So- cial, fato que faz com que companheiro(a) homoafetivo (a) não faça parte, a princípio, da lista de dependentes previdenciários da legislação brasileira. Entretanto, o Supremo Tribunal federal determinou o seguinte: STF - [...] Os homossexuais, por tal razão, têm direito de receber a igual proteção tanto das leis quanto do sis- tema político-jurídico instituído pela Constituição da República, mostrando-se arbitrário e inaceitável qualquer estatuto que puna, que exclua, que discrimine, que fomente a intolerância, que estimule o desrespeito e que desiguale as pessoas em razão de sua orientação sexual. […] A família resultante da união homoafetiva não pode sofrer discriminação, cabendo-lhe os mesmos direitos, prerrogativas, benefícios e obrigações que se mostrem acessíveis a parceiros de sexo distinto que integrem uniões heteroafetivas. (STF – RE 607562 AgR/ PE – Relator Ministro LUIZ FUX – Primeira Turma – Julgamento em 18.09.2012 – Publicação em 03.10.2012). Desta forma, por força de ato da Suprema Corte, o(a) companheiro(a) de mesmo sexo é considerado como dependente previdenciário, tendo em vista que o Judiciário passou a reconhecer sua dependência na seara previdenciária. Além disso, o INSS, também acolhe esse entendimento, conforme demonstra o art. 130 da IN 77/2015: Art. 130. De acordo com a Portaria MPS n.513, de 9 de dezembro de 2010, publicada no DOU, de 10 de de- zembro de 2010, o companheiro ou a companheira do mesmo sexo de segurado inscrito no RGPS integra o rol dos dependentes e, desde que comprovada a união estável, concorre, para fins de pensão por morte e de auxílio-reclusão, com os dependentes preferenciais de que trata o inciso I do art. 16 da Lei n.8.213, de 1991, 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 56 para óbito ou reclusão ocorrido a partir de 5 de abril de 1991, conforme o disposto no art. 145 do mesmo diploma legal, revogado pela MP n.2.187-13, de 24 de agosto de 2001. Interpretando o parágrafo 4º da Lei em comento, pondera-se que a dependência econômica dos indivíduos arrolados no inciso I, se encontra de forma presumida, porém, a das demais, deverá ser comprovada. Assim, os filhos que não são emancipados, menores de 21 ou inválidos, os cônjuges e companheiros, sempre serão considerados dependentes previdenciários. No que condiz aos pais e os irmãos, para que possam ser consi- derados como dependentes, precisam comprovar sua dependência econômica com a apresentação dos docu- mentos específicos pertinentes, conforme requer o art. 22, §3º do RPS. Importante: Mesmo sendo comparados a filhos, é necessário que o enteado e o menor tutelado comprovem sua dependência do segurado para fins de dependência econômica junto à Previdência Social, tendo em vista que esta equiparação concedida pelo ordenamento jurídico, possui efeitos somente em relação à ordem de preferência na habilitação referente à pensão de auxílio-reclusão. Por fim, ressalta-se que em relação às provas de união estável e de dependência econômica a que se refere o parágrafo 5º do dispositivo em estudo, pondera-se que estas exigem início de prova material contemporânea dos fatos, que seja produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses antes da data do óbito ou, ainda, do recolhimento à prisão do segurado, não sendo admitida apenas a prova testemunhal, a não ser em situações de ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto em lei. Duas novidades trazidas pela Lei nº. 13.846/2.019 no art. 24, §5º, que merecem destaque, trata-se da exi- gência de que deverá ser apresentado, indício de prova material que comprove união estável por pelo menos 2 (dois) anos antes do óbito do segurado testemunhal; e, ainda, que no § 6º na hipótese da alínea c do inciso V do § 2º do art. 77 desta Lei, a par da exigência do § 5º deste artigo, deverá ser apresentado, ainda, início de prova material que comprove união estável por pelo menos 2 (dois) anos antes do óbito do segurado. Outro dispositivo de suma importância, que foi inserido pela Lei 13.846/2.019, trata-se do parágrafo 7º, tam- bém do art. 24, que determina a exclusão de forma definitiva da condição de dependente de “quem tiver sido condenado criminalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis”. Espécies de prestações A Lei 8.213/1.991 BPS afirma que o Regime Geral de Previdência Social do Brasil prevê a existência de dez benefícios diferentes, acrescidos de duas outras prestações não pecuniárias. Sendo que oito benefícios são devidos aos segurados e dois benefícios, aos dependentes destes, posto que duas prestações não pecuniárias abrangem tanto a segurados quanto dependentes. Porém, a Reforma da Previdência foi aprovada em 2.019 e reduziu o rol de benefícios, vindo por conseguin- te, a alterar também o mapa das aposentadorias. Nesse sentido, é importante fazer uma breve análise do art. 18 da LBPS. Vejamos: Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços: I – quanto ao segurado: a) aposentadoria por invalidez; b) aposentadoria por idade; c) aposentadoria por tempo de contribuição; d) aposentadoria especial; e) auxílio-doença; f) salário-família; g) salário-maternidade; h) auxílio-acidente; i) (Revogada pela Lei n.8.870, de 1994). II – quanto ao dependente: a) pensão por morte; b) auxílio-reclusão; III – quanto ao segurado e dependente: a) (Revogada pela Lei n.9.032, de 1995). b) serviço social; c) reabilitação profissional. Em destaque nos artigos da antiga lei, aduz-se que a Reforma da Previdência alterou a aposentadoria por 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 57 invalidez que passoua ser a chamada de aposentadoria por incapacidade permanente. Já as aposentadorias por idade e por tempo de contribuição foram excluídas do rol da nova lei, posto que ambas as formas de apo- sentadoria foram acopladas em um único benefício de nome aposentadoria programada, sendo esse último, um benefício que se encontra dependente do cumprimento de forma concomitante de idade mínima e também de tempo de contribuição. Em relação à aposentadoria por idade rural, sob a égide da Reforma Previdenciária, passou a ser chamada denominada aposentadoria por idade do trabalhador rural. No condizente à aposentadoria especial, a Reforma da Previdência, por meio da EC nº. 103/2.019 não utiliza esta denominação em nenhum de seus 36 artigos. Entretanto, passou a garantir o direito à aposentadoria de forma benéfica aos segurados comprovadores do exercício de atividades com efetiva exposição a agentes quí- micos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde. Afirma-se ainda, que esse benefício é a mesma aposentadoria programada, estando dotado apenas de uma minúscula diferenciação nos requisitos de concessão. Importante: O INSS afirmou em Ofício Circular Interno, que derivam da aposentadoria programada a apo- sentadoria especial e a aposentadoria programada do professor. A aposentadoria da pessoa com deficiência não se encontra prevista na LBPS. Mas, aprovada a Reforma da Previdência, a aposentadoria da PCD ganhou autonomia, tendo em vista que a Emenda 103/2019 afirma que esse benefício, até que sobrevenha lei que o discipline, será concedido na forma da LC 142, que até o momento prevê a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, bem como sem o cumprimento de idade mínima. Assim sendo, a aposentadoria da PCD continuará sob a égide das normas da pré-reforma, até que haja nova regulamentação a seu favor. Benefícios Os benefícios deverão ser pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a quem cumpre arcar com as determinações impostas pela Previdência Social. Considera-se que os benefícios previdenciários poderão ocorrer em regime programável, ou, não, tendo em vista que os programáveis são de forma essencial, os benefícios voluntários que são também dependentes de algo que se presume que irá ocorrer, como por exemplo, o pagamento de contribuições, dentre outros. Já em relação aos demais, são benefícios que ocorrem por motivo de fatos sinistros ou inesperados, como a aquisição de doenças, por exemplo. Após a Reforma Previdenciária, foram excluídos alguns benefícios, ou alguns tiveram seus nomes muda- dos ou incorporados a outros, sendo que a Reforma alterou a aposentadoria por invalidez que passou a ser a chamada de aposentadoria por incapacidade permanente. Já as aposentadorias por idade e por tempo de contribuição foram excluídas do rol da nova lei, posto que ambas as formas de aposentadoria foram acopladas em um único benefício de nome aposentadoria programada. Desse modo, na atualidade, nos moldes da Reforma previdenciária, temos os seguintes benefícios em vigor: • Aposentadoria por incapacidade permanente; • Aposentadoria programada (Aposentadoria por idade); • Aposentadoria especial; • Auxílio-doença; • Salário-maternidade; • Aposentadoria por tempo de contribuição por Pontos; • Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Idade mínima Progressiva; • Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Pedágio; de 50% Pensão por morte; • Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Pedágio de 100%; • Pensão por morte. Aposentadoria por Incapacidade Permanente São requisitos cumulativos: A carência de 12 meses, salvo os casos de dispensa (art. 26, II e art. 151 da lei 8.213/91); a qualidade de segurado e a incapacidade de forma permanente para o trabalho. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 58 Nova forma de calcular: Pela regra Geral de 60% da média de todos salários de contribuição, sendo a partir de julho de 1994 + 2% a cada ano que vier a exceder 20 anos de tempo de contribuição para homens e 15 anos para mulheres. Observação: Se o benefício for advindo de trabalho, doença profissional e de doença do trabalho, pondera- -se que terá direito ao coeficiente de 100% da média das contribuições, sendo (100% da média). Aposentadoria programada (Antiga aposentadoria por idade, art. 18 da Reforma Previdenciária) Dentre as mudanças ocorridas, destacam-se as relativas aos requisitos de concessão da aposentadoria por idade. Anteriormente, exigiam-se 180 meses de carência e idade de 65 anos para os homens e 60 anos para as mulheres. Com o advento da reforma, ocorreu a mudança de requisito para tempo de contribuição, ao contrário de carência, acrescidos de aumento de 2 anos de idade para mulheres, considerando que esta mudança deverá acontecer de forma progressiva. São requisitos cumulativos: O tempo de 15 anos de contribuição para ambos os sexos e idade mínima de 60 anos para mulheres e 65 anos para homens, levando em consideração que a idade mínima para mulheres irá sofrer aumento de forma progressiva durante o lapso de 6 meses por ano, a partir de 2020 e chegando a 62 anos no ano de 2023. Aposentadoria especial Da mesma maneira que houve no benefício pré-reforma, a aposentadoria especial deverá ser concedida com redução de tempo contributivo para os segurados que tenham exercido labor com contínua exposição a agentes químicos, físicos e biológicos e outros que são prejudiciais à saúde. A inovação da PEC era proibir a caracterização de atividade especial em decorrência da periculosidade la- boral. Porém, durante o período de votação, esta vedação foi suprimida do texto. São requisitos cumulativos: O tempo de 15, 20 ou 25 anos de contribuição em atividades consideradas es- peciais; pontuação de 66 pontos para a atividade especial de 15 anos; pontuação de 76 pontos para a atividade especial de 20 anos e pontuação de 86 pontos para a atividade especial de 25 anos. Auxílio-doença Constituem requisitos cumulativos: Carência de 12 meses, exceto em casos de dispensa nos trâmites do art. 26, II e art. 151 da lei 8.213/91; a qualidade de segurado; a incapacidade temporária para a atividade habitual de modo geral. Forma de calcular: Em 100% da média de todos salários de contribuição a partir de julho de 1994, vindo a ser multiplicada pelo coeficiente de 91% (100% média x 0,91). Salário-maternidade Pondera que não houve mudanças nesta espécie de benefícios, prevalecendo segundo a Lei nº. 8.213/1.991 e suas posteriores alterações. Art. 72. O salário-maternidade para a segurada empregada ou trabalhadora avulsa consistirá numa renda mensal igual a sua remuneração integral. Aposentadoria por tempo de Contribuição/Regra de Pedágio de 100% (Art. 20 da Reforma Previdenciária) Constituem requisitos cumulativos: O tempo de 30 anos de contribuição para mulheres e 35 anos de contri- buição para homens; a idade Mínima de 57 anos para Mulheres e 60 anos para homens; o pedágio adicional de 100% do tempo que restava para completar o requisito de tempo efetivo de contribuição na data de promul- gação da EC 103. Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Pedágio de 50% (Art. 17 da Reforma Previdenciária) Constituem requisitos cumulativos: O período de 30 anos de contribuição para mulheres e 35 anos de con- tribuição para homens. O pedágio adicional de 50% do tempo que faltava para completar o requisito de Tempo de Contribuição na data da promulgação da EC 103; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 59 Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Pontos (Art. 15 da Reforma) Constituem requisitos cumulativos: O tempo de 30 anos de contribuição para mulheres e 35 anos de contri- buição para homens; o total de 86 pontos para mulheres e 96 pontos para homens, sendo a pontuação com- posta pela soma de tempo de contribuição com a idade dos segurados de forma específica. Aposentadoria por tempo de Contribuiçãopela Regra de Idade mínima Progressiva ( Art. 16 da Reforma) Constituem requisitos cumulativos: O tempo de 30 anos de contribuição para mulheres e 35 anos de con- tribuição para homens; 56 anos de idade para mulheres e 61 anos para homens, sendo que a idade mínima sofrerá aumento de forma progressiva, até o limite de 62 anos para as mulheres e 65 anos para homens. Pensão por morte Esse benefício não passou por mudanças nos requisitos de concessão, com a Reforma da Previdência, porém, passou por mudanças na sistemática de cálculos, bem como no quesito de cumulação com outros be- nefícios advindos da Reforma. Disposições gerais e específicas De antemão, verifica-se que o Direito Previdenciário é constituído por dois núcleos importantes, sendo que o primeiro deles é constituído pelas regras de financiamento da Seguridade Social, e o segundo núcleo, já se encarrega da parte de saída de recursos do RGPS através das prestações previdenciárias. Posto isso, ponde- ra-se que o deslinde desse estudo será feito com base no segundo núcleo. Sabe-se que o art. 201 da CFB/1.988 traz em seu bojo, diversas categorias que são protegidas pela Pre- vidência Social, já a LBPS, que é instrumento auxiliar de estudo, contém traz disposição similar no art. 1º, ao aduzir que a Previdência Social, mediante contribuição, deverá assegurar aos seus beneficiários, meios indispensáveis de sobrevivência e manutenção, por razões de: incapacidade; desemprego involuntário; idade avançada; tempo de serviço; encargos familiares e também por prisão ou morte dos entes de quem dependiam economicamente para sobreviver. Entretanto, após a promulgação da Reforma da Previdência de 2019, o quesito “tempo de serviço”, retro mencionado perdeu a pertinência, tendo em vista que o tempo de serviço deixou de ser um “risco” a ser coberto pelo RGPS, posto que deixou de existir a aposentadoria por tempo de contribuição que antes existia e se en- contrava desvinculada de quaisquer requisitos e faixa etária. Assim sendo, feitas estas considerações, vejamos a respeito dos benefícios acima listados • Incapacidade: Trata-se de auxílio por incapacidade temporária, aposentadoria por incapacidade permanen- te, e auxílio-acidente; • Desemprego involuntário: Nenhum, por determinação do art. 9º, §1º da LBPS: Art. 9º. [...] §1º O Regime Geral de Previdência Social - RGPS garante a cobertura de todas as situações expressas no art. 1º desta Lei, exceto as de desemprego involuntário, objeto de lei específica, e de aposentadoria por tempo de contribuição para o trabalhador de que trata o § 2º do art. 21 da Lei n.8.212, de 24 de julho de 1991. • Idade avançada: Trata-se da aposentadoria programada; • Tempo de serviço: Aduz-se que ele não é mais coberto pelo RGPS, a não ser em casos excepcionais de regras de transição; • Encargos familiares: São o salário-família e o salário-maternidade; • Prisão: Trata-se do auxílio-reclusão; • Morte: Contemporaneamente, na pensão por morte não mais prevalecem cinco aposentadorias, posto que atualmente, são: - A aposentadoria por incapacidade permanente (nome que substituiu a aposentadoria por invalidez); - A aposentadoria programada, sendo que dela derivam a aposentadoria especial e a aposentadoria progra- mada do professor; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 60 - A aposentadoria do trabalhador rural e do garimpeiro que prevalece usando os mesmos requisitos da apo- sentadoria por idade rural; - A aposentadoria da pessoa com deficiência, que continua válida com as normas anteriores até que adve- nha nova regulamentação, sem que seja imposto o encargo de imposição de idade mínima. Períodos de carência De acordo com o art. 26 do RPS, com redação dada pela lei nº. 10.410/2020, “período de carência é o tempo correspondente ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas as competências cujo salário de contribuição seja igual ou superior ao seu limite mínimo mensal.” Lembrando que conforme já estudado, as contribuições inferiores ao limite mínimo não podem ser contadas como tempo de contribuição e, que, diga-se de passagem, também não contam como carência. Pondera-se que existe no dispositivo legal o período de carência, para que haja a manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial, que trata-se do sistema garantidor da efetividade do regime previdenciário. Destaca-se que caso haja perda da qualidade de segurado, quando este venha a permanecer sem contribuir por tempo o bastante para que esse vínculo se rompa, as contribuições feitas antes dessa perda, não terão valor para fins de carência, enquanto o segurado não adimplir com o número de contribuições equivalente de pelo menos o valor da metade da carência registrada para o benefício. Em relação aos prazos de carência aplicados pela legislação vigente, vejamos, em síntese: • Carência com 180 contribuições: Aposentadorias programadas do trabalhador rural e do garimpeiro e da pessoa com deficiência física. • Carência com 24 contribuições: Se refere ao auxílio-reclusão. • Carência com 12 contribuições: Compreende o auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria por incapacidade permanente. • Carência de 10 contribuições: Compreende o salário-maternidade para o contribuinte individual, segurado especial e facultativo. Destaque-se que após a Reforma da Previdência Social, a aposentadoria por invalidez teve seu nome muda- do para aposentadoria por incapacidade permanente e o auxílio-doença, também sofreram mudanças, virando auxílio por incapacidade temporária. Importante: Via regra geral, o auxílio por incapacidade temporária é dependente de doze contribuições men- sais para que possa ser concedido. Registra-se que independentemente do tamanho dos intervalos ocorridos entre as contribuições, todo o histórico contributivo do segurado será contado para fins de carência. Entretanto, no que condiz ao segurado especial, amparado pelo art. 11, VII da LBPS, as normas são diferentes, posto que ele normalmente não recolhe contribuições mensais, e, por isso, acabou por possuir regra de carência diversa dos demais segurados. É o que afirma o art. 39 da LBPS. Vejamos: Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do caput do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão: I – de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, e de auxílio-acidente, conforme disposto no art. 86 desta Lei, desde que compro- vem o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido, observado o disposto nos arts. 38-A e 38-B desta Lei; ou II – dos benefícios especificados nesta Lei, observados os critérios e a forma de cálculo estabelecidos, des- de que contribuam facultativamente para a Previdência Social, na forma estipulada no Plano de Custeio da Seguridade Social. Em relação ao trabalhador urbano, são necessárias 180 contribuições para que ele tenha o direito à aposen- tadoria programada e de 12 contribuições para aposentar-se por incapacidade permanente. Já o segurado especial, necessita de 180 meses de exercício de atividade rural para aposentar-se de forma voluntária, e de 12 meses de exercício de atividade rural comprovadas de forma imediatamente anterior ao benefício, para poder se aposentar por incapacidade permanente. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 61 Sobre a carência do salário-maternidade para a segurada especial, entende-se que a segurada deverá com- provar 10 meses de contribuição, nos termos do art. 25, inc. III da LBPS. Nos ditames do art. 26, §4º do RPS, em relação aos segurados, empregado e trabalhador avulso e para o contribuinte individual prestador de servi- ços à empresas, orecolhimento de contribuições é presumido. Vejamos o que dispõe o referido diploma legal: Art. 26. [...] §4º Para efeito de carência, considera-se presumido o recolhimento das contribuições do segu- rado empregado, do trabalhador avulso e, relativamente ao contribuinte individual, a partir da competência abril de 2003, as contribuições dele descontadas pela empresa na forma do art. 216. Isso ocorre, por que a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições destes segurados é somente do empregador, mas, se ele omite desta obrigação, por esta razão, não se considera razoável punir o empregado. Assim sendo, é viável que os segurados mencionados, comprovem o exercício da atividade remunerada para que tenham seus recolhimentos presumidos, com o fito de que esses recolhimentos tenham valor como tempo de contribuição, e também como cômputo de carência. Sobre os empregados domésticos, em relação ao cômputo do período de carência, prevalece o disposto no art. 26, §4º e art. e 27 da LBPS, conforme já visto. Vejamos: Art. 26. [...] § 4º-A Para fins de carência, no caso de segurado empregado doméstico, considera-se presumi- do o recolhimento das contribuições dele descontadas pelo empregador doméstico, a partir da competência junho de 2015, na forma prevista no art. 211. Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições: I – referentes ao período a partir da data de filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), no caso dos segurados emprega- dos, inclusive os domésticos, e dos trabalhadores avulsos; Além do exposto, existe na seara da legislação previdenciária, alguns segurados que são isentos de ca- rência em todos os benefícios previdenciários advindos de eventos que não podem ser presumidos, como por exemplo, a morte, o acidente e a doença advindos do trabalho e as moléstias graves. Assim sendo, deve ater- -se ao estudo dos incisos I e II do art. 26 da Lei 8.213/1.991, com exceção do salário-família e memorizar o rol desses segurados. Salário-de-benefício Trata-se de benefício previsto no art. 29 da LBPS, que embora tenha sido alcançado pela Reforma da Previ- dência, não teve sua redação alterada. O salário-de-benefício é um requisito que serve de base para que seja apurada a renda mensal de quase todos os todos os tipos de benefícios. Assim dispõe o art. 31 do RPS: Art. 31. Salário de benefício é o valor básico utilizado para o cálculo da renda mensal dos benefícios de pres- tação continuada, inclusive aqueles regidos por normas especiais, exceto: I – o salário-família; II – a pensão por morte; III – o salário-maternidade; IV – o auxílio-reclusão; e V – os demais benefícios previstos em legislação especial. Sobre o salário-de-benefício, vejamos em síntese, algumas disposições importantes que merecem desta- que: • O salário-família é um benefício que possui valor fixado em atos normativos, vindo, desta forma a não de- pender de cálculos para sua apuração. • O salário-maternidade não acompanha a regra de apuração do salário-de-benefício, em obediência às previsões contidas nos artigos 72 e 73 da LBPS. • A pensão por morte e o auxílio-reclusão são calculados com fulcro no valor do benefício do segurado insti- tuidor, mas não a partir do salário-de-benefício. • Os benefícios de legislação especial terão seu valor definido na própria legislação especial. Pondera-se que a definição legal de salário-de-benefício da LBPS se encontra fora de atualização desde a publicação da EC 103/2019. Verifica-se que anteriormente existia um salário-de-benefício para as aposen- tadorias por idade e tempo de contribuição, mas atualmente não existe mais essa distinção, motivo pelo qual, convém permanecer com a redação do RPS, que é compatível com as disposições da Reforma da Previdência Social. Vejamos o dispositivo de lei com fulcro no art. 32. Do RPS: 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 62 Art. 32 - O salário de benefício a ser utilizado para o cálculo dos benefícios de que trata este Regulamento, inclusive aquele previsto em acordo internacional, consiste no resultado da média aritmética simples dos salá- rios de contribuição e das remunerações adotadas como base para contribuições a regime próprio de previ- dência social ou como base para contribuições decorrentes das atividades militares de que tratam os art. 42 e art. 142 da Constituição, considerados para a concessão do benefício, atualizados monetariamente, corres- pondentes a cem por cento do período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior a essa competência. Em entendimento ao referido artigo, em suma, temos: Como sabemos, salário-de-contribuição é a base de incidência da contribuição previdenciária. Assim, sendo ele o valor sobre o qual irá incidir a contribuição previdenciária do segurado, o art. 29 ordena que seja apurada a média aritmética simples, que se trata da síntese advinda da soma de todos os elementos presentes e a divisão do resultado pelo número de elementos que foram somados. Entende-se que o legislador, ao prever a atualização monetária dos salários de contribuição, estará somente respeitando o que predispõe a CFB no art. 201, §3º. Assim, tendo o segurado contribuído para o RGPS, irá receber atualização monetária. Mudança recente trazida pela Reforma da Previdência, foi a de que antes, eram desprezados todos os 20% menores salários de contribuição, fato que era benéfico ao segurado. Porém, na atualidade, todos os salários de contribuição são considerados no cálculo. Por último, merece destaque uma exceção às regras do artigo em comento. Trata-se do que predispõe o art. 26, §6º da EC 103/2.019, que determina a exclusão da média das contribuições que resultem em redução do valor do benefício, desde que mantido o tempo mínimo de contribuição exigido, sendo vedado o uso do tempo excluído para qualquer finalidade. Renda mensal do beneficio Em regra, é sabido nas searas previdenciária e constitucional que a renda adquirida mensalmente dos bene- fícios previdenciários não deverá ser inferior ao salário mínimo, nem superior ao teto. Embora exista essa regra, pondera-se que existem exceções. É o que nos revela o art. 33 da LBPS: Art. 33. A renda mensal do benefício de prestação continuada que substituir o salário-de-contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado não terá valor inferior ao do salário-mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição, ressalvado o disposto no art. 45 desta Lei. Infere-se que no contido nesse artigo, é válido para todas as aposentadorias, como a pensão por morte, o auxílio por incapacidade temporária, o auxílio-reclusão e o salário-maternidade. Porém, desse rol, excetua-se o salário-família, posto que este possui caráter de complementação e não de substituição de renda, e também o auxílio-acidente, pelo fato desse benefício não possuir caráter substitutivo, mas, sim, indenizatório, e, que, por dedução, esses benefícios podem ser inferiores ao mínimo. Existe também a possiblidade de o benefício ser inferior ao mínimo, quando o benefício for por totalização, como dispõe o art 32, § 18 da RPS: § 18. Para fins de cálculo da renda mensal inicial teórica dos benefícios por totalização, no âmbito dos acor- dos internacionais, serão considerados os tempos de contribuição para a previdência social brasileira e para a do país acordante, observado o disposto no § 9º. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). O auxílio também poderá ser em valor inferior ao mínimo, também, quando por incapacidade temporária, o segurado execute mais de uma função laboral e adquira incapacidade em relação a uma delas e se afasta somente da atividade que se encontra incapacitado, sendo que o auxílio será computado com base somente a remuneração desta atividade laboral. Registra-se também, situações por meio das quais, o auxílio será superior ao teto, como o caso do salá- rio-maternidade que épago para a segurada empregada e também à trabalhadora avulsa, uma vez que irá corresponder à sua remuneração integral, nos termos do art. 72 da LBPS. Reajustamento do valor dos benefícios Dispõe o art 201 em seu parágrafo 4º da Constituição Federal: Art. 201. [...] § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 63 Para melhor assimilação, o art. 41-A da LBPS foi incluso na legislação em 2.006 , para que o reajuste dos benefícios previdenciários passasse a ser realizado com base em um índice inflacionário oficial, o INPC, ou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, rigorosamente medido pelo IBGE. Pondera-se, que anteriormente havia o reajustamento anual em respeito ás determinações da Constituição Federal, porém, o índice era aleatório e fixado pelo governo sem transparência de critérios, com base na dispo- nibilidade orçamentária. Assim, leva-se em consideração que o reajuste é anual e na mesma data do reajuste do salário mínimo, em proporção ao prazo de duração do benefício nos 12 meses que antecederam a data-ba- se do reajustamento. Dadas estas informações, podemos, em síntese, completar o entendimento desse tema da seguinte forma: • Nenhum benefício que foi reajustado deverá exceder o limite total máximo do salário-de-benefício na data do reajustamento, sendo assim, respeitados os direitos adquiridos. • Os benefícios com renda total de até um salário mínimo, deverão ser adimplidos no período entre o quinto dia útil que anteceder o final do mês de sua competência, e o quinto dia útil do mês subsequente de modo geral. • Os benefícios que possuírem renda mensal total superior ao salário mínimo, deverão, por lei, ser pagos do primeiro ao quinto dia útil do mês subsequente ao de sua competência. • Pondera-se que o primeiro pagamento do benefício, deverá ser feito até quarenta e cinco dias depois da data da apresentação pelo segurado responsável com a documentação requisitada para a sua concessão. Manutenção, perda e restabelecimento da qualidade de segurado Sendo um instituto especial e exclusivo do Direito Previdenciário, a qualidade de segurado significa que o indivíduo se encontra filiado e devidamente vinculado junto ao sistema previdenciário, sendo que estar mantido nessa qualidade é requisito indispensável para a concessão dos benefícios previdenciários. Ressalta-se que a forma de o segurado se manter nesta condição, seria a de continuar vertendo contribui- ções. Contudo, o legislador passou a fornecer aos segurados um prazo denominado “período de graça”, com a possibilidade de continuar vinculados mesmo em casos de riscos ou eventuais problemas similares. Assim, os segurados poderão se manter filiados tendo direito de receber os benefícios da previdência por prazos determi- nados, independentemente de contribuições. O sistema Previdenciário Brasileiro é regido pelo regime de repartição, por meio do qual, todas as contri- buições dos trabalhadores que se encontram na ativa são usadas para o adimplemento dos benefícios dos aposentados e pensionistas. Nesse sentido, a LBPS (Lei de Benefícios da Previdência Social), dispõe de várias hipóteses de reconheci- mento do período de graça por meio do art. 15. Vejamos: Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-acidente; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019); II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III – até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação com- pulsória; IV – até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; V – até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI – até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pagado mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de se- gurado. § 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 64 Social. § 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência So- cial. § 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos. Merece destaque a disposição do inc. II, posto que ele acrescentou uma hipótese de período de graça de 12 meses após a cessação de benefício por incapacidade. Trata-se de uma analogia justificável, tendo em vista que quem vir a perder o emprego, poderá ficar 12 meses sem fazer contribuição ao INSS e, aquele que perde o benefício estará sofrendo dano similar vindo a perder uma fonte de rendimentos, por isso, resta-se justificado o recebimento de proteção equivalente. Feitas estas considerações referentes ao período de graça e ao inc. II, percebe-se ainda que o INSS é re- conhecedor do direito do período de graça de 12 meses após cessar o pagamento de salário-maternidade, e, quem se encontra recebendo auxílio-acidente tem o mesmo período de graça daquele que não se encontra recebendo nenhum benefício, posto que o salário-maternidade e o auxílio por incapacidade permanente são benefícios temporários. No condizente à cessação das contribuições, ressalta-se que o art. 13, II o RPS determina em seu art. 13, inc. II, que elas poderão ocorrer em até doze meses depois que cessar o benefício por incapacidade ou das contribuições, com as devidas observâncias ao que aduz os § 7º e § 8º e no art. 19-E. Já os parágrafos 7º e 8º do referido dispositivo legal, que foram acrescentados ao art. 13 no ano de 2.020, determinam que o período de graça para o contribuinte individual que quedou-se em contribuir, começa no mês seguinte ao da última contribuição com valor de modo igual ou superior ao salário mínimo. Por isso, as contri- buições feitas com valores inferiores ao mínimo, não são aceitas para a manutenção da qualidade de segurado. Importante: Existem quatro prazos de período de graça. São eles: — 3 (três) meses: Ex. O militar licenciado após a prestação do serviço militar obrigatório até que consiga um emprego. — 6 (seis) meses: O segurado facultativo que parou de contribuir. — 12 (doze) meses: Os demais segurados como os desempregados; aquele que deixou de receber um benefício previdenciário, etc. — Infinito: Aquele que se encontra recebendo benefício, salvo o auxílio-acidente. Em relação à prorrogação do período de graça, verifica-se que os parágrafos 1º e 2º trazem em seu bojo, duas alternativas relacionadas aos segurados do inciso II, que poderão atuar de forma separada ou conjunta, sendo que a prorrogação só possui validade na hipótese desse inciso em comento e apenas para o segurado que se desvincular de regime próprio de previdência. Já os outros prazos de 12 meses contidos nos incisos III e IV, não são prorrogáveis. Verifica-se em atenção ao §1º, o quanto esse dispositivo beneficia ao segurado que já contribui por um longo período de tempo. Ou seja, o segurado que tem mais de 120 contribuições, passa a ampliar o prazo do inciso II para até 24 meses, vindo a adicionar mais 12 meses ao período de graça correspondente. Já em relação aoparágrafo 3º do artigo em estudo, observa-se que ele possui o condão de ampliar o prazo do inciso II, por meio do qual, o segurado teria direito a 24 meses de período de graça, ou também do §1º, fa- zendo com que o segurado mantivesse esta qualidade por até 36 meses. Importante: Atualmente para obter o direito de ampliação do período de graça, por força do art. 15, §2º da LBPS, basta a comprovação do desemprego, por qualquer meio idôneo. Entretanto, ressalta-se que por certo tempo, bastava comprovar o desemprego por meio do registro da baixa na CTPS, porém, o STJ se tornou um pouco mais exigente na atualidade aduzindo que o registro no “órgão próprio” é dispensável, porém, só a CTPS não é o bastante. Vejamos o que diz a súmula 27 do TNU: Súmula 27, TNU - A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 65 Importante: A perda da qualidade de segurado deverá ocorrer no dia posterior ao término do prazo para reco- lhimento da contribuição do contribuinte individual ou facultativo relativa ao mês seguinte ao do fim do período de graça. Exceções à perda da qualidade de segurado De antemão, ressalta-se que existem algumas situações previstas na legislação, por meio das quais a per- da da qualidade de segurado não serão obstáculo para que o indivíduo possa obter benefícios da Previdência Social. Sabendo-se que tais situações são interligadas em um mesmo sentido, como por exemplo, o respeito ao direito adquirido, que se trata de garantia constitucional inserida no art. 5º, XXXVI da CFB/1.988, que afirma que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, dentre outros dispositivos, aduz-se que podem ser acopladas as estas exceções, as seguintes: Pensão por morte O segurado somente correrá o risco de perder esta qualidade, caso deixe de cumprir todos os requisitos para poder se aposentar. Caso venha a perder esta qualidade, seus dependentes restar-se-ão prejudicados. Esta previsão se encontra disposta no art. 180, §2º do RPS. Vejamos: Art. 180. Ressalvado o disposto nos §§ 5º e 6º do art. 13, a perda da qualidade de segurado importa em ca- ducidade dos direitos inerentes a essa qualidade. [...] § 1º A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos. § 2º Não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado que falecer após a perda desta qualidade, nos termos dos arts. 13 a 15, salvo se preenchidos os requisitos para obtenção de aposentadoria na forma do parágrafo anterior, observado o disposto no art. 105. Em caso de aposentadoria, se um segurado houver contribuído com o tempo mínimo necessário para a apo- sentadoria programada, vindo a atingir a idade mínima e após isso, permanecido 10 anos sem recolher nada para os cofres da Previdência Social, ele perdeu a qualidade de segurado. Entretanto, tal perda não é obstáculo que o impeça de receber a aposentadoria, posto que anteriormente cumpriu todos os requisitos para obtê-la e optou por exercer esse direito apenas posteriormente. Além disso, estará sob a égide protecional do §1º do art. 80 que aduz: § 1º A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos. Na seara da aposentadoria por incapacidade permanente, na busca da proteção do direito adquirido, ve- rifica-se que o segurado que parou de contribuir pelo fato de estar incapacitado para o trabalho, porém, por qualquer motivo, deixa de formular o requerimento de concessão de benefício por incapacidade junto ao INSS, não perde a qualidade de segurado por esse motivo. Nesse caso acima, o segurado se encontra amparado pelo entendimento do STJ que reconhece que se o segurado comprovadamente se encontrar sem condições para trabalhar, ele possui o direito de ser amparado por um benefício previdenciário por incapacidade permanente, dentre outras espécies. E mais, caso ele deixa de recolher por se encontrar em condições que o impeçam de trabalhar, e que por qualquer motivo não veio a pugnar pela concessão dos benefícios por incapacidade, é injusto que este seja punido. Em síntese, temos: Pensão — O segurado veio a cumprir com todos os requisitos exigidos por lei para aposentar; — O Segurado veio a falecer sem ter requerido o benefício e depois da perda da qualidade de segurado; — Os dependentes do segurado possuem o direito de receber pensão. Aposentadorias — O segurado veio a adimplir como todos os benefícios necessários para receber o benefício; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 66 — O segurado não requereu o benefício e veio a perder a qualidade de segurado; — O segurado possui direito ao benefício. Aposentadoria por incapacidade permanente — O segurado parou de trabalhar e também de fazer a sua contribuição, por se encontrar incapacitado para o trabalho; — O segurado veio a requerer o benefício, porém, com o lapso temporal, teria perdido a qualidade de segu- rado; — Os Tribunais defendem que nesses casos não poderá haver a perda da qualidade de segurado, como o STJ, por exemplo. Serviços Previdenciários. Serviço social. Reabilitação profissional Serviço Social: compete ao Serviço Social esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade. Para assegurar o efetivo atendimento dos usuários serão utilizadas intervenção técnica, assistência de natu- reza jurídica, ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com empresas e pesquisa social, inclusive mediante celebração de convênios, acordos ou contratos. Habilitação e da Reabilitação Profissional: A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re) adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive. A reabilitação profissional compreende: a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos necessários à habi- litação e reabilitação social e profissional; b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior, desgastados pelo uso nor- mal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário; c) o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário. Benefícios decorrentes de legislações especiais. Pensão especial - Síndrome de Tali- domida - Lei nº 7.070/1982 e suas alterações LEI Nº 7.070, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1982. Dispõe sobre pensão especial para os deficientes físicos que especifica e dá outras providencias. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a conceder pensão especial, mensal, vitalícia e intransferível, aos portadores da deficiência física conhecida como “Síndrome da Talidomida” que a requererem, devida a partir da entrada do pedido de pagamento no Instituto Nacional de Previdência Social - INPS. § 1º - O valor da pensão especial, reajustável a cada ano posterior à data da concessão segundo o índice de Variação das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional ORTN, será calculado, em função dos pontos indi- cadores da natureza e do grau da dependência resultanteda deformidade física, à razão, cada um, de metade do maior salário mínimo vigente no País. § 2º - Quanto à natureza, a dependência compreenderá a incapacidade para o trabalho, para a deambula- ção, para a higiene pessoal e para a própria alimentação, atribuindo-se a cada uma 1 (um) ou 2 (dois) pontos, 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 67 respectivamente, conforme seja o seu grau parcial ou total. Art 2º - A percepção do benefício de que trata esta Lei dependerá unicamente da apresentação de atestado médico comprobatório das condições constantes do artigo anterior, passado por junta médica oficial para esse fim constituída pelo Instituto Nacional de Previdência Social, sem qualquer ônus para os interessados. Art. 3o A pensão especial de que trata esta Lei, ressalvado o direito de opção, não é acumulável com rendi- mento ou indenização que, a qualquer título, venha a ser pago pela União a seus beneficiários, salvo a indeni- zação por dano moral concedida por lei específica. (Redação dada pela Lei nº 12.190, de 2010). § 1º O benefício de que trata esta Lei é de natureza indenizatória, não prejudicando eventuais benefícios de natureza previdenciária, e não poderá ser reduzido em razão de eventual aquisição de capacidade laborativa ou de redução de incapacidade para o trabalho, ocorridas após a sua concessão. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) (Renumerado pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 2001) § 2º O beneficiário desta pensão especial, maior de trinta e cinco anos, que necessite de assistência perma- nente de outra pessoa e que tenha recebido pontuação superior ou igual a seis, conforme estabelecido no § 2º do art. 1º desta Lei, fará jus a um adicional de vinte e cinco por cento sobre o valor deste benefício. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 2001) § 3o Sem prejuízo do adicional de que trata o § 2o, o beneficiário desta pensão especial fará jus a mais um adicional de trinta e cinco por cento sobre o valor do benefício, desde que comprove pelo menos: (Incluído pela Lei nº 10.877, de 2004) I – vinte e cinco anos, se homem, e vinte anos, se mulher, de contribuição para a Previdência Social; (Inclu- ído pela Lei nº 10.877, de 2004) II – cinqüenta e cinco anos de idade, se homem, ou cinqüenta anos de idade, se mulher, e contar pelo menos quinze anos de contribuição para a Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 10.877, de 2004) Art 4º - A pensão especial será mantida e paga pelo Instituto Nacional de Previdência Social, por conta do Tesouro Nacional. Parágrafo único - O Tesouro Nacional porá à disposição da Previdência Social, à conta de dotações próprias consignadas no Orçamento da União, os recursos necessários ao pagamento da pensão especial, em cotas trimestrais, de acordo com a programação financeira da União. Art. 4o-A. Ficam isentos do imposto de renda a pensão especial e outros valores recebidos em decorrência da deficiência física de que trata o caput do art. 1o desta Lei, observado o disposto no art. 2o desta Lei, quando pagos ao seu portador. (Incluído pela Lei nº 11.727, de 2008) Parágrafo único. A documentação comprobatória da natureza dos valores de que trata o caput deste artigo, quando recebidos de fonte situada no exterior, deve ser traduzida por tradutor juramentado. (Incluído pela Lei nº 11.727, de 2008) Art 5º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art 6º - Revogam-se as disposições em contrário. Pensão especial dos seringueiros - Lei nº 7.986/1989 e suas alterações LEI Nº 7.986, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1989. Regulamenta a concessão do benefício previsto no artigo 54 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É assegurado aos seringueiros recrutados nos termos do Decreto-Lei nº 5.813, de 14 de setembro de 1943, que tenham trabalhado durante a Segunda Guerra Mundial nos Seringais da Região Amazônica, ampa- rados pelo Decreto-Lei nº9.882, de 16 de setembro de 1946, e que não possuam meios para a sua subsistência e da sua família, o pagamento de pensão mensal vitalícia correspondente ao valor de 2 (dois) salários-mínimos 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 68 vigentes no País. Parágrafo único. O benefício a que se refere este artigo estende-se aos seringueiros que, atendendo ao chamamento do governo brasileiro, trabalharam na produção de borracha, na região Amazônica, contribuindo para o esforço de guerra. Art. 2º O benefício de que trata esta Lei é transferível aos dependentes que comprovem o estado de carên- cia. Art. 3º A comprovação da efetiva prestação de serviços a que alude esta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998) § 1º A comprovação da efetiva prestação de serviços a que alude o caput far-se-á perante os órgãos do Mi- nistério da Previdência e Assistência Social. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998) § 2º Caberá à Defensoria Pública, por solicitação do interessado, quando necessitado, promover a justifica- ção judicial, ficando o solicitante isento de quaisquer custas judiciais ou outras despesas. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998) § 3º O prazo para julgamento da justificação é de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998) Art. 4º A comprovação da carência do beneficiário ou do dependente será feita com a apresentação de ates- tado fornecido por órgão oficial. Art. 5º Os pedidos de concessão do benefício ou de sua transferência, devidamente instruídos, serão pro- cessados e julgados no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, sob pena de responsabilidade. Parágrafo único. Os pagamentos de pensão especial iniciar-se-ão no prazo máximo de 30 (trinta) dias após o reconhecimento do direito. Art. 6º O Ministério da Previdência e Assistência Social baixará as instruções necessárias à execução desta Lei, no prazo de 60 (sessenta) dias. Art. 7º O órgão previdenciário encarregado do pagamento da pensão deverá firmar convênios com outros órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, a fim de possibilitar aos beneficiários desta Lei perceberem mensalmente as respectivas pensões, preferencialmente nos locais onde residem, sem necessidade de gran- des deslocamentos. Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 9º Revogam-se as disposições em contrário. Pensão especial de ex-combatente - Lei nº 8.059/1990 LEI Nº 8.059, DE 4 DE JULHO DE 1990. Dispõe sobre a pensão especial devida aos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial e a seus dependentes. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º Esta lei regula a pensão especial devida a quem tenha participado de operações bélicas durante a Se- gunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, e aos respectivos dependentes (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, art. 53, II e III). Art. 2º Para os efeitos desta lei, considera-se: I - pensão especial o benefício pecuniário pago mensalmente ao ex-combatente ou, em caso de falecimento, a seus dependentes; II - pensionista especial o ex-combatente ou dependentes, que percebam pensão especial; III - pensão-tronco a pensão especial integral; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 69 IV - cota-parte cada parcela resultante da participação da pensão-tronco entre dependentes; V - viúva a mulher com quem o ex-combatente estava casado quando falecera, e que não voltou a casar-se; VI - ex-esposa a pessoa de quem o ex-combatente tenha-se divorciado, desquitado ou separado por sen- tença transitada em julgado; VII - companheira que tenha filho comum com o ex-combatenteou com ele viva no mínimo há cinco anos, em união estável; VIII - concessão originária a relativa ao ex-combatente; IX - reversão a concessão da pensão especial aos dependentes do ex-combatente, por ocasião de seu óbito. Art. 3º A pensão especial corresponderá à pensão militar deixada por segundo-tenente das Forças Armadas. Vide Decreto nº 4.307, de 2002 Art. 4º A pensão é inacumulável com quaisquer rendimentos percebidos dos cofres públicos, exceto os be- nefícios previdenciários. § 1º O ex-combatente, ou dependente legalmente habilitado, que passar a receber importância dos cofres públicos perderá o direito à pensão especial pelo tempo em que permanecer nessa situação, não podendo a sua cota-parte ser transferida a outros dependentes. § 2º Fica assegurado ao interessado que perceber outros rendimentos pagos pelos cofres públicos o direito de optar pela pensão ou por esses rendimentos. Art. 5º Consideram-se dependentes do ex-combatente para fins desta lei: I - a viúva; II - a companheira; III - o filho e a filha de qualquer condição, solteiros, menores de 21 anos ou inválidos; IV - o pai e a mãe inválidos; e V - o irmão e a irmã, solteiros, menores de 21 anos ou inválidos. Parágrafo único. Os dependentes de que tratam os incisos IV e V só terão direito à pensão se viviam sob a dependência econômica do ex-combatente, por ocasião de seu óbito. Art. 6º A pensão especial é devida ao ex-combatente e somente em caso de sua morte será revertida aos dependentes. Parágrafo único. Na reversão, a pensão será dividida entre o conjunto dos dependentes habilitáveis (art. 5º, I a V), em cotas-partes iguais. Art. 7º A condição de dependentes comprova-se: I - por meio de certidões do registro civil; II - por declaração expressa do ex-combatente, quando em vida; III - por qualquer meio de prova idôneo, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial. Art. 8º A pensão especial não será deferida: I - à ex-esposa que não tenha direito a alimentos; II - à viúva que voluntariamente abandonou o lar conjugal há mais de cinco anos ou que, mesmo por tempo inferior, abandonou-o e a ele recusou-se a voltar, desde que esta situação tenha sido reconhecida por sentença judicial transitada em julgado; III - à companheira, quando, antes da morte do ex-combatente, houver cessado a dependência, pela ruptura da relação concubinária; IV - ao dependente que tenha sido condenado por crime doloso, do qual resulte a morte do ex-combatente ou de outro dependente. Art. 9º Até o valor de que trata o art. 3º desta lei, a ex-esposa que estiver percebendo alimentos por força de 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 70 decisão judicial terá direito a pensão especial no valor destes. § 1º Havendo excesso, este se destinará aos demais dependentes. § 2º A falta de dependentes habilitados não prejudicará o direito à pensão da ex-esposa. § 3º O direito à parcela da pensão especial, nos termos deste artigo, perdurará enquanto a ex-esposa não contrair novas núpcias. Art. 10. A pensão especial pode ser requerida a qualquer tempo. Art. 11. O benefício será pago mediante requerimento, devidamente instruído, em qualquer organização militar do ministério competente (art. 12), se na data do requerimento o ex-combatente, ou o dependente, pre- encher os requisitos desta lei. Art. 12. É da competência do Ministério Militar ao qual esteve vinculado o ex-combatente durante a Segunda Guerra Mundial o processamento da pensão especial, desde a habilitação até o pagamento, inclusive nos ca- sos de substituição a outra pensão ou reversão. Art. 13. Estando o processo devidamente instruído, a autoridade designada pelo Ministro competente autori- zará o pagamento da pensão especial, em caráter temporário, até a apreciação da legalidade da concessão e registro pelo Tribunal de Contas da União. § 1º O pagamento da pensão especial será efetuado em caráter definitivo, após o registro pelo Tribunal de Contas da União. § 2º As dívidas por exercícios anteriores são pagas pelo ministério a que estiver vinculado o pensionista. Art. 14. A cota-parte da pensão dos dependentes se extingue: I - pela morte do pensionista; II - pelo casamento do pensionista; III - para o filho, filha, irmão e irmã, quando, não sendo inválidos, completam 21 anos de idade; IV - para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez. Parágrafo único. A ocorrência de qualquer dos casos previstos neste artigo não acarreta a transferência da cota-parte aos demais dependentes. Art. 15. A pensão especial não está sujeita a penhora, seqüestro ou arresto, exceto nos casos especiais previstos ou determinados em lei. Parágrafo único. Somente após o registro em caráter definitivo, nos termos do § 1º do art. 13 desta lei, é que poderá haver consignação nos benefícios dos pensionistas. Art. 16. No que se refere ao pagamento da pensão, aplicar-se-ão as regras do Código Civil relativas à au- sência, quando se verificar o desaparecimento de pensionista especial. Art. 17. Os pensionistas beneficiados pelo art. 30 da Lei nº 4.242, de 17 de julho de 1963, que não se en- quadrarem entre os beneficiários da pensão especial de que trata esta lei, continuarão a receber os benefícios assegurados pelo citado artigo, até que se extingam pela perda do direito, sendo vedada sua transmissão, assim por reversão como por transferência. Art. 18. Os créditos referentes ao pagamento da pensão especial somente poderão ser feitos em agências bancárias localizadas no País. Art. 19. Os Ministros de Estado da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, nas áreas de suas respectivas competências, adotarão as medidas necessárias à execução desta lei. Art. 20. Mediante requerimento do interessado, qualquer outra pensão já concedida ao ex-combatente ou dependente que preencha os requisitos poderá ser substituída pela pensão especial de que trata esta lei, para todos os efeitos. Art. 21. É assegurado o direito à pensão especial aos dependentes de ex-combatente falecido e não pensio- nista, observado o disposto no art. 11 desta lei. Neste caso, a habilitação é considerada reversão. Art. 22. O valor do benefício da pensão especial será revisto, na mesma proporção e na mesma data, sem- 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 71 pre que se modificarem os vencimentos dos servidores militares, tomando-se por base a pensão-tronco. Art. 23. As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão à conta das dotações consignadas no Or- çamento Geral da União. Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 25. Revogam-se o art. 30 da Lei nº 4.242, de 17 de julho de 1963, a Lei nº 6.592, de 17 de novembro de 1978, a Lei nº 7.424, de 17 de dezembro de 1985, e demais disposições em contrário. Pensão especial às vítimas de hemodiálise de Caruaru - Lei nº 9.422/1996 LEI Nº 9.422, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a concessão de pensão especial aos dependentes que especifica e dá outras providên- cias. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a conceder pensão especial mensal, retroativa à data do óbito, no valor de um salário mínimo vigente no País, ao cônjuge, companheiro ou companheira, descendente, ascen- dente e colaterais até segundo grau das vítimas fatais de hepatite tóxica, por contaminação em processo de hemodiálise no Instituto de Doenças Renais, com sede na cidade de Caruaru, no Estado de Pernambuco, no período compreendido entre fevereiro e março de 1996, mediante evidências clínico-epidemiológicas determi- nadas pela autoridade competente. Art. 2º Havendo mais de um pensionista habilitado ao recebimento da pensão de que trata o artigo anterior, aplica-se, no que couber, o disposto no art. 77 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Art. 3º A percepção do benefício dependerá do atestado de óbito da vítima, indicativo de causamortis re- lacionada com os incidentes mencionados no art. 1º, comprovados com o respectivo prontuário médico, e da qualificação definida no art. 1° , justificada judicialmente, quando inexistir documento oficial que a declare. Art. 4° A pensão de que trata esta Lei não se transmitirá ao sucessor e se extingüirá com a morte do último beneficiário. Art. 5° Os efeitos desta Lei serão sustados, imediatamente, no caso de a Justiça sentenciar os proprietários do Instituto com o pagamento de pensão ou indenização aos dependentes das vítimas. Art. 6° A despesa decorrente desta Lei será atendida com recursos alocados ao orçamento do Instituto Na- cional do Seguro Social, à conta da subatividade “Aposentadorias e Pensões Especiais concedidas por legisla- ção específica e de responsabilidade do Tesouro Nacional”. Art. 7° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Pensão vitalícia às vítimas do CÉSIO 137 - Lei nº 9.425/1996 LEI Nº 9.425, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a concessão de pensão especial às vítimas do acidente nuclear ocorrido em Goiânia, Goiás. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É concedida pensão vitalícia, a título de indenização especial, às vítimas do acidente com a substân- cia radioativa CÉSIO 137, ocorrido em Goiânia, Estado de Goiás. Parágrafo único. A pensão de que trata esta Lei, é personalíssima, não sendo transmissível ao cônjuge so- brevivente ou aos herdeiros, em caso de morte do beneficiário. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 72 Art. 2° A pensão será concedida do seguinte modo: I - 300 (trezentas) Unidades Fiscais de Referência - UFIR para as vítimas com incapacidade funcional labo- rativa parcial ou total permanente, resultante do evento; II - 200 (duzentas) UFIR aos pacientes não abrangidos pelo inciso anterior, irradiados ou contaminados em proporção igual ou superior a 100 (cem) Rads; III - 150 (cento e cinqüenta) UFIR para as vítimas irradiadas ou contaminadas em doses inferiores a 100 (cem) e equivalentes ou superiores a 50 (cinqüenta) Rads; IV - 150 (cento e cinqüenta) UFIR para os descendentes de pessoas irradiadas ou contaminadas que vierem a nascer com alguma anomalia em decorrência da exposição comprovada dos genitores ao CÉSIO 137; V - 150 (cento e cinqüenta) UFIR para os demais pacientes irradiados e/ou contaminados, não abrangidos pelos incisos anteriores, sob controle médico regular pela Fundação Leide das Neves a partir da sua instituição até a data da vigência desta Lei, desde que cadastrados nos grupos de acompanhamento médico I e II da re- ferida entidade. Parágrafo único. O valor mensal da pensão será o valor da UFIR à época da publicação desta Lei, atualiza- do, a partir de então, na mesma época e índices concedidos aos servidores públicos federais. Art. 3° A comprovação de ser a pessoa vítima do acidente radioativo ocorrido com o CÉSIO 137 e estar en- quadrada nos incisos do artigo anterior deverá ser feita por meio de junta médica oficial, a cargo da Fundação Leide das Neves Ferreira, com sede em Goiânia, Estado de Goiás e supervisão do Ministério Público Federal, devendo-se anotar o tipo de seqüela que impede o desempenho profissional e/ou o aprendizado de maneira total ou parcial. Parágrafo único. Os funcionários da Vigilância Sanitária que, em pleno exercício de suas atividades, foram expostos às radiações do CÉSIO 137 também serão submetidos a exame para comprovação e sua classifica- ção como vítimas do acidente, devendo-se igualmente anotar o tipo de seqüela que impede ou limita o desem- penho profissional. Art. 4° Havendo condenação judicial da União ao pagamento de indenização por responsabilidade civil em decorrência do acidente de que trata esta Lei, o montante da pensão ora instituída será obrigatoriamente dedu- zido do quantum da condenação. Art. 5° O pagamento da vantagem pecuniária de que trata esta Lei ocorrerá à conta de encargos previdenci- ários dos Recursos da União sob a supervisão do Ministério da Fazenda, a partir do ano seguinte à publicação desta Lei, com a despesa prevista no Orçamento da União. Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. Aposentadoria e pensão excepcional ao anistiado político - Lei nº 10.559/2002 e suas alterações LEI N° 10.559, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2002. Regulamenta o art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e dá outras providências. Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida Provisória nº 65, de 2002, que o Con- gresso Nacional aprovou, e eu, Ramez Tebet, Presidente da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda constitucional nº 32, de 2001, promulgo a seguinte Lei: CAPÍTULO I DO REGIME DO ANISTIADO POLÍTICO Art. 1o O Regime do Anistiado Político compreende os seguintes direitos: I - declaração da condição de anistiado político; II - reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação única ou em prestação mensal, perma- 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 73 nente e continuada, asseguradas a readmissão ou a promoção na inatividade, nas condições estabelecidas no caput e nos §§ 1o e 5o do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; III - contagem, para todos os efeitos, do tempo em que o anistiado político esteve compelido ao afastamento de suas atividades profissionais, em virtude de punição ou de fundada ameaça de punição, por motivo exclusi- vamente político, vedada a exigência de recolhimento de quaisquer contribuições previdenciárias; IV - conclusão do curso, em escola pública, ou, na falta, com prioridade para bolsa de estudo, a partir do período letivo interrompido, para o punido na condição de estudante, em escola pública, ou registro do respec- tivo diploma para os que concluíram curso em instituições de ensino no exterior, mesmo que este não tenha correspondente no Brasil, exigindo-se para isso o diploma ou certificado de conclusão do curso em instituição de reconhecido prestígio internacional; e V - reintegração dos servidores públicos civis e dos empregados públicos punidos, por interrupção de ativi- dade profissional em decorrência de decisão dos trabalhadores, por adesão à greve em serviço público e em atividades essenciais de interesse da segurança nacional por motivo político. Parágrafo único. Aqueles que foram afastados em processos administrativos, instalados com base na le- gislação de exceção, sem direito ao contraditório e à própria defesa, e impedidos de conhecer os motivos e fundamentos da decisão, serão reintegrados em seus cargos. CAPÍTULO II DA DECLARAÇÃO DA CONDIÇÃO DE ANISTIADO POLÍTICO Art. 2o São declarados anistiados políticos aqueles que, no período de 18 de setembro de 1946 até 5 de outubro de 1988, por motivação exclusivamente política, foram: I - atingidos por atos institucionais ou complementares, ou de exceção na plena abrangência do termo; II - punidos com transferência para localidade diversa daquela onde exerciam suas atividades profissionais, impondo-se mudanças de local de residência; III - punidos com perda de comissões já incorporadas ao contrato de trabalho ou inerentes às suas carreiras administrativas; IV - compelidos ao afastamento da atividade profissional remunerada, para acompanhar o cônjuge; V - impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional específica em decorrência das Portarias Reser- vadas do Ministério da Aeronáutica no S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e no S-285-GM5; VI - punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das atividades remuneradas que exerciam, bem como impedidos de exercer atividades profissionais em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilo- sos, sendo trabalhadores do setor privado ou dirigentes e representantes sindicais, nos termos do§ 2o do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; VII - punidos com fundamento em atos de exceção, institucionais ou complementares, ou sofreram punição disciplinar, sendo estudantes; VIII - abrangidos pelo Decreto Legislativo no 18, de 15 de dezembro de 1961, e pelo Decreto-Lei no 864, de 12 de setembro de 1969; IX - demitidos, sendo servidores públicos civis e empregados em todos os níveis de governo ou em suas fundações públicas, empresas públicas ou empresas mistas ou sob controle estatal, exceto nos Comandos militares no que se refere ao disposto no § 5o do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; X - punidos com a cassação da aposentadoria ou disponibilidade; XI - desligados, licenciados, expulsos ou de qualquer forma compelidos ao afastamento de suas atividades remuneradas, ainda que com fundamento na legislação comum, ou decorrentes de expedientes oficiais sigilo- sos. XII - punidos com a transferência para a reserva remunerada, reformados, ou, já na condição de inativos, com perda de proventos, por atos de exceção, institucionais ou complementares, na plena abrangência do termo; XIII - compelidos a exercer gratuitamente mandato eletivo de vereador, por força de atos institucionais; 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 74 XIV - punidos com a cassação de seus mandatos eletivos nos Poderes Legislativo ou Executivo, em todos os níveis de governo; XV - na condição de servidores públicos civis ou empregados em todos os níveis de governo ou de suas fun- dações, empresas públicas ou de economia mista ou sob controle estatal, punidos ou demitidos por interrupção de atividades profissionais, em decorrência de decisão de trabalhadores; XVI - sendo servidores públicos, punidos com demissão ou afastamento, e que não requereram retorno ou reversão à atividade, no prazo que transcorreu de 28 de agosto de 1979 a 26 de dezembro do mesmo ano, ou tiveram seu pedido indeferido, arquivado ou não conhecido e tampouco foram considerados aposentados, transferidos para a reserva ou reformados; XVII - impedidos de tomar posse ou de entrar em exercício de cargo público, nos Poderes Judiciário, Legis- lativo ou Executivo, em todos os níveis, tendo sido válido o concurso. § 1o No caso previsto no inciso XIII, o período de mandato exercido gratuitamente conta-se apenas para efeito de aposentadoria no serviço público e de previdência social. § 2o Fica assegurado o direito de requerer a correspondente declaração aos sucessores ou dependentes daquele que seria beneficiário da condição de anistiado político. CAPÍTULO III DA REPARAÇÃO ECONÔMICA DE CARÁTER INDENIZATÓRIO Art. 3o A reparação econômica de que trata o inciso II do art. 1o desta Lei, nas condições estabelecidas no caput do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, correrá à conta do Tesouro Nacional. § 1o A reparação econômica em prestação única não é acumulável com a reparação econômica em presta- ção mensal, permanente e continuada. § 2o A reparação econômica, nas condições estabelecidas no caput do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, será concedida mediante portaria do Ministro de Estado da Justiça, após parecer favorável da Comissão de Anistia de que trata o art. 12 desta Lei. Seção I Da Reparação Econômica em Prestação Única Art. 4o A reparação econômica em prestação única consistirá no pagamento de trinta salários mínimos por ano de punição e será devida aos anistiados políticos que não puderem comprovar vínculos com a atividade laboral. § 1o Para o cálculo do pagamento mencionado no caput deste artigo, considera-se como um ano o período inferior a doze meses. § 2o Em nenhuma hipótese o valor da reparação econômica em prestação única será superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais). Seção II Da Reparação Econômica em Prestação Mensal, Permanente e Continuada Art. 5o A reparação econômica em prestação mensal, permanente e continuada, nos termos do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, será assegurada aos anistiados políticos que comprovarem vínculos com a atividade laboral, à exceção dos que optarem por receber em prestação única. Art. 6o O valor da prestação mensal, permanente e continuada, será igual ao da remuneração que o anistia- do político receberia se na ativa estivesse, considerada a graduação a que teria direito, obedecidos os prazos para promoção previstos nas leis e regulamentos vigentes, e asseguradas as promoções ao oficialato, inde- pendentemente de requisitos e condições, respeitadas as características e peculiaridades dos regimes jurídicos dos servidores públicos civis e dos militares, e, se necessário, considerando-se os seus paradigmas. § 1o O valor da prestação mensal, permanente e continuada, será estabelecido conforme os elementos de prova oferecidos pelo requerente, informações de órgãos oficiais, bem como de fundações, empresas públicas ou privadas, ou empresas mistas sob controle estatal, ordens, sindicatos ou conselhos profissionais a que o anistiado político estava vinculado ao sofrer a punição, podendo ser arbitrado até mesmo com base em pesqui- 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 75 sa de mercado. § 2o Para o cálculo do valor da prestação de que trata este artigo serão considerados os direitos e vanta- gens incorporados à situação jurídica da categoria profissional a que pertencia o anistiado político, observado o disposto no § 4o deste artigo. § 3o As promoções asseguradas ao anistiado político independerão de seu tempo de admissão ou incorpo- ração de seu posto ou graduação, sendo obedecidos os prazos de permanência em atividades previstos nas leis e regulamentos vigentes, vedada a exigência de satisfação das condições incompatíveis com a situação pessoal do beneficiário. § 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se paradigma a situação funcional de maior freqüência constatada entre os pares ou colegas contemporâneos do anistiado que apresentavam o mesmo posicionamento no cargo, emprego ou posto quando da punição. § 5o Desde que haja manifestação do beneficiário, no prazo de até dois anos a contar da entrada em vigor desta Lei, será revisto, pelo órgão competente, no prazo de até seis meses a contar da data do requerimento, o valor da aposentadoria e da pensão excepcional, relativa ao anistiado político, que tenha sido reduzido ou can- celado em virtude de critérios previdenciários ou estabelecido por ordens normativas ou de serviço do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, respeitado o disposto no art. 7o desta Lei. § 6o Os valores apurados nos termos deste artigo poderão gerar efeitos financeiros a partir de 5 de outubro de 1988, considerando-se para início da retroatividade e da prescrição qüinqüenal a data do protocolo da pe- tição ou requerimento inicial de anistia, de acordo com os arts. 1o e 4o do Decreto no 20.910, de 6 de janeiro de 1932. Art. 7o O valor da prestação mensal, permanente e continuada, não será inferior ao do salário mínimo nem superior ao do teto estabelecido no art. 37, inciso XI, e § 9o da Constituição. § 1o Se o anistiado político era, na data da punição, comprovadamente remunerado por mais de uma ati- vidade laboral, não eventual, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, será igual à soma das remunerações a que tinha direito, até o limite estabelecido no caput deste artigo, obedecidas as regras consti- tucionais de não-acumulação de cargos, funções, empregos ou proventos. § 2o Para o cálculo da prestação mensal de que trata este artigo, serão asseguradas, na inatividade, na aposentadoria ou na reserva, as promoções ao cargo, emprego, posto ou graduação a que teria direito se es- tivesse em serviço ativo. Art. 8o O reajustamento do valor da prestação mensal, permanente e continuada, será feito quando ocorrer alteração na remuneração que o anistiado político estaria recebendo se estivesse em serviçoativo, observadas as disposições do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Art. 9o Os valores pagos por anistia não poderão ser objeto de contribuição ao INSS, a caixas de assistência ou fundos de pensão ou previdência, nem objeto de ressarcimento por estes de suas responsabilidades esta- tutárias. Parágrafo único. Os valores pagos a título de indenização a anistiados políticos são isentos do Imposto de Renda. (Regulamento) CAPÍTULO IV DAS COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS Art. 10. Caberá ao Ministro de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos decidir a respeito dos requerimentos baseados nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019) Art. 11. Todos os processos de anistia política, deferidos ou não, inclusive os que estão arquivados, bem como os respectivos atos informatizados que se encontram em outros Ministérios, ou em outros órgãos da Ad- ministração Pública direta ou indireta, serão transferidos para o Ministério da Justiça, no prazo de noventa dias contados da publicação desta Lei. Parágrafo único. O anistiado político ou seu dependente poderá solicitar, a qualquer tempo, a revisão do valor da correspondente prestação mensal, permanente e continuada, toda vez que esta não esteja de acordo com os arts. 6o, 7o, 8o e 9o desta Lei. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 76 Art. 12. Fica criada, no âmbito do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a Comissão de Anistia, com a finalidade de examinar os requerimentos referidos no art. 10 desta Lei e de assessorar o Ministro de Estado em suas decisões. (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019) § 1º Os membros da Comissão de Anistia serão designados por meio de portaria do Ministro de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e participarão da Comissão, entre outros, 1 (um) representante do Ministério da Defesa, indicado pelo respectivo Ministro de Estado, e 1 (um) representante dos anistiados. (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019) § 2º O representante dos anistiados será indicado pelas respectivas associações e designado conforme procedimento estabelecido pelo Ministro de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019) § 3o Para os fins desta Lei, a Comissão de Anistia poderá realizar diligências, requerer informações e docu- mentos, ouvir testemunhas e emitir pareceres técnicos com o objetivo de instruir os processos e requerimentos, bem como arbitrar, com base nas provas obtidas, o valor das indenizações previstas nos arts. 4o e 5o nos casos que não for possível identificar o tempo exato de punição do interessado. § 4º As requisições e as decisões proferidas pelo Ministro de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Hu- manos nos processos de anistia política serão obrigatoriamente cumpridas no prazo de 60 (sessenta) dias, por todos os órgãos da administração pública e por quaisquer outras entidades a que estejam dirigidas, ressalvada a disponibilidade orçamentária. (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019) § 5o Para a finalidade de bem desempenhar suas atribuições legais, a Comissão de Anistia poderá requisitar das empresas públicas, privadas ou de economia mista, no período abrangido pela anistia, os documentos e registros funcionais do postulante à anistia que tenha pertencido aos seus quadros funcionais, não podendo essas empresas recusar-se à devida exibição dos referidos documentos, desde que oficialmente solicitado por expediente administrativo da Comissão e requisitar, quando julgar necessário, informações e assessoria das associações dos anistiados. CAPÍTULO V DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS Art. 13. No caso de falecimento do anistiado político, o direito à reparação econômica transfere-se aos seus dependentes, observados os critérios fixados nos regimes jurídicos dos servidores civis e militares da União. Art. 14. Ao anistiado político são também assegurados os benefícios indiretos mantidos pelas empresas ou órgãos da Administração Pública a que estavam vinculados quando foram punidos, ou pelas entidades instituí- das por umas ou por outros, inclusive planos de seguro, de assistência médica, odontológica e hospitalar, bem como de financiamento habitacional. Art. 15. A empresa, fundação ou autarquia poderá, mediante convênio com a Fazenda Pública, encarre- gar-se do pagamento da prestação mensal, permanente e continuada, relativamente a seus ex-empregados, anistiados políticos, bem como a seus eventuais dependentes. Art. 16. Os direitos expressos nesta Lei não excluem os conferidos por outras normas legais ou constitucio- nais, vedada a acumulação de quaisquer pagamentos ou benefícios ou indenização com o mesmo fundamento, facultando-se a opção mais favorável. Art. 17. Comprovando-se a falsidade dos motivos que ensejaram a declaração da condição de anistiado político ou os benefícios e direitos assegurados por esta Lei será o ato respectivo tornado nulo pelo Ministro de Estado da Justiça, em procedimento em que se assegurará a plenitude do direito de defesa, ficando ao favore- cido o encargo de ressarcir a Fazenda Nacional pelas verbas que houver recebido indevidamente, sem prejuízo de outras sanções de caráter administrativo e penal. Art. 18. Caberá ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão efetuar, com referência às anistias concedidas a civis, mediante comunicação do Ministério da Justiça, no prazo de sessenta dias a contar dessa comunicação, o pagamento das reparações econômicas, desde que atendida a ressalva do § 4o do art. 12 desta Lei. Parágrafo único. Tratando-se de anistias concedidas aos militares, as reintegrações e promoções, bem como as reparações econômicas, reconhecidas pela Comissão, serão efetuadas pelo Ministério da Defesa, no 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 77 prazo de sessenta dias após a comunicação do Ministério da Justiça, à exceção dos casos especificados no art. 2o, inciso V, desta Lei. Art. 19. O pagamento de aposentadoria ou pensão excepcional relativa aos já anistiados políticos, que vem sendo efetuado pelo INSS e demais entidades públicas, bem como por empresas, mediante convênio com o referido instituto, será mantido, sem solução de continuidade, até a sua substituição pelo regime de prestação mensal, permanente e continuada, instituído por esta Lei, obedecido o que determina o art. 11. Parágrafo único. Os recursos necessários ao pagamento das reparações econômicas de caráter indeniza- tório terão rubrica própria no Orçamento Geral da União e serão determinados pelo Ministério da Justiça, com destinação específica para civis (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão) e militares (Ministério da Defesa). Art. 20. Ao declarado anistiado que se encontre em litígio judicial visando à obtenção dos benefícios ou in- denização estabelecidos pelo art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias é facultado celebrar transação a ser homologada no juízo competente. Parágrafo único. Para efeito do cumprimento do disposto neste artigo, a Advocacia-Geral da União e as Pro- curadorias Jurídicas das autarquias e fundações públicas federais ficam autorizadas a celebrar transação nos processos movidos contra a União ou suas entidades. Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. Art. 22. Ficam revogados a Medida Provisória no 2.151-3, de 24 de agosto de 2001, o art. 2o, o § 5o do art. 3o, e os arts. 4o e 5o da Lei no 6.683, de 28 de agosto de 1979, e o art. 150 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991. Pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase - Lei nº 11.520/2007 LEI Nº 11.520, DE 18 DE SETEMBRO DE 2007. Dispõe sobre a concessão de pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase que foram sub- metidas a isolamento e internação compulsórios. Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida Provisória nº 373, de 2007, que o Con- gresso Nacional aprovou, e eu,Renan Calheiros, Presidente da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, combi- nado com o art. 12 da Resolução nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei: Art. 1o Fica o Poder Executivo autorizado a conceder pensão especial, mensal, vitalícia e intransferível, às pessoas atingidas pela hanseníase e que foram submetidas a isolamento e internação compulsórios em hospi- tais-colônia, até 31 de dezembro de 1986, que a requererem, a título de indenização especial, correspondente a R$ 750,00 (setecentos e cinqüenta reais). § 1o A pensão especial de que trata o caput é personalíssima, não sendo transmissível a dependentes e herdeiros, e será devida a partir da entrada em vigor desta Lei. § 2o O valor da pensão especial será reajustado anualmente, conforme os índices concedidos aos benefí- cios de valor superior ao piso do Regime Geral de Previdência Social. § 3o O requerimento referido no caput será endereçado ao Secretário Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, nos termos do regulamento. § 4o Caberá ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS o processamento, a manutenção e o pagamento da pensão, observado o art. 6o. Art. 2o A pensão de que trata o art. 1o será concedida por meio de ato do Secretário Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, após parecer da Comissão referida no § 1o. § 1o Fica criada a Comissão Interministerial de Avaliação, com a atribuição de emitir parecer prévio sobre os requerimentos formulados com base no art. 1o, cuja composição, organização e funcionamento serão definidos em regulamento. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 78 § 2o Para a comprovação da situação do requerente, será admitida a ampla produção de prova documental e testemunhal, e, caso necessário, prova pericial. § 3o Na realização de suas atividades, a Comissão poderá promover as diligências que julgar convenientes, inclusive solicitar apoio técnico, documentos, pareceres e informações de órgãos da administração pública, assim como colher depoimentos de terceiros. § 4o As despesas referentes a diárias e passagens dos membros da Comissão correrão à conta das dota- ções orçamentárias dos órgãos a que pertencerem. Art. 3o A pensão especial de que trata esta Lei, ressalvado o direito à opção, não é acumulável com indeni- zações que a União venha a pagar decorrentes de responsabilização civil sobre os mesmos fatos. Parágrafo único. O recebimento da pensão especial não impede a fruição de qualquer benefício previden- ciário. Art. 4o O Ministério da Saúde, em articulação com os sistemas de saúde dos Estados e Municípios, imple- mentará ações específicas em favor dos beneficiários da pensão especial de que trata esta Lei, voltadas à ga- rantia de fornecimento de órteses, próteses e demais ajudas técnicas, bem como na realização de intervenções cirúrgicas e assistência à saúde por meio do Sistema Único de Saúde - SUS. Art. 5o O Ministério da Saúde, o INSS e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- pública poderão celebrar convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos que objetivem a cooperação com órgãos da administração pública e entidades privadas sem fins lucrativos, a fim de dar cumprimento ao disposto nesta Lei. Art. 6o As despesas decorrentes desta Lei correrão à conta do Tesouro Nacional e constarão de programa- ção orçamentária específica no orçamento do Ministério da Previdência Social. Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Pensão especial destinada a crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus - Lei nº 13.985/2020 LEI Nº 13.985, DE 7 DE ABRIL DE 2020 Institui pensão especial destinada a crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus, nascidas entre 1º de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2019, beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Fica instituída a pensão especial destinada a crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus, nasci- das entre 1º de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2019, beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada (BPC) de que trata o art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. § 1º A pensão especial será mensal, vitalícia e intransferível e terá o valor de um salário mínimo. § 2º A pensão especial não poderá ser acumulada com indenizações pagas pela União em razão de decisão judicial sobre os mesmos fatos ou com o BPC de que trata o art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. § 3º O reconhecimento da pensão especial ficará condicionado à desistência de ação judicial que tenha por objeto pedido idêntico sobre o qual versa o processo administrativo. § 4º A pensão especial será devida a partir do dia posterior à cessação do BPC ou dos benefícios referidos no § 2º deste artigo, que não poderão ser acumulados com a pensão. § 5º A pensão especial não gerará direito a abono ou a pensão por morte. Art. 2º O requerimento da pensão especial de que trata esta Lei será realizado no Instituto Nacional do Se- guro Social (INSS). Parágrafo único. Será realizado exame pericial por perito médico federal para constatar a relação entre a síndrome congênita adquirida e a contaminação pelo vírus da zika . 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 79 Art. 3º As despesas decorrentes do disposto nesta Lei correrão à conta da programação orçamentária Inde- nizações e Pensões Especiais de Responsabilidade da União. Art. 4º O INSS e a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) adotarão as medidas necessárias para a operacionalização da pensão especial de que trata esta Lei no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da data de publicação desta Lei. Art. 5º No caso de mães de crianças nascidas até 31 de dezembro de 2019 acometidas por sequelas neuro- lógicas decorrentes da Síndrome Congênita do Zika Vírus, será observado o seguinte: I - a licença-maternidade de que trata o art. 392 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 , será de 180 (cento e oitenta) dias; II - o salário-maternidade de que trata o art. 71 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 , será devido por 180 (cento e oitenta) dias. Art. 6º Fica revogado o art. 18 da Lei nº 13.301, de 27 de junho de 2016. Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação . Seguro desemprego pescador artesanal - Seguro defeso - Lei nº 10.779/2003 LEI N° 10.779, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2003. Dispõe sobre a concessão do benefício de seguro desemprego, durante o período de defeso, ao pes- cador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o O pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia fami- liar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie. (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) § 1o Considera-se profissão habitual ou principal meio de vida a atividade exercida durante o período com- preendido entre o defeso anterior e o em curso, ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, o que for menor. (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) § 2o O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura opescador se dedique. § 3o Considera-se ininterrupta a atividade exercida durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso, ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, o que for menor. (In- cluído dada pela Lei nº 13.134, de 2015) § 4o Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira. (Incluído dada pela Lei nº 13.134, de 2015) § 5o O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-de- semprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas. (Incluído dada pela Lei nº 13.134, de 2015) § 6o A concessão do benefício não será extensível às atividades de apoio à pesca nem aos familiares do pescador profissional que não satisfaçam os requisitos e as condições estabelecidos nesta Lei. (Incluído dada pela Lei nº 13.134, de 2015) § 7o O benefício do seguro-desemprego é pessoal e intransferível. (Incluído dada pela Lei nº 13.134, de 2015) § 8o O período de recebimento do benefício não poderá exceder o limite máximo variável de que trata o caput do art. 4o da Lei no 7.998, de 11 de janeiro de 1990, ressalvado o disposto nos §§ 4o e 5o do referido 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 80 artigo. (Incluído dada pela Lei nº 13.134, de 2015) Art. 2o Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) receber e processar os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos termos do regulamento. (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) III - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) IV - (Revogado): (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) c) (Revogada). (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) § 1o Para fazer jus ao benefício, o pescador não poderá estar em gozo de nenhum benefício decorrente de benefício previdenciário ou assistencial de natureza continuada, exceto pensão por morte e auxílio-acidente. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) § 2o Para se habilitar ao benefício, o pescador deverá apresentar ao INSS os seguintes documentos: (Inclu- ído pela Lei nº 13.134, de 2015) I - registro como pescador profissional, categoria artesanal, devidamente atualizado no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), emitido pelo Ministério da Pesca e Aquicultura com antecedência mínima de 1 (um) ano, contado da data de requerimento do benefício; (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) II - cópia do documento fiscal de venda do pescado a empresa adquirente, consumidora ou consignatária da produção, em que conste, além do registro da operação realizada, o valor da respectiva contribuição previden- ciária de que trata o § 7o do art. 30 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, ou comprovante de recolhimento da contribuição previdenciária, caso tenha comercializado sua produção a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) III - outros estabelecidos em ato do Ministério da Previdência Social que comprovem: (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) a) o exercício da profissão, na forma do art. 1o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) b) que se dedicou à pesca durante o período definido no § 3o do art. 1o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) c) que não dispõe de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) § 3o O INSS, no ato de habilitação ao benefício, deverá verificar a condição de segurado pescador artesanal e o pagamento da contribuição previdenciária, nos termos da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, o que for menor, observado, quando for o caso, o disposto no inciso II do § 2o. (Incluído pela dada pela Lei nº 13.134, de 2015) § 4o O Ministério da Previdência Social e o Ministério da Pesca e Aquicultura desenvolverão atividades que garantam ao INSS acesso às informações cadastrais disponíveis no RGP, de que trata o art. 24 da Lei no 11.959, de 29 de junho de 2009, necessárias para a concessão do seguro-desemprego. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) § 5o Da aplicação do disposto no § 4o deste artigo não poderá resultar nenhum ônus para os segurados. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) § 6o O Ministério da Previdência Social poderá, quando julgar necessário, exigir outros documentos para a habilitação do benefício. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) § 7o O INSS deverá divulgar mensalmente lista com todos os beneficiários que estão em gozo do seguro- -desemprego no período de defeso, detalhados por localidade, nome, endereço e número e data de inscrição no RGP. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 81 § 8º Desde que atendidos os demais requisitos previstos neste artigo, o benefício de seguro-desemprego será concedido ao pescador profissional artesanal cuja família seja beneficiária do programa de transferência de renda com condicionalidades de que trata a Lei nº 14.284, de 29 de dezembro de 2021, e caberá ao órgão ou à entidade da administração pública federal responsável pela manutenção do programa a suspensão do pagamento dos benefícios financeiros previstos nos incisos I, II, III e IV do caput do art. 4º da Lei nº 14.284, de 29 de dezembro de 2021, pelo mesmo período da percepção do benefício do seguro-desemprego. (Redação dada pela Lei nº 14.342, de 2022) § 9o Para fins do disposto no § 8o, o INSS disponibilizará aos órgãos ou às entidades da administração pública federal responsáveis pela manutenção de programas de transferência de renda com condicionalidades as informações necessárias para identificação dos beneficiários e dos benefícios de seguro-desemprego con- cedidos, inclusive as relativas à duração, à suspensão ou à cessação do benefício. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) § 10. Caso a suspensão prevista no § 8º deste artigo não possa ser iniciada em até 6 (seis) meses após o início do pagamento do seguro-defeso, por motivos excepcionais, o órgão ou a entidade da administração pú- blica federal responsável pela manutenção do programa de transferência de renda com condicionalidades fica autorizado a efetuar o desconto de até 30% (trinta por cento) do valor pago mensalmente à família, até que seja integralmente ressarcido o valor pago indevidamente. (Incluído pela Lei nº 14.342, de 2022) Art. 3o Sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis, todo aquele que fornecer ou beneficiar-se de atestado falso para o fim de obtenção do benefício de que trata esta Lei estará sujeito: I - a demissão do cargo que ocupa, se servidor público; II - a suspensão de sua atividade, com cancelamento do seu registro, por dois anos, se pescador profissio- nal. Art. 4o O benefício de que trata esta Lei será cancelado nas seguintes hipóteses: I - início de atividade remunerada; II - início de percepção de outra renda; III - morte do beneficiário; IV - desrespeito ao período de defeso; ou V - comprovação de falsidade nas informações prestadas para a obtenção do benefício. Art. 5o O benefício do seguro-desemprego a que se refere esta Lei será pago à conta do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, instituído pela Lei no 7.998, de 11 de janeiro de 1990. Art. 6o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 7o Fica revogada a Lei nº 8.287, de 20 de dezembro de 1991. Decreto nº 8.424/2015 e suas alterações DECRETO Nº 8.424, DE 31 DE MARÇO DE 2015 Regulamenta a Lei nº 10.779, de 25 de novembro de 2003, para dispor sobre a concessão do benefício de seguro-desemprego, duranteo período de defeso, ao pescador profissional artesanal que exerce sua atividade exclusiva e ininterruptamente. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput , incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 10.779, de 25 de novembro de 2003, DECRETA : Art. 1º Este Decreto regulamenta a concessão do benefício de seguro-desemprego, no valor de um salário- -mínimo mensal, ao pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do caput do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 , e a alínea “b” do inciso VII do caput do art. 11 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 , desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 82 ou em regime de economia familiar, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie. (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 1º Considera-se ininterrupta a atividade exercida durante o período compreendido entre o término do defe- so anterior e o início do defeso em curso ou nos doze meses imediatamente anteriores ao início do defeso em curso, o que for menor. § 2º Entende-se como regime de economia familiar o trabalho dos membros da mesma família, indispensá- vel à própria subsistência e exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados. § 3º Para fins de concessão do benefício, consideram-se como períodos de defeso aqueles estabelecidos pelos órgãos federais competentes, determinando a paralisação temporária da pesca para preservação das espécies, nos termos e prazos fixados nos respectivos atos. (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 4º O benefício será devido ao pescador profissional artesanal inscrito no Registro Geral da Atividade Pes- queira - RGP que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira, obser- vado o disposto no Decreto nº 8.425, de 31 de março de 2015 , sem prejuízo da licença de pesca concedida na esfera federal, quando exigida nos termos do art. 3º, § 2º, da Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009 . (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 5º O pescador profissional artesanal não fará jus a mais de um benefício de seguro-desemprego no mesmo ano decorrente de defesos relativos a espécies distintas. § 6º A concessão do benefício não será extensível aos trabalhadores de apoio à pesca artesanal, assim de- finidos em legislação específica, e nem aos componentes do grupo familiar do pescador profissional artesanal que não satisfaçam, individualmente, os requisitos e as condições estabelecidos neste Decreto. § 7º Os pescadores e as pescadoras de que trata o § 1º do art. 3º do Decreto nº 8.425, de 2015 , não farão jus ao benefício de seguro-desemprego durante o período de defeso. (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 8º Fará jus ao seguro-desemprego o pescador artesanal que, durante o período aquisitivo de que trata o § 1º, tenha recebido benefício de auxílio-doença, auxílio-doença acidentário ou salário maternidade, exclusi- vamente sob categoria de filiação de segurado especial, ou ainda, que tenha contribuído para a Previdência Social relativamente ao exercício exclusivo dessa atividade. (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 9º Previamente ao estabelecimento de períodos de defeso, deverão ser avaliadas outras medidas de gestão e de uso sustentável dos recursos pesqueiros, por meio de ato conjunto dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente. (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 10. As normas, os critérios, os padrões e as medidas de ordenamento relativas aos períodos de defeso serão editadas, observadas as competências dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente, e deverão: (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) I - definir as espécies que são objeto de conservação, as medidas de proteção à reprodução e ao recruta- mento das espécies, os petrechos e os métodos de pesca proibidos; (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) II - estabelecer a abrangência geográfica da norma, de modo a indicar as bacias hidrográficas, a região ou a área costeiro-marinha e discriminar os Municípios alcançados; (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) III - definir se há alternativas de pesca disponíveis e se elas abrangem todos os pescadores ou apenas aque- les que atuam de forma embarcada; e (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) IV - estabelecer mecanismos de monitoramento da biodiversidade e da atividade pesqueira e de avaliação da eficácia dos períodos de defeso como medida de ordenamento. (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 11. Os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente deverão periodicamente avaliar a efetividade dos períodos de defeso instituídos, sobretudo os de área continental, e revogar ou sus- pender seus atos normativos quando comprovada a sua ineficácia na preservação dos recursos pesqueiros, inclusive quando forem observados os fenômenos de seca, estiagem e contaminações por agentes químicos, físicos e biológicos. (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 83 pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 13. O benefício do seguro-desemprego é direito pessoal e intransferível. (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 14. Excepcionalmente, nas hipóteses de grave contaminação por agentes químicos, físicos e biológicos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento poderá prolongar o período de defeso para as áreas e os grupos específicos atingidos, nos termos previstos na legislação. (Incluído pelo Decreto nº 10.080, de 2019) § 15. A gravidade a que se refere o § 14 será reconhecida em ato do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (Incluído pelo Decreto nº 10.080, de 2019) § 16. O pagamento de seguro desemprego do pescador profissional artesanal, quando devido, na hipótese de ocorrência do prolongamento a que se refere o § 14, poderá ser ampliado na forma prevista no § 5º do art. 4º da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, observado o disposto no § 8º do art. 1º da Lei nº 10.779, de 25 de novembro de 2003. (Incluído pelo Decreto nº 10.080, de 2019) § 17. Na hipótese de ser efetuado o pagamento de que trata o § 16, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - Codefat deverá respeitar os limites de reserva mínima de liquidez de que trata o § 5º do art. 4º da Lei nº 7.998, de 1990. (Incluído pelo Decreto nº 10.080, de 2019) Art. 2º Terá direito ao benefício do seguro-desemprego o pescador profissional artesanal que preencher os seguintes requisitos: I - ter registro no RGP, com situação cadastral ativa decorrente de licença concedida, emitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na condição de pescador profissional artesanal, observada a antece- dência mínima prevista no art. 2º da Lei nº 10.779, de 2003 ; (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) II - possuir a condição de segurado especial unicamente na categoria de pescador profissional artesanal; III - ter realizado o pagamento da contribuição previdenciária, nos termos da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 , nos últimos doze meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, o que for menor, observado, quando for o caso, o disposto no inciso IV do caput do art. 5º ; IV - não estar em gozo de nenhum benefício decorrente de programa federal de transferência de renda com condicionalidades ou de benefício de prestação continuada da Assistência Social ou da Previdência Social, excetoauxílio-acidente ou pensão por morte; e V - não ter vínculo de emprego, ou outra relação de trabalho, ou outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira vedada pelo período de defeso. (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 1º A comprovação da contribuição do segurado especial de que trata o inciso III do caput deverá ser feita nos termos do art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991 , e do inciso IV do caput do art. 216 do Regulamento da Previ- dência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio 1999 , excluído o período de defeso, desde que não tenha havido comercialização de espécie alternativa não contemplada no ato que fixar o período de defeso. § 2º Desde que atendidos os demais requisitos previstos neste artigo, o benefício de seguro-desemprego será concedido ao pescador profissional artesanal cuja família seja beneficiária de programa de transferência de renda com condicionalidades, e caberá ao órgão ou entidade da administração pública federal responsável pela manutenção do programa a suspensão do pagamento pelo mesmo período da percepção do benefício de seguro-desemprego. § 3º Para fins do disposto no § 2º, o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS disponibilizará aos órgãos ou entidades da administração pública federal responsáveis pela manutenção de programas de transferência de renda com condicionalidades as informações necessárias para identificação dos beneficiários e dos benefícios de seguro-desemprego concedidos, inclusive as relativas à duração, suspensão ou cessação do benefício. Art. 3º Cabe ao INSS receber e processar os requerimentos, habilitar os beneficiários e decidir quanto à concessão do benefício de seguro-desemprego de que trata o art. 1º. Art. 4º O prazo para requerer o benefício do seguro-desemprego do pescador profissional artesanal se inicia- rá trinta dias antes da data de início do período de defeso e terminará no último dia do referido período. Parágrafo único. Desde que requerido dentro do prazo previsto no caput , o pagamento do benefício será 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 84 devido desde o início do período de defeso, independentemente da data do requerimento. Art. 5º Para requerer o benefício de seguro-desemprego, o pescador deverá apresentar ao INSS: I - documento de identificação oficial; II - comprovante de inscrição no Cadastro de Pessoa Física - CPF; III - inscrição no RGP, com licença de pesca, emitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen- to, na condição de pescador profissional artesanal que tenha a atividade pesqueira como única fonte de renda, observada a antecedência mínima prevista no art. 2º da Lei nº 10.779, de 2003 ; (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) IV - cópia do documento fiscal de venda do pescado a empresa adquirente, consumidora ou consignatária da produção, em que conste, além do registro da operação realizada, o valor da respectiva contribuição previ- denciária de que trata o § 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991 , ou cópia do comprovante de recolhimento da contribuição previdenciária, caso tenha comercializado sua produção a pessoa física; e V - comprovante de residência em Município abrangido pelo ato que instituiu o período de defeso relativo ao benefício requerido, ou seus limítrofes. (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 1º Além de apresentar os documentos previstos no caput, o pescador profissional artesanal assinará de- claração de que: I - não dispõe de outra fonte de renda; II - se dedicou à pesca das espécies e nas localidades atingidas pelo defeso ininterruptamente durante o período compreendido entre o término do defeso anterior e o início do defeso em curso ou nos doze meses imediatamente anteriores ao início do defeso em curso, o que for menor; e (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) III - assume responsabilidade civil e criminal por todas as informações prestadas para fins da concessão do benefício. § 2º O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento disponibilizará ao INSS informações que demons- trem: (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) I - o exercício ininterrupto da atividade de pesca pelo pescador profissional artesanal, observado o disposto no § 1º do art. 4º do Decreto nº 8.425, de 2015 , com a indicação das localidades em que a atividade foi exercida e das espécies pescadas; e (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) II - os municípios abrangidos pelo período de defeso e os municípios limítrofes. § 3º Ato do Ministério da Previdência Social poderá exigir outros documentos para a habilitação do benefício. § 4º O INSS poderá expedir atos complementares relativos ao reconhecimento e à manutenção do direito ao benefício, observado o disposto neste Decreto e no ato de que trata o § 3º. § 5º A apresentação dos documentos discriminados no caput poderá ser dispensada pelo INSS caso as in- formações constem em bases governamentais a ele disponibilizadas por outros órgãos, nos termos do art. 2º do Decreto nº 6.932, de 11 de agosto de 2009 , do art. 329-B do Anexo ao Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999 - Regulamento da Previdência Social , e do art. 1º do Decreto nº 8.789, de 29 de junho de 2016 . (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 6º Nos casos em que o pescador já tenha recebido o seguro-desemprego do pescador artesanal, o INSS poderá dispensar a reapresentação de requerimento para os próximos períodos do defeso que deu origem ao benefício, desde que possua informações que demonstrem a manutenção dos requisitos do art. 2º e das carac- terísticas da atividade pesqueira exercida; (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 7º O INSS poderá comunicar o indeferimento ou a existência de qualquer impedimento para a concessão do benefício por meio da internet ou da central de teleatendimento. (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) § 8º O INSS poderá, a qualquer tempo, convocar o pescador para apresentação de documentos comproba- tórios referentes aos requisitos do caput . (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) Art. 6º O INSS cessará o benefício de seguro-desemprego nas seguintes hipóteses: 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 85 I - início de atividade remunerada ou de percepção de outra renda que seja incompatível com a percepção do benefício; II - desrespeito ao período de defeso ou a quaisquer proibições estabelecidas em normas de defeso; III - obtenção de renda proveniente da pesca de espécie alternativa não contemplada no ato que fixar o pe- ríodo de defeso; IV - suspensão do período de defeso; V - morte do beneficiário, exceto em relação às parcelas vencidas; VI - início de percepção de renda proveniente de benefício previdenciário ou assistencial de natureza conti- nuada, exceto auxílio-acidente ou pensão por morte; VII - prestação de declaração falsa; ou VIII - comprovação de fraude. Parágrafo único. O INSS cessará o benefício quando constatar a ocorrência de hipótese prevista no caput ou quando for informado sobre sua ocorrência pelo órgão ou entidade pública competente. Art. 6º-A. O Poder Executivo poderá condicionar o recebimento do seguro-desemprego, durante o período de defeso, ao pescador profissional artesanal que exerça sua atividade exclusiva, à comprovação da matrícula e da frequência do trabalhador segurado em curso de formação inicial e continuada ou de qualificação profis- sional, com carga horária mínima de cento e sessenta horas, nos termos do § 1º do art. 3º da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990 . (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) Art. 7º No caso de indeferimento do requerimento de concessão de benefício ou no caso de cessação do benefício, o pescador profissional artesanal poderá interpor recurso ao Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS. § 1º O prazo para interposição de recurso e para oferecimento de contrarrazões será de trinta dias, contado da ciência da decisão e da interposiçãodo recurso, respectivamente. § 2º O processamento e o julgamento dos recursos seguirão o disposto no Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999 , e no regimento interno do CRPS. Art. 8º Os recursos financeiros para o pagamento do benefício de seguro-desemprego ao pescador profis- sional artesanal serão provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT. § 1º Compete ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - Codefat a gestão do paga- mento dos benefícios e ao Ministério do Trabalho e Emprego a sua operacionalização, cabendo aos referidos órgãos a edição dos atos necessários a essas atividades. § 2º O INSS disponibilizará ao Ministério do Trabalho e Emprego as informações necessárias para a efeti- vação do pagamento. § 3º O Ministério do Trabalho e Emprego disponibilizará ao INSS e aos órgãos de que trata o § 3º do art. 2º as informações referentes à realização dos pagamentos aos beneficiários. § 4º O Ministério do Trabalho e Emprego e o INSS prestarão aos interessados informações relativas ao pa- gamento dos benefícios em seus próprios canais de atendimento. Art. 9º O Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999 , passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 9º .......................................................................... .............................................................................................. § 14. .............................................................................. I - não utilize embarcação; ou II - utilize embarcação de pequeno porte, nos termos da Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009. § 15. ............................................................................. .............................................................................................. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 86 XI - o pescador que trabalha em regime de parceria, meação ou arrendamento, em embarcação de médio ou grande porte, nos termos da Lei nº 11.959, de 2009; ...................................................................................” (NR) Art. 10. (Revogado pelo Decreto nº 10.930, de 2022) Vigência Art. 11. Atos conjuntos dos Ministérios da Previdência Social, do Trabalho e Emprego e da Pesca e Aqui- cultura e de outros órgãos interessados estabelecerão os procedimentos e prazos para operacionalização das trocas de informações previstas neste Decreto. Art. 12. Este Decreto aplica-se aos períodos de defeso iniciados a partir de 1º de abril de 2015. Parágrafo único. Aos períodos de defeso iniciados até 31 de março de 2015, aplica-se o disposto na legisla- ção anterior, inclusive quanto aos prazos, procedimentos e recursos e à competência do Ministério do Trabalho e Emprego para as atividades de recebimento e processamento dos requerimentos, habilitação dos beneficiá- rios e apuração de irregularidades. Art. 13. Ficam revogados o inciso III do § 14 e o § 17 do art. 9º do Regulamento da Previdência Social, apro- vado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999 . Art. 14. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS. Lei nº 8.742/1993 e suas alterações LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993 Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL CAPÍTULO I DAS DEFINIÇÕES E DOS OBJETIVOS Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contri- butiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. Art. 2o A assistência social tem por objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comuni- tária; e (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que com- provem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioas- 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 87 sistenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 3o Consideram-se entidades e organizações de assistência social aquelas sem fins lucrativos que, iso- lada ou cumulativamente, prestam atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos por esta Lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de direitos. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o São de atendimento aquelas entidades que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços, executam programas ou projetos e concedem benefícios de prestação social básica ou especial, diri- gidos às famílias e indivíduos em situações de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o São de assessoramento aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam programas ou projetos voltados prioritariamente para o fortalecimento dos movimentos sociais e das organizações de usuários, formação e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de assis- tência social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o São de defesa e garantia de direitos aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, pres- tam serviços e executam programas e projetos voltados prioritariamente para a defesa e efetivação dos direitos socioassistenciais, construção de novos direitos, promoção da cidadania, enfrentamento das desigualdades sociais, articulação com órgãos públicos de defesa de direitos, dirigidos ao público da política de assistência social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) CAPÍTULO II DOS PRINCÍPIOS E DAS DIRETRIZES SEÇÃO I DOS PRINCÍPIOS Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios: I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiare comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. SEÇÃO II Das Diretrizes Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo. 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 88 CAPÍTULO III DA ORGANIZAÇÃO E DA GESTÃO Art. 6o A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma de sistema descen- tralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os seguintes objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6o-C; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação, manutenção e ex- pansão das ações de assistência social; IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o As ações ofertadas no âmbito do Suas têm por objetivo a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice e, como base de organização, o território. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o O Suas é integrado pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos de assistência social e pelas entidades e organizações de assistência social abrangidas por esta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o A instância coordenadora da Política Nacional de Assistência Social é o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 4º Cabe à instância coordenadora da Política Nacional de Assistência Social normatizar e padronizar o emprego e a divulgação da identidade visual do Suas. (Incluído pela Lei nº 13.714, de 2018) § 5º A identidade visual do Suas deverá prevalecer na identificação de unidades públicas estatais, entidades e organizações de assistência social, serviços, programas, projetos e benefícios vinculados ao Suas. (Incluído pela Lei nº 13.714, de 2018) Art. 6o-A. A assistência social organiza-se pelos seguintes tipos de proteção: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) II - proteção social especial: conjunto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos instrumentos das proteções da assistência social que identifica e previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos no território. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 6o-B. As proteções sociais básica e especial serão ofertadas pela rede socioassistencial, de forma inte- grada, diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de assistência social vinculadas ao Suas, respeitadas as especificidades de cada ação. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o A vinculação ao Suas é o reconhecimento pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de que a entidade de assistência social integra a rede socioassistencial. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 89 § 2o Para o reconhecimento referido no § 1o, a entidade deverá cumprir os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) I - constituir-se em conformidade com o disposto no art. 3o; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) II - inscrever-se em Conselho Municipal ou do Distrito Federal, na forma do art. 9o; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) III - integrar o sistema de cadastro de entidades de que trata o inciso XI do art. 19. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o As entidades e organizações de assistência social vinculadas ao Suas celebrarão convênios, contratos, acordos ou ajustes com o poder público para a execução, garantido financiamento integral, pelo Estado, de serviços, programas, projetos e ações de assistência social, nos limites da capacidade instalada, aos benefici- ários abrangidos por esta Lei, observando-se as disponibilidades orçamentárias. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 4o O cumprimento do disposto no § 3o será informado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Comba- te à Fome pelo órgão gestor local da assistência social. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 6o-C. As proteções sociais, básica e especial, serão ofertadas precipuamente no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), respecti- vamente, e pelas entidades sem fins lucrativos de assistência social de que trata o art. 3o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o O Cras é a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o O Creas é a unidade pública de abrangência e gestão municipal, estadual ou regional, destinada à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou contingência, que demandam intervenções especializadas da proteção social especial. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o Os Cras e os Creas são unidades públicas estatais instituídas no âmbito do Suas, que possuem in- terface com as demais políticas públicas e articulam, coordenam e ofertam os serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 6o-D. As instalações dos Cras e dos Creas devem ser compatíveis com os serviços neles ofertados, com espaços para trabalhos em grupo e ambientes específicos para recepção e atendimento reservado das famílias e indivíduos, assegurada a acessibilidade às pessoas idosas e com deficiência. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 6o-E. Os recursos do cofinanciamento do Suas, destinados à execuçãodas ações continuadas de assis- tência social, poderão ser aplicados no pagamento dos profissionais que integrarem as equipes de referência, responsáveis pela organização e oferta daquelas ações, conforme percentual apresentado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e aprovado pelo CNAS. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Parágrafo único. A formação das equipes de referência deverá considerar o número de famílias e indivíduos referenciados, os tipos e modalidades de atendimento e as aquisições que devem ser garantidas aos usuários, conforme deliberações do CNAS. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 6º-F. Fica instituído o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), registro público eletrônico com a finalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar informações georreferen- ciadas para a identificação e a caracterização socioeconômica das famílias de baixa renda. (Incluído pela Lei nº 14.284, de 2021) Regulamento § 1º As famílias de baixa renda poderão inscrever-se no CadÚnico nas unidades públicas de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 6º-C desta Lei ou, nos termos do regulamento, por meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 14.284, de 2021) § 2º A inscrição no CadÚnico é obrigatória para acesso a programas sociais do Governo Federal. (Incluído pela Lei nº 14.284, de 2021) 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 90 Art. 7º As ações de assistência social, no âmbito das entidades e organizações de assistência social, obser- varão as normas expedidas pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de que trata o art. 17 desta lei. Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, observados os princípios e diretrizes estabe- lecidos nesta lei, fixarão suas respectivas Políticas de Assistência Social. Art. 9º O funcionamento das entidades e organizações de assistência social depende de prévia inscrição no respectivo Conselho Municipal de Assistência Social, ou no Conselho de Assistência Social do Distrito Federal, conforme o caso. § 1º A regulamentação desta lei definirá os critérios de inscrição e funcionamento das entidades com atuação em mais de um município no mesmo Estado, ou em mais de um Estado ou Distrito Federal. § 2º Cabe ao Conselho Municipal de Assistência Social e ao Conselho de Assistência Social do Distrito Fe- deral a fiscalização das entidades referidas no caput na forma prevista em lei ou regulamento. § 3º (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 4º As entidades e organizações de assistência social podem, para defesa de seus direitos referentes à inscrição e ao funcionamento, recorrer aos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais e do Distrito Federal. Art. 10. A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal podem celebrar convênios com entidades e organizações de assistência social, em conformidade com os Planos aprovados pelos respectivos Conselhos. Art. 11. As ações das três esferas de governo na área de assistência social realizam-se de forma articulada, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e execução dos programas, em suas respectivas esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Art. 12. Compete à União: I - responder pela concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada definidos no art. 203 da Constituição Federal; II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em âmbito nacional; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) III - atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, às ações assistenciais de ca- ráter de emergência. IV - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social e assessorar Estados, Distrito Federal e Municípios para seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 12-A. A União apoiará financeiramente o aprimoramento à gestão descentralizada dos serviços, progra- mas, projetos e benefícios de assistência social, por meio do Índice de Gestão Descentralizada (IGD) do Sis- tema Único de Assistência Social (Suas), para a utilização no âmbito dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, destinado, sem prejuízo de outras ações a serem definidas em regulamento, a: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) I - medir os resultados da gestão descentralizada do Suas, com base na atuação do gestor estadual, muni- cipal e do Distrito Federal na implementação, execução e monitoramento dos serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, bem como na articulação intersetorial; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) II - incentivar a obtenção de resultados qualitativos na gestão estadual, municipal e do Distrito Federal do Suas; e (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) III - calcular o montante de recursos a serem repassados aos entes federados a título de apoio financeiro à gestão do Suas. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o Os resultados alcançados pelo ente federado na gestão do Suas, aferidos na forma de regulamento, serão considerados como prestação de contas dos recursos a serem transferidos a título de apoio financeiro. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o As transferências para apoio à gestão descentralizada do Suas adotarão a sistemática do Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa Família, previsto no art. 8o da Lei no 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e serão efetivadas por meio de procedimento integrado àquele índice. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 91 2011) § 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 4o Para fins de fortalecimento dos Conselhos de Assistência Social dos Estados, Municípios e Distrito Federal, percentual dos recursos transferidos deverá ser gasto com atividades de apoio técnico e operacional àqueles colegiados, na forma fixada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, sendo ve- dada a utilização dos recursos para pagamento de pessoal efetivo e de gratificações de qualquer natureza a servidor público estadual, municipal ou do Distrito Federal. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 13. Compete aos Estados: I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de participação no custeio do pagamento dos benefí- cios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de Assistência Social; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em âmbito regional ou local; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) III - atender, em conjunto com os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência; IV - estimular e apoiar técnica e financeiramente as associações e consórcios municipais na prestação de serviços de assistência social; V - prestar os serviços assistenciais cujos custos ou ausência de demanda municipal justifiquem uma rede regional de serviços, desconcentrada, no âmbito do respectivo Estado. VI - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social e assessorar os Municípios para seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 14. Compete ao Distrito Federal: I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos de Assistência Social do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral; III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com organizações da sociedade civil; IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência; V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei. VI -cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em âmbito local; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social em seu âmbito. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 15. Compete aos Municípios: I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência Social; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral; III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com organizações da sociedade civil; IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência; V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei. VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em âmbito local; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social em seu âmbito. (Incluído pela 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 92 Lei nº 12.435, de 2011) Art. 16. As instâncias deliberativas do Suas, de caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade civil, são: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) I - o Conselho Nacional de Assistência Social; II - os Conselhos Estaduais de Assistência Social; III - o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal; IV - os Conselhos Municipais de Assistência Social. Parágrafo único. Os Conselhos de Assistência Social estão vinculados ao órgão gestor de assistência social, que deve prover a infraestrutura necessária ao seu funcionamento, garantindo recursos materiais, humanos e financeiros, inclusive com despesas referentes a passagens e diárias de conselheiros representantes do go- verno ou da sociedade civil, quando estiverem no exercício de suas atribuições. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 17. Fica instituído o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão superior de deliberação colegiada, vinculado à estrutura do órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social, cujos membros, nomeados pelo Presidente da República, têm mandato de 2 (dois) anos, permitida uma única recondução por igual período. § 1º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é composto por 18 (dezoito) membros e respectivos suplentes, cujos nomes são indicados ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordena- ção da Política Nacional de Assistência Social, de acordo com os critérios seguintes: I - 9 (nove) representantes governamentais, incluindo 1 (um) representante dos Estados e 1 (um) dos Muni- cípios; II - 9 (nove) representantes da sociedade civil, dentre representantes dos usuários ou de organizações de usuários, das entidades e organizações de assistência social e dos trabalhadores do setor, escolhidos em foro próprio sob fiscalização do Ministério Público Federal. § 2º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é presidido por um de seus integrantes, eleito dentre seus membros, para mandato de 1 (um) ano, permitida uma única recondução por igual período. § 3º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) contará com uma Secretaria Executiva, a qual terá sua estrutura disciplinada em ato do Poder Executivo. § 4o Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do art. 16, com competência para acompanhar a exe- cução da política de assistência social, apreciar e aprovar a proposta orçamentária, em consonância com as diretrizes das conferências nacionais, estaduais, distrital e municipais, de acordo com seu âmbito de atuação, deverão ser instituídos, respectivamente, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, mediante lei específica. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 18. Compete ao Conselho Nacional de Assistência Social: I - aprovar a Política Nacional de Assistência Social; II - normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da assis- tência social; III - acompanhar e fiscalizar o processo de certificação das entidades e organizações de assistência social no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; (Redação dada pela Lei nº 12.101, de 2009) IV - apreciar relatório anual que conterá a relação de entidades e organizações de assistência social certi- ficadas como beneficentes e encaminhá-lo para conhecimento dos Conselhos de Assistência Social dos Esta- dos, Municípios e do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei nº 12.101, de 2009) V - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de assistência social; VI - a partir da realização da II Conferência Nacional de Assistência Social em 1997, convocar ordinariamen- te a cada quatro anos a Conferência Nacional de Assistência Social, que terá a atribuição de avaliar a situação da assistência social e propor diretrizes para o aperfeiçoamento do sistema; (Redação dada pela Lei nº 9.720, de 26.4.1991) 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 93 VII - (Vetado.) VIII - apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser encaminhada pelo órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social; IX - aprovar critérios de transferência de recursos para os Estados, Municípios e Distrito Federal, conside- rando, para tanto, indicadores que informem sua regionalização mais eqüitativa, tais como: população, renda per capita, mortalidade infantil e concentração de renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse de recursos para as entidades e organizações de assistência social, sem prejuízo das disposições da Lei de Dire- trizes Orçamentárias; X - acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os ganhos sociais e o desempenho dos progra- mas e projetos aprovados; XI - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do Fundo Nacional de As- sistência Social (FNAS); XII - indicar o representante do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) junto ao Conselho Nacional da Seguridade Social; XIII - elaborar e aprovar seu regimento interno; XIV - divulgar, no Diário Oficial da União, todas as suas decisões, bem como as contas do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) e os respectivos pareceres emitidos. Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) Art. 19. Compete ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação da Política Na- cional de Assistência Social: I - coordenar e articular as ações no campo da assistência social; II - propor ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) a Política Nacional de Assistência Social, suas normas gerais, bem como os critérios de prioridade e de elegibilidade, além de padrões de qualidade na prestação de benefícios, serviços, programas e projetos; III - prover recursos para o pagamento dos benefícios de prestação continuada definidos nesta lei; IV - elaborar e encaminhar a proposta orçamentária da assistência social, em conjunto com as demais da Seguridade Social; V - propor os critérios de transferência dos recursos de que trata esta lei; VI - proceder à transferência dos recursos destinados à assistência social, na forma prevista nesta lei; VII - encaminhar à apreciação do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) relatórios trimestrais e anuais de atividades e de realização financeira dos recursos; VIII - prestar assessoramento técnico aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às entidades e or- ganizações de assistência social; IX - formular política para a qualificação sistemática e continuada de recursos humanos no campo da assis- tência social; X - desenvolver estudos e pesquisas parafundamentar as análises de necessidades e formulação de pro- posições para a área; XI - coordenar e manter atualizado o sistema de cadastro de entidades e organizações de assistência social, em articulação com os Estados, os Municípios e o Distrito Federal; XII - articular-se com os órgãos responsáveis pelas políticas de saúde e previdência social, bem como com os demais responsáveis pelas políticas sócio-econômicas setoriais, visando à elevação do patamar mínimo de atendimento às necessidades básicas; XIII - expedir os atos normativos necessários à gestão do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS); XIV - elaborar e submeter ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) os programas anuais e plu- 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 94 rianuais de aplicação dos recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Parágrafo único. A atenção integral à saúde, inclusive a dispensação de medicamentos e produtos de in- teresse para a saúde, às famílias e indivíduos em situações de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos termos desta Lei, dar-se-á independentemente da apresentação de documentos que comprovem domicílio ou inscrição no cadastro no Sistema Único de Saúde (SUS), em consonância com a diretriz de articulação das ações de assistência social e de saúde a que se refere o inciso XII deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.714, de 2018) CAPÍTULO IV DOS BENEFÍCIOS, DOS SERVIÇOS, DOS PROGRAMAS E DOS PROJETOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEÇÃO I DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com de- ficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) (Vide Lei nº 13.985, de 2020) § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados soltei- ros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em in- teração com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) § 3º Observados os demais critérios de elegibilidade definidos nesta Lei, terão direito ao benefício financeiro de que trata o caput deste artigo a pessoa com deficiência ou a pessoa idosa com renda familiar mensal per capita igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei nº 14.176, de 2021) I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.176, de 2021) II - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.982, de 2020) § 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natu- reza indenizatória. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) § 6º-A. O INSS poderá celebrar parcerias para a realização da avaliação social, sob a supervisão do serviço social da autarquia. (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022) § 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutu- ra. (Incluído pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998) § 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu represen- tante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido. (Incluído pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998) § 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo da renda familiar per capita a que se refere o § 3o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 1729974 E-book gerado especialmente para AGATHA KAROLINE EVANGELISTA DE MARTIN BENFICA 95 § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efei- tos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) § 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regula- mento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) § 11-A. O regulamento de que trata o § 11 deste artigo poderá ampliar o limite de renda mensal familiar per capita previsto no § 3º deste artigo para até 1/2 (meio) salário-mínimo, observado o disposto no art. 20-B desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) § 12. São requisitos para a concessão, a manutenção e a revisão do benefício as inscrições no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - Cadastro Único, conforme previsto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) § 13. (Vide medida Provisória nº 871, de 2019) § 14. O benefício de prestação continuada ou o benefício previdenciário no valor de até 1 (um) salário-míni- mo concedido a idoso acima de 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou pessoa com deficiência não será com- putado, para fins de concessão do benefício de prestação continuada a outro idoso ou pessoa com deficiência da mesma família, no cálculo da renda a que se refere o § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.982, de 2020) § 15. O benefício de prestação continuada será devido a mais de um membro da mesma família enquanto atendidos os requisitos exigidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.982, de 2020) Art. 20-A. (Revogado pela Lei nº 14.176, de 2021) Art. 20-B. Na avaliação de outros elementos probatórios da condição de miserabilidade e da situação de vul- nerabilidade de que trata o § 11 do art. 20 desta Lei, serão considerados os seguintes aspectos para ampliação do critério de aferição da renda familiar mensal per capita de que trata o § 11-A do referido artigo:. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) I – o grau da deficiência;. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) II – a dependência de terceiros para o desempenho de atividades básicas da vida diária; e. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) III – o comprometimento do orçamento do núcleo familiar de que trata o § 3º do art. 20 desta Lei exclusiva- mente com gastos médicos, com tratamentos de saúde, com fraldas, com alimentos especiais e com medica- mentos do idoso ou da pessoa com deficiência não disponibilizados gratuitamente pelo SUS, ou com serviços não prestados pelo Suas, desde que comprovadamente necessários à preservação da saúde e da vida.. (Inclu- ído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) § 1º A ampliação de que trata o caput deste artigo ocorrerá na forma de escalas graduais, definidas em re- gulamento.. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)