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ARRITMIAS NA INFANCIA

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1 Lívia Mendes - UNIFTC 
Todo o processo de condução elétrica do coração é iniciado no nó sinotrial (AS – 
número 1 da imagem), no AD, próximo a inserção da VCS, de lá são emitidos, dentro 
do próprio átrio direito, três feixes: 
• Trato anterior internodal: vai do nó SA ao nó atrioventricular (AV). 
• Trato medial internodal: é o do meio. 
• Trato posterior internodal. A partir desses três ramos o impulso elétrico é 
conduzido do átrio direito para os ventrículos, na intersecção dos átrios e 
ventrículos através do nó atrioventricular. 
Observem que saindo para o átrio esquerdo (AE) temos a emissão do feixe de 
Bachmann’s, que faz a condução para o AE. 
A partir do nó AV, tem-se o feixe de His, o qual emite sua porção para o lado 
esquerdo (VE) e direito (VD). Destes dois feixes temos as fibras de Purkinje que vão 
sair conduzindo os impulsos para dentro dos ventrículos, músculos papilares. Sabe-
se que é a partir dessa condução elétrica que temos a representação 
eletrocardiográfica com o QRS, onda p e onda T, representando todo esse processo 
de despolarização das câmaras cardíacas 
4 perguntas devem ser feitas diante de uma disritmia: 
1) Tem pulso? 
2) FC normal, baixa ou elevada para idade? (FC < 60) 
3) QRS largo ou estreito? 
4) Paciente está instável ou estável? 
Ao analisar um ECG: 
✓ Checar se o ritmo é sinusal: onda P precede QRS em D1, D2 e aVF 
✓ Medir intervalo PR – principalmente nas bradiarritmias 
o QRS < 0,09 = Estreito 
o Normal até 0,20 
✓ Intervalo QT > 0,46 = prolongado 
✓ Checar ritmo regular 
 
 
 
2 Lívia Mendes - UNIFTC 
ETIOLOGIA 
 
As etiologias primárias representam a menor parte das bradiarritmias, e geralmente 
se dá por doenças estruturais ou originarias do coração, como anomalias congênitas 
do coração ou cardiopatias adquiridas, como a miocardite. Os bloqueios podem ser 
congênitos, como por exemplo, filhos de mães lúpicas tem mais chance de fazer 
BAV. 
As bradicardias secundarias, a origem está fora do coração. Lembrar da 
hipercalemia (prolongamento do PR + QRS + onda T apiculada) 
Quais sinais de instabilidade? 
Redução do debito urinário, choque, má perfusão, bradipneico, falência 
cardiorrespiratória, sonolência, tontura, fadiga, hipotensão e sincope. 
BRADICARDIA SINUSAL 
✓ Onda P sempre precede QRS, positiva em DII 
✓ Intervalo PR e complexo QRS duração normais 
✓ RR regular 
✓ QRS curto 
 
Causas: Adolescentes e atletas, durante o sono, hipotermia, hipoxia, reflexo vegal, 
distúrbios hidroeletrolíticos, HIC, medicações – MAIS COMUM DAS BRADIS – pode 
ser fisiológica ou patologica 
O importante aqui é tratar a causa, estabilizar o paciente e medidas de suporte → 
ABCDE + oxigenação? + volume? + droga inotrópica se choque cardiogênico 
BAV 1º GRAU 
✓ Todos os impulsos do nó AS são conduzidos (onda P sempre presente) 
✓ Lentificados no NAV ou his-purkinje 
✓ PR aumentado > 0,20 
✓ Lembrar que todo bloqueio é patológico 
 
Causas: Doença estrutural, trauma, aumento tônus vagal, hipotireoidismo, 
miocardiopatia, medicações e infecções 
BAV 2º GRAU 
✓ Prolongamento progressivo do intervalo PR e redução progressiva do RR até 
bloqueio AV (alguns impulsos não são conduzidos para o ventrículo) 
✓ Bloqueio com ritmo de escape juncional e QRS estreito 
✓ Costuma melhorar com atividade e retornar ao repouso 
 
 
 
 
 
 
 
3 Lívia Mendes - UNIFTC 
MOBITZ I – WENCKEBACH 
✓ Ondas P em intervalos regulares, com intervalo PR progressivamente mais 
longo, até não haver condução 
 
Causas: Cardiomiopatias, miocardites, infarto, doença estrutural, digitálicos, PO de 
cirúrgica cardíaca 
MOBITZ II 
✓ P em intervalos regulares, intervalo PR constante, porém algumas ondas P 
não conduzem QRS 
✓ Bloqueio infranodal (abaixo do feixe de His, má condução nos ramos), com 
bloqueio completo de ramo e QRS largo 
✓ O bloqueio é acontece de forma “súbita” 
✓ RR irregular – 1:1 / 2:1 
 
Causas: Incomum em criança, doença inflamatória ou trauma do nó AV 
BAV DE TERCEIRO GRAU – BAVT 
✓ Onda P dissociada do QRS: falha completa na condução AV 
✓ Estímulo NA acontece, mas não é conduzido pelo NAV que assume seu 
ritmo próprio 
✓ Nó AV: ritmo juncional e QRS estreito 
✓ Infranodal: ritmo ventricular e QRS largo 
 
TRATAMENTO: MOV + ABCDE + estabilização clínica + ECG com 12 derivações + 
coletar história (drogas, infecções, doenças de base, cirurgias) 
 
CAUSAS 
 
 
4 Lívia Mendes - UNIFTC 
Tratamento: 
✓ Hipovolemia: Admnistrar volume 
✓ Hipoxia: Oxigenio + suporte de oxigenação e ventilação 
✓ Acidose (BIC <5 ou pH<7,1): Bicarbonato de sódio 1mEq/kg 
✓ Hipoglicemia (HGT<60): Glicose a 25% 2ml/kg quando maior que 6 meses 
✓ Hipotermia: Medidas de reaquecimento 
✓ Hipercalemia: Gluconato de cálcio 30mg/kg 
✓ Pneumotorax hipertensivo: Descompressão por dreno 
✓ Tamponamento: Pericardiocentese 
✓ Toxinas: antidoto especifico – intoxicação por opioide (naloxone) e BZD 
(flumazenil) 
✓ Trombose: Anticoagulação + cirúrgica 
✓ TEP: 
✓ Trauma: Suporte de oxigenação e ventilação 
Quando se pensa em coração, em distúrbios do ritmo, existem 3 eletrólitos 
principais: potássio, cálcio e magnésio (participam da condução elétrica cardíaca). A 
principal repercussão do sódio é a nível de sistema nervoso central (convulsão, 
alteração do nível de consciência, coma). 
Nos pós-operatórios de cirurgias cardíacas, é muito comum o paciente com 
hipomagnesemia fazer disritmia (às vezes é preciso fazer push em dose alta de 
magnésio pra corrigir aquele ritmo). 
O paciente com tamponamento tem algumas manifestações principais, são elas: 
bradicardia, hipofonese de bulhas e hipotensão. Pode apresentar também turgência 
de jugular. 
A criança pra ter infarto, normalmente ou já tem uma doença de base ou tem uma 
doença congênita (anomalia de artéria coronária), que leva a manifestações 
precoces (até no 1º ano de vida). 
ALGORITMO DO TRATAMENTO 
✓ No 2 você vai avaliar se o paciente tem comprometimento 
cardiorrespiratório: Responde e respira? NÃO + FC<60 → Iniciar RCP 
✓ Se RESPONDE E RESPIRA → suporte de ventilação inicial (ABCDE) → 
paciente não melhorou → ADRENALINA 0,01mg/kg + FLUSH (Soro 
fisiológico) – Pode repetir a cada 3 a 5 minutos 
✓ Atropina 0,02mg/kg → se tiver qualquer tipo de bloqueio ou alteração de 
tônus vagal 
o Ex: Fui intubar o paciente e ele bradicardizou, ficou sonolento, 
hipotenso → Oxigenio + ventilação + atropina 
✓ Não respondeu as drogas → MARCAPASSO TRANSCUTANEO OU 
TRANSVENOSO 
✓ Quando for intubar menores de 1 ano na sequência rápida pode fazer 
atropina como prevenção 
 
 
5 Lívia Mendes - UNIFTC 
✓ Frequência cardíaca aumentada para a faixa etária 
✓ Enchimento ventricular inadequado → Fração de ejeção reduz → 
compromete perfusão tissular 
✓ Reduz o débito cardíaco 
✓ Perfusão miocárdica comprometida → isquemia → necrose → 
taquicardiomiopatia 
QUADRO CLÍNICO 
✓ Redução do debito urinário, choque, falência cardiorrespiratória, edema 
pulmonar e comprometimento SNC 
✓ Pulso rápido e fino, dor torácica, palpitação 
CLASSIFICAÇÃO 
 
QRS ESTREITO 
 
 
TAQUICARDIA SINUSAL 
✓ Onda P sempre precede QRS 
✓ Intervalo PR e complexo QRS duração normais 
✓ RR regular 
✓ Progressivamente com algo acontecendo na criança, não acontece de 
forma abrupta 
 
TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR 
✓ O paciente geralmente está bem, e subitamente começa a sentir mal-estar 
✓ Causada por: via acessória atrial, de reentrada nodal ou foco ectópico 
✓ Ausência de onda P 
✓ Mais comuns na infância (após a taquicardia sinusal) 
✓ Início súbito → lactentes com irritabilidade, palidez, vômitos, 
taquidispnéia 
✓ Podem tolerar bem por 24h → após 48h (sinais de miocardiopatia) 
✓ Sinais de choque depende da duração da taquicardia 
 
FLUTTER ATRIAL 
✓ Padrão no ECG de dente de serra 
 
6 Lívia Mendes - UNIFTC 
✓ Via acessória atrial 
✓ FC pode ultrapassar 300 bpm 
✓ Nem todos batimentos acessam o NAV 
 
QRSLARGO 
TAQUICARDIA VENTRICULAR 
✓ Incomum, mas rapidamente fatal 
✓ Onda P ausente ou dentro do complexo QRS 
✓ Ritmo constante, mas não tão rápido quanto TSV 
 
 
TRATAMENTO 
 
MANOBRAS VAGAIS 
✓ Gelo na testa 
✓ Massagem do seio carotídeo unilateral 
✓ Vasalva 
CARDIOVERSÃO ELÉTRICA 
A DIFERENÇA DA CARDIOVERSÃO PARA DESFIBRILAÇÃO É QUE A CARDIOVERSÃO É 
SINCRONIZADA (marca no desfibrilador a sicronização, isso quer dizer que o choque 
será administrado no pico do QRS) E A DOSE É MENOR. 
✓ 0,5 a 1 J/Kg o primeiro choque 
✓ 2J/kg no segundo choque 
QRS ESTREITO 
Se o paciente está em TSV ESTAVEL: Solicitar cardiologista → Manobra vagal → 
Adenosina → Adenosina → Cardioversão eletrica 
INSTAVEL: Adenosina 0,1mg/kg (com flush de SF 0,9%) → Adenosina 0,2mg/kg → 
Cardioversão sincronizada 0,5 a 1 J/Kg o primeiro choque → 2J/kg se o choque 
persistir → Considerar Amiodarona 5mg/kg em 20 a 60 minutos – NÃO É EM BOLUS! 
OBS: Adenosina pausa o nó sinoatrial, e retorna o ritmo. 
 
7 Lívia Mendes - UNIFTC 
✓ Avisar ao paciente estável sobre a sensação incomum que ele vai sentir, e 
pode fazer sedação leve Midazolan 0,1mg/kg 
✓ Não deixar a sedação atrasar a infusão de adenosina 
 
 
QRS LARGO 
Sempre que eu tiver uma criança com estabilidade na TSV, eu posso fazer adenosina 
antes para poder testar se é ou não uma condição aberrante, porque se for uma 
taquisupra vai resolver na hora, se for ventricular não vai fazer efeito porque a 
adenosina age no nó sinoatrial e a TSV ou vem do nó AV ou do feixe de hiss em 
diante. 
No caso do paciente instável você vai direto para cardioversão elétrica.

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