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PET 2- ESTAG SUPERV ADV CRIMINAL

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Unidade Barreiro
MARIA EDUARDA DE SOUZA SOARES NATHÁLIA ELEN DA SILVA GODINHO
RELAXAMENTO DE PRISÃO ILEGAL
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - PRÁTICA SIMULADA (ADVOCACIA CRIMINAL)
Belo Horizonte 2022
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE- MG.
PEDIDO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO ILEGAL
Jose Liberato Campos, brasileiro, divorciado, portador do R.G. n° 15082022 SSP/MG, filho de João Campos Souza e Janila Bernardo Campos, residente e domiciliado na Rua Dona Flor n° 2525 no bairro São José, nesta cidade de Belo Horizonte, através de suas advogadas, apresentar PEDIDO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO, com fundamento no artigo 5º, incisos LXII, LXIII, LXIV e LXV, da CF/88 c/c artigos 302 e 306, caput,  § 1º, do Codigo de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos que passa a expor.
I – DOS FATOS:
O requerente, no dia 08/07/2022, foi preso em flagrante em virtude de uma suposta ocorrência de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, sem que fosse detalhado à polícia as características do suposto agente e da subatância que estaria vendendo, chegando no local a polícia encontrou a única pessoa que estava no local, o requerente, e sem quaisquer esclarecimentos a guarnição policial efetuou busca pessoal e afirmaram ter encontardo consigo uma suposta quantidade de substância esbranquiçada semelhante à cocaína.
Em seguida, o requerente foi recolhido à carceragem, onde foi lavrado o auto de prisão em flagrante, porém a substância encontarda com o requerente não foi submetida a exame toxicológico, não sendo lavrado, com isso, o consequente laudo de constatação de substância entorpecente. Ademais, passados 3 (três) dias após a prisão, o Auto de Prisão em Flagrante não foi encaminhado à autoridade judiciária, ao Ministério Público e sequer à Defensoria Pública.
Ante o exposto, verifica-se que a custódia do requerente não deve ser mantida, pelo que o relaxamento de sua prisão é medida de rigor, conforme adiante se demostrará.
II – DO DIREITO
DA INEXISTÊNCIA DE FLAGRANTE DELITO
Preceitua o art. 302 do Código de Processo Penal, verbis:
“Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração”.
Conforme consta do auto de prisão em flagrante, o requerente foi preso por supostamente ter sido encontrado consigo uma suposta quantidade de substância esbranquiçada semelhante à cocaína.
Dessa forma, conclui-se que o requerente não cometeu qualquer infração penal, tampouco foi flagrado após acabar de cometer alguma, tendo em vista que fora encontrado apenas uma suposta substância esbranquiçada semelhante à cocaína, de forma que sua condutada não se amolda ao preceito contido no art. 302, incisos I e II, do CPP.
Ademais, não houve perseguição ao requerente, tampouco fora encontrado com instrumentos, objetos ou papéis que fizessem presumir ser ele autor da infração penal, tendo em vista que com o mesmo fora encontrado apenas uma suposta substância semelhante à cocaína e a mesma não foi submetida a exame toxicológico, de forma que sua condutada não se amolda ao preceito contido no art. 302, incisos III e IV, do CPP.
Nesse diapasão, considerando-se que na hipótese inexiste qualquer espécie de flagrante delito, a prisão do requerente deve ser relaxada por ser eminentemente ilegal, conforme preceitua o art. 5º, inciso LXV, da CF/88, verbis: “Art. 5º [...] LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”.
DAS ILEGALIDADES FORMAIS DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
Preceitua o art. 306, caput, do Código de Processo Penal, verbis: “Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”.
Conforme se infere do auto de prisão em flagrante, a autoridade policial não comunicou a prisão do requerente ao juiz competente, tampouco ao Ministério Público, em total desobediência à norma processual, acarretando grave violação à Constituição Federal.
Nesse sentido, assim preceitua o art. 5º, inciso LXII, da CF/88, verbis: “Art. 5º [...] LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”.
Ademais, vale destacar, também, a letra do art. 5º, inciso LXIII, da CF/88, verbis: “Art. 5º [...] LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”.
Com efeito, resta evidente que a autoridade policial violou preceitos legais e constitucionais ao deixar de comunicar a prisão do requerente às autoridades competentes, incorrendo em grave ofensa ao texto constitucional, devendo a prisão do requerente ser relaxada.
Nessa senda, veja-se a letra do art. 306, § 1º, do Código de Processo Penal, verbis: “Art. 306. [...] § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública”.
Portanto, observa-se que a autoridade policial novamente incorreu em ilegalidade na condução do auto de prisão em flagrante, uma vez que deixou de comunicá-la ao juiz competente no prazo legal. Ademais, não há que se falar em mera irregularidade do procedimento, pois o requerente se encontra custodiado ilegalmente há vários dias, o que enseja o relaxamento de sua prisão.
III – DO PEDIDO
Ante o exposto, o requerente pede que seja relaxada sua prisão, por manifesta ilegalidade, nos termos do art. 5º, incisos LXII, LXIII, LXIV e LXV, da CF/88 c/c artigos 302 e 306, caput,  § 1º, do Codigo de Processo Penal, e a consequente expedição de Alvrá de Soltura.
Nestes termos, Pede deferimento.
Belo Horizonte, 15 de agosto de 2022.
Maria Eduarda de Souza Soares
OAB - MG005490
Nathalia Elen da Silva Godinho
OAB – MG006959

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