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Elegibilidade e Inelegibilidade i

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Módulo 05 – Elegibilidade e Inelegibilidade
Capacidade ATIVA refere-se ao direito do cidadão de participar como eleitor das eleições, consultas populares, bem como propor Ação Popular, promover a Iniciativa Popular de lei, e outras prerrogativas legais.
Capacidade PASSIVA refere-se ao direito do cidadão de ser candidato.
De acordo com a “Teoria Clássica”, que é aceita pela doutrina majoritária e pelo TSE e STF, detém a elegibilidade aquele que reúne as condições fixadas na lei (aspecto positivo) e não incorre nas causas de inelegibilidade (aspecto negativo). 
Com outro ponto de vista, o doutrinador Adriano Soares da Costa (2009, p 61) indica que as condições de elegibilidade são relativas a registrabilidade. Assim, 
“o registro da candidatura é o fato jurídico que faz surgir a elegibilidade. Antes do registro, todos os nacionais não possuem elegibilidade, não podendo lançar sua candidatura, pleiteando votos em seu próprio nome. Logo, as condições de elegibilidade nada mais são do que pressupostos inafastáveis para a concessão do registro de candidatura motivo pelo qual são, em verdade, verdadeiras condições de registrabilidade”
As condições de elegibilidade previstas na Constituição de 1988
De acordo com a Teoria Clássica tem-se que as condições de elegibilidade são as indicadas no art. 14, §3º da CF, a saber:
i- Nacionalidade brasileira;
ii- Pleno exercício dos direitos políticos
iii- Alistamento eleitoral
iv- Domicílio eleitoral na circunscrição
v- Filiação partidária
vi- Idade mínima = 35 anos : para Presidente, Vice e Senador; 30 anos para Governador e Vice; 21 anos para Deputado Federal e Estadual ou Distrital e 18 anos para Prefeito, Vice e Vereador.
No tocante a idade mínima de 18 anos, após a edição da Lei 13.165/15, deverá ser aferida no registro da candidatura e não na data da posse.
Em relação a nacionalidade exercem tal capacidade os brasileiros natos e os naturalizados na forma da lei, sendo que de acordo com o art. 12, §1º da CF, os portugueses residentes no Brasil também podem exercer direitos políticos desde que amparados no Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, assinado entre as nações em 22.4.2000 e ratificado pelo Decreto nº 3.927/2001, de forma que o português, sem se naturalizar brasileiro, poderá também exercer capacidade eleitoral ativa, atendendo às condições de elegibilidade necessárias.
 A perda e suspensão dos direitos políticos pode ser aferida, quando o brasileiro ou português equiparado, não esteja com os seus direitos políticos suspensos ou que não os tenha perdido, atenderá à condição de elegibilidade prevista no art. 14, §3º da CF.
CAUSAS DE INELEGIBILIDADE : 
Apresentam-se como as causas de inelegibilidade os impedimentos que obstam o exercício da capacidade eleitoral passiva pelo cidadão brasileiro.
Assim, não basta que o interessado em submeter-se a um pleito eleitoral venha a preencher os requisitos de elegibilidade, mas também faz-se mister que possa não incorrer em hipóteses de inelegibilidade previstas na CF e na LC nº 64/90, já que o art. 14, §9º da CF veda a instituição de causas de inelegibilidade por leis ordinárias.
As inegibilidades decorrem, na maior parte das situações, da prática de atos ilícitos, denominadas de inelegibilidades sanção, que de acordo com Adriano Soares podem ser classificadas como “cominadas” de forma simples quando válidas para uma única eleição, sem repercussão em futuros pleitos, ou potenciais quando tornam inelegível o eleitor para eleições futuras.
Existem as inelegibilidades decorrentes do próprio ordenamento jurídico a fim de preservar o equilíbrio nas disputas eleitorais e a moralidade administrativa, de forma que fique resguardada a normalidade e a legitimidade das eleições, como sói ocorrer com as decorrentes de parentesco ou exercício de determinados cargos, em determinados momento, por parte de pleiteantes a cargos eletivos, que para Adriano Costa são consideradas como “inelegibilidades inatas” .
Para a doutrina dominante são classificadas em :
a) Inelegibilidades relativas (para determinados cargos) que são : a.1) Originadas por motivos funcionais e a.2) Decorrentes de parentesco. Ex O PR é inelegível para um terceiro mandato, o filho do Governador reeleito na PB é inelegível para qualquer cargo no mesmo estado, mas não para cargos no PE;
b) Inelegibilidades absolutas válidas para qualquer cargo : Ex. Analfabetos.
HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADES PREVISTAS NA CF
	Os inalistáveis e os analfabetos são as previstas nos §§ 4º a 7º do art. 14 da CF.
	Assim, os inalistáveis são:
a) os estrangeiros, uma vez que não possuem capacidade política no Brasil (a exceção dos portugueses beneficiados pelo Tratado da Amizade, Cooperação e Consulta) e os conscritos (indivíduos que estão prestando o serviço militar obrigatório)
b) os menores de 16 anos (ressaltando que no ano das eleições, menores com 15 anos de idade podem se alistar desde que na data da eleição já tenham completados 16 anos) e aqueles com direitos políticos perdidos ou suspensos.
 No tocante aos analfabetos, os que denominados de “analfabeto funcional” encontra-se habilitado a disputar as eleições. Lembrar do famoso caso de Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço “Tiririca”, onde no teste no TRE-SP demonstrou graves dificuldades de ler e interpretar textos simples ao exame de alfabetização, mas depois escreveu um bilhete, com muitos erros e leu títulos e subtítulos de duas reportagens jornalísticas, mas o TRE-SP considerou apto a ser diplomado como Deputado Federal.
O teste de escolaridade há de ser individualizado (AC TSE n 21.707/2004) quando se tem dúvidas da escolaridade do candidato, sendo que jamais pode ser coletivo (AC TSE nº 24.343/2004) já que traz constrangimentos ao candidato. 
Quando o interessado apresenta documento comprobatório de escolaridade, não pode exigir o teste de escolaridade (TSE RESp nº 8941, São Gonçalo do Piauí/PI, em 27.9.2016, Redator para o Acórdão, Min Herman Benjamin)
	
	Questão da reeleição para cargos do Executivos
	O art. 14, §5º da CF indica o que, na década de 90, foi gestado no direito brasileiro, o direito a reeleição para os cargos do Executivo. 
	Este instituto ainda hoje é alvo de críticas por parte daqueles que entendem que a desnecessidade de desincompatibilização do agente político que pleteia a reeleição gera desequilíbrio no pleito em virtude do uso, pelo mandatário-candidato, da máquina pública ao seu favor.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
	NECESSIDADE DE DESINCOMPATIBILIZAÇÃO do Presidente, Governadores e Prefeitos para concorrerem outros cargos
	De acordo com o art. 14, §6º da CF:
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
	Logo, para a reeleição não é necessário a renúncia ao cargo.
Se for a outro cargo, tem que renunciar 6 meses antes do pleito. Lembrar do caso de Aécio Neves em 2010 renunciou ao Governo de Minas para ser candidato a Presidente e José Serra que foi candidato ao Senado. Em 2022, os Governadores Doria de SP e Eduardo Leite do RS renunciaram para ser candidatos.
No caso do art. 14, §6º aplica-se apenas aos titulares dos mandatos, sendo que os vices não são abrangidos por esta previsão constitucional, desde que nos 6 meses antes não assumam, mesmo em substituição, o cargo de titular.
No caso do exemplo histórico da possibilidade do Vice ser candidato sem renunciar ao seu mandato temos a eleição do Vice-Presidente Marco Maciel para o Senado Federal, pelo PFL nas eleições de 2002, quando o mesmo continuou a exercer o mandato de Vice-Presidente da República durante o período eleitoral, evitando substituir o titular do cargo. 
Passada a eleição, e já eleito senador, Marco Maciel, aindavice-Presidente da República voltou a estar habilitado a substituir o então Presidente FHC, conforme prevê a CF.
A questão da inelegibilidade reflexa prevista no §7º do art. 14 da CF/88
Disciplina a regra do §7º do art. 14 da CF/88
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
È a denominada inelegibilidade reflexa decorrente do PARENTESCO, sendo uma das espécies previstas, que só atinge o parentesco até 2º grau (filhos, netos, pais, avós, irmãos, cunhados, sogros e o cônjuge de prefeito), consanguíneos, por afinidade ou adoção, não podem ser candidatos a prefeito ou vereador no mesmo município, salvo se o titular de mandato eletivo e candidato à reeleição, no mesmo município, se já for titular do mesmo mandato e estiver concorrendo à reeleição.
STF – Enunciado de Súmula Vinculante nº 18 – a dissolução da sociedade do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade reflexa.
A esposa do prefeito por ser candidata à prefeita ou vereadora em outro município brasileiro, onde tenha domicílio eleitoral, uma vez que a inelegibilidade é apenas no território de atuação administrativa do Prefeito.
Caso Ocorrido : Em 2008, na BA, o então ex-Deputado Federal, Sérgio Carneiro, do PT da BA foi candidato a Prefeito em Feira de Santana, enquanto seu irmão, João Henrique Carneiro, Prefeito de Salvador, disputava a reeleição, sem que tal fato tenha gerado inelegibilidade.
Parentes do Prefeito podem ser candidatos a deputados no mesmo estado sem que tal fato gere inelegibilidade reflexa, uma vez que o território de atuação administrativa do Prefeito (município) é menor que a circunscrição para deputado estadual ou federal. Já um parente do Governador não pode ser candidato a Vereador, Prefeito, Deputado Estadual, Federal ou Senador se aquele estiver concorrendo a reeleição.
Enunciado de Súmula 06 do TSE indica : “são inelegíveis para o cargo de chefe do Executivo o cônjuge e os parentes, indicados no §7º do art. 14 da CF, do titular do mandato, salvo se este, reelegível, tenha falecido, renunciado ou se afastado definitivamente do cargo até 6 meses antes do pleito” 
Ainda de acordo com o TSE o cônjuge e os parentes, até o segundo grau, consanguíneos, por afinidade ou por adoção, do chefe do executivo, são elegíveis para o mesmo cargo do titular, quando este for reelegível e tiver se desincompatiblizado seis antes do pleito. Caso Rosinha Garotinho.
Da mesma forma, a única possibilidade existente em regra de parentes até o segundo grau, consanguíneos ou afins, ou por adoção, do Presidente da República ser candidato a um cargo eletivo ocorre se o mesmo já for titular de mandato e estiver concorrendo à reeleição, uma vez que o território de jurisdição do Presidente é de todo o país.
 
HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE PREVISTAS NA LC 64/90 E A LEI DA FICHA LIMPA
Para a aplicação da Lei da Ficha Limpa foi-se indicando a interpretação de que seria possível flexibilizar o princípio da presunção da inocência em face ao princípio da moralidade eleitoral, tendo em vista que a hermenêutica aplicável aos princípios não se baseia na ´lógica do tudo ou nada, mas sim na necessárias ponderação de interesses.
Inelegibilidade dos inalistáveis, dos analfabetos e dos parlamentes com mandatos cassados.
De acordo com o art. 1º, inciso I “a” da LC 64/90 são inelegíveis os inaslitáveis e os analfabetos.e alínea “b” indica os que foram cassados, cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar ficarão inelegíveis pelo tempo equivalente ao restante do mandato, somado ao tempo de 8 anos, subsequentes ao término da legislatura.
Inelegibilidade de governadores, prefeitos e seus vices por violação a dispositivos da Constituição Estadual, Lei Orgânica do DF ou de município.
De acordo com o art. 1º, inciso I “C” da LC 64/90 os gestores acima mencionados que perderem os mandatos por infringência a dispositivos referidos ficam inelegíveis para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos 8(oito) anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos. Logo, o mesmo diapasão da alínea “b”.
Inelegibilidade por condenação em apuração em processo de apuração de abuso de poder econômico ou político
De acordo com o art. 1º, inciso I “D” da LC 64/90 alcança a utilização indevida de veículos e meios de comunicação social e independe de trânsito em julgado em desfavor do candidato, bastando o proferimento de tal decisão por órgão colegiado, mesmo que a causa esteja pendente de recurso.
Inelegibilidade em virtude da prática de crimes
De acordo com o art. 1º, inciso I “E” da LC 64/90 alcança a 
utilização indevida de veículos e meios de comunicação social e independe de trânsito em julgado em desfavor do candidato, bastando o proferimento de tal decisão por órgão colegiado, mesmo que a causa esteja pendente de recurso.
De acordo com o art. 1º, inciso I “C” da LC 64/90 os gestores acima mencionados que perderem os mandatos por infringência a dispositivos referidos ficam inelegíveis para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos 8(oito) anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos. Logo, o mesmo diapasão da alínea “b”.

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