Prévia do material em texto
Copyright © 2012 tradução portuguesa, DP Portugal Copyright © Derek Prince Ministries Internacional Autor: Derek Prince Título original: The Destiny of Israel and the Church Tradução: Jorge Pinheiro Correção: Maria de Conceição Castro Cabral Redação: Christina van Hamersveld Publicado em Português pela: Editora Um Êxodo Unipessoal Lda E-mail: umexodo@gmail.com ISBN: 978-989-8501-17-2 Derek Prince Portugal Caminho Novo Lote X, Feteira 9700-360 Angra do Heroísmo Telf.: 295663738 / 927992157 E-mail: derekprinceportugal@gmail.com Blog: twww.derekprinceportugal.blogspot.p A versão bíblica usada neste livro: Almeida Corrigida e Revisada Fiel. Só para alguns versículos usamos: (ARA) = Almeida Revista e Atualizada, (ARIB) = Almeida Revisada Imprensa Bíblica, (NVI) = Nova Versão Internacional. índice introdução .......................................................................... 5 1. O cerne da Atenção Mundial ..................................... 9 2. Quem é israel? .................................................................. 12 3. Quem é Judeu? ................................................................ 18 4. eles não são israel .......................................................... 23 5. O israel de deus .............................................................. 26 6. israel distinto da igreja ................................................. 30 7. Quem é a igreja? .............................................................. 33 8. eleição .............................................................................. 36 9. O Remanescente eleito ................................................... 41 10. A Pecaminosidade de israel .......................................... 46 11. A Restauração Predita de israel ................................... 50 12. A descrição da Restauração de israel ......................... 54 13. Um Pequeno Pedaço de Terra ....................................... 61 14. As Fronteiras de deus ..................................................... 69 15. Um Tempo de Realojamento ......................................... 73 16. deus é injusto? ................................................................. 76 17. Primeiro o Judeu, depois o Gentio .............................. 82 18. A eleição e a igreja .......................................................... 89 19. não esforço, Mas União ................................................ 96 20. A igreja será também um Remanescente? .................. 99 21. A Resposta que deus exige .......................................... 105 22. Proclamar ....................................................................... 113 23. Louvar ............................................................................. 118 24. Orar! ............................................................................... 122 25. O clímax ....................................................................... 126 26. conclusões...................................................................... 131 Apêndice i ...................................................................... 133 Apêndice ii .................................................................... 138 Sobre derek Prince ........................................................ 145 derek Prince Ministries ................................................ 147 Outros livros por derek Prince (em português) ....... 149 5 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA INTRODUÇÃO Uma característica peculiar da Bíblia são as suas pro- fecias. nenhum livro sagrado de qualquer outra religião mundial oferece algo de comparável à Bíblia a este res- peito. Os seus profetas predisseram consistentemente - com um espantoso rigor e detalhe minucioso - aconte- cimentos da história muitos séculos antes deles ocorre- rem. este é um dos grandes testemunhos da inspiração sobrenatural da Bíblia. Em Isaías 46:9-10, o deus da Bíblia fala de Si pró- prio: … Eu sou Deus, e não há nenhum outro; eu sou Deus, e não há nenhum como eu. Desde o início faço conhecido o fim, desde tempos remotos, o que ainda virá. Digo: Meu propósito ficará de pé, e farei tudo o que me agrada. (niV) A capacidade de predizer a história com um tal rigor implica, necessariamente, a capacidade de a controlar. Por esta razão, deus pode dizer com absoluta confiança: “O meu propósito permanecerá”. 6 deReK PRince Um dos grandes temas da profecia bíblica é o destino de israel. desde o nascimento de israel, enquanto na- ção, até à consumação final do seu destino, cada estágio principal foi predito pelos seus profetas. Pelo menos oi- tenta por cento de todas estas profecias já se cumpriram detalhadamente. É, portanto, razoável esperar que os restantes vinte por cento se cumpram com igual rigor. entretecido na história de israel encontra-se o desti- no de outro povo: a igreja de Jesus cristo. A igreja teve a sua origem em israel, mas ao longo dos séculos os des- tinos destes dois povos - israel e a igreja - divergiram largamente. no entanto, tem havido uma contínua inte- ração entre ambos. A igreja também, à semelhança de israel, teve os seus profetas. O maior deles foi o seu fundador e cabeça reinante, Jesus de nazaré. Através de Jesus e dos Seus apóstolos, as principais linhas gerais da história da igre- ja foram profeticamente reveladas com antecedência. estas também têm-se cumprido progressivamente até ao presente. Uma função vital da profecia é fornecer ao povo de deus uma visão clara do seu destino divinamente traça- do. Sem uma tal visão, o povo inevitavelmente tropeçará e cairá. isto aplica-se igualmente a israel e à igreja. É por isso que Salomão diz em Provérbios 29:18, que onde não há visão profética o povo perece. 7 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA Foi a falta de uma tal visão que levou à queda de Je- rusalém em 586 A.c. depois da cidade ter sido total- mente destruída pelos exércitos da Babilónia, o profeta Jeremias disse: Ela nunca se lembrou do seu fim; por isso foi pasmosamente abatida... (Lamentações 1:9) cerca de 600 anos mais tarde, o próprio Jesus falou à mesma cidade em termos semelhantes: Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Masagora isto está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e te sitia- rão e te estreitarão de todas as bandas; e te derribarão a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tem- po da tua visitação (Lucas 19:42-44) contudo, Jerusalém é apenas um extraordinário exemplo histórico das consequências trágicas que se se- guem quando o povo de deus não consegue compre- 8 deReK PRince ender o seu destino. Os mesmos princípios aplicam-se tanto a israel, enquanto povo, como à igreja. em cada caso, o fracasso em compreender o seu destino redun- dará em tragédia. Mas não é preciso que isto aconteça! Através das es- crituras proféticas, deus forneceu - tanto a israel como à igreja - tudo o que é necessário para que ambos compre- endam e cumpram o seu destino. Que não se diga, nem de uma nem de outra, que o fracasso e o desastre sur- giram “porque não conheceste o tempo da tua visitação”. Uma das características mais excitantes do período em que vivemos atualmente é que os destinos de israel e da igreja estão de novo a começar a convergir. esta con- vergência produzirá os mais dramáticos e significativos desenvolvimentos de toda a história humana. É meu sincero desejo e oração que este livro forneça um quadro claro e distinto dos extraordinários acon- tecimentos que jazem à nossa frente, tanto para israel como para a igreja. derek Prince Jerusalém, 1992 9 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA 1 O CERNE DA ATENÇÃO MUNDIAL Qual é a razão de israel ser o cerne da atenção dos meios de comunicação mundiais? Qual a razão de os líderes governamentais, que são normalmente pragmá- ticos e tão diplomatas, irromperem em manifestações emocionais quando se discute israel? Qual a razão de as nações Unidas devotarem a israel trinta por cento do seu tempo e um terço das suas resoluções - um país mi- núsculo com uma população de apenas cinco milhões de pessoas? Só há uma fonte para uma resposta clara e indiscu- tível: a Bíblia. embora tivesse ficado concluída milénios antes dos presentes problemas no Médio Oriente terem surgido, a Bíblia fornece uma análise sobrenaturalmente inspirada tanto das questões como das forças implicadas. israel ocupa um lugar singular nas atuais controvér- sias porque a posição de israel nos propósitos de deus é igualmente singular. 10 deReK PRince Israel ocupa um lugar singular nas atuais controvérsias porque a posição de Israel nos propósitos de Deus é igualmente singular. A palavra profética de deus revela que esta era pre- sente culminará na restauração e redenção de israel. Portanto, quanto mais nos aproximarmos do fim desta era, tanto mais intensas serão as pressões sobre israel. estes eventos que se centram em israel também de- terminarão o destino de Satanás, o velho adversário de deus e do homem. em 2 Coríntios 4:4, Satanás é cha- mado “o deus deste século”. ele está bem consciente de que quando se completar a redenção de israel e esta era terminar, ele não mais será capaz de se apresentar como deus. Será despojado do seu poder de enganar e mani- pular a humanidade e ficará sujeito ao juízo de deus. consequentemente, está neste momento a desenvolver a sua estratégia enganadora e a exercer todo o seu po- der ímpio a fim de resistir ao processo de restauração de israel. Eis então as duas principais forças espirituais que se encontram em conflito na zona do Médio Oriente: por um lado, a graça de Deus a operar para a restau- ração de Israel e por outro lado as estratégias engana- doras de Satanás, opondo-se com todos os meios ao seu dispor ao processo de restauração. esta é a razão 11 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA verdadeira mas invisível para as lutas e tensões às quais israel está presentemente sujeito. Uma grande parte da estratégia de Satanás contra israel tem sido a de obscurecer a verdade revelada na Bíblia. É espantoso que tanta confusão tenha existido e ainda exista hoje na igreja relativamente aos propósitos que deus tem para israel. A batalha por israel é, de fac- to, a batalha pela verdade. Há duas áreas vitais de verda- de que iremos aqui considerar: a identidade de israel e o destino de israel. depois de as termos examinado, consi- deraremos se o destino de israel também lança alguma luz sobre o destino da igreja. Finalmente, qual é a res- ponsabilidade da igreja face a israel nesta hora de crise? 12 deReK PRince 2 QUEM É ISRAEL? Uma quase total incompreensão, ignorância e dis- torção invadiu a igreja durante muitos séculos relati- vamente à identidade de israel. Para mim, isto parece extraordinário uma vez que as posições da Bíblia rela- tivamente a israel são demasiado evidentes. Apesar de tudo, o pensamento de multidões de cristãos parece ter sido ofuscado no tocante à aplicação do nome israel. numa secção posterior deste livro, analisaremos um tópico paralelo: a forma como a palavra “igreja” é usa- da no novo Testamento1. Aqui, também, descobriremos que a identidade da verdadeira igreja, à semelhança da de israel tem sido obscurecida numa confusão que ofus- ca os verdadeiros propósitos de deus. A origem desta confusão que concerne a israel pode ser traçada até aos primeiros Pais da igreja, que desen- volveram a doutrina de que a igreja substituiu israel nos propósitos de deus e que, por isso, ficou conhecida como o “novo israel”. este tipo de ensino foi promulga- 1 Ver capítulo 7, “Quem é a igreja?”. 13 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA do cerca de 150 d.c. por Justino Mártir e posteriormen- te adoptado e ampliado por figuras tão célebres como irineu, Orígenes e Agostinho. cada vez mais o Velho Testamento foi sendo interpretado de uma forma “ale- górica” que deixou de fazer justiça ao verdadeiro signifi- cado de muitos textos. É significativo que por volta do mesmo período, a doutrina da igreja, como um todo, tenha sido progressi- vamente corrompida da pureza e simplicidade da reve- lação apostólica contida no novo Testamento. O resul- tado eventual deste processo de corrupção foi a igreja da idade das Trevas, que na sua maior parte se revelou espiritual, moral e doutrinalmente corrupta. A partir de cerca de 400 d.c., israel tem sido regu- larmente utilizado por mestres, comentadores e mes- mo tradutores da Bíblia como sinónimo da igreja. Por exemplo, numa maravilhosa edição da Versão King Ja- mes (da qual preguei durante 35 anos), os seguintes são alguns dos títulos que surgem no topo das páginas dos últimos capítulos de Isaías. O capítulo 43 abre com estas palavras: “Mas agora diz o SENHOR que te criou, ó Jacob, e que te formou, ó Israel: não temas...” Mas o cabeçalho, no topo da página, diz: “deus conforta a igreja com as Suas promessas”. Também o capítulo 44 abre com as palavras: “Ouve agora, ó Jacob meu servo, e Israel a quem, escolhi...”. Mas o cabeçalho no topo da página diz: “A igreja confortada”. 14 deReK PRince cabeçalhos ou títulos como estes, inseridos no texto produzem um efeito que é subliminal - isto é, abaixo do limiar da razão consciente. Apesar de tudo, o seu im- pacto cumulativo ao longo dos séculos ultrapassa tudo quanto possamos calcular. Muitas gerações de cristãos inconscientemente assumiram que faziam parte do tex- to original. Mas não! Apoiados por editores, interpreta- ram erradamente o que isaías estava real mente a dizer, aplicando à igreja palavras que eram especificamente dirigidas a israel, pelo seu nome. A verdade essencial é em geral simples e a verdade é esta: israel é israel e a igreja é a igreja. Para recuperar a verdade sobre a identidade de isra- el é necessário retroceder ao verdadeiro texto do novo Testamento e ver como os apóstolos usavam o termo Israel. essa é a única base legítima para um uso escri-turalmente rigoroso deste termo. Uma vez que o cânon da escritura está encerrado, nenhum autor ou pregador subsequente tem sido autorizado a alterar a utilização estabelecida pelos escritores apostólicos do novo Tes- tamento. Qualquer escritor ou pregador que introduza uma aplicação diferente do termo Israel deturpa o direi- to a reivindicar autoridade escritural para o que ele diz sobre israel. 15 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA descobri 77 ocorrências no novo Testamento em que surgem as palavras Israel ou Israelitas2. depois de as examinar, conclui que os apóstolos nunca utilizaram Israel como sinónimo da Igreja. nem tão pouco a frase “o novo israel” surge algu- res no novo Testamento. Os pregadores que usam essa frase deviam ter o cuidado em definir a sua utilização. deviam também declarar que não se encontra na Bíblia. Há alguns anos atrás, quando estava falando a um grupo em israel, aconteceu salientar que israel nunca é utilizado na escritura como sinónimo da igreja. As pessoas do grupo eram crentes maduros, dedicadas a verem cumprido o plano de deus para o povo judaico. no entanto, um deles - um amigo de longa data - disse posteriormente: “Foi a primeira vez que ouvi alguém di- zer que israel não é sinónimo da igreja”. esta observação ajudou-me a ver quão generalizada se encontra esta in- terpretação errada. Por outro lado, israel é frequentemente utilizado como modelo da igreja. Relativamente à experiência de israel em Êxodo, Paulo diz: Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras e estão escritas para aviso nosso... (1 coríntios 10:11) 2 O leitor faria bem em examinar cuidadosamente a lista completa das 77 passagens indicadas no Apêndice 1, no final do livro. 16 deReK PRince contudo, retratar israel como modelo da igreja é com- pletamente diferente de identificar a igreja com israel. consideremos, a título de ilustração, que Jomo Kenyatta, o primeiro presidente do Quénia, fosse descri- to como “o George Washington da sua nação”, da mesma maneira que George Washington é considerado o pai da nação dos estados Unidos. Por outras palavras, muito do que se aplica a George Washington em relação aos estados Unidos aplica-se a Jomo Kenyatta relativamente ao Quénia. Mas isso não quer dizer que Jomo Kenyat- ta fosse realmente George Washington. É tão incorreto como dizer que a igreja é israel. infelizmente, a igreja tem frequentemente adotado um princípio “cristão” de interpretação que raramente é afirmado explicitamente: “Todas as bênçãos se aplicam à igreja e todas as maldições a israel”. Por trás deste prin- cípio de interpretação jaz a asserção (em que há muito de verdade) que israel teve a sua oportunidade mas foi infiel a deus. Assim portanto, continua essa linha de ra- ciocínio, deus mudou o Seu pensamento e reaplicou à igreja as Suas promessas, inicialmente destinadas a isra- el. Uma tal conclusão, contudo, põe claramente em cau- sa a fidelidade de deus. em Romanos 3:3-4, Paulo expressa a sua reação a uma tal sugestão. Analisando as consequências da infi- delidade de israel, diz ele: 17 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro e todo o homem mentiroso. como anteriormente afirmado, a única forma legíti- ma de verificar o uso correto de palavras como Judeu ou Israel é reexaminar as passagens do novo Testamento em que elas ocorrem. 18 deReK PRince 3 QUEM É JUDEU? Para começar vamos olhar para a palavra, Judeu. esta palavra ocorre cerca de 200 vezes no novo Testamento. de todas essas ocorrências, a única passagem em que Judeu é claramente utilizado, de uma forma diferente da norma aceite, é em Romanos 2:28-29. estes versículos surgem no fim de um capítulo em que Paulo tem estado a explicar - com particular refe- rência ao povo judaico - que o conhecimento da vonta- de de deus através da Lei não justifica ninguém. Uma pessoa não é justa apenas porque conhece o que é justo. Pelo contrário, Paulo diz que o conhecimento so- mente aumenta a responsabilidade humana e continua aplicando este princípio especificamente ao povo judeu dos seus dias. contudo, antes de utilizarmos hoje esta afirmação contra o povo judeu, precisamos de ter em mente que já se passaram dezanove séculos. nos dias de Paulo era fundamentalmente o povo judeu que tinha o conheci- mento de deus. Hoje, somos nós, cristãos, que reivin- dicamos possuir o pleno conhecimento da vontade de 19 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA deus revelado em toda a Bíblia. Muito provavelmente a igreja dos nossos dias necessita do alerta feita por Pau- lo aos Judeus dos seus dias. O facto de conhecermos a vontade de deus e do que é justo não nos faz justos; pelo contrário, apenas aumenta a nossa responsabilidade. O facto de conhecermos a vontade de Deus e do que é justo não nos faz justos; pelo contrário, apenas aumenta a nossa responsabilidade. depois de salientar que os Judeus dos seus dias em muitos casos se tinham desviado da vontade de deus, substituindo o verdadeiro propósito de deus por uma forma legalista de religião, Paulo encerra o capítulo com estas palavras: Porque não é judeu o que o é exteriormen- te, nem é circuncisão a que o é exterior- mente na carne. Mas é judeu o que o é no interior e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens mas de Deus. (Romanos 2:28-29) Quando Paulo diz “cujo louvor não provém dos ho- mens mas de Deus”, está a fazer um jogo de palavras com o significado hebraico do termo Judeu, que é retirado do 20 deReK PRince nome da tribo de Judá, significando “louvor” ou “ações de graças”-. Quando Leia deu à luz o seu quarto filho, chamou-o Judá (em hebraico, Yehudah), dizendo: “Lou- varei o Senhor”. O significado de Judá (Yehudah) ou Ju- deu é, então, “louvor”. Assim, Paulo diz que se alguém é um verdadeiro Judeu, então o seu louvor deve vir de deus e não dos homens. em certo sentido, ele está a res- tringir aqui a utilização do nome Judeu. está a dizer que não basta ser-se Judeu exteriormente. Um verdadeiro Judeu deve ter uma condição íntima de coração que o faz merecer o louvor de deus. É importante compreender aqui que Paulo não está a alargar o uso de Judeu. Pelo contrário, está a restringi-lo. Há alguns anos, li um artigo numa revista britânica em que o escritor tecia algumas críticas a israel e retira- va desta passagem de Romanos a teoria de que somos todos Judeus! isso afasta-se completamente da linha de ensino do novo Testamento. O povo judeu deve real- mente ficar confuso ao ouvir dizer que quando estamos em cristo, “não há judeu nem gentio”, para logo de se- guida escutar. “mas somos todos Judeus”. nem é isso que Paulo está a focar. está a dizer que para se ser um verdadeiro Judeu não basta que a pessoa tenha todas as marcas exteriores; ela deve também pos- suir a condição espiritual íntima que dê louvores a deus e d’ele obtenha louvor. 21 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA Ponhamos a mesma ideia no contexto cristão. Pode- mos dizer a alguém: “Se és um verdadeiro cristão, quan- do alguém te der uma bofetada, terás de lhe oferecer a outra face”. Mas não é nossa intenção inferir que os que não apresentam a outra face não tenham o direito de serem chamados cristãos. A utilização especial de “cristão” neste contexto obviamente não substitui o uso normal e aceite do termo. em adição a Romanos 2, há duas passagens - Apo- calipse 2:9 e 3:9 - onde o Senhor fala “dos que dizem ser Judeus e não são”. Há diversas formas possíveis de interpretar estas passagens. Possivelmente referem-se ao mesmo tipo de pessoas que Paulo descreve em Ro- manos 2 - as que possuem as marcas exteriores iden- tificadoras de judeu,mas a quem faltam as exigências espirituais íntimas. Suponhamos, contudo, que aceitamos estas duas passagens de Apocalipse, juntamente com a de Roma- nos como exemplos de uma utilização especial de Judeus que restringe o termo a, Judeus que satisfaçam certas exigências espirituais. O facto permanece que em cerca de 200 passagens do novo Testamento haveria apenas três exemplos deste significado especial, restritivo. nes- tes três exemplos, Judeus quer dizer: aqueles que estão ligados a deus pela fé no Messias. Para interpretar um verso usando esse significado restrito da palavra, deve ser claramente apoiado pelo contexto. 22 deReK PRince A aplicação alargada do termo judeu (que os judeus são todos aqueles que estão corretamente relacionados com deus através de Jesus cristo) não é encontrado no novo Testamento e nunca poderia substituir o sentido normal da palavra Judeu. 23 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA 4 ELES NÃO SÃO ISRAEL Agora, analisaremos o uso das palavras israel ou is- raelitas no novo Testamento. no total, contei 79 passa- gens em que surgem estas palavras3. em nove casos, são uma citação direta das escrituras do Antigo Testamento e em cada exemplo o significado no novo Testamento é precisamente o mesmo que no Antigo. Há mais 68 pas- sagens que não são citações do Antigo Testamento, mas em todos estes casos o uso no novo Testamento concor- da com o do Antigo. Portanto, permanecem apenas duas passagens no novo Testamento em que Israel é utilizado com um sen- tido especial. Tal como com a palavra Judeu, esta utili- zação especial que o novo Testamento faz de Israel não alarga mas antes restringe a aplicação da palavra. O primeiro desses usos restritos encontra-se em Ro- manos 9:6-9, onde Paulo explica que mesmo que israel, em muitas ocasiões, não tenha recebido ou obedecido à 3 Ver a lista completa no Apêndice i no final do livro 24 deReK PRince palavra de deus, isso não significa que a palavra de deus ficasse sem efeito: Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas. Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos. Mas: em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é: não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são conta- dos como descendência. Porque a palavra da promessa é esta: por este tempo virei e Sara terá um filho. Paulo explica aqui que ser descendente físico de isra- el - isto é, de Jacob - não é suficiente. Para se qualificar para as bênçãos prometidas de deus, uma pessoa tem também de demonstrar a mesma fé que caracterizou Abraão, isaque e Jacob; caso contrário, a pessoa não tem realmente direito ao nome de Israel. deixem-me enfatizar de novo que Paulo não está a alargar o uso de Israel para incluir todos os crentes, independentemente da sua origem nacional. Pelo con- trário, ele está a restringir a sua utilização para incluir apenas os descendentes de israel que estejam na fé do Messias. É um erro sugerir que nesta passagem Paulo esteja a descrever todos os crentes como israel. 25 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA em outros lugares do mesmo capítulo, Paulo usa Is- rael no sentido normal de todos quantos descendem de Abraão, isaque e Jacob. nos versículos 3-5, por exemplo, ele diz: Porque eu mesmo desejaria ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; os quais são israelitas, de quem é a adoção, e a glória, e os pactos, e a promulgação da lei, e o culto, e as promessas; de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente. Amém. (ARiB) Aqui, Paulo chama Israelitas aos que realmente re- jeitaram o Messias. Apesar de tudo trata-os de parentes. “Poderia desejar ser separado de cristo por amor deles”, escreve ele. Por outras palavras, Paulo deseja que pu- desse ocupar o seu lugar de incredulidade e rejeição de deus. É óbvio que Paulo está aqui a usar o nome de Isra- el ou Israelita para descrever todos os que descendem de Abraão, isaque e Jacob, quer sejam crentes ou não. este é o uso normal em todo o novo Testamento. 26 deReK PRince 5 O ISRAEL DE DEUS A outra passagem em que Paulo utiliza israel num sentido restrito é Gálatas 6:15-16: Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus. Paulo está a falar de dois tipos de pessoas. Por um lado, aqueles que, sem antecedentes de circuncisão ou de Judaísmo, experimentaram o novo nascimento e estão caminhando na nova criação. Por outro lado, os israelitas por descendência natural que permaneceram na fé que foi a marca dos seus ancestrais e, através des- sa fé receberam Jesus como o Messias, entrando assim na nova aliança. Aos últimos, Paulo chama “o Israel de Deus”. O que realmente conta, está Paulo a dizer, não 27 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA é algum rito religioso mas um ato criativo de deus no coração gerado pela nova aliança. contudo, é interessante que a nova Versão interna- cional, uma das mais utilizadas versões modernas, se afaste neste ponto dos princípios normais de tradução. O versículo 16 diz: “Paz e misericórdia a todos os que seguem esta regra, a saber ao israel de deus”. A saber substituiu o normal e. Significando o quê? Que os que andam segundo esta regra são “o Israel de Deus”, sejam eles Judeus ou Gentios. esta substituição fundamenta-se não em bases lin- guísticas mas teológicas. A palavra grega é kai. Seria necessário pesquisar o novo Testamento para encontrar locais em que essa palavra seja legitimamente traduzida por “a saber”. Provavelmente menos de uma vez em 500 ocorrências. (A concordância da niV publicada pela editora Zondervan não indica sequer “a saber”). esma- gadoramente, kai é traduzida por “e”. O que motivou os tradutores da niV a substituir neste exemplo “e” por “a saber”? Aparentemente a velha tradição de que todos os verdadeiros crentes são o “israel de deus”. este pensa- mento influenciou tanto os cristãos que eles mudarão o simples significado de um texto para o fazer alinhar com a sua teologia! isto não é um ataque aos tradutores da niV que no conjunto produziram uma excelente versão. Serve ape- nas para ilustrar até que ponto esta teoria do “israel es- 28 deReK PRince piritual” penetrou no pensamento da igreja, produzindo atitudes e formas de pensamento que não possuem ba- ses sólidas na escritura. Há uma razão importante que leva Paulo a fazer esta distinção em Gálatas 6:15-16 entre crentes de ascen- dência gentia e crentes de ascendência judaica. Por um lado, os Gentios tornaram-se cristãos por uma simples transformação sobrenatural, que ocorreu nos seus co- rações. não tinham conhecimento prévio de um único deus verdadeiro. Para os Judeus, por outro lado, a sua fé no Messias foi o culminar de um processo histórico que se iniciou no Êxodo do egipto e depois se desenvol- veu ao longo de muitos séculos através do ministério de governantes, profetas e sacerdotes ordenados por deus. A condição espiritual do mundo gentio no tempo do novo Testamento podia ser comparada a um campo que tivesse sido entregue à sua condição silvestre natural, sem sofrer qualquer processo de cultivo. Para um Gen- tio vir a cristo representava uma intervenção direta de deus na vida individual que não havia sofrido qualquer processo histórico de preparação. Por outro lado, o povo judeu era um campo que ti- nha sido cuidadosamente cultivado ao longo de muitos séculos. Por esta razão, durante o período do Seu minis- tério que se confinou a israel, Jesus disse aos Seus dis- cípulos: Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam e vós entrastesno seu trabalho (João 29 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA 4:38). Os discípulos estavam a ceifar num campo que tinha sido cultivado durante muitos séculos por uma longa sucessão de servos de deus. A terminologia que Paulo utiliza em Gálatas 6:15-16 ressalta esta distinção entre os antecedentes dos cren- tes gentios e judeus. Para ambos, de igual modo, houve um encontro pessoal com o Messias que transformou as suas vidas. Para os Gentios, esta foi uma intervenção direta de deus, sem qualquer processo histórico ante- rior de preparação. Mas para os Judeus, o encontro foi o culminar de um processo histórico que tinha estado a decorrer durante muitos séculos. era, portanto, apro- priado descrevê-los não apenas como Israel mas como O Israel de Deus. A sua fé no Messias representava o cum- primento do propósito que levara deus a trazer israel à existência. contudo, devemos enfatizar que isso, de modo ne- nhum significa que essa seja a utilização normal do ter- mo Israel no novo Testamento. 30 deReK PRince 6 ISRAEL DISTINTO DA IGREJA não é apenas o caso de israel nunca ser usado no novo Testamento como sinónimo da igreja. O oposto é que é realmente verdade. Há diversas passagens em que israel identificam os Judeus que realmente rejeita- ram Jesus e que, portanto, não podem ser considerados membros da Sua igreja. Analisaremos algumas dessas passagens em Roma- nos 11: Pois quê? O que Israel buscava não o alcan- çou; mas os eleitos o alcançaram e os outros foram endurecidos. (v. 7) Aqui, é óbvio que Israel é utilizado para descrever os que não creram em Jesus o Messias e que, portanto, não fazem parte da igreja. no mesmo capítulo, Paulo diz de israel: 31 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA Digo pois: Porventura tropeçaram para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E se a sua queda é riqueza do mundo e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua ple- nitude! Porque convosco falo, gentios, que enquan- to for apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério, para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da minha carne e salvar assim alguns deles. (vs. 11-14) Ao longo destes versículos, Paulo mantém um con- traste consistente entre os israelitas que rejeitaram Je- sus e os Gentios que receberam a salvação através da fé n’ele. Assim, longe de israel ser um nome para os cren- tes gentios, Paulo utiliza o nome para os distinguir dos crentes gentios! neste mesmo capítulo 11: Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel até que a plenitude dos gentios haja entrado. (v. 25) 32 deReK PRince A mesma ignorância concernante ao plano de deus para com israel contra a qual Paulo lutava há quase dois mil anos atrás, ainda hoje persiste. no entanto, nesta passagem é mais uma vez claro que Paulo coloca os is- raelitas incrédulos em contraste com os Gentios que se tornaram crentes. não são identificados com os cristãos gentios; são distinguidos deles. Paulo conclui com esta maravilhosa afirmação no versículo 26: “E assim todo o Israel será salvo”. Se Israel fosse um sinónimo da igreja, significando aqueles que são salvos, essa afirmação seria ridícula. Paulo estaria a dizer que aqueles que são salvos seriam salvos. Uma tal interpretação deve, portanto, ser rejeitada. 33 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA 7 QUEM É A IGREJA? esta análise da utilização de israel no novo Testa- mento, não ficaria completa sem uma semelhante e bre- ve análise da forma como o novo Testamento usa a pa- lavra “igreja”. Hoje em dia, muita gente pensa na “igreja” como uma estrutura física de madeira, tijolos ou pedra, mas não é essa a utilização que o novo Testamento faz do termo. no texto grego do novo Testamento, a palavra geral- mente traduzida por “igreja” é eklesia. Refere-se a um grupo de pessoas convocadas para um propósito espe- cial. A palavra portuguesa que mais se lhe aproxima é “assembleia”. em Atos 19:32, 39 e 41, é a palavra usada para descrever o corpo de cidadãos de Éfeso que foram coletivamente considerados responsáveis pela condução dos assuntos da cidade. de igual maneira, segundo a utilização do novo Testamento, a “igreja” é uma assembleia de pessoas cha- madas da presente ordem mundial, para servirem Jesus cristo e serem por ele preparados para se tornarem o 34 deReK PRince instrumento coletivo do governo, que ele estabelecerá nos tempos vindouros. em Efésios 1:22-23, Paulo descreve a igreja como o “Seu [de cristo] corpo”. Vista a esta luz, a igreja não é uma organização mas um organismo. A Igreja não é uma organização mas um organismo. cada membro deste corpo tem uma relação pessoal de fé com cristo, e através d’ele com todos os outros membros. Ao longo dos séculos, contudo, este conceito tem sido tão corrompido e distorcido que a igreja, como é hoje conhecida, apresenta pouca ou nenhuma seme- lhança com o modelo original estabelecido no novo Testamento. Muitos dos que se consideram membros da igreja moderna, não possuem nenhuma relação viva e pessoal com cristo e são frequentemente inimigos de outros cristãos professos. Apenas uma pequena mino- ria dos que são em geral chamados cristãos são mem- bros da igreja que é descrita no novo Testamento. no meio de toda esta confusão, porém, a verdadeira igreja ainda se mantém na Terra. de acordo com o que Paulo diz em 2 Timóteo 2:19: 35 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo. O Senhor conhece os que são Seus e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Assim definida, a igreja tem duas características dis- tintas. Primeiro, deus - e deus apenas - conhece todos quantos são verdadeiramente Seus. Segundo, a todo o que se afirma como membro desta igreja, se exige que o demonstre na prática, através de uma vida de justiça e santidade Para a maioria dos Judeus, este retrato neotestamen- tário da igreja não é algo de real. Pensam na igreja como uma grande instituição, da mesma forma que um par- tido político ou um grupo étnico, que durante muitos séculos tem sido o principal instrumento e propagador do anti-semitismo. Assim, a confusão produzida por Sa- tanás relativamente à identidade de israel, só é excedida pela confusão que ele produziu relativamente à identi- dade da igreja. 36 deReK PRince 8 ELEIÇÃO israel e a igreja, quando corretamente interpretados, possuem em comum um elemento de vital importância: cada um deles é o produto do que os teólogos designam de “eleição divina”. dito de uma forma mais simples, isso significa “a escolha de deus”. Muita da controvérsia a respeito de israel tem a ver com a questão da escolha de deus. Se há algo que a mente natural do homem, não regenerado, não gosta é da revelação de que deus escolheu certas pessoas. Pode- mos em geral tolerar isso desde que acreditemos sermos nós as pessoas que deus elegeu. O nosso problema surge quando deus diz que escolheu pessoas que nós não terí- amos escolhido! Para o humanista, a verdade da eleição divina, é como agitar a proverbial capa vermelha diante do touro. em Romanos 9:10-18, Paulo apresenta um exemplo histórico de eleição retirado do Antigo Testamento - o nascimento de Jacob e de esaú. Os dois gémeos foram concebidos pelo mesmo pai mas, antes de nascerem, deus declarou a Sua atitude face a cada um deles. Paulo 37 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA diz que o fez para demonstrar que a questão decisiva no destino de uma pessoa não é o que ela faz, mas sim a escolha de deus. A questão decisiva no destino de uma pessoa não é o que ela faz, mas sim a escolha de Deus. esta nunca foi uma doutrina fácil para a mente car- nal do homem receber. E nãosomente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai, porque não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus segundo a eleição ficasse firme, não por causa das obras mas por aquele que chama), foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. Como está escrito: Amei Jacob e odiei a Esaú.(vs. 10-13) Antes dos irmãos terem ainda saído do ventre mater- no, sem referência a qualquer coisa que tivessem feito, deus declarou a Sua escolha. O mais velho servir o mais novo, era contrário às regras culturais aceites, do tempo. claramente a escolha de deus não se baseava no caráter ou boas obras de Jacob, uma vez que ele ainda não havia sequer nascido. Por outro lado, qualquer boa ação que 38 deReK PRince subsequentemente surgisse na vida de Jacob era o fruto da escolha de deus. Paulo sugere então a forma como muita gente prova- velmente reagiria: Que diremos pois? Que há injustiça da par- te de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.(vs. 14-15) A misericórdia e a compaixão vêm da soberana de- cisão de deus. A misericórdia e a compaixão vêm da soberana deci- são de Deus. infelizmente, porém, a verdade da soberania de deus é raramente mencionada na igreja contemporânea. Po- demos definir a soberania de deus dizendo que deus faz o que ele quer, quando quer, da maneira que quer. ele não pede autorização a ninguém. (É isso que real- mente perturba os humanistas. ele não os consulta!) Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que Se compadece.(v. 16) 39 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA Todos os nossos esforços e todas as nossas boas obras não são suficientes. Somos totalmente dependentes da mi- sericórdia que ele, livremente, dispensa a quem escolhe. no versículo seguinte, Paulo passa do tema da mise- ricórdia para o do julgamento: Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto te levantei; para em ti mostrar o meu poder e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra. (v. 17) Faraó foi um governante particularmente ímpio e, no entanto, foi ele quem deus levantou. deus fê-lo para apresentar Faraó perante todas as gerações posteriores como a declaração dos Seus juízos sobre os governantes que se opõem aos propósitos e ao povo de deus. Paulo conclui esta secção enfatizando que é deus que, pela Sua própria decisão soberana, dispensa ou re- tém a misericórdia na vida de cada pessoa. Logo, pois, compadece-se de quem quer e endurece a quem quer. (v. 18) Precisamos sempre de recordar que deus não deve misericórdia a nenhum de nós. A misericórdia procede unicamente da Sua graça. Mesmo que não manifeste mi- 40 deReK PRince sericórdia a nenhum de nós, mesmo assim ele continua a ser perfeitamente justo. Quando deus oferece a Sua misericórdia, impõe cer- tas condições muito simples que nos cabe cumprir. elas encontram-se declaradas na mensagem do evangelho. contudo, o facto de as termos cumprido, não indica de modo nenhum que a merecêssemos. O facto de termos cumprido as Suas condições de misericórdia não indica de modo nenhum que a merecêssemos. Por definição, nem a misericórdia nem a graça po- dem jamais ser ganhas. 41 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA 9 O REMANESCENTE ELEITO estes princípios de misericórdia e juízo aplicam-se, universalmente, a toda a raça humana mas em Romanos 9, Paulo ilustra-os com o exemplo particular no modo como deus lidou com israel. ele revela que aqueles is- raelitas a quem deus realmente tinha escolhido para Si próprio seriam unicamente um remanescente de todo o israel. É significativo que esta palavra remanescente (aque- les que restam) se aplique a israel nas escrituras mais de 40 vezes. em muitos dos exemplos, a referência aplica- se ao período precisamente anterior ao términos da era presente. em Romanos 9:27, Paulo cita uma profecia de isaías relativamente a israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. 42 deReK PRince A palavra “o” atrás da palavra “ remanescente” é impor- tante. denota um número preciso escolhido de entre israel. em Romanos 11:1-4, Paulo volta a este tema de um remanescente. Refere-se às condições de israel durante o período do ministério de elias, quando deus decla- rou: “Reservei para mim sete mil varões que não dobra- ram os seus joelhos a Baal”. Quando deus diz: “Reservei para mim”, enfatiza que estes sete mil foram reservados por deus na base da Sua graça, não das suas boas obras. era algo que eles não haviam merecido. Paulo prossegue aplicando estas palavras à situação de israel dos seus dias: Assim pois também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça. Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. (vs. 5-6) Paulo explica que a graça ultrapassa tudo quanto possamos ganhar pelas boas obras. A graça ultrapassa tudo quanto possamos ganhar pelas boas obras. de facto, a graça começa nas nossas vidas precisa- mente onde a nossa própria capacidade atinge o seu li- 43 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA mite. O mesmo se passa com o remanescente de israel. A sua preservação deve-se à graça de deus; não é algo que tivessem merecido ou pudessem merecer. em Romanos 11:26, Paulo olha para o futuro para um tempo em que “todo o israel será salvo”. À luz do que ele disse anteriormente sobre um remanescente, torna- se claro que todo o Israel que será salvo será o remanes- cente que deus escolheu e que pela Sua graça reservou para Si mesmo. Muitas outras passagens dos profetas enfatizam que aqueles a quem estas promessas de restauração são ou- torgadas, constituem um remanescente. Por exemplo, Sofonias 3:12-13, que é dirigido a israel e a Jerusalém: Mas deixarei no meio de ti um povo hu- milde e pobre; e eles confiarão no nome do Senhor. O remanescente de Israel não cometerá iniquidade, nem proferirá mentira e na sua boca não se achará língua enganosa; por- que serão apascentados e deitar-se-ão e não haverá quem os espante. O propósito final de deus ao lidar com israel, como povo, é produzir esse remanescente. Por amor deles, ele pacientemente suportou a extraordinária impiedade com que, ao longo de muitos séculos, o homem persis- 44 deReK PRince tentemente violou as leis de deus e perverteu a terra. Também permitiu as muitas dores e sofrimentos com os quais se tem revelado necessário purificar os Seus es- colhidos. no fim de tudo isto, de que anda deus à procura? de um povo manso e humilde que confie no nome do Senhor. eis um bom exemplo da forma em que israel é um modelo para a igreja. Que deseja deus produzir na igreja? Um povo man- so e humilde que confie no Senhor. Que deseja Deus produzir na Igreja? Um povo manso e humilde que confie no Senhor. O mesmo princípio é revelado em Zacarias 13:8-9 (embora subsista uma questão quanto ao contexto his- tórico): E acontecerá em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes dela serão extirpadas e expiarão; mas a terceira parte reterá dela. E farei passar esta terceira parte pelo fogo e a purificarei como se purifica a prata e a provarei como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome e eu a ouvirei. 45 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA Direi: É o meu povo. E ela dirá: O Senhor é meu Deus. Uma vez mais, a Bíblia está a descrever o processo destinado a produzir o remanescente que deus esco- lheu. Mesmo que implique refinar e testar pelo fogo, deus não cessará enquanto o Seu propósito não se rea- lizar. dois terços podem ser extirpados, mas o restante terço será levado, através do fogo, ao conhecimento pes- soal do Senhor como o seu deus. este é o remanescente que desde a eternidade deus estabeleceu no Seu cora- ção. esse remanescente será adequadamente chamado “oisrael de deus”. 46 deReK PRince 10 A PECAMINOSIDADE DE ISRAEL Quando eu era um jovem pregador, deliciava-me a salientar todas as faltas e inconsistências da igreja. Mas um dia percebi que isso não era de grande ajuda pois pouco produzia de positivo. nem exige inteligência apontar as faltas da igreja. Toda a gente o pode fazer. Também não é preciso ser-se muito inteligente para se apontarem as faltas de israel. Alguém mostrou-me uma cópia de um artigo recentemente publicado numa revista cristã, salientando alguns dos pecados de israel. não pude deixar de refletir que os profetas de israel fi- zeram um trabalho muito mais minucioso! como pode alguém acrescentar algo mais ao recital de pecados que se encontra em Isaías 1:2? Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; por- que o SENHOR tem falado: Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim. 47 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA O Hebraico enfatiza eles: “os filhos de que cuidei e que eduquei são os que se rebelaram contra mim”. Os versículos 4 a 6 retratam uma nação doente da ponta dos cabelos até à sola dos pés; não há nela um único lugar são. Ai da nação pecadora, do povo carregado de iniquidade, da semente de malignos, dos filhos corruptores! Deixaram o Senhor, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás. Porque seríeis ainda castigados se mais vos rebelaríeis? Toda a cabeça está enferma e todo o cora- ção fraco. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas e inchaços e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem nenhuma delas amolecida com óleo. (vs. 4-6) nos versículos 12 a 15, o Senhor declara que todos os rituais religiosos de israel não podem torná-lo agradável aos Seus olhos, mas apenas provocar a Sua total rejeição. Termina com estas palavras: 48 deReK PRince Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ou- virei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. (v.15) O tema do pecado de israel ocorre por todo o isaías. Por exemplo, nenhum escritor moderno seria capaz de pôr por escrito um julgamento tão vívido e severo sobre a nação como as palavras de Isaías 59:2-8: Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça. Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniquidade; os vossos lábios falam falsidade, a vossa língua pronuncia perversidade. Ninguém há que clame pela justiça, nem ninguém que compareça em juízo pela verdade; confiam na vaidade, e falam mentiras; concebem o mal, e dão à luz a iniquidade. Chocam ovos de basilisco, e tecem teias de aranha; o que comer dos ovos deles, morre- rá; e, quebrando-os, sairá uma víbora. 49 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA As suas teias não prestam para vestes nem se poderão cobrir com as suas obras; as suas obras são obras de iniquidade, e obra de violência há nas suas mãos. Os seus pés correm para o mal, e se apres- sam para derramarem o sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de iniquidade; destruição e quebrantamento há nas suas estradas. Não conhecem o caminho da paz, nem há justiça nos seus passos; fizeram para si ve- redas tortuosas; todo aquele que anda por elas não tem conhecimento da paz. Acusações semelhantes encontram-se na maioria dos outros profetas de israel. e tudo isto é tanto mais signifi- cativo, porque os mesmos profetas que descreveram de- talhadamente os pecados de israel, também profetizaram com igual clareza e igual detalhe a restauração de Israel. Se os profetas de israel tivessem sido cegos, senti- mentais e nacionalistas e houvessem passado por cima dos pecados do seu povo, então poderíamos dizer que as suas promessas de restauração não passavam de desejos irrealistas. Mas como os mesmos profetas que promete- ram restauração foram os mesmos que pronunciaram o juízo, não vejo qualquer lógica ou consistência em acei- tar os juízos e rejeitar as promessas de restauração. 50 deReK PRince 11 A RESTAURAÇÃO PREDITA DE ISRAEL Os profetas de israel, sem dúvida, fizeram promes- sas claras e específicas de uma restauração de israel que ocorreria em duas fases: primeiro na sua terra e depois junto do seu deus. Apresento as coisas sempre por esta ordem, porque vejo nas escrituras que deus Se propõe trazer a maioria dos Judeus de regresso a terra não re- dimido, não na fé, a fim de poder lidar com eles ali. É o que Oséias 1:10 declara: “...no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo. O lugar em que deus disse: “Não sois meu povo” foi a terra de israel. consequentemente, a restauração e acei- tação dos Judeus por parte de deus tem igualmente de ocorrer na terra de israel. Há uma razão prática para isto que não é prontamen- te apreciada na nossa versão ocidental contemporânea 51 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA do cristianismo. Sob a influência de valores seculares, transformámos a fé cristã primariamente numa ques- tão de relacionamento individual da pessoa com o seu deus. A nossa ênfase é fundamentalmente na palavra meu - meu Salvador, minha fé, minha igreja, meu minis- tério, etc. Mas isso não representa precisamente a pers- petiva bíblica. Ao longo das escrituras, deus lida com indivíduos no contexto de um grupo maior - uma família, uma co- munidade, uma congregação, uma nação. isto é ressal- tado no relato da salvação do carcereiro de Filipos em Atos 16:30-31. O carcereiro perguntou aos apóstolos: “Que tenho eu de fazer para ser salvo?” contudo, na sua resposta inspirada, Paulo foi além da necessidade individual do carcereiro: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo tu e toda a tua casa”. A salvação que o Senhor ofereceu estendia-se além do carcereiro, como indivíduo, e abraçava a sua casa inteira. essa é a norma bíblica. deus lida regularmente com o indivíduo no contexto de uma entidade maior. Históricamente, essa tem sido, na verdade, sempre a forma como deus tem lidado com israel. Relacionou-se consistentemente com eles, não apenas enquanto indi- víduos, mas enquanto povo, reunido por uma aliança tanto com deus como uns com os outros. É assim que deus intenta lidar com eles no final desta era - enquan- to povo. contudo, para fazer isso, é necessário reuni-los 52 deReK PRince de novo num único lugar. O local indicado tanto pela lógica como pela escritura é a sua própria terra - a terra de israel. Uma outra promessa de restauração espiritual en- contra-se em Isaías 45:17, 25: Porém Israel é salvo pelo Senhor, com uma eterna salvação; por isso não sereis en- vergonhados nem confundidos em toda a eternidade. Mas no Senhor será justificada e se gloriará toda a descendência de Israel. Assim, tão simples! A palavra justificada significa “contado como reto perante deus”. A justiça ou retidão de israel ser-lhe-á imputada na base da fé, não das obras. Assim tornar-se-ão verdadeiros descendentes espiritu- ais do seu pai Abraão que “creu no Senhor e foi-lhe isso imputado por justiça” (Génesis 15:6). Quantos dos descendentes de israel serão justifica- dos desta maneira? Todos eles! Mas tenhamos em mente que este, todos, será o remanescente. Outra promessa da restauração de israel encontra-se em Jeremias 32:36-37: E por isso agora diz o Senhor, o Deus de Is- rael, acerca desta cidade, da qual vós dizeis: 53 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA Já está dada na mão do rei da Babilónia pela espada e pela fome e pela pestilência. Eis que eu os congregarei de todas as terras, para onde os houver lançado na minha ira e no meu furor e na minha grande indig- nação; e os tornarei a trazer a este lugar e farei que habitem nele seguramente. esta profecia certamente não se cumpriu com o re- gresso parcial e temporário de Babilónia notempo de Zorobabel. nem se pode aplicar de um modo signifi- cativo à igreja. no entanto, esta passagem de Jeremias 32 é apenas uma de muitas profecias que contêm todas a mesma promessa da restauração final e total de israel. Ficamos, portanto, confrontados com apenas duas conclusões: ou estas predições irão realizar-se no desti- no de israel ou deus pronunciou profecias que nunca se cumprirão. em última análise, não é apenas o destino de israel que está em jogo. Há uma questão de importância ainda maior que tem a ver com todos os crentes. É o carácter fidedigno da própria Escritura. 54 deReK PRince 12 A DESCRIÇÃO DA RESTAURAÇÃO DE ISRAEL em Jeremias 32:38-42, deus continua: E eles serão o meu povo, e eu lhes serei o seu Deus; E lhes darei um mesmo coração, e um só cami- nho, para que me temam todos os dias, para seu bem, e o bem de seus filhos, depois deles. E farei com eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim. E alegrar-me-ei deles, fazendo-lhes bem; e plantá-los-ei nesta terra firmemente, com todo o meu coração e com toda a minha alma. Porque assim diz o SENHOR: Como eu trouxe sobre este povo todo este grande mal, assim eu trarei sobre ele todo o bem que lhes tenho declarado. 55 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA deus declara que trará sobre israel todo o bem que lhes prometera, da mesma maneira que trouxe sobre eles a calamidade. A calamidade que lhes sobreveio foi um facto histórico objetivo. não foi apenas “metafórica” ou “espiritual”. Portanto, o bem que deus trará sobre eles será de igual modo história objetiva. não será meramente “me- tafórico” ou “espiritual”. A terra em que deus diz que “seguramente planta- rá” o Seu povo não pode ser interpretada senão como a terra de israel. e se deus faz isto com toda a Sua alma e coração, quem poderá desfazer o Seu intento? certa- mente não será um líder palestiniano! nem sequer as nações Unidas! em Jeremias 50:19-20, deus continua a desvendar o Seu plano de restaurar israel: E farei voltar Israel para a sua morada, e ele pastará no Carmelo e em Basã, e se far- tará nos outeiros de Efraim e em Gileade. [Presentemente, Gileade faz parte do es- tado da Jordânia]. Naqueles dias, e naquele tempo, diz o Senhor, buscar-se-á a iniqui- dade em Israel, e não haverá; e o pecado em Judá, e não se achará; pois perdoarei aos que eu deixar de resto. 56 deReK PRince As palavras finais concordam com a promessa já ci- tada de Isaías 45:25: “Todos os descendentes de israel serão justificados”. Para os que tiverem sido justificados pela fé no Messias, não haverá registo de iniquidade ou pecados. As últimas palavras deixar de resto podem ser tradu- zidas por reservar. deus está dedicado a perdoar o rema- nescente que pela Sua graça irá reservar. Deus está dedicado a perdoar o remanescente que pela Sua graça irá reservar. em Ezequiel 36:22-23, deus revela um alvo funda- mental da restauração de israel: a Sua própria glória. Diz portanto à casa de Israel: Assim diz o Senhor DEUS: Não é por respeito a vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes. E eu santificarei o meu grande nome, que foi profanado entre os gentios, o qual pro- fanastes no meio deles; e os gentios saberão que eu sou o SENHOR, diz o Senhor DEUS, quando eu for santificado aos seus olhos. 57 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA A promessa de deus em restaurar israel não se ba- seia em algo de bom que eles tenham feito, mas apenas no facto de deus poder ser glorificado através disso. Se israel merecesse perdão e preservação, não precisariam da graça de deus. Mas é apenas quando receberem a Sua graça que podem restaurar-Lhe a glória que os seus pe- cados Lhe roubaram. Mas é apenas quando receberem a Sua graça que podem restaurar-Lhe a glória que os seus pecados Lhe roubaram. As pessoas em geral dizem que os Judeus impeni- tentes e incrédulos não serão permitidos regressar à sua própria terra. Mas deus diz que os trará primeiro e de- pois começará a purificá-los dos seus pecados. E vos tomarei dentre os gentios, e vos con- gregarei de todas as terras, e vos trarei para a vossa terra. Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícies e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração novo, e porei den- tro de vós um espírito novo; e tirarei da 58 deReK PRince vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. (vs. 24-26) creio que este processo de mudança de um coração de pedra para um coração de carne já começou a acon- tecer! Tenho tido o privilégio de testemunhar, em pri- meira mão, alguns dos seus aspetos. deus revela que esta mudança de coração preparará israel para receber o revestimento do espírito Santo: E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos e guardeis os meus juízos e os observeis. E habitareis na terra que eu dei a vossos pais e vós sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus. (vs. 27-28) não há dúvidas quanto à terra que deus deu aos an- tepassados de israel. Só há uma terra que corresponde a essa descrição: a terra que é agora de novo conhecida como “israel”. É necessário enfatizar que esta promessa descreve um regresso literal, histórico dos Judeus à sua terra. não podemos, com argumentação nenhuma, des- fazer esta promessa. A Bíblia é a Palavra de deus, e esta promessa tem que ser cumprida! Mas a restauração física na terra não é o alvo final. É apenas um prelúdio necessário para o clímax, que é o 59 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA propósito final de deus: a restauração ao próprio deus. “Sereis o meu povo e eu serei o vosso deus”. Todos os acontecimentos presentemente a ocorrer no Médio Oriente estão a ser divinamente orquestrados para levar a cabo este objetivo extremamente importante: a recon- ciliação de israel com o seu deus. Todos os acontecimentos presentemente a ocorrer no Médio Oriente estão a ser divinamente orquestrados para levar a cabo este objetivo extremamente importante: a reconciliação de Israel com o seu Deus. Um pouco mais adiante, deus de novo recorda ao povo judeu que eles não fizeram nada para merecer a sua restauração: Não é por amor de vós que eu faço isto, diz o Senhor Deus, notório vos seja; envergo- nhai-vos e confundi-vos pelos vossos cami- nhos, oh casa de Israel.(v. 32) em última análise, a raça humana inteira não tem qualquer esperança do bem fora da misericórdia e da gra- ça de deus. Por definição, estas não podem ser ganhas. 60 deReK PRince A raça humana inteira não tem qualquer esperança do bem fora da misericórdia e da graça de Deus. Por definição, estas não podem ser ganhas. É um princípio que se aplica tanto a Judeus como a Gentios. deus, contudo, escolheu fazer da restauração de israel uma grande e histórica demonstração desta verdade perante todas as nações. 61 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA 13 UM PEQUENO PEDAÇO DE TERRA Uma característica espantosa da revelação bíblica é a proeminência dada a uma estreita faixa de terra na parte leste do Mediterrâneo, originalmente conhecida como a “terra de canaã”. A maioria dos acontecimentos regista- dos na Bíblia como história, ou preditos como profecia, centram-se nesta terra. em particular, é o foco de uma série de declarações contidas no Salmo 105:7-11. esta passagem abre com uma declaração da suprema autoridade de deus sobre toda a terra: Ele é o Senhor nosso Deus; Os Seus juízos estão em toda a terra.(v. 7) O deus da Bíblia é Senhor sobre toda a terra. Os juí- zos que ele pronuncia não se aplicam apenas a uma na- ção ou a um pequeno pedaço de terra. A Sua autoridade estende-se a todas as nações e a toda a terra. 62 deReK PRince contudo, deus tem um compromisso especial, sin- gularcom uma família humana, descendente de Abraão. este compromisso vem resumido nos versículos 8-10: Lembrou-se da sua aliança para sempre, da palavra que mandou a milhares de ge- rações. A qual aliança fez com Abraão, e o seu ju- ramento a Isaque. E confirmou o mesmo a Jacó por lei, e a Israel por aliança eterna. (vs. 8-10) Que escritura espantosa! não conheço nenhuma outra passagem que combine tantas palavras que ex- pressem um compromisso tão solene de deus: aliança, palavra, mandamento, juramento, estatuto, aliança eter- na. não há linguagem utilizada na Bíblia que mais forte- mente enfatize o compromisso total de deus. cada aliança de deus representa um compromisso solene, mas este é descrito como uma aliança eterna. Per- manece em vigor para sempre. não pode ser revogado. Mais ainda: manifesta-se não apenas pela Palavra de deus; é confirmado pelo Seu juramento. O escritor de Hebreus diz-nos a razão de deus ter feito este juramento: “Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossí- vel que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio, em reter a esperança proposta” 63 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA (Hebreus 6:18). A primeira coisa imutável que deus dá é a Sua Palavra; a segunda é o Seu juramento. A ênfase sem paralelo que o salmista aqui utiliza para expressar o compromisso de deus impele-nos natural- mente a perguntar: em que é que tudo isto se centra? Para quê todo este trabalho em expressar o Seu com- promisso total? A resposta é dada no versículo seguinte: Dizendo: A ti darei a terra de Canaã, a região da vossa herança. (Salmo 105: 11) Que significa tudo isto? nunca li esta passagem sem me espantar por o deus Todo Poderoso, o criador do Universo, o Rei da Terra, ter passado por tudo isto para assegurar o destino de um pedaço de território na mar- gem leste do Mar Mediterrâneo. deus atribui-lhe muito mais importância do que a maioria de nós imagina! Alguém mais também lhe atribui grande importân- cia - o diabo. É por isso que o Médio Oriente continua a provocar tremendos conflitos. Os versículos de Salmo 105 que acabámos de analisar representam o título de propriedade da terra de canaã. Tal como um título de propriedade específica, a identi- dade exata da pessoa que detém esse título, repare-se no cuidado com que deus nestes versículos garante que sa- bemos a quem a terra está entregue. Refere-se à “aliança que fiz com Abraão, o juramento a Isaque e confirmado... 64 deReK PRince a Jacob por estatuto, a Israel por aliança eterna”. Assim, a aliança vai de Abraão por isaque, não por ismael, a Jacob, cujo nome se tornou israel. não sei como deus poderia ter dito isto de modo mais claro ou enfatizado de maneira mais decisiva. Uma pessoa tem de possuir uma “carapaça teológica” para não ver o que esta passagem está a declarar. e tenho de acrescentar que acredito que é um insulto a deus sugerir que ele não sabe dizer aquilo que tem em mente. Afi- nal, essa é a implicação. Questionar esta passagem (ou outras passagens similares) é, na verdade, estar a dizer: “deus, sei que disseste isto, mas acho que não estavas a falar a sério”. Que é uma posição que eu não gostaria de assumir! estudei pessoalmente as passagens em que deus dá o Seu juramento em confirmação da Sua Palavra. concluí que é a forma mais enfática de declaração divina forne- cida na Bíblia. Se o Salmo 105 fosse a única passagem da escritura que registasse o juramento de deus confir- mando a Sua promessa de dar a terra de canaã a israel, isso por si só seria suficiente para o aceitar sem questio- nar. Mas deus considerou este assunto tão importante, que fez com que ocorresse em 47 locais da Bíblia4. A par do Salmo 105, há 46 outros locais que decla- ram que deus Se comprometeu por juramento a dar a 4 Para uma lista completa de todas as passagens relevantes, ver o Apêndice ii no final do livro. 65 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA terra de canaã a Abraão, isaque e Jacob e aos seus des- cendentes. certamente que esta é uma das maravilhas não reconhecidas da Bíblia! A passagem final que regista o juramento de deus relativamente à terra de canaã é Ezequiel 47:14: “E vós [os israelitas] a [a terra] herdareis, tanto um como o ou- tro, pois sobre ela levantei a minha mão para a dar a vos- sos pais; assim que esta mesma terra vos cairá a vós em herança”. Sem qualquer dúvida, o contexto indica que o cum- primento desta promessa se situa ainda no futuro. isto elimina qualquer sugestão que restrinja a aplicação do juramento de deus a acontecimentos que já ocorreram. Pelo contrário, estende-se ao futuro sem qualquer limi- te. enquanto a terra continuar a existir o seu destino será determinado pelo juramento de deus. À luz de todas estas escrituras, é certamente surpre- endente que alguém que aceite a autoridade da Bíblia levante alguma dúvida. no artigo que atrás mencionei, criticando israel e avançando a teoria de que somos to- dos Judeus, faz-se referência a uma passagem em Roma- nos. Falando dos israelitas, Paulo diz: “...dos quais é a adopção de filhos e a glória e as alianças e a lei e o culto e as promes- sas.” (Rom. 9:4) 66 deReK PRince O autor desse artigo argumentava que como Paulo fala das alianças e das promessas mas não faz qualquer referência à terra, portanto o compromisso de deus em dar a terra a israel deixa de ser relevante. Para mim, este raciocínio - representativo de muitos dentro da igreja - está errado. nas promessas, há incon- táveis referências à terra, como já salientei, pelo que se as promessas são para israel, então a terra é para israel. Mais ainda: por aliança, deus comprometeu-se com a máxima clareza a dar essa terra a israel; e as alianças, segundo Paulo, permanecem válidos. Assim, a conclusão de que a terra deixou de ser para israel tem de ser falsa. A terra está incluída tanto nas promessas como nas alianças. de facto, quando Paulo disse que as promessas e as alianças pertencem a israel, ele estava dizendo, com efeito, que em muitas maneiras diferentes a terra é dado eternamente a israel. Em muitas maneiras diferentes a terra é dado eternamente a Israel. Outro argumento por vezes utilizado pelos cristãos é que israel teve a sua oportunidade mas foi infiel e en- ganou deus. Portanto, dizem que deus mudou de ideias e as promessas dadas a israel são agora para a igreja. 67 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA Quando ouço esta teoria, percorro mentalmente de- zanove séculos de história da igreja. Vejo uma sucessão infindável de heresia, apostasia, cupidez, imoralidade, querelas e divisões contínuas, infindável luta pelo po- der e pela proeminência. Vejo mesmo cristãos professos sujeitando os seus irmãos cristãos à tortura e a mortes cruéis em nome de cristo. Acrescente-se a tudo isto dezasseis ou mais séculos de um hediondo anti-semitismo e não posso deixar de me interrogar: quem tem sido mais infiel: israel ou a igreja? Se deus mudasse de ideias sobre as Suas promessas a israel e pegasse no seu nome e o desse a outro gru- po, certamente podia também mudar de ideias sobre as Suas promessas feitas à igreja cujo título daria a outro grupo. então, esta é uma questão importante para todos os cristãos a considerar. em última análise, a nossa confiança na misericórdia de deus baseia-se no Seu compromisso à sua Palavra e às Suas alianças. A nossa confiança na misericórdia de Deus baseia-se no Seu compromisso à sua Palavra e às Suas alianças. 68 deReK PRince Se deus pode mudar esses compromissos e anular essas alianças, ficamos sem qualquer segurança enquan- to cristãos. Assim, as questões da identidade e destino de israel dizem respeito, não só aos Judeus mas também, a todos os crentes gentios que vieram ao conhecimento de deus através da nova aliança em Jesus. 69 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA 14 ASFRONTEIRAS DE DEUS O deus da Bíblia, que é o deus de toda a terra, tem um plano e um lugar para cada nação. Paulo declara aos homens de Atenas em Atos 17:26: E de um só sangue fez [deus] toda a gera- ção dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habi- tação; Se deus determinou os lugares exatos onde as nações devem viver e os tempos que aí devem viver, então tem um lugar não só para israel como para cada nação da terra. Temos de manter em mente uma questão impor- tante: o lugar que ele tem para israel não é oferecido a qualquer outra nação. contudo, isso não significa que Árabes ou outras na- cionalidades sejam excluídos do território atribuído a israel. Pelo contrário, através da história de israel como nação, deus preparou sempre uma provisão específica 70 deReK PRince para pessoas de outras nações que vivessem entre eles, aceitando tanto os privilégios como as responsabilida- des que essa decisão implica. em Ezequiel 47:22-23, deus ordena uma distribui- ção da terra de israel que ainda se situa no futuro. Aqui, apresenta uma provisão específica para pessoas de ou- tras nacionalidades que residam entre o povo de israel e que compartilhem todos os seus privilégios: Será, porém, que a sorteareis para vossa herança, e para a dos estrangeiros que ha- bitam no meio de vós, que gerarão filhos no meio de vós; e vos serão como naturais en- tre os filhos de Israel; convosco entrarão em herança, no meio das tribos de Israel. E será que na tribo em que habitar o es- trangeiro, ali lhe dareis a sua herança, diz o Senhor DEUS. na verdade, deus deu a terra a israel através de uma aliança irrevogável, mas escancarou a porta aos foras- teiros de todas as outras nações para a compartilharem com eles, desde que cumprissem todas as suas obriga- ções. Porém, a par desta provisão, deus tem um lugar pró- prio para os Árabes. no presente momento, as nações árabes do Atlântico ao Golfo Pérsico têm uma popula- 71 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA ção de 170 milhões. Possuem uma massa de terras de 14 milhões de quilómetros quadrados. israel controla apenas 28.000 quilómetros quadrados. em 1917, a declaração Balfour prometeu ao povo judeu uma certa área geográfica que incluía a totalidade do que é agora a Jordânia. depois em 1922, por um gol- pe de caneta, Winston churchill criou, dividindo essa área, um estado árabe chamado Transjordânia (mais tarde rebatizado Jordânia). Por esse único ato, 78% da área total destinada para lar nacional dos judeus foi dado aos Árabes. Mais ainda: os Judeus não são livres de viver na Jordânia, enquanto os árabes são livres de habitarem em israel. isso significa que o resto do território agora a oes- te do Jordão constitui apenas 22% da herança original oferecida aos Judeus. Mesmo nesta área, os Judeus têm sido sujeitos a pressões e ataques constantes, tanto por agitação política como por atos abertos de agressão. deus, contudo, alertou as nações do mundo de que viria um tempo em que ele lhes pediria contas pelas ações praticadas em relação à terra de israel. em Joel 3:2, ele declara: Congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas 72 deReK PRince espalharam entre as nações e repartiram a minha terra. em linguagem, contemporânea, “dividir a minha ter- ra” chama-se partilha. Foi precisamente isso que as na- ções Unidas fizeram a 29 de novembro de 1947, quando votaram pela divisão da Palestina em duas áreas uma para Judeus e outra para Árabes. 73 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA 15 UM TEMPO DE REALOJAMENTO Os governos tanto do Reino Unido como dos esta- dos Unidos têm por vezes procurado influenciar a fixa- ção da terra de israel. esta também tem sido sujeita a di- versas resoluções das nações Unidas. contudo, nenhum governo humano tem a última palavra sobre este assun- to. em última análise, no tempo indicado, cada nação da terra ocupará o lugar que deus lhe destinou. O século vinte tem testemunhado muitos desenvol- vimentos significativos relacionados com a manifesta- ção do propósito de deus em fixar as nações dentro das fronteiras que ele lhes destinou. no início do século, o tempo de deus chegara para o povo judeu regressar à sua própria terra. O palco foi montado aquando da pri- meira conferência Sionista Mundial realizada em 1897. depois em 1917, um dos anos mais significativos, Jerusalém foi libertada, pelo General Allenby, de 400 anos de domínio turco, a declaração Balfour foi assi- nada pelo governo britânico e nasceu o primeiro estado oficialmente ateu - isto é, a União Soviética. Todos estes 74 deReK PRince acontecimentos estavam de um modo ou de outro re- lacionados com o programa de deus para o culminar desta presente era. contudo, ao analisarmos a História, torna-se claro que os Judeus, na sua maioria, não queriam regressar à Palestina. Uma minoria estava ansiosamente compro- metida a isso, mas se a decisão fosse deixada aos judeus, poucos deles teriam regressado. Parecia que o propósito de deus ficaria frustrado. Mas então deu-se o Holocausto! As nossas mentes agitam-se ante a sua agonia e horror, mas no fim ser- viu os propósitos de deus. nada mais teria conseguido arrancar as comunidades judaicas da europa, onde se tinham estabelecido e vivido durante centenas de anos. Foi a pressão do Holocausto que os impeliu a virar o rosto uma vez mais para a sua própria terra. estes eventos ilustram dois lados opostos do carác- ter de deus. ele é ilimitadamente fiel no Seu amor e, no entanto, se for necessário, rude em levar a cabo os Seus propósitos predeterminados. Deus é ilimitadamente fiel no Seu amor e, no entanto, se for necessário, rude em levar a cabo os Seus propósitos predeterminados. 75 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA em Jeremias 31:3, deus fala a israel e diz: “Sim, amei-te com um amor eterno...” Foi este amor que trans- formou a impiedade humana do Holocausto na ocasião do renascimento de israel como nação. deus assim cumpriu a Sua promessa em Oséias 2:15: “E lhe [a is- rael] darei... o vale de Acor [perturbação] como porta de esperança”. 76 deReK PRince 16 DEUS É INJUSTO? Muitas pessoas afirmam que a restauração de isra- el à sua própria terra produziu injustiça. Mesmo alguns cristãos sinceros defendem este ponto de vista. A Bíblia, contudo, enfatiza que deus é incapaz de injustiça. em Deuteronómio 32:3-4, nas palavras finais a israel, Moi- sés declarou: Porque apregoarei o nome do SENHOR; engrandecei a nosso Deus. Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é. Alguém já comparou a nossa visão da história a uma pessoa a mirar o reverso de uma tapeçaria oriental. As diferentes e variadas formas e cores parecem confusas e em nada atrativas. Mas quando se vira a tapeçaria para o seu lado correto, a sua verdadeira beleza pode ser então apreciada. 77 O deSTinO de iSRAeL e dA iGReJA O mesmo se passa com a manifestação dos propó- sitos de deus na história. do nosso ponto de vista ter- reno, é difícil discernir o padrão que deus está a tecer. Frequentemente tudo parece confuso e sem significado. Mas quando somos capazes de o apreciar sob uma pers- petiva celeste, concordamos com Moisés: “A Sua obra é perfeita e todos os Seus caminhos justos”. isto não serve para negar que, ao nível humano, tenha havido atos de injustiça praticados pelas diversas fações envolvidas no retorno de israel à sua terra. Tem havido também grande sofrimento por parte de muita gente. Porém, de todas as fações envolvidas, nenhuma tem sofrido tanto como os Judeus. depois de seis milhões te-