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Graduação em Ciências Biológicas Ecossistemas Aquáticos Prof. Ricardo Palamar Menghini Variações no ambiente físico de ecossistemas aquáticos 2 As correntes oceânicas redistribuem calor no planeta As condições físicas dos oceanos, assim como da atmosfera são extremamente dinâmicas. Os grandes cinturões de ventos no planeta, impulsionam as correntes oceânicas de superfície que também sofrem interferência das variações da topografia das bacias oceânicas. Efeito Coriolis É o resultado da rotação da Terra sobre seu eixo. O giro do planeta provoca uma deflecção (desvio no movimento das águas), deslocando para direita no Hemisfério Norte e para esquerda no Hemisfério Sul. Como a rotação da Terra é de oeste para leste, a movimentação das águas no Equador é paralelo a linha do Equador no sentido leste-oeste, empilhando assim, as águas na porção oeste das bacias oceânicas. Ao encontrar um continente ou cadeia de ilhas oceânicas, é desviado em direção aos Pólos. Esta corrente é intensificada com a ação dos ventos e cruza as bacias oceânicas retornando para a porção leste das bacias, lá encontra novamente continentes ou ilhas e é defletido, ou desviado para o Equador, completando assim os chamados “giros”. Principais correntes oceânicas de superfície. Setas vermelhas = Correntes quentes Setas azuis = Correntes frias Setas pretas = ventos http://www.miracosta.cc.ca.us/home/kmeldahl/currents/world_circulation.jpg Além disso, as correntes profundas são estabelecidas pela diferença de salinidade e temperatura das diferentes massas d’água (que afetam a densidade destas águas). Estas correntes circulam através dos oceanos, formando um complexo sistema de circulação oceânica, chamada de Circulação Termohalina. Esta circulação é responsável pelo transporte de oxigênio e nutrientes entre as diversas partes dos oceanos, e pelo transporte de calor na superfície dos oceanos. Circulação Termohalina simplificada dos oceanos Devido ao efeito Coriolis a energia que é defletida na superfície é passada para a coluna de água abaixo, causando uma sucessiva movimentação de água. Cada camada recebe menos energia e com a direção defletida pelo efeito Coriolis. O resultado é o Espiral de Ekman. Em certas áreas e sobre certas condições, o vento pode induzir movimentos laterais da água, provocando movimentação vertical das águas, ou seja, afloramento de águas mais profundas, com altas taxas de nutrientes e oxigênio dissolvido. Isto pode ocorrer em algumas margens leste das bacias oceânicas e se chama ressurgência. Esquema mostrando o fenômeno da ressurgência, onde a água quente superficial é arrastada para fora da costa, causando um afloramento de águas profundas geladas e ricas em nutrientes e oxigênio. Principais regiões oceânicas onde ocorre o fenômeno da ressurgência (círculos brancos) 17 Imagem de satélite mostrando as variações na temperatura superficial nos oceanos. 18 Imagem de satélite mostrando as variações na temperatura superficial nos oceanos. Círculos brancos mostram as principais regiões de ressurgência costeira. As Zonas de Ressurgência são regiões de alta produtividade biológica. Marés As marés podem ser definidas como movimentos verticais periódicos ou regulares das massas de água causados pela força gravitacional dos astros, que é inversamente proporcional à distância e diretamente proporcional a massa, e pela força centrífuga, originária do movimento de rotação da Terra. O Sol quando em conjunto com a lua (luas cheia e nova), provoca marés de grande amplitude, pois as forças gravitacionais se somam, gerando desta forma, as marés de lua ou marés de sizígia. Quando o Sol e a Lua se encontram em ângulo reto (luas minguante e crescente), as força gravitacionais se cancelam parcialmente e o resultado é um ciclo de marés de pequena amplitude conhecido como marés mortas ou marés de quadratura. Variações de amplitude de maré ao longo da costa brasileira. Evento ENOS: El Niño – Oscilação Sul Na costa oeste da América do Sul, a cada ano uma corrente quente, conhecida como “El Niño” se move para o sul ao longo da costa na direção do Peru. Em alguns anos, esta corrente flui com força suficiente para forçar a fria Corrente do Peru a se desviar da costa, enfraquecendo a ressurgência local e exaurindo a fonte alimentar de diversas espécies aquáticas e da produção pesqueira local. Durante os anos “normais” um vento constante sopra no Oceano Pacífico central equatorial (de uma área de baixa pressão (Taiti) para uma de alta pressão (Austrália)). Os eventos El Niño são desencadeados por uma reversão destas áreas de pressão (assim chamado de Oscilação Sul) e dos ventos entre esta áreas. Com isto, a corrente El Niño se acumula ao longo da costa da América do Sul. 29 Os eventos de El Niño são frequentemente seguidos por La Niña, um período de fortes ventos alíseos que acentuam as correntes oceânicas normais e a ressurgência e também trazem climas extremos a uma grande parte do planeta. Registros históricos da pressão atmosférica no Taiti e na Austrália e da temperatura da superfície do mar na costa do Peru revelam pronunciados eventos ENOS (El Niño – Oscilação Sul) a intervalos irregulares de 2 – 10 anos. 33 Ciclos sazonais de lagos temperados As variações sazonais (temperatura) que ocorrem nas regiões temperadas desencadeiam várias mudanças nos lagos destas regiões: ✓Inverno Água mais fria (0ºC) na superfície, abaixo do gelo. A temperatura aumenta até cerca de 4ºC até o fundo do lago. ✓Primavera O sol aquece a superfície gradualmente, a água superficial aquecida afunda causando uma mistura vertical (perfil uniforme de temperatura). Os ventos causam profundos movimentos verticais da água, misturando os nutrientes do sedimento para a superfície e oxigênio para o fundo do lago, aumentando a produção primária do lago (Bloom da primavera). ✓Verão A água da superfície se aquece rapidamente, causando uma estratificação térmica da temperatura. Esta estratificação forma 3 camadas na coluna d’água: ✓Epilímnio (quente, com oxigênio e sem nutrientes) ✓Metalímnio (mudança brusca na temperatura) ✓Hipolímnio (fria, sem oxigênio e com nutrientes) Com isso, após se esgotarem os nutrientes da superfície a produção primária cai drasticamente. ✓Outono As camadas superficiais esfriam mais rapidamente que as profundas, tornam-se mais densas e afundam, causando uma mistura vertical. 38 Lagos subtropicais e tropicais Em lagos localizados em regiões quentes, a estratificação térmica pode ser mais constante e estável durante o ano, e a mistura vertical pode ocorrer apenas: ✓No inverno; ✓Durante períodos aleatórios de menor temperatura atmosférica; ✓Durante a noite (lagos rasos). Bibliografia Nybakken, J. W. 2004. Marine Biology: an ecological approach. 6th ed. USA. Ed. Benjamin Cummings. 579 p. Pereira, R. C. & Soares-Gomes, A. (orgs.). 2002. Biologia Marinha. Rio de Janeiro. Ed. Interciência, 382 p.
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