Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
3.1 – O direito do consumidor é um direito fundamental: conforme o art. 5º, inciso XXXII, da CF (“o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”). Considerando que a relação jurídica de consumo é , desigual sendo o consumidor o polo vulnerável e o fornecedor dos produtos e serviços o detentor do monopólio dos meios de produção, deve o Estado promover a defesa do consumidor, auxiliando a promover um direito privado de cunho mais social (preocupação com os mais fracos). Introdução e características do Código de Defesa do Consumidor (CDC). 3 – Características do Código de Defesa do Consumidor: ROTEIRO – AULA 1 – DIREITO DO CONSUMIDOR. 1 – Sociedade de consumo: após a revolução industrial (séculos XVIII e XIX) e com o aumento da migração populacional das áreas rurais para os centros urbanos, houve significativo aumento da demanda por produtos e serviços. Fabricantes, produtores e prestadores de serviço, então, aumentaram a produção considerando em primeiro plano o aspecto quantitativo (produzir mais para vender para mais pessoas), e não o qualitativo, gerando o que se denomina de “produção em série” ou homogeneização da produção. A nova sociedade de consumo substituiu a bilateralidade da produção (com prévia negociação de cláusulas, preço e matéria prima) pela da produção: o fornecedor agora é unilateralidade quem dita todas as regras da relação; exemplo: produção de roupas, alimentos, instrumentos de uso pessoal, entre outros, em massa, e não por tratativa/encomenda individual (“standartização” ou “homogeneização” da produção). Há um custo inicial para desenvolvimento de um produto/serviço e, após, reprodução em série, com diminuição do custo do varejo e aumento da oferta. Os contratos seguem, então, semelhante metodologia: construção de um modelo, com posterior reprodução em série contrato de massa ou de adesão ( ). Problemas: a) a parte mais fraca (o consumidor, que adquire o produto ou o serviço) ou adere ao contrato elaborado apenas em conformidade às decisões do fabricante/produtor (contrato de adesão), ou não adere, e portanto não adquire o produto/serviço, ou ainda adquire um de qualidade/origem desconhecida ( ); b) contexto de vulnerabilidade falta de amparo ao consumidor quanto a produtos e serviços viciados/de má qualidade e que lhe causem prejuízos econômicos ou físicos, haja vista que a preocupação maior era a quantidade, e não a qualidade. 2 – Insuficiência do direito civil clássico (“tradição privatista”) para a proteção do consumidor: os recorrentes vícios e defeitos decorrentes de produtos e serviços surgidos com o crescer da sociedade de consumo levaram ao desamparo do consumidor, que não se via suficientemente protegido pelo direito civil há muito existente (no Brasil, até 1.990, ano do advento do CDC, apenas o Código Civil de 1916 era o instrumento passível de utilização pelos consumidores). Em tempo, o Direito Civil se ocupa de disciplinar relações eminentemente individualizadas, com atuação bilateral na produção (negociação em igualdade e com participação dos dois contratantes). 2 – Consumidor: o CDC aborda o conceito de consumidor em seu art. 2º: “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como .” destinatário final Esse conceito previsto no CDC é o denominado de consumidor “padrão”, “standard”, “stricto sensu” ou em 1 – Introdução: “Podemos, então, conceituar relação jurídica como toda relação social disciplinada pelo Direito. Preferem outros defini-la como toda relação da vida social que produz consequências jurídicas” (Sérgio Cavalieri Filho; Programa de direito do consumidor). De forma geral, toda relação jurídica conterá sujeitos (elementos subjetivos), objeto (elemento objetivo) e um fato jurídico que os conecta (a exemplo de um contrato). Em sequência, a relação jurídica específica de consumo pode ser descrita como uma relação firmada entre um e um fornecedor consumidor ( ), e que possui como um elementos subjetivos objeto produto ou um serviço ( ), usualmente ligados por um contrato (por exemplo: elementos objetivos um ).contrato de adesão Relação jurídica de consumo. Pesquisa: a) a súmula 381 do STJ, que diz que “nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”, é compatível com o CDC? b) o que é um “microssistema jurídico multidisciplinar”? O CDC é um microssistema multidisciplinar? Justifique. ROTEIRO – AULA 2 – DIREITO DO CONSUMIDOR. Explicação: conforme adiantado, a autonomia da vontade e a pacta sunt servanda, institutos do Direito Civil clássico, são relativizados no CDC em razão do dever de defesa pelo Estado dos direitos do Consumidor, em busca do reequilíbrio de uma relação quase sempre desigual. Assim, sendo ilícita ou abusiva uma cláusula contratual, ela poderá ser anulada pelo Juiz, mesmo sob a alegação do fornecedor de liberdade na contratação, e independente de prévia provocação. Consequências: a) as partes não poderão derrogar os direitos do consumidor, ainda que o consumidor com isso concorde; b) juiz pode reconhecer “de ofício” direitos do consumidor (“de ofício” significa independente de prévia provocação ou pedido). Quanto à , esclarece o CDC que as normas de consumo são “ordem pública” cogentes, ou seja, de observância obrigatória. Observação: as normas “dispositivas” significam o oposto (de norma cogente), no sentido de que apenas na ausência de previsão específica das partes (em um contrato, por exemplo) é que o conteúdo da norma terá vigência (caracterizadas, por vezes, em razão da previsão da expressão “salvo disposição em contrário”; exemplo: artigo 331, que prevê que “salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente”, entre outros, CC). Ou seja, as partes podem “ajustar” os termos do contrato em sentido contrário ao previsto nas normas classificadas como dispositivas. 3.3 – o CDC é uma norma de ordem pública e interesse social: o art. 1º do CDC prevê que o código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, e que essas normas são de “ordem pública” e “interesse social” “interesse social”. Quanto ao , a lei aponta que as decisões proferidas em litígios de consumo no mais das vezes não se limitam ou dizem respeito apenas aos envolvidos, mas também a terceiros, como no caso dos (“processo direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos coletivo”). Além disso, as decisões empreendidas com base no CDC servem de caráter educativo/pedagógico para toda a população e para os demais fornecedores, a fim de que não se cometam os mesmos erros indefinidamente (ex: raciocínio relevante na fixação dos “danos morais”). 3.2 – o CDC é uma lei principiológica: o Código de Defesa do Consumidor é considerado uma lei principiológica, pois é constituído também de uma série de princípios que possuem como finalidade última a proteção e garantia dos direitos dos consumidores, que são os polos mais fracos da relação (são os vulneráveis), e também impor deveres aos fornecedores. O Código, consequentemente, prevê uma série de princípios que buscam o reequilíbrio da relação de consumo, buscando igualdade material entre o fornecedor e o consumidor. Exemplo: a) princípio da vulnerabilidade ou “favor debilis” (art. 4, I, CDC). É basicamente o reconhecimento de que alguns são mais fortes ou detêm posição jurídica mais forte, com mais informações, sendo experts ou profissionais, transferindo mais facilmente seus riscos e custos profissionais para os outros, bem como o reconhecimento de que os 'outros' geralmente são leigos, não detêm informações sobre os produtos e serviços oferecidos no mercado, não conhecem as técnicas da contratação de massa ou os materiais que compõem os produtos ou a maneira de usar os serviços, são pois mais vulneráveis e vítimas fáceis de abusos (BENJAMIN, Antônio Herman de V.; MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito doconsumidor, p. 38); b) princípios previstos no art. 4º (“respeito à dignidade, à saúde, à segurança, à proteção dos interesses econômicos, e à melhoria de qualidade de vida”). É utilizado para interpretação dos contratos e das relações, ainda que a legislação não preveja ao caso nada de específico. Pesquisa: a) o que significa a denominada “eficácia horizontal dos direitos fundamentais”, e qual a sua diferença com a eficácia “vertical”? b) a “eficácia horizontal dos direitos fundamentais” é aplicável aos consumidores? Problemas: “Dogmas” do direito civil, como pacta sunt servanda; autonomia da vontade; e responsabilidade fundada na culpa dificultavam a proteção do consumidor, gerando a necessidade de intervenção estatal. O Direito do Consumidor, ao seu tempo, ao classificar as normas consumeristas como de interesse social e ordem pública, impede as partes de livremente derrogarem direitos dos consumidores (polo vulnerável; exemplo: revisão de cláusulas contratuais abusivas em juízo). Quanto à responsabilidade, havendo relação de consumo, esta será em regra objetiva, independendo da demonstração de culpa. Pesquisa: incide o CDC na operação de aquisição de “capital de giro” por empresa junto à uma instituição financeira? Por quê? Problema: nessa visão extremada (consumidor destinatário final fático e econômico), ficam excluídos do conceito de consumidor praticamente todas as pessoas jurídicas e todos os profissionais pessoa física, pois de alguma forma os produtos e serviços que eles adquirem sempre integrarão a cadeia produtiva. Entretanto, o próprio art. 2º, caput, CDC, inclui a pessoa jurídica como possível consumidora. c) teoria finalista mitigada, atenuada ou aprofundada: surgida principalmente em razão de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), baseada na ideia de se enquadrar a pessoa jurídica como consumidora desde que comprovada a sua no caso concreto vulnerabilidade (exame em concreto do conceito de consumidor). É de aplicação excepcional, e desde que demonstrada a vulnerabilidade. É útil principalmente para os casos de pequenas empresas ou profissionais liberais. Ex: caminhoneiro/freteiro na relação com uma produtora de veículos; sorveteiro com equipamento eletrônico; pequena empresa que adquire eletrodoméstico para uso interno, entre outros. A ministra do STJ Nancy Andrighi já usou em julgados relacionados ao tema a expressão “ ”. exceção maximalista b) teoria finalista ou subjetiva (mais restrita): “destinatário final” significa o destinatário final fático e econômico do produto ou serviço em questão. Neste último caso (econômico), é destinatário final por ter praticado ato de consumo e não pela aquisição de insumos que posteriormente reempregará na atividade de mercado, transformando-os em outros produtos ou aproveitando-os no oferecimento de algum outro serviço (MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor). Em outras palavras, não basta retirar o bem do mercado de consumo (ou seja, retirar o produto da cadeia de produção/circulação), havendo a necessidade de o produto ou serviço ser efetivamente consumido pelo adquirente ou por sua família (afasta-se o “consumo intermediário”, ou seja, a aquisição de insumos para produção, bem como o uso “profissional”). . É a teoria mais aceita Exemplos: consumidor pessoa física que adquire um ar condicionado para a família é consumidor; pessoa jurídica que adquire empréstimo/mútuo bancário para obtenção de “capital de giro” não é consumidora, pois se trata de consumo intermediário (dinheiro é insumo para a produção da empresa). Problemas: abrangência do direito do consumidor a praticamente todos os contratos comerciais, uma vez que pessoas jurídicas e profissionais pessoas físicas se utilizam de para suas atividades econômicas, insumos tornando inócuo o enfoque de reequilíbrio a favor do consumidor vulnerável; , aplicação praticamente indistinta do CDC às pessoas jurídicas que sempre precisam de insumos para sua atividade (“consumo intermediário”), exemplos: compra de automóvel por empresa multinacional de telefonia; usina de açúcar que compra adubo para plantio; fazendeiro que compra sementes para plantio; compra de computador por advogado ou escritório de advocacia; entre outros. Em outras palavras, tal interpretação gera ampliação demasiada da incidência do CDC a relações que não são assimétricas. a) teoria maximalista ou objetiva (mais ampla): “destinatário final” significa o destinatário final fático, ou seja, aquele que ao realizar o ato de consumo (adquirir ou utilizar) , retira o produto ou serviço do mercado de consumo usufruindo de modo definitivo de sua utilidade (MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor). Ou seja, inclui-se aqui a pessoa jurídica e o profissional pessoa física, além do consumidor “padrão” (compra para si ou família), bastando que se retire o produto/serviço do mercado de consumo, pouco importando se essa retirada tem a finalidade de lucro ou não. 2.1 – destinatário final (teorias para sua caracterização e alcance das relações de consumo): Em resumo, considera-se “consumidor”, em seu conceito “padrão”, como aquele que adquire bens ou contrata a prestação de serviços para uma necessidade pessoal (“ ”), e compra para ele mesmo usar não com finalidade de revenda. Ainda, o consumidor pode ser tanto quem adquire/compra o produto/serviço (relação contratual), como quem utiliza (relação de fato). “sentido estrito”. Observação 1: a autora de direito do consumidor Cláudia Lima Marques afirma que “se presume que a pessoa física seja sempre consumidora frente a um fornecedor e se permite que a pessoa jurídica vulnerável prove sua vulnerabilidade”. Ou seja, a vulnerabilidade do consumidor pessoa física é presumida, e a dos profissionais e pessoas jurídicas deve ser provada. Observação 2: espécies de vulnerabilidade (passíveis de arguição em concreto) vulnerabilidade técnica. A consiste na fragilidade do consumidor no tocante à ausência de conhecimentos técnicos sobre o produto ou o serviço adquirido/contratado no mercado de consumo. A vulnerabilidade jurídica ou científica envolve a debilidade do consumidor em relação à falta do conhecimento sobre a matéria jurídica ou a respeito de outros ramos científicos como da economia ou da contabilidade (ex: dificuldade com cláusulas do contrato). A , trata da vulnerabilidade fática ou socioeconômica fragilidade do consumidor no aspecto econômico, a exemplo da dependência do produto/serviço ou fragilidade (possibilidade de ser enganado). A se refere basicamente à vulnerabilidade informacional importância das informações a respeito dos bens de consumo, e sobre sua influência cada vez maior no poder de persuadir o consumidor no momento de escolher o que comprar ou contratar no mercado consumidor. Pesquisa: do que se trata a figura denominada de “hipervulneráveis”? Qual a relevância de sua caracterização? Leitura complementar (texto de julgado do STJ): “1. A jurisprudência do STJ se encontra consolidada no sentido de que a determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário final tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. 2. Pela teoria finalista, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei n. 8.078/90, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. 3. A jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processoque a doutrina vem denominando finalismo aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção conferida ao consumidor. 4. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de vulnerabilidade: técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo) e fática (situações em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor). Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra). 5. A despeito da identificação in abstracto dessas espécies de vulnerabilidade, a casuística poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair a incidência do CDC à relação de consumo. Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, a relação de dependência de uma das partes frente à outra pode, conforme o caso, caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora da aplicação da Lei n. 8.078/90, mitigando os rigores da teoria finalista e autorizando a equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de consumidora.” (STJ; REsp 1.195.642/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, 3ª T., DJe 21-11- 2012). 2.2 – consumidor por equiparação / equiparado: a opção expressa no Código de Defesa do Consumidor de proteger não apenas o consumidor destinatário final surgiu a partir da necessidade de serem tuteladas outras pessoas, físicas ou jurídicas, de forma individual ou coletiva, daquelas além já protegidas segundo o disposto no art. 2º, caput, do aludido Diploma, que tratou, conforme estudado, da conceituação de consumidor em sentido a) a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo (art. 2º, parágrafo único): o disposto no aludido dispositivo é um dos principais fundamentos da tutela coletiva do consumidor. Ainda, nota-se que o Código de Defesa do Consumidor, ao determinar que está protegida a coletividade de pessoas “ainda que indetermináveis”, indica o dever de proteção tanto da coletividade de pessoas passível de ser identificada, como daquela cuja identificação, por algum motivo, não é possível. Em suma, protegidas estão tanto a coletividade de pessoas determinável como a indeterminável, ou seja, abrangendo tanto os efetivos como os consumidores, aqueles potenciais que estejam expostos (aspecto de prevenção). Prevê, enfim, o fundamento para a legítima existência do denominado “processo coletivo”, no que toca aos consumidores, possibilitando então a específica tutela coletiva dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos estabelecidos nos arts. 81 e ss. do CDC. Ex: ação do MP em desfavor de uma empresa em razão do risco que seus produtos apresentam, com a finalidade de que cesse a venda; exigência de informações mais detalhadas sobre os produtos e serviços, entre outros. Espécies de consumidor equiparado: 4.1 – produtos: o Código de Defesa do Consumidor estabelece em seu art. 3º, § 1º, que: “Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”, abrangendo qualquer bem posto à venda no mercado de consumo, com vistas a satisfazer uma necessidade do destinatário final. Exemplos: a) móveis: vestuários, alimentos, eletrodomésticos, etc; b) imóveis: casa; a compra de uma casa pode gerar a aplicação do CDC, no que toca ao contrato imobiliário necessário para sua compra (Súmula 473 do STJ: “O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada”); e c) imateriais: livros digitais. 4 – Produtos e serviços ( da relação de elementos objetivos consumo). P.s.2: parte da doutrina afirma que a também é “amostra grátis” abrangida pelo conceito de produto, para fins de proteção pelo direito do consumidor (art. 8º, CDC), pois o art. 3º, § 1º, não exige remuneração pelo produto (como o faz quanto ao serviço), e porque dificilmente a amostra grátis não terá intuito de lucro ou marketing. P.s.: o CDC também classifica os produtos como “duráveis” e “não duráveis” no art. 26. O autor Sergio Cavalieri Filho aponta que os bens “ são os bens tangíveis que não se extinguem após o duráveis seu uso regular. Foram feitos para durar, para serem utilizados várias vezes”. De fato, podemos citar como exemplos os veículos automotores, as peças de vestuário, os eletrodomésticos e os eletroeletrônicos, dentre outros. A seu turno, os bens não duráveis são aqueles cujas finalidades para as quais se destinam desaparecem com o seu uso regular em período curto de tempo. A extinção pode ser imediata (alimentos, remédios, bebidas) ou paulatina (caneta, sabonete), mas sempre será em prazo menor se comparado com os bens duráveis. Esta distinção exerce influência nos prazos para reclamação dos vícios, pois serão distintos nos termos dos incisos I e II do art. 26 do Código de Defesa do Consumidor ( e prazos de 30 de , respectivamente).90 dias 3.1 – habitualidade: a é requisito indispensável à habitualidade caracterização de fornecedor (o profissionalismo pode até significar maior organização, mas não é elemento necessário; exemplo: camelô e comerciante com registro). No tocante à pessoa jurídica como fornecedora, a habitualidade deverá estar presente na atividade-fim (exemplo: feirante que vende o computador utilizado para registro de atividades não será fornecedor no caso dessa operação). Obs: o estatuto do torcedor (lei 10.671/03) aponta em seu art. 3º uma hipótese de “fornecedor equiparado”: “Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, a entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo.” O autor Fabrício Bolzan também aponta que o STJ considerou como “fornecedor equiparado” o órgão mantenedor de cadastro de proteção de crédito: “Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição” (súmula 359, STJ). b) as vítimas do evento danoso, ou consumidor “bystander” (art. 17, CDC): de fato, a definição de consumidor por equiparação expressa no art. 17 do Diploma Consumerista refere-se à seção onde está inserida a responsabilidade civil pelo fato do produto ou do serviço, isto é, oriunda de um acidente de consumo. Assim, consideram-se consumidores equiparados as vítimas do evento danoso — de um acidente de consumo —, independentemente da efetiva aquisição de um produto ou da contratação de um serviço. Exemplos: i) “Configura-se, em tese, acidente de consumo em virtude da suposta falta de segurança na prestação do serviço por parte do estabelecimento hoteleiro que, alegadamente, poderia ter identificado a fraude mediante simples conferência de assinatura na cédula de identidade do portador do cheque. Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do acidente de consumo (CDC, art. 17). Conflito conhecido para declarar competente o foro do domicílio do consumidor” (CC 128.079/MT, Rel. Ministro Raul Araújo, Segunda Seção, DJe 9-4-2014); acidente de avião/ônibus que vitima também pessoas que estavam fora do avião/ônibus; negativações por contratos fraudados. Parte-se do pressuposto que a garantia de qualidade do fornecedor se vincula ao produto/serviço (art. 8º, CDC). c) as pessoas expostas às práticas comerciaise contratuais (art. 29, CDC): equiparam-se a consumidor todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais e contratuais, em especial as abusivas. Aqui também a interpretação do dispositivo deverá ser extensiva, albergando da maior forma possível as disposições do CDC relativas às fases: pré-contratual; contratual; e pós-contratual. “Uma vez existindo qualquer prática comercial, toda a coletividade de pessoas já está exposta a ela, ainda que em nenhum momento se possa identificar um único consumidor real que pretenda insurgir-se contra tal prática (...) Trata-se, portanto, praticamente de uma espécie de conceito difuso de consumidor, tendo em vista que desde já e desde sempre todas as pessoas são consumidoras por estarem potencialmente expostas a toda e qualquer prática comercial (Rizzato Nunes). Ex: pessoas expostas à propaganda enganosa; relação do locatário com a imobiliária; fortuito interno relacionado à danos causados por pessoas que não contrataram com determinada empresa, etc. estrito, o consumidor “standard”. Tratase de uma consequência lógica à constatação de que não somente o adquirente direto de um produto ou serviço é a parte mais fraca de uma relação jurídica frente a um fornecedor detentor do monopólio dos meios de produção (casos em que não há “ato de consumo” em sentido estrito). Outras pessoas ou grupo de pessoas podem enquadrar-se no perfil da vulnerabilidade e, consequentemente, valerse também da proteção insculpida no Código de Defesa do Consumidor, mesmo não se encaixando no conceito de consumidor em sentido estrito. 3 – Fornecedor: a definição legal de fornecedor está prevista no art. 3º do CDC, que prevê: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”. Em resumo, pode-se concluir que fornecedor é todo aquele que coloca produto ou presta serviço no mercado de consumo (participam da “cadeia de fornecimento”). Exemplos de entes despersonalizados: massa falida; espólio de um comerciante. 4.2.1 – exigência de remuneração: por remuneração se entende a 4.2 – serviços: “qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista” (art. 3º, § 2º, CDC). O serviço, para ser objeto da relação jurídica de consumo, deverá ser prestado por alguém que se enquadre no conceito de fornecedor, e adquirido por alguém que se enquadre no conceito de consumidor, seja ele destinatário final ou consumidor por equiparação. Refere-se, enfim, a toda e qualquer utilidade usufruída nessa relação pelo consumidor, tratando-se basicamente de uma conduta ativa, um “fazer”. Introdução: o novo modelo de produção unilateral e em massa, surgido principalmente no período pós-revolução industrial do aço e do carvão, exigiu uma legislação específica capaz de proteger o vulnerável da relação jurídica de consumo. Assim, a principal forma encontrada para conseguir reequilibrar uma relação tão desigual foi aos consumidores e impor deveres aos conferir direitos fornecedores. , nesse contexto, podem ser definidos Direitos básicos como “aqueles interesses mínimos, materiais ou instrumentais, relacionados a direitos fundamentais universalmente consagrados que, diante de sua relevância social e econômica, pretendeu o legislador ver expressamente tutelados”. Há, por fim, direitos de cunho material, voltados à proteção jurídico- patrimonial dos consumidores, e os direitos de cunho instrumental, dirigidos à obtenção/satisfação dos direitos materiais. 5 - direito à modificação no caso de cláusulas desproporcionais, e revisão na hipótese de causas supervenientes que as tornem excessivamente onerosas: a finalidade é a de preservação do contrato de consumo. 4 - direito à proteção contra as práticas comerciais e contratuais abusivas: dispõe o art. 6º, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor, como Direito Básico do vulnerável, “a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços”. O princípio da livre concorrência não se caracteriza como um salvo-conduto para a prática de qualquer conduta abusiva ou desleal com o consumidor. 3 - direito à informação adequada e clara: se por um lado é dever do fornecedor informar, por outro é direito básico do consumidor ser informado, mesmo porque este é sujeito vulnerável da relação jurídica de consumo. A remete à finalidade que se pretende alcançar com adequação a informação. A característica da da informação se refere a uma clareza mensagem inteligível, facilmente identificada pelo consumidor, útil e gratuita, que lhe auxilie em uma escolha consciente. Ex: ilicitude do aumento disfarçado com diminuição da quantidade, com informação em parte inferior e letra reduzida. 1 - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos: são instrumentos previstos no CDC para defesa desses direitos no âmbito civil, responsabilidade a) objetiva do fornecedor (independentemente de prova de dolo/culpa); b) penas em esfera administrativa, como apreensão, de inutilização de produtos, de proibição de fabricação de produtos, de suspensão do fornecimento de produto ou serviço (art. 58, CDC); e tipos penais c) previstos como forma de coibir condutas que comprometam a vida/saúde dos consumidores (arts. 63/66 e 68, CDC). : é Exemplo da jurisprudência abusiva a cláusula prevista em contrato de plano de saúde que suspende o atendimento em razão do atraso de pagamento de uma única parcela (STJ; REsp 259263 / SP). 2 - educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações: “aumentados os níveis de conhecimento e de informação do consumidor, também se aumenta o seu poder de reflexão e de formulação de um juízo crítico sobre a oportunidade e a conveniência da contratação, a fim de que possa o mesmo, dentre os diversos produtos e/ou serviços colocados no mercado a sua disposição, escolher, em manifestação de vontade formal e materialmente livre, esclarecida e, portanto, consciente, aquele que melhor se ajuste às suas necessidades” (CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de direito do consumidor). ROTEIRO – AULA 3 – DIREITO DO CONSUMIDOR. Direitos básicos do consumidor. a) modificação: no direito civil (Código Civil), a desproporção originária das prestações das partes no momento da celebração só pode gerar alguma modificação no caso de alegação de um dos defeitos do negócio jurídico (lesão, estado de perigo, erro, dolo), levando, se o caso, à possível anulação do negócio, não prescindindo por total do elemento subjetivo; já no direito do consumidor, em razão do que dispõe o artigo 6º, V, do CDC, o mero fato da desproporção original das prestações permite modificação, com vista ao equilíbrio do contrato (MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor). Além disso, o elemento subjetivo é dispensável no CDC para a modificação, sendo o . Ex: cláusulas abusivas, como enfoque eminentemente objetivo em casos de juros excessivos. Ex: APELAÇÃO CÍVEL. Ação de revisão contratual. Contrato de empréstimo pessoal. Sentença de procedência. Insurgência do réu. Não acolhimento. Taxas de juros praticadas pelo banco que se revelam demasiadamente onerosas, exigindo do consumidor vantagem manifestamente excessiva, incompatíveis com a boa-fé ou a equidade. Prática abusiva vedada. Aplicação dos arts. 39, V e 51, IV, do CDC. Necessidade de proceder ao recálculo da dívida, utilizando-se a taxamédia de mercado, publicada pelo BACEN, para o período, procedendo ao realinhamento do contrato. Inteligência do art. 6º, V, do CDC. Precedentes deste E. TJSP. Sentença mantida. RECURSO DESPROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1115868-39.2019.8.26.0100; Relator (a): Rodolfo Pellizari; Órgão Julgador: 24ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 24ª Vara Cível; Data do Julgamento: 02/03/2022; Data de Registro: 02/03/2022) Ex: Compromisso de compra e venda de bem imóvel (terrenos). Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Possibilidade de revisão de cláusulas contratuais que decorre do próprio sistema jurídico (arts. 478 e 480 do CC e art. 6°, V, do CDC). Relativização da pacta sunt servanda. Adesividade contratual. Licitude. Revisão contratual. Sentença de improcedência. Inconformismo. Tese de onerosidade excessiva do contrato, mercê do suposto reajuste exorbitante das parcelas. Plausibilidade. . Aplicação da Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico Hipótese em que se verifica a destruição da relação de equivalência entre prestação e contraprestação. Índice contratualmente estabelecido (IGP- M), que, em 2021, acumulou alta de 23,14%, em razão de diversos fatores (pandemia, política externa e interna), refletindo índice muito superior ao da inflação real no mesmo ano, de modo que é mais adequada a utilização do IPCA como índice de reajuste. Recomposição de forma mais racional do poder aquisitivo da prestação do contrato de aquisição do imóvel objeto dos autos. Precedentes. Sentença reformada. Recurso provido. (TJSP; Apelação Cível 1002472-93.2021.8.26.0236; Relator (a): Rômolo Russo; Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Foro de Ibitinga - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 05/03/2022; Data de Registro: 05/03/2022). b) revisão: prevalece na doutrina que o Código de Defesa do Consumidor não adotou a teoria da imprevisão (art. 317, CC – “motivos imprevisíveis”; cláusula “rebus sic stantibus”), na medida em que o art. 6º, inciso V, em nenhum momento exigiu o requisito da imprevisibilidade. Desta forma, basta a ocorrência do fato superveniente para legitimar a revisão do contrato caso este venha a se tornar excessivamente oneroso ao consumidor. É a denominada “teoria da base objetiva do negócio jurídico”: a base objetiva do negócio seria composta de circunstâncias cuja existência e sua permanência são objetivamente necessárias para que o contrato permaneça válido e útil. Assim, ocorrendo o rompimento da base objetiva do negócio jurídico, gerado pelo surgimento de fato superveniente capaz de gerar onerosidade excessiva ao consumidor, necessária será a revisão do contrato. STJ admite essa teoria apenas nos contratos de consumo. 6 - direito à efetiva prevenção e reparação de danos materiais e morais: “efetiva reparação” significa reparação integral, não se admitindo “tarifação de indenização” ou isenção de responsabilidade. Assim, são possivelmente nulas cláusulas genéricas com dizeres de isenção de responsabilidade. Súmula 130 do Superior Tribunal de Justiça: “A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”. Direito com delimitação também nos artigos 25 e 51, I, contraprestação feita pelo consumidor ao utilizar direta ou indireta um serviço no mercado de consumo. Ex: pagamento em dinheiro; uso de “milhas” (pagamento indireto). Ao revés, serviço totalmente gratuito não se enquadra no conceito de serviço para o CDC, a exemplo de um médico que presta socorro a alguém que passa mal na rua, e não o cobra posteriormente. P.s.: relações trabalhistas são excluídas do conceito de serviços para fins de incidência do CDC pois são reguladas por diploma específico: a Consolidação das Leis do Trabalho — CLT. 1.5 – excludentes de responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto: o CDC não adotou a teoria do risco integral quanto à responsabilidade do Ex: limitações a indenização previstas em tratados internacionais (a respeito de transporte aéreo internacional por exemplo) não prevalecem ante o CDC. CDC. 7 – direito à inversão do ônus da prova: a “regra” acerca da distribuição do ônus da prova está prevista no art. 373 do CPC, que previamente elenca a cada uma das partes um ônus em específico. O art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, considera Direito Básico do consumidor vulnerável “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. Trata-se da denominada inversão , pois o ônus probante será ope judicis invertido a critério do juiz segundo as regras ordinárias de experiência. A inversão neste caso não é automática, por não ser obrigatória. 7.1 - requisitos para a inversão: : por verossimilhança se a) verossimilhança compreende a plausibilidade do pleito, ou seja, a probabilidade de serem verdadeiros os fatos narrados na inicial pelo consumidor; OU b) hipossuficiência do consumidor: fragilidade, de cunho processual, que impede o consumidor de provar o seu direito adequadamente (vulnerabilidade é de cunho material; e hipossuficiência é de cunho processual). Há presunção relativa de hipossuficiência do consumidor na relação processual. Ex: casos de fraude bancária; dificuldade na mensuração da causa de lesões, entre outros. ROTEIRO – AULA 4 – DIREITO DO CONSUMIDOR. Responsabilidade do fornecedor. Introdução: a) em uma sociedade de consumo caracterizada pela unilateralidade na produção, a prioridade é a produção em quantidade suficiente para atender à demanda dos centros urbanos, fruto também da migração do campo para a cidade em razão da revolução industrial, restando em plano secundário a preocupação com a qualidade dos produtos e serviços fornecidos ao mercado consumidor. Conforme os prejuízos e danos começaram a surgir, o direito do consumidor toma como incumbência a estruturação de um modelo específico de responsabilização do fornecedor, de forma a tutelar com maior eficácia o consumidor, que é o polo vulnerável dessa relação. Um dos principais instrumentos de responsabilização do fornecedor, em atenção à proteção da parte mais fraca, é a , que independe da prova de dolo ou responsabilidade objetiva culpa (teoria do risco da atividade desenvolvida). Basta ao consumidor, portanto, em regra a prova do defeito ou vício do produto; o evento danoso ou prejuízo; e o nexo causal entre o defeito/vício e o evento danoso/prejuízo. b) diferença entre e : o é relacionado à vício defeito vício inadequação do produto ou serviço aos fins a que se destinam (violação do dever de adequação); o , por sua vez, é relacionado à do defeito insegurança produto ou serviço (violação do dever de segurança). Exemplo de Fabrício Bolzan: “se a TV adquirida não liga teremos um vício. Por outro lado, se a TV ao ser ligada explodir no rosto do consumidor, haverá defeito e a respectiva responsabilidade pelo fato do produto”. 1 – responsabilidade pelo fato do produto (acidente decorrente de um produto com defeito): a responsabilidade pelo fato do produto está prevista no caput do art. 12 do CDC: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, defeitos fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos”. A princípio, sendo especificados os fornecedores, cada um responderá pelos danos a que der causa (a não ser que no caso concreto mais de um dos fornecedores tenha contribuído para o dano, cf. art. 7º, PU), ex: fabricante pelo produto fabricado; construtor pelo que construiu, importador pelo que importou, e outros.1.1 – definição de produto defeituoso: segundo o art. 12, § 1º, o produto defeituoso é aquele que não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: a — informações inadequadas ou insuficientes sobre a sua apresentação: utilização correta e riscos podem gerar um produto defeituoso (ex: falha de informação no rótulo); b — o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam: periculosidade dentro dos limites da normalidade e previsibilidade; c — : análise a época em que foi colocado em circulação da possibilidade de prever à época pertinente os riscos que o bem de consumo poderia causar. P.s.: art. 12, § 2°, prevê que um produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. P.s.: doutrina aponta que a responsabilidade do comerciante, no caso do inciso III, será , e não subsidiária. direta 1.2 – responsabilidade do comerciante pelo fato do produto: o art. 13 prevê que o comerciante será igualmente responsabilizado pelo fato do produto (acidente de consumo) quando: a) o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados (produto anônimo; exemplo: hortifrutigranjeiros); b) o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador (produto cuja identificação do fornecedor principal não é clara); e c) não conservar adequadamente os produtos perecíveis. A responsabilidade do comerciante subsidiária, no sentido da doutrina majoritária e do art. 13, é em relação aos fornecedores do caput do art. 12, pois em regra ele não tem total controle sobre a segurança e qualidade das mercadorias (técnicas de fabricação e produção). 1.3 – direito de regresso: o direito de regresso está previsto no CDC, no art. 13, parágrafo único, que estabelece, in verbis: “Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso”. A doutrina aponta que, apesar de a menção ao direito de regresso estar prevista no artigo que diz respeito à responsabilidade subsidiária do comerciante, o direito de regresso vale também para qualquer hipótese de responsabilidade solidária (mais de um condenado à reparação, por exemplo). Esse é também o entendimento de Sergio Cavalieri Filho, para quem aquele “que paga a indenização nem sempre é o único causador do dano, razão pela qual o Código (art. 13, parágrafo único) lhe assegura o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.” 1.4 – denunciação da lide: o art. 88 do CDC estabelece que: “na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir- se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide”. A denunciação da lide é um dos instrumentos para efetivação do direito de regresso, no entanto foi vedado pelo CDC. P.s.: Na visão da doutrina, a vedação da denunciação, ainda que em remissiva restrita ao art. 13, que trata da responsabilidade pelo fato do produto, , estenderse-ia também à responsabilidade pelo fato do serviço tendo em vista que os fundamentos da vedação estariam plenamente em consonância com este modelo de responsabilidade, bem como à todas as hipóteses de responsabilidade solidária previstas no CDC. Exceções: súmula 537, STJ, que diz que “em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice”; ação contra hospital por erro médico, com base em responsabilidade objetiva, STJ já permitiu denunciação da lide aos médicos, com finalidade de inexistência de decisões contraditórias (STJ; REsp 1832371 / MG). Razões para vedação: a) evitar o retardamento da reparação de danos do consumidor, pois se fosse permitida a denunciação, nova parte seria trazida ao processo, com nova citação e abertura de novo prazo para apresentar defesa, além da apresentação de novo rol de testemunhas; b) fundamento jurídico inédito trazido à demanda consubstanciado na discussão sobre a responsabilidade subjetiva entre fornecedores, em ação proposta pelo consumidor e pautada em regra na responsabilidade objetiva. P.s.3: o Código de Defesa do Consumidor previu em seu art. 18, § 5º, o seguinte: “No caso de fornecimento de , será responsável produtos in natura perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor”. Neste contexto, responderá o comerciante pelas verduras vendidas sem a identificação clara do seu produtor, numa verdadeira exceção à responsabilidade solidária de todos os fornecedores da cadeia de produção, que é a regra no art. 18 do Diploma Consumerista. P.s.2: Ainda em relação à opção inicial estabelecida pela Lei n. 8.078/90, em caso de inexistência de outro produto de mesma espécie, dispõe seu art. 18, § 4º, que: “Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo”. P.s.: o § 3º do art. 18 prevê consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. II – , o consumidor Se não solucionado o problema pelo fornecedor no prazo poderá optar entre as alternativas contidas no art. 18, § 1º, ou seja: (I) a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; (II) a restituição imediata da quantia paga; ou (III) o abatimento proporcional do preço. I – , como primeira solução. direito do fornecedor de tentar consertar o vício Prazo de 30 (trinta) dias para solução, com possível alteração para um mínimo de 7 (sete) dias e máximo de 180 (cento e oitenta): art. 18, §§ 1º e 2º, CDC. 3.3.1 - Soluções disponibilizadas ao consumidor diante do vício de qualidade do produto: O art. 18, § 6º, explicita o que seriam produtos impróprios ao consumo: I -os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II — os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III — os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. 3.3 – vício de qualidade do produto: o fornecedor deve disponibilizar no mercado produtos adequados ao consumo. São vícios relacionados à qualidade: a) tornar o produto impróprio ao consumo; b) tornar o produto inadequado ao consumo; c) diminuir o valor do produto; d) produto em desacordo com as informações da oferta. 3.2 – introdução: diferentemente do art. 12 do CDC, quando o legislador optou por especificar cada um dos fornecedores (fabricante, produtor, construtor e importador), no art. 18 foi utilizada a expressão “ ”, fornecedores fazendo alusão ao gênero, representação maior da de todos solidariedade os que integram a . Aliás, a solidariedade está cadeia de fornecedores expressamente prevista no aludido dispositivo (doutrina – Fabrício Bolzan). Ex: responsabilidade solidária entre a concessionária e a fabricante de veículos por vícios no automóvel (STJ; AgInt no AREsp 1803546 / SP); e responsabi l idade sol idár ia de comerciantes pelos produtos comercializados, embora produzidos/fabricados por outro fornecedor. 3.1 – principais diferenças entre os víciosdo produto previstos no CDC e vícios redibitórios previstos no CC: a) os vícios previstos no CDC podem ser ocultos ou aparentes (no CC, apenas ocultos; art. 441, CC); b) o vício pode ser leve ou grave (no CC, apenas graves; art. 441, CC); c) para o CDC, o vício não necessariamente deve existir desde à época do ajuste do contrato, podendo ser superveniente (no CC, o vício deve ser contemporâneo ao contrato). 3 – responsabilidade pelo vício do produto: a responsabilidade pelo vício é a decorrente da inadequação do produto ou do serviço aos fins a que se destinam. Aqui a preocupação maior do legislador é com a incolumidade econômica do consumidor: “os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem pelos solidariamente vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas” (art. 18, CDC). Pesquisa: as atividades de “resultado” (ou “obrigações de resultado”) geram responsabilidade objetiva em favor dos consumidores em caso de acidente de consumo? Fundamento: são profissionais que em regra exercem uma atividade “de meio” (e não de resultado), não sendo também de oferta “massificada”, mas com base na confiança e na técnica profissional. 2.3 – responsabilidade dos profissionais liberais pelo fato do serviço: excepcionalmente, segundo o art. 14, § 4º, CDC, “a responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.” Ex: advogado, médico, dentista, engenheiro, arquiteto, entre outros. Segundo Bruno Miragem, dentre os “traços essenciais da atividade do profissional liberal encontram-se a ausência de subordinação com o tomador do serviço ou com terceira pessoa, e que realize na atividade o exercício permanente de uma profissão, em geral vinculada a conhecimentos técnicos especializados, inclusive com formação específica”. P.s.: caso fortuito e força maior também são admitidos pela doutrina como causas excludentes de responsabilidade do fornecedor pelo fato do serviço. 2.2 – excludentes de responsabilidade do fornecedor pelo fato do serviço: o fornecedor não será responsabilizado quando provar que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; ou culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 2.1 – definição de serviço defeituoso: é aquele que não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, considerando-se principalmente o a) seu modo de fornecimento; b) os riscos que dele razoavelmente se esperam; e c) .a época em que fornecido 2 – responsabilidade pelo fato do serviço (acidente decorrente de um defeito do serviço): a responsabilidade pelo fato do serviço está prevista no art. 14 do CDC nos seguintes termos: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”. Nesse caso, por causa de um serviço defeituoso ocorre um acidente de consumo e o consequente dever de reparar os danos independentemente da comprovação de dolo ou de culpa. Trata-se também de uma hipótese de .responsabilidade objetiva Pesquisa: diferenças entre “fortuito interno” e “fortuito externo”, e suas consequências para a responsabilidade do fornecedor. P.s.2: a posição majoritária compreende que caso fortuito e força maior rompem o nexo de causalidade e, portanto, são também causas excludentes de responsabilidade nas relações de consumo desde que ocorram após a inserção do produto no mercado de consumo. P.s.: a culpa concorrente não exime a responsabilidade do fornecedor. 1.5.3: na segunda causa excludente de responsabilidade prevista no § 3º do art. 12 do Código do Consumidor, o fornecedor assume que colocou o produto no mercado de consumo, mas comprova que o defeito inexiste. Neste caso, rompido estará mais uma vez o nexo de causalidade, não havendo responsabilidade. 1.5.4: A última causa excludente de responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto prevista no Código de Defesa do Consumidor é a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Ex: mau uso de veneno, com geração de danos ao consumidor. 1.5.2:. a hipótese do inciso I consiste na demonstração, pelo fornecedor, de que o produto não foi inserido por ele no mercado de consumo. Ex: furto de mercadorias a serem descartadas e venda em “mercado paralelo” ou “mercado negro”; venda de produtos falsificados. fornecedor, pois, apesar de reconhecer a responsabilidade objetiva como regra, admite a existência de excludentes de responsabilidade caso não evidenciado o nexo de causalidade entre o dano e o defeito do produto ou serviço. Nesse contexto, prevê o art. 12, § 3º, da Lei n. 8.078/90, que o fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I — que não colocou o produto no mercado; II — que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III — a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 1.5.1: .ônus da prova dessas excludentes será sempre do fornecedor 1.1 – conceito de oferta: oferta, no contexto de sociedade de massa e do direito do Consumidor, é, segundo o autor Herman Benjamin, “sinônimo de marketing, significando todos os métodos, técnicas e instrumentos que aproximam o consumidor dos produtos e serviços colocados à sua disposição no mercado pelos fornecedores. Qualquer dessas técnicas, desde que ' ', pode transformarse em veículo suficientemente precisa eficiente de oferta vinculante.” O principal de uma oferta é a “veículo” publicidade, no entanto, pode ser apresentada por qualquer forma ou meio de comunicação, e ser determinada (a uma pessoa ou grupo de pessoas) 1 – Oferta no CDC: “art. 30. Toda , informação ou publicidade suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.” Oferta e publicidade no CDC. ROTEIRO – AULA 6 – DIREITO DO CONSUMIDOR. 3 – prazo prescricional no CDC: “prescreve em a pretensão à cinco anos reparação pelos danos causados por prevista fato do produto ou do serviço na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria” (art. 27). 2.2 – causas obstativas da decadência: “art. 26 (...) § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; (...) III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.” O Código de Defesa do Consumidor estabelece em seu art. 26, caput, c.c. o § 1º do mesmo dispositivo, que se o vício for de fácil constatação ou aparente inicia-se a contagem do prazo a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução do serviço. Por outro lado, tratandose de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se a partir do momento em que ficar evidenciado o problema (art. 26, § 3º, do CDC). Quanto ao vício oculto e ao prazo para reclamação, argumenta a doutrina e jurisprudência pelo critério da “ ” do bem.vida útil 2.1 – contagem dos prazos decadenciais: art. 26: “(...) § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. (...) § 3° Tratando-se de , o vício oculto prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.” P.s.2: , os prazos decadenciais relacionam-se à reclamação de vícios enquanto que o prazo prescricional no CDC refere-se ao acidente deconsumo (fato do produto ou do serviço). P.s.: segundo Rizzatto Nunes, “Produto durável é aquele que, como o próprio nome diz, não se extingue com o uso. Ele dura, leva tempo para se desgastar”. São exemplos de produtos duráveis a TV, uma geladeira, um carro, ou até um vestido de noiva, na visão do STJ. Já o produto não durável “é aquele que se acaba com o uso”. É o caso de uma bebida ou de um alimento. 2 – Prazos decadenciais: os prazos decadenciais estão previstos no art. 26 do Código de Defesa do Consumidor e se referem ao período de tempo que terá o consumidor para reclamar dos do produto ou do serviço, ou vícios seja, prazo para reclamar Assim o descumprimento da garantia legal. dispõe o artigo: “O direito de reclamar pelos aparentes ou de fácil VÍCIOS constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.” 1.2 – A garantia contratual está prevista no art. 50, CDC: “A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito”. Tratando-se de liberalidade a sua concessão pelo fornecedor, dependerá de termo ou cláusula escrita e específica. A garantia contratual é complementar à legal e, segundo doutrina majoritária, soma-se ao prazo da garantia legal. 1.1 - A garantia legal está prevista no art. 24, CDC: “a garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor”. Trata-se de garantia obrigatória a todos os produtos e serviços colocados no mercado, e independe de termo ou cláusula expressa. Os prazos para se reclamar dessa garantia legal são os decadenciais previstos no art. 26, CDC. 1 – Introdução: o CDC prevê duas formas de garantia: e aa garantia legal contratual. ROTEIRO – AULA 5 – DIREITO DO CONSUMIDOR. Garantias e prazos decadenciais. P.s.2: apesar da ausência de previsão expressa nos arts. 18, 19 e 20, todos do CDC, a é, segundo parte da responsabilidade do fornecedor pelo vício doutrina, , mesmo porque esta é a regra prevista no Diploma objetiva Consumerista. Artigo desta lei que corrobora com tal tese é o 23: “A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade”. O STJ também se pronuncia nesse sentido (REsp 1365609 / SP; REsp 1634851 / RJ). P.s.: O Código de Defesa do Consumidor prevê em seu art. 21 o regramento na utilização das peças de reposição, estabelecendo, in verbis: “No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor”. 4.1 - Serviços impróprios ao consumo: são impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade (art. 20, § 2º, CDC). Ex. de Fabrício Bolzan: se o serviço de polimento e cristalização de um veículo automotor não atingir a finalidade pretendida, tal serviço será considerado viciado. Soluções disponibilizadas ao consumidor diante do vício do serviço, alternativamente e à sua escolha: reexecução sem custos adicional e quando cabível (podendo ser confiada a terceiros, sob responsabilidade do fornecedor; cf. art. 20, § 1º); a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; ou o abatimento proporcional do preço. 4 – responsabilidade pelo vício do serviço: o art. 20 do CDC trata da responsabilidade pelo vício na prestação de serviços nos seguintes termos: “art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem ou lhes diminuam o valor, assim como impróprios ao consumo por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I — a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II — a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III — o abatimento proporcional do preço.” P.s.: o art. 19, § 2º, do CDC prevê que o “fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais”. Segundo Leonardo Roscoe Bessa, quando “há medição da quantidade no momento da venda, fica demasiadamente evidente a responsabilidade do fornecedor imediato, seja por falta de aferição do instrumento, seja por má-fé do vendedor, e daí se deduz o objetivo normativo de afastar excepcionalmente a responsabilidade solidária dos demais integrantes da cadeia de fornecedores”. III - o abatimento proporcional do preço. II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 3.4.1 - Soluções disponibilizadas ao consumidor diante do vício de quantidade do produto: Mais uma vez, há solidariedade entre todos os fornecedores da cadeia de produção também aqui no vício de quantidade, não se limitando ao fornecedor imediato. O inverso também é verdadeiro, ou seja, não poderá o comerciante se escusar de responder pelo vício de quantidade, alegando falha do fabricante. 3.4 – vício de quantidade do produto: outra modalidade de vício do produto expressa no Código de Defesa do Consumidor refere-se à inadequação quanto aos limites quantitativos. Nesse sentido, prevê o CDC em seu art. 19 que: “os fornecedores respondem pelos vícios de solidariamente quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu constantes conteúdo líquido for inferior às indicações do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária”. P.s.: . Segundo a súmula 381 do STJ, in verbis: “Nos contratos Há exceção bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”. 2 – nulidade absoluta das cláusulas abusivas: o Código de Defesa do Consumidor, ao prever no caput do art. 51 que as cláusulas abusivas são nulas de pleno direito nulidade absoluta, quis conferir a elas a natureza de . A principal consequência desta afirmativa é a de que a nulidade absoluta pode e ser reconhecida pelo juiz.deve de ofício 1 – Introdução: os contratos de consumo são das mais variadas modalidades, a depender do seu objeto, mas a maioria deles possui a natureza de . Com a evolução dos tempos, o monopólio contrato de adesão dos meios de produção do fornecedor — responsável por definir o que, quando e como produzir —, marcado pela característica da unilateralidade da produção, atingiu também as relações contratuais (Fabrício Bolzan). Consequentemente, quanto aos contratos em específico e suas cláusulas, há necessidade de maior tutela por parte do direito do consumidor. Proteção contratual no CDC. ROTEIRO – AULA 9 – DIREITO DO CONSUMIDOR. P.s. 3: Súmula 385, STJ: “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento”. P.s.2: O art. 43, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor estabelece, in verbis: “A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele”. Segundo a posição consolidada no Superior Tribunal de Justiça, cabe “ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição” (Súmula 359). P.s.: a interpretação sistemática dos artigos 43, § 1º e 5º, CDC, aponta no sentido de que o prazo máximo em que o consumidor iráse deparar com seu nome num cadastro de inadimplentes será de , cinco anos salvo se a pretensão à respectiva ação de cobrança prescrever antes. Súmula 323, STJ: “A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução”. p.s.: é lícito à concessionária interromper o fornecimento de energia elétrica, se, após aviso prévio, o consumidor de energia elétrica permanecer inadimplente no pagamento da respectiva conta” (Lei n. 8.987/95, art. 6º, § 3º, II) (REsp 363.943/MG, Rel. Ministro Humberto Gomes de Barros, Primeira Seção, DJ 1º-3-2004). 1 – Introdução: prevê o Código de Defesa do Consumidor em seu art. 42 o seguinte: “Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça”. 2 – restituição: “O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável” (art. 42, P.U.). Segundo o STJ, “a dos devolução em dobro valores cobrados somente pode ser determinada na hipótese de pagamento indevido comprovada má-fé em decorrência de , o que não ocorreu no caso, consoante afirmado pelas instâncias ordinárias” (AgRg no AgRg no AREsp 625561 / RS). ROTEIRO – AULA 8 – DIREITO DO CONSUMIDOR. Cobrança de dívidas no CDC. 3.2 – recusa no atendimento à demanda: não deve o fornecedor “escolher” consumidor. 3.1 – venda casada: é a denominada venda casada pela doutrina e jurisprudência. O fornecedor, assim, está proibido de vincular a aquisição de um produto a outro ou a contratação de mais de um serviço ou, ainda, a aquisição de um produto, desde que contrate certo serviço. Essa ilícita operação pressupõe a existência de produtos e serviços que são usualmente vendidos separados. Ex: a prática abusiva revela-se patente se a empresa cinematográfica permite a entrada de produtos adquiridos nas suas dependências e interdita o adquirido alhures, engendrando por via oblíqua a cognominada “venda casada”, interdição inextensível ao estabelecimento cuja venda de produtos alimentícios constituiu a essência da sua atividade comercial como, verbi gratia, os bares e restaurantes (REsp 744.602/RJ, Rel. Ministro Luiz Fux, 1ª T., DJ 15-32007). Ex. 2: Súmula 473 do STJ — “O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada” (DJe 19-6-2012). 3 – rol exemplificativo das práticas abusivas (art. 39): as chamadas “práticas abusivas” são ações e/ou condutas que, uma vez existentes, caracterizamse como ilícitas, independentemente de se encontrar ou não algum consumidor lesado ou que se sinta lesado. São ilícitas em si, apenas por existirem de fato no mundo fenomênico (Rizzato Nunes). 2 – conceito de “prática abusiva”: é a desconformidade com os padrões mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor (Herman Benjamin). 1 – Introdução: as práticas abusivas cometidas no mercado de consumo têm relação com o contexto histórico de supremacia do fornecedor em face do consumidor. A partir do momento em que as relações deixaram de ter a característica da bilateralidade na produção e passaram para a unilateralidade na produção, em que o fornecedor estabelece o quê, como e quando produzir, práticas abusivas começaram a ocorrer, e o direito civil clássico não dispunha de instrumental atento a esse contexto. A situação de inferioridade poderá ser técnica, econômica, jurídica/científica ou informacional. Práticas abusivas no CDC. ROTEIRO – AULA 7 – DIREITO DO CONSUMIDOR. p.s.2: o , também conhecido como “puffing”, não é exagero publicitário considerado publicidade enganosa (ou mesmo oferta), via de regra, em razão da ausência de precisão suficiente. Ex: “o melhor alimento do mundo”; “o melhor sabor”, etc. p.s.: o art. 60, caput, do CDC, determina a imposição de contrapropaganda quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, sempre às expensas do infrator. 3.2 – características da publicidade segundo o CDC: a) a publicidade deve ser de fácil e imediata identificação (as denominadas publicidades “dissimulada”, “subliminar” e “clandestina” são passíveis de questionamento segundo o CDC); b) se em seu bojo incluir uma oferta, vinculará o fornecedor; c) proibição de publicidade ilícita: enganosa ou abusiva; d) o ônus da prova acerca da veracidade e correção da informação cabe a quem patrocina a publicidade. 2.2 – publicidade e propaganda: para o autor Herman Benjamin: “Não se confundem publicidade e propaganda, embora, no dia a dia do mercado, os dois termos sejam utilizados um pelo outro. A publicidade tem um objetivo comercial (...), enquanto a propaganda visa a um fim ideológico, religioso, filosófico, político, econômico ou social. Fora isso, a publicidade, além de paga, identifica seu patrocinador, o que nem sempre ocorre com a propaganda”. 2.1 – conceito de publicidade: informação veiculada ao público consumidor com o e, ainda que indiretamente, o objetivo de promover comercialmente produto ou serviço disponibilizado no mercado de consumo (Fabrício Bolzan). 2 – Publicidade no CDC: “Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, , a identifique como tal.”fácil e imediatamente 1.2 – diferenças entre a oferta no CDC e a proposta no CC: a oferta, vinculada ao direito do consumidor, é enquanto que os arts. irrevogável, 427 e 428, ambos do CC, admitem hipóteses de não prevalecimento da proposta. 1.3 – características da oferta no CDC: a) abrange toda informação disponibilizada sobre o produto/serviço, e não apenas a publicidade (televisão, rádio, cinema, jornal, revista, mala direta, folheto, cartaz, outdoor, telemarketing, aplicativo de mensagem, entre outros); b) vinculação do fornecedor que prometeu/anunciou; “ofertou, vinculou”; c) integra o contrato; previsões contidas na oferta terão validade ainda que não repetidas no texto do contrato. ou indeterminada (feita ao público em geral). 1.2 - Princípio da transparência contratual: “Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.” 1.1 – princípio da interpretação mais favorável ao consumidor: “Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.”
Compartilhar