Prévia do material em texto
Liquidação e cumprimento de sentença Profª. Larissa Pochmann false Descrição Conceito e procedimento da liquidação de sentença e do cumprimento de sentença. Propósito Identificar como pode se realizar o procedimento de liquidação de sentença e compreender o procedimento do cumprimento de sentença, para a efetivação do direito material. Preparação Antes de iniciar seu estudo, tenha em mãos o Código de Processo Civil. Objetivos Módulo 1 Liquidação de sentença Identificar o cabimento e o procedimento de cada modalidade de liquidação de sentença. Módulo 2 Cumprimento de sentença Analisar o procedimento de cumprimento de sentença provisório e definitivo da obrigação de pagar quantia certa. Módulo 3 Obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa Reconhecer o procedimento para o cumprimento das obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa. Executar é satisfazer uma obrigação devida, uma prestação reconhecida em um título executivo. Tratar da execução é trabalhar a efetivação do direito material, um direito que já foi reconhecido, mas ainda não foi satisfeito. Há duas técnicas processuais para viabilizar a execução: I. processo autônomo de execução; II. fase de cumprimento de sentença, ocorrida dentro de um processo já existente. Porém, para a execução, não basta ter título executivo, é preciso que a obrigação seja certa, líquida e exigível. Obrigação certa é aquela determinada sobre seu conteúdo, extensão e qualidade. Obrigação líquida é aquela na qual se identifica a quantia devida. Obrigação exigível é aquela em que não há dúvida sobre a impontualidade, sobre o fato de a obrigação não ter sido cumprida. Tratando-se de título executivo judicial, se a obrigação não for líquida, haverá a necessidade de liquidação. Neste conteúdo, nos ateremos ao procedimento de liquidação, para apurar o valor/a Introdução 1 - Liquidação de sentença Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o cabimento e o procedimento de cada modalidade de liquidação de sentença. Primeiras palavras O que é a liquidação? Antes de iniciarmos o conteúdo, vamos entender o conceito, cabimento e modalidades da liquidação da sentença? quantidade em títulos executivos judiciais e o procedimento de cumprimento de sentença, isto é, de satisfação das obrigações certas, líquidas e exigíveis previstas nos títulos executivos judiciais. Conceito A liquidação de sentença é um mecanismo processual que apura valor ou quantidade da obrigação, isto é, o quanto é devido, ou quantum debeatur, possibilitando o cumprimento de sentença. Não há, na liquidação de sentença, a rediscussão do julgamento, conforme artigo 509, §4º do Código de Processo Civil, mas apenas a apuração do valor ou da quantidade da obrigação. Inclusive, sobre esse tema, é importante destacar que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu quando a�rmou que a “jurisprudência desta Corte é no sentido de estar o cumprimento de sentença limitado ao comando estabelecido no título executivo, razão pela qual não se faz possível, no caso sob exame, a alteração do que foi de�nido no acórdão que julgou a apelação, sob pena de violação à coisa julgada” (STJ. AgInt no AREsp 1589708/SP. Rel. Min. Raul Araújo. Quarta Turma. DJ: 25/05/2021). A partir desse conceito, é preciso lembrar que a regra, no processo civil, é que o pedido seja certo e determinado, conforme preceituam os artigos 322 e 324, ambos do Código de Processo Civil e, consequentemente, que a sentença seja líquida. Ainda que, no momento do ajuizamento da ação, seja formulado um pedido genérico, tal como disposto no artigo 324, §1º do Código de Processo Civil, caso, até a prolação da sentença, seja possível apurar o valor/quantidade, nos termos do artigo 491 do Código de Processo Civil, o juiz irá proferir uma sentença líquida. Vejamos a seguinte situação: Imagine que houve um acidente e a vítima deseja buscar a reparação de danos, mas, até o momento do ajuizamento da ação, encontra-se afastada de suas atividades laborativas e não é possível apurar a real extensão do dano. É possível que seja ajuizada a ação e se, até o momento da prolação da sentença, não se puder apurar um valor a ser pleiteado a título de indenização, a sentença condenatória será ilíquida, cabendo a apuração do valor em sede de liquidação de sentença. É importante lembrar que, tratando-se de Juizado Especial, o pedido pode até ser genérico, conforme artigo 14, §2º da Lei nº 9.099/1995, mas a sentença precisará ser líquida, nos termos do artigo 38, parágrafo único, da Lei nº 9.099/1995. Liquidação: apenas de sentença? Apesar de o instituto ser denominado liquidação de sentença, a liquidação é, na verdade, de qualquer título executivo judicial. Como regra, não caberia a liquidação de títulos executivos extrajudiciais. Contudo, caso a obrigação constante no título executivo extrajudicial se converta em perdas e danos, será cabível a liquidação para apurar o quantum devido a título de perdas e danos. Momento da liquidação Momento da liquidação Esse momento dá-se de forma relativamente simples: A liquidação de sentença pode ser feita mesmo que esteja na pendência de recurso, conforme artigo 512 do Código de Processo Civil. Porém, para que possa haver o cumprimento de sentença, é preciso que a obrigação seja líquida ou já esteja liquidada. Caso na sentença haja uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta, conforme dispõe o artigo 509, §1º do Código de Processo Civil. Legitimados para a liquidação O artigo 509, caput, do Código de Processo Civil prevê a legitimidade tanto do credor como do devedor para a liquidação de sentença. O credor terá interesse de liquidar para, após apurar valor ou quantidade da obrigação, seguir com o cumprimento de sentença. Por sua vez, se a obrigação é ilíquida, o devedor não consegue realizar o cumprimento voluntário da obrigação, necessitando do procedimento de liquidação de sentença para, então, realizar o pagamento. Modalidades de liquidação de sentença Existem duas modalidades de liquidação de sentença previstas no Código de Processo Civil: Prevista nos artigos 509, inciso I, e 510, ambos do Código de Processo Civil, ocorre quando for determinado pela sentença ou convencionado pelas partes ou, ainda, o exigir a natureza do objeto da liquidação. As três hipóteses previstas em lei podem ser agrupadas em uma única hipótese: havendo necessidade de realização de prova pericial para determinação do quantum debeatur, o caso será de liquidação por arbitramento. Deverá ser nomeado um perito, na fase de liquidação, para apresentar laudo especificando o importe dos prejuízos que foram causados, observando-se a sistemática da prova pericial prevista no Código de Processo Civil. Então, se no caso concreto houver, por exemplo, a necessidade de realização de uma perícia para apuração dos danos, o procedimento da liquidação será o arbitramento. Prevista nos artigos 509, inciso II, e 511, ambos do Código de Processo Civil, ocorre quando houver necessidade de serem alegados e provados fatos novos. Para fins de conceituação de fato novo, é irrelevante o prisma temporal. Fato novo, a rigor, é aquele que não está nos autos. Não significa, necessariamente, que não existia, mas que não era conhecido na causa. A liquidação pelo procedimento comum observa o rito do procedimento comum previsto no processo de conhecimento. Então, quando houver algum fato que surgiu depois ou não era conhecido e, portanto, não foi levado ao conhecimento do juízo, mas pode interferir no valor da condenação, a liquidação será realizada pelo procedimento comum, sendo a parte contrária intimada, na pessoa de seu advogado se houver advogado constituído nos autos, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias. É importante destacar que no caso em que seja necessária a mera atualização monetária da dívida nos Liquidação por arbitramento Liquidaçãopelo procedimento comum necessária a mera atualização monetária da dívida, nos termos do art. 509, §2º e §3º, bem como do artigo 524, todos do Código de Processo Civil, não haverá liquidação de sentença. Na prática, por exemplo, é muito frequente que a sentença condene o réu a indenizar o autor em um valor X, fixando o critério de correção monetária, o percentual de juros de mora e seu termo inicial e os honorários sucumbenciais. Neste caso, não haverá liquidação de sentença. O valor a ser percebido poderá ser facilmente calculado: Basta a elaboração de cálculo aritmético, através de programa de atualização financeira, com a juntada da planilha discriminada de seu crédito ao pleito de realização da atividade executiva, para que se inicie desde logo o cumprimento de sentença. Liquidação de sentença penal condenatória e de sentença proferida no processo coletivo Veja como a liquidação ocorre no caso da sentença penal condenatória: Nesse primeiro caso a liquidação não será etapa posterior da sentença cognitiva mas etapa inicial de Nesse primeiro caso, a liquidação não será etapa posterior da sentença cognitiva, mas etapa inicial de um novo processo, devendo ser iniciada por petição inicial, com a necessidade de citação do condenado. Só que, encerrada a liquidação, o procedimento deverá observar o previsto nas modalidades de liquidação. Essa é uma das hipóteses excepcionais de título executivo judicial que permite a deflagração de processo autônomo. Já no caso de sentença proferida no processo coletivo: < Quando os credores, que foram lesados, requerem individualmente a liquidação da sentença coletiva, ocorrerá o que se denomina de liquidação imprópria. Nesse caso, incumbe ao credor demonstrar em sede de liquidação não apenas o quantum debeatur, mas também a sua própria legitimidade para requerê-lo. Cada credor, então, demonstrará a sua legitimidade e requererá ao juiz a fixação do quantum devido a título de indenização. A partir de então, a liquidação poderá ser feita por artigos ou pelo procedimento comum. Recorribilidade do provimento jurisdicional proferido em liquidação de sentença Como regra, o provimento jurisdicional proferido em liquidação de sentença é uma decisão interlocutória, que apenas apurará o valor da obrigação a ser cumprida. Assim, conforme previsto no artigo 1.015, parágrafo único do Código de Processo Civil, poderá ser impugnada através do agravo de instrumento. Após o valor apurado em liquidação, segue-se o cumprimento de sentença. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! Momento da liquidação Módulo 1 - Vem que eu te explico! Liquidação da sentença penal condenatória Todos Módulo 1 - Video O que é a liquidação? Módulo 2 - Video Cumprimento de�nitivo de sentença Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Cumprimento de�nitivo de sentença Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (FADESP ‒ 2017 ‒ Câmara de Capanema ‒ PA ‒ Procurador Jurídico ‒ Adaptada) Pela disciplina dos Títulos Executivos judiciais, exige-se que o título executivo não apenas esteja descrito no rol dos títulos judiciais, mas também contenha uma obrigação líquida, certa e exigível, de modo que, caso a obrigação a ser executada careça do requisito da liquidez, será possível o pedido de liquidação de sentença. Sobre a liquidação de sentença, é correto afirmar que: A Considera-se a obrigação líquida, quando sejam necessários apenas simples cálculos aritméticos, devendo o exequente instruir seu requerimento de cumprimento de sentença com a planilha discriminada do seu crédito. B Na liquidação pelo procedimento comum, haverá a nomeação de um perito, para apresentação de um laudo, para apurar o valor do dano sofrido. C A liquidação por arbitramento pretende analisar o impacto de fato novo no valor da condenação e, para isso, segue o procedimento comum. D A liquidação de sentença deve ser promovida pelo credor, não havendo interesse do devedor para promover a liquidação. E Na liquidação, abre-se a oportunidade de, mediante o mais amplo contraditório, alterar o julgado. Parabéns! A alternativa A está correta. A alternativa A reflete a previsão do artigo 509 §2º e §3º do Código de Processo Civil A alternativa A reflete a previsão do artigo 509, §2º e §3º do Código de Processo Civil. Tratando-se da necessidade de meros cálculos aritméticos, pode ser requerido o cumprimento de sentença. Questão 2 (FGV – OAB – IV Exame – 2011 ‒ Adaptada) Quando a sentença que reconhece obrigação de pagar não determina o valor devido, procede-se à sua liquidação, para que, então, possa dar-se o seu cumprimento. Em relação à sistemática da liquidação no Direito brasileiro, assinale a alternativa correta. A A liquidação de sentença se processa, como regra, através do ajuizamento de uma nova ação. B A liquidação pode ser requerida mesmo na pendência de recurso ainda não julgado pelo tribunal, hipótese em que deve ser processada em autos apartados no juízo de origem. C Requerida a liquidação, deve a parte contrária ser pessoalmente intimada. D Sempre que o pedido for genérico, o juiz pode proferir sentença ilíquida. E Cálculos aritméticos constituem modalidade de liquidação de sentença. Parabéns! A alternativa B está correta. A alternativa correta é a letra B, conforme previsto no artigo 512 do Código de Processo Civil. A liquidação não precisa aguardar o trânsito em julgado, podendo ser realizada na pendência de recurso. 2 - Cumprimento de sentença Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o procedimento de cumprimento de sentença provisório e de�nitivo da obrigação de pagar quantia certa. A execução provisória e a de�nitiva no cumprimento da obrigação de pagar quantia certa Cumprimento provisório de sentença é aquele realizado antes do trânsito em julgado, desde que o recurso não possua efeito suspensivo, conforme artigo 520, caput, do Código de Processo Civil. Caso o julgamento do recurso venha a modificar o título executivo, o cumprimento provisório poderá vir a ficar sem efeito total ou parcialmente, de acordo com a modificação do título executivo, conforme artigo 520, incisos II e III, do Código de Processo Civil. Já o cumprimento definitivo de sentença é aquele realizado após o trânsito em julgado, mesmo que o título possa ainda estar sujeito ao prazo decadencial de ajuizamento da ação rescisória. Então, na pendência de recurso de apelação, não poderá haver, como regra, cumprimento provisório de sentença. Porém, na pendência de recurso especial ou extraordinário, por esses recursos não possuírem, como regra, efeito suspensivo, poderá, em princípio, ser realizado o cumprimento provisório. Por sua vez, por ocasião do trânsito em julgado, ainda que o provimento jurisdicional possa ser objeto de ação rescisória, o cumprimento de sentença será definitivo. Como decorrência, pode-se constatar que, com o trânsito em julgado, o cumprimento provisório torna-se definitivo. Já o cumprimento definitivo é sempre definitivo, não havendo, à luz do Código de Processo Civil de 2015, hipótese em que o cumprimento definitivo poderia se transformar em provisório. Execução provisória no cumprimento da obrigação de pagar quantia certa A execução provisória segue, como regra, o mesmo procedimento da execução definitiva no cumprimento da obrigação de pagar quantia certa, conforme preceituado no artigo 520, caput, do Código de Processo Civil. Assim, prevê o legislador que a multa e os honorários que incidem na execução definitiva são também cabíveis na execução provisória, conforme disposto no artigo 520, §2º, bem como a impugnação enquanto modalidade de defesa do executado, nos termos do artigo 520, §1º do Código de Processo Civil. Regime jurídico diferenciado O cumprimento provisório da sentença é, em regra, realizado do mesmo modo que o definitivo, devendo ser observadas,entretanto, as seguintes peculiaridades: Conforme dispõe o artigo 520, inciso I, do Código de Processo Civil, “corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido”, responsabilidade civil essa que é reconhecida como de cunho objetivo. Nesse sentido, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (STJ) que: “Como regra, ante a possibilidade de modificação do título judicial que ampara a execução provisória, ao credor é imposta a responsabilidade objetivo de reparar os eventuais prejuízos causados ao devedor, restituindo-se as partes ao estado anterior” (STJ. REsp 1576994/SP. Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze. Terceira Turma. DJ: 21/11/2017). Nesse diapasão, o legislador permite que o exequente satisfaça imediatamente sua pretensão, com base em provimento jurisdicional que ainda está sendo discutido em sede de recurso e, justamente por isso, na hipótese de modificação do título executivo, o exequente deve arcar com eventuais prejuízos causados ao executado. Nesse caso, há a exigência de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos, para os atos importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado – se o exequente optar por iniciar o cumprimento de sentença antes do trânsito em julgado do provimento jurisdicional, para a prática de ato que importe transferência de posse ou alienação de propriedade será exigida caução em virtude dos potenciais danos que a atividade executiva pode causar. Responsabilidade objetiva do exequente A exigência de caução suficiente e idônea Porém, no artigo 521 do Código de Processo Civil, o legislador dispõe de situações em que poderá ser, no caso concreto, dispensada a caução. Poderá ser dispensada porque, como previsto no parágrafo único do mesmo dispositivo, a caução “será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação”. Assim, a exigência de caução ou não deve, a partir das hipóteses legais, considerar as chances reais de alteração no título executivo impugnado por recurso. Inciso I O artigo 521, inciso I, refere-se ao crédito de natureza alimentar, independentemente de sua origem. Neste caso, dada a natureza do crédito, não há qualquer limite de valor para que possa ser dispensada a caução. Inciso II O artigo 521, inciso II, contempla a hipótese de o credor demonstrar situação de necessidade, que é situação independente e não cumulativa com o inciso anterior, cabendo ao credor a prova da necessidade, a ser avaliada no caso concreto pelo magistrado. Uma das hipóteses que já foi aqui admitida foi no caso do credor ser beneficiário da gratuidade de justiça (nesse sentido: TRF3. Agravo de Instrumento nº 0010209-47.2016.4.03.0000/SP. Rel. Des. Federal Nelson Porfírio. Décima Turma. DJ: 11/10/2016). Inciso III O artigo 521, inciso III, dispõe sobre a dispensa de caução quando pendente o julgamento de Agravo em Recurso Especial ou Extraordinário, por ser considerada remota a possibilidade de reversão do entendimento. Inciso IV O i 521 i i IV d ibilid d d di d ã d i Procedimento A instauração do cumprimento provisório depende de requerimento do credor, através de petição endereçada ao juízo competente, conforme disposto no artigo 522 do Código de Processo Civil. Se os autos não forem eletrônicos, como preceitua o artigo 522, parágrafo único, deve ser instruído com cópia de algumas peças, exigência legal esta que decorre do fato de estarem os autos principais no Tribunal, para julgamento do recurso sem efeito suspensivo interposto da decisão que se pretende executar provisoriamente. As peças a serem juntadas são as cópias de: decisão exequenda; certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; procurações outorgadas pelas partes; decisão de habilitação, se for o caso; e, facultativamente, outras peças necessárias para demonstrar a existência do crédito. Iniciado o procedimento, o executado será intimado para cumprimento da obrigação, ainda que pendente de recurso e, caso não seja cumprida no prazo legal, estabelecido de acordo com a modalidade de obrigação na regulamentação do cumprimento definitivo, conforme disposto no artigo 520, §2º do Código de Processo Civil, haverá a incidência de multa e de honorários a que se refere o § 1º do art. 523. Ultrapassado o prazo de cumprimento voluntário, inicia-se o prazo para defesa, comportando o cumprimento provisório também a impugnação, tal como preceituado no artigo 520, §1º do Código de Processo Civil. Se no decorrer do procedimento houver o trânsito em julgado, o cumprimento provisório segue como definitivo. Caso contrário, a penhora poderá ocorrer, mas atos que representem levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, exigirão, como regra, caução. As exceções à exigência de caução estão na possibilidade de o juiz avaliar a dispensa, no caso concreto, a partir das situações previstas no artigo 521 do Código de O artigo 521, inciso IV, trata da possibilidade de dispensa de caução quando o provimento jurisdicional “estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos”, em nítido respeito aos julgamentos vinculantes, previstos no artigo 927 do Código de Processo Civil, casos em que, salvo distinção ou superação do entendimento firmado, não haveria alteração no título executivo. Processo Civil. Um questionamento que ainda pode surgir é: o cumprimento provisório se aplica apenas às obrigações de pagar quantia certa? A resposta é negativa. Conforme previsto no artigo 520, §5º do Código de Processo Civil, o cumprimento provisório se aplica, também, às obrigações de fazer, de não fazer ou de dar coisa, aplicando-se, nesses casos, no que couber, o que foi aqui analisado. Execução de�nitiva no cumprimento da obrigação de pagar quantia certa Neste momento será tratado o cumprimento definitivo das obrigações de quantia certa, realizado após o trânsito em julgado, ainda que pendente ação rescisória. É importante lembrar que, nos termos do artigo 969 do Código de Processo Civil, ressalvada a hipótese de concessão de tutela de urgência no bojo da ação rescisória, a propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda. Cumprimento de�nitivo de sentença Você está familiarizado com o cumprimento definitivo de sentença? Sabe como funciona? Neste vídeo, a professora Larissa Pochmann traz um panorama geral sobre o assunto. Requerimento do exequente e intimação do executado O cumprimento definitivo da obrigação de pagar quantia certa inicia-se a requerimento do exequente, que deverá peticionar nos autos com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, conforme disposto no artigo 524 do Código de Processo Civil. O executado será, então, intimado para pagar o débito, sendo que esta intimação será realizada na forma prevista no artigo 513, §2º do Código de Processo Civil. O prazo para pagamento do débito no cumprimento de sentença de quantia certa é de 15 dias. Muitos questionamentos já surgiram se o prazo para pagamento seria contado em dias úteis ou corridos. E isso terá diferença, em virtude das consequências sobre o inadimplemento, que serão abordadas. Neste ponto, ainda que não seja vinculante, cumpre salientar que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que: (...) a intimação para o cumprimento de sentença, independentemente de quem seja o destinatário, tem como finalidade a prática de um ato processual, pois, além de estar previsto na própria legislação processual (CPC), também traz consequências para o processo, caso não seja adimplido o débito no prazo legal, tais como a incidênciade multa, fixação de honorários advocatícios, possibilidade de penhora de bens e valores, início do prazo para impugnação ao cumprimento de sentença, dentre outras. E, sendo um ato processual, o respectivo prazo, por decorrência lógica, terá a mesma natureza jurídica, o que faz incidir a norma do art. 219 do CPC/2015, que determina a contagem em dias úteis. (STJ. Recurso Especial nº 1.708.348 – RJ. Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze. Terceira Turma. DJ: 25/06/2019) Esse prazo de 15 (quinze) dias é para pagamento integral da dívida, não sendo admitido o parcelamento legal no cumprimento de sentença, em virtude da vedação do artigo 916, §7º do Código de Processo Civil. Decorrências do não cumprimento da obrigação no l l prazo legal Caso não seja efetuado o pagamento no prazo legal, o legislador prevê três consequências: Incidência de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. Expedição de mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. Início do prazo para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. É importante destacar, ainda, que, independentemente desses três desdobramentos, ultrapassado o prazo para pagamento voluntário, o artigo 517 do Código de Processo Civil possibilita o protesto do título executivo judicial transitado em julgado, que, como providência do exequente, poderá ser mais uma medida de apoio para a efetividade da execução. Neste caso, para realizar o protesto, conforme prevê o artigo 517, §1º e §2º do CPC, o exequente deverá requerer uma certidão de inteiro teor, que contenha nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário. O protesto será cancelado no prazo de 3 dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação. Incidência de multa e de honorários O não cumprimento voluntário da obrigação levará à incidência de multa, no percentual de 10% e, também, de honorários, no mesmo percentual, tal como preceituado no artigo 523, §1º do Código de Processo Civil. O percentual de 10% de multa e de 10% de honorários incidirão apenas sobre as parcelas vencidas da dívida, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça. Um questionamento que surgiu é se esse percentual seria imutável ou poderia sofrer a apreciação equitativa do juiz, tal como preceituado para os honorários advocatícios no artigo 85, §8º do Código de Processo Civil. Imagine, por exemplo, que a empresa ABC requer o cumprimento de sentença em face da empresa XYZ, pleiteando o pagamento da quantia de 10 (dez) milhões de reais. Uma vez transcorrido o prazo para pagamento voluntário, caso o magistrado considerasse excessivo o valor dos honorários, poderia reduzi-lo? A resposta é não. Esse percentual não pode sofrer apreciação equitativa do juiz. Conforme decidido pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça: O percentual de 10% (dez por cento) previsto no art. 523, § 1º, do CPC/2015 não admite mitigação porque: i) a um, a própria lei tratou de tarifar-lhe expressamente; ii) a dois, a fixação equitativa da verba honorária só tem lugar nas hipóteses em que constatado que o proveito econômico é inestimável ou p q q p irrisório, ou o valor da causa é muito baixo (art. 85, § 8º, do CPC/2015); e iii) a três, os próprios critérios de fixação da verba honorária, previstos no art. 85, § 2º, I a IV, do CPC/2015, são destinados a abalizar os honorários advocatícios a serem fixados, conforme a ordem de vocação, no mínimo de 10% (dez por cento) ao máximo de 20% (vinte por cento) do valor da condenação, do proveito econômico ou do valor atualizado da causa. (STJ. Recurso Especial nº 1.701.824 – RJ. Rel. Min. Nancy Andrighi. Terceira Turma. DJ: 09/06/2020) E se o pagamento for parcial? Maria inicia cumprimento de sentença em face de Joana, pleiteando a satisfação da quantia de 5.500 (cinco mil e quinhentos) reais. No prazo para pagamento voluntário, Joana efetua o pagamento da quantia de 2.000 (dois mil) reais. Como seria a incidência da multa e dos honorários? A resposta é que a multa e os honorários incidem no mesmo percentual, mas, nos termos do artigo 523, §2º do Código de Processo Civil, incidirão sobre o restante, no caso, sobre o valor de 3.500 (três mil e quinhentos) reais. Expedição de mandado de penhora e avaliação Ultrapassado o prazo de pagamento voluntário sem que esteja satisfeita a totalidade do valor executado, o artigo 523, §3º do Código de Processo Civil prevê a expedição de mandado de penhora e avaliação, seguido dos atos de expropriação. Nos termos do artigo 831 do Código de Processo Civil, a penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios. Considerando que, nos termos do artigo 835 do Código de Processo Civil, o dinheiro é preferencial para a penhora, como consequência, deverá ser observado o procedimento previsto para a penhora on-line, tratado no artigo 854 do Código de Processo Civil. Porém, e se não houver valor em conta ou, pelo menos, não houver valor su�ciente disponível para satisfazer o não houver valor su�ciente disponível para satisfazer o montante que não foi cumprido voluntariamente? Nesse caso, é preciso lembrar que a petição que deflagra o cumprimento de sentença de quantia certa deve identificar, sempre que possível, conforme previsto no artigo 524, inciso VI, do Código de Processo Civil, bens que poderiam ser penhorados. Se o exequente não tiver indicado bem à penhora, serão realizadas diligências para a localização de bens penhoráveis, observando-se, para isso, a ordem de preferência na penhora prevista no artigo 835 do Código de Processo Civil. Embora tratada no Livro referente ao Processo de Execução, a penhora de bens observará o procedimento previsto nos artigos 831 e seguintes do Código de Processo Civil. Ao efetivar a penhora, como regra, o oficial de justiça fará a avaliação imediata do bem, lavrando-se auto. A avaliação dos bens está prevista nos artigos 870 a 875 do Código de Processo Civil e não ocorrerá nas hipóteses previstas no artigo 871 do Código de Processo Civil. Não sendo satisfeita a obrigação de pagar quantia certa, prossegue-se com a etapa expropriatória, que pode se realizar, conforme artigos 825 e 879, ambos do Código de Processo Civil, e podem ocorrer da seguinte forma: Adjudicação, tratada nos artigos 876 a 878 do Código de Processo Civil. Alienação, que pode ser por iniciativa particular, tratada no artigo 880 do Código de Processo Civil ou, então, por leilão, disposta nos artigos 881 a 903 do Código de Processo Civil. Apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens, nos artigos 867 a 869. Impugnação ao cumprimento de sentença A outra decorrência é a de que, transcorrido o prazo previsto no artigo 523 do CPC sem o pagamento voluntário, terá início o prazo para impugnação. É importante destacar que a impugnação será oferecida nos próprios autos, dentro do prazo de 15 dias, contados em dias úteis, aplicando-se o prazo em dobro no caso de litisconsórcio patrocinado por escritórios de advocacia. Esse prazo fluirá após o esgotamento do prazo de cumprimento voluntário, não sendo o executado intimado novamente para oferecimento de defesa e nem mesmo havendo a necessidade de garantia do juízo. O oferecimento da impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, conforme previsto no artigo 525, §6º do Código de Processo Civil. Assim, o efeito suspensivo poderá ser requerido ao julgador, desde que os fundamentos sejam relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. Caso seja concedido, o efeito suspensivo se refere apenas ao que foi objeto de impugnação,conforme previsto no artigo 525, §8º, bem como apenas aos que impugnaram (art. 525, §9º), salvo se o fundamento for comum a todos os executados. É importante ressaltar que o efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens, conforme previsto no artigo 525, §7º do Código de Processo Civil. E o que pode ser alegado em impugnação? Resposta As matérias de defesa do executado em impugnação estão listadas nos incisos do artigo 525 do Código de Processo Civil. Alguns dos temas listados nos incisos do artigo 525 estão previstos nos parágrafos desse dispositivo. Veja: Inciso III Quando o artigo 525, inciso III, refere-se à inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação, remete-se aos parágrafos doze a quinze do mesmo dispositivo, que tratam da declaração de inconstitucionalidade de lei pelo Supremo Tribunal Federal, que poderá ser alegada em impugnação caso seja anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda. Caso o julgamento do Supremo Tribunal Federal tenha sido proferido após o trânsito em julgado da decisão exequenda, há, neste dispositivo, outra hipótese de ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. Cumprimento de sentença invertido O Código de Processo Civil tratou, no artigo 526 da possibilidade de, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, o devedor comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo. Nesta situação, o autor terá a oportunidade de, no prazo de 5 dias, manifestar-se sobre o depósito. Se concordar com o valor depositado será declarada satisfeita a obrigação e o processo será extinto Já se Inciso IV O inciso IV trata da alegação de penhora incorreta ou avaliação errônea, que só será alegada no momento da impugnação caso já tenha sido realizada a penhora em virtude do não cumprimento voluntário da obrigação. Caso contrário, aplica-se o parágrafo onze do mesmo dispositivo, abrindo-se prazo para impugnação após a realização do ato. Inciso V O inciso V dispõe sobre o excesso de execução ou a cumulação indevida de execuções, alegação que deve ser remetida aos parágrafos quarto e quinto do mesmo dispositivo, sendo imprescindível que venha acompanhada de demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo com o valor que entende ser correto. Se não apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução. Inciso VII Destaca-se, por fim, que, dentre as matérias que podem ser alegadas pelo executado em impugnação ao cumprimento de sentença, tem-se, no inciso VII, a alegação de incompetência absoluta ou relativa do juízo, mas, como consta no parágrafo segundo, a alegação de impedimento ou suspeição deve ser realizada por petição, não sendo matéria a ser alegada na impugnação. Se concordar com o valor depositado, será declarada satisfeita a obrigação e o processo será extinto. Já se o autor alegar a insuficiência do depósito, vindo o juiz a concluir que o valor depositado é inferior ao devido, sobre a diferença – e apenas sobre a diferença ‒ incidirão multa de dez por cento e honorários advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com penhora e atos subsequentes. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! Regime jurídico diferenciado Módulo 2 - Vem que eu te explico! Impugnação ao cumprimento de sentença Todos Módulo 1 - Video O que é a liquidação? Módulo 2 - Video Cumprimento de�nitivo de sentença Falta pouco para atingir seus objetivos. Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O cumprimento provisório de sentença inicia a efetivação do direito material mesmo quando o provimento jurisdicional ainda está pendente de recurso, desde que desprovido de efeito suspensivo. Sobre o cumprimento provisório de sentença, assinale a alternativa correta: A O cumprimento provisório de sentença de obrigação de pagar quantia certa, impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo, poderá alcançar a satisfação antecipada da pretensão do credor, pois realizada da mesma forma que o cumprimento definitivo, desde que observe integralmente o regramento, especialmente no tocante à prestação de caução, disposto no Código de Processo Civil. B O cumprimento provisório de sentença de pagar quantia certa poderá ser instaurado de ofício pela jurisdição, pois se trata da efetivação de direitos. C O cumprimento provisório de sentença de pagar quantia certa ficará sem efeito sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo as partes e terceiros ao estado anterior, liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos. Inclusive, essa restituição ao estado anterior implica, conforme expressa previsão legal, o desfazimento da transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizado. D A caução prestada nas hipóteses legais, suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juízo e prestada nos próprios autos, poderá ser dispensada, desde que, cumulativamente, o crédito seja de natureza alimentar, independentemente de sua origem, no valor máximo de 60 salários mínimos, e o credor demonstrar situação de necessidade. E O cumprimento provisório de sentença se iniciará por petição nos autos, endereçada ao juízo onde estiver pendente de julgamento o recurso. Parabéns! A alternativa A está correta. A alternativa reflete a previsão do artigo 520 do Código de Processo Civil, seguindo o cumprimento provisório as normas do cumprimento definitivo, apesar das disposições específicas que apresenta. Questão 2 (IDCAP ‒ 2019 ‒ Câmara de Boa Esperança ‒ ES ‒ Procurador Legislativo) Nos termos do Código de Processo Civil, o executado, no cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia certa, pode apresentar impugnação no prazo de 15 dias, alegando, dentre outras, o excesso de execução, requerendo, se desejar, a suspensão da execução. Em relação à impugnação ao cumprimento de sentença, assinale a alternativa correta: A O juiz poderá deferir o pedido de efeito suspensivo da execução se o executado garantir o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, se os fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar-lhe grave dano de difícil ou incerta reparação. B O juiz deferirá obrigatoriamente o pedido de efeito suspensivo da execução se o executado garantir o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, se os fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar-lhe grave dano de difícil ou incerta reparação. C O juiz poderá deferir o pedido de efeito suspensivo da execução se o executado garantir o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes e se os fundamentos forem insuficientemente relevantes. D O juiz poderá deferir o pedido de efeito suspensivo da execução se o executado garantir o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes. E O juiz nunca poderá deferir o pedido de efeito suspensivo da execução. Parabéns! A alternativa A está correta. A alternativa A está em consonância com o disposto no artigo 525 §6º do Código de 3 - Obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o procedimento para o cumprimento das obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa. Do cumprimento da obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa Nas obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa, assume relevo o dever de colaboração do devedor,buscando-se, sempre que possível, a tutela específica, isto é, atribuir ao exequente o que está previsto no A alternativa A está em consonância com o disposto no artigo 525, §6º do Código de Processo Civil. A impugnação não possui, como regra, efeito suspensivo, que poderá ser requerido ao juiz no caso concreto. título executivo, da forma como ali previsto. Impossibilidade de tutela especí�ca Quando não for possível a tutela específica, o magistrado deve assegurar o resultado prático equivalente ao do adimplemento. Conversão em perdas e danos Por sua vez, diante da impossibilidade de cumprimento da obtenção da tutela específica ou do resultado prático equivalente, converte-se a obrigação em perdas e danos. Exemplo No caso de uma internação de urgência em hospital público, a tutela específica seria a própria internação no hospital público. Na falta de leito disponível, pode-se obter o resultado prático equivalente da internação em um hospital particular às custas do ente público. Nesse sentido, revelam-se importantes nesses procedimentos as medidas de apoio, inclusive, tratando-se de obrigação de fazer e não fazer, o artigo 536, §1º do Código de Processo Civil dispõe sobre um rol exemplificativo contemplando as seguintes medidas: Imposição de multa Busca e apreensão Remoção de pessoas ou coisas Desfazimento de obras Impedimento de atividade nociva A multa, também denominada de astreinte, costuma ser uma relevante medida de apoio, apesar de não ser a única, merecendo destaque alguns de seus aspectos. A multa ou astreinte A multa é referida nos artigos 537, caput; 806, §1º e 814, parágrafo único, todos do Código de Processo Civil, e pode ser fixada em valor único ou de forma diária, para que haja o cumprimento da obrigação. Atenção A incidência da multa é independente do requerimento da parte, conforme previsto no artigo 537, caput, do CPC, e poderá incidir na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. O valor da multa, para ser razoável, deve observar alguns parâmetros, quais sejam: AGRAVO INTERNO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. OBRIGAÇÃO DE FAZER. DEVOLUÇÃO DE BEM POR CONTA DE REFORMA DE LIMINAR EM AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. MULTA DIÁRIA. EXORBITÂNCIA. POSSIBILIDADE DE REVISÃO. ASTREINTES. PARÂMETROS DE FIXAÇÃO. ... 2. No tocante especificamente ao balizamento de seus valores, são dois os principais vetores de ponderação: a) efetividade da tutela prestada, para cuja realização as astreintes devem ser suficientemente persuasivas; e b) vedação ao enriquecimento sem causa do beneficiário, porquanto a multa não é, em si, q p q um bem jurídico perseguido em juízo. 3. O arbitramento da multa coercitiva e a definição de sua exigibilidade, bem como eventuais alterações do seu valor e/ou periodicidade e, exige do magistrado, sempre dependendo das circunstâncias do caso concreto, ter como norte alguns parâmetros: i) valor da obrigação e importância do bem jurídico tutelado; ii) tempo para cumprimento (prazo razoável e periodicidade); iii) capacidade econômica e de resistência do devedor; iv) possibilidade de adoção de outros meios pelo magistrado e dever do credor de mitigar o próprio prejuízo (duty to mitigate the loss). ... 8. Agravo interno não provido. (STJ. AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1733695 – SC. Rel. Min. Luis Felipe Salomão. Quarta Turma. DJ:22/03/2021) Segundo já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, “A função das astreintes é justamente no sentido de superar a recalcitrância do devedor em cumprir a obrigação de fazer ou de não fazer que lhe foi imposta, incidindo esse ônus a partir da ciência do obrigado e da sua negativa de adimplir a obrigação voluntariamente”. (STJ. Recurso Especial nº 1.474.665 – RS. Rel. Min. Benedito Gonçalves. Primeira Seção. DJ: 26/04/2017). Pelas disposições do Código de Processo Civil, pode-se notar que o valor fixado a título de astreinte poderá ser majorado ou reduzido, não precluindo e nem estando acobertado pela coisa julgada. Nos termos do artigo 537, §3º do Código de Processo Civil, a decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte. O valor da multa, se não voluntariamente cumprido, será percebido pelo procedimento do cumprimento de sentença de quantia certa. Cumprimento das obrigações de fazer e não fazer Cumprimento de obrigações de fazer e não fazer Entenderemos como o cumprimento de cada obrigação se dá no vídeo a seguir, apresentado pela professora Larissa Pochmann. Agora que você assistiu ao panorama geral dado pela professora, deve ter compreendido que: As obrigações de fazer referem-se a uma atuação. As obrigações de não fazer consistem em abstenção. Nos termos do artigo 536 do Código de Processo Civil, poderá o juiz, de ofício ou mediante requerimento, adotar medidas de apoio objetivando o cumprimento da obrigação através da tutela específica. O artigo 536, §1º do Código de Processo Civil dispõe sobre um rol exemplificativo de medidas de apoio para o cumprimento da obrigação e o §2º complementa que, uma vez que seja expedido mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ 1º a 4º, se houver necessidade de arrombamento. Comentário Cabe, ainda, lembrar que o artigo 536, §3º possibilita a incidência nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência. Se a obrigação for satisfeita, o cumprimento de sentença será extinto. Agora, se a obrigação não for satisfeita, é importante distinguir no caso se seria uma prestação fungível ou infungível. Prestação fungível Tratando-se de uma prestação fungível, como, por exemplo, a construção de um muro, caso o executado não cumpra, o cumprimento poderá se dar por terceiro, levando em conta o resultado prático a ser obtido, e não a pessoa que prestaria a obrigação. O cumprimento da prestação por terceiro é tratado pelo legislador nas disposições pertinentes ao processo de execução, nos artigos 816 e 817. Prestação infungível Já se a prestação é infungível, isto é, só puder ser cumprida pelo executado, como, por exemplo, no caso de confecção de uma obra de arte, apenas o descumprimento acabará gerando a apuração de perdas e danos, com a percepção das perdas e danos através do procedimento de cumprimento de sentença de quantia certa. Cumprimento das obrigações de entrega de coisa certa O cumprimento das obrigações de entrega de coisa está previsto no artigo 538 do Código de Processo Civil, sendo que a coisa já deverá ser certa. Após o prazo previsto no título executivo ou fixado pelo juízo, serão adotadas medidas de apoio para entrega da coisa: Se a coisa tiver se deteriorado, não tendo mais utilidade ao exequente, a obrigação será convertida em perdas e danos. Se a coisa tiver sido alienada para terceiro, será expedido mandado contra o terceiro adquirente, que somente será ouvido após depositá-la. Aqui aplicam-se, no que couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer, conforme previsto pelo artigo 538, §3º do Código de Processo Civil. Tratando-se de cumprimento de sentença, a defesa do executado será a impugnação, mas, em impugnação, não será possível alegar a retenção de benfeitorias realizadas na coisa, pois, conforme disposto no artigo 538, §3º do Código de Processo Civil, o direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! A multa ou astreinte Módulo 3 - Vem que eu te explico!Cumprimento da obrigação de entrega de coisa certa Todos Módulo 1 - Video O que é a liquidação? Módulo 2 - Video Cumprimento de�nitivo de sentença Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Nas obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa, busca-se a tutela específica e, não sendo possível, o resultado prático equivalente. Sobre o procedimento do cumprimento dessas obrigações, assinale a alternativa correta: A No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, somente mediante requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. B No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer, uma vez fixada a multa, não poderá haver alteração de seu valor. C No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de entregar coisa, não cumprida a obrigação no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. D No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, conforme rol taxativamente previsto no Código de Processo Civil, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. E No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, a multa depende de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. Parabéns! A alternativa C está correta. A alternativa retrata a única opção correta, com medidas de apoio para satisfação das obrigações de entrega de coisa, previsto no artigo 538 do Código de Processo Civil. Questão 2 A multa é uma importante medida de apoio para a obtenção da tutela específica nas obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa. Sobre a multa, assinale a alternativa correta: A A aplicação da multa depende de requerimento da parte, compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. B O valor fixado a título de multa será, ao final, recolhido e revertido aos cofres públicos. C A multa é a única medida de apoio prevista no ordenamento jurídico brasileiro. D O valor da multa poderá ser majorado ou reduzido, já que sobre ele não incide preclusão, tampouco há a formação de coisa julgada. E O valor da multa será recebido pelo mesmo procedimento no qual ele foi fixado. Parabéns! A alternativa D está correta. A alternativa está de acordo com o artigo 537 do Código de Processo Civil, que trata da majoração e da redução da multa, já que sobre ela não incide preclusão e não há a formação da coisa julgada. Considerações �nais Neste conteúdo, tratou-se do procedimento de liquidação e de cumprimento de sentença envolvendo as obrigações de pagar quantia certa, fazer, não fazer e entrega de coisa. A liquidação de sentença apura o valor ou quantidade da obrigação prevista em título executivo judicial, para que estejam todos os requisitos necessários para o cumprimento de sentença. A liquidação, segundo o Código de Processo Civil, poderá ocorrer por arbitramento, quando houver a necessidade de perícia, ou pelo procedimento comum, quando houver a necessidade de alegar e provar fato novo, capaz de interferir no valor da condenação. A mera elaboração de cálculos aritméticos não é liquidação de sentença, dando origem direto ao cumprimento. Por sua vez, o cumprimento de sentença, dependendo do momento, pode ser provisório ou definitivo e o procedimento varia de acordo com o tipo de obrigação. Antes do trânsito em julgado, sendo o recurso desprovido de efeito suspensivo, o cumprimento será provisório e, por isso, poderá estar sujeito à caução para atos de levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real ou dos quais possa resultar grave dano ao executado. Após o trânsito em julgado, o cumprimento será definitivo, mesmo que pendente o julgamento de ação rescisória. Podcast Neste podcast, a professor Larissa Pochmann irá tratar do cumprimento de sentença, discorrendo sobre o cumprimento de sentença provisório e o definitivo. Referências ASSIS, A. de. Manual da execução. 21. ed. São Paulo: RT, 2021. CÂMARA, A. O Novo Processo Civil Brasileiro. 7. ed. Rio de Janeiro: Gen/Atlas, 2021. CARNEIRO, P. C. P. O Novo Processo Civil Brasileiro. Exposição sistemática do processo: de conhecimento; nos tribunais; de execução; tutela provisória. 2. ed. Rio de Janeiro: Gen/Forense, 2021. DIDIER JR., F.; CUNHA, L. C. da; BRAGA, P. S.; OLIVEIRA, R. A. de. Curso de Direito Processual Civil. v. 5. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. MARINONI, L. G.; ARENHART, S. C.; MTIDIERO, D. Curso de Processo Civil. v. II. 6. ed. São Paulo: RT, 2021. PINHO, H. D. B. Manual de Direito Processual Civil Contemporâneo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. THEODORO JÚNIOR, H. Curso de Processo Civil. v. II. 53. ed. Rio de Janeiro: Gen/Forense, 2020. THEODORO JÚNIOR, H. Processo de execução e cumprimento de sentença. 30. ed. Rio de Janeiro: Gen/Forense, 2020. Explore + Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema: Assista a: AGU Explica – Impugnação ao Cumprimento de Sentença, YouTube. Leia: Novo CPC traz mudanças no cumprimento definitivo de sentença, de José Rogério Cruz e Tucci, ConJur. Leia: Liquidação de sentença no novo CPC, de Elpídio Donizetti, GENJURÍDICO. Ouça: Podcast Novo CPC ‒ Do cumprimento da sentença: disposições gerais, de José Tesheiner, YouTube. Ouça: Podcast Novo CPC ‒ Cumprimento definitivo da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa, de José Tesheiner, YouTube. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF()