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Guia de Estudo Direito Consumior 2 Bi

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3.1 – O direito do consumidor é um direito fundamental: conforme o art. 5º, 
inciso XXXII, da CF (“o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor”). Considerando que a relação jurídica de consumo é , desigual
sendo o consumidor o polo vulnerável e o fornecedor dos produtos e 
serviços o detentor do monopólio dos meios de produção, deve o Estado 
promover a defesa do consumidor, auxiliando a promover um direito privado 
de cunho mais social (preocupação com os mais fracos).
Introdução e características do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
3 – Características do Código de Defesa do Consumidor:
ROTEIRO – AULA 1 – DIREITO DO CONSUMIDOR.
1 – Sociedade de consumo: após a revolução industrial (séculos XVIII e 
XIX) e com o aumento da migração populacional das áreas rurais para 
os centros urbanos, houve significativo aumento da demanda por 
produtos e serviços. Fabricantes, produtores e prestadores de serviço, 
então, aumentaram a produção considerando em primeiro plano o 
aspecto quantitativo (produzir mais para vender para mais pessoas), e 
não o qualitativo, gerando o que se denomina de “produção em série” ou 
homogeneização da produção. A nova sociedade de consumo substituiu 
a bilateralidade da produção (com prévia negociação de cláusulas, preço 
e matéria prima) pela da produção: o fornecedor agora é unilateralidade
quem dita todas as regras da relação; exemplo: produção de roupas, 
alimentos, instrumentos de uso pessoal, entre outros, em massa, e não 
por tratativa/encomenda individual (“standartização” ou 
“homogeneização” da produção). Há um custo inicial para 
desenvolvimento de um produto/serviço e, após, reprodução em série, 
com diminuição do custo do varejo e aumento da oferta. Os contratos 
seguem, então, semelhante metodologia: construção de um modelo, com 
posterior reprodução em série contrato de massa ou de adesão ( ).
Problemas: a) a parte mais fraca (o consumidor, que adquire o produto ou o 
serviço) ou adere ao contrato elaborado apenas em conformidade às 
decisões do fabricante/produtor (contrato de adesão), ou não adere, e 
portanto não adquire o produto/serviço, ou ainda adquire um de 
qualidade/origem desconhecida ( ); b) contexto de vulnerabilidade falta de 
amparo ao consumidor quanto a produtos e serviços viciados/de má 
qualidade e que lhe causem prejuízos econômicos ou físicos, haja vista que 
a preocupação maior era a quantidade, e não a qualidade. 
2 – Insuficiência do direito civil clássico (“tradição privatista”) para a 
proteção do consumidor: os recorrentes vícios e defeitos decorrentes de 
produtos e serviços surgidos com o crescer da sociedade de consumo 
levaram ao desamparo do consumidor, que não se via suficientemente 
protegido pelo direito civil há muito existente (no Brasil, até 1.990, ano do 
advento do CDC, apenas o Código Civil de 1916 era o instrumento passível 
de utilização pelos consumidores). Em tempo, o Direito Civil se ocupa de 
disciplinar relações eminentemente individualizadas, com atuação bilateral 
na produção (negociação em igualdade e com participação dos dois 
contratantes). 
2 – Consumidor: o CDC aborda o conceito de consumidor em seu art. 2º: 
“consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como .” destinatário final Esse conceito previsto no CDC é o 
denominado de consumidor “padrão”, “standard”, “stricto sensu” ou em 
1 – Introdução: “Podemos, então, conceituar relação jurídica como toda 
relação social disciplinada pelo Direito. Preferem outros defini-la como toda 
relação da vida social que produz consequências jurídicas” (Sérgio 
Cavalieri Filho; Programa de direito do consumidor). De forma geral, toda 
relação jurídica conterá sujeitos (elementos subjetivos), objeto (elemento 
objetivo) e um fato jurídico que os conecta (a exemplo de um contrato). Em 
sequência, a relação jurídica específica de consumo pode ser descrita 
como uma relação firmada entre um e um fornecedor consumidor
( ), e que possui como um elementos subjetivos objeto produto ou um serviço
( ), usualmente ligados por um contrato (por exemplo: elementos objetivos
um ).contrato de adesão
Relação jurídica de consumo.
Pesquisa: a) a súmula 381 do STJ, que diz que “nos contratos bancários, é 
vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”, é 
compatível com o CDC? b) o que é um “microssistema jurídico 
multidisciplinar”? O CDC é um microssistema multidisciplinar? Justifique. 
ROTEIRO – AULA 2 – DIREITO DO CONSUMIDOR. 
Explicação: conforme adiantado, a autonomia da vontade e a pacta sunt 
servanda, institutos do Direito Civil clássico, são relativizados no CDC em 
razão do dever de defesa pelo Estado dos direitos do Consumidor, em 
busca do reequilíbrio de uma relação quase sempre desigual. Assim, sendo 
ilícita ou abusiva uma cláusula contratual, ela poderá ser anulada pelo Juiz, 
mesmo sob a alegação do fornecedor de liberdade na contratação, e 
independente de prévia provocação.
Consequências: a) as partes não poderão derrogar os direitos do 
consumidor, ainda que o consumidor com isso concorde; b) juiz pode 
reconhecer “de ofício” direitos do consumidor (“de ofício” significa 
independente de prévia provocação ou pedido). 
Quanto à , esclarece o CDC que as normas de consumo são “ordem pública”
cogentes, ou seja, de observância obrigatória. Observação: as normas 
“dispositivas” significam o oposto (de norma cogente), no sentido de que 
apenas na ausência de previsão específica das partes (em um contrato, por 
exemplo) é que o conteúdo da norma terá vigência (caracterizadas, por 
vezes, em razão da previsão da expressão “salvo disposição em contrário”; 
exemplo: artigo 331, que prevê que “salvo disposição legal em contrário, 
não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo 
imediatamente”, entre outros, CC). Ou seja, as partes podem “ajustar” os 
termos do contrato em sentido contrário ao previsto nas normas 
classificadas como dispositivas. 
3.3 – o CDC é uma norma de ordem pública e interesse social: o art. 1º do 
CDC prevê que o código estabelece normas de proteção e defesa do 
consumidor, e que essas normas são de “ordem pública” e “interesse 
social” “interesse social”. Quanto ao , a lei aponta que as decisões 
proferidas em litígios de consumo no mais das vezes não se limitam ou 
dizem respeito apenas aos envolvidos, mas também a terceiros, como no 
caso dos (“processo direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos
coletivo”). Além disso, as decisões empreendidas com base no CDC 
servem de caráter educativo/pedagógico para toda a população e para os 
demais fornecedores, a fim de que não se cometam os mesmos erros 
indefinidamente (ex: raciocínio relevante na fixação dos “danos morais”).
3.2 – o CDC é uma lei principiológica: o Código de Defesa do Consumidor é 
considerado uma lei principiológica, pois é constituído também de uma 
série de princípios que possuem como finalidade última a proteção e 
garantia dos direitos dos consumidores, que são os polos mais fracos da 
relação (são os vulneráveis), e também impor deveres aos fornecedores. O 
Código, consequentemente, prevê uma série de princípios que buscam o 
reequilíbrio da relação de consumo, buscando igualdade material entre o 
fornecedor e o consumidor. Exemplo: a) princípio da vulnerabilidade ou 
“favor debilis” (art. 4, I, CDC). É basicamente o reconhecimento de que 
alguns são mais fortes ou detêm posição jurídica mais forte, com mais 
informações, sendo experts ou profissionais, transferindo mais facilmente 
seus riscos e custos profissionais para os outros, bem como o 
reconhecimento de que os 'outros' geralmente são leigos, não detêm 
informações sobre os produtos e serviços oferecidos no mercado, não 
conhecem as técnicas da contratação de massa ou os materiais que 
compõem os produtos ou a maneira de usar os serviços, são pois mais 
vulneráveis e vítimas fáceis de abusos (BENJAMIN, Antônio Herman de V.; 
MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito doconsumidor, p. 38); b) princípios previstos no art. 4º (“respeito à dignidade, à 
saúde, à segurança, à proteção dos interesses econômicos, e à melhoria 
de qualidade de vida”). É utilizado para interpretação dos contratos e das 
relações, ainda que a legislação não preveja ao caso nada de específico.
Pesquisa: a) o que significa a denominada “eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais”, e qual a sua diferença com a eficácia “vertical”? b) a 
“eficácia horizontal dos direitos fundamentais” é aplicável aos 
consumidores?
Problemas: “Dogmas” do direito civil, como pacta sunt servanda; autonomia 
da vontade; e responsabilidade fundada na culpa dificultavam a proteção 
do consumidor, gerando a necessidade de intervenção estatal. O Direito do 
Consumidor, ao seu tempo, ao classificar as normas consumeristas como 
de interesse social e ordem pública, impede as partes de livremente 
derrogarem direitos dos consumidores (polo vulnerável; exemplo: revisão 
de cláusulas contratuais abusivas em juízo). Quanto à responsabilidade, 
havendo relação de consumo, esta será em regra objetiva, independendo 
da demonstração de culpa. 
Pesquisa: incide o CDC na operação de aquisição de “capital de giro” por 
empresa junto à uma instituição financeira? Por quê?
Problema: nessa visão extremada (consumidor destinatário final fático e 
econômico), ficam excluídos do conceito de consumidor praticamente 
todas as pessoas jurídicas e todos os profissionais pessoa física, pois de 
alguma forma os produtos e serviços que eles adquirem sempre integrarão 
a cadeia produtiva. Entretanto, o próprio art. 2º, caput, CDC, inclui a pessoa 
jurídica como possível consumidora. 
c) teoria finalista mitigada, atenuada ou aprofundada: surgida 
principalmente em razão de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ), baseada na ideia de se enquadrar a pessoa jurídica como 
consumidora desde que comprovada a sua no caso concreto
vulnerabilidade (exame em concreto do conceito de consumidor). É de 
aplicação excepcional, e desde que demonstrada a vulnerabilidade. É útil 
principalmente para os casos de pequenas empresas ou profissionais 
liberais. Ex: caminhoneiro/freteiro na relação com uma produtora de 
veículos; sorveteiro com equipamento eletrônico; pequena empresa que 
adquire eletrodoméstico para uso interno, entre outros. A ministra do STJ 
Nancy Andrighi já usou em julgados relacionados ao tema a expressão 
“ ”. exceção maximalista
b) teoria finalista ou subjetiva (mais restrita): “destinatário final” significa o 
destinatário final fático e econômico do produto ou serviço em questão. 
Neste último caso (econômico), é destinatário final por ter praticado ato de 
consumo e não pela aquisição de insumos que posteriormente 
reempregará na atividade de mercado, transformando-os em outros 
produtos ou aproveitando-os no oferecimento de algum outro serviço 
(MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor). Em outras palavras, 
não basta retirar o bem do mercado de consumo (ou seja, retirar o produto 
da cadeia de produção/circulação), havendo a necessidade de o produto ou 
serviço ser efetivamente consumido pelo adquirente ou por sua família 
(afasta-se o “consumo intermediário”, ou seja, a aquisição de insumos para 
produção, bem como o uso “profissional”). . É a teoria mais aceita
Exemplos: consumidor pessoa física que adquire um ar condicionado para 
a família é consumidor; pessoa jurídica que adquire empréstimo/mútuo 
bancário para obtenção de “capital de giro” não é consumidora, pois se trata 
de consumo intermediário (dinheiro é insumo para a produção da 
empresa). 
Problemas: abrangência do direito do consumidor a praticamente todos os 
contratos comerciais, uma vez que pessoas jurídicas e profissionais 
pessoas físicas se utilizam de para suas atividades econômicas, insumos
tornando inócuo o enfoque de reequilíbrio a favor do consumidor 
vulnerável; , aplicação praticamente indistinta do CDC às pessoas jurídicas
que sempre precisam de insumos para sua atividade (“consumo 
intermediário”), exemplos: compra de automóvel por empresa 
multinacional de telefonia; usina de açúcar que compra adubo para plantio; 
fazendeiro que compra sementes para plantio; compra de computador por 
advogado ou escritório de advocacia; entre outros. Em outras palavras, tal 
interpretação gera ampliação demasiada da incidência do CDC a relações 
que não são assimétricas.
a) teoria maximalista ou objetiva (mais ampla): “destinatário final” significa o 
destinatário final fático, ou seja, aquele que ao realizar o ato de consumo 
(adquirir ou utilizar) , retira o produto ou serviço do mercado de consumo
usufruindo de modo definitivo de sua utilidade (MIRAGEM, Bruno. Curso de 
direito do consumidor). Ou seja, inclui-se aqui a pessoa jurídica e o 
profissional pessoa física, além do consumidor “padrão” (compra para si ou 
família), bastando que se retire o produto/serviço do mercado de consumo, 
pouco importando se essa retirada tem a finalidade de lucro ou não.
2.1 – destinatário final (teorias para sua caracterização e alcance das 
relações de consumo): 
Em resumo, considera-se “consumidor”, em seu conceito “padrão”, como 
aquele que adquire bens ou contrata a prestação de serviços para uma 
necessidade pessoal (“ ”), e compra para ele mesmo usar não com 
finalidade de revenda. Ainda, o consumidor pode ser tanto quem 
adquire/compra o produto/serviço (relação contratual), como quem utiliza 
(relação de fato).
“sentido estrito”. 
Observação 1: a autora de direito do consumidor Cláudia Lima Marques 
afirma que “se presume que a pessoa física seja sempre consumidora 
frente a um fornecedor e se permite que a pessoa jurídica vulnerável prove 
sua vulnerabilidade”. Ou seja, a vulnerabilidade do consumidor pessoa 
física é presumida, e a dos profissionais e pessoas jurídicas deve ser 
provada. 
Observação 2: espécies de vulnerabilidade (passíveis de arguição em 
concreto) vulnerabilidade técnica. A consiste na fragilidade do consumidor 
no tocante à ausência de conhecimentos técnicos sobre o produto ou o 
serviço adquirido/contratado no mercado de consumo. A vulnerabilidade 
jurídica ou científica envolve a debilidade do consumidor em relação à falta 
do conhecimento sobre a matéria jurídica ou a respeito de outros ramos 
científicos como da economia ou da contabilidade (ex: dificuldade com 
cláusulas do contrato). A , trata da vulnerabilidade fática ou socioeconômica
fragilidade do consumidor no aspecto econômico, a exemplo da 
dependência do produto/serviço ou fragilidade (possibilidade de ser 
enganado). A se refere basicamente à vulnerabilidade informacional
importância das informações a respeito dos bens de consumo, e sobre sua 
influência cada vez maior no poder de persuadir o consumidor no momento 
de escolher o que comprar ou contratar no mercado consumidor.
Pesquisa: do que se trata a figura denominada de “hipervulneráveis”? Qual 
a relevância de sua caracterização?
Leitura complementar (texto de julgado do STJ): “1. A jurisprudência do STJ 
se encontra consolidada no sentido de que a determinação da qualidade de 
consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, 
que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário final 
tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele 
pessoa física ou jurídica. 2. Pela teoria finalista, fica excluído da proteção do 
CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto 
retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, 
portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser 
considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei n. 8.078/90, aquele 
que exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma 
definitiva do mercado de consumo. 3. A jurisprudência do STJ, tomando por 
base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, 
tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às 
pessoas jurídicas, num processoque a doutrina vem denominando 
finalismo aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas 
hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser 
equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente ao 
fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da 
política nacional das relações de consumo, premissa expressamente 
fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção conferida ao 
consumidor. 4. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três 
modalidades de vulnerabilidade: técnica (ausência de conhecimento 
específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo), jurídica (falta 
de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na 
relação de consumo) e fática (situações em que a insuficiência econômica, 
física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de 
desigualdade frente ao fornecedor). Mais recentemente, tem se incluído 
também a vulnerabilidade informacional (dados insuficientes sobre o 
produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de 
compra). 5. A despeito da identificação in abstracto dessas espécies de 
vulnerabilidade, a casuística poderá apresentar novas formas de 
vulnerabilidade aptas a atrair a incidência do CDC à relação de consumo. 
Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de 
vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, a 
relação de dependência de uma das partes frente à outra pode, conforme o 
caso, caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora da aplicação da Lei n. 
8.078/90, mitigando os rigores da teoria finalista e autorizando a 
equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de consumidora.” 
(STJ; REsp 1.195.642/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, 3ª T., DJe 21-11-
2012).
2.2 – consumidor por equiparação / equiparado: a opção expressa no 
Código de Defesa do Consumidor de proteger não apenas o consumidor 
destinatário final surgiu a partir da necessidade de serem tuteladas outras 
pessoas, físicas ou jurídicas, de forma individual ou coletiva, daquelas além
já protegidas segundo o disposto no art. 2º, caput, do aludido Diploma, que 
tratou, conforme estudado, da conceituação de consumidor em sentido 
a) a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja 
intervindo nas relações de consumo (art. 2º, parágrafo único): o disposto no 
aludido dispositivo é um dos principais fundamentos da tutela coletiva do 
consumidor. Ainda, nota-se que o Código de Defesa do Consumidor, ao 
determinar que está protegida a coletividade de pessoas “ainda que 
indetermináveis”, indica o dever de proteção tanto da coletividade de 
pessoas passível de ser identificada, como daquela cuja identificação, por 
algum motivo, não é possível. Em suma, protegidas estão tanto a 
coletividade de pessoas determinável como a indeterminável, ou seja, 
abrangendo tanto os efetivos como os consumidores, aqueles potenciais
que estejam expostos (aspecto de prevenção). Prevê, enfim, o fundamento 
para a legítima existência do denominado “processo coletivo”, no que toca 
aos consumidores, possibilitando então a específica tutela coletiva dos 
direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos 
estabelecidos nos arts. 81 e ss. do CDC. Ex: ação do MP em desfavor de 
uma empresa em razão do risco que seus produtos apresentam, com a 
finalidade de que cesse a venda; exigência de informações mais 
detalhadas sobre os produtos e serviços, entre outros.
Espécies de consumidor equiparado:
4.1 – produtos: o Código de Defesa do Consumidor estabelece em 
seu art. 3º, § 1º, que: “Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, 
material ou imaterial”, abrangendo qualquer bem posto à venda no 
mercado de consumo, com vistas a satisfazer uma necessidade do 
destinatário final. Exemplos: a) móveis: vestuários, alimentos, 
eletrodomésticos, etc; b) imóveis: casa; a compra de uma casa pode 
gerar a aplicação do CDC, no que toca ao contrato imobiliário 
necessário para sua compra (Súmula 473 do STJ: “O mutuário do 
SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional 
obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a 
seguradora por ela indicada”); e c) imateriais: livros digitais.
4 – Produtos e serviços ( da relação de elementos objetivos
consumo).
P.s.2: parte da doutrina afirma que a também é “amostra grátis”
abrangida pelo conceito de produto, para fins de proteção pelo 
direito do consumidor (art. 8º, CDC), pois o art. 3º, § 1º, não exige 
remuneração pelo produto (como o faz quanto ao serviço), e porque 
dificilmente a amostra grátis não terá intuito de lucro ou marketing.
P.s.: o CDC também classifica os produtos como “duráveis” e “não 
duráveis” no art. 26. O autor Sergio Cavalieri Filho aponta que os 
bens “ são os bens tangíveis que não se extinguem após o duráveis
seu uso regular. Foram feitos para durar, para serem utilizados várias 
vezes”. De fato, podemos citar como exemplos os veículos 
automotores, as peças de vestuário, os eletrodomésticos e os 
eletroeletrônicos, dentre outros. A seu turno, os bens não duráveis
são aqueles cujas finalidades para as quais se destinam desaparecem 
com o seu uso regular em período curto de tempo. A extinção pode 
ser imediata (alimentos, remédios, bebidas) ou paulatina (caneta, 
sabonete), mas sempre será em prazo menor se comparado com os 
bens duráveis. Esta distinção exerce influência nos prazos para 
reclamação dos vícios, pois serão distintos nos termos dos incisos I 
e II do art. 26 do Código de Defesa do Consumidor ( e prazos de 30
de , respectivamente).90 dias
3.1 – habitualidade: a é requisito indispensável à habitualidade
caracterização de fornecedor (o profissionalismo pode até significar 
maior organização, mas não é elemento necessário; exemplo: 
camelô e comerciante com registro). No tocante à pessoa jurídica 
como fornecedora, a habitualidade deverá estar presente na 
atividade-fim (exemplo: feirante que vende o computador utilizado 
para registro de atividades não será fornecedor no caso dessa 
operação).
Obs: o estatuto do torcedor (lei 10.671/03) aponta em seu art. 3º uma 
hipótese de “fornecedor equiparado”: “Para todos os efeitos legais, 
equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de 
setembro de 1990, a entidade responsável pela organização da 
competição, bem como a entidade de prática desportiva detentora 
do mando de jogo.” O autor Fabrício Bolzan também aponta que o 
STJ considerou como “fornecedor equiparado” o órgão mantenedor 
de cadastro de proteção de crédito: “Cabe ao órgão mantenedor do 
Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de 
proceder à inscrição” (súmula 359, STJ).
b) as vítimas do evento danoso, ou consumidor “bystander” (art. 17, CDC): 
de fato, a definição de consumidor por equiparação expressa no art. 17 do 
Diploma Consumerista refere-se à seção onde está inserida a 
responsabilidade civil pelo fato do produto ou do serviço, isto é, oriunda de 
um acidente de consumo. Assim, consideram-se consumidores 
equiparados as vítimas do evento danoso — de um acidente de consumo 
—, independentemente da efetiva aquisição de um produto ou da 
contratação de um serviço. Exemplos: i) “Configura-se, em tese, acidente 
de consumo em virtude da suposta falta de segurança na prestação do 
serviço por parte do estabelecimento hoteleiro que, alegadamente, poderia 
ter identificado a fraude mediante simples conferência de assinatura na 
cédula de identidade do portador do cheque. Equiparam-se aos 
consumidores todas as vítimas do acidente de consumo (CDC, art. 17). 
Conflito conhecido para declarar competente o foro do domicílio do 
consumidor” (CC 128.079/MT, Rel. Ministro Raul Araújo, Segunda Seção, 
DJe 9-4-2014); acidente de avião/ônibus que vitima também pessoas que 
estavam fora do avião/ônibus; negativações por contratos fraudados. 
Parte-se do pressuposto que a garantia de qualidade do fornecedor se 
vincula ao produto/serviço (art. 8º, CDC).
c) as pessoas expostas às práticas comerciaise contratuais (art. 29, CDC): 
equiparam-se a consumidor todas as pessoas, determináveis ou não, 
expostas às práticas comerciais e contratuais, em especial as abusivas. 
Aqui também a interpretação do dispositivo deverá ser extensiva, 
albergando da maior forma possível as disposições do CDC relativas 
às fases: pré-contratual; contratual; e pós-contratual. “Uma vez 
existindo qualquer prática comercial, toda a coletividade de 
pessoas já está exposta a ela, ainda que em nenhum momento se 
possa identificar um único consumidor real que pretenda insurgir-se 
contra tal prática (...) Trata-se, portanto, praticamente de uma 
espécie de conceito difuso de consumidor, tendo em vista que desde 
já e desde sempre todas as pessoas são consumidoras por estarem 
potencialmente expostas a toda e qualquer prática comercial 
(Rizzato Nunes). Ex: pessoas expostas à propaganda enganosa; 
relação do locatário com a imobiliária; fortuito interno relacionado à 
danos causados por pessoas que não contrataram com determinada 
empresa, etc.
estrito, o consumidor “standard”. Tratase de uma consequência lógica à 
constatação de que não somente o adquirente direto de um produto ou 
serviço é a parte mais fraca de uma relação jurídica frente a um fornecedor 
detentor do monopólio dos meios de produção (casos em que não há “ato 
de consumo” em sentido estrito). Outras pessoas ou grupo de pessoas 
podem enquadrar-se no perfil da vulnerabilidade e, consequentemente, 
valerse também da proteção insculpida no Código de Defesa do 
Consumidor, mesmo não se encaixando no conceito de consumidor em 
sentido estrito.
3 – Fornecedor: a definição legal de fornecedor está prevista no art. 
3º do CDC, que prevê: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou 
prestação de serviços”. Em resumo, pode-se concluir que 
fornecedor é todo aquele que coloca produto ou presta serviço no 
mercado de consumo (participam da “cadeia de fornecimento”). 
Exemplos de entes despersonalizados: massa falida; espólio de um 
comerciante.
4.2.1 – exigência de remuneração: por remuneração se entende a 
4.2 – serviços: “qualquer atividade fornecida no mercado de 
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes 
das relações de caráter trabalhista” (art. 3º, § 2º, CDC). O serviço, 
para ser objeto da relação jurídica de consumo, deverá ser prestado 
por alguém que se enquadre no conceito de fornecedor, e adquirido 
por alguém que se enquadre no conceito de consumidor, seja ele 
destinatário final ou consumidor por equiparação. Refere-se, enfim, 
a toda e qualquer utilidade usufruída nessa relação pelo consumidor, 
tratando-se basicamente de uma conduta ativa, um “fazer”. 
Introdução: o novo modelo de produção unilateral e em massa, 
surgido principalmente no período pós-revolução industrial do aço e 
do carvão, exigiu uma legislação específica capaz de proteger o 
vulnerável da relação jurídica de consumo. Assim, a principal 
forma encontrada para conseguir reequilibrar uma relação tão 
desigual foi aos consumidores e impor deveres aos conferir direitos
fornecedores. , nesse contexto, podem ser definidos Direitos básicos
como “aqueles interesses mínimos, materiais ou instrumentais, 
relacionados a direitos fundamentais universalmente 
consagrados que, diante de sua relevância social e econômica, 
pretendeu o legislador ver expressamente tutelados”. Há, por fim, 
direitos de cunho material, voltados à proteção jurídico-
patrimonial dos consumidores, e os direitos de cunho 
instrumental, dirigidos à obtenção/satisfação dos direitos 
materiais.
5 - direito à modificação no caso de cláusulas desproporcionais, e 
revisão na hipótese de causas supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas: a finalidade é a de preservação do contrato 
de consumo. 
4 - direito à proteção contra as práticas comerciais e contratuais 
abusivas: dispõe o art. 6º, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor, 
como Direito Básico do vulnerável, “a proteção contra a publicidade 
enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem 
como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de 
produtos e serviços”. O princípio da livre concorrência não se caracteriza 
como um salvo-conduto para a prática de qualquer conduta abusiva ou 
desleal com o consumidor.
3 - direito à informação adequada e clara: se por um lado é dever do 
fornecedor informar, por outro é direito básico do consumidor ser 
informado, mesmo porque este é sujeito vulnerável da relação jurídica de 
consumo. A remete à finalidade que se pretende alcançar com adequação
a informação. A característica da da informação se refere a uma clareza
mensagem inteligível, facilmente identificada pelo consumidor, útil e 
gratuita, que lhe auxilie em uma escolha consciente. Ex: ilicitude do 
aumento disfarçado com diminuição da quantidade, com informação em 
parte inferior e letra reduzida.
1 - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos 
provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços 
considerados perigosos ou nocivos: são instrumentos previstos no 
CDC para defesa desses direitos no âmbito civil, responsabilidade a)
objetiva do fornecedor (independentemente de prova de dolo/culpa); b)
penas em esfera administrativa, como apreensão, de inutilização de 
produtos, de proibição de fabricação de produtos, de suspensão do 
fornecimento de produto ou serviço (art. 58, CDC); e tipos penais c)
previstos como forma de coibir condutas que comprometam a vida/saúde 
dos consumidores (arts. 63/66 e 68, CDC). : é Exemplo da jurisprudência
abusiva a cláusula prevista em contrato de plano de saúde que suspende o 
atendimento em razão do atraso de pagamento de uma única parcela (STJ; 
REsp 259263 / SP). 
2 - educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e 
serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas 
contratações: “aumentados os níveis de conhecimento e de informação 
do consumidor, também se aumenta o seu poder de reflexão e de 
formulação de um juízo crítico sobre a oportunidade e a conveniência da 
contratação, a fim de que possa o mesmo, dentre os diversos produtos e/ou 
serviços colocados no mercado a sua disposição, escolher, em 
manifestação de vontade formal e materialmente livre, esclarecida e, 
portanto, consciente, aquele que melhor se ajuste às suas necessidades” 
(CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de direito do consumidor).
ROTEIRO – AULA 3 – DIREITO DO CONSUMIDOR. 
Direitos básicos do consumidor.
a) modificação: no direito civil (Código Civil), a desproporção 
originária das prestações das partes no momento da celebração só 
pode gerar alguma modificação no caso de alegação de um dos 
defeitos do negócio jurídico (lesão, estado de perigo, erro, dolo), 
levando, se o caso, à possível anulação do negócio, não prescindindo 
por total do elemento subjetivo; já no direito do consumidor, em razão 
do que dispõe o artigo 6º, V, do CDC, o mero fato da desproporção 
original das prestações permite modificação, com vista ao equilíbrio 
do contrato (MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor). Além 
disso, o elemento subjetivo é dispensável no CDC para a modificação, 
sendo o . Ex: cláusulas abusivas, como enfoque eminentemente objetivo
em casos de juros excessivos. 
Ex: APELAÇÃO CÍVEL. Ação de revisão contratual. Contrato de 
empréstimo pessoal. Sentença de procedência. Insurgência do réu. Não 
acolhimento. Taxas de juros praticadas pelo banco que se revelam 
demasiadamente onerosas, exigindo do consumidor vantagem 
manifestamente excessiva, incompatíveis com a boa-fé ou a equidade. 
Prática abusiva vedada. Aplicação dos arts. 39, V e 51, IV, do CDC. 
Necessidade de proceder ao recálculo da dívida, utilizando-se a taxamédia 
de mercado, publicada pelo BACEN, para o período, procedendo ao 
realinhamento do contrato. Inteligência do art. 6º, V, do CDC. Precedentes 
deste E. TJSP. Sentença mantida. RECURSO DESPROVIDO. (TJSP; 
Apelação Cível 1115868-39.2019.8.26.0100; Relator (a): Rodolfo Pellizari; 
Órgão Julgador: 24ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 24ª 
Vara Cível; Data do Julgamento: 02/03/2022; Data de Registro: 02/03/2022)
Ex: Compromisso de compra e venda de bem imóvel (terrenos). 
Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Possibilidade de 
revisão de cláusulas contratuais que decorre do próprio sistema jurídico 
(arts. 478 e 480 do CC e art. 6°, V, do CDC). Relativização da pacta sunt 
servanda. Adesividade contratual. Licitude. Revisão contratual. Sentença 
de improcedência. Inconformismo. Tese de onerosidade excessiva do 
contrato, mercê do suposto reajuste exorbitante das parcelas. 
Plausibilidade. . Aplicação da Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico
Hipótese em que se verifica a destruição da relação de equivalência entre 
prestação e contraprestação. Índice contratualmente estabelecido (IGP-
M), que, em 2021, acumulou alta de 23,14%, em razão de diversos fatores 
(pandemia, política externa e interna), refletindo índice muito superior ao da 
inflação real no mesmo ano, de modo que é mais adequada a utilização do 
IPCA como índice de reajuste. Recomposição de forma mais racional do 
poder aquisitivo da prestação do contrato de aquisição do imóvel objeto dos 
autos. Precedentes. Sentença reformada. Recurso provido. (TJSP; 
Apelação Cível 1002472-93.2021.8.26.0236; Relator (a): Rômolo Russo; 
Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Foro de Ibitinga - 2ª Vara 
Cível; Data do Julgamento: 05/03/2022; Data de Registro: 05/03/2022).
b) revisão: prevalece na doutrina que o Código de Defesa do 
Consumidor não adotou a teoria da imprevisão (art. 317, CC – “motivos 
imprevisíveis”; cláusula “rebus sic stantibus”), na medida em que o art. 6º, 
inciso V, em nenhum momento exigiu o requisito da imprevisibilidade. Desta 
forma, basta a ocorrência do fato superveniente para legitimar a 
revisão do contrato caso este venha a se tornar excessivamente 
oneroso ao consumidor. É a denominada “teoria da base objetiva do 
negócio jurídico”: a base objetiva do negócio seria composta de 
circunstâncias cuja existência e sua permanência são objetivamente 
necessárias para que o contrato permaneça válido e útil. Assim, ocorrendo 
o rompimento da base objetiva do negócio jurídico, gerado pelo surgimento 
de fato superveniente capaz de gerar onerosidade excessiva ao 
consumidor, necessária será a revisão do contrato. STJ admite essa teoria 
apenas nos contratos de consumo. 
6 - direito à efetiva prevenção e reparação de danos materiais e morais: 
“efetiva reparação” significa reparação integral, não se admitindo “tarifação 
de indenização” ou isenção de responsabilidade. Assim, são possivelmente 
nulas cláusulas genéricas com dizeres de isenção de responsabilidade. 
Súmula 130 do Superior Tribunal de Justiça: “A empresa responde, perante 
o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu 
estacionamento”. Direito com delimitação também nos artigos 25 e 51, I, 
contraprestação feita pelo consumidor ao utilizar direta ou indireta
um serviço no mercado de consumo. Ex: pagamento em dinheiro; 
uso de “milhas” (pagamento indireto). Ao revés, serviço totalmente 
gratuito não se enquadra no conceito de serviço para o CDC, a 
exemplo de um médico que presta socorro a alguém que passa 
mal na rua, e não o cobra posteriormente. 
P.s.: relações trabalhistas são excluídas do conceito de serviços para 
fins de incidência do CDC pois são reguladas por diploma 
específico: a Consolidação das Leis do Trabalho — CLT.
1.5 – excludentes de responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto: o 
CDC não adotou a teoria do risco integral quanto à responsabilidade do 
Ex: limitações a indenização previstas em tratados internacionais (a 
respeito de transporte aéreo internacional por exemplo) não prevalecem 
ante o CDC.
CDC. 
7 – direito à inversão do ônus da prova: a “regra” acerca da distribuição do 
ônus da prova está prevista no art. 373 do CPC, que previamente elenca a 
cada uma das partes um ônus em específico. O art. 6º, inciso VIII, do Código 
de Defesa do Consumidor, por sua vez, considera Direito Básico do 
consumidor vulnerável “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive 
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a 
critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, 
segundo as regras ordinárias de experiências”. 
Trata-se da denominada inversão , pois o ônus probante será ope judicis
invertido a critério do juiz segundo as regras ordinárias de experiência. A 
inversão neste caso não é automática, por não ser obrigatória. 
7.1 - requisitos para a inversão: : por verossimilhança se a) verossimilhança
compreende a plausibilidade do pleito, ou seja, a probabilidade de serem 
verdadeiros os fatos narrados na inicial pelo consumidor; OU b) 
hipossuficiência do consumidor: fragilidade, de cunho processual, que 
impede o consumidor de provar o seu direito adequadamente 
(vulnerabilidade é de cunho material; e hipossuficiência é de cunho 
processual). Há presunção relativa de hipossuficiência do consumidor na 
relação processual.
Ex: casos de fraude bancária; dificuldade na mensuração da causa de 
lesões, entre outros.
ROTEIRO – AULA 4 – DIREITO DO CONSUMIDOR. 
Responsabilidade do fornecedor.
Introdução: 
a) em uma sociedade de consumo caracterizada pela unilateralidade 
na produção, a prioridade é a produção em quantidade suficiente para 
atender à demanda dos centros urbanos, fruto também da migração 
do campo para a cidade em razão da revolução industrial, restando em 
plano secundário a preocupação com a qualidade dos produtos e 
serviços fornecidos ao mercado consumidor. Conforme os prejuízos e 
danos começaram a surgir, o direito do consumidor toma como 
incumbência a estruturação de um modelo específico de responsabilização 
do fornecedor, de forma a tutelar com maior eficácia o consumidor, que é o 
polo vulnerável dessa relação. Um dos principais instrumentos de 
responsabilização do fornecedor, em atenção à proteção da parte mais 
fraca, é a , que independe da prova de dolo ou responsabilidade objetiva
culpa (teoria do risco da atividade desenvolvida). Basta ao consumidor, 
portanto, em regra a prova do defeito ou vício do produto; o evento 
danoso ou prejuízo; e o nexo causal entre o defeito/vício e o evento 
danoso/prejuízo.
b) diferença entre e : o é relacionado à vício defeito vício inadequação 
do produto ou serviço aos fins a que se destinam (violação do dever de 
adequação); o , por sua vez, é relacionado à do defeito insegurança
produto ou serviço (violação do dever de segurança). Exemplo de 
Fabrício Bolzan: “se a TV adquirida não liga teremos um vício. Por outro 
lado, se a TV ao ser ligada explodir no rosto do consumidor, haverá defeito e 
a respectiva responsabilidade pelo fato do produto”.
1 – responsabilidade pelo fato do produto (acidente decorrente de um 
produto com defeito): a responsabilidade pelo fato do produto está 
prevista no caput do art. 12 do CDC: “O fabricante, o produtor, o construtor, 
nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores 
por decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, defeitos
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus 
produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua utilização e riscos”. A princípio, sendo especificados os 
fornecedores, cada um responderá pelos danos a que der causa (a não 
ser que no caso concreto mais de um dos fornecedores tenha 
contribuído para o dano, cf. art. 7º, PU), ex: fabricante pelo produto 
fabricado; construtor pelo que construiu, importador pelo que importou, e 
outros.1.1 – definição de produto defeituoso: segundo o art. 12, § 1º, o produto 
defeituoso é aquele que não oferece a segurança que dele legitimamente 
se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre 
as quais: 
a — informações inadequadas ou insuficientes sobre a sua apresentação: 
utilização correta e riscos podem gerar um produto defeituoso (ex: falha de 
informação no rótulo); b — o uso e os riscos que razoavelmente dele se 
esperam: periculosidade dentro dos limites da normalidade e 
previsibilidade; c — : análise a época em que foi colocado em circulação
da possibilidade de prever à época pertinente os riscos que o bem de 
consumo poderia causar.
P.s.: art. 12, § 2°, prevê que um produto não é considerado defeituoso pelo 
fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. 
P.s.: doutrina aponta que a responsabilidade do comerciante, no caso do 
inciso III, será , e não subsidiária. direta
1.2 – responsabilidade do comerciante pelo fato do produto: o art. 13 
prevê que o comerciante será igualmente responsabilizado pelo fato do 
produto (acidente de consumo) quando: a) o fabricante, o construtor, o 
produtor ou o importador não puderem ser identificados (produto 
anônimo; exemplo: hortifrutigranjeiros); b) o produto for fornecido sem 
identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador 
(produto cuja identificação do fornecedor principal não é clara); e c) não 
conservar adequadamente os produtos perecíveis. A responsabilidade do 
comerciante subsidiária, no sentido da doutrina majoritária e do art. 13, é 
em relação aos fornecedores do caput do art. 12, pois em regra ele não tem 
total controle sobre a segurança e qualidade das mercadorias (técnicas de 
fabricação e produção). 
1.3 – direito de regresso: o direito de regresso está previsto no CDC, no art. 
13, parágrafo único, que estabelece, in verbis: “Aquele que efetivar o 
pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os 
demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento 
danoso”. A doutrina aponta que, apesar de a menção ao direito de regresso 
estar prevista no artigo que diz respeito à responsabilidade subsidiária do 
comerciante, o direito de regresso vale também para qualquer hipótese de 
responsabilidade solidária (mais de um condenado à reparação, por 
exemplo). Esse é também o entendimento de Sergio Cavalieri Filho, para 
quem aquele “que paga a indenização nem sempre é o único causador do 
dano, razão pela qual o Código (art. 13, parágrafo único) lhe assegura o 
direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua 
participação na causação do evento danoso.”
1.4 – denunciação da lide: o art. 88 do CDC estabelece que: “na hipótese do 
art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser 
ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-
se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide”. A denunciação da 
lide é um dos instrumentos para efetivação do direito de regresso, no 
entanto foi vedado pelo CDC.
P.s.: Na visão da doutrina, a vedação da denunciação, ainda que em 
remissiva restrita ao art. 13, que trata da responsabilidade pelo fato do 
produto, , estenderse-ia também à responsabilidade pelo fato do serviço
tendo em vista que os fundamentos da vedação estariam plenamente em 
consonância com este modelo de responsabilidade, bem como à todas as 
hipóteses de responsabilidade solidária previstas no CDC. Exceções: 
súmula 537, STJ, que diz que “em ação de reparação de danos, a 
seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou contestar o pedido do 
autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, 
ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na 
apólice”; ação contra hospital por erro médico, com base em 
responsabilidade objetiva, STJ já permitiu denunciação da lide aos 
médicos, com finalidade de inexistência de decisões contraditórias (STJ; 
REsp 1832371 / MG).
Razões para vedação: a) evitar o retardamento da reparação de danos do 
consumidor, pois se fosse permitida a denunciação, nova parte seria trazida 
ao processo, com nova citação e abertura de novo prazo para apresentar 
defesa, além da apresentação de novo rol de testemunhas; b) fundamento 
jurídico inédito trazido à demanda consubstanciado na discussão sobre a 
responsabilidade subjetiva entre fornecedores, em ação proposta pelo 
consumidor e pautada em regra na responsabilidade objetiva.
P.s.3: o Código de Defesa do Consumidor previu em seu art. 18, § 5º, o 
seguinte: “No caso de fornecimento de , será responsável produtos in natura
perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado 
claramente seu produtor”. Neste contexto, responderá o comerciante pelas 
verduras vendidas sem a identificação clara do seu produtor, numa 
verdadeira exceção à responsabilidade solidária de todos os fornecedores 
da cadeia de produção, que é a regra no art. 18 do Diploma Consumerista.
P.s.2: Ainda em relação à opção inicial estabelecida pela Lei n. 8.078/90, em 
caso de inexistência de outro produto de mesma espécie, dispõe seu art. 
18, § 4º, que: “Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º 
deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver 
substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante 
complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem 
prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo”.
P.s.: o § 3º do art. 18 prevê consumidor poderá fazer uso imediato das 
alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do 
vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou 
características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto 
essencial.
II – , o consumidor Se não solucionado o problema pelo fornecedor no prazo
poderá optar entre as alternativas contidas no art. 18, § 1º, ou seja: (I) a 
substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas 
condições de uso; (II) a restituição imediata da quantia paga; ou (III) o 
abatimento proporcional do preço.
I – , como primeira solução. direito do fornecedor de tentar consertar o vício
Prazo de 30 (trinta) dias para solução, com possível alteração para um 
mínimo de 7 (sete) dias e máximo de 180 (cento e oitenta): art. 18, §§ 1º e 2º, 
CDC.
3.3.1 - Soluções disponibilizadas ao consumidor diante do vício de 
qualidade do produto: 
O art. 18, § 6º, explicita o que seriam produtos impróprios ao consumo: I -os 
produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II — os produtos 
deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, 
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em 
desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou 
apresentação; III — os produtos que, por qualquer motivo, se revelem 
inadequados ao fim a que se destinam.
3.3 – vício de qualidade do produto: o fornecedor deve disponibilizar no 
mercado produtos adequados ao consumo. São vícios relacionados à 
qualidade: a) tornar o produto impróprio ao consumo; b) tornar o produto 
inadequado ao consumo; c) diminuir o valor do produto; d) produto em 
desacordo com as informações da oferta.
3.2 – introdução: diferentemente do art. 12 do CDC, quando o legislador 
optou por especificar cada um dos fornecedores (fabricante, produtor, 
construtor e importador), no art. 18 foi utilizada a expressão “ ”, fornecedores
fazendo alusão ao gênero, representação maior da de todos solidariedade
os que integram a . Aliás, a solidariedade está cadeia de fornecedores
expressamente prevista no aludido dispositivo (doutrina – Fabrício Bolzan). 
Ex: responsabilidade solidária entre a concessionária e a fabricante de 
veículos por vícios no automóvel (STJ; AgInt no AREsp 1803546 / SP); e 
responsabi l idade sol idár ia de comerciantes pelos produtos 
comercializados, embora produzidos/fabricados por outro fornecedor.
3.1 – principais diferenças entre os víciosdo produto previstos no CDC e 
vícios redibitórios previstos no CC: a) os vícios previstos no CDC podem ser 
ocultos ou aparentes (no CC, apenas ocultos; art. 441, CC); b) o vício pode 
ser leve ou grave (no CC, apenas graves; art. 441, CC); c) para o CDC, o 
vício não necessariamente deve existir desde à época do ajuste do 
contrato, podendo ser superveniente (no CC, o vício deve ser 
contemporâneo ao contrato).
3 – responsabilidade pelo vício do produto: a responsabilidade pelo vício é a 
decorrente da inadequação do produto ou do serviço aos fins a que se 
destinam. Aqui a preocupação maior do legislador é com a incolumidade 
econômica do consumidor: “os fornecedores de produtos de consumo 
duráveis ou não duráveis respondem pelos solidariamente vícios de 
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao 
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por 
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do 
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, 
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o 
consumidor exigir a substituição das partes viciadas” (art. 18, CDC).
Pesquisa: as atividades de “resultado” (ou “obrigações de resultado”) 
geram responsabilidade objetiva em favor dos consumidores em caso de 
acidente de consumo?
Fundamento: são profissionais que em regra exercem uma atividade “de 
meio” (e não de resultado), não sendo também de oferta “massificada”, mas 
com base na confiança e na técnica profissional.
2.3 – responsabilidade dos profissionais liberais pelo fato do serviço: 
excepcionalmente, segundo o art. 14, § 4º, CDC, “a responsabilidade 
pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de 
culpa.” Ex: advogado, médico, dentista, engenheiro, arquiteto, entre outros. 
Segundo Bruno Miragem, dentre os “traços essenciais da atividade do 
profissional liberal encontram-se a ausência de subordinação com o 
tomador do serviço ou com terceira pessoa, e que realize na atividade o 
exercício permanente de uma profissão, em geral vinculada a 
conhecimentos técnicos especializados, inclusive com formação 
específica”.
P.s.: caso fortuito e força maior também são admitidos pela doutrina como 
causas excludentes de responsabilidade do fornecedor pelo fato do 
serviço.
2.2 – excludentes de responsabilidade do fornecedor pelo fato do serviço: o 
fornecedor não será responsabilizado quando provar que, tendo prestado o 
serviço, o defeito inexiste; ou culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
2.1 – definição de serviço defeituoso: é aquele que não fornece a segurança 
que o consumidor dele pode esperar, considerando-se principalmente o a) 
seu modo de fornecimento; b) os riscos que dele razoavelmente se 
esperam; e c) .a época em que fornecido
2 – responsabilidade pelo fato do serviço (acidente decorrente de um 
defeito do serviço): a responsabilidade pelo fato do serviço está prevista no 
art. 14 do CDC nos seguintes termos: “O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos 
causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos 
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua fruição e riscos”. Nesse caso, por causa de um serviço defeituoso 
ocorre um acidente de consumo e o consequente dever de reparar os 
danos independentemente da comprovação de dolo ou de culpa. Trata-se 
também de uma hipótese de .responsabilidade objetiva
Pesquisa: diferenças entre “fortuito interno” e “fortuito externo”, e suas 
consequências para a responsabilidade do fornecedor.
P.s.2: a posição majoritária compreende que caso fortuito e força maior 
rompem o nexo de causalidade e, portanto, são também causas 
excludentes de responsabilidade nas relações de consumo desde que 
ocorram após a inserção do produto no mercado de consumo.
P.s.: a culpa concorrente não exime a responsabilidade do fornecedor.
1.5.3: na segunda causa excludente de responsabilidade prevista no § 3º 
do art. 12 do Código do Consumidor, o fornecedor assume que colocou o 
produto no mercado de consumo, mas comprova que o defeito inexiste. 
Neste caso, rompido estará mais uma vez o nexo de causalidade, não 
havendo responsabilidade.
1.5.4: A última causa excludente de responsabilidade do fornecedor pelo 
fato do produto prevista no Código de Defesa do Consumidor é a culpa 
exclusiva do consumidor ou de terceiro. Ex: mau uso de veneno, com 
geração de danos ao consumidor.
1.5.2:. a hipótese do inciso I consiste na demonstração, pelo fornecedor, de 
que o produto não foi inserido por ele no mercado de consumo. Ex: furto de 
mercadorias a serem descartadas e venda em “mercado paralelo” ou 
“mercado negro”; venda de produtos falsificados. 
fornecedor, pois, apesar de reconhecer a responsabilidade objetiva como 
regra, admite a existência de excludentes de responsabilidade caso não 
evidenciado o nexo de causalidade entre o dano e o defeito do produto ou 
serviço. Nesse contexto, prevê o art. 12, § 3º, da Lei n. 8.078/90, que o 
fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado quando provar: I — que não colocou o produto no 
mercado; II — que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito 
inexiste; III — a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
1.5.1: .ônus da prova dessas excludentes será sempre do fornecedor
1.1 – conceito de oferta: oferta, no contexto de sociedade de massa e do 
direito do Consumidor, é, segundo o autor Herman Benjamin, “sinônimo de 
marketing, significando todos os métodos, técnicas e instrumentos que 
aproximam o consumidor dos produtos e serviços colocados à sua 
disposição no mercado pelos fornecedores. Qualquer dessas técnicas, 
desde que ' ', pode transformarse em veículo suficientemente precisa
eficiente de oferta vinculante.” O principal de uma oferta é a “veículo”
publicidade, no entanto, pode ser apresentada por qualquer forma ou meio 
de comunicação, e ser determinada (a uma pessoa ou grupo de pessoas) 
1 – Oferta no CDC: “art. 30. Toda , informação ou publicidade
suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de 
comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou 
apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e 
integra o contrato que vier a ser celebrado.”
Oferta e publicidade no CDC.
ROTEIRO – AULA 6 – DIREITO DO CONSUMIDOR.
3 – prazo prescricional no CDC: “prescreve em a pretensão à cinco anos
reparação pelos danos causados por prevista fato do produto ou do serviço
na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do 
conhecimento do dano e de sua autoria” (art. 27).
2.2 – causas obstativas da decadência: “art. 26 (...) § 2° Obstam a 
decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo 
consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta 
negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; 
(...) III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.”
O Código de Defesa do Consumidor estabelece em seu art. 26, caput, c.c. o 
§ 1º do mesmo dispositivo, que se o vício for de fácil constatação ou 
aparente inicia-se a contagem do prazo a partir da entrega efetiva do 
produto ou do término da execução do serviço. Por outro lado, tratandose 
de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se a partir do momento em que 
ficar evidenciado o problema (art. 26, § 3º, do CDC). Quanto ao vício oculto 
e ao prazo para reclamação, argumenta a doutrina e jurisprudência pelo 
critério da “ ” do bem.vida útil
2.1 – contagem dos prazos decadenciais: art. 26: “(...) § 1° Inicia-se a 
contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do 
término da execução dos serviços. (...) § 3° Tratando-se de , o vício oculto
prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o 
defeito.”
P.s.2: , os prazos decadenciais relacionam-se à reclamação de vícios
enquanto que o prazo prescricional no CDC refere-se ao acidente deconsumo (fato do produto ou do serviço).
P.s.: segundo Rizzatto Nunes, “Produto durável é aquele que, como o 
próprio nome diz, não se extingue com o uso. Ele dura, leva tempo para se 
desgastar”. São exemplos de produtos duráveis a TV, uma geladeira, um 
carro, ou até um vestido de noiva, na visão do STJ. Já o produto não durável 
“é aquele que se acaba com o uso”. É o caso de uma bebida ou de um 
alimento.
2 – Prazos decadenciais: os prazos decadenciais estão previstos no art. 26 
do Código de Defesa do Consumidor e se referem ao período de tempo que 
terá o consumidor para reclamar dos do produto ou do serviço, ou vícios
seja, prazo para reclamar Assim o descumprimento da garantia legal. 
dispõe o artigo: “O direito de reclamar pelos aparentes ou de fácil VÍCIOS
constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de 
serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de 
fornecimento de serviço e de produtos duráveis.”
1.2 – A garantia contratual está prevista no art. 50, CDC: “A garantia 
contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito”. 
Tratando-se de liberalidade a sua concessão pelo fornecedor, dependerá 
de termo ou cláusula escrita e específica. A garantia contratual é 
complementar à legal e, segundo doutrina majoritária, soma-se ao prazo da 
garantia legal. 
1.1 - A garantia legal está prevista no art. 24, CDC: “a garantia legal de 
adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a 
exoneração contratual do fornecedor”. Trata-se de garantia obrigatória a 
todos os produtos e serviços colocados no mercado, e independe de termo 
ou cláusula expressa. Os prazos para se reclamar dessa garantia legal são 
os decadenciais previstos no art. 26, CDC.
1 – Introdução: o CDC prevê duas formas de garantia: e aa garantia legal 
contratual.
ROTEIRO – AULA 5 – DIREITO DO CONSUMIDOR.
Garantias e prazos decadenciais.
P.s.2: apesar da ausência de previsão expressa nos arts. 18, 19 e 20, todos 
do CDC, a é, segundo parte da responsabilidade do fornecedor pelo vício
doutrina, , mesmo porque esta é a regra prevista no Diploma objetiva
Consumerista. Artigo desta lei que corrobora com tal tese é o 23: “A 
ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos 
produtos e serviços não o exime de responsabilidade”. O STJ também se 
pronuncia nesse sentido (REsp 1365609 / SP; REsp 1634851 / RJ).
P.s.: O Código de Defesa do Consumidor prevê em seu art. 21 o regramento 
na utilização das peças de reposição, estabelecendo, in verbis: “No 
fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer 
produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar 
componentes de reposição originais adequados e novos, ou que 
mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes 
últimos, autorização em contrário do consumidor”.
4.1 - Serviços impróprios ao consumo: são impróprios os serviços que se 
mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, 
bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de 
prestabilidade (art. 20, § 2º, CDC). Ex. de Fabrício Bolzan: se o serviço de 
polimento e cristalização de um veículo automotor não atingir a finalidade 
pretendida, tal serviço será considerado viciado.
Soluções disponibilizadas ao consumidor diante do vício do serviço, 
alternativamente e à sua escolha: reexecução sem custos adicional e 
quando cabível (podendo ser confiada a terceiros, sob responsabilidade do 
fornecedor; cf. art. 20, § 1º); a restituição imediata da quantia paga, 
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; ou 
o abatimento proporcional do preço.
4 – responsabilidade pelo vício do serviço: o art. 20 do CDC trata da 
responsabilidade pelo vício na prestação de serviços nos seguintes termos: 
“art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que 
os tornem ou lhes diminuam o valor, assim como impróprios ao consumo
por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da 
oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: I — a reexecução dos serviços, sem 
custo adicional e quando cabível; II — a restituição imediata da quantia 
paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e 
danos; III — o abatimento proporcional do preço.”
P.s.: o art. 19, § 2º, do CDC prevê que o “fornecedor imediato será 
responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado 
não estiver aferido segundo os padrões oficiais”. Segundo Leonardo 
Roscoe Bessa, quando “há medição da quantidade no momento da venda, 
fica demasiadamente evidente a responsabilidade do fornecedor imediato, 
seja por falta de aferição do instrumento, seja por má-fé do vendedor, e daí 
se deduz o objetivo normativo de afastar excepcionalmente a 
responsabilidade solidária dos demais integrantes da cadeia de 
fornecedores”.
III - o abatimento proporcional do preço. 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos;
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas 
condições de uso; 
3.4.1 - Soluções disponibilizadas ao consumidor diante do vício de 
quantidade do produto: 
Mais uma vez, há solidariedade entre todos os fornecedores da cadeia de 
produção também aqui no vício de quantidade, não se limitando ao 
fornecedor imediato. O inverso também é verdadeiro, ou seja, não poderá o 
comerciante se escusar de responder pelo vício de quantidade, alegando 
falha do fabricante.
3.4 – vício de quantidade do produto: outra modalidade de vício do produto 
expressa no Código de Defesa do Consumidor refere-se à inadequação 
quanto aos limites quantitativos. Nesse sentido, prevê o CDC em seu art. 19 
que: “os fornecedores respondem pelos vícios de solidariamente
quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes 
de sua natureza, seu constantes conteúdo líquido for inferior às indicações
do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária”.
P.s.: . Segundo a súmula 381 do STJ, in verbis: “Nos contratos Há exceção
bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das 
cláusulas”.
2 – nulidade absoluta das cláusulas abusivas: o Código de Defesa do 
Consumidor, ao prever no caput do art. 51 que as cláusulas abusivas são 
nulas de pleno direito nulidade absoluta, quis conferir a elas a natureza de . 
A principal consequência desta afirmativa é a de que a nulidade absoluta 
pode e ser reconhecida pelo juiz.deve de ofício
1 – Introdução: os contratos de consumo são das mais variadas 
modalidades, a depender do seu objeto, mas a maioria deles possui a 
natureza de . Com a evolução dos tempos, o monopólio contrato de adesão
dos meios de produção do fornecedor — responsável por definir o que, 
quando e como produzir —, marcado pela característica da unilateralidade 
da produção, atingiu também as relações contratuais (Fabrício Bolzan). 
Consequentemente, quanto aos contratos em específico e suas cláusulas, 
há necessidade de maior tutela por parte do direito do consumidor. 
Proteção contratual no CDC.
ROTEIRO – AULA 9 – DIREITO DO CONSUMIDOR.
P.s. 3: Súmula 385, STJ: “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao 
crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente 
legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento”.
P.s.2: O art. 43, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor estabelece, in 
verbis: “A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de 
consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não 
solicitada por ele”. Segundo a posição consolidada no Superior Tribunal de 
Justiça, cabe “ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a 
notificação do devedor antes de proceder à inscrição” (Súmula 359).
P.s.: a interpretação sistemática dos artigos 43, § 1º e 5º, CDC, aponta no 
sentido de que o prazo máximo em que o consumidor iráse deparar com 
seu nome num cadastro de inadimplentes será de , cinco anos salvo se a 
pretensão à respectiva ação de cobrança prescrever antes. Súmula 323, 
STJ: “A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de 
proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente 
da prescrição da execução”.
p.s.: é lícito à concessionária interromper o fornecimento de energia 
elétrica, se, após aviso prévio, o consumidor de energia elétrica 
permanecer inadimplente no pagamento da respectiva conta” (Lei n. 
8.987/95, art. 6º, § 3º, II) (REsp 363.943/MG, Rel. Ministro Humberto 
Gomes de Barros, Primeira Seção, DJ 1º-3-2004).
1 – Introdução: prevê o Código de Defesa do Consumidor em seu art. 42 o 
seguinte: “Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será 
exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento 
ou ameaça”.
2 – restituição: “O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à 
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, 
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano 
justificável” (art. 42, P.U.). Segundo o STJ, “a dos devolução em dobro
valores cobrados somente pode ser determinada na hipótese de 
pagamento indevido comprovada má-fé em decorrência de , o que não 
ocorreu no caso, consoante afirmado pelas instâncias ordinárias” (AgRg no 
AgRg no AREsp 625561 / RS).
ROTEIRO – AULA 8 – DIREITO DO CONSUMIDOR.
Cobrança de dívidas no CDC.
3.2 – recusa no atendimento à demanda: não deve o fornecedor “escolher” 
consumidor. 
3.1 – venda casada: é a denominada venda casada pela doutrina e 
jurisprudência. O fornecedor, assim, está proibido de vincular a aquisição 
de um produto a outro ou a contratação de mais de um serviço ou, ainda, a 
aquisição de um produto, desde que contrate certo serviço. Essa ilícita 
operação pressupõe a existência de produtos e serviços que são 
usualmente vendidos separados. Ex: a prática abusiva revela-se patente se 
a empresa cinematográfica permite a entrada de produtos adquiridos nas 
suas dependências e interdita o adquirido alhures, engendrando por via 
oblíqua a cognominada “venda casada”, interdição inextensível ao 
estabelecimento cuja venda de produtos alimentícios constituiu a essência 
da sua atividade comercial como, verbi gratia, os bares e restaurantes 
(REsp 744.602/RJ, Rel. Ministro Luiz Fux, 1ª T., DJ 15-32007). Ex. 2: 
Súmula 473 do STJ — “O mutuário do SFH não pode ser compelido a 
contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira 
mutuante ou com a seguradora por ela indicada” (DJe 19-6-2012).
3 – rol exemplificativo das práticas abusivas (art. 39): as chamadas 
“práticas abusivas” são ações e/ou condutas que, uma vez existentes, 
caracterizamse como ilícitas, independentemente de se encontrar ou não 
algum consumidor lesado ou que se sinta lesado. São ilícitas em si, apenas 
por existirem de fato no mundo fenomênico (Rizzato Nunes).
2 – conceito de “prática abusiva”: é a desconformidade com os padrões 
mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor (Herman 
Benjamin).
1 – Introdução: as práticas abusivas cometidas no mercado de consumo 
têm relação com o contexto histórico de supremacia do fornecedor em face 
do consumidor. A partir do momento em que as relações deixaram de ter a 
característica da bilateralidade na produção e passaram para a 
unilateralidade na produção, em que o fornecedor estabelece o quê, como 
e quando produzir, práticas abusivas começaram a ocorrer, e o direito civil 
clássico não dispunha de instrumental atento a esse contexto. A situação de 
inferioridade poderá ser técnica, econômica, jurídica/científica ou 
informacional.
Práticas abusivas no CDC.
ROTEIRO – AULA 7 – DIREITO DO CONSUMIDOR.
p.s.2: o , também conhecido como “puffing”, não é exagero publicitário
considerado publicidade enganosa (ou mesmo oferta), via de regra, em 
razão da ausência de precisão suficiente. Ex: “o melhor alimento do 
mundo”; “o melhor sabor”, etc.
p.s.: o art. 60, caput, do CDC, determina a imposição de contrapropaganda
quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou 
abusiva, sempre às expensas do infrator.
3.2 – características da publicidade segundo o CDC: a) a publicidade deve 
ser de fácil e imediata identificação (as denominadas publicidades 
“dissimulada”, “subliminar” e “clandestina” são passíveis de 
questionamento segundo o CDC); b) se em seu bojo incluir uma oferta, 
vinculará o fornecedor; c) proibição de publicidade ilícita: enganosa ou 
abusiva; d) o ônus da prova acerca da veracidade e correção da informação 
cabe a quem patrocina a publicidade.
2.2 – publicidade e propaganda: para o autor Herman Benjamin: “Não se 
confundem publicidade e propaganda, embora, no dia a dia do mercado, os 
dois termos sejam utilizados um pelo outro. A publicidade tem um objetivo 
comercial (...), enquanto a propaganda visa a um fim ideológico, religioso, 
filosófico, político, econômico ou social. Fora isso, a publicidade, além de 
paga, identifica seu patrocinador, o que nem sempre ocorre com a 
propaganda”.
2.1 – conceito de publicidade: informação veiculada ao público consumidor 
com o e, ainda que indiretamente, o objetivo de promover comercialmente
produto ou serviço disponibilizado no mercado de consumo (Fabrício 
Bolzan).
2 – Publicidade no CDC: “Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal 
forma que o consumidor, , a identifique como tal.”fácil e imediatamente
1.2 – diferenças entre a oferta no CDC e a proposta no CC: a oferta, 
vinculada ao direito do consumidor, é enquanto que os arts. irrevogável,
427 e 428, ambos do CC, admitem hipóteses de não prevalecimento da 
proposta.
1.3 – características da oferta no CDC: a) abrange toda informação 
disponibilizada sobre o produto/serviço, e não apenas a publicidade 
(televisão, rádio, cinema, jornal, revista, mala direta, folheto, cartaz, 
outdoor, telemarketing, aplicativo de mensagem, entre outros); b) 
vinculação do fornecedor que prometeu/anunciou; “ofertou, vinculou”; c) 
integra o contrato; previsões contidas na oferta terão validade ainda que 
não repetidas no texto do contrato.
ou indeterminada (feita ao público em geral). 
1.2 - Princípio da transparência contratual: “Art. 46. Os contratos que 
regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não 
lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu 
conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a 
dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.”
1.1 – princípio da interpretação mais favorável ao consumidor: “Art. 47. As 
cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao 
consumidor.”

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