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Miopatias Doenças que comprometem a estrutura, canal e metabolismo da fibra muscular. Vem do grego µυοπάθεια, sendo myo (músculo) e pátheia (padecença, doença). PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS NEUROMUSCULARES: distrofia muscular de Duchene 1:3.000 nascimentos masculinos; distrofia miotônica 1:800 nos EUA; esclerose lateral amiotrófica 4- 8/100.000; síndrome de Guillian Barre 1/100.000; atrofia muscular espinhal 1/6.000-10.000; miastenia gravis 5/100.000; neuropatia hereditária de Charcot-Marie-Tooth 150.000 acometidos no EUA. CLASSIFICAÇÃO: Hereditárias: distrofia muscular, miotonias, canelopatias, miopatias congênitas, miopatias metabólicas, miopatias mitocondriais. Adquiridas: miopatias inflamatórias, miopatias endócrinas (ex. hipotireoidismo), associada a doença sistêmica (ex. lúpus), miopatias tóxicas (ex. estatinas, quimioterápicos). AVALIAÇÃO DAS MIOPATIAS: ASPECTOS CLÍNICOS: sinais e sintomas; evolução temporal; história familiar; fatores desencadeante (ex. exercícios); sintomas ou sinais sistêmicos; distribuição da fraqueza (proximal ou distal). Sinais e sintomas: a distribuição dos sinais e sintomas dependem do tipo de miopatia em questão. Os sinais e sintomas não são comuns a todas, algumas tem um sintoma ou sinal predominante não comum as outras. - Negativos (“perdas”): fraqueza muscular (proximal), fadiga, intolerância ao exercício, atrofia muscular (proximal); hipo earreflexia (?). - Positivos (“ganhos”): mialgias, câimbras, contraturas, rigidez, mioglobinuria, hipertrofia (pseudohipertrofia), miotonia.+ Fraqueza muscular: predominantemente proximal. Deve-se avaliar a função de cada musculo. Normalmente usa a escala do Medical Research Council paraquantificar a perda deforça. - Sinais de fraqueza muscular proximal: escapula alada em membros superiores; manobra de Gowers em membros inferiores (paciente tem que fazer movimentos na imagem ao lado par conseguir levantar do chão); marcha levantando a bacia. Obs: Gowers não é sinal especifico das miopatias. + Atrofia: predominantemente proximal. + Hipertrofia: chamada de pseudohipertrofia, pois tecido normal do músculo (necrose) é substituído por gordura e fibrose. + Hipotonia: característico de pessoas com doença muscular. É o primeiro sinal identificável em crianças (ex. não consegue sugar), mas geralmente é por uma doença do SNC (80%) e não uma miopatia (20%). + Miotonia: pode ser desencadeada pela percussão com o martelo. Evolução temporal: início no nascimento, criança, jovem, adulto, idoso. Importante para diferenciar as causas (ex. congênita, autoimune, etc). História familiar: autossômica recessiva ou dominante, ligada ao X, transmissão materna (ex. mitocôndrias). Fatores desencadeante: exercícios; percussão estimulando miotonia (ex. distrofia miotonica). Sinais e sintomas gerais: ptose palpebral fixa bilateral (ex. miopatia mitocondrial); redução do sulco nasogeniano (ex. distrofia muscular fascioescapulohumeral); deformidades articulares; alterações de pele como dermatomiosite (sinal de Gottron, heliotropo). INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL: enzimas musculares, eletroneuromiografia, biopsia, testes genéticos. Enzimas musculares: exame que mais ajuda ao clínico. Essas enzimas estão dentro da fibra muscular e quando há um processo de destruição dessa fibra essas enzimas são liberadas no sangue. Portanto, quanto maior a destruição maior é a quantidade de enzimas no sangue. + Creatinaqinase: produção de energia, transforma ADP em ATP na fibra muscular. Suas principais isoformas são a CK-MM (muscular) e a CK-MB (cardíaca). Valores normais no organismo variam com etnia (afrodescendente é maior), atividade física, estatinas e outros. Os valores da CK na miopatia podem chegar a ser mil vezes maior que o normal. Em casos muito graves não tem mais CK porque o paciente fica sem músculo. + Desidrogenase lática: mantem níveis normais de NAD+ , no excesso de ácido pirúvico (metabolismo anaeróbio e exercício vigoroso). + Aldolase: divide frutose 1,6-bifosfato em glicerldeido-3-fosfato (utilização da glicose). + Transaminase: transforma aminoácidos em energia (ciclo do ácido cítrico). O aumento dessa enzima pode confundir com problema hepático, mas vale lembrar que na miopatia ela nunca está mais de dez vezes acima do seu valor normal. Eletroneuromiografia: é um exame especifico que não deve ser pedido para todos. Pode ser feito estudo da condução sensitiva, estudo da condução motora, teste de estimulação repetitiva (junção neuromuscular), eletromiografia de agulha. + Eletromiografia de agulha: avalia a fisiologia muscular (unidade motora – neurônio e suas fibras musculares), determinado se é uma doença muscular primária, doença neurogênica, etc. O sinal dessas unidades motoras é captado por uma agulha, formando uma curva em um gráfico. Em uma doença miopática há uma diminuição da duração e amplitude da curva e maior recrutamento; já na doença neurogênica há um aumento da duração e amplitude e diminuição do recrutamento. Biopsia: músculo ou nervo, sendo que geralmente não é feito. Pode-se fazer histoquímica (padrão distrófico, vacuolar [disfunção metabólica]) e imunohistoquímica. Teste genético: + Exoma: sequenciar todos os 20.000 genes do genoma para identificar as mutações genéticas. Anteriormente, os genes eram estudados um a um, à procura de mutações que causassem doença. Com o sequenciamento e análise do exoma completo, passou a ser possível investigarmos todos os genes com um único exame. MIOPATIAS DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: causada por uma deficiência severa ou completa de distrofina no músculo esquelético, sendo um distúrbio genético ligado ao X. A distrofina é uma proteína da membrana da fibra muscular, responsável por estabilizar a membrana. A falta de distrofina faz com que ocorram pequenos rompimentos do sarcolema, aumentando a passagem de Ca2+ para dentro da célula, levando essa fibra a necrose. Clínica: tem início aos 3-5 anos, com fraqueza muscular proximal de membros inferiores e perda progressiva da força, com perda da deambulação até 12 anos. Há uma pseudo-hipertrofia da panturrilha. Morrem aos 18-25 anos por problemas respiratórios ou cardíacos (sobrecarga entricular). Exames complementares: enzimas musculares excessivamente aumentada; eletroneuromiografia tem padrão miopático (mas é dispensável se clinica é característica); teste genético. Tratamento: fisioterapia e prednisona 0,5-1 mg/kg/dia. O corticoide é dado para impedir a progressão da escoliose e manter musculatura respiratória (melhor qualidade de vida após 14-15 anos). Obs: Ataluren é um medicamento que vem se mostrando eficaz na doença, mas só funciona para um tipo de mutação que só acomete 5% dos pacientes. DISTROFIA MUSCULAR DE BECKER: redução parcial de distrofina no músculo (10-30%). É uma forma mais benigna das distrofinopatias. Quadro clínico e laboratorial, semelhante a distrofia muscular de Duchenne, porem com atraso do início (≥ 6 anos) e curso da doença mais prolongado (não para de caminhar aos 12 anos). Eletroneuromiografia: tem achados semelhantes da distrofia de Duchenne, mas dependerão da severidade da doença. Tratamento: somente fisioterapia. DISTROFIA MIOTÔNICA: doença multissistêmica autossômica dominante que cursa com diabetes, catarata, alterações cardíacas (bloqueio atrioventricular), calvície, redução dos hormônios sexuais masculinos, diminuição dos sulcos na face (facies de machadinha); constipação (distúrbio esfincteriano). A percussão leva a miotomia, que na EMG causa um barulho semelhante a aceleração de uma moto.
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