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GABRIEL GALEAZZI 1 SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL DEFINIÇÃO Limites de normalidade da menstruação Frequência → 24-38 dias Regularidade → variação < 7-9 dias Duração → < 8 dias Volume → < 80mL O sangramento uterino anormal (SUA) é a variação da menstruação normal na frequência, regularidade, duração ou volume e pode ser classificado em: SUA agudo → Episódio em mulher em idade reprodutiva, que não está grávida, em quantidade suficiente para que seja necessária uma intervenção para interromper a perda SUA crônico → Está ocorrendo há pelo menos 6 meses O SUA não é uma doença, é um sintoma que pode ser causado por várias doenças ginecológicas ou sistêmicas e pelo uso de alguns medicamentos Sangramento intermenstrual → SUA entre as menstruações Sangramento no meio do ciclo Fisiológico e comum Ocorre devido à queda dos níveis de estradiol, que acontece antes da ovulação Sangramento intermenstrual cíclico pré-menstrual ou pós-menstrual Pode ocorrer na primeira ou na segunda fase do ciclo menstrual Costuma apresentar-se como um sangramento discreto por um ou mais dias Pode ocorrer devido a um defeito da fase lútea ou devido a patologias estruturais Sangramento intermenstrual acíclico (aleatório) Não é cíclico e nem pode ser previsto Na maioria dos casos, é causado por patologias benignas (cervicite ou pólipos), mas pode ser causado pelo CA de Útero ou do Endométrio CLASSIFICAÇÃO (FIGO) A classificação FIGO é pelas etiologias de SUA das mulheres em idade reprodutiva não grávidas de acordo com o mnemônico PALM-COEIN ETIOLOGIAS (PALM-COEIN) CAUSAS ESTRUTURAIS (PALM) PÓLIPOS São tumores epiteliais que podem ser localizados na cavidade endometrial ou no canal cervical Sua prevalência é em cerca de 20-30% dos casos de SUA, sem mais comuns perto da menopausa A principal manifestação clínica dos pólipos é a menorragia ou a metrorragia Ao USG costumam mostrar-se como nódulos hiperecogênicos ADENOMIOSE É a presença de tecido endometrial entremeado no miométrio O diagnóstico definitivo é feito por meio do estudo anatomopatológico do útero (proveniente de histerectomia). Entretanto, é possível fazer o diagnóstico presumido por meio da história, exame físico e exames de imagem (USG e RNM) Os principais sintomas são aumento do fluxo menstrual e a dismenorreia (cólica menstrual) Acomete principalmente as mulheres na perimenopausa LEIOMIOMA São neoplasias benignas do músculo liso do útero (miométrio) Podem ser submucosos, intramurais ou subserosos Os submucosos e intramurais podem causar o SUA, sendo que os submucosos costumam provocar metrorragia (sangramento durante o mês inteiro), e os intramurais costumam provocar a menorragia ou hipermenorreia Apresenta-se no exame físico com a presença de um útero aumentado de consistência fibroelástica e contornos bocelados O USG é o exame mais utilizado para confirmar, os miomas costumam mostrar-se como nódulos hipoecogênicos MALIGNIDADE E HIPERPLASIA Pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais frequente nas mulheres perto da menopausa e após a menopausa Tanto a hiperplasia endometrial com atipia quanto o CA de endométrio e o sarcoma podem causar SUA A observação no USG de espessamento endometrial >4-5mm nas mulheres pós menopausa sem uso de TH e >8mm nas mulheres pós menopausa com uso de TH sugere o diagnóstico de hiperplasia endometrial ou CA de endométrio Nesses casos, está indicada a biópsia de endométrio (de preferência por meio do histeroscopia) CAUSAS NÃO ESTRUTURAIS (COEIN) COAGULOPATIA São distúrbios da hemostasia que podem se manifestar clinicamente por meio de SUA Estruturais •PALM •Pólipo •Adenomiose •Leiomioma •Malignidade e Hiperplasia Não estrutuais •COEIN •Coagulopatia •Ovulatório •Endometrial •Iatrogênica •Não classificada GABRIEL GALEAZZI 2 Elas podem ser encontradas em cerca de 20% das mulheres com sangramento menstrual aumentado, principalmente nas adolescentes A coagulopatia mais frequente é a doença de von Willebrand Devemos suspeitar de coagulopatia quando a paciente refere sangramento aumentado desde o início da menarca, outros episódios de hemorragia, hematomas frequentes de causa desconhecida, episódios de epistaxe ou sangramento gengival frequente e antecedente familiar de coagulopatias DISTÚRBIO OVULATÓRIO Os distúrbios ocorrem quando a mulher não está ovulando ou ovula esporadicamente São mais comuns nos extremos da vida reprodutiva, logo após a menarca e pouco antes da menopausa Durante o menacme, a causa mais frequente de anovulação crônica é a síndrome dos ovários policísticos O sintoma mais frequente da anovulação crônica é a irregularidade menstrual. Pode ocorrer também variação no volume da menstruação, com episódios de sangramento intenso Isso acontece porque na anovulação crônica ocorre a falta de progesterona, que seria produzida pelo corpo lúteo após a ovulação, evitaria a proliferação excessiva e estabilizaria o endométrio nos ciclos menstruais CAUSAS ENDOMETRIAIS Refere-se aos distúrbios primários do endométrio, que ocorrem devido a um distúrbio da hemostasia local por causa de uma resposta inflamatória O diagnóstico de patologias endometriais é de exclusão A confirmação do diagnóstico geralmente é feita por meio do estudo histológico (biópsia do endométrio) CAUSAS IATROGÊNICAS Anticoncepcionais (estrogênios e progestágenos) e andrógenos Análogos do GnRH, inibidores da aromatase, SERMs (agonista parcial do estrogênio) e SPRMs (agonista parcial da progesterona) Anticoagulantes Agonistas e antagonistas dopaminérgicos Uso de DIU de cobre ou SIU de levonorgestrel CAUSAS NÃO CLASSIFICADAS Malformação arteriovenosa uterina Hipertrofia miometrial Malformações müllerianas Istomocele secundária a uma cesárea DIAGNÓSTICO O sangramento vem do útero? Locais que podem ser confundidos com sangramento uterino Trato genital inferior (vulva, vagina ou colo do útero) Devemos suspeitar de uma lesão quando a paciente se queixa de sangramento após a relação sexual Trato urinário Trato gastrointestinal A paciente está gravida? Toda mulher com sangramento genital (no menacme) deve fazer o teste de gravidez A hipótese de gravidez sempre deve ser afastada nos casos de sangramento genital Qual a idade da paciente? INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA Anamnese e exame físico Solicitação do teste de gravidez (Beta HCG) Solicitação de hemograma completo e coagulograma Solicitação de USG para avaliar causas estruturais Solicitar dosagens hormonais se o quadro clínico sugere endocrinopatia (anovulação ou hiperandrogenismo) Se necessário, avaliação secundária com histeroscopia e biópsia do endométrio Recém-nascidas •Queda dos níveis estrogênicos Pré menarca •Corpo estranho • Trauma • Infecção • Prolapso uretral • Sarcoma botrioide • Tumor de ovário • Puberdade precoce Pós-menarca precoce •Disfunção ovulatória (imaturidade hipotalâmica •Coagulopatia • Stress (exercício físico, psicogênico) • Infecção •Gravidez Menacme •Disfunção ovulatória •Gravidez •Câncer • Pólipo, mioma, adenomiose • Infecção • SOP, tireoidopatia, hiperprolactinemia •Coagulopatia •Medicamentosa (ACO, etc) Perimenopausa •Anovulação • Pólipo, mioma, adenomiose •Câncer Pós-menopausa •Atrofia endometrial • Pólipo endometrial •Câncer • Terapia hormonal Tipo do sangramento Irregular Disfunção ovulatória/anovulação (TSH, PRL, FSH) + USTV Tireoidopatias Hiperprolactinemia Falência ovariana Regular USTV Anormal: investigar e tratar a causa específica Normal: causa endometrial GABRIEL GALEAZZI 3 Indicações de Avaliação Endometrial no SUA Idade > 45 anos Espessamento endometrial Mulheres com fatores de risco para CAde endométrio História de exposição estrogênica sem oposição da progesterona Dúvida no diagnóstico Idade entre 35-45 anos Sem melhora com tratamento medicamentoso Suspeita de sangramento anovulatório Idade < 35 anos Estimulação estrogênica prolongada TRATAMENTO Tratamento do SUA de acordo com a etiologia Pólipo Ressecção cirúrgica Adenomiose Histerectomia ou adenomiomectomia/tratamento clínico Leiomioma Miomectomia ou histerectomia/tratamento clínico Malignidade Cirurgia – tratamento adjuvante/altas doses de progestágenos/paliativo Coagulopatia Ácido trannexâmico Ovulatório Modificação do estilo de vida/cabergolina (hiperprolactinemia)/levotiroxina (hipotireoidismo) Endometrial Terapia específica/antibioticoterapia Iatrogênico Suspender o fator causal Não classificado Embolização para malformação arteriovenosa TRATAMENTO INICIAL Anticoncepcional combinado SIU levonorgestrel Progestágenos (altas doses) Anti-inflamatórios Antifibrinolíticos TRATAMENTO DO SUA AGUDO TRATAMENTO DO SUA DE CAUSA NÃO ESTRUTURAL Administração de progesterona (que está faltando no ciclo) → Anticoncepcionais combinados; Progestágenos isolados; SIU de levonorgestrel TRATAMENTO CIRÚRGICO Indicado especificamente para as patologias estruturais (PALM), para os casos de falha terapêutica medicamentosa ou para as pacientes que desejam um procedimento definitivo (histerectomia) A histerectomia é o tratamento cirúrgico definitivo para o SUA SUA Agudo - Tto Medicamentoso EV Estrogênio Conjugado 25mg EV a cada 4h Ácido Tranexâmico EV ou Ác. Aminocapróico EV Controle do Sangramento Manter tratamento por 3 meses Falha no controle do sangramento Tratamento cirúrgico VO ACHO (50 mcg EE) 6/6h Progestágenos isolados em altas doses Ácido tranexâmico 3- 4x/dia SUA Agudo Gravidez? Sim: Conduta específica para sangramento de causa gestacional Não: Dados clínicos: PA, hidratação, hemograma Hemodinamicamente estável? Não: Medidas para estabilização: reposição volêmica/transfusão Sem estabilização hemodinâmica Tratamento cirúrgico Sim: História detalhada, exame clínico e ginecológico + USG pélvico e investigação laboratorial Tratamento medicamentoso Sem controle? Tratamento cirúrgico
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