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Félix da Clara Augusto 
 
 
 
 
 
 
 
OCEANOGRAFIA GERAL 
 
 
 
 
 
Licenciatura em Física 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Save 
Massinga 
2022 
 
 
 
 
Félix da Clara Augusto 
 
 
 
 
 
OCEANOGRAFIA GERAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Docente: Flugencio Alberto Punguane 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Save 
Massinga 
2022 
Trabalho de pesquisa da cadeira de 
Oceanografia Geral a ser 
apresentado na Faculdade de 
Ciências Naturais e Exactas no 
Departamento de Ciências Naturais 
para efeitos de avaliação. 
 
Índice 
1. Introdução .............................................................................................................................. 4 
1.2. Objectivos ........................................................................................................................... 4 
Gerais ............................................................................................................................................. 4 
1.3. Metodologia ........................................................................................................................ 4 
2. Referencial Teórico ................................................................................................................ 5 
2.1. Impacto Directo e Indirecto dos Oceanos no Planetas............................................................. 5 
2.2. Os Impactos Directos Dos Oceanos No Planetas. ............................................................ 5 
2.3. Fotossíntese ......................................................................................................................... 6 
2.4. Produção de Sal de modo tradicional............................................................................... 7 
2.4.1. Preparação das marinhas .............................................................................................. 7 
2.4.2. Produção de sal ............................................................................................................... 7 
2.4.3. Produção de sal de modo industrial ............................................................................. 8 
2.4.3.1. Processo comum .......................................................................................................... 8 
2.4.3.2. Cristalização do cloreto de sódio ............................................................................... 8 
2.6. Historial da Oceanografia no Mundo .............................................................................. 9 
2.7. Historial da Oceanografia em Moçambique.................................................................. 12 
2.8. Propriedades Físicas Da Água Do Mar .......................................................................... 13 
2.8.1. Salinidade ...................................................................................................................... 13 
2.8.2. Temperatura ................................................................................................................. 15 
2.8.2.1. Estrutura Vertical Da Temperatura ....................................................................... 16 
2.8.3. Pressão ........................................................................................................................... 16 
2.8.4. Densidade ...................................................................................................................... 17 
2.9. Propagação Do Som Na Água Do Mar .......................................................................... 17 
2.10. Propagação Da Luz Na Água Do Mar ........................................................................ 18 
2.11. Propriedades Químicas da Água do Mar ................................................................... 19 
2.12. Interacção Oceano Atmosfera ..................................................................................... 20 
2.13. Circulação Superficial e Profunda dos Oceanos ....................................................... 22 
2.14. Circulação Estuarina ................................................................................................... 23 
3. Conclusão ............................................................................................................................. 25 
Referencias Bibliográficas .......................................................................................................... 26 
4 
 
 
1. Introdução 
A oceanografia é a ciência que estuda os oceanos e ambientais costeiros, procurando 
compreender, descrever e prever os processos que ocorrem nestes ambientes, é uma ciência de 
carácter multidisciplinar, trans e interdisciplinar, foi nesse âmbito que surge o presente trabalho 
de pesquisa científica, que visa abordar sobre o ambiente marinho, suas características, sua 
constituição e o historial do desenvolvimento do ambiente marinho. 
No presente trabalho de pesquisa científica irei abordar de todas as características do ambiente 
marino tendo em conta as suas propriedades físicas e químicas em conformidade com o seu 
historial. 
 
1.2.Objectivos 
Gerais 
 Conhecer o ambiente marinho 
Especifica 
 Definir a oceanografia 
 Identificar as características do ambiente marinho; 
 Compreender as propriedades físicas e químicas do ambiente marinho; 
 Debruçar a história do ambiente marinho no mundo e em Moçambique. 
 
1.3.Metodologia 
O método é o caminho ou estratégia usado para atingir um objectivo traçado. Para a elaboração e 
materialização do presente trabalho recorreu-se às consultas bibliográficas, as quais estão 
referenciados na última página do mesmo. Como etapas começa-se pela mobilização das obras, 
sua leitura crítica, elaboração do texto e correcções finais do mesmo. Adopta-se igualmente o 
método analítico para que o trabalho possa a atingir seus Objectivos, desenvolvendo um 
raciocínio demostrativo, partindo do exame de conceitos, e conexões que conduzirão as 
afirmações conclusivas a respeito do trabalho em pesquisa 
 
 
 
5 
 
 
2. Referencial Teórico 
2.1. Impacto Directo e Indirecto dos Oceanos no Planetas. 
As alterações climáticas são actualmente uma realidade global incontestável e politicamente 
urgente, quer pelo facto de as suas consequências serem sentidas por todos os povos do mundo, 
quer porque os seus impactos permanecerão nas próximas gerações. Na realidade, as mudanças 
climáticas sempre foram registadas ao longo dos milhares de anos do planeta Terra, mas no 
último século essas variações sofreram uma forte aceleração e agravamento, fruto da presença e 
da acção do ser humano. O impacto da acção humana gera desafios de sustentabilidade, onde se 
inserem as alterações climáticas, em interligação com outros problemas e desafios. 
2.2.Os Impactos Directos Dos Oceanos No Planetas. 
Um dos impactos mais conhecidos e directos dos oceanos no planeta são alterações climáticas 
que afectam directamente no aquecimento do planeta, devido à explosão das emissões de gases 
com efeito de estufa de origem humana. 
Principais efeitos directos das alterações climáticas: 
1. O planeta está mais quente. O aquecimento global traduz-se numa subida do nível das 
águas do mar, devido ao derretimento do gelo e dos glaciares, afectando particularmente 
as zonas costeiras e zonas baixas. Pensa-se, por exemplo, que na metade deste século, o 
Oceano Árctico não terá gelo no verão. Também no mar, o aquecimento dos oceanos já 
obriga várias espécies de peixes a deslocarem-se para norte, aumentando, por sua vez, a 
pressão sobre o sector das pescas. Por outro lado, as ondas de calor e secas são 
fenómenos cada vez mais frequentes e prolongados, e as consequentes perdas agrícolas 
representam uma ameaça real para as economias mundiais: 
2. Há mais fenómenos extremos, o aquecimento global e as alterações climáticas vieram 
aumentar a intensidade e a frequência de eventos meteorológicoextremos, como ciclones, 
furacões, tufões, tempestades tropicais, cheias, ondas de calor e secas extremas, eventos 
de grande precipitação num curto espaço de tempo, etc. Estes eventos serão cada vez 
mais normais, mesmo com um pequeno aumento da temperatura média, aumentando a 
exposição vulnerabilidade dos ecossistemas e dos sistemas humanos à variabilidade 
climática. 
6 
 
3. Os oceanos estão mais ácidos. As alterações climáticas estão a aquecer os oceanos, 
causando a acidificação do ambiente marinho e mudando os padrões de precipitação, o 
que por sua vez gera alterações nos ecossistemas marinhos, alterações nas rotas 
migratórias e desequilíbrios nas cadeias alimentares, com consequências graves para 
muitas espécies. Para se ter uma noção, o aquecimento de 0,5ºC nas águas dos recifes de 
coral é o suficiente para provocar a sua morte. Esta combinação de factores agrava, 
muitas vezes, os efeitos de outras pressões humanas sobre o mar, conduzindo à perda de 
biodiversidade e ao aumento de “zonas mortas” nos oceanos. 
4. Os ecossistemas são afectados. Muitos sectores económicos dependem da saúde e da 
estabilidade dos ecossistemas, bem como dos diversos produtos e serviços que estes 
disponibilizam. Por exemplo, as abelhas polinizam as culturas, enquanto as florestas 
absorvem gases com efeito de estufa. A alteração do equilíbrio das espécies e dos habitats 
nos ecossistemas pode ter um impacto enorme na vida na Terra. 
2.3.Fotossíntese 
A fotossíntese é um processo químico realizado pelas plantas e pelas algas, e certos 
microorganismos, mediante o qual a energia Solar é capturada e convertida em energia química 
na forma de ATP e compostos orgânicos reduzidos. 
𝑛𝐶𝑂2 + 𝑛𝐻2𝑂 → (𝐶𝐻2𝑂)𝑛 + 𝑛𝑂2 
 
Figura 1: processo de fotossíntese 
 
7 
 
 
2.4.Produção de Sal de modo tradicional 
A produção de sal de modo tradicional acompanha as estações. Inicia-se em Março e prolonga-se 
até Setembro, altura da última colheita. Esta temporada é dividida em duas fases: a preparação 
das marinhas e a produção de sal. 
2.4.1. Preparação das marinhas 
Esta etapa decorre, essencialmente, entre Março e Junho e caracteriza-se pela limpeza de lamas e 
iodo, preparação das águas e também a reparação dos desgastes causados pelas tempestades de 
Inverno. (Taviusa 2012) A preparação das marinhas é uma fase muito importante que permite a 
rentabilização na qualidade e quantidade do sal recolhido. Como a colheita é manual, o marnoto 
(salineiro) pode apanhar o sal, com a ajuda do rodo, instrumento de limpeza, até ao fundo do 
talho. Uma vez que este está limpo, o sal colhido tem uma maior quantidade de sal e menor taxa 
substâncias insolúveis. Posteriormente, a água proveniente do esteiro, é depositada num viveiro 
de águas frias onde permanece algum tempo, para diminuir a taxa de insolúveis através da 
decantação. A próxima etapa consiste em deixar circular a água através de um sistema de 
viveiros ligados entre si, de modo controlado pelo marnoto. Quanto maior o percurso percorrido 
pela água, maior será a sua concentração quando chegar aos cristalizadores e, também, será mais 
rápida a sua cristalização, rentabilizando a produção. (Taviusa 2012). 
2.4.2. Produção de sal 
Depois de concluída a etapa anterior o processo começa com a entrada da água do mar num 
reservatório aquando das marés-altas. Este reservatório funciona como um grande lago em que 
são armazenadas as “melhores águas” e que são usadas nos períodos em que não há marés-altas, 
geralmente de duas em duas semanas. 
De modo a obter água com maior concentração de sal, são utilizadas salinas menos profundas de 
forma a facilitar a evaporação, quer através da radiação do sol, quer sob o efeito do vento. Dado 
que as salinas são menos profundas, o sol aquece mais a água e assim o processo de evaporação 
é acelerado. Por outro lado, as salinas são bastante extensas de modo a beneficiar o efeito de 
concentração do sal causado pelo vento sob a superfície da água. Portanto, as salinas vão sendo 
cada vez menos profundas de forma a beneficiar a evaporação. (Taviusa 2012) Durante este 
processo, o grau de salinidade da água aumenta, quase ao ponto da cristalização. Estas salinas 
constituem teias geométricas de salinas mais pequenas de modo a facilitar a colheita do sal que é 
8 
 
realizada pelos marnotos com a ajuda do rodo. A primeira colheita de sal é conhecida como flor 
de sal. O facto dos cristais desta estarem no início do seu processo de formação explica o seu 
aspecto de pequenos flocos e a sua finura. Estes cristais podem ser considerados as sementes dos 
outros cristais mais grossos que se encontram na parte mais inferior das salinas. 
2.4.3. Produção de sal de modo industrial 
2.4.3.1.Processo comum 
O processo de extracção do sal marinho divide-se em três etapas: a concentração da água do mar, 
a cristalização do cloreto de sódio e a colheita e lavagem. 
Concentração da água do mar A água do mar é exposta ao sol para evaporar e aumentar a 
concentração em sal. A evaporação média é de 8 milímetros por dia, o que origina uma salmoura 
de maior densidade. Nesta fase, a fauna e a flora presentes na salina ainda são semelhantes às do 
mar. Passado algum tempo, introduz-se na salmoura a Artémia salina, um microcrustáceo que 
atua como filtro biológico, absorvendo todos os microorganismos e purificando a salmoura. 
2.4.3.2.Cristalização do cloreto de sódio 
Nos cristalizadores, a evaporação da salmoura saturada precipita os cristais de sal. Cada 
cristalizador mantém uma camada de 30 a 40 centímetros de salmoura, que é trocada a cada 
trinta ou quarenta dias 
2.5.A Importância Do Mar 
 Segundo Krug&Castello (2017), nas últimas décadas, o passou a receber maior atenção, à 
medida que a sociedade foi adquirindo uma consciência mais profunda sobre a importância desse 
ambiente para a humanidade. O comércio e as comunicações internacionais, a obtenção de 
proteínas marinhas (extraídas e cultivadas), a biodiversidade, as fontes de energia, a exploração 
de combustíveis e minerais, a modulação do clima, entre outros, são temas da maior importância, 
não apenas para os países com litoral marinho, mas para todo o planeta, a natureza dinâmica dos 
oceanos e o significado que têm para o habitat terrestre, através da transferência de calor, 
absorção do CO2 e regulação do clima, conferem aos mesmos relevante papel para a manutenção 
da saúde do planeta. 
Os oceanos eles podem, ser útil para o homem em seguintes factores: 
 Moderação do clima; 
 Obtenção de energia; 
 Exploração mineral; 
9 
 
 Pesca; 
 Maricultura; 
 Biotecnologia; 
 Navegação; 
 Recreação; 
 Lançamento de dejectos; 
 Defesa. 
2.6.Historial da Oceanografia no Mundo 
Segundo Krug & Castello (2017, pág. 16), a evolução dos estudos sobre o mar pode ser dividida 
em três períodos: 
1. O primeiro remonta aos primórdios da navegação, período em que os pioneiros da arte 
passaram a registrar suas observações sobre pontos de referência visuais na costa, astros 
celestes, direcção dos ventos, correntes e sobre tudo aquilo que pudesse facilitar suas 
necessidades básicas de viagem; 
 O povo grego, cuja cultura marcou profundamente a civilização ocidental, fez da 
navegação um poderoso instrumento político e comercial. Por volta de 450 AC, o 
historiador grego Heródoto reuniu as informações disponíveis à época e elaborou um 
mapa detalhado, que tinha o Mar Mediterrâneo como área central: 
 
Figura 2:Mapa elaborado por Heródoto (485-420 AC), mostrando o Mediterrâneo, o Atlântico, a 
África e parte da Ásia, que teriam sido circunvagadas. 
10 
 
 No ano 150 DC, o astrônomo, matemático e geógrafo greco-egípcio Ptolomeu dividiu o 
globo em 360 graus de longitude e 180 graus de latitude. Desde então, estas são as 
coordenadas usadas para determinar posições, rotas e navegações. Outra contribuição 
significativa de Ptolomeu foi a invenção do astrolábio, instrumentoutilizado para 
determinar a altura dos astros sobre a linha do horizonte 
 No século VIII, um monge inglês, de nome Bede, foi o primeiro a entender e descrever a 
influência que a lua exerce sobre as marés. 
 No ano de 1675, foi criado o Observatório Real, em Greenwich, Inglaterra, onde mais 
tarde, em 1884, se estabeleceu a linha de longitude (o meridiano de Greenwich), 
dividindo a Terra em hemisférios Oeste e Leste 
2. O segundo refere-se a empreendimentos mais organizados e sistemáticos, com a 
aplicação de procedimentos científicos; 
 A segunda viagem do bergantim HMS Beagle, realizada entre os anos de 1831 e 1836, 
sob o comando de FitzRoy, foi o primeiro cruzeiro de pesquisa realizado no mundo. A 
missão consistia em efetuar o levantamento cartográfico das costas sul da América do 
Sul, dando continuidade a trabalhos anteriores de elaboração de cartas úteis à guerra 
naval e ao comércio. As cartas elaboradas continham desenhos de colinas (observadas a 
partir do mar), medições de suas alturas e anotações sobre ventos e correntes. 
 O capitão FitzRoy necessitava de um cavalheiro instruído, que pudesse acompanhar a 
viagem (inicialmente prevista para durar dois anos) e, ao mesmo tempo, atuar como 
naturalista de bordo. O jovem Charles Darwin, então com 22 anos, preencheu essa 
função. A partir dessa experiência, Darwin formulou sua teoria sobre a formação dos 
atóis e escreveu A Viagem do Beagle, livro que mudou o modo de ver o mundo. Na 
sequência, ao longo de quase 23 anos, Darwin elaborou sua Teoria da Evolução, dada a 
conhecer em 1859, com a publicação de A Origem das Espécies. 
 A ciência moderna do estudo dos oceanos é atribuída ao oficial da marinha 
norteamericanaMatthew Fontaine Maury (1806-1873). Em 1855, Maury publicou o que 
foi considerado o primeiro grande manual de Oceanografia, intitulado 
ThePhysicalGeographyoftheSea. O livro incluiu capítulos sobre correntes, em especial a 
do Golfo, atmosfera, correntes, fundos oceânicos, ventos, clima, movimentos da água e 
tempestades, além de outras informações relevantes para a ciência; 
11 
 
 A obra de Maury foi o resultado final da interpretação de uma grande quantidade de 
dados reunidos, mostrando que o autor tinha profunda convicção de que o mar era um 
ambiente dinâmico. Curioso é que o autor, por razões de saúde, não podia navegar, de 
forma que passou a acumular dados sobre barcos, ventos e correntes contidos em diários 
de bordo de muitos mestres. Para aumentar seus conhecimentos, Maury recorreu à ajuda 
de marinheiros de todos os tipos de barcos e de muitas nacionalidades, o que lhe permitiu 
correlacionar conhecimentos sobre uma vasta gama de variáveis ambientais. 
3. O terceiro compreende a Oceanografia moderna, como hoje é conhecida, com o crescente 
uso de recursos tecnológicos para a obtenção de dados, reconhecimento de grandes áreas 
geográficas, modernas embarcações e cooperação internacional. 
 VagnWalfridEkman desenvolveu, em 1902, a teoria da espiral (Espiral de Ekman), que 
relaciona a direcção do vento e as correntes oceânicas e explica matematicamente o que 
acontece com um objecto em um ambiente em rotação. Atualmente esse conhecimento é 
de extrema importância para o estudo de eventos biológicos nos sistemas de ressurgência. 
 No ano de 1915, o cientista e meteórologo alemão Alfred L. Wegener propôs a teoria da 
deriva dos continentes, explicando a movimentação e separação dos atuais continentes, 
que antigamente estiveram unidos. Essa teoria só foi confirmada em 1961, após a 
descoberta da Cordilheira Meso-Oceânica do Atlântico. 
 No ano de 1920, Alexander Behm captou o eco das ondas de som a partir do fundo do 
Mar do Norte, o que permitiu o desenvolvimento da ecossonda. 
 Os zoólogos William Beebe e OtisBarton desceram, em 1934, a 923 metros de 
profundidade, com o auxílio de uma batisfera suspensa por cabos. Foram os primeiros a 
observar directamente a vida marinha em grandes profundidades e onde não existe luz, 
confirmando as observações realizadas pelo cruzeiro do Meteoro 
 Em 1952, com o auxílio da ecos sondagem, o navio britânico Challenger II descobriu 
uma grande fenda nos oceanos, próximo às Filipinas, com cerca de 11 quilómetros de 
profundidade, que passou a ser conhecida como Fossa das Marianas. Em 23 de Janeiro 
de 1960 o batiscafo (veículo submarino preparado para suportar altas pressões) Trieste, 
projectado por Auguste Piccard, desceu nessa fossa, inaugurando uma nova era na 
exploração submarina. 
12 
 
 As expedições, documentários e material produzido por Jacques-Yves Cousteau (inventor 
do aqualung, aparelho de mergulho autónomo) muito contribuíram para a popularização 
dos oceanos e o conhecimento de sua flora, fauna e o delicado equilíbrio desse sistema. 
 Nos últimos anos, com o desenvolvimento de novas tecnologias, foram realizadas 
importantes descobertas nos ambientes marinhos, como as fontes hidrotermais em zonas 
profundas dos oceanos, revelando a presença de vida sob condições extremas, e também 
reservas de recursos minerais raros e de grande valor económico. 
2.7.Historial da Oceanografia em Moçambique 
Moçambique situa-se na África oriental, entre as latitudes 10°20’ S e 26°50’ S (Figura 1) e 
possui uma área aproximada de 783.000 Km
2
, dos quais cerca de 4500km2 é marinha. A 
plataforma continental, até a isóbata de 200m tem uma área de 104km2. A linha da costa tem um 
comprimento de cerca de 2700km e é caracterizado por uma diversidade de habitantes que inclui 
praias arenosas, dunas costeiras, recifes de corais, estuários, baías, florestas e pântanos de 
mangal, tapetes de ervas marinhas. 
As marés nas águas marinhas de Moçambique comportam-se como uma onda estacionária, isto 
é, a corrente de marés muda de sentido na maré cheia e na maré baixa e as maiores velocidades 
são observadas nos períodos intermediários. Ou por outra, a corrente está em fase em relação às 
marés - a velocidade é cerca de 3 horas, ou seja ¼ de revolução, atrasada em relação as marés. 
As marés são semidiurnas com desigualdade diurna bastante significativa (Hoguane, 1999). As 
alturas de marés na zona costeira no Banco de Sofala são relativamente altas em relação à 
vizinhança (Tabela 1), com valores por volta de 6.4m e, por vezes, atingindo 6.6m perto do Porto 
da Beira e durante as marés vivas (Brinca et al., 1983 e JCI Limited, 1998). Enquanto na zona sul 
e norte do país a altura de marés é cerca de 3 m (Hoguane, 1996). Na zona do talude continental 
no Banco de Sofala é também cerca de 3m (Gammelsrød&Hoguane, 1995). As marés são 
amplificadas quando se deslocam pela plataforma longa e pelo efeito de Kilven no canal de 
Moçambique. Não há nenhum registo sistemático de ondas do mar devido à força de vento em 
Moçambique, mas estimativas feitas para o Banco de Sofala por JIC Limited (1998), usando 
modelos numéricos, revelaram que a altura significativa das ondas no alto mar variam de 7m a 
11.7m e a maioria das ondas propagam-se de ESE-SE-SSE-S. 
As ondas em águas pouco profundas junto a costa apresentam-secom grande variabilidade 
quanto a altura e direcção, no espaço e no tempo, devido ao efeito de ao padrão de circulação das 
13 
 
águas oceânicas ao longo da costa de Moçambique, segundo Sætre& Silva (1982), é 
caracterizado por três células anticiclónicas, que variam a sua posição ao longo do ano, e por 
pequenos vórtices ciclónicos entre os grandes anticiclónicos. Durante o verão austral os vórtices 
anticiclónicos (I) e (II) parecem estar separados por um vórtice ciclónico e durante o inverno 
austral os dois vórtices parecem fundir-se num único, estendendo-se em forma de língua até à 
zona central da ZEE de Moçambique. Entre as células anticiclónicas (II) e (III) existe um sistema 
ciclónico. Por vezes, provavelmente durante a monção de sudoeste, ou seja, durante o inverno 
austral, o vórtice anticiclónico (III) estende-se em direcção a norte, atingindo os paralelos21o S 
até 22o S. Este fenómeno é de grande importância, uma vez que origina o transporte de água 
subtropical, fria e mais salina, para a zona central, podendo atingir o Banco de Sofala e 
influenciar, por conseguinte, a distribuição das espécies lá existentes. Junto à costa, foi 
observada, em muitos locais, e em várias ocasiões, uma corrente costeira para norte, admitindo-
se que ela é produto dos vórtices ciclónicos e/ou dos ventos. Essas correntes são mais 
proeminentes no Banco de Sofala (Steen e Hoguane, 1990 e na Baía Delagoa). 
2.8.Propriedades Físicas Da Água Do Mar 
Segundo Júnior &Assef (2017 pág. 112), água do mar é um fluido complexo formado por água 
pura, sais e gases dissolvidos, substâncias orgânicas dissolvidas e, também, inorgânicas 
articuladas. A presença de sais, em uma proporção aproximada de 3,5% do volume total dos 
oceanos, causa impacto em diversas propriedades, provocando um comportamento totalmente 
distinto daquele da água doce. As propriedades físicas afectadas são: compressibilidade da água; 
velocidade de propagação do som; densidade; condutividade eléctrica; índice de refracção da luz; 
temperatura de máxima densidade, e o ponto de congelamento, dessas propriedades as mais 
fundamentais são a densidade, temperatura e salinidade, por sua vez a distribuição da densidade 
das águas, é resultante da combinação dos efeitos da salinidade e da temperatura, tem um papel 
decisivo na circulação oceânica. 
2.8.1. Salinidade 
A água do mar contém, entre seus elementos mais importantes, os íons de cloro, sódio, enxofre, 
magnésio e cálcio. Em 1877, por meio da análise de amostras de água colectadas em todos os 
oceanos do mundo pela expedição do navio HMS Challenger, Dittmar elaborou sua conhecida lei 
da constância das proporções, a qual diz, em linhas gerais, que a salinidade varia de lugar para 
lugar, mas a proporção entre os elementos que a constituem permanece a mesma. A salinidade 
14 
 
foi inicialmente definida como a quantidade total de substâncias dissolvidas, dada em gramas, 
contida em um quilograma de água do mar após total evaporação (JÚNIOR & ASSEF 2017). 
Em 1902, a partir do trabalho de Knudsen, Sörensen e Forch, foi dada uma nova definição, 
envolvendo uma dissecação a peso constante, com titulação de amostras com nitrato de prata 
(AgNO3). A partir daí,a salinidade foi definida como a quantidade de matéria sólida, dada em 
gramas, contidaem um quilograma de água do mar quando todos os carbonatos tenham sido 
convertidosem óxidos, os brometos e iodetos substituídos por seus equivalentes em cloretos e 
toda amatéria orgânica oxidada. 
Aquantidade total de substâncias dissolvidas na água do mar se denomina “salinidade”, cujas 
unidades são grama por quilograma (g/kg). A salinidade dos oceanos vária normalmente entre 33 
que são encontrados nas altas latitudes e 37 % que são encontrados nas zonas tropicais. 
Salinidades mais baixas (28 a 29 %) são encontradas em águas costeiras. Alguns pequenos 
marestêm salinidade muito pequena (Báltico, 20 %) e outros muito grande (Mediterrâneo, 38 %o 
e Mar Vermelho, 40 %o). A salinidade de superfície é muito influenciada por dois factores: a 
evaporação, que a aumenta, e a precipitação, que a reduz. Em áreas costeiras, pode haver 
influência da descarga de rios ou da drenagem continental, que tendem a reduzir a salinidade de 
rios ou da drenagem continental, que tendem a reduzir a salinidade, Isto é, a distribuição da 
salinidade na camada de mistura vária com a latitude. Nos lugares onde a evaporação excede a 
precipitação (valores positivos), a salinidade é alta, e este é o caso das regiões tropicais. Nos 
casos inversos (P> E), aparecem valores relativos mais baixos e esta é a situação da região 
equatorial e de latitudes mais altas. O Equador é a área para onde convergem as massas de ar 
úmidas que, ao serem aquecidas pelo oceano, ascendem, propiciando altas taxas de precipitação 
e ocasionando aí um mínimo relativo de salinidade. Em latitudes superiores a 60°, além dos 
baixos valores associados às maiores taxas de precipitação, são observadas variações importantes 
devidas aos processos de congelamento (inverno) e degelo (verão) de grandes superfícies da 
água do mar. No inverno a salinidade aumenta, pois o processo de congelamento não retém sal; 
com o degelo de verão, ocorre o oposto. As variações estacionais são da ordem de 0,5 unidades 
de sal, que trazem importantes consequências para a circulação profunda dos oceanos, nas áreas 
próximas aos continentes os valores de salinidade chegam a ser inferiores a 32. 
Assim como na camada de mistura são encontradas variações latitudinais importantes de 
salinidade, verifica-se que o mesmo ocorre nas camadas situadas abaixo desta, essas variações 
15 
 
estão ligadas à chamada circulação termo-halina, que é devida às variações no campo da 
densidade, que forçam movimentos verticais de grandes volumes de água. Estes normalmente 
partem das camadas superficiais e atingem áreas mais profundas. 
2.8.2. Temperatura 
A segunda característica física importante da água do mar é a temperatura. O oceanógrafo físico 
tem interesse especial na temperatura e na salinidade porque tais características o ajudam a 
identificar tipos de água. 
Segundo Harari a temperatura no mar aberto varia entre os limites de -2°C e + 30°C, 
aproximadamente; o limite inferior é regulado pelo ponto de congelamento da água do mar, o 
qual é sempre maior que -2°C, de modo que há formação de gelo antes que a temperatura da 
água caia abaixo deste nível. Efectivamente, uma água do mar tendo salinidade de 37%o congela 
a -2.023°C, mas águas com esta salinidade relativamente alta não são encontradas nas altas 
latitudes, onde o congelamento normalmente ocorre. Com relação ao limite superior da 
temperatura, qualquer calor absorvido na camada de superfície tem a tendência de se espalhar 
através da hidrosfera, devido à alta capacidade do calor específico, condutividade térmica e 
mistura presentes no mar. E outra razão importante para a manutenção da temperatura no oceano 
abaixo de 30°C o fato que mais que a metade da energia recebida nas camadas superiores é 
utilizada para a evaporação, e o restante para variações de temperatura. Obviamente, isto não 
significa que a temperatura do oceano seja constante, mas sua variação é bem menor que a da 
atmosfera. 
 
Figura 3: Radiação solar no planeta influenciando para a variação da temperatura 
 
 
 
16 
 
2.8.2.1.Estrutura Vertical Da Temperatura 
Quanto à estrutura vertical, nas baixas e médias latitudes, há uma camada superior, de 
50 a 500 m de espessura, com temperatura próxima à da superfície, chamada “camada 
de mistura”; uma camada intermediária, estendendo-se até 500 ou 1000 m, na qual a 
temperatura declina bastante com a profundidade, chamada “termoclina principal”; e 
uma camada profunda, em que o declínio da temperatura com a profundidade é 
pequeno, chamada “camada de fundo”; já nas altas latitudes, a temperatura é 
relativamente uniforme segundo a vertical. A densidade tem padrão vertical similar 
ao da temperatura, sendo homogénea nas altas latitudes e com três camadas baixas e 
médias latitudes (superfície, “picnoclina” e de fundo). 
 
 
 
Figura4: perfis verticais de temperatura em altas e médias latitudes (Harari). 
 
2.8.3. Pressão 
A profundidade média dos oceanos é de 3730 m, a elevação média dos continentes é de 840 m, a 
máxima profundidade dos oceanos é de 11524 m (Fossa Mindanau, no Pacífico Oeste) e a 
máxima altitude dos continentes é de 8840 m (Monte Evereste, Himalaia, Ásia). A pressão 
atmosférica normal é 1 atmosfera ou 1013 milibares. Um decibar corresponde aproximadamente 
à variação da pressão associada com o aumento de 1 metro na profundidade; cada 10 metros em 
profundidade representam um aumento de pressão de cerca de 1 atmosfera. 
17 
 
2.8.4. Densidade 
A densidade é a propriedade que dita a forma como as águasoceânicas se distribuem 
verticalmente. Numa condição normal, dita estável, a densidade tende a aumentar com a 
profundidade. 
No oceano a densidade varia entre 1.020,00 e 1.030,00 kg/m3, indicando que a água do mar é de 
2 a 3% mais densa do que a água doce a 4 °C e em condições normais de pressão. Pelo fato de 
ter sido referenciada a temperatura e a pressão para a água de salinidade zero (doce) se conclui 
que a densidade depende directamente dessas variáveis. Assim, ela é directamente proporcional à 
salinidade (aumento da massa), inversamente proporcional à temperatura (variação de volume) e 
directamente proporcional à pressão, pela diminuição de volume que o aumento dessa variável 
acarreta (JÚNIOR & ASSEF 2017). 
Na Figura 2 são mostrados esquemas gerais de variação da (a) temperatura; (b) salinidade, e (c) 
densidade ao longo dos oceanos. Como visto, a densidade é o resultado final da combinação de 
temperatura e salinidade. Pela análise das curvas, a densidade segue a inversa da temperatura em 
praticamente toda a superfície oceânica. As excepções são as áreas de altas latitudes, onde a 
temperatura é quase constante e próxima ao ponto de congelamento e a salinidade varia sob os 
efeitos de congelamento e degelo. 
Entre 60° S e 60° N, a distribuição vertical de densidade (Sigma-t) apresenta o mesmo padrão da 
temperatura e salinidade, com um oceano em três camadas: a camada de mistura, a picnoclina e a 
camada profunda. 
2.9.Propagação Do Som Na Água Do Mar 
A onda sonora necessita de um meio elástico para se propagar. No ar a velocidade do som é da 
ordem de 340 m/s; na água do mar a velocidade do som (C) pode ser dada por: 
𝐶 = √
𝐸
𝜌
2
 𝑜𝑛𝑑𝑒 {
𝐸 → é 𝑎 𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 
𝜌 → é 𝑎 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 
 
Para fins práticos, trabalha-se com o inverso da elasticidade, a compressibilidade adiabática do 
meio, definida por K, utilizando-se a notação de dependência das variáveis na temperatura, 
salinidade e pressão, então a equação anterior pode ser então reapresentada para a água do mar 
como: 
18 
 
𝑪𝒔𝒕𝒅 = √
𝟏
𝑲𝒔𝒕𝒅. 𝑷𝒔𝒕𝒅
 
Dessa maneira, a velocidade do som depende da salinidade, da temperatura e da pressão. 
Começando pela salinidade, um aumento desta significa um aumento de densidade e, também, 
do coeficiente de compressibilidade. Se esses dois termos forem tratados de forma separada, a 
diminuição de velocidade causada pelo aumento de densidade é menor do que o aumento 
causado pela diminuição da compressibilidade. 
Como conclusão, a velocidade do som é directamente proporcional à salinidade. Para a variação 
de uma unidade de sal, a velocidade do som aumenta em 1,3 m/s. 
Temperatura e densidade têm uma relação inversa e com isso a velocidade do som é 
directamente proporcional à temperatura, numa razão de 3 m/s por grau de temperatura. 
A temperatura é, portanto, o factor mais importante no controle da velocidade do som. Isso é 
válido, sobretudo, na camada superior do oceano, que engloba a termoclina, Da mesma forma 
que a salinidade, o efeito da pressão na compressibilidade da água do mar é mais importante do 
que sobre a densidade, e a velocidade do som vai aumentar em 1,8 m/s a cada 100 m de 
profundidade. A pressão começa a ser dominante no perfil de velocidade do som a partir da base 
da termoclina, quando o efeito da temperatura é reduzido. 
No caso de meio homogéneo, a trajectória é linear. Se a fonte sonora for colocada numa área em 
que a velocidade diminui com a profundidade, os raios se refractarão para baixo (O contrário 
ocorre se ela for posicionada em uma área onde a velocidade aumenta. 
2.10. Propagação Da Luz Na Água Do Mar 
A incidência da radiação solar sobre a superfície da Terra pode ser considerada como a fonte de 
energia inicial de vários processos, incluindo a movimentação das massas de ar, os ventos, que 
geram no oceano movimentos importantes, na forma de correntes e ondas. Parte da radiação que 
se propaga para dentro da camada de mistura do oceano não só contribui para o aquecimento 
dessa capa, como também propicia o desenvolvimento de organismos fitoplanctônicos, por meio 
da fotossíntese 
A radiação solar, que incide sobre a superfície do mar com um ângulo αi, pode ser parcialmente 
reflectida de volta à atmosfera, com um ângulo de reflexão αr. No entanto, a maior parte é 
absorvida pela camada superior do oceano. Convém observar que o raio refractado aproxima-se 
da normal pois a velocidade da luz é menor na água do que no ar. Na água do mar, em 
19 
 
decorrência da presença de sais, o índice ou coeficiente de refracção da luz, estabelecido de 
forma geral, é maior do que o da água doce para a mesma temperatura. O índice de refracção é 
directamente proporcional à salinidade e inversamente à temperatura. 
2.11. Propriedades Químicas da Água do Mar 
Segundo Niencheski (2017) a água do mar é um meio cujas propriedades resultam da interacção 
de factores físicos, químicos, geológicos, biológicos e meteorológicos. Esses factores não atuam 
de forma isolada, por isso as propriedades químicas da água do mar devem ser entendidas como 
resultado de várias acções, que alteram a sua constituição quanto à concentração dos elementos 
dissolvidos e em suspensão, naturalmente regulados para a manutenção da vida nesse sistema. 
Para a compreensão das propriedades químicas da água marinha, são necessários estudos que 
iniciam com as particularidades da molécula da água e se estendem até o depósito final marinho 
dos elementos naturais ou sintéticos. Dessa forma, as actividades continentais, sejam naturais ou 
antrópicas, devem ser consideradas no estudo das propriedades químicas da água, bem como os 
processos de transferência de massa e energia nas interfaces oceanográficas: continente-oceano, 
ar-oceano e sedimento oceano. 
Os elementos químicos possuem particularidades e consequente diferenciação de comportamento 
no ambiente marinho. Por isso, a composição da água do mar pode ser dividida em grupos que 
são: 
1. Sólidos particulados: material que é retido em filtro de 0,45 μm de poro. Divide-se em 
material particulado orgânico, representado principalmente por detritos de plantas e 
animais, e material inorgânico particulado ou substâncias minerais; 
2. Gases: divididos em conservativos, como o nitrogénio e o agonio, e não conservativos, 
que têm relação directa com a vida marinha, como o caso do oxigénio dissolvido e o gás 
carbónico; 
3. Colóides: são as substâncias que passam através do filtro de 0,45 μm de poro, mas não 
são solúveis. São divididos em colóides orgânicos e inorgânicos; e 
4. Solutos dissolvidos: compreendem em solutos inorgânicos, sais que, em função de sua 
concentração na água do mar, subdividem-se em elementos maiores (aqueles que estão 
em concentração acima de 1 mg/l) e elementos menores. Elementos conservativos são 
elementos menores (geralmente em concentrações inferiores a 0,05 μm, em solutos 
20 
 
orgânicos, representados pelo carbono orgânico dissolvido, substâncias húmicas, 
carboidratos, esteróides, hidrocarbonetos, ácidos graxos e outros. 
A concentração de cada elemento em cada grupo é comandada, entre outros processos, pelo ciclo 
hidrológico, que possui acção directa sobre os ciclos biogeoquímicos dos elementos na água 
oceânica e nas suas interfaces oceanográficas (continente-arsedimento), uma vez que, por meio 
do intemperismo actuante sobre as matrizes rochosas, os elementos são transportados para os 
diferentes compartimentos da Terra (ar, água, biota e sedimento) e, então, carreados para o 
oceano. 
A qualidade das águas estuarinas e a concentração de elementos químicos é o resultado de uma 
complexa interacção de factores, incluindo o movimento das águas, a descarga de elementos, os 
processos biológicos e químicos insitu e os aportes antrópicos. 
Durante a mistura estuarina, a interacção entre o material dissolvido e particulado produz; 
1. Precipitação do material dissolvido,formando novas fases sólidas; 
2. Adsorção do material dissolvido nas fases sólidas, já presentes, que compreendem os 
minerais litogênicos, e as fases autogénicas, formadas pela precipitação do material 
dissolvido e do material orgânico vivo ou detrítico, originários de processos internos e 
externos ao estuário; 
3. Liberação do material adsorvido na fase sólida para a fase líquida por dissolução, 
dessorção e processos biológicos autolíticos e respiratórios. 
2.12. Interacção Oceano Atmosfera 
Segundo Rodrigues (2017, pág. 176-177), circulação atmosférica é causada pelo aquecimento 
diferencial entre as regiões tropicais e as regiões polares. Inicialmente, o ar sobre os trópicos 
começa a se aquecer e a se resfriar nas regiões polares. À medida que a atmosfera tropical 
aquece, a expansão térmica cria uma área de baixa pressão na superfície da Terra e uma área de 
alta pressão nos níveis altos. Isto cria uma força de gradiente de pressão do Equador para os 
polos, que resulta em um fluxo em direcção aos polos nos níveis altos. 
Esse fluxo para os polos redistribui a massa de ar próxima à superfície, causando diminuição da 
pressão nos trópicos e aumento nas regiões polares, isto é, uma força de gradiente de pressão na 
superfície dos polos para o Equador. Como resultado, um fluxo dos polos para os trópicos se 
desenvolve em níveis baixos, próximo à superfície, fechando uma célula de circulação meridional 
(paralela a linhas de mesma longitude) em cada hemisfério. 
21 
 
Porém, o fluxo em níveis baixos dos polos para os trópicos é deflectido para oeste (direita no HN 
e esquerda no HS) pela força de Coriolis. O fluxo em níveis altos dos trópicos para os polos é 
deflectido para leste em ambos os hemisférios. Nos níveis baixos, o atrito não permite que os 
fluxos se intensifiquem muito e deflictam para oeste. Mas o fluxo nos níveis altos não é limitado 
pelo atrito e torna-se intenso, totalmente zonal (paralelo a linhas de mesma latitude), de leste 
para oeste. Entretanto, esse fluxo não cresce indefinidamente. Quando alcança um valor crítico 
nas latitudes médias fica instável, apresentando então um carácter ondulatório. As instabilidades 
associadas ao fluxo são responsáveis por manter as células meridionais de Hadley confinadas até 
próximo das latitudes de 30°S e 30°N. Essas instabilidades quebram as células de Hadley, que se 
estenderiam do Equador aos polos, se a Terra não girasse (ou seja, se o efeito de Coriolis não 
existisse) e criam as células de Ferrel, que se estendem de 30° até aproximadamente 60° de 
latitude nos dois hemisférios. 
Dessa circulação geral emergem os principais padrões de ventos. Assim, os ventos alísios são os 
fluxos de níveis baixos das células de Hadley, que sopram de sudeste no HS e de nordeste no 
HN. Esses ventos encontram-se aproximadamente na linha do Equador, formando o que se 
conhece como Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Uma vez que a ZCIT recebe o ar 
quente e úmido das zonas tropicas dos dois hemisférios aliado à alta convecção, caracteriza-se 
por elevada precipitação. As regiões entre as células de Hadley e Ferrel, por serem regiões de 
alta pressão, estão associadas à subsidência de ar frio e seco e à divergência dos ventos próximo 
à superfície. Como consequência, são regiões secas, de baixa precipitação. Os cinturões de vento 
de oeste sopram entre 30° e 60° de latitude, Nota se que há uma variação longitudinal nesse 
padrão geral de ventos, devido à alternância de continente e oceanos, principalmente no HN. Isso 
causa um aquecimento/resfriamento diferencial. Nas regiões polares do HN, os oceanos são 
relativamente mais quentes do que os continentes; por esse motivo, áreas de baixas pressões são 
encontradas sobre os oceanos, caracterizadas por movimentos na forma de giros ciclônicos. O 
cinturão de ventos de oeste não é contínuo. Já nas regiões subtropicais, os oceanos são 
relativamente mais frios que os continentes. Portanto, altas pressões são encontradas sobre os 
oceanos na forma de giros anticiclónicos. Por exemplo, o giro de alta pressão sobre o Atlântico 
Sul é chamado de Alta Pressão do Atlântico Sul. Esse padrão geral de ventos influencia 
fortemente a circulação oceânica de larga escala. 
 
22 
 
2.13. Circulação Superficial e Profunda dos Oceanos 
Rodrigues (2017), afirma que a circulação gerada pelo vento resulta da interacção entre o arrasto 
(fricção) do vento sobre a superfície do mar, gradientes horizontais de pressão e a deflexão de 
Coriolis. As colisões de moléculas de ar com moléculas de água na superfície dos oceanos 
colocam as moléculas de água em movimento, gerando uma corrente oceânica. Isto significa que 
o momento é transferido das moléculas de ar para as de água. Uma vez que a camada superficial 
é colocada em movimento, exerce um arrasto (fricção) sobre as moléculas de água da camada 
abaixo, fazendo com que esta também se mova. Isso ocorre sucessivamente para as camadas 
inferiores. Se o vento persiste um longo período de tempo, o movimento é transferido para baixo 
na coluna de água. À medida que a profundidade aumenta, as correntes tornam-se mais fracas, 
pois vão ficando cada vez mais distantes de sua forçante (o vento na superfície). 
Além disso, a direcção das correntes também muda com a profundidade, por causa do efeito de 
Coriolis. 
No HS, a corrente da camada superficial move-se à esquerda da direcção do vento. A camada 
abaixo desta também deflecte para a esquerda em relação à direcção da corrente superficial e, 
sucessivamente, para as camadas inferiores. Como resultado, desenvolve-se uma corrente 
espiralada. Esse padrão de correntes é chamado de Espiral de Ekman Essa espiral pode se 
estender até profundidades maiores que 100 m. A camada que tem a influência directa do vento 
recebe o nome de Camada de Ekman de Superfície. A corrente na superfície é a 45° à esquerda 
do vento no HS e à direita no HN. Repare que a uma determinada profundidade, o sentido da 
corrente será oposto àquele da superfície, porém de menor intensidade. Ao considerar a coluna 
de água afectada pela Espiral de Ekman, verifica-se que o transporte total integrado 
verticalmente é a 90° à esquerda do vento no HS e à direita no HN. 
 
23 
 
 
Figura 5: Esquema da circulação termohalina (parte térmica). 
 
 
Figura 6:Circulação em águas profundas no Oceano Atlântico. 
2.14. Circulação Estuarina 
O transporte sedimentar que ocorre no litoral é devido ao conjunto dos agentes dinâmicos 
(ondas, correntes e ventos) e pode ser estudado separadamente. O transporte devido às ondas e às 
correntes associadas a elas são os mais intensos. O transporte por correntes geradas pela acção 
das ondas pode ser decomposto em: 
Transportelongitudinal – transporte de sedimentos que ocorre na zona de praia e a zona de 
arrebentação uma corrente paralela à costa, normalmente entre 0,3 e 1 m/s. rebentação, devido à 
incidência oblíqua das ondas, ao longo da praia. Desenvolve-se entre o Este processo também é 
conhecido como deriva litorânea. 
Transporte transversal – transporte de sedimentos que ocorre ao longo do perfil ondas. Nos 
locais onde se localizam as correntes de retorno formam-se canais com vigorosas partir de uma 
fonte, como um rio, por exemplo. Estas correntes costeiras (longitudnal e transversa) são os 
24 
 
principais mecanismos da circulação responsáves pela manutenção da Estas correntes são 
responsáves pelo transporte de material ao ongo da costa, a praia, seja no sentido mar/praia ou 
praa/mar. O transporte transversal também ocorre em correntes, que são locais de risco para 
banhistas, pois “puxam” em direção ao mar. pontosocaizados, pelas correntes de retorno. Este 
processo ocorre pelo fluxo e refluxo das ondas. Nos locais onde se localizam as correntes de 
retorno formam-se canais com vigorosas a partir de uma fonte.O transporte transversal também 
ocorre em correntes, que são locais de risco para banhistas, pois“puxam” em direcção ao mar 
como um rio, por exemplo. Estas correntes costeiras (longitudinal e transversa) são os principais 
mecanismos da circulação responsável pela manutenção. 
Estas correntes são responsáveis pelo transporte de material ao ongo da costa, a praia, seja no 
sentido mar/praia ou para/mar pontos ocaizados, pelas correntes de retorno. Este processo ocorre 
pelo fluxo e refluxo das estabilidades e equíbrio dos ambientes costeiros. Estabilidade e equíbrio 
dos ambientes costeiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
3. Conclusão 
Findo trabalho conclui que os oceanos são de extrema importância a nível ecológico, económico, 
política e sociocultural, pois eles geram de varias maneira vários benefícios para os seres 
viventes no plante, assim com podem gerar desastres para os mesmos. 
Os oceanos por tanto ocuparem mais parte da superfície do planeta acabam sendo eles os 
pioneiros principais nas mudanças climáticas no planeta devido a variação das suas propriedades 
físicas que são principalmente influenciadas pela incidência da radiação solar que directamente 
afecta a variação da temperatura que é inversamente proporcional a salinidade, densidade e 
pressão, factores esses que afectam directamente a variação da circulação das correntes 
oceânicas na superfície do mar, onde as correntes oceânicas movem se a esquerda da direcção do 
vento e nas camadas profundas deflecte para a esquerda em relação à direcção da corrente 
superficial e, sucessivamente, para as camadas inferiores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Referencias Bibliográficas 
 
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Vol 3 - Ocean circulation - 238 p. Vol 4 - waves, tides and shallow water processes - 187 
p. Vol 5 - ocean chemistry and deep-sea sediments - 134 p. Vol 6 - case studies in 
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Brasil. 
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