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Recurso Especial

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EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS
Processo n. xxxx
RECORRENTE: Ministério Público Federal 
RECORRIDOS: Laís da Cunha Silva
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo procurador Regional da República infra-assinado, vem, tempestivamente, à presença de Vossa Excelência, interpor:
RECURSO ESPECIAL
Em face do v. acórdão, com base no artigo 105, III, “a”, da Constituição Federal de 1988, e requerer o seu recebimento, processamento e remessa ao Colendo Superior Tribunal de Justiça, nos termos das anexas razões.
Termos em que, 
Pede Deferimento,
Goiânia, 03 de novembro de 2021.
Vitória Delfino Cabral 
RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL 
RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
RECORRIDOS: LAÍS DA CUNHA SILVA 
NÚMERO DO PROCESSO: XXXX
Colendo Superior Tribunal de Justiça 
 Excelentíssimos Julgadores
Vem respeitosamente diante de Vossa Excelência requerer que seja conhecido e provido o seguinte recurso pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos:
I. DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL
O presente é:
a. tempestivo, haja vista interposto dentro do interregno previsto na Legislação Adjetiva Civil (novo CPC, art. 1.003, § 5°);
b. o Recorrente tem legitimidade para interpor este recurso e, mais;
c. há a devida regularidade formal. 
Diga-se, mais, a decisão recorrida foi proferida em “última instância”, não cabendo mais nenhum outro recurso na instância originária (STF, Súmula 281). 
De mais a mais, a questão federal foi devida prequestionada. Essa foi expressamente ventilada, enfrentada, e dirimida pelo Tribunal de origem (STF, Súmula 282/356 e STJ, Súmula 211).
 Afora isso, todos os fundamentos, lançados no acórdão guerreado, foram infirmados neste, não havendo, por isso, a incidência da Súmula 283 do STF.
 Por sua vez, o debate trazido à baila não importa reexame de provas. Ao revés, unicamente matéria de direito, não incorrendo, portanto, com a regra ajustada na Súmula 07 desta Egrégia Corte. A contrariedade ao disposto em norma federal e divergência de interpretação entre os tribunais demonstra o cabimento do remédio constitucional ora manejado. 
II. DOS FATOS 
Laís da Cunha Silva, devidamente figurado como recorrido nestes autos, obteve a sentença sobre a figura típica do art. 33 c/c art. 40, III, ambos da Lei de Drogas, por ter praticado a conduta de ter adquirido e levar consigo, para o tráfico, 8 (oito) papelotes de cocaína. Em uma visita ao seu irmão na Penitenciária Odenir Guimarães, durante a revista foi encontrado os papelotes de cocaína, sendo assim presa em flagrante delito. 
Após transcorrida a instrução processual, a recorrida foi submetida a pena de 7 (sete) anos de reclusão. Ademais interpôs recurso de apelação, onde requereu sua absolvição diante a narrativa de coação moral irresistível, ou alteração, a desclassificação para o crime do artigo 28 da Lei n. 11.343/06. 
O Ministério Público em suas contrarrazões se estabeleceu diante da condenação de acordo com a denúncia, visto que na ação da sentenciada há comprovada nos autos o intuito mercantil. O recurso teve parcial provimento pelo TJ – GO, onde apenas foi afastado a causa de aumento da pena descrita no artigo 40, III, da Lei de Drogas. 
O TJ – GO entendeu que que já que a acusada não estava custodiada na instituição, não estavam presentes então as circunstâncias fáticas do modus operandi da majorante de tráfico, tendo fixado a pena em 5 (cinco) anos de reclusão. 
O MPF, então, interpõe o presente Recurso Especial, pelas razões de direito a seguir expostas.
III. DOS DIREITOS
III.1 CABIMENTO DO RECURSO 
O art. 105, III, da CF/88 delimita as matérias que podem ser levadas para a apreciação do Superior Tribunal de Justiça por meio do Recurso Especial: 
 
“Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
(...)
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
(...)”
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
(...)
 O acordão atacado ofende a alínea a do art. 105, III, da CF/88, contrariando o disposto no art. 59 e 64, inciso I, ambos do Código Penal, dentre outras disposições de Leis Federais lançadas no decorrer destas razões recursais. Ainda, o acórdão atacado ofende a alínea c do art. 105, III, da CF/88, ao trazer decisão divergente e em descompasso com decisões de outros Tribunais Regionais e dos Tribunais Superiores. 
Segundo a disciplina do art. 105 inc. III letra “a” da Constituição Federal, compete exclusivamente ao Superior Tribunal de Justiça apreciar Recurso Especial, quando fundado em decisão proferida em última ou única instância, se assim contrariar lei federal ou negar-lhe vigência. 
Outrossim, na hipótese vertente, afigura-se simples verificar que se trata de ofensa direta ao texto constitucional, não havendo qualquer necessidade de se adentrar na seara infraconstitucional para a solução da causa. Nesse cenário, exatamente isso que ocorreu, permitindo, desse modo, o aviamento deste recurso.
III.2 VIOLAÇÃO À LEI FEDERAL 11.343/06
De início, pondera-se eu, que a decisão é no mínimo invalida. Como consta em autos a acusada teria sido presa em flagrante, restando comprovada a prática delituosa, os argumentos dos Ilustres Desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, não encontram respaldo no dispositivo de lei utilizado para tal fim. 
De acordo com o entendimento de César Diario Mairano da Silva: 
Não há necessidade de que fique demonstrado que o sujeito traficava drogas diretamente com os frequentadores ou ocupantes destes locais, mas que o crime fora praticado nas dependências ou imediações deles. A pena é majorada exclusivamente em razão do lugar onde o tráfico é cometido, uma vez que serão seus frequentadores expostos ao risco inerente à atividade criminosa. (Lei de Drogas Comentada, 2ª Edição) 
 Observa-se que a causa de diminuição com base em meras ilações, sem respaldo probatório, a recorrida movida pela ilusão do lucro fácil, insurgiu-se na aventura criminosa, fazendo jus a pena inicialmente aplicada, pois é de competência deste juízo resgatar da marginalidade aqueles que ainda não se encontram mergulhados no submundo do crime.
O fato de que é recorrida não estava custodia na instituição, não pode de fato afastar a causa de aumento de pena descrita no artigo 40, inciso III, da Lei de Drogas, pois apenas utilizado o argumento de não se fizeram presentes as circunstâncias fáticas próprias do modus operandi da majorante de tráfico, viola a própria lei federal. Sobre o assunto já é pertinente o entendimento jurisprudencial: 
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. TRÁFICO DE DROGAS. CAUSA DE AUMENTO DO ART. 40, III DA LEI N. 11.343/2006. EFETIVO COMÉRCIO AOS FREQUENTADORES DAS LOCALIDADES ESPECIALMENTE PROTEGIDAS. DESNECESSIDADE. AFASTAMENTO DA MAJORANTE. IMPOSSIBILIDADE. EXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. AUSÊNCIA DE MANIFESTA ILEGALIDADE. ORDEM NÃO CONHECIDA. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado a justificar a concessão da ordem, de ofício. 2. O Superior Tribunal de Justiça tem posicionamento consolidado no sentido de que, para a incidência da majorante prevista no artigo 40, III, da Lei n. 11.343/2006, é suficiente que o crime tenha ocorrido nas imediações dos locais especialmente protegidos, sendo, pois, desnecessária comprovação da efetiva mercancia aos frequentadores dessas localidades. 3. Concluído pelas instâncias ordinárias, com fundamento nas provas colhidas nos autos, que a prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes ocorreu nas proximidades doslocais previstos no inciso III do art. 40 da Lei de Drogas, a pretensão de afastá-la demanda o reexame aprofundado do conjunto fático-probatório dos autos, o que é inviável na via estreita do habeas corpus. 4. Habeas corpus não conhecido. (STJ - HC: 450926 RJ 2018/0119402-8, Relator: Ministro RIBEIRO DANTAS, Data de Julgamento: 07/08/2018, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/08/2018)
O texto legal não faz menção de que a acusada deveria estar em prisão naquelas imediações, apenas exige que esteja provado que o autor pretendia adentrar ali com a droga, até porque entendimento diverso conduziria à ideia de que, esse tipo de ação não seria classificada na lei, vindo omitir o seu resultado final que seria a distribuição de drogas dentro da penitenciaria. Cabe aqui ressaltar a lição de Guilherme de Souza Nucci: 
A incidência da majorante em comento justifica-se pelo fato de que, "quanto maior for a aglomeração de pessoas, mais fácil, ágil e disseminado torna-se a mercancia da droga". (Leis Penais e Processuais Penais comentadas. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 282)
Como se trata de crime de perigo abstrato, basta para o aumento da pena que a conduta seja objetivamente cometida nas proximidades desses locais, independentemente de comprovação de que algum dos seus frequentadores tenha adquirido ou recebido a droga ou que o tráfico os tenha em mira. Fernando Capez é cirúrgico neste assunto quando diz: 
De fato, não é porque o resultado foi lesivo que a conduta deve ser acoimada de reprovável, pois devemos lembrar aqui os eventos danosos derivados de caso fortuito, força maior ou manifestações absolutamente involuntárias. (Curso de Direito Penal parte geral, volume 1, 11ª Ediação) 
No tocante, ressaltamos a jurisprudência: 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. DELITO COMETIDO NAS IMEDIAÇÕES DE ESTABELECIMENTO DE ENSINO. INCIDÊNCIA DA MAJORANTE PREVISTA NO ART. 40, III, DA LEI Nº 11.343/06. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A prática do delito de tráfico de drogas na proximidade de estabelecimentos elencados no inciso III, do art. 40, da Lei n.º 11.343/06, (instituição de ensino) já é suficiente para a aplicação da majorante, sendo desnecessária a prova de que o ilícito visava atender aos frequentadores desses locais. 2. Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg no REsp: 1349357 RS 2012/0221360-3, Relator: Ministro MOURA RIBEIRO, Data de Julgamento: 24/04/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 30/04/2014)
 No caso em tela, vislumbro que a majorante deve incidir, pois restou evidente que o crime fora cometido nas dependências da Penitenciária Odenir. Nessa linha, destaco o seguinte julgado: 
Apelação. Tráfico de drogas. Recurso do Ministério Público requerendo o aumento da pena-base, afastamento da confissão espontânea, aplicação da fração de 1/3 pela agravante da reincidência específica, reconhecimento da causa de aumento prevista no artigo 40, inciso III, da Lei de Drogas, e fixação de regime inicial fechado. Acolhimento parcial. Recurso ministerial provido em parte para reconhecer a causa de aumento prevista no artigo 40, inciso III, da Lei de Drogas, com redimensionamento da pena para 04 (quatro) anos, 06 (seis) meses e 13 (treze) dias de reclusão e pagamento de 453 (quatrocentos e cinquenta e três) dias-multa, além de fixação do regime inicial fechado. (TJ-SP - APR: 15002637020188260569 SP 1500263-70.2018.8.26.0569, Relator: Sérgio Coelho, Data de Julgamento: 18/12/2020, 9ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 18/12/2020)
Dessa forma, o Ministério Público Federal requer que sejam mantidos os critérios da Corte de origem, incidindo a causa de aumento prevista no art. 40, inciso III, da Lei n. 11.343/2006, como pode ser corretamente aplicada, reafixando a pena em 7 (sete) anos de reclusão. 
IV. DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer-se: 
a. Que seja admitido o presente Recurso Especial, na forma do disposto do artigo 105, III, da Carta Magna, para que este seja conhecido e provido por esse Egrégio Tribunal, reformando-se o julgado guerreado, mantendo a pena que sobreveio da primeira condenação.
Termos em que,
Pede Deferimento, 
Goiânia, 03 de novembro de 2022.
Vitória Delfino Cabral

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