Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AO JUÍZO DA XXX VARA DO TRABALHO DE CUIABÁ/MT. BRUNO SILVA, brasileiro, solteiro, portador da carteira de identidade nº 0011, inscrito no CPF sob o nº 0012, portador da carteira de trabalho nº 0010 e PIS nº 0013, filho de Valmor Silva e Helena Silva, nascido em 20.02.1990, residente e domiciliado na Rua Oliveiras, 150 – Cuiabá – CEP 20000- 000, por intermédio de sua advogada, in fine, com escritório estabelecido na ..., onde recebe as notificações e intimações de praxe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 840, §1°, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, art. 319 do CPC e art. 114, VI da Constituição Federal, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA COM PEDIDO DE DANOS MATERIAIS E EXTRAPATRIMONIAIS. (Rito Ordinário) em face da empresa CENTRAL DE LEGUMES LTDA, pessoa jurídica de direito privado, e-mail ..., inscrita no CNPJ sob o nº ..., com sede na Rua das Acácias, 58, CEP 20000-010, na cidade de Cuiabá pelos motivos que passa a expor: I. DA JUSTIÇA GRATUITA. O requerente faz jus a justiça gratuita, pois não possui rendimentos suficientes para custear as despesas processuais e honorários advocatícios em detrimento de seu sustento e de sua família. Além do que, percebe salário inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, visto que seu último salário recebido foi de R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais) e atualmente a reclamante se encontra desempregada. Conforme o artigo 790, § 3º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. [...] § 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Nessa toada, é importante frisar o texto que consta no artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; Portanto, pelas razões explicitadas, requer a concessão da justiça gratuita, com base na democratização do acesso à justiça e às disposições legais expressas. II. DOS FATOS. O reclamante foi contratado pela empresa Central de Legumes Ltda na data 05/07//2019 para exercer a função de empacotador, que consistia em empacotar congelados de legumes numa máquina adquirida para tal fim, com o salário mensal de R$ 1.300,00 e foi dispensado sem justa causa em 27/10/2021, após receber corretamente as verbas da extinção contratual. Ocorre que na data 30/11/2019 o Sr. Bruno sofreu acidente de trabalho na máquina em que utilizava para trabalhar, quando sua mão ficou presa no interior do equipamento, ficando afastado pelo INSS e recebendo auxílio doença acidentário até a data 20/05/2020, quando retornou ao serviço. No acidente, sofreu amputação traumática de um dedo da mão esquerda e se submeteu a tratamento médio e psicológico, em razão disso gastou R$ 2.500,00 com honorários profissionais e medicamentos, levando consigo os recibos. Quando retornou a empresa, foi comprovado pelos peritos do INSS a perda de 20% da sua capacidade laborativa e por isso foi readaptado a outra função. A CIPA da empresa foi convocada quando da ocorrência do acidente e verificou que a referida máquina havia sido alterada pela empresa, que retirou um dos componentes de segurança para que ela trabalhasse com maior rapidez e consequentemente maior produtividade. Ademais, o requerente costumava fazer digitação de trabalhos de conclusão de curso para universitários e ganhava R$ 200,00 por mês, mas no período em que esteve afastado pelo INSS não teve condição física de realizar esta atividade, que voltou a fazer logo que retornou ao emprego. III. DO DIREITO. a) DO ACIDENTE DE TRABALHO. O acidente de trabalho ocorreu porque o empregador alterou o maquinário para deixa-lo mais rápido, visando a produtividade da empresa em detrimento da segurança do trabalhador, tendo em vista que o fato ocorreu após ter sido retirado um dos componentes de segurança da máquina. A mão do reclamante ficou presa no interior do equipamento e por isso teve a amputação traumática de um dedo da mão esquerda, motivo pelo qual necessitou de intenso tratamento médico e psicológico que o fez gastar mais do que poderia. Cita-se o art. 7º, XXVIII: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; Dessa forma, resta claro a presença do fator do acidente de trabalho ocorrido na empresa com a culpa e o dolo do empregador que tinha plena consciência dos riscos que a retirada do componente de segurança poderia acarretar aos empregados. b) DOS DANOS MATERIAIS – DANOS EMERGENTES. O dano emergente corresponde ao prejuízo imediato e mensurável, decorrente do acidente de trabalho, que pode ser apurado pelos documentos de pagamento de despesas hospitalares, honorários médicos e tratamentos de saúde. Dessa forma, insta salientar o exposto no art. 402 do Código Civil e art. 8º, § 1º da CLT: Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. § 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. A indenização relativa ao dano emergente pretende restaurar o patrimônio do lesado no estado em que se encontrava anteriormente. Sendo assim, a indenização ocorrerá em virtude das despesas realizadas pelo reclamante nos cuidados necessários decorrentes do infortúnio. c) DOS DANOS MATERIAIS – LUCROS CESSANTES. Os lucros cessantes são alusivos ao que o reclamante deixou de auferir em razão do dano suportado, portanto, são devidos ao requerente, tendo em vista que realizava trabalho de digitação e durante o período de inabilitação, deixou de exercer tal atividade em que ganhava R$ 200,00 por mês. Conforme o art. 950 do Código Civil: Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. Assim sendo, os lucros cessantes são devidos naquilo que o reclamante efetivamente perdeu e no que deixou razoavelmente de lucrar.d) DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS – DANOS MORAIS. O reclamante sofreu sérios danos morais ao ter a sua integridade física atingida através do acidente de trabalho ocorrido, pois perdeu parte da sua capacidade laborativa, portanto, afetou diretamente a sua vida no âmbito profissional e pessoal. Sendo assim, o dano foi gravíssimo e faz jus a indenização de 50 vezes o salário do empregado. Ademais, cabe citar os artigos 223-B, 223C e 223-G, II da CLT: Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação. Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física. Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação; Logo, a agressão moral, psíquica e intelectual ocorreu durante a jornada de trabalho e por isso enseja o dano moral, tendo em vista o ato ilícito do empregador gerou prejuízo imaterial ao empregado. e) DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS – DANOS ESTÉTICOS. O reclamante sofreu uma grande mudança estética com o ocorrido, que resultou em um grave prejuízo a sua imagem, sendo assim, houve uma violação a sua autodeterminação como pessoa, a quem se impõe uma consequência visual permanente. Nessa toada, cita-se o art. 5º, X da Constituição Federal: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; À vista disso, a imagem do reclamante foi gravemente lesada e violada, sendo considerada um direito inviolável e passível de indenização por danos materiais e morais decorrentes da sua violação. f) DA PENSÃO VITALÍCIA. A incapacidade sofrida pelo reclamante foi parcial e definitiva, pois o acidente de trabalho foi típico e causaram lesões irreversíveis, em que o trabalhador jamais terá a mesma capacidade laborativa. Isto posto, o requerente faz jus a indenização como forma de suprir a perda da renda familiar e a redução considerável de capacidade, conforme o art. 950 do Código Civil: Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. Desse modo, o reclamante faz jus a pensão vitalícia que deverá ser paga de uma só vez. IV. DOS PEDIDOS. Ante o exposto, requer que pela procedência dos pedidos e ainda, que a Reclamada seja condenada a pagar a Reclamante: i. danos emergentes em R$ 2.500,00; ii. lucros cessantes em R$ 200,00 durante todo o período em que o reclamante ficou sem receber, ou seja, da data 30/11/2019 a 20/05/2020; iii. danos morais em 50 vezes o último salário recebido pelo requerente, ou seja, R$ 1.300,00; iv. danos estéticos em 50 vezes o último salário recebido pelo requerente; v. pensão vitalícia em 20% sobre o salário contratual do empregado. V. DOS REQUERIMENTOS. i. a notificação da Reclamada para que compareça em audiência a ser designada por V. Exa. Sob pena de confissão e revelia; ii. a concessão da justiça gratuita conforme o art. 790, § 3º da CLT. iii. A condenação da Reclamada ao pagamento de custas judiciais e honorários advocatícios de 15% sobre o valor bruto da condenação, conforme o art. 791, da CLT. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, notadamente pelo depoimento do representante legal da Reclamada sob pena de confissão, prova testemunhal, juntada de novos documentos, perícias, vistorias etc., com base na previsão dos artigos 369 e seguintes do CPC. Dá-se a causa o valor de R$ 133.700,00. Pede deferimento. XXX, 18 de abril de 2022. Advogada OAB/XX nº XX
Compartilhar