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12 
 
 
Semiologia da Pele 
RONALDO LUCAS 
"O HOMEM É O ÚNICO ANIMAL QUE SE RUBORIZA. O PIOR É QUE TEM MOTIVOS." 
(Mark Twain) 
INTRODUÇÃO 
A pele é o maior órgão de um organismo - aquele que determina as 
formas, dá características às raças e mantém o recobrimento piloso, tão 
nobre em algumas espécies que por décadas, e ainda hoje, queremos 
usá-las ou imitá-las como vestimenta. 
É a barreira anatómica e fisiológica entre o organismo e o meio am-
biente, promovendo proteção contra injúrias físicas, químicas e microbio-
lógicas. É sensível ao calor, ao frio, à dor, ao prurido e à pressão. 
Justamente por ser um órgão tão exposto o tegumento sofre várias 
agressões, refletindo na casuística das clínicas e hospitais veterinários 
grande parte do atendimento destinado a casos de dermatologia -
dependendo do autor consultado estima-se que os casos de dermato-
logia em medicina veterinária, mormente na clínica de pequenos ani-
mais, representam 30 a 75% de todos os atendimentos, quer como queixa 
principal ou como queixa secundária. Em nosso território, os levanta-
mentos são escassos, porém aqueles pouco realizados revelam resulta-
dos semelhantes aos estrangeiros. 
Este sistema pode, ainda, apresentar-se alterado quando outros órgãos 
são acometidos. A pele pode ser considerada o "espelho do organismo", 
refletindo processos instalados internamente, aumentando ainda mais as 
queixas de processos cutâneos indicados pelos proprietários dos animais. 
642 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
Funções da Pele 
Pode-se relacionar inúmeras funções ligadas 
ao tegumento: 
• Proteção contra perdas: possibilita um meio in 
terno adequado para outros órgãos e impede a 
perda de água, eletrólitos e macromoléculas. 
• Proteção contra injúrias externas; químicas, físi 
cas ou microbiológicas, contando, neste último 
caso, com uma variedade de bactérias e fungos 
que faz parte da microbiota e impede a "ocupa 
ção de seu habitaf por agentes oportunistas. 
• Produção de estruturas queratinizadas, como 
pêlos, unhas e a camada córnea, que novamente 
irão colaborar com as funções de proteção contra 
lesões, frio e com a movimentação e obtenção 
de alimentos. 
• Flexibilidade: além da colaboração clássica com 
a proteção contra lesões físicas, esta proprie 
dade, mais observada nos mamíferos, é que 
permite às espécies grande capacidade de rea 
lizar diferentes movimentos. 
• Termorregulação: pela sustentação do manto 
piloso, regulação dos vasos sanguíneos e da 
função glandular. 
• Reservatório: pode estocar eletrólitos, água, 
vitaminas, ácidos graxos, carboidratos, proteí 
nas, entre outros. 
• Imunorregulação: apresenta imunidade celu 
lar e humoral capaz de controlar infecções ou 
inibir o desenvolvimento de neoplasias. 
• Pigmentação: processada na pele, a melanina 
determina a coloração dos pêlos e da pele, pro 
movendo proteção contra os efeitos dos raios 
solares não só pela absorção, como também 
pela difusão da radiação ultravioleta. 
• Secreção: as glândulas sudoríparas e sebáceas 
apresentam diferentes funções ligadas à ma 
nutenção e à lubrificação do recobrimento pi 
loso, termorregulação e determinação de odo 
res, entre outras. 
• Produção de vitamina D: esta importante vi 
tamina necessita de sua ativação cutânea, para 
que possa ser utilizada pelo organismo. 
• Identificação: estudos comprovam que as super 
fícies das narinas, espelho nasal, apresentam ca 
racterísticas individuais e podem, a exemplo das 
impressões digitais dos humanos, ser utilizadas 
como nasolabiogramas na identificação e reconhe 
cimento de um determinado animal. 
• Percepção: por meio da complexa e especiali 
zada rede nervosa cutânea, a pele é o órgão 
receptor sensitivo do calor, frio, dor e tato. 
REVISÃO ANATÓMICA 
E FISIOLÓGICA 
A pele se insere ou dá continuidade às mucosas em 
todos os orifícios do organismo (digestivo, respirató-
rio, ocular e urogenital). A pele e os pêlos variam 
quantitativa e qualitativamente entre as diferentes 
espécies, entre as raças numa mesma espécie e in-
dividualmente entre animais de uma mesma raça. 
Existem ainda diferenças entre regiões anatómicas 
de um mesmo indivíduo, além daquelas determina-
das por identificação sexual e etária. 
Geralmente a espessura da pele decresce ven-
tralmente, é mais espessa nas regiões cervical dor-
sal, torácica dorsal, cefálica e base da cauda, sendo 
mais delgada nas regiões das orelhas, axilar, ingui-
nal e perianal. Nessas observações se excluem os 
coxins palmo-plantares. De maneira geral, a espes-
sura da pele varia de 0,4 a 2mm cm felinos e de 0,5 
a 5mm em caninos; nos grandes animais, apresen-
ta-se com 2,2mm em suínos, 2,6mm em ovelhas, 
2,9mm em caprinos, 3,8mm em equinos e 6mm em 
bovinos. O recobrimento piloso acompanha também, 
de maneira geral, o comportamento da pele, sendo 
mais denso nas áreas mais espessas e mais rarefeito 
nas regiões de pele fina. 
O pH da pele tem fundamental importância na 
escolha de um xampu destinado à higienização ou nos 
ditos xampus terapêuticos. Um xampu é considerado 
neutro quando tem o mesmo pH da pele. 
A superfície cutânea dos mamíferos é, de 
maneira geral, levemente ácida. O pH cutâneo dos 
carnívoros domésticos varia de 5,5 a 7,5, na pele 
de bovinos o pH apresenta-se ao redor de 5,5; 
entretanto, nos equinos é que ocorre a maior va-
riação, apresentando-se entre 4,8 e 6,8, chegando 
ao limite de 7,9 quando há sudorese exacerbada. 
Em estudos realizados com cães, pôde-se obser-
var que o pH sofre várias interferências, podendo 
inclusive variar num mesmo animal em diferen-
tes dias. Claramente o pH varia conforme a região 
anatómica, o tipo de manto piloso, a identificação 
sexual, o status sexual e a raça. 
Estrutura da Pele 
A pele compõe-se, essencialmente, de três 
grandes camadas de tecidos: uma camada supe-
rior - a epiderme; uma camada intermediária - a 
derme; e uma camada profunda - a hipoderme ou 
tecido celular subcutâneo. 
644 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
Os queratinócitos dessa camada sintetizam grâ-
nulos lamelares, que terão importância na barrei-
ra de proteção oferecida pela epiderme. 
Camada granulosa. É assim denominada pois 
suas células caracterizam-se pela presença de grande 
quantidade de grânulos, de tamanho e forma irre-
gulares, compostos por querato-hialina. Em pele 
recoberta por pêlos apresenta de duas a quatro 
camadas, já em peles desprovidas de pelame apre-
senta-se com quatro a oito camadas. As células desta 
camada apresentam-se nucleadas, achatadas e 
basofílicas, contendo em seu citoplasma grânulos 
basofílicos e irregulares. Esses grânulos são com-
postos de polifilagrina e citoqueratinas, precurso-
res da filagrina e do envelope queratinizado da ca-
mada córnea, respectivamente. A filagrina apre-
senta duas funções: agrega e alinha os filamentos 
de queratina, além de produzir a matriz que in-
terpõe tais filamentos no corneócito (célula da 
camada córnea); é fonte de aminoácidos livres que 
garantem a hidratação normal da camada córnea. 
Camada lúcida. É uma camada fina de células 
anucleares, mortas e completamente queratinizada. 
Está situada entre a camada granulosa e a camada 
córnea, apresenta-se homogénea e suas células 
contêm uma substância semifluida, denominada 
eleidina. Essa camada celular ocorre exclusivamente 
em coxins palmo-plantares e plano nasais, inexistindo 
em outras regiões do corpo. 
Camada córnea. É a camada mais externa da 
epiderme, composta por queratinócitos em sua fase 
final de desenvolvimento. É uma camada compos-
ta basicamente por algumas camadas de células 
envoltas por uma matriz lipídica. As células, cha-
madas de corneócitos, apresentam-se anucleares e 
de coloração eosinófila. Os corneócitos são constan-
temente perdidos por um processo denominado 
descamação. O número de corneócitos perdidos, 
assim como a espessura da epiderme, são mantidos 
pela velocidade de reprodução da camada basal. Em 
seu último estágio de diferenciação, o queratinóci-
to apresentauma estrutura altamente especializa-
da em sua periferia, chamada de envelope celular, 
que possui funções protetoras por conter políme-
ros insolúveis, que são desenvolvidos a partir de pro-
teínas sintetizadas na camada espinhosa. Esse en-
velope queratinizado e impermeável oferece suporte 
estrutural às células e resiste à invasão de micro-
organismos e agentes ambientais deletérios. 
Os corneócitos apresentam-se cobertos por um 
filme homogéneo, formado a partir de secreção 
sebácea e lipídeos intercelulares, tendem a ocul-
tar a estrutura das escamas e suas junções inter- 
celulares. Os lipídeos têm um importante papel 
na diferenciação, estruturação e função da epider-
me. Sua constituição muda dramaticamente du-
rante o processo de queratinização. No início, as 
células contêm uma grande concentração de fos-
folipídeos e finalmente predominam ceramidas, 
colesterol e ácidos graxos. As células da camada 
córnea contêm seis vezes a concentração de lipí-
deos encontrados nas células da camada basal. Es-
sas evidências sugerem que os lipídeos de super-
fície de animais são de origem epidérmica, ao passo 
que, nos humanos, se originam das glândulas se-
báceas. Todos os elementos, quais sejam, a que-
ratina intracelular, o envelope celular queratinizado 
e os lipídeos intercelulares, assumem papel im-
portante na estabilidade estrutural e funcional da 
epiderme, principalmente da camada córnea. 
Se considerarmos a epiderme, mais especifica-
mente a camada córnea, como um muro, teremos, no 
lugar de tijolos, corneócitos e no lugar de cimento, 
lipídeos. Fica claro observarmos que um muro bom é 
aquele com bons tijolos e bom cimento, ambos na 
proporção ideal. Havendo qualquer falha em um dos 
dois elementos o muro pode ruir. 
Melanócitos. São o segundo tipo celular encon-
trado na camada basal, encontrados também na matriz 
dos folículos pilosos e nos duetos de glândulas se-
báceas e sudoríparas. São células que, à coloração 
habitual por H&E, aparecem como células claras, 
com núcleo pequeno e hipercromático, além de 
citoplasma transparente, levemente basófilo. Co-
lorações pela prata evidenciam a natureza dendrítica 
dos melanócitos (Fig. 12.1), com numerosos pro-
longamentos longos e ramificados que se relacio-
nam com células da camada espinhosa suprajacente. 
No geral existe um melanócito para cada 10 a 20 
queratinócitos. Os melanócitos, conjuntamente com 
os queratinócitos com que funcionalmente se relaci-
onam, constituem as unidades epidermo-melânicas 
da pele. 
Essas células apresentam, no seu citoplasma, 
organelas especializadas denominadas melanos-
somas, onde ocorre a síntese e a deposição de 
melanina pelo armazenamento de tirosinase arma-
zenada pelos ribossomos. Os melanócitos também 
apresentam algumas funções bem determinadas: 
promovem a coloração responsável pela proteção 
e atração sexual; protegem contra radiações, es-
pecialmente a radiação ultravioleta (UV); partici-
pam nos processos inflamatórios. Há teorias que 
propõem que, apesar de absorver as UVA e UVB, 
 
Figura 12.1 - Esquema de corte histológico 
de pele, com detalhes do bulbo piloso, rede 
vascular da derme e melanócito. Desenho 
de Fernando Tadeu Tavares Fernandez. 
Glândula 
sudorípara 
apócrina 
(epitriquial 
Papila 
in 
<D 
3 
c[ 
o 
10 
S' 
a 
O) 
CTl 
^ U1 
Epiderme 
Derme 
Queratinócito 
Melanócito 
Músculo 
piloeretor 
Inervação 
 
646 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
a mclanina não consiga absorver todas as frequên-
cias de radiação UV; porém, parece participar da 
fotoproteção inativando radicais livres produzidos 
em resposta às demais faixas de UV. 
A melanina é responsável pela pigmentação 
da pele e dos pêlos. A pigmentação cutânea se 
dá de duas maneiras: aquela decorrente de infor-
mação genética, sem influência de outros fato-
rcs, e a pigmentação facultativa, na qual a pig-
mentação é influenciada por vários fatores, entre 
eles, a radiação UV, desequilíbrios hormonais e 
processos inflamatórios. O pigmento melânico 
compreende dois tipos de melanina que, habitu-
almente, se apresentam em mistura: a cumelanina, 
polímero marrom derivado da tirosina e as feome-
laninas, compostos amarelo-avcrmelhados que 
também se originam da tirosina, porém com um 
composto intermediário, a dopaquinona. Os que-
ratinócitos influenciam a proliferação, o número 
de dendritos e a produção melânica dos mela-
nócitos por meio de fatores solúveis, sendo o mais 
ativo o FGF, produzido pelos queratinócitos em 
fase de divisão celular intensa. Outros fatores que 
interferem na atividade melanocítica são hor-
monais (MSH - hormônio estimulador do mela-
nócito e hormônios sexuais), mediadores de infla-
mação, vitamina D,, além dos já citados fatores 
genéticos. Particularmente o a-MSH é um 
pcptídio neuroimunomodulador e antiinflamatório 
que é sintetizado e liberado pelos queratinócitos, 
células de Langerhans, fibroblastos e células endo-
teliais, além dos próprios melanócitos. Os recep-
tores para esse peptídeo podem ser encontrados 
também nestas células. O a-MSH diminui a produ-
ção de citocinas pró-inflamatórias, funciona como 
antagonista da interleucina I, modulando assim 
a inflamação cutânea e as doenças hiperprolife-
rativas da pele. Esses efeitos podem ser mais sig-
nificativos que os efeitos de pigmentação que este 
peptídeo provoca na epiderme. 
Observando as ações do a-MSH na epiderme, 
pode-se compreender melhor o fato de grande parte 
das dermatopatias inflamatórias crónicas apresentar-
se hiperpigmentadas. 
Além dos melanócitos, existem outras células 
dendríticas na epiderme, as células de Langerhans. São 
células desprovidas de tirosina, que não aumentam 
de tamanho por estimulação pelo ultravioleta e que 
se coram pelo cloreto de ouro. Possuem os corpús-
culos cm formato de raquete de ténis, que rece-
bem o mesmo nome das células. Atualmente, são 
consideradas células monocitárias macrofágicas, 
atuando no processamento primário de antígenos 
exógenos que atingem a pele. Originam-se na medula 
óssea e são mantidas, não somente a partir de re-
servatórios da medula óssea, mas também através 
da atividade mitótica de uma pequena parcela na 
própria epiderme. Possuem receptores para a por-
ção Fe da IgG, IgE c C;. Graças a essa estrutura 
imunológica, a célula de Langerhans é capaz de 
reconhecer antígenos, processá-los e apresentá-los 
aos linfócitos T, iniciando, assim, sua ativação. E 
possível que, através dessas propriedades imunes, 
tais células participem não somente nas reações de 
sensibilização das dermatites de contato, mas tam-
bém da rejeição de enxertos, na proteção às infec-
ções virais e, também, na eliminação de células neo-
plásicas originadas na pele. Alterações qualitativas 
e quantitativas têm sido registradas em várias doen-
ças, como lúpus eritematoso, vitiligo, micose fun-
góide e atopia. 
Finalmente, existem na epiderme, mormen-
te na camada basal e em folículos pilosos táteis 
especializados, as células de Merkel, que não são 
visualizadas na microscopia óptica convencional, 
porém são evidenciadas na microscopia eletrôni-
ca, onde podem ser evidenciados grânulos que 
contêm substâncias ncurotransmissoras, como a 
enolase neurônio-específica. Sua origem é discu-
tida, considerada como de origem neural, pois estão 
associadas a terminações nervosas e desempenham 
funções táteis e sensitivas. 
Derme 
A derme compreende um verdadeiro gel rico 
em mucopolissacarídeos, fibras colágenas e elásti-
cas, além de diferentes tipos celulares. E um com-
plexo sistema formado de material insolúvel (co-
lágeno e elastina) que protege a pele de forças pro-
vocadas por tensão, ao passo que a substância so-
lúvel (os mucopolissacarídeos) protege a pele de 
forças compressivas. Nessa camada de pele, estão 
alojadas as estruturas anexas da pele, como as glân-
dulas sudoríparas, os folículos de pêlos, as glându-
las sebáceas e o músculo eretor do pêlo, além de 
vasos sanguíneos, linfáticos e estruturas nervosas. 
Como a epiderme de animais não formacones à 
semelhança daqueles observados na epiderme 
humana, não há a presença de derme papilar e 
reticular. Nos animais a derme é dividida em su-
perficial e profunda. A derme também está envol-
vida na regulação do crescimento e na prolifera-
ção celular. O material extracelular da derme é 
Semiologia da Pele 647 
produzido pelos fibroblastos, que respondem a 
vários estímulos provenientes dos queratinócitos, 
células inflamatórias e estímulos próprios. 
As fibras dcrmicas são produzidas pelos fibro-
blastos e dividem-se em três tipos: colágenas, reti-
culares e elásticas. As fibras colágenas correspon-
dem a 90% das fibras da derme e são divididas em 
14 tipos de colágeno, alguns com funções bem ca-
racterizadas, outras com funções ainda pouco defi-
nidas, porém de maneira geral respondem pela 
estruturação, arranjo arquitetônico da pele e suas 
estruturas anexas, além de participarem da adesão 
dcrmo-epidérmica e permitirem a comunição en-
tre as diferentes camadas do tecido. As fibras elás-
ticas que constituem o sistema elástico da pele estão 
envolvidas, as mais superficiais, na ligação entre 
epiderme e derme e, as mais profundas, pelo seu 
maior teor de elastina, na absorção de choques e 
distensões que se produzem na pele. 
O aumento da mucina, um mucopolissacarídeo 
da derme, é que confere aos cães da raça shar-pei 
sua aparência pregueada. 
A substância fundamental da derme é um gel 
viscoso e elástico originado nos fibroblastos e com-
posto basicamente por mucopolissacarídeos, en-
tre estes a mucina, a fibronectina e a tenascina. 
Essas substâncias têm importante função no de-
senvolvimento e no ciclo da epiderme, membrana 
basal, folículos pilosos e na própria derme, nas 
relações intercelulares, adesão celular ao substra-
to, integridade e permeabilidade vascular. Essa subs-
tância preenche os espaços e envolve todas as 
estruturas da derme, permitindo que eletrólitos, 
nutrientes e mesmo células possam passar dos vasos 
dérmicos para a epiderme que é avascular. Parti-
cipa ainda da estocagem e homeostasia da água, 
no suporte da estrutura dérmica, na lubrificação e 
na orientação, crescimento e diferenciação das fibras 
colágenas. 
A derme c ocupada por células esparsamente 
dispostas. Encontram-se nesta camada de pele os 
fibroblastos, os dendrócitos dérmicos, que são cé-
lulas apresentadoras de antígenos e os mastócitos. 
Ocasionalmente podemos observar os neutrófilos, 
eosinófilos, linfócitos, histiócitos e plasmócitos. 
Pêlos e Folículos 
Os pêlos são estruturas filiformes constituí-
das por células queratinizadas produzidas pelos 
folículos pilosos. Compõem-se de uma parte livre, 
a haste, e uma porção intradérmica, a raiz. Ane- 
xam-se ao folículo piloso: a glândula sebácea e o 
músculo erctor do pêlo. 
Os pêlos desenvolvem-se a partir dos folículos 
pilosos. Não há formação de novos folículos pilo-
sos após o nascimento. Nos filhotes apenas o tipo 
de pêlo produzido é diferente e posteriormente é 
substituído pelo pelame do adulto. As porções do 
folículo piloso encontram-se pormenorizadas na 
Figura 12.1. Pode-se considerar a existência de dois 
tipos de pêlos, o primário e o secundário. Cada 
pêlo primário possui uma glândula sebácea e o mús-
culo eretor, além de emergir separadamente por 
um poro; já os pêlos secundários são acompanha-
dos apenas pela glândula sebácea e emergem em 
grupos por um mesmo poro. De 5 a 20 pêlos se-
cundários acompanham cada pêlo primário. As 
diferenças proporcionais e qualitativas entre os dois 
tipos de pêlos é que determinam os tipos de pelames 
observados nas diferentes raças de animais inde-
pendentemente da espécie. 
Entre as diferentes espécies domésticas, sabe-
se que os felinos, caninos, caprinos, suínos e ovi-
nos apresentam pêlos primários e secundários; já 
os bovinos c equinos apresentam apenas os pêlos 
primários compondo o recobrimento piloso. 
Os folículos pilosos de animais com pêlos li-
sos apresentam-se retos e, naqueles animais com 
pelame crespo, apresentam-se com conformação 
espiral. 
A haste dos pêlos é composta pela cutícula 
externa, córtex e medula. A camada cortical é 
composta de células fortemente compactadas, que 
contêm o pigmento do pêlo, que determina sua 
coloração, ao passo que, na medula, os queratinócitos 
se agregam mais frouxamente e também nesta região 
pode haver a presença de pigmento, porém este 
não será determinante na coloração do pêlo. A 
cutícula é composta por células cornificadas e 
anucleadas. 
Os pêlos secundários possuem uma medula 
menos desenvolvida e uma cutícula mais proemi-
nente, já o lanugo não apresenta medula. O princi-
pal componente dos pêlos é a queratina e partici-
pam de sua estrutura cerca de 20 aminoácidos. 
Os pêlos são estruturas características dos 
mamíferos, são importantes na termorregulação e 
na percepção sensorial, além de exercerem fun-
ções igualmente protetoras àquelas referidas na 
pele. Apresentam ainda importante função na 
preservação do organismo contra os raios solares. 
A habilidade dos pêlos em regular a temperatura 
corporal está diretamente ligada a sua espessura, 
comprimento e densidade. 
648 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
A coloração e o brilho do pêlo estão igual-
mente relacionados à regulação térmica e à refle-
xão de raios solares. 
Os pelames crescem numa inclinação de 30 a 
60° e a direção do crescimento é geralmente cra-
niocaudal e dorsoventral. Esta disposição particu-
lar facilita a movimentação dos animais bem como 
o escoamento da água, promovendo uma secagem 
mais rápida. 
Ciclo do Pêlo 
Os pêlos não crescem continuamente, haven-
do alternâncias de fases de crescimento e repou-
so, que constituem o ciclo do pêlo (Fig. 12.2). A 
fase de crescimento denominada anágena caracte-
riza-se pela intensa atividade mitótica da matriz. 
Nessa fase, o pêlo se apresenta na máxima expressão 
estrutural. Segue-se a fase catágena, durante a qual 
os folículos regridem a um terço de suas dimen-
sões anteriores, interrompe-se a melanogênese na 
matriz e a proliferação celular interrompe-se até 
cessar. As células da porção superior do bulbo 
continuam sua diferenciação à haste do pêlo, cons-
tituída somente por córtex e membrana radicular 
interna até que o bulbo se reduza a uma coluna 
desorganizada de células. Na última fase, a telógena, 
a extremidade do pêlo assume a forma de clava, 
constituindo o "pêlo em calva", ainda aderido ao 
saco folicular por retalhos de queratina. Isto significa 
que o pêlo está prestes a se desprender, os folí-
culos estão quiescentes, com menos da metade 
de seu tamanho original e há uma desvinculação 
completa entre a papila dérmica e o pêlo em eli-
minação. A duração de cada uma das fases do ciclo 
varia com a idade, a região do corpo, a raça e o 
sexo e pode ainda ser modificada por fatores fisio-
lógicos e patológicos. 
O ciclo do pêlo e, conseqúentemente, o manto 
piloso dos animais sofre influência de uma série 
de fatores, como o fotoperíodo, temperatura am-
biente, nutrição, hormônios, estado geral de 
higidez e genética, além de fatores intrínsecos, 
que incluem fatores de crescimento e citocinas 
produzidas pelos folículos, papila dérmica e ou-
tras células. 
Em climas bem definidos, há maior queda 
de pêlos na primavera e no outono, porém esse 
fenómeno parece não se repetir em climas tro-
picais, nos quais há uma exposição contínua a 
grandes períodos de luz e consequente queda 
constante de pêlos em algumas raças de animais. 
Porém, mesmo em nosso clima, observamos que 
animais, especialmente os cães de pêlo longo, 
como o poodle, por exemplo, apresentam pouca 
queda de pêlos; já os animais de pêlo curto, como 
o boxer, apresentam queda constante de grande 
quantidade de pêlos, que muitas vezes levam 
seus proprietários a procurarem atendimento ve-
terinário. Gomo isso pode ser explicado? Existe 
uma diferença no ciclo de pêlos de animais de 
diferentes raças? 
Apesar de existirem poucos trabalhos com ci-
clos de pêlos, existe uma definição muito precisado comportamento do couro cabeludo em huma-
nos, onde o anágeno pode durar de 2 a 5 anos, o 
catágeno dura cerca de 3 semanas e o telógeno, de 
3 a 4 meses. Ainda se deve observar que os pêlos 
não se encontram todos na mesma fase; há uma troca 
de pêlos em mosaico tanto no couro cabeludo de 
humanos como no manto piloso de animais. Obser-
va-se que, em humanos, 85% dos pêlos encontram-
se em fase anágena, 1% na fase catágena e 14% em 
fase telógena. Sabe-se que, em cães, a fase catágena 
também é aquela que está em menor proporção de 
2 a 4%, independentemente do comprimento do 
pelame, porém há diferenças entre as proporções 
da fase anágena e telógena em animais de pêlo lon-
go e curto. 
A assertiva: "... o pêlo reflete o estado de saúde 
de um animal..." fica facilmente explicável quando 
observamos todos os fatores que podem interferir 
no ciclo dos pêlos. 
Da mesma maneira, entende-se melhor por 
que os quadros hormonais estão frequentemente 
associados a falhas (alopecia) no recobrimento 
piloso. 
Por analogia, pode-se acreditar que o mesmo 
comportamento em termos de duração e propor-
ção das fases observado nos humanos ocorre em 
animais de pêlo longo. Observações clínicas revê- 
 
Telógena Anágena 
Figura 12.2 - Representação esquemática das fases de cres-
cimento do pêlo. 
Semiologia da Pele 649 
Iam que animais com este tipo de pelame demo-
ram cerca de 18 a 24 meses para recuperar a pelagem 
quando submetidos à tosa. Um estudo recente 
realizado em nosso meio comprova que, no caso 
de animais de pêlo curto (utilizaram-se nesse 
experimento beagles), a proporção é de 30% dos 
pêlos em fase anágena e 70% em fase telógena. 
Soma-se a esta informação que, pela mesma obser-
vação já referida, animais de pêlo curto submeti-
dos à tosa recuperam o manto piloso em 4 a 8 
semanas. Essas observações são suficientes para 
explicar por que animais de pêlo curto perdem 
maiores quantidades de pêlos que animais de pêlo 
longo. Pode ser que o proprietário de um animal 
de pêlo curto tenha trabalho em higienizar o am-
biente, enquanto o proprietário de um animal de 
pêlo longo terá trabalho em higienizar o pêlo de 
seu animal com escovação e tosa. Esse último 
recurso é totalmente dispensado em animais de 
pelame curto. 
Glândulas Anexas 
Glândulas Sebáceas 
Estão presentes em toda a pele, à exceção 
dos coxins e plano nasal. Desembocam sempre 
no folículo piloso (unidade pilosebácea). Apre-
senta-se em maior número nas junções mucocu-
tâneas, no espaço interdigital, na região cervical 
dorsal, na região mentoniana e na região dorsal 
da cauda dos carnívoros. 
A secreção das glândulas sebáceas é do tipo 
holócrino denominada sebum, que mantém a pele 
macia, formando uma película de emulsão que 
se espalha por toda superfície cutânea e tende a 
manter a camada córnea hidratada, impedindo a 
perda de água dessa camada. Essa secreção tam-
bém se encontra como um filme envolvendo os 
pêlos, possibilitando maciez e brilho a estas es-
truturas. O sebum colabora também, juntamente 
com a secreção das glândulas sudoríparas, na for-
mação de uma barreira física e química contra 
patógenos. 
As glândulas sebáceas sofrem influência nu-
tricional e controle hormonal, os andrógenos cau-
sam hipertrofia e hipcrplasia e os estrógenos e 
glicocorticóidcs causam involução. 
Glândulas Sudoríparas 
As glândulas sudoríparas, anteriormente clas-
sificadas como apócrinas e écrinas, são atualmen-
te classificadas em epitriquiais e atriquiais. 
As glândulas sudoríparas epitriquiais estão 
presentes na pele recoberta por pelame, apre-
sentam-se geralmente espiraladas e saculadas ou 
tubulares. Estão localizadas abaixo das glându-
las sebáceas e a abertura de seu dueto é acima 
da abertura destas glândulas (ver Fig. 12.1). São 
maiores e mais numerosas próximas às junções 
mucocutâneas, no espaço interdigital c na região 
cervical dorsal. Essas glândulas não são inervadas 
e aparentemente exercem funções antimicrobi-
anas e de feromônios. Essas glândulas estão pre-
sentes em caninos, felinos, suínos, caprinos, 
ovinos, equinos e bovinos. 
Já as glândulas sudoríparas atriquiais são en-
contradas exclusivamente nos coxins palmo-plan-
tares, apresentam-se levemente espiraladas e es-
tão localizadas na derme profunda ou no tecido 
subcutâneo. Nesse caso, as glândulas são fortemente 
inervadas. Essas glândulas estão presentes nos 
carnívoros domésticos. 
Sudorese 
A frequência da sudorese e as circunstânci-
as em que ocorre em caninos e felinos são pouco 
compreendidas. Alguns autores consideram que 
os cães, especialmente o pastor alemão e o golden 
retriever, apresentam uma discreta sudorese em 
região axilar, inguinal e abdominal ventral. Ou-
tros autores consideram que a sudorese somen-
te ocorre em estados de excitação ou febre ex-
trema. Finalmente há aqueles que consideram 
que não há sudorese de glândulas epitriquiais em 
cães e gatos. Porém, todos concordam que am-
bas as espécies apresentam sudorese em coxins 
palmo-plantares decorrente da função das glân-
dulas atriquiais. 
Os equinos apresentam sudorese intensa em 
resposta a exercícios. Na verdade, equinos e hu-
manos são as únicas espécies capazes de produ-
zir grandes quantidades de suor, que é o princi-
pal elemento na termorregulação dessas espé-
cies. Os bovinos também têm a sudorese como 
importante componente na perda de calor, em-
bora possa haver variação na densidade de glân-
dulas sudoríparas de uma raça para outra. As es-
pécies ovina e caprina também apresentam su-
dorese em resposta ao calor, mas esta é produ-
zida em pequena quantidade e de maneira in-
termitente. Após alguns episódios de sudorese, 
as glândulas podem entrar em fadiga e não mais 
produzir o suor. 
650 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
Glândulas Especializadas dos 
Carnívoros Domésticos 
Incluem as glândulas pcrianais, os sacos anais, 
as glândulas das orelhas e as glândulas da cauda. 
As glândulas perianais ou cincum-anais são glân-
dulas sudoríparas que se desenvolvem desde o 
nascimento na face interna é externa do ânus e 
também podem ser encontradas no prepúcio e face 
dorsal e ventral da cauda. 
A glândula supracaudal dos cães está localiza-
da na face dorsal da cauda entre a quinta e a sé-
tima vértebras coccígeas; visível em apenas 5% dos 
cães machos, ocorre também em cães selvagens e 
parece envolvida com o reconhecimento olfatório. 
Quando há uma disfunção, essa região se torna 
visível c os pêlos tornam-se oleosos e podem apre-
sentar aspecto graxento. O aspecto histológico 
dessas glândulas é o mesmo das glândulas peria-
nais e são compostas de células ditas hepatóides. 
Já no caso dos felinos há uma concentração de 
glândulas sebáceas na região dorsal da cauda, de-
nominada de órgão supracaudal. A testosterona 
apresenta ação estimuladora de todas as glându-
las citadas. 
Glândulas Especializadas dos 
Animais de Esporte e Produção 
Estruturas glandulares especializadas têm sido 
observadas na região nasolabial de bovinos, caprinos 
e ovinos e mantêm uma secreção abundante nes-
sas espécies e constante nos bovinos. São glându-
las seromucóides, têm funções de lubrificação. Entre 
os suínos podem ser evidenciados aglomerados de 
glândulas na região mentual, denominados órgão 
mandibular, que são compostos de grandes glân-
dulas sebáceas e sudoríparas, além de pêlos sen-
sitivos e espessos. 
Vascularização da Pele 
A circulação cutânea se forma por meio de 
redes de capilares cm todas as regiões do corpo 
dos vertebrados, a partir de "ilhas sanguíneas" no 
mesoderma esplâncnico do embrião. À medida que 
essas ilhas vão se tornando ocas, as células perifé-
ricas formam o endotélio vascular, ao passo que as 
células localizadas centralmente formam as célu-
las sanguíneas primitivas. Forma-se um plasma san-
guíneo primitivo, aparentemente a partir das cé-
lulas das ilhas sanguíneas. A medida que o feto vai 
se desenvolvendo esses espaços vasculares sepa- 
rados se unem formando plexos vasculares. O cres-
cimento proliferativodo endotélio une os espaços 
vasculares simples em canais contínuos e finalmente 
novos vasos originam-se dos vasos preexistentes. 
As artérias e veias definitivas surgem pela sele-
ção, ampliação e diferenciação apropriada dos tra-
jetos nessas redes com base nos fatores hemodi-
nâmicos e hereditários. 
O sistema vascular cutâneo está dividido em 
três níveis interconectados: 
1. Plexo profundo, subdérmico ou subcutâneo. 
2. Plexo intermediário ou cutâneo. 
3. Plexo superficial ou subpapilar. 
Em cães e gatos, este suprimento vascular 
primário da pele resulta da artéria cutânea direta. 
Os vasos cutâneos diretos correm paralelamente 
na pele através do plexo profundo, enviando ra-
mificações para os plexos intermediário e superfi-
cial. Exceções nesse arranjo vascular geral são 
notadas na orelha externa canina, coxins palmo-
plantares, mamilos e junções mucocutâneas da 
narina, do lábio, da pálpebra, do prepúcio, da vul-
va e do ânus. O plexo profundo é a principal rede 
vascular para pele sobrejacente. A preservação desse 
plexo é crucial para sobrevivência da pele. Esses 
vasos correm geralmente na parte superficial da 
gordura subcutânea e no tecido areolar da face 
profunda da derme. Onde houver uma camada de 
músculo cutâneo, o plexo subdérmico situa-se tanto 
superficial quanto profundamente a ele. Nas áreas 
de pele solta dos pequenos animais, as artérias 
cutâneas diretas ficam acentuadamente elásticas 
e se acomodam juntamente com alterações da pele. 
O plexo subdérmico irriga o bulbo e o folículo 
piloso, glândulas tubulares e partes mais profun-
das dos duetos e também o músculo eretor dos 
pêlos. Ramos do plexo subdérmico ascendem até 
a derme formando o plexo intermediário ou cutâ-
neo, localizado no nível das glândulas sebáceas. 
Ramos do plexo ascendem e interiorizam a der-
me, irrigando as glândulas sebáceas e reforçando 
as redes capilares ao redor dos folículos pilosos, 
duetos das glândulas tubulares e músculo eretor 
dos pêlos. O plexo intermediário mostra variações 
evolutivas e posicionais variando de acordo com a 
distribuição dos folículos pilosos na pele. O plexo 
superficial é irrigado por raízes do plexo interme-
diário e situa-se na camada externa da derme. Alças 
capilares desse plexo se projetam nos corpos capi-
lares da derme, irrigando as papilas epidérmicas. 
Esse sistema de alças capilares e corpos papilares 
Semiologia da Pele 651 
é pouco desenvolvido em cães e gatos, ao contrá-
rio com o homem, macacos e suínos, nos quais exerce 
uma importante função tcrmorreguladora. Essa 
diferença anatómica explica por que a pele dos 
caninos geralmente não forma bolhas nas queima-
duras superficiais. Nos seres humanos, macacos e 
suínos, dois tipos de artérias irrigam a circulação 
cutânea: artérias musculocutâneas e artérias cu-
tâneas diretas. As artérias perfuradoras enviam vários 
ramos para massa muscular subjacente antes de 
terminarem como artérias musculocutâneas per-
pendiculares à pele e irrigam uma pequena área. 
Em comparação, as artérias cutâneas diretas origi-
nam-se de artérias perfuradoras que enviam alguns 
ramos para massa muscular subjacente antes que 
ascendam ao plexo subdérmico. As artérias cutâ-
neas diretas correm paralelamente à pele e em 
direção ao plexo subdérmico, em comparação a uma 
artéria musculocutânea isolada, mas possuem pa-
pel secundário na circulação cutânea total dos se-
res humanos. 
Músculo Eretor do Pêlo e Inervação da Pele 
O músculo eretor do pêlo está presente em 
toda a superfície da pele recoberta por pêlos, ori-
gina-se na derme superficial e insere-se nos pêlos 
primários. Recebe inervação colinérgica e contrai 
em resposta a epinefrina, produzindo piloereção. 
Este músculo está envolvido na termorregulação 
e no esvaziamento de glândulas sebáceas. 
As fibras nervosas cutâneas têm ações sensi-
tivas, controladoras do tônus vaso-motor, regula-
doras da secreção glandular, estão em contato di-
reto com os vasos dérmicos, mastócitos, fibroblas-
tos, queratinócitos e células de Langerhans. Es-
tão associadas a órgãos sensitivos da pele como os 
discos pilares (estruturas ricas em células de 
Merckel), os corpúsculos de Pacini (sensibilidade 
à pressão), Meissner (sensibilidade tátil) e Ruffini 
(sensibilidade térmica), glândulas sebáceas e 
músculo eretor do pêlo, além de penetrarem em 
terminações livres diretamente na epiderme. Além 
de importantes funções como percepção (toque, 
calor, frio, pressão, dor e prurido), os nervos dérmicos 
proporcionam sobrevivência e funcionamento ade-
quados da epiderme. 
Hipoderme 
A hipoderme é a camada mais profunda da 
pele e, geralmente, a mais fina. É também cha-
mada de tecido celular subcutâneo ou ainda de 
panículo adiposo, pois é constituída basicamente 
de adipócitos (células repletas de gordura). Re-
laciona-se, em sua porção superior, com a der-
me profunda, por meio de projeções que "inva-
dem" a derme, formando a papila adiposa ou 
derme papilar, constituindo-se a junção dermo-
hipodérmica, envolvendo os folículos pilosos, as 
glândulas sudoríparas e a vascularização, prote-
gendo assim estas estruturas. Funcionalmente 
a hipoderme, além de depósito nutritivo de re-
serva, participa do isolamento térmico e na pro-
teção mecânica do organismo às pressões e trau-
matismos externos, e, finalmente, facilita o des-
lizamento da pele em relação às estruturas subja-
centes. 
EXAMINANDO A PELE 
A pele não irá se diferir dos outros sistemas em 
termos de exame. É, entre todos os sistemas, aquele 
que mais sofre erros de abordagem pelo clínico que, 
guiado pela ansiedade do proprietário, muitas vezes 
ignora ou subtrai passos importantes no exame do 
paciente. Deve conter todos os pontos-chave de 
um exame clínico: identificação, anamnese, exa-
me físico, além dos exames complementares ou 
subsidiários. 
IDENTIFICAÇÃO 
A preocupação com a identificação do animal em 
questão deve conter a espécie, pois algumas doenças 
são características de determinadas espécies, como 
o sarcóide, característico dos equídeos; o comple-
xo granuloma eosinofílico, particular aos felinos; 
as piodermites, muito mais incidentes entre os 
caninos. 
Ainda dentro de uma mesma espécie, a iden-
tificação etária, racial, sexual e de coloração apre-
sentam importância singular para que o clínico possa 
iniciar a compilação dos dados rumo ao diagnósti-
co definitivo. 
Identificação etária. Existem determinadas doen-
ças que ocorrem exclusivamente ou muito mais 
frequentemente em determinadas idades, como a 
demodicidose dos cães, que é mais frequente em 
animais jovens. Alguns levantamentos indicam que 
cerca de 70% dos cães com essa enfermidade apre-
sentam-se para o atendimento com menos de 12 
meses de idade. A dermatofitose, a celulite juve-
nil, a papilomatose dos bezerros, o impetigo canino 
652 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
também são exemplos de doenças que acometem 
igualmente animais jovens, refletindo provavelmente 
o frágil estado imunológico dos filhotes. Os qua-
dros alérgicos, assim como as doenças de 
queratinização, atingem animais adultos jovens e 
animais maduros. Os quadros hormonais, em cães 
e gatos, acometem principalmente animais entre 6 
e 10 anos de idade. Finalmente, as neoplasias, assim 
como as doenças auto-imunes, acometem animais 
idosos, na sua maioria, independendo da espécie 
em questão. 
Identificação sexual. Há, obviamente, quadros 
dermatológicos que estão relacionados com a iden-
tificação sexual; como exemplos podem ser cita-
das as dermatopatias relacionadas a neoplasias tes-
ticulares em machos e a neoplasias ovarianas em 
fêmeas. Porém há quadros em que a relação não é 
tão óbvia assim, como: as fístulas perianais que 
acometem quase exclusivamente os machos cani-
nos, provavelmente por influência hormonal; os 
abscessos dos felinos, que são mais frequentes em 
machos, possivelmente adquiridos em brigas por 
disputa territorial. Essa mesma relação pode ser 
observada na escabiose dos cães que, migrando de 
longas distânciasao encontro de uma fêmea no 
cio, deparam-se com outros machos com o mesmo 
objetivo, formando um ambiente promíscuo, faci-
litando a disseminação do Sarcoptes scabiei. Além 
da identificação do sexo do paciente, é necessário 
que se observe o status sexual (animais castrados 
ou não), principalmente as fêmeas, pois devemos 
observar que pode haver quadros que se relacio-
nam com o cio ou não. O clínico deve estar atento 
a esse detalhe, pois poucos eventos são tão mar-
cantes na vida de uma fêmea, como o estro e, muitas 
vezes, aos olhos do proprietário: "... o quadro se 
instalou antes, durante ou após o último cio...", é 
interessante que o veterinário tenha em mente que 
poucos são os quadros dermatopáticos verdadei-
ramente relacionados com o cio, e aqueles que apre-
sentam essa relação geralmente são raros, como os 
quadros de hipersensibilidade hormonal. 
Identificação racial. Existe dentro de uma mes-
ma espécie a predisposição de determinadas raças 
a tipos específicos de dermatopatias. As Tabelas 
12.1 e 12.2 relacionam alguns exemplos de raças de 
animais predispostos a doenças dermatológicas. 
Coloração do pelame. Existem dermatopatias 
diretamente relacionadas à coloração do pelame 
dos animais. Gomo exemplo pode-se citar a doen-
ça do mutante de cor em cães de pêlo azulado, o 
carcinoma espinocelular em felinos brancos, a fo- 
Tabela 12.1 - Alguns exemplos de predileção 
racial a dermatopatias em animais carnívoros 
domésticos. 
Adenite sebácea Síndrome 
uveodermatológica Atopia 
Demodicidose Hipotireoidismo 
Foliculite-furunculose 
Acrodermatite letal 
Hipozincemia Piodermite das 
dobras Atopia 
Demodicidose 
Dematomiosite Lúpus 
eritematoso Astenia 
Hipersensibilidade 
alimentar Piodermite das 
dobras 
labiais 
Otite externa 
Seborréia primária 
Acantose nigricante 
Demodicidose 
Alopecia padrão Celulite 
juvenil Dermatite psicogênica 
Atopia 
Foliculite-furunculose 
Hipotireoidismo Atopia 
Eritema multiforme DAPP 
Otite externa Seborréia 
Síndrome foliculite 
furunculose-celulite 
Reação a aplicações 
Hiperadrenocorticismo 
Hipossomatrotopismo 
Foliculite-furunculose Vitiligo 
Síndrome do Shar-pei Atopia 
Demodiciose Mucinose cut 
Displasia folicular 
Dermatofitose 
Hipersensibilidade 
alimentar Vitiligo 
Dermatofitose Complexo 
granuloma 
colagenolítico Displasia 
folicular 
Canina Boxer 
Canina Buli terrier 
Canina Bulldog inglês 
Canina 
Canina 
Canina Dachshund 
Canina Golden retriever 
Canina Pastor alemão 
Canina Poodle 
Canina 
Canina 
Canin
a 
Felina 
Felina 
 
Akita 
Collie Cocker 
spaniel 
Rottweiler 
Shar-pei 
Yorkshire 
Siamês 
Persa 
Abissínio 
Semiologia da Pele 653 
Tabela 12.2 - Alguns exemplos de predileção racial a dermatopatias em 
animais de produção e esporte. 
cie Raça Dermatopatia 
Equina Apaloosa Pênfigo foliáceo 
Equina Árabe Vitiligo 
 Astenia cutânea 
Equina Quarto de milha Astenia cutânea 
 Queratose linear 
 Dermatose papulosa unilateral 
Bovina Angus Acantólise familiar 
Bovina Jersey Hipotricose 
Bovina Simental Astenia cutânea 
Bovina Holandês Carcinoma espinocelular 
Ovina Blackface Epidermólise bolhosa 
Ovina Merino Astenia cutânea 
Suína Landrace Dermatose vegetante 
 
 
tossensibilização em gado de coloração clara ou 
branca e a maior incidência de melanoma em 
equinos de coloração tordilha. 
ANAMNESE 
Como referido anteriormente, a anamnese pode 
ser responsável, segundo alguns semiologistas, por 
até 50% do diagnóstico final. Nas dermatopatias 
ocorre o mesmo, embora este talvez seja o item 
mais esquecido ou erroneamente mais resumido 
pelos clínicos veterinários. Deve-se destacar que 
não existe anamnese dermatológica, porém nesse 
capítulo serão destacadas as perguntas mais rela-
cionadas com as enfermidades do tegumento. 
Queixa principal. Na opinião do autor, deve ser 
a primeira etapa no questionamento do proprie-
tário ou tratador do animal, pois é justamente aquilo 
que a pessoa busca ao procurar o Médico Veteri-
nário. O clínico deve colher as informações passi-
vamente e, só então, complementar as informa-
ções acerca da queixa principal com perguntas como: 
Tempo de evolução? Início do quadro? Tratamen-
tos efetuados? Consequência do tratamento efe-
tuado? 
Antecedentes. Antes da sequência da anamne-
se, é importante que se determine os antecedentes 
do animal, tanto os recentes como os distantes. 
Os termos recentes e distantes são relativos e 
diretamente ligados à idade do animal submetido 
ao exame. No caso de um animal idoso, os antece-
dentes distantes podem significar alguns meses 
ou até anos, ao passo que em filhotes podem signi-
ficar alguns dias ou semanas. Essas informações 
obtidas devem sempre visar: 
 
• A procedência do animal dentro de uma mesma 
cidade: propriedades ou criadouros que, muitas 
vezes, possuem um ambiente propício à perpe 
tuação de algumas doenças, como a aglomera 
ção de cães em feiras de animais, o que facilita 
a disseminação de sarnas e dermatofitose. Isso 
faz com que o veterinário passe a associar algu 
mas doenças com determinadas localidades. 
• A procedência geográfica do animal: como 
exemplo a leishmaniose, que não ocorre cm 
todas as cidades do nosso país; muitas vezes, 
dentro de um mesmo Estado, há cidades onde 
tal enfermidade ocorre e, em outras cidades, 
não há casos relatados. 
• Parentesco: avaliar se há algum animal geneti 
camente relacionado com o paciente, como pais, 
irmãos, filhos, etc., que possam ter apresenta 
do quadro semelhante. O objetivo é colher 
informações sobre a possibilidade de doenças 
de caráter hereditário, como dermatites alér 
gicas, demodicidose, seborréia, entre outras. 
Inicio do quadro e tempo de evolução. Objetiva ava-
liar o decurso evolutivo do quadro. Os quadros de 
surgimento abrupto são classificados de agudos, como 
a dermatite úmida aguda, dermatite de contato e o 
eritema multiforme. Já aquelas dermatopatias ins-
taladas há muito tempo são denominadas crónicas, 
como as neoplasias, demodicidose e quadros alér-
gicos, que podem acometer os animais, por perío-
dos que muitas vezes ultrapassam anos. 
Cerca de 80% dos casos de escabiose canina apre-
sentam-se para o atendimento com 2 meses de evo-
lução. 
654 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
Tratamentos já efeluados e suas consequências. É 
imprescindível que o clínico tome conhecimento 
acerca dos fármacos já empregados na terapia do 
paciente e como este evoluiu com o tratamento. 
Pode-se citar os corticóides, que proporcionam a 
melhora de pacientes com quadros alérgicos e piora 
em quadros fúngicos e parasitários a exemplo das 
sarnas sarcóptica c demodécica. Os parasiticidas 
somente proporcionarão melhora dos quadros que 
têm os parasitas envolvidos na sua etiopatogenia. 
Esses dados importantes podem ser perdidos 
quando o animal está recebendo vários princípios 
ativos num único tratamento. Perde-se até a pos-
sibilidade da execução do diagnóstico terapêuti-
co, uma técnica frequentemente utilizada na 
Dermatologia Veterinária. 
Uma maneira adequada para se anotar na fi-
cha clínica do paciente a melhora obtida é solici-
tar ao proprietário que indique o percentual de 
melhora obtido - "proprietário refere 70% de me-
lhora do quadro". 
Periodicidade. Quando são considerados os 
pacientes, mormente os que se apresentam com 
dermatopatias de etiologia alérgica, a determina-
ção da sazonalidadc dos casos pode ajudar a deter-
minar a causa da hipersensibilidade. Casos de 
dermatites alérgicas a ectoparasitas frequentemente 
pioram no verão, os quadros de hipersensibilida-
de alimentar são perenes (mantêm o mesmo grau 
de intensidade todo o ano) e, finalmente, os ani-
mais atópicos, nos quais o alérgeno está suspenso 
no ar, alternam períodos de melhora e piora no 
decorrer de um ano. 
Ambiente, manejo e hábitos. A determinação des-
ses três elementos pode proporcionar a obtenção 
de informações valiosas: 
• Ambiente e higienização das instalações: existem quadros intimamente ligados aos produ 
tos utilizados na limpeza das instalações, como 
as dermatites de contato. O tempo em que as 
excretas permanecem no local também pode 
ser importante nos casos de pododermatite cau 
sada pelas larvas de Ancylostoma. Ainda o tipo 
de piso é importante, como exemplo as pio- 
dermites de calos de apoio que se desenvol 
vem muito mais frequentemente em animais 
pesados e que vivem em pisos rústicos. 
• Manejo: inclui informações sobre a higienização 
do animal, como o produto utilizado, a frequên 
cia de banhos, o tempo de ensaboamento e o 
modo de secagem. Os proprietários de animais, 
frequentemente, utilizam produtos inadequa-
dos para os banhos dos animais, podendo afe-
tar fatores como hidratação da pele e alterar 
o pH, com consequências perigosas, princi-
palmente para a barreira de proteção micro-
biológica da pele. 
• Hábitos: são importantes na determinação de 
várias enfermidades, como o acesso à rua. Mesmo 
aquele animal sem contactantes em casa pode 
ter contato com outros ao sair à rua. Pode 
também ter acesso a ambientes infestados por 
ectoparasitas, como praças e ambientes gra 
mados, frequentados por outros animais; via 
gens a outras cidades, pode-se repetir o exem 
plo da Leishmaniose; acesso a lagos, rios a ala 
gados, importante informação nos casos em que 
se suspeita de pitiose. 
• Alimentação: outro elemento importante na 
anamnese é a determinação da dieta do ani 
mal, uma vez que a nutrição influencia muito 
a qualidade da pele e do pelame. Existem 
doenças intimamente ligadas à alimenta 
ção, como os quadros de seborréia, hipo- 
zincemia e dermatose genérica alimentar 
dos cães e a fotossensibilização dos bovinos 
que têm acesso a determinadas espécies 
de braquiária. 
Contactantes. Verificar que espécies de contac-
tantes o animal examinado pode apresentar, pois 
estes podem ser vistos como sentinelas do pro-
cesso desenvolvido pelo paciente em questão. O 
animal pode apresentar um quadro que vem sen-
do desenvolvido por outros animais de uma mes-
ma propriedade. Essa informação encaminha o 
diagnóstico para as doenças infecto-contagiosas, 
porém se o processo for crónico e afetar exclusi-
vamente um animal, mesmo que este tenha con-
tato com outros, os quadros passíveis de disse-
minação são praticamente eliminados da estra-
tégia de diagnóstico. O proprietário deve tam-
bém ser considerado um contactante. Muitas 
vezes, o diagnóstico é concluído ao se evidenciar 
lesões cutâneas nos proprietários dos animais exa-
minados, caracterizando assim as dermatopatias 
zoonóticas. 
Ectoparasitas. O questionamento feito aos pro-
prietários para a verificação da presença e espécie 
de ectoparasitas deve ser o mais detalhado possível, 
pois uma falha nessa investigação pode comprome-
ter todo o diagnóstico da dermatose em questão. O 
exemplo mais típico da função de tal informação talvez 
 Semiologia da Pele 655 
 
seja o da DAPP (dermatite alérgica à picada de pulgas) 
em cães e gatos. Cerca de 30% dos animais com essa 
dermatite alérgica apresentam-se para o atendimento 
sem que o proprietário ou o clínico consigam evi-
denciar a presença de pulgas. O veterinário não deve 
se limitar somente à pergunta direta se o proprietá-
rio observou ou não o parasita; a busca deve investi-
gar todos os ambientes frequentados pelo animal e 
verificar se os contactantes apresentam ou não o 
parasita. 
Prurido 
É a sensação desagradável que manifesta no 
paciente o desejo de se coçar. A abordagem, nesse 
caso, deve ser feita minuciosamente, para que se 
definam pontos como: a presença real do pruri-
do, a intensidade, a manifestação e a localiza-
ção do sintoma. 
Avaliação da presença do prurido. É o maior de-
safio para o clínico, pois muitas vezes o proprie-
tário se apresenta para o atendimento com frases 
prontas, como: "... meu cão está com coceiras", ou 
ainda "... meu cão está com alergia". Essas frases, 
muitas vezes, levam o veterinário ao erro de ava-
liação, induzido e levado a crer que se trata de um 
quadro pruriginoso. Portanto, o mais seguro é ava-
liar se realmente existe o prurido patológico, onde 
o animal passa grande parte do seu tempo dedi-
cando-se a coçar. Perguntar ao proprietário de 
diferentes maneiras o quanto e como o animal 
realmente se coça é técnica imprescindível ao se 
avaliar essa manifestação sintomatológica. 
Muitas vezes, os animais se coçam sem que isso 
seja um problema; basta que o veterinário observe a si 
mesmo e concluirá que algumas regiões do corpo real-
mente coçam no decorrer de um dia. Deve-se diferen-
ciar esse prurido considerado fisiológico daquele dito 
patológico. Quando o animal se coça acima de 30% do 
tempo disponível ou mais, considera-se um caso de 
prurido patológico. 
Intensidade do prurido. Uma vez considerado 
patológico, o próximo passo a ser dado é quantifi-
car o quanto o paciente se coça, o que fica direta-
mente relacionado a quanto o prurido do animal 
incomoda o proprietário. Há duas maneiras de 
classificar o prurido. A primeira seria a classifica-
ção em leve, moderado e severo, outra seria quan-
tificar por pontuação ou "nota", na qual conside-
rar um animal apenas com o prurido fisiológico 
significaria nota = O, e um animal com prurido 
extremo (um cão com escabiose) significaria nota 
= 10. A Tabela 12.3 associa quadros dermatológi-
cos com a presença ou não de prurido e sua inten-
sidade. 
Manifestação do prurido. Muitas vezes o proprie-
tário não sabe interpretar quais são todas as mani-
festações de prurido. Esse fato também já foi moti-
vo de discussão por diferentes autores, porém acei-
ta-se que o trauma com os membros (modo clássico 
de manifestação de prurido), lamber, roçarem pare-
des ou fômites, além do ato de mordiscar, sejam 
atualmente considerados como diferentes maneiras 
pelas quais o animal pode aliviar o prurido. 
Localização do prurido. Finalmente, pode-se 
cobrar do proprietário o local mais traumatizado 
pelo animal através do ato de se coçar. Detendo 
essa informação, o clínico irá buscar lesões derma-
tológicas nessas regiões indicadas pelos proprie-
tários. 
Na abordagem do quadro, sempre deve ser leva-
do em consideração que as manifestações de prurido 
representam reações autotraumáticas do animal, ofe-
recendo como padrão de lesões de pele parecido inde-
pendentemente da etiologia do processo pruriginoso, 
dando relativo sentido à frase: "... em dermatologia os 
quadros são muito parecidos." 
Seguramente é o sintoma mais importante da 
dermatologia veterinária, não somente por ser aquele 
que mais incomoda ao paciente e conseqíientemente 
seu proprietário, mas principalmente pelo fato de 
ser um grande divisor, pois existem as dermatopatias 
Tabela 12.3 - Alguns exemplos de dermatopatias e sua associação à presença e 
intensidade de prurido. 
 
Dermatopatia Presença de prurido Intensidade do prurido 
Escabiose Demodicidose 
Atopia 
Hiperadrenocorticismo 
Dermatofitose 
Sim Não Sim Não 
Geralmente não Severo Moderado a 
severo Leve (se 
ocorrer) 
656 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
nas quais o prurido está presente e as outras em 
que não há a presença do sintoma. 
O clínico deve, após o término do exame, listar 
os diagnósticos prováveis, porém o mais correio 
seria que existissem duas listas, uma com quadros 
cutâneos que classicamente são pruriginosos, ou-
tras com quadros em que se sabe que não há en-
volvimento de prurido (Tabela 12.3). Se a aborda-
gem for precisa na determinação da ocorrência desse 
importante sintoma, a possibilidade de êxito no 
diagnóstico será infinitamente maior. 
Sintomas relacionados a outros órgãos. Mesmo que 
o enfoque seja dermatológico, o veterinário deve 
obter informações do proprietário referentes a 
diferentes sistemas da economia corporal, uma vez 
que alguns quadros, mormente os de origem en-
dócrina, podem apresentar sintomas aparentemente 
não relacionados com o tegumento. Gomo exem-
plo: hipotireoidismo, o animal apresentará sono-
lência, polifagia,termofilia e ganho de peso; hipera-
drenocorticismo, cujos sintomas como polidipsia 
e poliúria, polifagia, dispneia, galactorréia entre 
outros, além das dermatopatias sexuais que fre-
quentemente estão associadas a quadros de au-
mento ou diminuição da libido. 
Destaca-se que quando a pessoa que procura 
o veterinário não é o proprietário ou tratador, ou 
tem pouco contato com o animal em questão, a 
anamnese muito pobre pode prejudicar de forma 
imensurável a conclusão diagnostica. 
EXAME FlSICO 
Somente após toda a identificação e a anamnese, 
a despeito da insistência do proprietário, o clínico 
irá proceder ao exame mais detalhado das lesões 
de pele e caracterizá-las, para que se consiga unir 
todas as informações e propor um ou mais diagnós-
ticos. Os meios semiológicos que podemos utili-
zar no exame físico da pele são palpação, olfação, 
inspeção direta e indireta. 
corpo do animal, podendo apresentar aumento ou 
diminuição na dependência de alterações fisiológi-
cas, como exercícios ou patológicas, como inflama-
ção de uma determinada região. A característica de 
elasticidade da pele é utilizada no cotidiano da clínica 
médica para a determinação do grau de hidratação 
ou desidratação apresentado pelo animal. 
Na identificação de aumento de volume, o clí-
nico deve avaliar a consistência classicamente como 
em outros órgãos. Porém o clínico deve dispensar 
atenção especial ao edema e ao enfisema. 
O edema (aumento de líquido no interstício) 
pode ser generalizado, indicando uma doença sis-
témica (cardiopatia ou hipoproteinemia, por exem-
plo) ou localizado, indicando realmente um qua-
dro dermatológico. Em se identificando um enfise-
ma o veterinário deve avaliar se este se trata de um 
quadro aspirado, decorrente de perfuração de vias 
aéreas superiores e consequente extravasamento de 
ar para o tecido subcutâneo, ou autóctone, decorren-
te de acúmulo de gases produzidos por bactérias, 
geralmente do género Clostridium. 
Através desse meio semiológico, utilizando-
se da digitopressão, pode-se diferenciar o eritema 
da púrpura, duas lesões de coloração vermelha na 
pele, sendo que o eritema volta a adquirir a colo-
ração normal da pele após a pressão e a púrpura 
não cede a esta compressão, permanecendo com a 
coloração avermelhada. 
Finalmente, o recurso da palpação pode ser 
realizado quando se quer estimular o prurido. Tem 
fundamental importância quando o veterinário 
percebe não poder confiar plenamente nas infor-
mações relatadas na anamnese, ou ainda quando 
quer confrontar suas observações com as informa-
ções passadas referentes à presença do prurido. 
Pode-se então friccionar a borda do pavilhão auri-
cular (Fig. 12.3), ou ainda com os dedos coçar uma 
região do animal que se quer investigar. Se o qua-
dro for pruriginoso o animal responderá com os 
membros com uma mímica de prurido. 
 
Palpação 
A palpação deve ser utilizada no exame der-
matológico para que sejam determinados aspec-
tos de sensibilidade das lesões, volume, espessu-
ra, elasticidade, temperatura, consistência e ca-
racterísticas como umidade e untuosidade da pele. 
A temperatura da pele deve ser aferida com o 
dorso das mãos e deve ter a mesma temperatura do 
Olfação 
Meio semiológico muito utilizado na clínica 
dermatológica. É, porém, um meio semiológico muito 
ligado à experiência profissional e extremamente 
particular de cada pessoa. Entretanto, com o treina-
mento e o passar dos anos, o clínico pode encontrar 
um grande auxílio diagnóstico na identificação de 
alguns quadros específicos pela olfação. O exemplo 
mais clássico seria a miíase, pois muitas vezes sem 
 
 
 
 
Figura 12.3 - Cão, Poodle, Cf de 7 meses de idade, com 
reflexo otopedal positivo. 
identificar o quadro completamcnte e apenas no 
primeiro contato o veterinário pode incluir no seu 
diagnóstico diferencial esta parasitose, guiado ape-
nas pelo odor exalado pela enfermidade. 
Inspeção Direta 
A inspeção direta é a principal orientação do 
dermatologista veterinário para a elaboração do 
diagnóstico. Erra ou não é um admirador da se-
miologia dermatológica aquele que afirma que as 
dermatopatias são todas parecidas. As diferentes 
características e particularidades das lesões cutâ-
neas são importantes e indispensáveis para a ca-
racterização de um quadro dermatológico. Uma 
pequena nuance de uma lesão para outra pode 
mudar o rumo de um diagnóstico. 
A inspeção direta deve ser realizada em am-
biente muito bem iluminado por luz branca ou 
natural. O primeiro contato visual deve ser feito a 
1,5 a 2 metros de distância para que se verifique, 
além da distribuição, a gravidade do quadro e to-
das as regiões anatómicas acometidas. Somente após 
esta abordagem inicial é que o animal deve ser 
contido adequadamente para a realização da ins-
peção direta pormenorizada. Nessa observação a 
distância, o clínico pode observar o comportamento 
do animal e verificar a presença ou não de pruri-
do, confrontando com a informação já obtida na 
anamnese. Vale ressaltar que, por não apresentar 
prurido no momento do atendimento, não signifi-
ca que o quadro não seja pruriginoso, pois em con- 
 
Semiologia da Pele 657 
dições de estresse e medo é freqiicnte que os 
animais não apresentem este sintoma. 
Essa distância também é ideal para que se 
evidenciem os pêlos c as falhas no recobrimento 
piloso mas, para que possam ser consideradas 
patológicas, devemos nos lembrar da espécie e da 
raça em questão. 
Suínos. Apresentam normalmente recobrimento 
piloso pouco denso. 
Equinos. Apresentam ausência de pêlos 
(alopecia) nas regiões abdominal ventral, axilar e 
na face interna do pavilhão auricular. 
Caprinos e bovinos. Apresentam ausência de pêlos 
(alopecia) nas regiões abdominal ventral, axilar e 
na face interna do pavilhão auricular. 
Ovinos. Apresentam farto recobrimento piloso 
em toda a superfície corporal. 
Caninos. A maioria apresenta ausência de pêlos 
(alopecia) nas regiões abdominal ventral, axilar e 
na face interna do pavilhão auricular. Porém há ra-
ças nas quais há recobrimento piloso em toda a 
superfície corporal, como o husky siberiano, chow-
chow, samoicda entre outros. Finalmente, as raças 
que apresentam grandes áreas de alopecia fisioló-
gica, como os cães da raça dachshund e pinscher, 
que apresentam falhas no recobrimento piloso na 
região da face externa do pavilhão auricular, cervi-
cal ventral, torácica ventral e abdominal ventral; e 
cães da raça pelado mexicano, que apresentam 
recobrimento piloso apenas nas extremidades. 
Felinos. A maioria apresenta ausência de pêlos 
(alopecia) na face interna do pavilhão auricular. Po-
rém, há raças nas quais há recobrimento piloso em 
toda a superfície corporal, como o gato persa. Há, 
particularmente, no gato doméstico brasileiro (sem 
raça definida), uma faixa de rarefação pilosa entre a 
região de órbita e a base do pavilhão auricular. Fi-
nalmente, também entre os felinos, existem os 
animais da raça devon rex que se apresentam sem 
recobrimento piloso em toda a superfície cutânea. 
É indispensável que o veterinário conheça 
detalhadamente essas características particulares 
de cada raça para que não cometa erros de inter-
pretação do exame físico com consequente erro 
de diagnóstico. Todas as falhas no pelame eviden-
ciadas e que não correspondem à normalidade levam 
à constatação de que se trata de falhas (alopecia 
ou rarefação pilosa) patológicas. Ainda, como já 
referido, o clínico deve conhecer intimamente as 
características do crescimento e trocas sazonais do 
pelame de cada raça e espécie, para que possa 
diferenciar quadros de perda exagerada de pelame 
daqueles de trocas fisiológicas, como já citado no 
item "Ciclo do pêlo". 
 
658 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
A coloração da pele também deve ser analisada. 
Essa observação pode ser feita nas regiões desprovi-
das de pelame, que variam nas diferentes espécies. 
Cianose, icterícia, palidez e hiperemia podem ofere-
cer informações importantes sobre o estadogeral do 
paciente. A pele fisiologicamente é de coloração rósea. 
Outro aspecto que pode ser conferido é a presença da 
sudorese, que pode estar aumentada - hiperidrose, 
diminuída—hípoidrose ou mesmo ausente—anidrose. A 
quantidade de sudorese e a região anatómica onde 
ocorre varia de espécie para espécie. 
O principal enfoque na inspeção direta deve 
ser a observação detalhada das lesões cutâneas, sua 
caracterização e sua classificação sob diferentes 
aspectos. Uma mesma lesão pode ser classificada 
de diferentes maneiras, como uma pessoa, por 
exemplo, pode ser classificada quanto a altura, o 
peso, a cor dos olhos, o sexo, a idade, etc. 
Classificação das Lesões Cutâneas 
As reações da pele às doenças traduzem-se por 
número limitado de respostas, que se constituem 
nas lesões cutâneas. São as letras do alfabeto der-
matológico. Assim como da união de letras formam-
se palavras e destas, frases e destas, textos e, fi-
nalmente, livros, da combinação das lesões formam-
se síndromes e afecções. 
As lesões de pele podem ser classificadas quan-
to à distribuição, configuração, topografia, profun-
didade e morfologia, essa última também deno-
minada lesões elementares. Estas alterações de-
vem ser anotadas num quadro esquemático na ficha 
clínica (Fig. 12.4). 
Distribuição 
Quanto à distribuição as lesões podem se clas-
sificadas em localizadas, disseminadas, generali-
zadas. Fica clara a importância de tal classifica-
ção quando se constata que alguns quadros mór-
bidos são representados por lesões localizadas e 
outros por lesões disseminadas ou generalizadas. 
Há ainda casos como o da demodicidose canina, 
na qual o prognóstico é dado na dependência da 
distribuição da doença. De uma maneira geral os 
quadros de demodicidose localizada apresentam 
melhor prognóstico quando comparados aos qua-
dros generalizados. 
Alguns autores não são claros em determinar 
exatamente a transição de uma classificação para 
outra. Na opinião do autor pode-se classificar da 
seguinte maneira: 
• Localizada: de uma a cinco lesões cutâneas in 
dividualizadas. 
• Disseminada: mais de cinco lesões cutâneas in 
dividualizadas. 
• Generalizada: acometimento difuso de mais que 
60% da superfície corporal do animal. 
• Universal: comprometimento total da superfí 
cie corporal do animal. 
Topografia 
Esta classificação é feita de uma lesão em 
relação à outra. Classificam-se em simétricas ou 
assimétricas, encontrando particular importância 
nos quadros hormonais, que geralmente são repre-
sentados por perdas de pêlos simétricas. O clínico 
não deve esquecer que esta classificação é mais 
uma ajuda na determinação do diagnóstico, não 
deixando se guiar apenas pela topografia, uma vez 
que a dermatite alérgica a picadas de pulga fre-
quentemente vem associada a uma lesão alopécica, 
pruriginosa e triangular (conseqúentemente simé-
trica) em região lombossacral e não se trata de uma 
dermatose endócrina. 
Profundidade 
Recebe igual importância a classificação das 
lesões em superficiais e profundas, pois além da 
correlação com determinadas dermatopatias, o prog-
nóstico e a gravidade do quadro podem estar liga-
dos à profundidade da lesão. Geralmente os qua-
dros mais brandos são superficiais e os mais gra-
ves, profundos. Os autores adotam este critério 
 
Figura 12.4 - Representação esquemática para a anotação 
em região anatómica das lesões cutâneas reconhecidas 
durante o exame físico. 
Semiologia da Pele 659 
 na classificação de uma das mais importantes 
piodermitcs - a foliculite, classificando-a em su-
perficial e profunda, indicando até diferenças te-
rapêuticas para cada um dos quadros. 
Configuração 
A configuração (também denominada forma 
ou contorno) das lesões caracteriza-se num impor-
tante guia ao diagnóstico, pois algumas lesões 
apresentam-se com formato classicamente asso-
ciado a dermatopatias, orientando o clínico vete-
rinário na elucidação da enfermidade. Na Tabela 
12.4 estão relacionadas algumas configurações 
lesionais e dermatopatias associadas. 
Morfologia - Lesões Elementares Cutâneas 
É a classificação mais importante na semio-
logia dermatológica, que permitirá ao clínico no-
mear as lesões. A classificação adotada foi propos-
ta pelos professores e médicos Sampaio e Rivitti, 
adaptada para a dermatologia veterinária pelo pro-
fessor Larsson. 
Considerando-se os aspectos morfológicos, as 
lesões cutâneas podem ser agrupadas cm cinco 
grupos distintos: 
• Alterações de cor. 
• Alterações de espessura. 
» Formações sólidas. 
* Coleções líquidas. 
* Perdas e reparações teciduais. 
Alterações de Cor 
São representadas pelas manchas ou máculas 
planas sem relevo ou depressão. As manchas vásculo-
sangúíneas ocorrem por vasodilatação ou pelo ex-
travasamento de hemácias, já as pigmentares ou 
Tabela 12.4 - Associação da configuração das 
lesões com algumas dermatopatias. 
————..._ 
Configuração Dermatopatia 
Circular Dermatofitose, demodicidose localizada 
Iridiforme Dermatofitose 
Geográfica Larva migrans cutânea 
Cotada Dermatofilose 
Linear Granuloma eosinofílico felino 
Numular Histiocitoma, mastocitoma 
Arciforme Linfoma cutâneo 
Puntiforme Dermatite miliar dos felinos 
discrômicas ocorrem por aumento ou diminuição 
de melanina ou ainda depósito de outros pigmen-
tos na derme (mancha artificial-tatuagem). 
Manchas Vásculo-sangúíneas 
Eritema (Fig. 12.5). Coloração avermelhada da 
pele decorrente de vasodilatação. O eritema volta 
à coloração normal quando submetido a 
digitopressão ou vitropressão. 
Significado clínico: geralmente ocorre em 
dermatopatias inflamatórias e frequentemente estão 
associados a quadros pruriginosos. 
O eritema pode ainda ser classificado pela 
tonalidade da cor, temperatura, localização, extensão 
e evolução em: 
* Cianose: eritema arroxeado, por congestão pas 
siva ou venosa, com diminuição da tempera 
tura. 
» Enantema: eritema de mucosa. 
» Exantema: eritema disseminado, agudo e efémero. 
* Eritrodermia: eritema crónico, geralmente 
acompanhado de descamação. 
» Mancha lívida: cor plúmbea, do pálido ao 
azulado, temperatura fria, por isquemia. 
* Mancha anêmica: mancha branca, permanente, 
por agenesia vascular. A vitropressão iguala a 
área subjacente à mancha, mostrando haver 
diminuição ou ausência de vasos sanguíneos. 
 
Figura 12.5 - Cão, Dálmata, Q de 11 meses de idade, com 
eritema generalizado. Caso de demodicidose. 
660 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
O eritcma também pode receber nomes 
particulares relacionado-o a sua forma, como eri-
tema puntiforme, lenticular, em placa (tamanho 
do punho), placar (tamanho da mão) ou, ainda, 
em lençol (grandes áreas da superfície corporal). 
Púrpura (Fig. 12.6). Coloração avermelhada da 
pele decorrente de extravasamento de hemácias 
na derme. Na evolução adquire sucessivamente cor 
arroxeada e verde-amarelada, pela alteração da 
hemoglobina. A púrpura não volta à coloração normal 
quando submetida à digitopressão ou vitropressão. 
Não há diferença morfológica entre púrpura e 
eritema, ambos são iguais, a diferença é observada 
apenas na vitropressão. 
Significado clínico: ocorre ou por ruptura trau-
mática de pequenos vasos ou por coagulopatias. 
• Petéquia: púrpura de até l cm de diâmetro. 
• Equimose: púrpura maior que l cm de diâmetro. 
• Víbice: púrpura linear. 
Te/atigiectasia(Fig. 12.7). Evidenciação dos va-
sos cutâneos através da pele, decorrente do seu 
adelgaçamento. Os vasos revelam-se sinuosos. 
Significado clínico: atrofia cutânea. Ocorre fre-
quentemente em casos de hiperadrenocorticismo 
e cicatrização atrófica. 
Manchas Pigmentares ou Discrômicas 
Hipopigmentação ou hipocromia(¥\g. 12.8). Di-
minuição do pigmento melânico. 
Acromia (Fig. 12.8). Ausência do pigmento 
melânico, também denominada leucodermia. 
 
Figura 12.7 - Cão, Yorkshire, Q de 8 anos de idade, com 
telangiectasia decorrente de hiperadrenocorticismo. 
 
Figura 12.8 - Cão, Rottweiller, CJ de 2 anos de idade, com 
lesões de hipocromia e acromia.Caso de vitiligo. 
 
 
Figura 12.6 - Cão, SRD, 5 anos de idade, com púrpuras. 
Caso de intoxicação por dicumarínico. 
Significado clínico de ambas: perda do pigmento 
por lesão dos melanócitos (exemplo: após criote-
rapia), ou imunidade contra os melanócitos, como 
nas dermatopatias auto-imunes e vitiligo. 
Hiperpigmentação ou hipercromia (Figs. 12.9 e 
12.10). Aumento de pigmento de qualquer natu-
reza na pele (hemossiderina, pigmentos biliares, 
caroteno e tatuagem). Quando decorrente do au-
mento de melanina, o termo mais apropriado é 
melanodermia, que pode se apresentar com diferen-
tes tonalidades de castanho como claro, escuro, azul-
acastanhado e preto. 
Significado clínico do aumento da melanina: der-
matopatia crónica. 
Há ainda a mancha senil decorrente da maior de-
posição de melanina em indivíduos de idade avança-
da. Geralmente ocorre na região abdominal ventral 
nos animais e na região dorsal das mãos nos humanos. 
 
Semiologia da Pele 661 
 
 
Figura 12.9 - Cão, SRD, Q de 3 anos de idade, com lesão 
alopécica e hiperpigmentada em caso crónico de derma-
tofitose 
Figura 12.11 - Cão, SRD, <3 com 5 meses de idade, com 
pápulas múltiplas, com foliculite. 
 
Figura 12.12 - Cão, SRD, C? de 11 meses de idade, com 
lesões papulares e eritematosas coalescendo e formando 
placas. Caso de pênfigo foliáceo. 
Figura 12.10 - Cão, SRD, Õ de 7 anos de idade, com lesão 
alopécica e hiperpigmentada em caso de DAPP. 
Formações Sólidas 
Significado clínico: as formações sólidas re-
sultam de processo inflamatório, infeccioso ou ne-
oplásico, atingindo, isolada ou conjuntamente, 
a epiderme, derme e hipoderme. Podem ser clas-
sificados em: 
Pápula (Fig. 12.11). Lesão sólida circunscrita, 
elevada, que pode medir até l cm de diâmetro. 
Placa (Fig. 12.12). Área elevada da pele com 
mais de 2cm de diâmetro, geralmente pelo coa-
lescimento de pápulas. 
./V&/»/0 (Fig. 12.13). Lesão sólida circunscrita, 
saliente ou não, de l a 3cm de diâmetro. 
Tubérculo. Designação em desuso. Significa 
pápula ou nódulo que evolui deixando cicatriz. 
 
Figura 12.13 - Felino, Siamês, Q de 2 anos de idade, com 
duas lesões nodulares decorrentes de esporotricose. 
 
 
662 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
Tumor0unodosidade(¥ig$. 12.14e 12.15). Le-
são sólida circunscrita, saliente ou não, de mais 
de 3cm de diâmetro. O termo tumor deve ser uti-
lizado preferencialmente para neoplasia. 
Goma (Fig. 12.16). Nódulo ou nodosidade que 
sofre depressão ou ulceração na região central e 
elimina material necrótico. 
 
Figura 12.14 - Cão, Pastor Alemão, C? de 7 anos de idade, 
com lesão tulmoral. Caso de dermatofibroma. 
 
 
Figura 12.15 - Felino, SRD, Cf de 4 anos de idade, com 
lesão nodular e outra lesão tumoral. Caso de criptococose. 
 
Significado clínico da goma: o mesmo das forma-
ções sólidas e ainda pode haver agente ctiológico en-
volvido no desenvolvimento desse tipo de lesão, como 
nas micobacterioses atípicas e micoses profundas. 
Vegetação (Fig. 12.17). Lesão sólida, exofítica 
(cresce se distanciando da superfície da pele), aver-
melhada e brilhante, pode ocorrer pelo aumento 
da camada espinhosa. 
Verrucosidade (Fig. 12.18). Lesão 
sólida, exofítica, acinzentada, áspera, 
dura e inelástica, ocor- 
 
Figura 12.17 - Felino, SRD, Q com 5 anos de 
idade com lesão vegetante. Caso de 
pododermatite plasmocítica felina. 
 
 
Figura 12.16 - Cão, SRD, Ç de 13 anos de idade, com 
lesão em goma. Caso de carcinoma espinocelular. 
Figura 12.18 - Cão, SRD, C? de 8 meses de idade, com 
lesões verrucosas. Caso de papulomatose oral. 
 
 
 Semiologia da Pele 663 
 
ré pelo aumento da camada córnea. Lesão clássica 
da papilomatose e sarcóide equino. 
Coleções Líquidas 
Dentre as coleções líquidas, incluem-se as lesões 
com conteúdo seroso, sanguinolento ou purulento. 
Vesícula (Fig. 12.19). Elevação circunscrita de 
até Icm de diâmetro, contendo líquido claro. Esse 
conteúdo inicialmente claro (seroso) pode se tornar 
turvo (purulento) ou avermelhado (hemorrágico). 
Bolha (F\g. 12.20). Elevação circunscrita mai-
or que Icm de diâmetro, contendo líquido claro. 
Púsfu/a(¥ig. 12.21). Elevação circunscrita de 
até Icm de diâmetro, contendo pus. 
Significado clinico das vesículas e bolhas: ao se de-
parar com esses três tipos lesionais, o clínico deve 
incluir no seu plano de diagnóstico as lesões cáus-
ticas, farmacodermias e doenças auto-imunes. Ain-
da no caso das pústulas, além desses três diagnós-
ticos, as piodermites devem ser consideradas. 
 
 
 
Figura 12.21 - Cão, Yorkshire, Q com 6 meses de idade, 
com pústulas. Caso de impetigo. 
Cisto. Formação elevada ou não, constituída 
por cavidade fechada envolta por um epitélio e 
contendo líquido ou substância semi-sólida. 
Abscesso. Formação circunscrita de tamanho 
variável, encapsulado, proeminente ou não, con-
tendo líquido purulento na pele ou tecidos subja-
centes. Há calor, dor e flutuação. 
Significado clínico: infecção por perfuração ou 
via hematógena. 
Fltgmão (Fig. 12.22). Aumento de volume de con-
sistência flutuante, não ecapsulado, de tamanho variável, 
proeminente ou não, contendo líquido purulento na 
pele ou tecidos subjacentes. Há calor e dor. 
Significado clínico: infecção por perfuração ou 
via hematógena. 
Hematoma (Fig. 12.23). Formação circunscrita 
de tamanho variável, proeminente ou não, decor-
rente de derramamento sanguíneo na pele ou te-
cidos subjacentes. 
 
 
 
Figura 12.20 - Mesmo cão da Figura 12.19 em maior apro-
ximação. 
Figura 12.22- Felino, Cf de 5 meses de idade, comflegmão, 
apresentando pontos de supuração. 
 
Figura 12.19 - Cão, Doberman, Q de 2 anos de idade, 
com vesículas e bolhas. Caso de queimadura. 
 
664 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
 
 
Figura 12.23 - Cão, SRD, Cf de 3 anos de idade, com 
oto-hematoma. 
Figura 12.24 - Cão, SRD, C? de 3 anos de idade, com hi-
perqueratose de pavilhão auricular. Caso de escabiose. 
Significado clínico: traumatismo. O hematoma 
mais frequentemente observado nos carnívoros do-
mésticos é o oto-hematoma, decorrente de trau-
ma por prurido ótico. 
Alterações de Espessura 
Hiperqueratose ou queratose (Fig. 12.24). Espes-
samento de pele decorrente do aumento da ca-
mada córnea. A pele torna-se áspera, inelástica, 
dura c de coloração acinzentada. Denominada 
leucoplasia, quando ocorre em mucosas. 
Liquemficaçãooulignificação(^\g. 12.25). Espessa-
mento da pele decorrente do aumento da camada mal-
pighiana com acentuação dos sulcos cutâneos, dando 
à pele aspecto quadriculado ou em favos de mel. 
Significado clínico da queratose e lignificação: pro-
cesso inflamatório crónico ou região de traumas 
repetidos (calo ou calosidade). 
Edema (Fig. 12.26). Aumento da espessura, 
depressível (sinal de Godet), sem alterações de 
coloração, decorrente do extravasamento de plas-
ma na derme e/ou hipoderme. 
Significado clínico: qualquer processo que leve 
a alterações do princípio da hipótese de Starling, 
como inflamação aguda, irrigação linfática defi-
ciente, hipoproteinemia ou cardiopatias. 
Esclerose. Aumento da consistência da pele, que 
se torna lardácea ou coriácea, não é depressível e 
o pregueamento é difícil ou impossível; pode se 
apresentar hipo ou hipercrômica, decorrente de 
fibrose do colágeno. 
Cicatriz (Fig. 12.27). Lesão de aspecto variá-
vel, saliente ou deprimida, móvel, retrátil ou ade-
rente. Não apresenta estruturas foliculares, nem 
 
Figura 12.25 - Cão, Dachshund, Q de 6 anos de idade, 
com alopecia e hiperqueratose. Caso de disqueratinização 
com infecção secundária por Malassezia pachydermatis. 
 
Figura 12.26 - Cão, SRD, C? de 8 meses de idade, com 
alpecia e edema. Caso de demodicidose. 
 
 
 
 
 
 Semiologia da Pele 665 
 
Figura 12.27 - Equino, Cf de 12 anos de idade, com cica-
triz em pós-operatório de crioterapia. 
 
sulcos cutâneos, decorrente de reparação de pro-
cesso destrutivo da pele. Associa atrofia, fibrose e 
discromia.Perdas Teciduais e Reparações 
 
São lesões decorrentes de eliminação ou des-
truição patológicas do tecido cutâneo. 
Escama (Fig. 12.28). Placas de células da ca-
mada córnea que se desprendem da superfície cu-
tânea, por alteração da queratinização. Podem ser 
classificadas em farinácea, furfurácea ou micácca. 
Significado clínico: queratinização precoce ou 
aumento da epidermopoiese, decorrentes de fa-
tores genéticos, processos inflamatórios ou me-
tabólicos. 
Erosão ou exulceração (Fig. 12.29). Perda superfi-
cial da epiderme ou de camadas da epiderme. 
 
Figura 12.29 - Cão, C? de 2 anos de idade, com exulceração. 
Caso de LED. 
 
Escoriação (Fig. 12.30). Erosão linear e geral-
mente decorrente de lesão auto-traumática pruri-
ginosa. 
Ulceração (Figs. 12.31 e 12.32). Perda circuns-
crita da epiderme e derme, podendo atingir a hi-
poderme e tecidos subjacentes. 
Úlcera. Sinónimo de ulceração crónica. Deno-
mina-se de úlcera tenebrante, aquelas muito profun-
das. 
Colarinho epidérmico (¥\g. 12.33). Fragmento de 
epiderme circular que resta aderido à pele após a 
ruptura de vesículas, bolhas ou pústulas. 
Significado clínico das exulcerações e ulcerações: perda 
traumática de tecido; quando cónicas, as neopla-
sias e a presença de agentes etiológicos bacteria-
nos e fúngicos devem ser considerados. 
 
 
 
Figura 12.28 - Cão, Q de 7 anos de idade, com descama-
ção. Caso de disqueratinização ("seborréia seca"). 
Figura 12.30 - Cão, Cf de 1 ano de idade, com escoriação. 
Caso de escabiose. 
 
 
666 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
 
Figura 12.31 - Cão, Pastor Alemão, Cf de 5 anos de idade, 
com úlcera. Caso de reação à injeção de enrofloxacina. 
Afta. Pequena ulceração em mucosa. 
Fissura ou ragádia. Perda linear da epiderme, 
ao redor de orifícios naturais ou em área de prega 
ou dobras. 
Crosta (Fig. 12.34). Concreção amarelo-clara 
(crosta melicérica), esverdeada ou vermelha escura 
(crosta hemorrágica), que se forma em área de perda 
tecidual, decorrente do dessecamento de sero-
sidade, pus ou sangue, além de restos epiteliais. 
Escara (Fig. 12.35). Área de cor lívida ou pre-
ta, limitada por necrose tecidual. O termo tam-
bém é empregado para designar a eliminação do 
esfacelo (porção central e necrosada da escara). 
Significado clínico: morte tecidual por reação a 
injeção, crioterapia ou decúbito prolongado. 
Fístulas (Fig. 12.36). Canal com pertuito na pele 
que drena foco de supuração ou necrose e elimina 
material purulento ou sanguinolento. 
 
 
Figura 12.32 - Felino, SRD, Q de 3 anos de idade, com 
úlcera. Caso de úlcera eosinofílica. 
 
Figura 12.34-Cão, SRD, Q de 14 anos de idade, com crostas 
hemorrágicas. Caso de metástase cutânea de adeno-
carcinoma mamário. 
 
 
 
Figura 12.33 - Cão, Yorkshire, Cf de 6 anos de idade, com 
colarinho epidérmico. Caso de foliculite superficial. 
Figura 12.35 - Bovino, Q de 6 anos de idade, com escaras 
e úlcera em pós-operatório de crioterapia. 
 
Semiologia da Pele 667 
Figura 12.36 - Cão, Pastor Alemão, Cf de 7 anos de idade, 
com fístulas perianais. 
 
Figura 12.37 - Felino, Q de 9 anos de idade, com chifre 
cutâneo. Caso de carcinoma espinocelular. 
 
Significado clínico: presença de foco infeccio-
so ou corpo estranho em tecidos subjacentes. 
Lesões Associadas 
As lesões elementares anteriormente des-
critas podem ocorrer isoladamente ou associa-
das umas às outras. Existe, assim, uma série de 
termos descritivos que podem ser utilizados, como 
lesões papulocrostosas, eritêmato-papulosas, 
vesiculobolhosas, ulcerocrostosas entre outras. 
Lesões Particulares 
Existem algumas lesões que acabam por não 
pertencer a nenhum dos cinco grupos lesionais e 
são tidas como lesões especiais ou sinais especí-
ficos. 
Celulite. Inflamação da derme e/ou do tecido 
subcutâneo. 
Comedo. Acúmulo de corneócitos no infundí-
bulo folicular (cravo branco) ou de queratina e sebum 
em um folículo piloso dilatado (cravo preto). 
Corno (Fig. 12.37). Excrescência cutânea cir-
cunscrita e elevada, formada por queratina. É o 
grau máximo de uma hiperqueratose. 
Milium (mtlio). Pequeno cisto de queratina 
branco-amarelado, na superfície da pele. 
i 
Sinais Específicos da Dermatologia 
Sinal de Nikolsky. Pressão friccionai sobre a pele, 
determinando a separação da epiderme. Caracte-
rístico dos pênfigos e dermatoses por acantólise. 
Sinal de Godet ou cacifo. Pressão sobre a pele 
obtendo-se depressão. Na presença de edema, a 
depressão permanece, mesmo quando não se exerce 
mais a pressão. 
Sinal de Auspitz. Surgimento de pontos ou 
ponteado hemorrágico quando se raspam as esca-
mas, numa área recoberta por escamas. 
Sinal de Larsson. Fricção dos pêlos contra o 
sentido de crescimento, evidenciando acúmulos 
paralelos de escamas, característico dos quadros 
de disqueratinização. 
Inspeçao Indireta 
Na dermatologia veterinária, os exames sub-
sidiários são quase na sua totalidade métodos de 
inspeção indireta. Alguns são obtidos imediatamen-
te, outros necessitam de algum tempo para a obten-
ção de resultados. De uma maneira geral, são con-
siderados exames complementares ao exame físi-
co, indispensáveis no diagnóstico definitivo das 
dermatopatias. 
D/ascop/a ou Vitropressão 
Feita com lâmina de vidro ou lupa onde se 
exerce uma pressão sobre a lesão que se quer in-
vestigar, para provocar isquemia da mesma. Indi-
cada para diferenciar eritema de púrpura. Onde o 
eritema cede a diascopia, ou seja, adquire a mes-
ma coloração da pele subjacente, no caso da púr-
pura a pele continua com coloração vermelha, não 
cedendo a diascopia. 
 
668 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
Luz de Wood 
A lâmpada de Wood tem um arco de mercú-
rio que emite radiações ultravioleta. O vidro as-
sociado a esta lupa diferenciada é de silicato de 
bário, com 9% de óxido de níquel, que deixa passar 
unicamente radiações de 340 a 450nm, similares 
às emitidas nas lâmpadas fluorescentes tipo luz 
negra. O exame deve ser realizado em sala escura 
para a verificação de fluorescência e a lâmpada deve 
ser ligada c aquecida durante 5 minutos antes do 
exame propriamente dito. É empregada na diagnose 
das dermatofitoses. 
Nos casos de dermatofitose provocada pelo 
Microsporum canis, a luz de Wood pode provocar a 
fluorescência verde brilhante (Fig. 12.38) dos pê-
los acometidos por essa espécie fúngica, provoca-
da por alguns pigmentos existentes nas hifas. Po-
rém essa fluorescência somente ocorre em aproxi-
madamente 60% dos animais examinados. Há ainda 
a possibilidade de fluorescências falsas (falso po-
sitivo) em produtos tópicos derivados de petróleo 
(fluorescência azulada), infecções por Pseudomo-
nas spp. (alaranjado) e escamas e crostas, que podem 
determinar fluorescência amarelada, não se tratando 
de casos de microsporíase. 
Deve-se destacar que a dermatofitose cons-
titui uma micose superficial causada pelos 
dermatófitos nas diferentes espécies animais. 
As principais espécies fúngicas dos animais do-
mésticos são o Microsporum canis, Microsporum 
gypseum, Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton 
equinum e Trichophyton verrucosum. Apenas o 
Microsporum canis apresenta a fluorescência à luz 
de Wood. 
 
A luz de Wood é de grande valia na clínica der-
matológica de pequenos animais pois, nos carnívoros 
domésticos, o principal dcrmatófito é o M.canis. Essa 
técnica diagnostica representa um importante exa-
me de triagem nas dermatofitoses de cães e gatos. 
Teste da Fita Adesiva 
Esse teste, também de grande valia na clínica 
veterinária, deve ser realizado com fita adesiva e 
tem como indicação a busca de ectoparasitas e seus 
ovos. A fita deve ser colada e descolada várias vezes 
e em várias regiões do corpo do animal, posterior-
mente a fita é posta sobre a lâmina. O material deve 
ser levado ao microscópio óptico para ser analisado 
e constatada ou não a presença de parasitas. Esse 
teste tem importância nos casos de cheiletielose. 
Pode ser utilizado como técnica decoleta de mate-
rial para exame citológico que será abordado a seguir. 
fxame D/refo t/o Pe/ame 
Um exame muito executado, porém contro-
verso na clínica médica dermatológica, é o exame 
direto do pelame. 
Material necessário: 
• Lâmina de vidro. 
• Lamínula. 
• Potassa a 10%. 
• Microscópio óptico. 
E indicado para a observação de esporos 
fúngicos, mormente de dermatófitos, "parasitando" 
os pêlos do animal examinado. Os pêlos devem 
ser removidos da periferia das lesões alopécicas, 
pois se sabe que o substrato do dermatófito é a 
queratina. Sendo assim, as lesões alopécicas apre-
sentam crescimento centrífugo e os pêlos da pe-
riferia são os mais acometidos pela micose. Outra 
possibilidade é submeter o animal à luz de Wood 
e coletar os pêlos que se revelaram fluorescentes, 
pois esses são os pêlos infectados. Este material 
coletado é acrescido de KOH a 10% em lâmina de 
vidro, aquecido em chama por 15 a 20 segundos e, 
posteriormente, analisado em microscópio óptico. 
Este exame é controverso, pois o clínico deve ter 
conhecimento de que o diagnóstico de dermato-
fitose é dado apenas quando os esporos se dispõem 
nos clássicos parasitismos ectotrix e endotrix. Quando 
nesse exame são evidenciados esporos de fungos 
dispersos pela lâmina, o diagnóstico de dermato-
fitose não deve ser dado, pois os esporos obser- 
Figura 12.38 - Felino, Q de 7 meses de idade, com fluo-
rescência à luz de Wood. Caso de dermatofitose pelo 
M. canis. 
 Semiologia da Pele 669 
 
vados podem ser esporos de fungos pertencentes 
à microbiota fúngica normal dos animais domés-
ticos. O veterinário deve ter muito treino para a 
realização desse exame. Deve-se desatacar que 
não é possível a identificação da espécie de 
dermatófito por esse exame, nem tampouco a iden-
tificação de macroconídeos (estrutura de repro-
dução sexuada), que somente podem ser obser-
vados em crescimento nos meios de cultura en-
riquecidos. 
Tricograma 
Tricograma é um exame que avalia o ciclo 
biológico do pêlo em um determinado momento, 
assim como suas alterações fisiológicas e anatómi-
cas. É o exame detalhado do bulbo, da haste e da 
extremidade dos pêlos. Tem particular importân-
cia na determinação da alopecia auto-induzida, 
doença do mutante de cor, displasia folicular, 
tricorrexis nodosa, pili torti, defluxo anagênico e 
defluxo telogênico nas dermatopatias endócrinas, 
além de defeitos de pigmentação (Tabela 12.5). 
O material (pêlos) deve ser obtido prendendo-se 
uma pinça hemostática em aproximadamente 50 
pêlos, que devem ser removidos todos de uma vez 
e no sentido de seu crescimento. Posteriormente, 
os pêlos devem ser postos em uma lâmina de vi-
dro, todos no mesmo sentido e direção, para que 
o clínico possa avaliar todos os bulbos, as hastes e 
as extremidades de uma vez. Finalmente devem 
ser analisados ao microscópio óptico. Esse proce-
dimento proporciona a avaliação: do estágio do ciclo 
do pêlo (anágeno ou telógeno); condição da ex-
tremidade do pêlo (quebrada ou íntegra); estado 
da haste, que pode conter várias alterações de 
pigmentação, esporos de fungos e escamas aderi-
dos, além de defeitos cuticulares como na displa-
sia folicular. 
Uma das principais e mais simples indicações 
do tricograma é a determinação se uma certa re-
gião de rarefação pilosa é decorrente de queda de 
pêlos ou de prurido provocado pelo animal, quan-
do a anamnese não elucidou complctamente este 
fato. Na análise das extremidades dos pêlos, se es-
tiverem quebrados, fica estabelecido que o qua-
dro é pruriginoso e provavelmente os pêlos foram 
removidos por lambedura ou mordedura. Quando 
as extremidades se encontrarem íntegras, conclui-
se que o quadro não é pruriginoso e está havendo 
uma queda exagerada de pêlos naquela região. 
Parasitológico de Raspado Cutâneo 
Uma das técnicas mais executadas na derma-
tologia veterinária, com grande importância no 
auxílio do diagnóstico, para a identificação de para-
sitas dos géneros Demodex, Sarcoptes, Psoroptes, 
Notoedris e Cheyletiella. 
Material necessário: 
• Lâmina de bisturi. 
• Lâmina de vidro. 
• Lamínula. 
• Potassa a 10% ou óleo mineral. 
• Microscópio óptico. 
Indicação l - Sarna Demodécica 
Há, na família Demodicidae, várias espécies 
de Demodex: Demodex canis, Demodex cati, Demodex 
gatoi, Demodex ovis, Demodex equi, Demodex capri, entre 
outros. Independentemente da espécie animal 
examinada e, conseqiientemente, da espécie de 
Demodex procurada, o parasitológico de raspado 
cutâneo nos casos de demodicidose deve ser rea-
lizado em lesão representativa do quadro, prefe-
rencialmente em pele íntegra, buscando-se evitar 
Tabela 12.5 - Achados do tricograma e dermatoses associadas. 
Normal proporção de telógeno e anágeno, 
com extremidades fraturadas 
Alterações da haste 
Todos os pêlos em telógeno 
Todos os pêlos em anágeno 
Dermatite pruriginosa e 
Dermatite psicogênica 
Dermatofitose - parasitismo - ectotrix 
Pili torti, tricorrexis nodosa Displasia 
folicular Doença do mutante de cor 
Defluxo telogênico Alopecia 
paraneoplásica 
Hiperadrenocorticismo 
Defluxo anagênico 
670 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
as lesões ulceradas. Com a lâmina de bisturi per-
pendicularmente colocada em contato com a pele 
pregueada (entre os dedos do veterinário) o clíni-
co deve fazer movimentos de fricção até obter 
material composto por debris celulares e sangue; 
conseqúentemente, haverá o sangramento da re-
gião (fato que deve ser comunicado ao proprietá-
rio com antecedência). Após o início do sangra-
mento, a região deve sofrer uma grande pressão 
(beliscamento), na tentativa de expulsar os áca-
ros que usualmente ocupam os folículos pilosos e, 
em seguida, continuar a coleta. Posteriormente o 
material coletado deve ser posto sobre a lâmina, 
diluído com KOH a 10% e coberto por lamínula. 
Com auxílio dos dedos, lâmina e lamínula devem 
ser pressionadas em movimentos de vaivém até 
que se obtenha um material translúcido. Esse 
material deve ser levado ao microscópio óptico para 
ser analisado e constatada ou não a presença de 
ácaros desse género. Também podem ser observa-
dos ovos e formas imaturas do parasita. 
Interpretação do parasito lógico de raspado cutâneo 
nademodícidose. Alguns autores chegam a determi-
nar a quantidade de ácaros que devem ser encon-
trados para que se determine o diagnóstico de 
demodicidose pois, habitualmente, o ácaro faz parte 
da microfauna cutânea. Na opinião do autor, a 
evidenciação de apenas um ácaro ou mais do gé-
nero Demodex em lesões sugestivas da doença con-
firma o diagnóstico. 
Alguns raspados (no mínimo cinco) devem ser 
executados para se considerar que o animal não 
apresenta a doença. Cuidados especiais devem ser 
tomados quando as lesões se localizam em regiões 
anatómicas delicadas, como na região periorbital 
nos casos de blefarite demodécica. 
É um exame altamente sensível, quando são 
evidenciados ácaros do género Demodex. Trata-se 
seguramente de um caso de demodicidose e, quando 
não são evidenciados ácaros, não há a possibilida-
de do diagnóstico. Duas exceções podem ser con-
sideradas: os cães da raça shar-pei e casos de 
pododemodicidose crónicos e com infecção bac-
tcriana secundária. Nesses dois casos, quando o 
parasitológico de raspado não evidencia a presen-
ça dos ácaros, o diagnóstico de sarna demodécica 
deve ser estabelecido por meio de biopsia seguida 
de exame histopatológico da pele. 
Indicação II - Sarna Sarcóptica 
Há, na família Sarcoptidae, algumas varieda-
des de Sarcoptes scabieí que acometem as espécies 
canina, suína, bovina e caprina; acometem tam-
bém, menos frequentemente, cqiiinos e ovinos. 
Independentemente da espécie animal examina-
da, o parasitológico de raspado cutâneo nos casos 
de sarna sarcóptica deve ser realizado em lesão 
representativa do quadro, preferencialmente em 
pele íntegra, buscando-se evitar as lesões ulcera-
das. Com a lâmina de bisturi perpendicularmente 
colocada em contato com a pele pregueada (entre os 
dedos do veterinário), o clínicodeve fazer 
movimentos de fricção até obter material com-
posto por debris celulares e sangue. Conseqúen-
temente, haverá sangramento da região (fato que 
deve ser comunicado ao proprietário com antece-
dência), devido ao comportamento do ácaro de 
"cavar" galerias na epiderme. Esse exame deve 
ser realizado o mais profundamente possível. Pos-
teriormente o material coletado deve ser posto 
sobre a lâmina, diluído com KOH a 10% e cober-
to por lamínula. Com auxílio dos dedos, lâmina e 
lamínula devem ser pressionadas em movimen-
tos de vaivém até que se obtenha um material 
translúcido. Esse material deve ser levado ao mi-
croscópio óptico para ser analisado e constatada 
ou não a presença de ácaros desse género. Tam-
bém podem ser observados ovos. 
As lesões de escabiose frequentemente se 
localizam na borda de pavilhões auriculares, mor-
mente na espécie canina. Sendo assim, o clínico 
deve ter cuidado ao raspar esta região com lâmina 
de bisturi e o cão deve estar devidamente contido 
para que se evitem acidentes. 
Diferentemente do que ocorre na demodi-
cidose, na escabiose (sarna sarcóptica), mesmo 
realizando-se vários raspados cutâneos, o ácaro pode 
não ser evidenciado, mas esse fato não afasta o 
diagnóstico de sarna sarcóptica. Conseqúentemen-
te, quando o veterinário suspeita dessa dermato-
patia, mesmo sem a confirmação da presença dos 
ácaros, o animal deve ser tratado. 
Indicação III - Sarna Notoédrica dos Felinos 
Também conhecida como escabiose dos 
felinos, é causada pelo Notoedrís cati, ácaro per-
tencente à família Sarcoptidae. O parasitológico 
de raspado cutâneo deve ser realizado cm lesões 
representativas do quadro (que, neste caso, são 
praticamente restritas à região cefálica), prefe-
rencialmente em pele íntegra, buscando-se evi-
tar as lesões ulceradas. Com a lâmina de bisturi 
perpendicularmente colocada em contato com a 
pele pregueada (entre os dedos do veterinário), 
 
 
 Semiologia da Pele 671 
 
 o clínico deve fa/er movimentos de fricção até 
obter material composto por debris celulares e 
sangue. Conseqiientemente haverá o sangramento 
da região (fato que deve ser comunicado ao pro-
prietário com antecedência), devido ao compor-
tamento do ácaro de "cavar" galerias na epider-
me. Este exame deve ser realizado o mais pro-
fundamente possível. Posteriormente, o material 
coletado deve ser posto sobre a lâmina, diluído 
com KOH a 10% e coberto por lamínula. Com 
auxílio dos dedos, lâmina e lamínula devem ser 
pressionadas em movimentos de vaivém até que 
se obtenha um material translúcido. Esse mate-
rial deve ser levado ao microscópio óptico para 
ser analisado e constatada ou não a presença de 
ácaros desse género. Também podem ser obser-
vados ovos. 
Cuidados especiais devem ser tomados quan-
do as lesões se localizam em regiões anatómicas 
delicadas, como na região periorbital e as bordas 
de pavilhões auriculares, uma vez que o quadro 
envolve quase exclusivamente a cabeça. 
É um exame altamente sensível. Quando são 
evidenciados ácaros do género Notoedris, trata-se 
seguramente de um caso de sarna notoédrica e, 
quando não são evidenciados ácaros, não há a pos-
sibilidade do diagnóstico, mesmo se tratando de uma 
escabiose. Neste caso, o diagnóstico será fechado 
apenas quando forem evidenciados os ácaros. 
Indicação IV - Sarna Psoróptica 
A sarna psoróptica acomete as espécies bovi-
na e ovina; acomete também, menos frequen-
temente, equinos e caprinos. Independentemente 
da espécie animal examinada, o parasitológico de 
raspado cutâneo, nos casos de sarna psoróptica, 
deve ser realizado em lesão representativa do 
quadro, preferencialmente em pele íntegra, bus-
cando-se evitar as lesões ulceradas. Com a lâmina 
de bisturi perpendicularmente colocada em con-
tato com a pele pregueada (entre os dedos do 
veterinário), o clínico deve fazer movimentos de 
fricção até obter material composto por debris 
celulares e sangue. Pela facilidade de evidencia-
ção dos ácaros deste género, o raspado não precisa 
ser tão profundo. Posteriormente o material cole-
tado deve ser posto sobre a lâmina, diluído com 
KOH a 10% e coberto por lamínula. Com auxílio 
dos dedos, lâmina e lamínula devem ser pressio-
nadas em movimentos de vaivém até que se obte-
nha um material translúcido. Esse material deve 
ser levado ao microscópio óptico para ser analisa- 
do e constatada ou não a presença de ácaros desse 
género. Também podem ser observados ovos. 
É um exame altamente sensível, uma vez que 
os ácaros de psoroptes são grandes e facilmente 
evidenciados. 
Indicação V - Cheiletielose 
A cheiletielose é uma dermatite parasitária 
que acomete com frequência felinos, podendo aco-
meter caninos, causada por ácaros da família 
Cheyletidae. A espécie mais observada é a Cheyktiella 
blakei, porém podem ser evidenciadas as espécies 
Cheyktiellayasguri e Cheyletiellaparasitivorax. Esses 
ácaros se alimentam de debris celulares e vivem 
na superfície da pele. O parasitológico de raspado 
cutâneo deve ser realizado em lesões descamativas, 
pois frequentemente as escamas, além de estarem 
associadas ao quadro, podem ser confundidas com 
o parasita, preferencialmente em pele íntegra. Com 
a lâmina de bisturi perpendicularmente colocada 
em contato com a pele pregueada (entre os dedos 
do veterinário), o clínico deve fazer movimentos 
leves de fricção até obter material composto por 
escamas e debris celulares. O raspado deve ser muito 
superficial. Posteriormente o material coletado deve 
ser posto sobre a lâmina, diluído com KOH a 10% 
e coberto por lamínula e levado ao microscópio óp-
tico para ser analisado e constatada ou não a pre-
sença de ácaros desse género. Também podem 
ser observados ovos que invariavelmente estarão 
aderidos aos pêlos. Muitas vezes é mais fácil a 
evidenciação dos ovos que o parasita propriamente 
dito. 
Exame Micológico 
Muito utilizado na rotina, o exame micoló-
gico encontra várias aplicações na clínica derma-
tológica. Tem fundamental importância na deter-
minação do diagnóstico e terapia de diferentes 
quadros provocados por fungos, como a dermato-
fitose, malasseziase, esporotricose e criptococose. 
Material necessário: 
• Lâmina de vidro. 
• Swab. 
• Carpetes esterelizados. 
• Material de biopsia. 
» Cureta. 
• Meios de cultura. 
• Estufa (necessário ao laboratório). 
• Microscópio óptico (necessário ao laboratório). 
672 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
Indicação l - Dermatofitose 
A dermatofitose constitui uma micose super-
ficial causada por fungos filamentosos (bolores) 
nas diferentes espécies animais. As principais es-
pécies fúngicas dos animais domésticos são o 
Microsporum canis, Microsporum gypseum, Trichophyton 
mentagrophytes, Trichophyton equinum e Trichophyton 
verrucosum. 
A dermatofitose classicamente é representa-
da por lesões alopécicas e descamativas de con-
tornos circulares. Quando o clínico suspeita dessa 
dermatopatia, o diagnóstico final é dado pelo cul-
tivo e identificação do fungo. O material enviado 
ao laboratório deve ser representado por pêlos e 
escamas coletados da periferia da lesão alopécica. 
Deve ser enviado entre lâminas, em tubo estéril 
ou ainda dentro de coletores universais estéreis. 
O material deve ser semeado cm placas de Petri 
contendo meio de cultura Sabouraud e Sabouraud 
acrescido de cicloeximida (impediente de cresci-
mento de fungos saprófitas) a 25"C. Os derma-
tófitos podem crescer em 10 a 21 dias. A identi-
ficação da espécie do dermatófito envolve as ca-
racterísticas morfológicas macroscópicas da cultura 
e seu reverso, além das características microscó-
picas de macroconídeos e microconides. 
Outro meio de cultura frequentemente citado 
na literatura c o DTM - Dermatophyte TestMédium, 
que é o meio Sabouraud acrescido de vermelho fenol. 
Em poucos dias (3 a 10), o meio que é levemente 
amarelado torna-se vermelho, devido à produção de 
substâncias alcalinas produzidas pelos dermatófítos, 
confirmando o diagnóstico, sem porém confirmar a 
espécie em questão.O problema desse teste, além 
da impossibilidade de identificação específica, é o 
fato de que fungos saprófitas como Aspergil/us spp., 
Mucorspp. e bactérias podem provocar a mudança 
de coloração do meio, fazendo com que esse teste 
não seja plenamente confiável para a determinação 
de um diagnóstico positivo. O método de coleta e 
a temperatura são as mesmas já citadas no cultivo 
convencional. 
Os felinos são a única espécie doméstica que 
pode "portar" o Microsporum canis sem apresentar 
lesões de pele. Gomo a dermatofitose é uma im-
portante zoonose, não raro são observados proprie-
tários de felinos com lesões sem que seus animais 
se apresentem doentes. Nesse caso e quando se 
quer identificar gatos "portadores assintomáticos", 
para controle da dermatofitose em gatis, a coleta 
de material para cultivo deve ser obtida pelo mé-
todo do carpete, que consiste em "pentear" os felinos 
com fragmentos de carpetes estéreis que, poste-
riormente, são levados ao meio de cultura. O tem-
po de crescimento dos fungos e a temperatura c 
identificação são as mesmas já citadas no cultivo 
convencional. 
Preparação do carpete. Carpetes de 2mm de 
espessura, do tipo forração (agulhado) devem ser 
cortados em quadrados de 5x5cm. Devem ser lava-
dos em água corrente por 24 horas, posteriormente 
deixados imersos em água destilada por 48 horas, secos 
em estufa, embrulhados um a um em papel alumí-
nio e autoclavados. 
Independentemente da técnica escolhida para 
confirmação da dermatofitose, os animais que já 
estiverem submetidos à terapia tópica ou sistémi-
ca devem ser afastados do tratamento por, no míni-
mo, sete dias, para que o material seja coletado. 
Indicação II - Dermatite por Malassezia 
A dermatite por Malasseziapachydermatis é uma 
dermatopatia relevante principalmente em cães. 
Os animais acometidos apresentam lesões 
descamativas, critematosas ou hiperpigmentadas. 
Podem também apresentar essa dermatite em locais 
untuosos, como interdígito e pregas cutâneas. O 
material enviado ao laboratório deve ser represen-
tado por escamas coletadas da lesão, que devem 
ser enviadas entre lâminas, em tubo estéril ou ainda 
dentro de coletores universais estéreis, ou ainda 
coletadas por swab no caso de lesões untuosas. O 
material deve ser semeado em placas de Petri con-
tendo meio de cultura Sabouraud e Sabouraud acres-
cido de cicloeximida (impediente de crescimento 
de fungos saprófitas) a 37"C. A Malassezia pachyder-
matis, também denominada Ac Malassezia canis, cresce 
em 5 a 7 dias. É uma levedura que se assemelha a 
"pegadas" ou "tina d'água", graças ao seu caracte-
rístico brotamento, de fácil identificação e conse-
quente confirmação do diagnóstico. Os animais que 
já estiverem submetidos à terapia tópica ou sistémi-
ca devem ser afastados do tratamento por no mí-
nimo sete dias, para que o material seja coletado. 
Indicação III - Esporotricose 
A esporotricose é uma micose subcutânea que 
pode acometer diferentes espécies animais, como 
cães, gatos e equinos. É uma importante zoonose 
clinicamente representada por lesões nodulares ou 
em goma com ou sem secreção. O material envi- 
 Semiologia da Pele 673 
 
ado ao laboratório deve ser representado por se-
creção coletada por swab ou por fragmento de te-
cido acometido coletado por biopsia. Ambos de-
vem ser enviados imediatamente em tubo estéril 
ou ainda dentro de tubos contendo meio líquido 
de BHI. O material deve ser semeado em placas 
de Petri contendo meio de cultura Sabouraud e 
Sabouraud acrescido de ciclocximida (impediente 
de crescimento de fungos saprófitas) a 25 e 37°C. 
Q Esporothrix schenckii é um fungo dimórfico, cres-
cendo como bolor a 25"C e como levedura a 37°C. 
Como levedura tem um formato característico de 
charuto ou cigarrete, que permite a confirmação 
do diagnóstico. 
Indicação IV - Criptococose 
A criptococose é uma micose sistémica que 
pode acometer os carnívoros domésticos. Clinica-
mente representada por lesões nodulares ou em 
goma com ou sem secreção, além de acometimento 
pulmonar ou de tecidos neurológicos. O material 
enviado ao laboratório deve ser representado por 
secreção coletada por swab ou por fragmento de 
tecido acometido coletado por biopsia. Ambos 
devem ser enviados imediatamente cm tubo es-
téril ou ainda dentro de tubos contendo meio lí-
quido de BHI. O material deve ser semeado em 
placas de Petri contendo meio de cultura Sabouraud 
a 37°C. O Cryptococcus neoformans é uma levedura 
envolta por uma cápsula de mucopolissacárides. 
Essa cápsula não se cora, oferecendo a morfologia 
característica de "células fantasma" na identifica-
ção microscópica deste fungo. 
RAST e ELISA 
São duas metodologias de detecção quanti-
tativa de IgE, em soro de animais, para diagnós-
tico diferencial de dermatopatias alérgicas. Esses 
testes são indicados para confirmação de diagnós-
tico de DAPP (dermatite alérgica à picada de 
pulga), hipersensibilidadc alimentar (HA) e atopia. 
Ambos os testes são controversos e algumas con-
siderações devem ser feitas. 
DAPP. Os antígenos envolvidos nessa derma-
topatia estão presentes como antígenos comple-
tos e como haptenos, na saliva de pulgas. As dú-
vidas pairam na natureza e a obtenção dos antíge-
nos pelo laboratório, quantidade e proporção, uma 
vez que já foram identificados mais de 20 antíge-
nos na saliva desses insetos. Outros aspectos im-
portantes estão ligados à patogenia da DAPP onde 
há o envolvimento de imunoglobulinas IgE c IgG, 
reaçõcs imunológicas do Tipo IV e reação basofílica 
cutânea, onde não há o envolvimento de imuno-
globulinas. Esses aspectos inviabilizam a utiliza-
ção desse teste na opinião de vários autores e do 
próprio autor, na determinação do diagnóstico 
definitivo. 
H.A. O mesmo raciocínio deve ser utilizado 
no caso dessa dermatopatia alérgica. É sabido que 
os antígenos são proteínas encontradas no alimento, 
porém um alimento pode ter as estruturas protei-
cas alteradas após cocção e processamento pela 
indústria de rações, conseqúentemente, alteração 
dos determinantes antigênicos. Na patogenia da 
H.A. há o envolvimento de IgE e IgA e as reações 
imunológicas Tipo III e IV, que classicamente não 
têm envolvimento de imunoglobulinas. Novamente, 
pelos fatos expostos, esse exame é de pouca valia 
no diagnóstico desse tipo de dermatite alérgica. 
Atopia. Nesse caso os antígenos estão presen-
tes em suspensão no ar c existe apenas a reação 
de hipersensibilidade Tipo I com envolvimento 
de IgE; mesmo assim, os testes são quantitativos. 
Alguns autores já determinaram que o animal 
atópico possui uma imunoglobulina mais reativa, 
não possuindo maiores quantidades de imunoglo-
bulina. Sendo assim, mesmo nos casos em que o 
clínico suspeita de atopia, o diagnóstico por esses 
métodos torna-se contestável. 
Citologia 
Esse exame pode fornecer rápidos resulta-
dos, que podem ser importantes na orientação 
do diagnóstico ou, muitas vezes, podem deter-
minar o diagnóstico definitivo de diferentes en-
fermidades. 
Material necessário: 
• Seringa. 
• Agulhas. 
• Lâmina de vidro. 
• Swab. 
• Corantes. 
• Microscópio óptico. 
O método de coleta do material deve ser rea-
lizado na dependência da lesão examinada, como 
demonstra a Tabela 12.6. O material coletado deve 
ser distribuído na superfície da lâmina de vidro e 
posteriormente corado. 
A coloração mais utilizada no exame citológico 
é o Diff-Quik ou panótico rápido, que proporcio- 
674 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
na ao exame ser coletado, corado e analisado em 
poucos minutos. É um método que pode ser uti-
lizado em diferentes dermatopatias de etiologia 
inflamatória, neoplásica ou infecciosa. Pode-se 
evidenciar tipos celulares, morfologia celular, bacté-
rias, fungos, além de seu número e distribuição. 
Quando o objetivo da citologia é a visualização mais 
detalhada de uma determinada célula, pode-sc 
recorrer a outras colorações, como aquelas que serão 
citadas no exame histopatológico. A Tabela 12.7 
correlaciona diferentes achadosno exame citológico 
com possibilidades diagnosticas. 
Biopsia e Exame Histopatológico 
As biópsias de pele seguidas de exame histopa-
tológico são os instrumentos mais poderosos de 
diagnóstico na dermatologia. Mas é necessário que 
uma união de esforços seja feita para que esse 
exame seja bem-sucedido. O clínico veterinário 
deve selecionar cuidadosamente, coletar e pre- 
servar o fragmento de tecido coletado e o histopa-
tologista deve processar e escolher a coloração ideal 
(baseado nas informações encaminhadas pelo 
clínico), além de interpretar as alterações teci-
duais. Quando o clínico e o dermatopatologista 
trabalham em conjunto, esse exame pode refle-
tir o diagnóstico preciso em até 90% dos casos. 
Por ser um método invasivo e, muitas vezes, ne-
cessitar de anestesia, além de ser caro, o veteri-
nário muitas vezes, assim como os proprietários 
dos animais, reluta em executar essa coleta. 
Quando o veterinário deve então optar por este 
procedimento? 
1. Em todas as lesões que sugerem neoplasia. 
2. Em úlceras persistentes. 
3. Em casos de doenças nas quais o diagnóstico 
somente é fechado com exame histopatológi 
co, como displasia folicular, doenças auto-imu- 
nes, dermatomiosite, adenite sebácea, vitili- 
go entre outras. 
Tabela 12.6 - Correlação entre a técnica de coleta de material para exame citológico nos diferentes 
tipos lesionais ou regiões anatómicas. 
Decalque da lâmina direto sobre a lesão, 
vesículas, pústulas e bolhas devem ser perfuradas 
Raspados superficiais Incisão 
Aspiração por agulhas 
Swab 
Pápula, pústula, vesícula, bolha, úlcera e exulceração 
Hiperqueratose, exulceração e úlcera 
Nódulos 
Nódulos e tumores 
Fístulas, lesões bucais, pregas cutâneas 
 
 
Neutrófilos degenerados 
Neutrófilos não degenerados 
Eosinófilos 
Basófilos 
Mastócitos 
Linfócitos, plasmócitos e macrófagos 
granulomatosos 
Plasmócitos 
Células acantolíticas (queratinócitos que 
perderam a coesão, por acantólise) 
Bactérias Leveduras 
Células atípicas de uma mesma população 
Considerações de diagnóstico 
Infecção bacteriana 
Dermatites alérgicas, pênfigo, dermatite subcorneal pustular, 
dermatite de contato 
Ectoparasitismo, alergias nos felinos, placa e granuloma eosi-
nofílico, foliculite eosinofílica 
Ectoparasitismo, DAPP, endoparasitismo 
Mastocitoma, alergias nos felinos, ectoparasitismo 
Quadros infecciosos ou não infecciosos (corpo estranho e 
paniculite estéril), na dependência de evidenciação de microor-
ganismos. 
Pododermatite plasmocítica, plasmocitoma 
Pênfigo e dermatofitose 
Intracelular - infecção extracelular - colonização Infecção 
fúngica (dermatite por Malassezia, esporotricose, 
criptococose) 
Neoplasias 
Tabela 12.7 - Achados microscópicos no exame citológico e suas relações com diferentes diagnósticos. 
•;t "' ..........................................— ••„•;,;; ,;. . ; • ~. , ; ,;„ •,,; . . ... .... : • < . ' : ; 
Achados 
Semiologia da Pele 675 
4. Numa dermatose que não está respondendo 
à terapia aparentemente adequada. 
5. Numa dermatopatia, que na experiência do clí 
nico não é comum, ou aparentemente é grave. 
6. Em dermatites vesicobolhosas. 
7. Em condições em que a terapia é perigosa, 
muito dispendiosa ou muito prolongada. 
Mesmo sem o diagnóstico definitivo, o histo-
patológico ajuda a guiar o clínico na direção corre-
ta do diagnóstico. Os antiinflamatórios, especial-
mente os corticóides, devem ser afastados por 2 a 
3 semanas antes da coleta da biopsia. Os achados 
histopatológicos nas infecções bacterianas secun-
dárias sobrepujam os achados de dermatopatias con-
comitantes; sendo assim, se o clínico suspeitar de 
uma dermatopatia de base com infecção secundá-
ria, deve tratar a infecção para posteriormente 
coletar o material. 
Material necessário: 
Bisturi, pinça anatómica. 
Tesoura. 
Porta agulha, fio de sutura. 
Punch. 
Formol a 10%. 
Papel filtro. 
A coleta dos fragmentos de tecidos pode ser 
realizada basicamente por dois métodos: com au-
xílio de bisturi, retirando-se um fragmento fusi-
forme de pele, ou compunch (saca-bocado), que é 
uma lâmina circular variando de 2 a 8mm de diâ-
metro. Os punchs geralmente mais utilizados são 
os de 3 e 4mm de diâmetro. A escolha da técnica 
está invariavelmente ligada à morfologia das le-
sões cutâneas (Tabela 12.8). 
A lesão a ser biopsiada deve ser clinicamen-
te representativa do quadro. Não deve ser recente 
ou antiga, em fase de regressão, ou estar alterada 
por trauma infecção ou medicamentos. O clíni-
co, sempre que possível, deve coletar um fragmen-
to que contenha a transição da pele íntegra ao 
tecido acometido, para que o dermatopatologista 
possa avaliar melhor o quadro. Após a coleta, o 
fragmento deve ser delicadamente rolado sobre 
o papel filtro, para eliminar sangue e secreções, 
e por fim ser conservado em formol a 10% (o 
volume do formol deve ser dez vezes maior que 
o volume do tecido coletado). Finalmente o 
material deve ser encaminhado a um dermatopato-
logista para a elaboração do diagnóstico. A pri-
meira opção de envio de material deve ser para 
um dermatopatologista veterinário, posteriormente 
um patologista geral. 
Clínico e patologista devem ter em mente 
que a precisão do diagnóstico pode estar 
ligada às colorações específicas para diferen-
tes situações. Seguem alguns exemplos de co-
loração: 
PÁS (ácidoperiódico de Schiff). Para evidencia-
ção de mucopolissacárides. Útil no diagnóstico 
de dermatites fúngicas e lesões relativas à lâmi-
na basal, como o lúpus eritematoso. 
Grocott. Específica para evidenciação de 
fungos. 
Ziehl-Nilsen. Para evidenciação de bacilos ál-
cool - ácido-resistentes, como na micobacteriose 
atípica. 
AzuldePrússia. Para evidenciação de hemossi-
derina. 
Vermelho congo. Para evidenciação de proteína 
amilóide sob luz polarizada 
Tabela 12.8 - Método de coleta de material de biopsia, segundo o tipo lesionai. 
Tipo lesionai 
Alterações de coloração 
Formações sólidas 
Coleções líquidas 
Alterações de espessura 
Perdas teciduais 
Punch ou em fuso por bisturi, na transição pele íntegra/pele 
acometida 
Punch 
Biopsia excisional por bisturi, de toda a 
lesão ou parte Vegetação e verrucosidade representativa 
Biopsia excisional por bisturi em fuso contendo a les ão 
inteira 
Punch 
Punch ou em fuso por bisturi, na transição pele íntegra/ 
pele acometida 
Pápulas 
Nódulos, tumor, 
676 Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico 
Azul de toluidina. Para evidcnciação de grânu-
los preenchidos por heparina (mastócitos). 
Von Mossa. Para evidenciação de cristais de 
cálcio. 
Tricrônico deMasson. Para evidenciação de co-
lágeno. 
Von Gieson. Para evidenciação de fibras colágcnas 
e fibras musculares. 
Masson Fontana. Para evidenciação de melanó-
citos. 
Alcian Blue. Para evidenciação de mucopolis-
sacárides. 
Para que esse exame e todos os outros se-
jam realizados com êxito, o clínico sempre deve 
encaminhar o material coletado, com identifi-
cação completa do animal, um breve histórico 
do quadro, achados do exame físico, descrição 
das lesões elementares cutâneas, a técnica de 
coleta e as suspeitas de diagnóstico. Assim o ve-
terinário que irá receber e processar o material 
poderá fazê-lo da maneira mais adequada e pre-
cisa possível. 
Finalmente, com os dados do exame clíni-
co dermatológico completo (identificação, ana-
mnese, exame físico c exames complementa-
res), poder-se-á determinar um diagnóstico 
definitivo e interpor a terapia mais adequada, 
que é o objetivo final de qualquer ramo da clínica 
veterinária. 
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