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Direito civil IX

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A LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA E A CRIAÇÃO DE ASSENTAMENTOS RURAIS EM MATO GROSSO DO SUL
	O texto se inicia com um panorama histórico do direito agrário, na qual a redemocratização ocorrida em 1985, vieram para criar medidas afim de promover a melhor distribuição de terras, assim como para conter os conflitos agrários em todo pais, com ênfase no centro oeste. 
	Teve como base o I Plano Nacional de Reforma Agraria (I PNRA), que foi elaborado pelo então presidente José Sarney, era esperado que o I PNRA promovesse uma melhor distribuição de terras em todo o pais, a partir da modificação no regime de posse e uso das terras, e também a eliminação progressiva do latifúndio. 
	Porém é evidenciado que no Brasil a distribuição de terras continua estruturante, o que vem de encontro a diminuição das igualdades no campo, apesar de pouco eficiente o I PNRA foi um importante instrumento político para definição de regras para estabelecer áreas prioritárias destinadas ao estabelecimento de assentamentos rurais, o plano tinha como meta assentar 1.4milhões de famílias, rurais sem-terra ou com pouca terra ao longo de 4 anos, porém conseguiu implementar cerca de 10% do previsto, além de não conseguir conter a concentração fundiária e os conflitos agrários em todo o país.
	Em Mato Grosso do Sul as conquistas da reforma agrária estão associadas a organização dos trabalhadores rurais em tornos dessas pautas, dentre elas manifestações populares, ocupações de terras e acampamentos promovidos pelos movimentos sociais rurais, que foram fundamentais para a conquista de direitos.
	No estado de MS esses movimentos sociais rurais surgiram na deca de 1980, essas organizações foram formadas criadas para lutar contra a expansão do modo de produção capitalista, tais movimentos tinham como objetivo tencionar o governo a cumprir os direitos previstos em lei.
	Em MS um dos primeiros episódios no qual os movimentos sociais rurais foram protagonistas na luta por direitos socioambientais foi na organização de um acampamento de brasiguaios em 1984, no municio de Mundo Novo, o movimento teve apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Comissão Estadual de Sem-terra.
	Em MS existem diversos movimentos sociais rurais que se organizam em prol da reforma agrária e de medidas públicas voltadas aos assentamentos, sendo as mais atuantes: MST, FETAGRI, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação da Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul (FAF), além dessas organizações existem outras entidades desmembradas dos primeiros movimentos sociais rurais do estado, além de entidades e associações, que apesar de terem as mesmas pautas, não compartilham das práticas de alguns movimentos, porém atuam de forma direta na luta pelos direitos socioambientais, pela reforma agrária e políticas públicas de para a agricultura familiar, como por exemplo: a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), a Organização de Luta pela Terra (OLT), o Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), o Funcionários Associados a Fazenda Itamarati (FAFI), e o Movimento Camponês de Luta pela Reforma Agrária (MCLRA).
	Em MS a criação de assentamentos rurais não foi fruto de políticas públicas planejadas, mas sim uma reação política compensatória para amenizar os conflitos agrários e atender às reivindicações dos movimentos sociais rurais manifestadas, principalmente, por meio das ocupações de terras, conforme revelam dados sobre a reforma agraria no estado. 
Em 2002 foi lançado o Plano Nacional de Reforma Agrária: paz, produção e qualidade de vida no meio rural (II PNRA), na qual foi priorizada a aquisição de terras por compra e venda, e não por desapropriação, teve uma meta mais realista que o I PNRA, na qual se limitou a promessa de assentar 400 mil famílias, a regulação de 1 milhão de posses e o oferecimento de 150 mil concessões de créditos fundiários, mas assim como o I PNRA não conseguiu ser cumprido integralmente, atingindo em oito anos de governo 57,30% da meta.
	A dificuldade em MS de cumprimento de metas de assentamentos de famílias pode ser explicada pela forma tradicional de exploração da atividade rural historicamente ser realizada em grandes propriedades, assim como deve ser considerado que a produção agropecuária e extrativista é predominante no estado, além de grande parte do seu território conta com um cenário internacional favorável à comercialização dos seus produtos (comodities), elevando o valor das terras e dificultando as mudanças em sua estrutura fundiária.
	Sendo assim, a política de reforma agrária em MS passa por diversas situações que dificultam sua aplicação, que tem por objetivo a democratização do acesso à terra e a diminuição da desigualdade nos campos, as dificuldades não vem apenas de questões técnicas e políticas, mas também da industrialização da atividade agropecuária no estado, que apesar de contribuir para o crescimento econômico acabam por monopolizar a política agrícola governamental, assim como degradar o meio ambiente, a manutenção da concentração fundiária, a diminuição da oferta de terras e o encarecimento do preço das propriedades rurais passíveis de aquisição para reforma agrária, assim como dificultando a criação de assentamentos.
	É possível concluir que a luta pelos direitos socioambientais em MS que ocorreram na pós-democracia estiveram ligadas ao contexto político nacional, assim como aos movimentos sociais que lutaram por esses direitos, que contribuíram para a criação de assentamentos em todo o estado afim de garantir uma melhor distribuição de terras conforme garantem direitos constitucionais.

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