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APOSTILA- GESTÃO E ORG DO TRAB PEDAGÓGICO- este

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
Luiz Inácio Lula da Si lva 
 
MINISTRO DA EDUCAÇÃO 
Fernando Haddad 
 
GOVERNADOR DO ESTADO DO PIAUÍ 
José Well ington Barroso de Araújo Dias 
 
REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ 
Luiz de Sousa Santos Júnior 
 
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC 
Carlos Eduardo Bielschowsky 
 
COORDENADOR GERAL DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL 
Celso Costa José da Costa 
 
DIRETOR DO CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA A DISTÂNCIA DA UFPI 
Gildásio Guedes Fernandes 
 
DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA 
Helder Nunes da Cunha 
 
COORDENADORA DO CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE EAD 
Vera Lúcia Costa Olivei ra 
 
COORDENADORA DE MATERIAL DIDÁTICO DO CEAD/UFPI 
Cleidinalva Maria Barbosa Olivei ra 
 
DIAGRAMAÇÃO 
Diego Albert 
 
COORDENADOR DE REVISÃO DE TEXTO 
Naziozênio Antonio Larcerda 
 
REVISÃO 
Beatriz Gama Rodrigues 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
Serviço de Processamento Técnico da Universidade Federal do Piauí 
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco 
 
 
 
 
 
 
L972g Lustosa, Georgina Quaresma. 
Gestão e organização do trabalho pedagógico / Georgina 
Quaresma Lustosa. – Teresina: CEAD/UFPI, 2010. 
 90p. 
1. Política Educacional. 2. Organização e Gestão 
Escolar. 3. Projeto Pedagógico. I. Título. 
CDD 371.207 
 
 3 
 
O presente texto destina-se aos estudantes vinculados 
ao Programa de Educação à Distância da Universidade 
Aberta do Piauí (UAPI) vinculada ao consórcio formado pela 
Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade 
Estadual do Piauí (UESPI), com o apoio do governo do 
Estado do Piauí, através da Secretaria de Educação do 
Estado. 
Dentro deste contexto, a disciplina Gestão e 
Organização do Trabalho Pedagógico integra o elenco de 
disciplinas do Curso de Pedagogia do projeto de formação 
de professores desta modalidade de ensino. Esta disciplina 
tem como objetivo central contribuir para a formação de 
profissionais capazes de compreender a aproximação entre 
as políticas educacionais e as práticas de gestão e 
organização escolar como passo primordial na construção 
de uma escola pública de qualidade e de uma gestão 
democrática que favoreça o fortalecimento do sujeito coletivo 
e busque novas identidades e competências político-
pedagógicas. 
A proposta desta disciplina parte da concepção da 
educação e da formação de seus profissionais, tendo a 
clareza de que professores pretendemos formar para atuar 
no contexto da sociedade brasileira contemporânea, 
marcada por determinações históricas especificas. 
Os professores, sem duvida, são profissionais 
essenciais nos processos de mudança das sociedades. 
Portanto, não justifica deixar à margem as decisões 
pedagógicas e curriculares, enfim, deixar de lado a 
preocupação com o processo formativo eficiente dos 
profissionais da educação. Por isso, é preciso investir na 
 
 4 
formação e no desenvolvimento profissional dos 
professores. 
Na sociedade contemporânea, as rápidas 
transformações no mundo do trabalho, o avanço tecnológico, 
que configura a sociedade virtual, e os meios de informação 
e comunicação incidem fortemente na escola, aumentando 
os desafios para torná-la uma conquista democrática efetiva. 
Esses desafios requerem um olhar mais abrangente, 
envolvendo novas formas de ensinar e de aprender 
condizentes com o paradigma da sociedade do 
conhecimento, o qual se caracteriza pelos princípios da 
diversidade, da integração e da complexidade. 
Entendemos que esse desafio precisa ser 
prioritariamente enfrentado pelas políticas públicas 
educacionais. Todavia, não podemos esquecer que os 
professores são profissionais essenciais na construção 
dessa nova escola, contribuindo com seus saberes, seus 
valores e suas experiências nessa complexa tarefa de 
melhorar a qualidade social da escolarização. 
Objetivando subsidiar o processo de desenvolvimento 
da disciplina Gestão e Organização do Trabalho 
Pedagógico, apresentamos os conteúdos de estudo 
organizados em três unidades. Na primeira, Políticas 
Educacionais no Brasil: uma retrospectiva histórica, fazemos 
uma retrospectiva da trajetória das políticas educacionais no 
país, desenhando momentos de impasses, perspectivas e 
compromissos. 
Na segunda unidade, Organização e Gestão da Escola, 
discutimos sobre a organização e a gestão escolar, 
buscando esclarecer os conceitos, objetivos, elementos e 
características da organização e gestão da escola. 
Entendemos que o exercício da profissão se fortalece 
 
 5 
quando o professor passa a conhecer melhor o 
funcionamento do sistema escolar. 
Na terceira unidade, trabalhamos o Projeto Político 
Pedagógico da Escola. Isso é realizado entendendo que a 
escola é desafiada a elaborar seu projeto pedagógico como 
instrumento de organização pedagógico-administrativa de 
democratização e de produção de sua autonomia na prática 
pedagógica, tomando como referência as peculiaridades e 
as necessidades da instituição escolar. 
No desenvolvimento das diferentes unidades do 
conteúdo, sugerimos atividades de estudo, objetivando o 
aprofundamento das leituras e aprendizagem efetiva na 
vivência da disciplina. 
Por fim, esperamos que você tenha sucesso na 
aprendizagem desta disciplina, lembrando-se que a reflexão 
sobre as leituras realizadas é muito importante em sua 
formação profissional e pessoal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
UNIDADE 01 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL: UMA 
RETROSPECTIVA HISTÓRICA 
1.1 Década de 30: a educação passa a ser vista como uma 
questão social........................................................................... 
 
12 
1.2 As Constituições Federais: avanços e impasses nas 
questões educacionais............................................................. 
 
13 
1.3 A Primeira LDB: Lei nº 4. 024, de 20/12/1961.................... 14 
1.4 O Golpe Militar de 1964: uma nova ordem política no país 15 
1.5 A Constituição Federal de 1988: momento importante da 
historia brasileira....................................................................... 
 
16 
1.6 A Nova LDB: Lei nº 9. 394/1996: garantia de conquistas 
históricas................................................................................... 
 
17 
1.7 Organização da Educação Brasileira: via dispositivos da 
LDB – Lei nº 9.394/1996........................................................... 
 
19 
1.8 Educação Básica: uma nova dimensão da formação 
humana..................................................................................... 
 
20 
1.9 Educação Infantil: um novo formato educativo................... 24 
1.10 Ensino Fundamental: obrigatoriedade escolar ampliada 26 
1.11 Ensino Médio: última etapa da educação básica............. 28 
 
 
UNIDADE 02 – ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ESCOLA: A 
CONSTRUÇÃO COLETIVA DO AMBIENTE DE TRABALHO 
2.1 A escola: contexto de aprendizagem da profissão............. 41 
2.2 A organização e a gestão da escola: mediação e busca 
de objetivos............................................................................... 
 
45 
2.3 Organização e gestão escolar: alguns conceitos básicos 
e outros elementos................................................................... 
 
46 
2.4 Gestão participativa: meio de assegurar a 
democratização da escola........................................................ 
 
51 
2.5 Gestão escolar participativa: princípios e características 56 
2.6 Autonomia da escola e da comunidade educativa........... 57 
2.7 Relação orgânica entre direção e participação dos 
membros da equipe escolar..................................................... 
 
58 
2.8 Envolvimento da comunidade no processo escolar.......... 59 
2.9 Planejamento das atividades.............................................. 59 
2.10 Formação continuada para o desenvolvimento pessoal 
e profissional dos integrantes da comunidade escolar............ 
 
59 
2.11 Utilizaçãode informações concretas com ampla 
democratização........................................................................ 
 
60 
2.12 Relações humanas produtivas e criativas focadas na 
busca de objetivos comuns ..................................................... 
 
61 
 
 
 
 
 
 
 7 
 
UNIDADE 3: PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA 
3.1 Projeto Pedagógico: conceituação..................................... 68 
3.2 Projeto pedagógico da escola: Que referências? Que 
princípios?................................................................................ 
 
71 
3.3 Características do projeto pedagógico da escola............... 72 
3.4 O projeto pedagógico e a autonomia da escola................. 75 
3.5 Exigências para elaboração do Projeto Pedagógico da 
Escola....................................................................................... 
 
78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 9 
 
 
UNIDADE 01 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL: UMA 
RETROSPECTIVA HISTÓRICA 
1.1 Década de 30: a educação passa a ser vista como uma 
questão social........................................................................... 
 
12 
1.2 As Constituições Federais: avanços e impasses nas 
questões educacionais............................................................. 
 
13 
1.3 A Primeira LDB: Lei nº 4. 024 de 20/12/1961..................... 14 
1.4 O Golpe Militar de 1964: uma nova ordem política no país 15 
1.5 A Constituição Federal de 1988: momento importante da 
historia brasileira....................................................................... 
 
16 
1.6 A Nova LDB: Lei nº 9. 394/1996: garantia de conquistas 
históricas................................................................................... 
 
17 
1.7 Organização da Educação Brasileira: via dispositivos da 
LDB – Lei nº 9.394/1996........................................................... 
 
19 
1.8 Educação Básica: uma nova dimensão da formação 
humana..................................................................................... 
 
20 
1.9 Educação Infantil: um novo formato educativo................... 24 
1.10 Ensino Fundamental: obrigatoriedade escolar ampliada 26 
1.11 Ensino Médio: última etapa da educação básica............. 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
UNIDADE 01 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL: 
UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 
A possibilidade de desvincular saber de poder, no plano escolar, 
reside na criação de estruturas horizontais onde professores, 
alunos e funcionários formem uma comunidade real. É um 
resultado que só pode provir de muitas lutas, de vitórias setoriais, 
derrotas, também. Mas sem dúvida a autogestão da escola pelos 
trabalhadores da educação – incluindo os alunos – é a condição de 
democratização escolar (Maurício Tragtenberg, 1998). 
 
O propósito desta retrospectiva consiste em 
apresentar uma reflexão histórica sobre as políticas 
educacionais no Brasil. Entendemos que, para uma melhor 
compreensão das políticas educacionais no contexto 
brasileiro, não basta inserirmos informações empíricas 
atuais. É preciso voltar no tempo, fazer pelo menos uma 
pequena retrospectiva e contemplar cada momento histórico 
de sua construção. 
Na produção deste texto pretendemos construir 
em breves referências as políticas educacionais brasileiras 
no que concerne aos aspectos legais de suas sequenciadas 
legislações, tendo como eixo o contexto das Constituições 
Federais, o atual Plano Nacional de Educação (PNE) e os 
Projetos de Leis de Diretrizes e Bases (LDBs) vivenciadas 
no país. 
Para darmos conta de pontuar e refletir sobre a 
trajetória histórica das políticas educacionais vivenciadas no 
país, tomamos como parâmetro os textos dos 
professores/pesquisadores Freitag (1986), Ribeiro (1988), 
Saviani (2003), Brzezinski (2008), entre outros. 
Estudar a educação brasileira no seu processo 
histórico é voltar ao século XVI: descobrimento do Brasil, 
chegada dos padres jesuítas que aqui aportaram em 
companhia do primeiro Governador Geral. A partir de então, 
e por mais de 200 anos, conforme Freitag (1986), o ensino 
 
 11 
público no Brasil ficou quase que exclusivamente entregue 
aos padres jesuítas. 
As características da política educacional do primeiro 
período precisam ser vistas à luz da organização da 
economia e da especificidade da formação social brasileira 
como um todo (FREITAG, 1986, p. 46). 
 
 
Durante todo o Período Colonial, Imperial e até a I 
República (1500-1930), uma política educacional estatal era 
quase inexistente. Mas que importância poderia ter a 
educação nessa estrutura social? As atividades latifundiárias 
se limitavam à prática da monocultura e, assim, exigiam um 
mínimo de qualificação e diversificação da força de trabalho. 
Não havia, portanto, necessidade da função da escola na 
reprodução da força de trabalho. A reprodução da estrutura 
de classes existentes (latifundiários, representantes da 
coroa, clero e escravos) já era uma realidade garantida pela 
organização da produção, não cabendo à escola interferir 
nessa estrutura de classes. 
Então, o que restou à escola como função social? 
Segundo Freitag (1986, p. 47), restaram à escola as funções 
de “reprodução das relações de dominação e a reprodução 
da ideologia dominante”. E os colégios jesuítas 
desempenhavam perfeitamente essas funções, assegurando 
dessa maneira a própria reprodução da sociedade 
escravocrata. Freitag (1986, p. 47) enfatiza, ainda, que “a 
Igreja Católica não só assumia a hegemonia na sociedade 
civil, como penetrava, de certa forma, na própria sociedade 
política, através dessa arma pacifica que é a educação”. 
Apesar da expulsão transitória dos jesuítas do 
Brasil no fim do século XVIII, a Igreja preservou sua força na 
sociedade civil ainda nas fases do Império e da I República. 
Era ela que, basicamente, continuava a controlar as 
instituições de ensino, encarregando-se ainda por muito 
 
 12 
tempo da função de reprodução da ideologia (FREITAG, 
1986, p. 48). 
 
1.1 Década de 30: a educação passa a ser vista como 
uma questão nacional 
Podemos afirmar que foi somente a partir da 
década de trinta que a nossa sociedade começou a 
enfrentar os problemas próprios de uma sociedade burguesa 
moderna, entre eles, o da instrução pública popular. Assim, 
ainda em 1930, foi criado pelo governo Vargas o Ministério 
de Educação e Saúde Pública. A educação começava a ser 
reconhecida, inclusive no plano institucional, como uma 
questão nacional (SAVIANI, 2003). 
Nesse período, assumiu o Ministério de Educação 
e Saúde Pública Francisco Campos que efetivou uma série 
de decretos propondo reformas para a educação. Entretanto, 
a política educacional proposta, nesse momento histórico, 
embora tenha dado o primeiro passo em nível da 
organização da estrutura do ensino, na verdade, não passou 
de uma reforma preferencialmente do sistema educacional 
das elites. Isso em função de sua proposta curricular 
elitizada, deixando de fora a maioria da população. É 
importante ressaltar, ainda, que essa reforma não se deu de 
forma conscienciosa e que entre os sujeitos com os quais o 
governo entrara em atrito encontrava-se a igreja católica. 
Conforme Freitag (1986, p. 49), “para a Igreja, a educação 
moral do povo brasileiro deveria ser de sua exclusiva 
competência [...]”. 
A política educacional desse período, como não 
poderia deixar de ser, foi influenciada pelo contexto político-
econômico-social vivenciado no país. Merece destaque, 
 
 13 
nesse momento histórico, o Manifesto dos Pioneiros da 
Escola Nova (1932), no qual os educadores propunham a 
renovação das bases pedagógicas e a reformulação da 
política educacional. O Manifesto proclamava a educação 
como um direito de todos, sem distinção de classes e 
situação econômica, reivindicava escola pública, gratuita, 
obrigatória, tratando, portanto, a educação como problemade ordem social. 
 A V Conferência Nacional da Educação (1932) 
também foi um ponto relevante do movimento de renovação 
pedagógica no país. Teve como objetivo apreciar sugestões 
de uma política escolar para estabelecer um Plano de 
Educação Nacional, visando ao anteprojeto da Constituição 
Federal de 1934. 
 Para saber mais sobre a V Conferência Nacional 
da Educação em 1932, consulte o site: 
http//www.conselho.saude.gov.br/biblioteca/relatório_1pdf . 
 
1.2 As Constituições Federais: avanços e impasses nas 
questões educacionais 
A Constituição Federal de 1934 avançou, 
conquistou espaços nas questões educacionais e 
estabeleceu a necessidade de elaboração de um PNE 
(Plano Nacional de Educação) que coordenasse e 
supervisionasse as atividades de ensino em todos os níveis 
(art. 150). São regulamentadas, pela primeira vez, as 
reformas de financiamento da rede oficial de ensino em 
quotas fixas para a Federação, Estados e Municípios 
(Art.156), fixando-se, ainda, as competências dos 
respectivos níveis administrativos para os respectivos níveis 
 
 14 
de ensino. Implanta-se a gratuidade e a obrigatoriedade do 
ensino primário. 
Mas essa proposta dura pouco. A repressão 
generalizada da ditadura varguista (Estado Novo – 1937) faz 
com que os ideais liberais sejam combatidos. Somente em 
1946, passamos a ter uma lei nacional referente ao ensino 
primário. 
Durante o Estado Novo, regime ditatorial de Vargas que 
durou de 1937 a 1945, oficializou-se o dualismo 
educacional: ensino secundário para as elites e ensino 
profissionalizante para as classes populares. As leis 
orgânicas ditadas nesse período, por meio de exames 
rígidos e seletivos, tornavam o ensino antidemocrático, ao 
dificultarem ou impedirem o acesso das classes populares 
não só ao ensino propedêutico, de nível médio, como 
também ao ensino superior (LIBÂNIO; OLIVEIRA; TOSCHI, 
2007, p. 143). 
 
 
 A Constituição de 1946 definiu a educação como 
direito de todos e o ensino primário como obrigatório para 
todos e gratuito nas escolas públicas. Também determinou à 
União a tarefa de fixar as diretrizes e bases da educação 
como instrumento de democratização da educação pela via 
da escola básica. 
O clima político favorável da Constituição Federal 
de 1946 proporcionou a elaboração por uma comissão de 
educadores de um projeto de reforma geral da educação 
brasileira. O anteprojeto foi encaminhado pelo então Ministro 
da Educação, Clemente Mariani, à Câmara Federal em 
1948. 
 
 1.3 A Primeira LDB: Lei nº 4.024 de 20/12/1961 
O projeto desta Lei tramitou no Congresso 
Nacional por treze anos (1948-1961), sofrendo inúmeras 
críticas, vetos e reclamos. Por fim, foi sancionada a primeira 
LDB – Lei de nº 4.024/61 em 20/12/1961, quando, 
 
 15 
logicamente, não mais respondia aos anseios da sociedade, 
não somente pelo favorecimento maior à iniciativa privada, 
mas também porque a lei havia envelhecido, estava 
literalmente defasada, o que levava à necessidade de novas 
leis que dessem conta das exigências históricas. 
A discussão realizada durante a votação da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), exigência 
da Constituição Federal de 1946, envolveu toda a sociedade 
civil que estava ávida por mudanças nas políticas 
educacionais e a lei resultante desse debate nacional, nº 
4.024/12/61, instituiu a descentralização, ao determinar que 
cada Estado organizasse seu sistema de ensino. Porém, o 
movimento democrático que o país vivia não combinava com 
o centralismo das ditaduras e logo foi engolido pela situação 
vigente no país. Em 1964, o golpe dos militares provocou 
novamente o fortalecimento do Executivo e a centralização 
das decisões no âmbito das políticas educacionais. 
 
1.4 O Golpe Militar de 1964: uma nova ordem política no 
país 
Com o golpe militar de 1964, instalou-se uma nova 
ordem política no país. O governo militar precisava conter o 
movimento dos estudantes, dos professores e dos 
intelectuais que reclamavam por reformas amplas para a 
sociedade brasileira e, em especial, para as universidades. 
A partir de então, os governos ditatoriais negaram a política 
educacional brasileira conquistada pela sociedade e a 
educação passou a ser regida por novas leis e decretos que 
eram sancionados sem nenhuma participação da sociedade, 
objetivando apenas os interesses da nova ordem política 
implantada no país. 
 
 16 
Vale registrar neste período autoritário a 
promulgação de duas leis concebidas à margem da 
discussão democrática: a Lei 5.540/68, que fixa as normas 
de organização e funcionamento do ensino superior, e a Lei 
5.692/71, que fixa as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 
2º graus (hoje Ensino Fundamental e Ensino Médio). Entre 
tantas medidas arbitrárias, foi criado o sistema de créditos, 
acabando com os cursos seriados. Desmontando, dessa 
forma, as organizações estudantis, evitando os grupos de 
pressão, restringindo também a autonomia das 
universidades que passaram a ter o funcionamento 
articulado ao modelo político vigente. 
 
 1.5 A Constituição Federal de 1988: momento 
importante da história brasileira 
O processo de redemocratização institucional do 
país resultou na Constituição Federal de 1988. É importante 
frisar que a Constituição Federal de 1988 representou um 
momento importante da história da educação brasileira 
contemporânea. Para a elaboração do projeto da 
Constituição, convergiram as atenções de indivíduos e 
organizações de diferentes segmentos da sociedade civil 
organizada que lutaram para assegurar a expressão de seus 
interesses no texto constitucional. 
Com este fato político, abriu-se a oportunidade de 
se reformular, via legislação, todo o arcabouço da educação 
brasileira. Começava, portanto, o processo de mobilização 
da comunidade educacional e de toda a sociedade na tarefa 
de elaborar novas diretrizes e bases da educação nacional. 
A luta foi árdua com muitos atropelos e correlação de forças. 
Enfim, com anos de idas e vindas foi sancionada a Lei nº 
 
 17 
9.394/96 que estabelece atualmente as diretrizes e bases da 
educação nacional. 
 
1.6 A Nova LDB: Lei nº 9.394/1996: garantia de 
conquistas históricas 
A nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação) não propõe avanços significativos na política 
educacional brasileira, apenas garante as conquistas 
históricas. No processo de tramitação no Congresso 
Nacional, o antagonismo de interesses e de forças foi muito 
forte impedindo a aprovação de um texto mais ousado e 
democrático que realmente atendesse às aspirações da 
sociedade. 
Saviani (2003) faz um comentário critico sobre a 
“oportunidade perdida” do contexto da implantação da nova 
LDB. Para este pesquisador, mais uma vez deixamos 
escapar a oportunidade de traçar as coordenadas e criar 
mecanismos que viabilizassem a construção de um sistema 
nacional de educação aberto, abrangente, sólido e 
adequado às necessidades e aspirações da população 
brasileira em seu conjunto. 
Hoje já passou mais de uma década da 
promulgação do novo instrumento legal, com a perspectiva 
de redirecionar os rumos da educação nacional. A educação 
brasileira vem passando, desde então, por uma série de 
mudanças, particularmente de cunho jurídico-institucional, 
decorrentes das medidas implementadas por força da LDB e 
até mesmo por força da Constituição Federal de 1988, 
destacando-se a aprovação do Plano Nacional de Educação 
(PNE), sancionado através da Lei nº 10.172/01. 
 
 18 
A função do Plano Nacional de Educação (PNE) é 
cuidar da articulação e desenvolvimento do ensino, em seus 
diversos níveis, e da integração das ações do poder público 
que conduzam entre outros objetivos à erradicação do 
analfabetismo; universalização do atendimento escolar; 
melhoria da qualidade do ensino; formação para o trabalho; 
promoção humanística, cientifica e tecnológica do país. Em 
síntese, oPlano Nacional de Educação tem como ações 
elevar o nível global de escolaridade da população, melhorar 
a qualidade do ensino em todos os níveis, reduzir as 
desigualdades sociais e regionais no tocante à educação e 
democratizar a gestão do ensino público brasileiro. 
O PNE propõe, ainda, medidas para implementar 
as diretrizes e os referenciais curriculares nacionais para a 
educação infantil, na perspectiva da melhoria da qualidade. 
A recomendação expressa no referido Plano é uma 
educação de qualidade prioritariamente para as crianças das 
famílias de menor poder aquisitivo, mais sujeitas à exclusão 
ou vítimas dela, devendo também contemplar a necessidade 
do atendimento em tempo integral para crianças menores, 
das famílias de renda mais baixa, quando os pais 
trabalharem fora de casa (PEREIRA; TEIXEIRA, 2008, p. 
107). 
Vale ressaltar que o Fundo Nacional de Educação 
Básica e Valorização dos Profissionais da Educação – 
FUNDEF, implantado em 2007 em substituição ao Fundo de 
Desenvolvimento da Educação Fundamental e Valorização 
do Magistério – FUNDEB, responde, em grande parte, à 
mobilização dos movimentos sociais na área da educação, 
para incluir a educação infantil, a partir das creches, e 
absorver inclusive aquelas conveniadas com os sistemas 
municipais e estaduais públicos, desde que mantenham 
 
 19 
crianças de até 3 anos de idade dentro de uma estrutura 
escolar de qualidade. 
O Conselho Nacional de Educação (CNE), desde 
o final da década de 90, vem realizando a regulamentação 
das medidas complementares da Nova LDB e do Plano 
Nacional de Educação. Foram aprovados os Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCNs) para o ensino básico e as 
Diretrizes Curriculares para os cursos do ensino superior, 
medidas que acarretaram reformas já implantadas ou em 
processo de implantação no Sistema Nacional de Educação. 
 
1.7 Organização da Educação Brasileira: via dispositivos 
da LDB – Lei nº 9.394/1996 
A educação abrange todos os processos 
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na 
convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino 
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da 
sociedade civil e nas manifestações culturais (art. 1º - LDB). 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
representa um marco na história recente da educação 
brasileira. A LDB juntamente com a Constituição Federal de 
1988 são os instrumentos constitucionais de organização da 
educação brasileira. 
É importante pontuar, conforme Pereira e Teixeira 
(2008), que a atual LDB, diferentemente das leis anteriores, 
expressa uma concepção ampla de educação, projetando 
uma nova dimensão à formação humana. 
A estrutura do sistema educacional brasileiro 
divide-se em Níveis e Modalidades de Ensino. De acordo 
 
 20 
com o artigo 21 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional – LDB, a educação escolar compõe-se de: 
I – educação básica, formada pela educação 
infantil, ensino fundamental e ensino médio; 
II – educação superior. 
 
1.8 Educação Básica: uma nova dimensão da formação 
humana 
Neste momento, vamos focar nosso olhar na 
organização da educação básica, objeto de interesse da 
formação de professores das séries iniciais do ensino 
fundamental. 
A educação básica tem por finalidade desenvolver 
o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável 
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para 
progredir no trabalho e em estudos posteriores (LDB – art. 
22). 
 A educação básica tem sua regulação pautada 
em pressupostos políticos, sociais e pedagógicos, que 
revelam a natureza e os propósitos pretendidos nesse nível 
de escolarização. A educação básica é concebida como um 
direito público, situando-se no postulado de um ensino 
universal, destinado à formação comum para todos, 
fundamentando-se no princípio de igualdade de 
oportunidade educacional. 
Essa concepção do direito à educação básica está 
presente nos princípios estabelecidos na Constituição 
Federal brasileira e são reproduzidos na LDB. O art. 3º da 
LDB refere-se especificamente à igualdade de condições 
 
 21 
para o acesso e a permanência na escola. Vejamos o texto 
do artigo 3º da LDB: 
 
O ensino será ministrado com base nos seguintes 
princípios: 
I – igualdade de condições para o acesso e 
permanência na escola; 
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e 
divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; 
III – pluralismo de ideias e de concepções 
pedagógicas; 
IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; 
V – coexistência de instituições públicas e privadas 
de ensino; 
VI – gratuidade do ensino público em 
estabelecimentos oficiais; 
VII – valorização do profissional da educação escolar; 
VIII – gestão democrática do ensino público, na forma 
desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; 
IX – garantia de padrão de qualidade; 
X – valorização da experiência extra-escolar; 
XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho 
e as prática sociais. 
 
 
 
A formulação do princípio da igualdade para o 
acesso e permanência na escola denota, na verdade, um 
alargamento do direito à educação, porque não se limita 
apenas ao acesso do aluno à escola, mas, sobretudo, a sua 
permanência no ambiente escolar. 
Entretanto, o que observamos no contexto 
brasileiro é que essa ampliação do direito à escola é uma 
questão ainda negada, considerando um percentual 
significativo de crianças e jovens fora do ambiente escolar, 
não apenas pela falta de possibilidade de acesso, mas, 
principalmente, pela exclusão precoce de um grande número 
de alunos que frequentam nossas escolas. 
Expandir a rede pública de ensino para assegurar 
o acesso à escola depende, logicamente, de decisões 
políticas. Contudo, a permanência dos alunos nas escolas, 
implica mudanças qualitativas no interior destas instituições 
 
 22 
de ensino. Implica esforços no sentido de promover 
condições que favoreçam as crianças e aos jovens 
provenientes das classes populares a permanência nas 
escolas para a continuação dos seus estudos. 
Não negamos que hoje emerge no contexto 
educacional brasileiro um esforço voltado para consolidar a 
igualdade, mediante a inclusão de comunidades que 
historicamente são excluídas do direito à educação e 
desconsideradas nas suas diferenças e particularidades, 
como os índios, os negros e os portadores de necessidades 
especiais. 
Estes princípios inscritos na LDB, acima citados, 
enfatizam a concepção do respeito ao pluralismo de ideias e 
da diversidade no sentido de uma educação básica 
comprometida com a construção de uma sociedade 
democrática e inclusiva. 
 É importante pontuar que o relatório final do 
Projeto Brasil Três Tempos (2006) enfatiza claramente a 
amplitude da concepção de educação básica colocada na 
LDB, afirmando que: 
 
[...] além de sentido “regular” que comumente 
relacionam à idade e a características semelhantes 
do alunado, podem ser desenvolvidas com 
características especificas, denominadas de 
“modalidades”, que objetivam o atendimento às 
diferenças dos sujeitos históricos que se 
incorporaram. Com isso, a Educação Básica engloba 
também a educação de jovens e adultos, educação 
especial, educação do campo, educação indígena e 
educação profissional. 
 
 
É importante explicar o significado do Projeto 
Brasil Três Tempos. Trata-se de um projeto criado pelo 
governo federal em 2006, correspondente aos anos de 2007, 
 
 23 
2015 e 2020. A ideia é chegar ao bicentenário da 
Independência conquistando um estágio avançado de 
desenvolvimento e bem-estar social. 
Para melhor esclarecimento, consulte: 
WWW.nac.gov.br/brasil3tempos.pdf> 
Conforme o artigo 1º da LDB, já mencionado neste 
trabalho, a educação básica que projeta uma nova dimensão 
de formação humana deve ser uma educação presente nos 
processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, 
na convivênciahumana, no trabalho, nas instituições de 
ensino e pesquisa. Enfim, uma educação presente nos 
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais, portanto, uma educação escolar 
situada no amplo sentido da vida social. 
Diante desses princípios, só podemos 
compreender a educação inserida no contexto social e com 
todas as suas implicações. Para melhor entendimento da 
educação situada no amplo sentido da vida social, 
sugerimos a leitura deste texto retirado do artigo das autoras 
abaixo citadas: 
 
 Reexaminando a educação básica na LDB: o que 
permanece e o que muda 
 [...]. Ao situar a educação escolar no espectro 
amplo da vida social, a LDB induz a uma reflexão crítica da 
nossa prática educacional: a forma estreita como ela vem 
sendo concebida, o isolamento da escola em relação ao 
mundo exterior, a distância entre teoria e prática, entre 
trabalho intelectual e trabalho manual, a organização escolar 
rígida, o ensino e as práticas de adestramento e, em 
especial, a formação de atitudes que, contrariando 
interesses e necessidades da maioria, levam à obediência, a 
passividade e à subordinação. 
 
 24 
A função formativa da educação e suas relações 
com a sociedade são questões que merecem ser 
repensadas, especificamente no que se refere à educação 
escolar, que “se desenvolve, predominantemente, por meio 
do ensino, em instituições próprias (art. 1º, § 1)”, a maioria 
dentro de um modelo convencional “fechado”. Um dos 
princípios que permanecem no texto final e que inova 
radicalmente a historia da educação formal em nosso país é 
que “a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do 
trabalho e à prática social” (art. 1º, § 2). 
Esta abordagem conceitual coloca em evidência 
componentes que garantem um entendimento mais amplo 
da função social da educação, que assegurem a todos um 
ensino de qualidade. Entre esses componentes, destaca-se 
o trabalho, parte integrante da vida de cada indivíduo e da 
sociedade, alvo de tantas contradições históricas. A relação 
trabalho e educação configura-se como um desafio a ser 
assumido, ante o numero significativo de polêmicas, 
indefinições e dúvidas que suscita tanto no campo teórico, 
como no da realização. O conceito de trabalho e sua 
participação na vida do indivíduo e da sociedade é algo que 
precisa ter sua discussão aprofundada, particularmente 
diante do atual cenário, em que se responsabiliza a 
educação por organizar um novo perfil de conhecimento. 
 
A partir da nova perspectiva, a educação básica pode 
constituir-se numa via à plenitude democrática, 
mediante a formação de indivíduos conscientes de 
sua inserção na sociedade. Uma postura participante, 
crítica e libertadora, torna-se uma das grandes 
contribuições a ser dada pela educação no processo 
de construção do exercício da cidadania plena, 
consolidando o foco da ação na pessoa, apontando 
para ela como sujeito da história (PEREIRA; 
TEIXEIRA, 2008, p. 103/104). 
 
 
1.9 Educação Infantil: um novo formato educativo 
 A educação infantil, primeira etapa da 
educação basca, tem como finalidade o desenvolvimento 
integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos 
 
 25 
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a 
ação da família e da comunidade (art. 29 – LDB). 
A educação infantil é concebida pela nova LDB, 
promulgada em 1996, como a primeira etapa da educação 
básica e define como finalidade a promoção e o 
desenvolvimento integral da criança, até seis anos de idade, 
em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social. 
Conforme o artigo 29, notamos o reconhecimento 
da função eminentemente pedagógica do atendimento às 
crianças de zero a seis anos, visando seu crescimento 
humano integral, superando, portanto, a visão 
assistencialista que, historicamente, tem caracterizado as 
ações governamentais nesse segmento da educação. 
 A educação infantil deixa de ter a função de 
“guarda de crianças” para assumir o papel pedagógico de 
“atender às necessidades determinadas pela especificidade 
da faixa etária, a partir de uma visão da criança como 
criadora, ser histórico, sujeito de direitos, capaz de 
estabelecer múltiplas relações e produtora de cultura” 
(BRASIL, MEC, 2006, p. 8). 
A educação infantil desenvolve-se em creches, 
para crianças de até 3 anos de idade, e em pré-escola, para 
crianças de 4 a 6 anos, conforme o art. 30 da LDB. É 
importante pontuar que essa estrutura organizacional da 
educação infantil já sofreu modificações, em decorrência da 
decisão governamental de ampliação do ensino fundamental 
para 9 anos de duração e a antecipação da matrícula nesse 
nível para as crianças de 6 anos de idade. 
A antecipação da entrada das crianças com 6 
anos de idade no ensino fundamental provoca a diminuição 
da demanda de crianças para a educação infantil, com isso, 
 
 26 
amplia a possibilidade de matrículas para as crianças de 4 a 
5 anos na pré-escola e abre perspectivas para a 
universalização do atendimento das crianças de 6 anos no 
ensino fundamental. 
Conforme Pereira e Teixeira (2008), em 
consideração às especificidades da faixa etária, a inclusão 
das crianças de 6 anos no ensino fundamental ainda 
encontra resistência no meio educacional. 
 
1.10 Ensino Fundamental: obrigatoriedade escolar 
ampliada 
O Ensino fundamental obrigatório, com duração de 
9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 
(seis) anos, terá por objetivo a formação básica do cidadão, 
(Caput do artigo com redação dada pela Lei n° 11.274, de 
6/2/2006). 
 O ensino fundamental é a etapa da educação 
básica definida como obrigatória pela Constituição brasileira. 
O cumprimento à escolaridade obrigatória pressupõe direitos 
sociais e deveres do Estado, da família e da sociedade. 
Assim, conforme dispõe o art. 5º da LDB, é direito de 
qualquer cidadão, grupo ou instituição que o representa 
acionar o Poder Público para exigir o acesso ao ensino 
fundamental, obrigatório, em caso de falta, omissão ou 
negligência. 
Conforme o artigo 4º da LDB, o Estado tem o 
dever com a educação escolar pública mediante a garantia 
de manter o ensino fundamental obrigatório e gratuito, 
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade 
própria; atender a progressiva extensão da obrigatoriedade e 
gratuidade ao ensino médio; atendimento educacional 
 
 27 
especializado gratuito aos educandos com necessidades 
especiais, preferencialmente na rede regular de ensino (para 
melhor entendimento, consultem a apostila da disciplina 
Educação Especial – já estudada por vocês). 
É dever do Poder Público (Estados e Municípios 
em colaboração com a União) recensear a população em 
idade escolar para o ensino fundamental e os jovens e 
adultos que a ele não tiveram acesso; fazer-lhes a chamada 
pública e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela 
frequência à escola; é dever dos pais ou responsáveis 
efetuar a matrícula dos filhos a partir dos seis anos de idade, 
no ensino fundamental (art. 6º da LDB). 
 É importante pontuar aqui as mudanças 
recentemente introduzidas na LDB, às quais já nos referimos 
anteriormente, sobre a ampliação do ensino fundamental 
para nove anos de duração, com matrícula obrigatória a 
partir de seis anos de idade. Para melhor entendimento 
dessa mudança, leia o texto que segue: 
 
Educação infantil e ensino fundamental de nove anos 
 A efetivação e a ampliação da obrigatoriedade 
escolar constituem os principais eixos das políticas públicas 
formuladas para a área educacional. Assim, o Plano 
Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei nº 
10.172/01, estabelece como prioridade para o ensino 
fundamental a universalização do atendimento escolar, com 
a garantia de acesso e permanência de todas as crianças na 
escola. Concomitantemente, o Plano de Desenvolvimento da 
Educação (PDE) propõe ampliar para nove anos a duração 
do ensinofundamental obrigatório com inicio aos 6 anos de 
idade, [...]. 
A ampliação do tempo destinado à escolaridade 
obrigatória é uma inovação proposta à LDB de 1996 pela 
política nacional do MEC, e sua implementação figura entre 
 
 28 
os principais programas definidos para o ensino 
fundamental. A justificativa anunciada é a de oferecer 
maiores oportunidades de aprendizagem no período de 
escolarização obrigatória e assegurar que, ingressando mais 
cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos 
estudos e alcancem maior nível de escolaridade. 
 
A Lei nº 11.274/06 institui o ensino fundamental de 
nove anos de duração, com matrícula obrigatória a 
partir de 6 anos de idade, alterando os artigos 29, 30, 
32 e 87 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. Também define prazo, até 2010, para a 
adequação das escolas públicas e privadas às 
normas estabelecidas (PEREIRA; TEIXEIRA, 2008, p. 
118). 
 
 
1.11 Ensino Médio: última etapa da educação básica 
O ensino médio é a etapa final de uma educação 
de caráter geral que situa o educando como sujeito produtor 
de conhecimento e participante do mundo do trabalho (PCN 
– Ensino Médio, 1999). 
O ensino médio é a etapa final da educação 
básica. Este nível de ensino passa a ter a característica da 
terminalidade, o que significa assegurar a todos os cidadãos 
a oportunidade de consolidar e aprofundar os 
conhecimentos adquiridos no ensino fundamental. O ensino 
médio tem como função aprimorar o educando como pessoa 
humana; possibilitar o prosseguimento de estudos; garantir a 
preparação básica para o trabalho e a cidadania; dotar o 
educando dos instrumentos que o permitam continuar 
aprendendo, tendo em vista o desenvolvimento da 
compreensão dos funcionamentos científicos e tecnológicos 
dos processos formativos (art. 35 – LDB). 
Enfim, o ensino médio é uma etapa da educação 
básica que tem como função consolidar e aprofundar os 
 
 29 
conhecimentos já adquiridos no ensino fundamental, 
prepararando o educando para o trabalho e para exercer sua 
cidadania como pessoa humana, incluindo a formação ética 
e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do 
pensamento crítico. 
 
[...] a missão fundamental da educação consiste em 
ajudar cada indivíduo a desenvolver todo o seu 
potencial e a tornar-se um ser humano completo, e 
não um mero instrumento da economia; a aquisição 
de conhecimentos e competências deve ser 
acompanhada pela educação do caráter, a abertura 
cultural e o despertar da responsabilidade social 
(Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino 
Médio). 
 
 
 
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
(LDB) vem conferir uma nova identidade ao ensino médio, 
conferindo caráter de norma legal à condição deste 
segmento educacional, segundo o art. 21 (já citado neste 
texto), como parte da educação básica. 
A Constituição Federal de 1988 já prenunciava 
essa concepção quando no art. 208 garantia como dever do 
Estado “a progressiva extensão da obrigatoriedade e 
gratuidade ao ensino médio”. A Constituição, portanto, 
confere a esse nível de ensino o estatuto de direito de todo 
cidadão. 
É importante pontuar que o ensino médio não é 
uma modalidade da educação obrigatória para as pessoas, 
mas sua oferta é dever do Estado, numa perspectiva de 
acesso para todos aqueles que desejarem estudar. 
Isso significa que o ensino médio integra a etapa 
do processo educacional que a Nação considera básica para 
o exercício da cidadania, base para o acesso às atividades 
produtivas, além de proporcionar o prosseguimento dos 
 
 30 
níveis mais elevados e complexos de educação, portanto 
promover o desenvolvimento pessoal do educando, assim 
como a sua interação com a sociedade e sua plena inserção 
no mundo. 
 Enfim, o ensino médio tem como função 
primordial “desenvolver o educando, assegurar-lhe a 
formação comum indispensável para o exercício da 
cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e 
em estudos posteriores” (art. 22 – LDB). 
É importante ressaltar, ainda, que o ensino médio 
deve ser planejado em consonância com as características 
sociais, culturais e cognitivas da pessoa humana, como os 
adolescentes, jovens e adultos, sujeitos e referenciais dessa 
última etapa da educação básica, cada um desses grupos 
com suas identidades culturais, seus sentimentos, seus 
olhares, enfim, com suas singularidades. Assim, conforme o 
texto abaixo: 
 
[...] É importante salientar que o processo pedagógico 
deverá ser pensado em todo sistema de ensino a 
partir da realidade de suas instituições escolares, com 
a centralidade na pessoa, como sujeito do processo 
de construção do conhecimento cientifico, tecnológico 
e cultural, inserida em determinado cenário sócio-
histórico. Não é, portanto, um processo isolado da 
prática social da qual fazem parte a escola e seus 
atores. 
 
 
 
A história da política pública para o 
desenvolvimento do ensino médio no Brasil tem sido 
pautada por ações focadas e / ou de caráter compensatório, 
como no caso do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM 
- que se distancia da proposta de uma avaliação permanente 
e cumulativa, como propõe o art. 24 da LDB. Para o 
estabelecimento de uma política pública estrutural, é 
necessário superar as dificuldades com que esse nível de 
 
 31 
ensino convive, de modo a definir a sua identidade, 
aprimorar-lhe a qualidade e ampliar as possibilidades de 
acesso e de permanência do estudante na escola [...] 
(PEREIRA; TEIXEIRA 2008, p. 112). 
Para saber mais sobre o Exame Nacional do 
Ensino Médio, consulte o site: http// www.enem.inep.gov.br 
Dando um fechamento para esta 1ª unidade e, 
como forma de exercitar, ampliar e consolidar seu processo 
de aprendizagem gostaria de destacar, a seguir, um 
pequeno trecho retirado da apresentação da revista do 
Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos, nº 5º, 
dezembro/2006, que ressalta, sobretudo, o dever do Estado 
para com a educação de qualidade como direito essencial 
do ser humano: 
 
[...] O Estado brasileiro tem como princípio a 
afirmação dos direitos humanos como universais, 
indivisíveis e interdependentes e, para sua efetivação, 
todas as políticas públicas devem considerá-lo na 
perspectiva da construção de uma sociedade 
baseada na promoção da igualdade de oportunidades 
e da equidade, no respeito à diversidade e na 
consolidação de uma cultura democrática e cidadã. 
 
 
 
Nessa direção, o governo brasileiro tem o 
compromisso maior de promover uma educação de 
qualidade para todos, entendida como direito humano 
essencial. Assim, a universalização do ensino fundamental, 
a ampliação da educação infantil, do ensino médio, da 
educação superior e a melhoria da qualidade em todos 
esses níveis e nas diversas modalidades de ensino são 
tarefas prioritárias. 
Além disso, é dever dos governos democráticos 
garantir a educação de pessoas com necessidades 
especiais, a profissionalização de jovens e adultos, a 
 
 32 
erradicação do analfabetismo e a valorização dos(as) 
educadores(as), da educação, da qualidade da formação 
inicial e continuada, tendo como eixos estruturantes o 
conhecimento e a consolidação dos direitos humanos.[...]. 
 
Atividades avaliativas: 
Após a leitura do texto anterior, reflita e 
desenvolva as questões que seguem: 
1 Escreva, em dois parágrafos, suas considerações sobre o 
conteúdo do texto. 
2 Será que as políticas públicas têm considerado 
efetivamente a educação como um direito essencial do ser 
humano? De forma consistente justifique sua resposta. 
 Questão para ser discutida no Fórum: 
 Leia com atenção o texto abaixo e, a partir da leitura, 
responda: Será que a educação, da forma que se 
concretiza em nossas escolas, cumpre com a missão 
fundamental que lhe é atribuída? 
[...] a missão fundamental da educação consiste em 
ajudar cada indivíduo a desenvolver todo o seu 
potencial e a tornar-se um ser humano completo,e 
não um mero instrumento da economia; a aquisição 
de conhecimentos e competências deve ser 
acompanhada pela educação do caráter, a abertura 
cultural e o despertar da responsabilidade social 
(Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino 
Médio). 
 
Socialize seus comentários com seu professor à 
distância e com os seus colegas de curso, 
depositando-os no fórum. 
 
 
 
 33 
REFERÊNCIAS 
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, 1988. 
BRASIL, Lei Federal nº 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional – LDB. Brasília, http://portal.mec.gov.br. 
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação 
Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: 
ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999. 
BRASIL, MEC. CNE. CEB. Parecer nº 15. Brasília, 1998. 
BRASIL, MEC. SEF. Parâmetros Curriculares para o Ensino 
Fundamental. Brasília, 1998. 
BRASIL. MEC. INEP. Exame Nacional do Ensino Médio. 
Brasília, 1998. 
BRZEZINSKI, Iria. (Org.). LDB dez anos depois: 
reinterpretação sob diversos olhares. São Paulo: Cortez, 2008. 
BRZEZINSKI, Iria. (Org.). LDB interpretada: diversos olhares 
se entrecruzam. São Paulo: Cortez, 1997. 
FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e sociedade. São Paulo: 
Moraes, 1986. 
LIBÂNIO, J. Carlos; OLIVEIRA, J. F. de; TOSCHI, M. S. 
Educação escolar: políticas, estruturas e organização. São 
Paulo: Cortez, 2007. 
PEREIRA, Eva Waisros; TEIXEIRA, Zuleide Araújo. 
Reexaminando a educação básica na LDB: o que permanece e 
o que muda. In: BRZEZINSKI, Iria (Org.). LDB dez anos 
depois: reinterpretação sob diversos olhares. São Paulo: 
Cortez, 2008 
RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da educação 
brasileira: a organização escolar. São Paulo: Cortez, 1988. 
SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites 
e perspectivas. Campinas, SP: Autores Associados, 2003. 
TRAGTENBERG, M. Memorial. In: Revista Educação & 
Sociedade, 65, dezembro de 1998, Campinas – SP. 
 
 34 
 
 
 35 
 
UNIDADE 02 – ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ESCOLA: A 
CONSTRUÇÃO COLETIVA DO AMBIENTE DE TRABALHO 
2.1 A escola: contexto de aprendizagem da profissão............. 41 
2.2 A organização e a gestão da escola: mediação e busca 
de objetivos............................................................................... 
 
45 
2.3 Organização e gestão escolar: alguns conceitos básicos 
e outros elementos................................................................... 
 
46 
2.4 Gestão participativa: meio de assegurar a 
democratização da escola........................................................ 
 
51 
2.5 Gestão escolar participativa: princípios e características 56 
2.6 Autonomia da escola e da comunidade educativa........... 57 
2.7 Relação orgânica entre direção e participação dos 
membros da equipe escolar..................................................... 
 
58 
2.8 Envolvimento da comunidade no processo escolar.......... 59 
2.9 Planejamento das atividades.............................................. 59 
2.10 Formação continuada para o desenvolvimento pessoal 
e profissional dos integrantes da comunidade escolar............ 
 
59 
2.11 Utilização de informações concretas com ampla 
democratização........................................................................ 
 
60 
2.12 Relações humanas produtivas e criativas focadas na 
busca de objetivos comuns ..................................................... 
 
61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
UNIDADE 2 – ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ESCOLA: A 
CONSTRUÇÃO COLETIVA DO AMBIENTE DE 
TRABALHO 
As instituições sociais existem para realizar 
objetivos. 
Os objetivos da instituição escolar contemplam a 
aprendizagem escolar, a formação da cidadania e a 
de valores e atitudes. O sistema de organização e de 
gestão da escola é o conjunto de ações, recursos, 
meios e procedimentos que propiciam as condições 
para alcançar esses objetivos (LIBÂNEO, 2001). 
 
 
Trabalhamos na unidade anterior a criação e o 
desenvolvimento das políticas educacionais. Neste 
momento, a proposta é abordar a organização e a gestão da 
escola como unidade básica do sistema escolar, na 
perspectiva da construção coletiva do ambiente de trabalho. 
Para trabalhar esta proposta, estamos nos fundamentando 
em alguns olhares, tais como: Libâneo; Oliveira; Toschi 
(2007), Paro (2001), Oliveira; Rosar (2008) e outros. 
Entendemos que o exercício da profissão ganha 
mais qualidade se o professor conhece bem o 
funcionamento do sistema escolar, ou seja, as políticas 
educacionais, as diretrizes legais, as relações entre escola e 
sociedade e, ainda, o funcionamento da escola como lócus 
do trabalho docente. 
Vale ressaltar a importância de que os 
profissionais da educação detenham o conhecimento sobre 
a organização interna da escola, suas formas de gestão, 
currículo, métodos de ensino, relacionamento professor-
aluno, enfim, que a compreensão da estrutura 
organizacional e dos procedimentos da gestão da escola 
seja construída conjuntamente por todos aqueles que atuam 
 
 37 
na escola como, professores, diretores, coordenadores, 
funcionários e alunos. 
Dessa forma, fica mais fácil identificar as 
necessidades e problemas na própria situação 
de trabalho e, logicamente, buscar 
coletivamente soluções e práticas inovadoras, 
objetivando melhorar as condições de 
aprendizagem dos alunos. Como é sugerido 
neste texto por Libâneo; Oliveira; Toschi (2007, 
p. 289-290). 
 
 
[...] Os professores têm varias responsabilidades 
profissionais: conhecer bem a matéria, saber ensiná-la, ligar 
o ensino à realidade do aluno e a seu contexto social, ter 
uma prática de investigação sobre seu próprio trabalho. Há, 
todavia, outra importante tarefa, nem sempre valorizada: a 
de participar de forma consciente e eficaz nas práticas de 
organização e de gestão da escola. [...]. 
Mas o que vem a ser a organização e a gestão da 
escola? 
A organização e a gestão da escola, segundo 
Libâneo; Oliveira; Toschi, referem-se ao conjunto de normas, 
diretrizes, estrutura organizacional, ações e procedimentos 
que asseguram a racionalização do uso de recursos 
humanos, materiais, financeiros e intelectuais assim como a 
coordenação e o acompanhamento do trabalho das pessoas 
(2007, p.293). 
Para uma melhor compreensão deste conceito, 
faz-se necessária a formulação de duas questões básicas: o 
que entendemos por racionalização do uso dos recursos na 
realidade escolar? E qual é o nosso entendimento de 
coordenação e acompanhamento? 
A racionalização do uso dos recursos na realidade 
escolar trata-se da utilização acertada de meios e recursos 
compatíveis que venham assegurar a melhor realização dos 
 
 38 
objetivos propostos pela escola que são o ensino e a 
aprendizagem dos alunos. 
Por coordenação e acompanhamento, 
entendemos que são as ações e os procedimentos 
destinados a articular e a integrar as atividades das pessoas 
que trabalham na escola, objetivando resultados que 
atendam às reais necessidades do projeto pedagógico da 
escola. 
Para a efetivação dessas duas características que 
fazem parte da estrutura organizacional de uma instituição 
(no nosso caso, a escola), as funções específicas de 
planejar, organizar, dirigir e avaliar devem ser um processo 
continuo nas ações do trabalho docente. 
Conforme Libâneo; Oliveira; Toschi (2007), as 
formas de organização e de gestão de uma empresa são 
sempre meios, nunca fins. Portanto, são categorias com 
significados diferentes. Os meios existem para se 
alcançarem determinados fins e não o contrário. 
A organização e gestão da escola devem 
corresponder à necessidade de a instituição escolar dispor 
das condições e dos meios para a realização de seus 
objetivos específicos. Portanto, a organização e gestão da 
escola, de acordo com os autores acima citados (2007, p. 
294), visam consequentemente: 
 
1. Proveras condições, os meios e todos os recursos 
necessários ao ótimo funcionamento da escola e do 
trabalho em sala de aula; 
2. Promover o envolvimento das pessoas no trabalho por 
meio da participação, e fazer a avaliação e o 
acompanhamento dessa participação; 
 
 39 
3. Garantir a realização da aprendizagem para todos os 
alunos. 
 
No momento atual, existe uma gama de estudos 
sobre o sistema escolar e sobre as políticas educacionais 
focados na escola como unidade básica e como espaço de 
realização das metas do sistema escolar. Observamos que a 
ideia de ter as escolas como referência para a formulação e 
gestão das políticas educacionais não é um pensamento 
novo na história da educação brasileira, mas essa 
preocupação vem adquirindo importância crescente no 
planejamento das reformas educacionais exigidas pelas 
recentes transformações do mundo contemporâneo. 
Por essa consideração, as propostas curriculares, 
as leis e as resoluções referem-se atualmente a práticas 
organizacionais como autonomia, descentralização, projeto-
pedagógico-curricular, gestão centrada na escola e 
avaliação institucional. 
Conforme Libâneo; Oliveira; Toschi (2007), 
existem pelo menos duas maneiras pertinentes de ver a 
gestão educacional centrada na escola: na perspectiva 
neoliberal, que reduz as responsabilidades do Estado, 
deixando-as ao encargo das comunidades e das escolas, e 
a perspectiva sociocrítica, que valoriza as ações concretas 
dos profissionais na escola, considerando que essas ações 
sejam decorrentes de suas iniciativas, de seus interesses e 
de suas interações. Sem com isso desobrigar o Estado de 
suas responsabilidades com o interesse público dos serviços 
educacionais prestados à sociedade. 
Na perspectiva sociocrítica, a escola e sua 
maneira de organização constituem um ambiente educativo. 
Verdadeiramente, um espaço de formação e de 
 
 40 
aprendizagem, um espaço em que os profissionais podem 
decidir sobre seu trabalho e aprender sobre sua profissão. 
Nesse espaço educativo, acreditamos que não são somente 
os professores que educam, mas todos os sujeitos que 
atuam na escola, desenvolvendo as mais variadas funções, 
portanto, devem desenvolvê-las com atitudes educativas. 
Pensando assim, Libâneo; Oliveira e Toschi (2007, p. 294) 
pontuam: 
 
1. A escola é uma organização em que tanto seus 
objetivos e resultados quanto seus processos e meios 
são relacionados com a formação humana, ganhando 
relevância, portanto, o fortalecimento das relações 
sociais, culturais e afetivas que nela têm lugar; 
 
2. As instituições escolares, por prevalecer nelas o 
elemento humano, precisam ser democraticamente 
administradas, de modo que todos os seus interesses 
canalizem esforços para a realização de objetivos 
educacionais, se acentuando a necessidade da gestão 
participativa e da gestão da participação. 
 
O trecho acima citado ratifica que todas as ações 
e ocorrências de uma escola têm caráter eminentemente 
pedagógico. As escolas são, portanto, ambientes formativos, 
suas práticas de organização e de gestão também educam, 
porque podem criar ou transformar os modos de agir e 
pensar das pessoas. 
Nessa relação de reciprocidade, a organização 
escolar também aprende com as pessoas, no decorrer da 
execução do trabalho educativo. Ou seja, nesse processo 
recíproco e constante do fazer pedagógico, dentro da 
 
 41 
escola, as pessoas mudam com as práticas organizativas e 
as escolas mudam na convivência humanizada com as 
pessoas. Assim, Amiguinho e Canário (1994, p. 34) 
assinalam: “Os indivíduos e os grupos mudam mudando o 
próprio contexto em que trabalham”. 
 
2.1 A escola: contexto de aprendizagem da profissão. 
A escola é o local do trabalho docente, e a 
organização escolar é o espaço de aprendizagem da 
profissão. A escola é o lugar onde o professor põe em 
prática suas concepções, suas convicções, seu 
conhecimento da realidade, suas competências pessoais e 
profissionais; e o ambiente escolar é o lócus de trocas de 
experiências e de aprendizagem do professor, dos alunos e 
de todas as pessoas envolvidas no processo educativo. 
Compreendemos, no entanto, que, na maior parte 
das vezes, a realidade das escolas contribua para o 
isolamento do professor. É necessário, entretanto, que o 
professor crie condições para reverter essa situação de 
isolamento, entendendo que sua responsabilidade não 
apenas começa e termina na sala de aula. 
A mudança dessa situação é um desafio na 
profissão e pode ocorrer pela adoção de práticas 
participativas em que os professores aprendam nas 
situações de trabalho, compartilhando com os colegas 
conhecimentos, metodologias, experiências e dificuldades. 
Os professores precisam entender que a adoção 
de práticas participativas dentro do ambiente escolar é o 
modo de funcionamento da organização e da gestão que 
considera a escola uma comunidade de aprendizagem, ou 
seja, uma comunidade democrática, aberta, de 
 
 42 
aprendizagem, de ação, de reflexão e afetividade. Uma 
comunidade, enfim, de relações saudáveis, onde existem 
trocas de conhecimentos e de experiências entre todos os 
sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. 
Para reforçar este pensamento, veja o teor do texto abaixo: 
Toda aprendizagem relevante é um processo de 
diálogo com a realidade natural e social, o qual supõe 
participação, interação, debate, trocas de significados 
e representações e envolve professores e alunos e 
alunos entre si. Neste sentido, a sala de aula é um 
lugar de construção, de reconstrução e de 
compartilhamento de culturas (PÉREZ GOMES, 
2000). 
 
 
A organização escolar também é um espaço de 
compartilhamento de significados, de conhecimento e de 
ações entre as pessoas. Desde que esta organização 
escolar seja compreendida como comunidade democrática 
de aprendizagem que transforma a escola em lugar de 
compartilhamento de valores e de práticas inovadoras e de 
reflexões conjuntas. 
Se considerarmos que tanto a escola quanto a 
sala de aula são comunidades de aprendizagem, podemos 
refletir que valores e práticas compartilhados no âmbito da 
organização escolar exercem efeitos diretos na sala de aula 
e o que ocorre na sala de aula tem efeitos na organização 
escolar, na comunidade e na sociedade como um todo. 
Assim, compreendemos que a adoção da gestão 
participativa no ambiente escolar contribui efetivamente para 
o compartilhamento de significados e de culturas de vida 
repercutindo em todas as esferas da vida social. 
Contudo, vale ressaltar que a ideia de que todos 
devem estar envolvidos com os objetivos e os processos da 
gestão escolar não invalida assinalar que, para as escolas 
estarem a serviço dos objetivos de aprendizagem, é 
 
 43 
importante a definição e a clareza de funções e papéis 
diferenciados para pedagogos, docentes, funcionários e 
estudantes. 
Como já foi explicitado anteriormente, o grande 
objetivo da escola é a aprendizagem dos alunos. E a 
organização escolar é um dos pressupostos responsáveis 
pela melhoria da qualidade dessa aprendizagem. Para 
melhor entendimento das funções e das competências dos 
professores na organização e na gestão escolar, leia o texto 
que segue: 
[...] o grande objetivo das escolas é a 
aprendizagem dos alunos, e a organização escolar 
necessária é a que leva a melhorar a qualidade dessa 
aprendizagem. Portanto, o trabalho na sala de aula é a 
razão se ser da organização e da gestão. No entanto, como 
temos demonstrado, os professores são também 
responsáveis pelas formas de organização e de gestão. Ou 
seja, as salas de aula fazem parte de um todo maior que é a 
escola, de modo que tudo aí está muito articulado, em uma 
relação de dependência recíproca. Podem-se citar alguns 
exemplos: 
a) a direção precisa prover as condições para que 
a administração e as salas de aula realizem seu 
trabalho; 
b) o que osalunos aprendem em uma série 
influenciará sua aprendizagem na série seguinte; 
c) as normas disciplinares não podem valer 
apenas para uma classe, mas são necessárias 
normas comuns para toda a escola; 
d) os professores não podem ter diferentes 
condutas para controlar a disciplina, para tomar 
 
 44 
decisões de ordem moral ou para desenvolver 
práticas de cidadania. Os objetivos de formação 
devem ser definidos cooperativamente, havendo 
necessidade de certo consenso acerca de 
princípios e de práticas de cunho moral. 
Vê-se que os professores precisam fazer sua 
parte, de modo que contribuam para o funcionamento da 
escola. Cabe-lhes entender que trabalham em parceria com 
seus colegas, que participam de um sistema de organização 
e de gestão, que há necessidade de definir práticas comuns 
com relação aos alunos, à conduta docente na sala de aula, 
às formas de relacionamento com alunos, funcionários e 
pais. 
O exercício profissional do professor compreende, 
ao menos, três atribuições: a docência, a atuação na 
organização e na gestão da escola e a produção de 
conhecimento pedagógico. 
Como docente, necessita de preparo profissional 
especifico para ensinar conteúdos, dar acompanhamento 
individual aos alunos e proceder à avaliação da 
aprendizagem, gerir a sala de aula, ensinar valores, atitudes 
e normas de convivência social e coletiva. Necessita, 
também, desenvolver conhecimentos e pontos de vista 
sobre questões pedagógicas relevantes, como elaboração 
do projeto pedagógico-curricular e de planos de ensino, 
formas de organização curricular, critérios de formação de 
classes, etc. 
[...] Como profissional que produz conhecimento 
sobre seu trabalho, precisa desenvolver competências de 
elaboração e de desenvolvimento de projetos de 
investigação. 
 
 45 
Essas características profissionais formam um 
perfil que, todavia, não se pode tornar uma camisa-de-força, 
porque as pessoas são diferentes, as situações são diversas 
e as ações dos professores nas salas de aula são 
imprevisíveis. Por outro lado, o perfil é útil para que se possa 
planejar a formação profissional inicial e continuada e, 
também, para que as escolas tenham um mínimo de 
expectativas quanto a critérios para acompanhar e avaliar o 
trabalho docente (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2007, p. 
309/310). 
 
2.2 A organização e a gestão da escola: mediação e 
busca de objetivos 
 Em nosso dia-a-dia, administração (ou gestão, 
que será aqui tomada como sinônimo) costuma ser 
associada com chefia ou controle das ações de outros. Isso 
decorre do fato de que, diuturnamente, convivemos com o 
arbítrio e a dominação e quase não nos damos conta disso. 
É compreensível, portanto, que gerir, administrar, seja 
confundido com mandar, chefiar (PARO, 2001, p. 94). 
Conforme Paro (2001), se sairmos das 
concepções cotidianas e nos aprofundarmos na análise do 
real, perceberemos que a função da administração ou 
gestão é essencialmente mediar a busca de objetivos. 
Administrar, gerir, será assim, como já foi definido 
anteriormente, a utilização racional de recursos para a 
realização de determinados fins. 
Vale frisar que a organização escolar tem 
características muito diferentes das empresas industriais, 
comerciais e de serviços. Considerando que a organização 
escolar tem peculiaridades e objetivos próprios de uma 
 
 46 
organização ou instituição que se dirige para a educação e a 
formação de pessoas. Assim, seu processo de trabalho tem 
uma natureza eminentemente interativa, com forte presença 
das relações interpessoais. Além disso, os resultados do 
processo educativo são de natureza muito mais qualitativa 
que quantitativa e os alunos são, ao mesmo tempo, usuários 
de um serviço e membros da organização escolar. 
A organização escolar, portanto, se diferencia de 
qualquer outra instituição convencional, pois a instituição 
escolar apresenta características muito peculiares de 
conceber as práticas de organização e de gestão revestidas 
essencialmente de caráter pedagógico. 
 Neste momento do estudo, sentimos, ainda, a 
necessidade de explicitar de forma mais clara alguns 
conceitos básicos e outros elementos que constituem os 
processos organizacionais no enfoque das instituições 
educativas. 
 
2.3 Organização e gestão escolar: alguns conceitos 
básicos e outros elementos 
Trabalhar a gestão e a organização escolar é 
trabalhar as formas de organizar, estruturar e administrar o 
ambiente escolar. Organizar significa dispor de forma 
ordenada as ações, as práticas e promover as condições 
necessárias para realizá-las. Dessa forma, falar de 
organização escolar implica falar dos princípios e 
procedimentos relacionados à ação de planejar o trabalho da 
escola, racionalizar o uso dos recursos materiais, 
financeiros, intelectuais, e coordenar e avaliar o trabalho das 
pessoas, objetivando resultados satisfatórios. 
 
 47 
Chiavenato pontua dois significados de 
organização: unidade social e função administrativa e 
acrescenta: 
As organizações são unidades sociais (e, portanto, 
constituídas de pessoas que trabalham juntas) que 
existem para alcançar determinados objetivos. Os 
objetivos podem ser o lucro, as transações 
comerciais,o ensino, a prestação de serviços 
públicos, a caridade, o lazer, etc. nossas vidas estão 
intimamente ligadas às organizações, porque tudo o 
que fazemos é feito dentro de organizações 
(CHIAVENATO, 1989, p. 189). 
 
 
Consideramos que a escola é uma unidade social 
porque no seu interior sobressai a interação entre as 
pessoas na promoção da formação humana. Segundo 
Libâneo; Oliveira; Toschi (2007, p. 316), “[...] a instituição 
escolar caracteriza-se por ser um sistema de relações 
humanas e sociais com fortes características interativas, que 
a diferenciam das empresas convencionais”. 
Assim, a escola é uma unidade social que reúne 
pessoas trabalhando juntas, pessoas que interagem entre si, 
trabalhando por meio de estruturas e de processos 
organizativos próprios, a fim de alcançar objetivos 
educacionais. 
Os processos organizacionais, também 
mencionados como funções, são: o planejamento, a 
estrutura organizacional, a direção e a avaliação. Essas 
funções estão presentes no fazer docente, tanto nos 
aspectos pedagógicos, considerados de atividades-fim, 
quanto aos técnico-administrativos, atividades-meio, ambos 
impregnados do caráter educativo, próprio das instituições 
de ensino. A ação desses processos de chegar a uma 
decisão, ou seja, de operacionalizar o fazer docente, 
caracteriza a ação designada como gestão. 
 
 48 
A gestão é, portanto, a atividade pela qual são 
mobilizados meios e procedimentos para atingir os objetivos 
da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos 
gerenciais e técnico-administrativos. Há várias concepções e 
modalidades de gestão que pontuaremos a seguir. 
 
As concepções de organização e de gestão escolar 
Já pontuamos, em momento anterior, que a 
organização escolar e os processos de gestão são vistos de 
diferentes maneiras, conforme, logicamente, a concepção 
que se tenha da educação, da sociedade, das finalidades 
sociais, políticas e culturais, enfim, da concepção que se 
tenha da formação das pessoas. 
Libâneo (2001) classifica a gestão escolar em 
duas concepções com enfoques bem diferenciados. A 
concepção técnico-científica e a concepção sociocrítica. A 
concepção técnico-científica representa uma visão 
burocrática e tecnicista da escola. Com esse olhar técnico-
científico, a direção é centralizada em uma pessoa, as 
decisões são tomadas de forma vertical, ou seja, de cima 
para baixo. As escolas que funcionam com este modelo de 
gestão dão muito valor às hierarquias de funções, à 
centralização das decisões, a um plano de ação feito de 
cima para baixo. Essa abordagem de gestão valoriza o 
poder e a autoridade, exercidos de forma inilateral. 
Segundo Libâneo (2001, p.187), este é o modelo 
mais comum de organização escolar que encontramos na 
realidade educacional brasileira, embora já existam 
experiências bem-sucedidas de adoção de modelos 
alternativos em uma perspectiva progressista. 
 
 49 
Na concepção sociocrítica, a organização escolar 
é concebida como um sistema que agrega pessoas, como 
um sistema de interações sociais, onde as pessoas 
trabalham e decidem juntas. A organização escolar não é 
algo objetivo, separado dos sujeitos, mas uma construção 
social efetivada pelos professores, pelos alunos, pelos pais e 
pela comunidade. Assim, o processo de tomada de decisões 
dá-se coletivamente, possibilitando aos membros do grupo 
discutir e deliberar, em uma relação de colaboração. 
A abordagem sociocrítica da escola desdobra-se 
em diferentes formas de gestão democrática, como a 
autogestionária, a interpretativa e a democrático-
participativa. Essas diferentes formas de organização têm, 
em comum, uma visão de gestão que se opõe a formas de 
dominação e de subordinação das pessoas. Elas 
consideram importante o contexto social e político, a 
construção de relações sociais mais humanas e justas e a 
valorização do trabalho coletivo e participativo. 
A proposta neste estudo é acentuar com mais 
ênfase a concepção democrático-participativa – que ressalta 
a importância da busca de objetivos comuns assumidos por 
todos. Esta concepção tem como base a relação orgânica 
entre a direção e a participação dos membros da equipe. Ela 
enfatiza a importância das relações humanas no trabalho 
docente e a participação nas decisões tomadas para 
alcançar com êxito os objetivos da escola. 
A gestão democrático-participativa faz parte de um 
processo coletivo de ações, cujo requisito principal é a 
participação efetiva de todos no exercício do trabalho 
educativo e administrativo desenvolvido na esfera escolar. 
Ainda, é importante pontuar que a democracia não é uma 
situação, ou um produto acabado, mas deve ser vista como 
 
 50 
um processo em permanente construção. Assim, a gestão 
democrático-participativa é uma construção de todos os 
atores envolvidos no processo educativo. 
Entendemos, portanto, que a democracia não se 
dá de forma espontânea, precisando, em vez disso, ser 
construída e exercitada pela prática política, também precisa 
ter seus valores intencionalmente apropriados pela 
educação, visto que ninguém nasce democrata ou com os 
requisitos culturais necessários para o exercício da 
democracia. Daí a importância da escola ter, entre os 
objetivos da educação, a formação para a democracia. 
 Enfim, a abordagem democrático-participativa 
valoriza os elementos constituintes do processo 
organizacional: o planejamento, a organização, a direção e a 
avaliação. Prevendo que não basta a tomada de decisões, 
mas é preciso que elas sejam postas em prática para prover 
as melhores condições de viabilização do processo de 
ensino/aprendizagem. A gestão participativa, além de ser a 
forma de exercício democrático da gestão, é um direito de 
cidadania, portanto implica deveres e responsabilidades. 
A figura a seguir é um recorte de Libâneo; Oliveira; 
Toschi (2007, p. 327) e facilita compreender melhor a 
distinção das características de organização e gestão 
escolar dentro das concepções técnico-científica e 
democrático-participativa. 
 
 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 Gestão participativa: meio de assegurar a 
democratização da escola 
A participação é o principal meio de assegurar a 
gestão democrática da escola. É o principal meio de 
possibilitar o envolvimento de todos os sujeitos que fazem 
parte do ambiente de aprendizagem no processo de tomada 
de decisões e no funcionamento da organização escolar. 
A ação dos educadores deve ter como alicerce 
objetivos voltados para a transformação social, tornando a 
escola um ambiente capaz de promover a apropriação do 
CONCEPÇÕES DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR 
 
 52 
saber para a instrumentalização cientifica e cultural da 
população. Agindo assim é possível não só resistir às formas 
conservadoras de organização e gestão escolar, como 
também adotar formas alternativas e criativas que 
contribuam para uma escola democrática a serviço da 
formação de cidadãos críticos e participativos e da 
transformação das relações sociais presentes. 
A prática participativa proporciona melhor 
conhecimento dos objetivos e das metas da escola, de sua 
estrutura organizacional e de sua dinâmica de 
funcionamento; enfim, proporciona melhor conhecimento de 
suas relações e interrelações internas e externas, e propicia 
um clima de trabalho favorável à maior aproximação entre 
professores, alunos e pais. 
O conceito de participação fundamenta-se no 
princípio da autonomia que, para Libâneo (1989), significa a 
capacidade das pessoas e dos grupos para a livre 
determinação de si próprio, isto é, para a condução da 
própria vida. 
A participação, portanto, significa a intervenção 
dos profissionais da educação e dos usuários, no caso, 
alunos e pais, na gestão da escola. A participação da 
comunidade também é importante no processo de 
democratização da escola. Com a participação da 
comunidade, a escola deixa de ser um lugar fechado e 
separado da realidade e passa a conquistar o status de 
comunidade educativa, interagindo com a sociedade civil. 
A participação da comunidade, portanto, possibilita 
à população o conhecimento e a avaliação dos serviços 
oferecidos pela instituição escolar. A verdade é que a 
participação de todas as pessoas interessadas no processo 
educativo de sua escola, de sua comunidade e de sua 
 
 53 
sociedade influi na democratização da gestão e na melhoria 
da qualidade de ensino. Conforme expressa Gadotti: 
Todos os segmentos da comunidade podem 
compreender melhor o funcionamento da escola, 
conhecer com mais profundidade os que nela 
estudam e trabalham, intensificar seu envolvimento 
com ela e, assim, acompanhar melhor a educação ali 
oferecida (GADOTTI, 1997, p. 16). 
 
 
É importante ressaltar que o princípio participativo 
não é o único responsável por assegurar a qualidade de 
ensino na escola. A participação é apenas um meio de 
alcançar melhor e mais democraticamente os objetivos da 
escola, ou seja, a qualidade dos processos de ensino e 
aprendizagem. 
Vários outros fatores contribuem para alcançar os 
objetivos da escola enquanto unidade básica do sistema 
escolar: a escola como ponto de encontro entre as políticas 
e as diretrizes do sistema e o trabalho direto na sala de aula. 
Isso que dizer que os meios necessários para garantir a 
qualidade do processo educativo são tantos, mas vale 
destacar, conforme Ferreira e Aguiar (2008, p. 167), alguns 
meios que, particularmente, consideramos fundamentais: 
a) professores em quantidade suficiente para 
atender a toda a demanda; 
b) política de valorização do magistério; 
c) professores com formação técnica adequada e 
politicamente conscientes de seu importante 
papel social; 
d) pessoal de suporte pedagógico e de apoio 
administrativo em quantidade e qualidade 
suficientes; 
e) materiais pedagógicos e equipamentos 
auxiliares necessários ao trabalho docente; 
 
 54 
f) prédios, salas e espaços educativos em 
condições satisfatórias (ventilação, iluminação, 
tamanho, mobiliário); 
g) recursos financeiros necessários para a 
manutenção e desenvolvimento do ensino – 
administrados de forma democrática . 
 
A direção como princípio da gestão democrática 
A direção da escola, além das funções do 
processo organizacional, tem também a função social e 
pedagógica. As ações do dirigente de uma escola não 
podem ser desvinculadas da face fundamental do trabalho 
escolar: a formação humana. 
A função do diretor, ou da equipe gestora, é a de 
coordenar o trabalho geral da escola, lidando com os 
conflitos decorrentes especialmente das relações de poder, 
mas,

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