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Livro-Texto - Unidade I

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Autores: Prof. Fernando Paiva Santos 
 Prof. Fernando P. Ribeiro 
 Prof. Guilherme Francisco 
 Prof. Horácio Augusto Figueira 
 Profa. Ivete Maria Soares R. Ramirez 
 Profa. Lisienne Navarro
Colaborador: Prof. Adilson Rodrigues Camacho
Recursos Naturais 
e Fontes de Energia
Professores conteudistas: Fernando Paiva Santos / Fernando P. Ribeiro / 
Guilherme Francisco / Horácio Augusto Figueira / Ivete Maria Soares R. 
Ramirez / Lisienne Navarro
Fernando Paiva Santos
Pós-graduado em Gestão e Coordenação Escolar, pós-graduado em Formação Docente para o Ensino Superior (Cefet). Graduado em Ciências 
Biológicas, Exatas e Experimentais pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Fernando P. Ribeiro
Doutor na área de Planejamento Urbano e Regional pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da USP. Mestre em 
Desenvolvimento Regional e Urbano pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina. Graduado em Geografia 
pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Guilherme Francisco
Doutor em Ciências Biológicas – Área de Oncologia pela Universidade de São Paulo (USP), com experiência em genética, bioquímica e biologia 
celular. Mestre em Ciências Biológicas – Área de Oncologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Fundação Antônio Prudente – Hospital A. C. 
Camargo, com experiência em genética e epidemiologia. Graduado em Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura – pela Universidade Estadual 
Paulista (Unesp).
Horácio Augusto Figueira
Mestre em Engenharia dos Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Engenheiro civil pela Escola Politécnica da Universidade 
de São Paulo. Palestrante na UNIP Interativa sobre Mobilidade e Ética nos Transportes.
Ivete Maria Soares R. Ramirez
Mestranda em Educação, na modalidade TI, pós-graduada em Jornalismo Científico pelo Laboratório de Estudos Avançados de Jornalismo Científico 
da Universidade de Campinas – Labjor/Unicamp –, bacharel e licenciada em Ciências Sociais e Geografia pela Universidade de São Paulo – USP.
Lisienne Navarro
Doutora pela Unicamp, na área de Psicologia Educacional, mestre em Educação pela Universidade Cidade de São Paulo, psicopedagoga atuando na 
área de formação. Realiza cursos e palestras na área da Educação. Professora-titular da Universidade Paulista – UNIP, ministra aula nos cursos presenciais 
e na Educação a Distância.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S237r Santos, Fernando Paiva.
Recursos Naturais e Fontes de Energia. / Fernando Paiva Santos...
[et al.]. 2. ed. São Paulo: Editora Sol, 2020.
120 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Recursos naturais. 2. Fontes de energia. 3. Biomas mundiais. I. 
Ribeiro, Fernando. II. Francisco, Guilherme. III. Figueira, Horácio Augusto. IV. 
Ramirez, Ivete Maria Soares. V. Navarro, Lisienne. VI. Título. 
 CDU 620.91
U420.26 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Juliana Maria Mendes
 Vitor Andrade
Sumário
Recursos Naturais e Fontes de Energia
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
Unidade I
1 RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA .................................................................................... 15
1.1 Importância ............................................................................................................................................ 15
1.2 Definição .................................................................................................................................................. 15
1.3 Fontes de energia ................................................................................................................................. 16
1.4 A questão do comprometimento hídrico ................................................................................... 19
1.4.1 Água do mar ............................................................................................................................................. 21
1.5 Projetos ambientais e conservacionistas .................................................................................... 22
1.5.1 Legislação atual ....................................................................................................................................... 22
1.5.2 Problemas enfrentados pelas unidades de conservação ........................................................ 26
1.5.3 Terras indígenas ....................................................................................................................................... 28
1.5.4 Quilombos .................................................................................................................................................. 32
1.5.5 Projetos conservacionistas .................................................................................................................. 33
1.5.6 Novo Código Florestal ........................................................................................................................... 35
2 A CAMPANHA “SUSTENTÁVEL” NA EUROPA E O FENÔMENO ÉCOQUARTIER, 
POR FERNANDO PINTO RIBEIRO ................................................................................................................... 35
2.1 Investigação............................................................................................................................................ 35
2.2 A campanha sustentável em nível europeu: do discurso à transformação 
do território .................................................................................................................................................... 37
Unidade II
3 CARACTERIZAÇÃO DOS BIOMAS MUNDIAIS ....................................................................................... 44
3.1 Tundra ....................................................................................................................................................... 45
3.2 Taiga (Floresta Boreal de Coníferas) .............................................................................................. 47
3.3 Florestas temperadas .......................................................................................................................... 49
3.4 Campos ..................................................................................................................................................... 50
3.5 Desertos .................................................................................................................................................... 51
3.6 Floresta pluvial tropical ......................................................................................................................53
3.7 Bioma aquático ..................................................................................................................................... 55
4 OS BIOMAS BRASILEIROS ............................................................................................................................ 57
4.1 As formações vegetais do Brasil ..................................................................................................... 58
4.2 Definição do bioma amazônico ...................................................................................................... 58
4.3 Bioma caatinga ..................................................................................................................................... 60
4.4 Bioma pantanal mato-grossense ................................................................................................... 60
4.5 Bioma mata atlântica ......................................................................................................................... 61
4.6 Bioma pampa (pradarias e campos) ............................................................................................. 62
Unidade III
5 EXPLORAÇÃO MINERAL E PRINCIPAIS MINÉRIOS I ........................................................................... 68
5.1 Rochas e minerais ................................................................................................................................ 68
5.1.1 Rochas magmáticas ou ígneas .......................................................................................................... 68
5.1.2 Rochas sedimentares ............................................................................................................................. 68
5.1.3 Rochas metamórficas ............................................................................................................................ 69
5.2 Minerais .................................................................................................................................................... 70
5.3 A exploração de recursos minerais ................................................................................................ 71
5.3.1 Meio ambiente e mineração............................................................................................................... 71
5.4 Principais recursos minerais ............................................................................................................. 72
5.4.1 Minério de ferro ...................................................................................................................................... 72
6 EXPLORAÇÃO MINERAL E PRINCIPAIS MINÉRIOS II ......................................................................... 76
6.1 Manganês – pirolusita ........................................................................................................................ 76
6.1.1 Consumo .................................................................................................................................................... 77
6.1.2 Investimentos ........................................................................................................................................... 77
6.2 Alumínio – bauxita .............................................................................................................................. 78
6.2.1 Reservas ...................................................................................................................................................... 79
6.3 Estanho – cassiterita ........................................................................................................................... 79
6.3.1 Oferta mundial ......................................................................................................................................... 79
6.3.2 Importação ................................................................................................................................................ 80
6.3.3 Exportação ................................................................................................................................................. 81
6.4 Chumbo – galena ................................................................................................................................. 81
6.5 Cobre – calcopirita ou cuprita ........................................................................................................ 81
6.5.1 Investimentos ........................................................................................................................................... 82
6.6 Outros recursos minerais ................................................................................................................... 83
6.6.1 Sal marinho ............................................................................................................................................... 83
6.6.2 Ouro .............................................................................................................................................................. 83
6.6.3 Césio ............................................................................................................................................................. 83
6.6.4 Tálio .............................................................................................................................................................. 84
6.6.5 Chumbo ...................................................................................................................................................... 86
Unidade IV
7 EXTRATIVISMO VEGETAL ............................................................................................................................... 91
7.1 Espécies vegetais de importância econômica .......................................................................... 92
7.2 Desenvolvimento sustentável ......................................................................................................... 92
7.2.1 Fármacos .................................................................................................................................................... 94
7.2.2 Madeira ....................................................................................................................................................... 94
7.2.3 Alimento humano ................................................................................................................................... 94
7.2.4 Alimento animal ...................................................................................................................................... 94
7.2.5 Tóxico (inseticida) ................................................................................................................................... 94
7.2.6 Óleos essenciais ....................................................................................................................................... 94
7.2.7 Celulose ....................................................................................................................................................... 94
7.2.8 Fibra .............................................................................................................................................................. 95
7.3 Formações vegetais ............................................................................................................................. 95
7.4 Principais produtos do extrativismo vegetal............................................................................. 96
8 PRODUTOS DO EXTRATIVISMO REGIONAL ............................................................................................ 97
8.1 Produtos amazônicos ......................................................................................................................... 97
8.1.1 Borracha(Hevea brasiliensis) ............................................................................................................. 97
8.1.2 Castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) ...................................................................................... 98
8.1.3 Madeira ....................................................................................................................................................... 99
8.2 Produtos do Nordeste .......................................................................................................................100
8.2.1 Babaçu .......................................................................................................................................................100
8.2.2 Carnaúba ..................................................................................................................................................100
8.2.3 Castanha de caju ...................................................................................................................................100
8.2.4 Oiticica ......................................................................................................................................................100
8.2.5 Piaçava e licuri .......................................................................................................................................101
8.2.6 Madeiras ...................................................................................................................................................101
8.2.7 Coco-da-baía ..........................................................................................................................................101
8.3 Produtos do cerrado e do pantanal no Centro-Oeste .........................................................101
8.3.1 Lenha e carvão vegetal .......................................................................................................................101
8.3.2 Tanino ........................................................................................................................................................102
8.4 Produtos da mata de araucária na Região Sul .......................................................................102
8.5 Produtos da mata atlântica no Sudeste ...................................................................................102
8.5.1 Manguezais: vegetação litorânea ..................................................................................................103
9
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Esta disciplina tem como objetivos trazer a possibilidade de trabalhar a geografia de maneira a 
entender que essa ciência integra diferentes áreas de conhecimento, pois faz parte das características 
humanas o interpretar, o criar e refletir sobre o mundo que o cerca. Assim como é importante, para as 
sociedades, classificar e localizar os seus Recursos Naturais e as Fontes de Energia, que se constituem com 
certeza em destacáveis matérias-primas para o desempenho econômico, além de serem estratégicos.
Pensar sobre a especificidade profissional da geografia e a indissociabilidade entre os conhecimentos 
teóricos e os práticos leva a considerar que o ato de ensinar deve fundamentar-se no domínio dos 
saberes formais e experienciais do ser humano. O geógrafo, bem como o pedagogo, o engenheiro e o 
médico, é aquele que faz o que gosta e deve entender da sua área de atuação. Deixemos claro que a 
problemática que envolve a questão de sustentabilidade e a apropriação dos recursos da natureza, bem 
como a produção de energia, está na pauta das grandes discussões contemporâneas.
Portanto, é preciso acompanhar as transformações que ocorrem, atribuindo status diferenciado 
do tradicional, fazendo conexões necessárias com as diferentes disciplinas e/ou áreas, estabelecendo 
correlações entre as produções geográficas e os distintos momentos históricos e culturais, buscando 
apreender conceitos básicos, gerais e específicos da ciência geográfica e, nesse caso, relacionados 
àquilo que a mãe Terra nos apresenta e a como o ser humano administra ou como se apropria daquilo 
que ela nos deixa.
A geografia reproduz a vida social, organiza e, de certa forma, interfere nos espaços, possibilitando 
que o aluno leia o mundo, antes de aprender a ler e escrever de maneira convencional. A linguagem 
cartográfica, entendida por muitos como linguagem de mapas, tem sua abrangência estendida a croquis, 
maquetes, imagens anamórficas (formas alteradas), desenhos e fotografias aéreas. Essa integração 
estabelece conexão entre o mundo e os acontecimentos, ampliando a visão do aluno sobre a realidade 
que se apresenta, ensinando-o a localizar os biomas terrestres, a sua biodiversidade, assim como a situar 
os recursos minerais e os energéticos.
Dessa forma, a presente disciplina do nosso curso propiciará ao futuro professor subsídios para 
que ele entenda o espaço nas diferentes maneiras que ele apresenta, conquista estabelecida na 
década de 1950, e dê, ao mesmo tempo, ênfase para a geografia em seu viés econômico e ambiental, 
o que permitirá ao seu aluno verificar a riqueza natural e entender até que ponto os grupos humanos 
respeitam ou não a natureza.
Dessa maneira, o futuro professor de geografia será capaz de entender que o tempo e o espaço 
fazem parte do fazer do geógrafo, tornando-o um profissional em sintonia com o mundo e suas 
especificidades geográficas.
Boa sorte!
10
INTRODUÇÃO
A criança, desde seu nascimento, aprende, com o auxílio do meio, a classificar e diferenciar objetos, 
pessoas e espaços. Nesse constante descobrir, ela diferencia as pessoas, os tipos de objetos, começa a 
reconhecer seu berço, sua cama e seu quarto e, com isso, vai construindo as imagens sobre as coisas e 
os espaços que a rodeiam.
Quando ela desenha, reproduz no papel o que vê, e, aos poucos, essa representação vai se aprimorando 
nas formas e nos detalhes, reconhecendo o espaço vivido por meio do desenho. Em atividades lúdicas 
encontramos brinquedos como blocos lógicos (minitijolos), os quais possibilitam que construam e 
reproduzam ambientes, casas, prédios, sítios, fazendas e outros espaços com suas diferenças naturais, 
uma espécie de maquete, pois a construção parte do real vivenciado por ela. Assim, a criança passa a 
desenvolver o olhar mais sensível sobre a realidade interpretando-a pelo desenho e pelas maquetes 
(ao construir casas e cidades com os blocos lógicos). Tem início o processo de diferenciação de espaços 
e superfícies, aprendendo as diferentes maneiras de leitura do mundo e do espaço, assim como dos 
elementos que o constituem.
Agora pense na importância do professor de geografia nesse caminhar do conhecer ao apresentar 
o desenho como forma de leitura do mundo e, aos poucos, trazer a cartografia como forma de ler e 
perceber o espaço vivenciado e, ao mesmo tempo, ensinar os distintos tipos de recursos da natureza e 
a importância de preservá-los.
Entende-se que a linguagem cartográfica deve estar presente desde os primeiros anos escolares, 
desenvolvendo a percepção e aprimorando a capacidade cognitiva de ver e pensar o espaço. Portanto, 
o preparo do professor para esse desafio é essencial, aliando a teoria à prática, distinguindo os 
ambientes naturais e suas potencialidades. Imagine a importância de transmitir ao aluno como as 
coisas são produzidas, distinguir entre os produtos da natureza e aqueles beneficiados pelos grupos 
humanos. Mais do que isso, como é relevante aprender a usá-los com racionalidade e com base em 
um pensamento preservacionista.
Educar o aluno para ser capaz de reconhecer a sala de aula, a escola, o bairro e as diferenças existentes 
nas casas e nos apartamentos, por intermédio de imagens, é o primeiro passo para inserir a criança no 
mundo cartográfico, fazendo mapas para chegar a lugares e localizá-los.
Dessa maneira, o ensino de geografia, que antes podia ser visto como pesado, sem muito sentido, 
passa a ter forçae importância no processo de ampliação da visão da criança sobre o mundo.
Cabe ao professor de geografia trazer mapas para que o aluno possa comparar espaços e assimilar 
a cultura de cada sociedade, entendendo a influência do local físico e social na construção cultural 
do indivíduo. A linguagem de mapas, globos, cartas e plantas no ensino de mundo, espaço e tempo, 
auxiliando no desenvolvimento global do aluno.
A cartografia possibilita que o aluno aprenda a ler e representar o mundo, com seus fenômenos 
físicos, naturais e culturais, de maneira sintetizada e esquematizada. Para que isso se concretize, porém, 
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é necessário que o professor tenha consciência da importância dessa disciplina e organize suas aulas 
para que elas sejam atrativas, significativas e com real sentido para o aluno.
Assim, o professor deve trazer para suas aulas momentos que possibilitem que a criança possa entrar 
em contato com leituras, mapas e ilustrações que representem o espaço vivido.
Desmistificar o mapa é levar o aluno a viajar no universo cartográfico, em um mundo de escrita 
e leitura do espaço, desenvolvendo a organização e a visualização dos diferentes espaços que 
compõem o âmbito social.
A criança, quando preparada para a leitura de mapas, expande sua visão e seu campo de raciocínio, 
tendo condições de transformar seu contexto socioespacial, por ter desenvolvido a percepção do espaço.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), documento orientador para ação e atividades do 
professor, que trabalham, dentre outras coisas, com o ensino da geografia no Ensino Fundamental, 
ressaltam a importância da cartografia na formação integral da criança, desenvolvendo a visão ampla 
sobre o mundo e o espaço.
As Orientações Curriculares para o Ensino Médio reforçam que o professor dessa disciplina deve 
levar seus alunos a refletirem e compreenderem a realidade, atuando na dinâmica que compõe o mundo 
contemporâneo.
Por intermédio de aulas práticas e com embasamento teórico, cabe ao professor de geografia dar 
condições para que o aluno entenda a disciplina e se aproxime dela, sabendo conceituar e diferenciar 
termos inerentes à natureza da geografia.
A cartografia e, portanto, a geografia tem sua marca já na era primitiva. Conforme a história nos 
mostra, já se encontrava a cartografia nas cavernas, quando o homem desenhava, de maneira rude 
(desenho rupestre), o caminho a ser feito para chegar até a presa, inclusive com registros de maquetes, 
feitas de pedra, do local em que se encontrava a caça.
Enquanto mapa, ela surge por volta de 2.500 a.C., pelos sumérios, ao representarem a Mesopotâmia, 
no barro, tendo como marco da cartografia a época clássica, que vai do século VIII a.C. a mais ou menos 
V d.C. Deparamo-nos, nos primeiros séculos, com a obra de Claudius Ptolomeu, Geographia, que contém 
mapas de 8 mil lugares, com descrição de alguns pontos. Um conhecimento que vem crescendo desde 
a Pré-história até os dias de hoje (contemporaneidade).
Assim, encontramos no PCN de geografia a preocupação em salientar o papel do professor no 
trabalho de levar o aluno a entender, ler e escrever mapas cartográficos, desde cedo, na escola, criando 
condições para que os alunos descubram a relação cartografia e espaço vivenciado, em um exercício de 
perceber a importância desse instrumento como meio de se efetivar o papel cidadão do aluno.
O objetivo é levar o aluno a trabalhar com as diferentes maneiras de expressar e interpretar o mundo, 
o espaço e o tempo. Peguemos como exemplo o mapa de enigmas, o mapa de tesouro, a interpretação 
12
do contorno do corpo de uma pessoa, a disposição dos objetos de uma sala de aula. Junte a essa leitura 
o fator tempo e o aluno encontrará um desafio com significado e sentido de se aprender.
A magia está em descobrir a existência da cartografia no cotidiano, nos jogos de video game, nos 
filmes e nas gravuras, fazendo a disciplina integrar-se às demais com olhar dinâmico e prazeroso.
Há uma ideia de que a cartografia é um sistema de símbolos, signos e técnicas para que o outro 
consiga interpretar a imagem presente no papel ou na maquete. Para a pessoa conseguir chegar a um 
determinado lugar, seja por terra, mar ou ar, necessita de uma rota, um mapa a ser seguido.
Da mesma forma que as letras representam as palavras e precisam de alguns cuidados para que 
a mensagem seja transmitida com o máximo de exatidão possível, os números indicam quantidades 
e requerem símbolos para que se entenda a operação que se deve efetuar, deparamo-nos com a 
complexidade dos mapas na representação dos caminhos a serem percorridos, da distância entre um 
lugar e outro. Essas representações em forma de desenhos, que necessitam de números para apresentar 
a distância dos lugares, devem ter o cuidado de colocar os detalhes necessários para que se entendam 
e façam a pessoa chegar ao seu destino.
Importante saber que quem escreve não estará presente para explicar o que escreveu, portanto a 
escrita deve ser clara e de fácil compreensão, pois o mapa não terá um intérprete para explicar possíveis 
falhas ao leitor. Portanto, a clareza deve ser um ponto a se pensar no momento de fazê-lo.
Na sociedade atual, em que o meio ambiente requer um estudo mais aprofundado, estando presente 
nos temas transversais, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) guardam uma parte importante para 
tratar dos temas que devem ser trabalhados por todas as disciplinas, que atravessam a disciplinaridade 
comum nas escolas e passam a ser estudados de maneira interdisciplinar ou até mesmo transdisciplinar.
Entre esses temas se encontra o do Meio Ambiente, um assunto que requer do aluno desenvolver o 
olhar sobre para essa questão, podendo fazer estudos sobre solo, clima e condições sociais que abarcam 
o espaço a ser estudado e entender melhor as condições que levam às diferenças climáticas e do solo.
A geografia é uma disciplina que possibilita motivar o aluno a aprender e interagir de maneira prática com 
situações que o levem a refletir sobre as mudanças climáticas, espaciais e terrenas, refletindo sobre sua ação.
Ao longo do tempo, a cartografia foi sendo redescoberta e trazendo avanço na maneira de ser vista 
e ensinada. Assim, ela passa a ser entendida como um meio de entender e perceber os fenômenos 
naturais e, com isso, ajudar na conscientização, de maneira crítica, sobre a importância dos mapas para 
a localização espaçotemporal e para a visão global dos acontecimentos.
O aluno, agora, passa a ser mais ativo, deixando de mapear de maneira mecânica para ser mapeador 
ativo e crítico.
Dessa maneira, ao se discutir poluição, desmatamento, sustentabilidade e ações de degradação do 
homem, o mapa entra como componente fundamental para a reflexão detalhada da situação que se 
13
apresenta, podendo, na análise, dar ideia de como era e como foi se modificando ao longo do tempo, 
fazendo o aluno desenvolver o olhar pesquisador, pois depara-se com diferentes recortes do espaço.
Os trabalhos realizados pelos alunos devem ser valorizados e discutidos para que eles entendam as 
relações que fizeram com a natureza e com o espaço.
A geografia também prepara o aluno para discutir de maneira consciente as atividades humanas e as 
implicações das diferentes fontes de energia (de recursos naturais e artificiais), entendendo as propriedades 
e a utilização delas na sociedade para a movimentação do homem. Assim, o conhecimento sobre as fontes 
renováveis (energia eólica, energia solar, energia hidrelétrica, biomassa, energia das marés) e não renováveis 
(combustíveis fósseis, energia nuclear) insere o aluno no contexto geopolítico global.
Em vista disso, você poderá, com esses estudos, ampliar seu olhar sobre o mudo que o rodeia. Faça 
sua parte lendo, ouvindo as videoaulas e conte conosco nessa caminhada de descoberta.
Bom estudos!
15
RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
Unidade I
1 RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
1.1 Importância
Devemos destacar a importância dos recursos naturais para os gruposhumanos, mas muitas vezes 
isso é ignorado, além de a maioria deles não ser eterna e muito menos renovável, na proporção que as 
sociedades humanas necessitariam deles. Tudo depende do manejo satisfatório.
1.2 Definição
A denominação Recursos Naturais refere-se a todos os elementos que são disponibilizados pela 
natureza, para consumo ou aproveitamento humano.
Em termos históricos, as sociedades ditas “primitivas” ou pré-históricas mantinham uma relação de 
relativo equilíbrio com a natureza, retirando desta o estritamente necessário para sua sobrevivência. Com o 
decorrer do tempo, sua vivência e suas necessidades foram sendo ampliadas, com novas técnicas de plantio 
surgindo, o que aumentou a apropriação de recursos e de espécies, além da transformação no espaço 
geográfico. No Período Neolítico, a agricultura firmou suas bases estruturais nas primeiras civilizações.
As formas de obtenção e aproveitamento de recursos naturais foram sendo ampliadas, desde aquelas 
formais, como a agricultura, a caça e a pesca, até as informais extrativas, como a vegetal e a mineral, 
entre outras de ordem socioeconômica.
Com o decorrer do tempo, as formas de apropriação e as necessidades se ampliaram, o que passou 
a ser preocupante, quanto a uma possível extinção ou esgotamento dos recursos.
Para efeitos de classificação, dividimos os recursos naturais em:
• Renováveis, com capacidade de renovação e uma duração constante, como o sol, o vento, a água 
e os vegetais cultivados ou replantados.
• Não renováveis, aqueles que apresentam uma capacidade lenta de reposição, o que pode ocorrer 
em milhares de anos, ou que se esgotam em um jazimento; são eles os minérios de modo geral, 
os hidrocarbonetos, derivados de petróleo, o carvão mineral, o gás natural, o xisto.
Devemos assim destacar que o comprometimento do recurso natural e a sua existência dependem 
da ação dos grupos humanos.
16
Unidade I
 Saiba mais
Para saber mais sobre recursos naturais, assista aos filmes:
AVATAR. Dir. James Cameron. EUA: Fox, 2009. 162 minutos.
Contra a exploração excessiva de recursos naturais.
FERNGULLY: As aventuras de Zack e Crysta na Floresta Tropical. Dir. Bill 
Kroyer. EUA: Fox, 1992. 75 minutos.
Retrata a “fome” humana de recursos e o ambiente frágil da floresta tropical.
1.3 Fontes de energia
Encontramos, no planeta Terra, variadas fontes que permitem a produção de energia; algumas são 
renováveis e outras esgotáveis. Tudo depende do consumo racional e de um manejo sustentável.
Podemos dividi-las em fósseis e não fósseis.
As fósseis levaram milhões de anos para se formar, como petróleo, gás natural, carvão mineral, xisto 
betuminoso e pirobetuminoso.
As não fósseis são a solar, a eólica, a biomassa, a geotérmica, a gravitacional, a maremotriz e a 
nuclear.
Os grupos humanos aprenderam ao longo de sua trajetória histórica a utilizarem diversas formas de 
energia, considerando-se o grau de desenvolvimento socioeconômico e as necessidades do grupo.
 Lembrete
A energia maremotriz, que aproveita a energia das marés, é usada em 
países com grande necessidade de recursos energéticos, como a França, a 
Alemanha e o Japão. 
 Observação
De acordo com Teixeira et al. (2003, p. 472), energia é o grande motor 
do sistema Terra; ao mesmo tempo, não há animal ou vegetal que subsista 
sem consumir alguma forma de energia. Os vegetais utilizam energia 
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RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
proveniente do Sol para efetuar a fotossíntese e assim fabricar seus 
constituintes. Os animais, por sua vez, alimentam-se de vegetais ou outros 
animais para obterem a energia necessária e se manterem vivos. 
Um exemplo do comprometimento ambiental gerado da ação antrópica pode ser observado a seguir:
Bioinseticida feito de microrganismos
Depois de 15 anos de pesquisa, uma nova tecnologia para o controle biológico de pragas 
está pronta para uso comercial. Trata-se de um bioinseticida feito a partir de nematoides, 
vermes milimétricos que vivem no solo, para uso no combate a insetos e outros organismos 
que atacam cultivos como os de cana-de-açúcar, plantas ornamentais e eucalipto. O novo 
inseticida biológico foi desenvolvido pelo engenheiro agrônomo e entomologista Luís 
Garrigós Leite, da unidade de Campinas do Instituto Biológico, vinculado à Secretaria de 
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Ele começou o trabalho em 2002 e, 
no ano seguinte, o estudo começou a ser feito em parceria com a empresa Bio Controle, de 
Indaiatuba (SP), que atua na área de monitoramento e controle de pragas agrícolas, por meio 
de um projeto do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fapesp. A 
empresa está prestes a comercializar o produto para os agricultores. A comercialização dos 
nematoides será feita com os vermes envoltos em diatomita, um pó de origem mineral, que 
deixa os vermes úmidos e em estado de latência. Só voltam à atividade quando o produto 
é diluído em água.
“Os nematoides são usados nos Estados Unidos e na Europa para o controle 
principalmente de pragas de solo, que atacam a raiz, e de ambientes crípticos, aqueles 
fechados e com pouca luz, como furos em plantas feitos por brocas, por exemplo”, conta 
Leite. Para criar o bioinseticida, o primeiro passo foi isolar e selecionar os nematoides de 
interesse. Grande parte desses vermes é nociva a muitas culturas agrícolas como as de 
soja e cana. Leite escolheu as espécies que seriam úteis, como os vermes dos gêneros 
Steinernema e Heterorhabditis e as bactérias dos gêneros Xenorhabdus e Photorhabdus, 
respectivamente, que formam uma simbiose natural para destruir as pragas das culturas. 
“Para cana-de-açúcar nós trabalhamos principalmente com Steinernema brazilense visando 
ao controle do bicudo [Sphenophorus levis], que ataca essa planta. Para cultivo protegido de 
plantas ornamentais e cogumelos, utilizamos Steinernema feltiae, e Heterorhabditis indica, 
e Steinernema rarum para controlar fungus gnat [Bradysia sp.].” Apesar do nome, fungus 
gnat é um inseto.
Leite explica que quando os nematoides encontram os insetos eles penetram no corpo 
deles por seus orifícios naturais e, uma vez dentro do organismo, liberam as bactérias que 
causam septicemia, matando-os em 48 horas. “A simbiose é uma associação vantajosa para 
as duas espécies”, diz. “As bactérias não conseguem sobreviver em ambientes livres, apenas 
no intestino dos nematoides. Além de abrigá-las, eles as levam até um novo hospedeiro. 
Em troca, as bactérias produzem enzimas que digerem o tecido do inseto, disponibilizando 
alimento para o verme.”
18
Unidade I
Larga escala
Uma das maiores dificuldades para criar o novo bioinseticida foi desenvolver uma forma 
de produzir os nematoides em larga escala, a um custo que tornasse o produto competitivo 
em relação aos inseticidas químicos. Para isso, Leite passou um ano, entre 2014 e 2015, no 
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). “Foi para desenvolver meios de 
cultura e processos na produção in vitro de nematoides entomopatogênicos, os que estão 
em simbiose com as bactérias, procurando tornar viável a produção com baixo preço, para 
atender grandes lavouras, como a de cana”, conta.
Usando um meio de cultura composto de gema de ovo, óleo vegetal e extrato de levedura, 
Leite diz que o custo de produção de nematoides é inferior a R$ 10 para o tratamento de 1 
hectare. A esse valor devem ser acrescentados o da mão de obra e da logística, por exemplo, 
o que ainda torna o preço do produto competitivo com o dos agroquímicos. “No Brasil, 
muitos agricultores pensam que o controle biológico deve ser mais barato que o químico”, 
diz. “Essa mentalidade não é a mesma na Europa, onde os produtores rurais dão mais valor 
ao controle biológico devido a medidas restritivas aplicadas ao uso de produtos químicos, 
por causa de seus efeitos danosos.”
Figura 1 – Cultivo de bactérias
Leite cita outras vantagens do uso de nematoides em vez dos agroquímicos. Entre 
elas estão a não indução de resistência aos insetos, a segurançapara o ambiente, para 
trabalhadores rurais e consumidores, uma vez que não faz mal à saúde humana. “Os 
vermes têm grande persistência no ambiente. Quando 100 deles invadem um inseto, eles 
se alimentam e se multiplicam dentro do cadáver por até três gerações, podendo chegar a 
100 mil indivíduos. Depois de esgotada essa fonte de alimento, eles saem e procuram outra 
praga para invadir e repetir o processo”, explica Leite. “Nematoides são muito utilizados no 
mundo, mas ainda pouco no Brasil”, diz José Roberto Parra, da Escola Superior de Agricultura 
Luiz de Queiroz – Universidade de São Paulo (Esalq-USP), especialista em controle biológico. 
“Há dificuldades para criá-los em massa porque ainda não dominamos completamente a 
tecnologia de produção. Uma vez sanado esse problema, eles terão as mesmas vantagens de 
19
RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
qualquer microrganismo usado no controle biológico de praga”, explica Parra. “A tecnologia 
está definida e aberta a qualquer empresa que tenha interesse, mas a produção em larga 
escala ainda precisa evoluir. Por exemplo, a vida útil dos nematoides comerciais é de dois 
a três meses e sua aplicação depende da presença de chuva, o que complica a logística de 
distribuição em períodos de seca”, avalia Luís Leite. A Bio Controle aposta principalmente na 
cana. “Somos a única empresa que tem e está registrando um produto à base de nematoides 
entomopatogênicos no Brasil”, garante Fábio Silber Schmidt, pesquisador da empresa. “É o 
Bio Bacteriophora, feito à base do nematoide Heterorhabditis bacteriophora, que terá como 
um dos alvos o bicudo-da-cana.” A previsão da empresa é de que entre 2017 e 2018 estará 
com o registro definitivo, liberada para comercializar o produto.
1.4 A questão do comprometimento hídrico
Os aquíferos do planeta Terra estão comprometidos, não só pela exploração, em virtude da grande 
velocidade de uso da água subterrânea, não permitindo a sua recuperação, mas também pela deterioração 
da sua qualidade.
Na superfície terrestre, muitos corpos líquidos apresentam um grau extremamente elevado de 
poluição, o que decorre da adição de substâncias que direta ou indiretamente alteram as características 
químicas ou físicas da água, de maneira que a utilização seja prejudicada para usos benéficos. Os rios 
e riachos podem ser afetados por uma poluição biogênica, por organismos patogênicos, como vírus, 
protozoários e bactérias, com repercussões negativas para a humanidade e a dessedentação de animais.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o problema hídrico, assista ao filme:
ERIN Brockovich: uma mulher de talento. Dir. Steven Soderbergh. EUA: 
Universal, 2000. 82 minutos.
Em defesa ambiental, devido aos problemas advindos do abastecimento 
e à má qualidade da água em certa localidade dos Estados Unidos. Filme 
biográfico escrito por Susannah Grant.
Surpreende realmente o que ocorre no planeta Terra, chamado também de “planeta água”: milhares de 
pessoas passam sede ou escassez hídrica – incrível, pois 70% da superfície terrestre são cobertos por água.
A irregularidade da distribuição leva a essa situação drástica. A água, enquanto substância, 
apresenta-se em muitas partes, mas seu comprometimento como bem econômico e recurso a ser 
aproveitado pelos grupos humanos, a custos razoáveis, é escasso.
20
Unidade I
Devemos ainda lembrar que 97,5% de toda a água da Terra são encontrados em estado salgado, e as 
porcentagens são significativas:
• 2,5%: água doce;
• 68,9%: distribuídas pelas calotas polares;
• 29,9%: aquíferos;
• 0,3%: rios e lagos;
• 0,9%: outros reservatórios.
Assim, 1% da água doce constitui-se em recurso natural aproveitável pela humanidade. 
Matematicamente, constatamos que isso representa 0,007% aproveitáveis.
No ano de 1972, em Estocolmo (Suécia), na Conferência das Nações Unidas, já havia sido 
prognosticada uma crise de abastecimento hídrico, reafirmada, na década de 1990, pelo Comitê de 
Recursos Naturais das Nações Unidas, quando foi apresentado que 40% da população mundial sofriam 
de carência de recursos hídricos e que essa situação afetava suas condições socioeconômicas e causava 
problemas de saúde pública, tais como diarreia e tracoma (infecção que atinge a córnea e pode causar 
cegueira), agravadas ainda pela fome. Os dados são alarmantes, e o abastecimento de água com 
potabilidade adequada e saneamento ambiental poderiam reduzir até em 75% as taxas de mortalidade 
e enfermidades que acometem a população (TEIXEIRA et al., 2003).
 Observação
Diante desse cenário, o Brasil é um país privilegiado, pois, segundo 
estimativas, 53% da água doce da América do Sul estão em seu território. 
Do que depende essa porcentagem? Da grande quantidade de água 
advinda da grande extensão territorial, do regime climático, variando entre 
o tropical úmido e o equatorial, com médias pluviométricas entre 1.000 e 
3.000 mm/ano em mais de 90% do território. O consumo desmedido e a 
contaminação constituem duas enormes preocupações ambientais. 
Destacamos ainda os aquíferos, a água subterrânea, que, em muitos países, principalmente os periféricos 
do Sul, são uma alternativa de baixo custo, pela facilidade de obtenção, além da boa qualidade natural.
Afirma Hirata (2009) que
o valor econômico deste recurso também é grande. O uso agrícola na 
irrigação de pequenas e grandes propriedades tem aumentado, permitindo 
a regularização no suprimento de água em épocas de seca.
21
RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
Muitas vezes, em grandes centros urbanos, as águas subterrâneas podem 
até ter disponibilidades em termos de volume menores, em comparação aos 
recursos superficiais, mas o uso pela indústria e comércio tem frequentemente 
gerado produtos de maior valor agregado (HIRATA, 2009, p. 427).
1.4.1 Água do mar
Quanto à água do mar, sua importância é considerável na questão da oxigenação e da contribuição 
com a produção e o armazenamento do gás carbônico.
Leia o texto a seguir.
Fundo do mar teve estoque de carbono
Circulação da água no Oceano Atlântico pode explicar baixos níveis de CO² atmosférico 
no Último Máximo Glacial.
Condições muito específicas durante o Último Máximo Glacial, entre 23 mil e 19 
mil anos atrás, permitiram ao Oceano Atlântico armazenar uma grande quantidade de 
carbono. [O estudo foi publicado] na Revista Nature Communications [e] desvendou essas 
particularidades [...], “uma mudança conceitual”, [de acordo com] o geólogo Cristiano Chiessi, 
da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), um 
dos autores do estudo cujo primeiro autor é o químico ambiental neozelandês Jacob Howe, 
[o qual] defendeu o doutorado na Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
A sugestão de que o Oceano sequestrou e armazenou o gás carbônico (CO2) que não 
estava na atmosfera durante a era do gelo não é nova. O que faltava era saber como as 
massas de água puderam aprisionar [tamanha quantidade].
[...]
Os pesquisadores construíram um mapa da circulação das águas com ajuda de isótopos 
de neomídio [do grupo das terras-raras], que funcionam como assinaturas da origem da 
massa de água nos diferentes oceanos.
Fonte: Guimarães (2009).
 Saiba mais
Para saber mais, acesse:
HOWE, J. N. W et al. North Atlantic Deep Water production during the last 
glacial maximum. Nature Communications, London, v. 7, art.11.765, 3 jun. 2016.
22
Unidade I
1.5 Projetos ambientais e conservacionistas
O meio ambiente geral é um sistema e, como parte dele, os recursos naturais água, ar, solo, flora, 
fauna, espaço, paisagens etc. constituem um subsistema, por seu inter-relacionamento. Porém, não só 
este subsistema pode ser encarado como um sistema; cada um de seus elementos (água, por exemplo) 
pode ser também tomado como um subsistema ou mesmo como um sistema. O próprio meio ambiente é 
parte de um sistema mais complexo e deve ser visto como uma estrutura global, complexa e organizada; 
um todo composto de diversas partes entrosadas, relacionadas, que interagem.
Si
st
em
ash
um
an
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M
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o hum
ano interno
Si
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M
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o hum
ano externo
Biofísico
Processos fisiológicos e metabólicos
Ciclos de vida dos organismos: industrial, das comunidades e populações
Atmosfera
Esporos em suspensão
Ar
Água
Energia radiante
CIclos gasosos
Litosfera
Seres vivos (animais e 
vegetais)
Rochas
Ciclos minerais
Depósitos minerais
Hidrosfera
Seres vivos (animais e 
vegetais)
Água
Ciclos minerais
Depósitos minerais
Psicossocial
Interpessoal: relações expressas em padrão de comportamento individual e coletivo
Instituições sociais: políticas, familiares, religiosas etc.
Sistemas ideológicos e simbólicos: filosofia, ciência e arte
Psicossocial
Material: equipamentos físicos e químicos
Técnicas: sistema organizado de processos (de extração, produção, transporte, pesquisa etc.)
Instituições sociais: políticas, familiares, religiosas etc.
Sistemas ideológicos: filosofia, ciência e arte
Figura 2 – O meio ambiente: sistema complexo
1.5.1 Legislação atual
As Unidades de Conservação compõem espaços territoriais, em sua maioria, formados por áreas 
contínuas onde se objetiva a preservação da flora, da fauna, das belezas naturais e ainda de todo o meio 
ambiente, mediante legislação específica visando à perpetuação do referido espaço.
Na legislação que dispõe sobre a proteção dos aspectos bióticos e abióticos do Território Nacional, 
destacam-se como norteadoras de criação de Unidades de Conservação:
23
RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
• Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Código Florestal.
• Lei Federal nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a fauna e a proteção à fauna 
silvestre.
• Lei Federal nº 6.902 de 27 de abril de 1981, que dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e 
áreas de Proteção Ambiental.
• Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio 
Ambiente;
• Resolução Conama nº 011/87, de 3 de dezembro de 1987.
Essas áreas são criadas pelos Poderes Públicos Federal, Estadual e Municipal, em seu âmbito 
administrativo, bem como por instituições particulares, que na maioria das situações respondem pela 
sua manutenção e administração. Assim, as Unidades de Conservação, de acordo com Bruck (1995), têm 
a finalidade de:
• preservar bancos genéticos, de fauna e flora, de modo a permitir pesquisas que os levem à utilização 
racional pelo homem. O estudo das espécies florísticas e faunísticas nos seus hábitats naturais 
conduz ao manejo adequado da fauna. A partir das pesquisas adequadas, pode-se estabelecer, por 
exemplo, criatório de jacarés, capivaras e outros. O mesmo procedimento é aplicável à flora, com 
significativos trabalhos no campo da genética para aperfeiçoamento, dentre outros, de variedades 
comerciáveis e estudos farmacológicos;
• acompanhar, no entorno e nas áreas protegidas, através de monitoramento ambiental, as alterações 
que ocorram, tanto provocadas por uma ação antrópica quanto natural, correlacionando as 
mudanças externas, que ocorrem de maneira mais impactante, com as mudanças internas, 
estabelecendo-se parâmetros para melhor conduzir o uso do solo ou reabilitar áreas que já 
estejam degradadas;
• proteger os recursos hídricos, em especial as cabeceiras de rios e áreas, ao longo das bacias 
hidrográficas, que apresentam pressão demográfica;
• proteger paisagens de relativa beleza cênica, bem como aquelas que contenham valores culturais, 
históricos e arqueológicos, com finalidade de estudos e turismo;
• conduzir de maneira apropriada a educação ambiental, tanto de cunho turístico quanto ligada às 
atividades escolares e, em especial, às comunidades;
• proporcionar condições para o desenvolvimento de pesquisas, desde observações, que não 
danifiquem os ecossistemas, até alterações nestes. Os produtos das pesquisas têm a finalidade 
de atender às regiões do entorno das Unidades de Conservação, que contenham ecossistemas 
similares ou estudos, permitindo uma melhor apropriação dos recursos naturais pelo homem;
24
Unidade I
• preservar áreas particulares que tenham relevantes interesses faunísticos e/ou florísticos; e
• proteger regiões que venham a ter, no futuro, uma utilização racional do uso do solo.
A diversificação e a combinação das finalidades das Unidades de Conservação respondem pela 
diversidade de tipos de áreas, classificadas conforme segue.
1.5.1.1 Parques nacionais
Comportam as visitações públicas com fins recreativos, criativos e educacionais, regulamentadas pelo 
plano de manejo da Unidade, de acordo com as normas estabelecidas pelo Ibama. Permitem também 
as pesquisas científicas, quando autorizadas pelo órgão responsável pela sua administração, sujeitas às 
condições e restrições determinadas por este.
Figura 3 – Parques nacionais
1.5.1.2 Florestas nacionais
São áreas de domínio público, providas de cobertura vegetal nativa ou plantada, estabelecidas com 
o objetivo de promover o manejo dos recursos naturais, com ênfase na produção de madeira e outros 
produtos vegetais, garantir a proteção dos recursos hídricos, das belezas cênicas e dos sítios históricos 
25
RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
e arqueológicos, assim como fomentar o desenvolvimento da pesquisa científica básica e aplicada, da 
educação ambiental e das atividades de recreação, lazer e turismo.
1.5.1.3 Áreas de preservação permanente
São aquelas “reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos 
os habitantes do país”. Consideram-se de preservação permanente a vegetação ao longo de qualquer 
curso d’água, ao redor de lagoas, lagos e reservatórios naturais ou artificiais, ao redor das nascentes, 
no topo dos morros, montanhas e serras, nas encostas com declividade superior a 45º, nas restingas e 
bordas de tabuleiros ou chapadas e em altitudes superiores a 1.800 m.
1.5.1.4 Estações ecológicas
Destinam-se à preservação integral da biota e dos demais atributos naturais existentes em seus 
limites e à realização de pesquisas científicas. A visitação pública para fins recreativos não é admitida, 
permitindo-se, no entanto, de acordo com regulamento específico, a sua realização com objetivo 
educacional.
1.5.1.5 Áreas de relevante interesse ecológico
Possuem características naturais extraordinárias ou abrigam exemplares raros da biota regional, 
exigindo cuidados especiais de proteção por parte do Poder Público. Têm extensão inferior a 5.000 ha e 
pequena ou nenhuma ocupação humana.
1.5.1.6 Reservas biológicas
São unidades de conservação destinadas à preservação integral da biota e dos demais atributos 
naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, 
excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo 
necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biótica e os processos ecológicos 
naturais.
1.5.1.7 Áreas de proteção ambiental
Constituídas por áreas públicas e/ou privadas, têm o objetivo de disciplinar o processo de ocupação 
das terras e promover a proteção dos recursos abióticos e bióticos dentro de seus limites, de modo a 
assegurar o bem-estar das populações humanas que aí vivem, resguardar ou incrementar as condições 
ecológicas locais e manter paisagens e atributos culturais relevantes.
1.5.1.8 Reservas extrativistas
São áreas naturais ou parcialmente alteradas, habitadas por populações tradicionalmente extrativistas, 
que as utilizam como fonte de subsistência para a coleta de produtos da biota nativa.
26
Unidade I
1.5.1.9 Reservas ecológicas
São públicas ou particulares, de acordo com a sua situação dominial, a ser instituída pelo Conama.
1.5.1.10 Reservas florestais
Pelo Decreto Federal nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934, são aquelas florestas existentes no Território 
Nacional, consideradas em conjunto, que constituem bem de interesse comum a todos os habitantes do 
País, exercendo-se os direitos de propriedade,com as limitações das leis em geral.
À medida que são definidas as Unidades de Conservação, e estas são criadas sob administração federal, 
observa-se uma tendência de elas se difundirem, sendo recriadas e vinculadas às administrações estaduais, 
municipais e particulares. Após esse passo, seria desejável que se adotasse para todas as Unidades de 
Conservação o mesmo procedimento normativo de criação utilizado para as Terras Indígenas: delimitação, 
demarcação e registro, além de outros específicos, como a elaboração e a implementação de planos 
diretores condizentes com objetivos da área e a adoção de medidas no seu entorno. Só assim tais áreas 
estariam resguardadas e, consequentemente, cumpririam os objetivos para os quais foram criadas.
1.5.2 Problemas enfrentados pelas unidades de conservação
Nossas unidades de conservação sofrem vários impactos ambientais, sejam naturais, sejam antrópicos. 
A seguir, citamos alguns exemplos desses impactos em algumas unidades de conservação.
1.5.2.1 Chapada dos Veadeiros (GO)
Em agosto de 1991, um incêndio criminoso causou a destruição de 44% dos 60 mil hectares do 
parque. A média de incêndios do parque é altíssima: quase um por mês.
Os incêndios acontecem porque nunca foram resolvidos os problemas fundiários da região: 54 mil 
dos 60 mil hectares do parque pertencem a proprietários particulares, geralmente fazendeiros, que 
continuam a fazer queimadas para ampliar suas plantações.
Na época da sua criação, em 1961, era provável que existissem 50 mil veados-campeiros espalhados 
nos seus 625 mil hectares. Hoje, sete governos federais depois, o parque tem apenas 10% de sua área 
original, e estima-se que exista apenas um a dois veados para cada 100 hectares, isto é, uma população 
em torno de 900 animais. Pela pressão dos proprietários que obrigaram ao encolhimento da reserva, 
alguns lugares mais bonitos do parque, como a região de Sete Lagoas, um bebedouro natural do 
campeiro, ou o Morro Peito de Moça, de onde se pode ter uma vista deslumbrante dos cerrados, ficaram 
em áreas particulares.
1.5.2.2 Monte Pascoal (BA)
Os problemas são comuns a todos esses parques: muitos rios contaminados pelo mercúrio dos 
garimpos, caça predatória, extração de madeira e áreas não delimitadas. Há total falta de infraestrutura 
27
RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
– os funcionários às vezes moram muito longe dos parques, que não oferecem condições mínimas de 
moradia. Na maioria dos casos, não existe, ao menos, um plano de manejo elaborado, determinando as 
áreas de visitação, pesquisa ou interditadas ao público. São totalmente abandonados.
1.5.2.3 Parque Nacional da Tijuca (RJ)
No primeiro semestre deste ano, não havia sequer um agente florestal para fiscalizar os 3.300 
hectares da única floresta localizada em área urbana do mundo. Considerada pela Organização das 
Nações Unidas (Unesco) como área constantemente invadida por caçadores, que matam preguiças, 
tamanduás-mirins, saguis, tatus e, além disso, atiram nas mais de 90 espécies de pássaros que podem 
ser vistas na região. É comum encontrar armadilhas para gambás no meio do mato. A última moda entre 
os caçadores é cruel: eles capturam saguis-de-pincel-branco (conhecidos também como mico-estrela), 
clareiam seus pelos com água oxigenada e os vendem como valiosos micos-leões-dourados.
Pelo menos 6 milhões de pessoas visitam o parque anualmente, que é o mais conhecido do País. O 
lixo acumulado e os atos de vandalismo são outros grandes problemas da reserva.
1.5.2.4 Marinho de Fernando de Noronha
Não há infraestrutura suficiente para receber mais do que 300 turistas por dia, no máximo. Porém, 
com as excursões promovidas por navios e barcos que atracam ao longo do arquipélago, esta quantidade 
de pessoas pode dobrar ou triplicar, chegando a 900 turistas por dia. Este número, que para os leigos 
pode parecer pouco significativo, em termos ambientais, é catastrófico. Para alimentar esta população 
flutuante, espalhada em pequenas pousadas, os agricultores da ilha começaram a aterrar mangues 
para plantar milho, feijão e abóbora. Os mangues são considerados pelos especialistas como locais 
preferenciais de reprodução da fauna marinha, uma espécie de “berçário do mar”. Com a sua destruição, 
a fauna marinha local começa a sentir os efeitos. Não é somente na diminuição da quantidade ou da 
variedade das espécies que o turismo pode influir – o comportamento de algumas espécies também 
começa a se modificar. Os peixes conhecidos como sargentinhos, antes pacíficos, agora mordem os 
turistas, à procura de alimento jogado por eles. Os pequenos lagartos da ilha deixaram de procurar pelo 
seu alimento natural para comer castanhas jogadas pelos visitantes.
1.5.2.5 Marinho dos Abrolhos
Resíduos químicos tóxicos jogados por diversas indústrias e, mais especificamente, produtos 
organoclorados (carcinogênicos e causadores de mutações genéticas) despejados por uma indústria de 
papel e celulose do sul da Bahia estão afetando a vida dos corais ao redor dos Abrolhos. Esses resíduos e 
a pesca com dinamite feita perto do litoral diminuiu o número de peixes, muitos deles herbívoros, e com 
isso as algas passaram a dominar grande parte dos recifes, competindo com os corais pela sobrevivência.
O desmatamento da região litorânea também agrava essa situação: a falta de vegetação costeira 
aumenta a erosão, e os rios jogam mais sedimentos no mar, alterando sensivelmente o seu índice de 
turbidez (que indica o grau de incidência da luz na água). Esses sedimentos modificam a penetração da 
luminosidade, colocando em risco os que dependem dela, como os corais.
28
Unidade I
O arquipélago de Abrolhos é formado por cinco ilhas e vários recifes de coral, que podem atingir 15 
quilômetros de extensão e cinco quilômetros de largura, abrigando até oito espécies de corais exclusivas. 
A degradação ambiental da região é bem mais grave na Ilha de Paredes, perto do parque, mas fora de 
seu perímetro, que tem o seu banco de corais recoberto por algas e sedimentos.
1.5.3 Terras indígenas
Terra indígena corresponde ao espaço físico reconhecido oficialmente pela União como de posse 
permanente de grupos tribais que a ocupam. Tal ocupação se dá com o intuito de preservar o hábitat e 
garantir a sobrevivência físico-cultural dos grupos indígenas, reproduzindo, dessa forma, condições para 
a continuidade econômica e sociocultural da comunidade.
Pelo Código Civil, o índio não tem a propriedade da terra, que é da União, mas tem a posse e o 
usufruto de tudo o que a terra contém: fauna, flora, água, jazidas etc. Contudo, observa-se haver, 
no conjunto das terras indígenas, uma diversidade de ofertas tanto do meio ambiente quanto de 
recursos naturais.
Com isso há uma diversificação de recursos capazes de garantir a sobrevivência física do índio. 
Aferir o grau de dependência da população indígena em relação às condições ambientais em cada 
terra – notadamente de flora e fauna predominantes na área para prover o sustento e a obtenção de 
matéria-prima para confecção dos apetrechos de caça e pesca, adornos e remédios – constitui tarefa 
árdua e complexa, que implica conhecer os hábitos locais. Antropólogos, estudiosos e a imprensa vêm 
envidando esforços para levar a comunidade nacional a conscientizar-se do fato de que a questão 
indígena transcende a da terra. Ela envolve também medidas especiais para assegurar o respeito ao 
patrimônio cultural e a livre escolha dos meios de vida e subsistência desses povos. Para tanto, a posse 
e o domínio sobre a terra, densidade demográfica compatível com a capacidade de sustento da terra 
e assistência aos índios constituem fatores capazes de permitir a perpetuação desse segmento social.
As terras indígenas, na legislação que trata da questão indígena, nunca foram abordadas de forma 
específica. Essa situação muda a partir de 1936, quando as terras indígenas passaram a ser definidas 
pelo Decreto Executivo nº 736, de 6 de abril de 1936.
Desde então, a legislação vem sendo alterada visando aadequar-se à realidade do entendimento da 
questão indígena quanto às suas necessidades de terra, segundo aspectos étnico-culturais dos diferentes 
povos indígenas.
• No texto Constitucional de 1967, as terras indígenas foram redefinidas e consideradas como 
bens da União, porém estavam em posse das comunidades indígenas que nelas habitavam. Estas 
tinham o direito ao usufruto de todas as riquezas naturais aí existentes.
• A Lei Federal nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973, define reserva indígena como “uma área 
destinada a servir de hábitat a grupo indígena com os meios suficientes à sua subsistência”; 
Parque Indígena “é a área contida em terra de posse dos índios, cujo grau de integração permite 
assistência econômica, educacional e sanitária dos órgãos da União em que se preservem as 
29
RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
reservas de flora e fauna e as belezas naturais da região”; e colônia indígena “é a área destinada 
à exploração agropecuária administrada pelo órgão de assistência ao índio onde convivam tribos 
aculturadas e membros da comunidade nacional”.
• O Decreto nº 94.946, de 23 de setembro de 1987, classifica as terras ocupadas ou habitadas pelos 
índios em áreas indígenas, se ocupadas ou habitadas por índios não aculturados, ou em incipiente 
processo de aculturação; e colônias indígenas, se ocupadas ou habitadas por índios aculturados 
ou em adiantado processo de aculturação.
• Com o Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 1991, as terras designadas como áreas indígenas e 
colônias indígenas passam à categoria de terra indígena. Fica também estabelecida neste Decreto 
a possibilidade de ser realizada uma revisão dos limites, caso a Terra Indígena seja insuficiente 
para a sobrevivência física e cultural dos grupos indígenas.
• O Decreto nº 608, de 20 de julho de 1992, altera o Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 1991, que 
dispõe sobre o processo de demarcação das terras indígenas.
• O Decreto nº 1.775, de 8 de janeiro de 1996, dispõe sobre o procedimento administrativo de 
demarcação das terras indígenas e dá outras providências. Este mesmo Decreto revoga os Decretos 
nº 22 e nº 608, de 4 de fevereiro 1991 e 20 de julho de 1992, respectivamente.
Quando a União, mediante a Fundação Nacional do Índio (Funai), promove o reconhecimento oficial 
de um espaço como território indígena, esse passa a ter legislação própria no que se refere à utilização 
de recursos naturais e à limitação ao uso exclusivo pelos índios para habitação e ocupação. É no contexto 
dessa singularidade que as terras indígenas se destacam, pois, por força de legislação vigente, elas 
passam a constituir uma nova forma de compartimentação territorial do País.
1.5.3.1 Reserva Indígena Raposa Serra do Sol
Localizada a nordeste de Roraima, abrangendo áreas de fronteiras com a República da Guiana e com 
a Venezuela, tem cerca de 1,8 milhão de hectares e abriga cerca de 15 mil índios das etnias macuxi, 
taurepangue, uapixana e ingaricó, totalizando cerca de metade da população indígena do Estado, que 
tem como grupo mais numeroso o grupo ianomâmi, habitante da porção noroeste.
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Unidade I
Figura 4 – Localização da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol
Trata-se de uma área muito cobiçada por grupos de diferentes interesses: grileiros, arrozeiros, 
pecuaristas, garimpeiros e comunidades indígenas presentes na região, os quais, na década de 1970, em 
plena ditadura militar, reivindicavam a demarcação de terras contínuas para manutenção de sua cultura 
e seu modo de vida. Recebem o apoio de diversas ONGs e da Igreja Católica.
Padres católicos atuam na região desde 1911, quando criaram a Missão Surumu, ligada a ações de saúde 
e educação, e denunciaram o uso da mão de obra escrava de indígenas na região. Durante a década de 
1980, missões católicas cederam a grupos indígenas poucas cabeças de gado para criação entre as tribos, 
que deveriam contribuir com outras comunidades para multiplicarem a prática pecuarista de subsistência 
e redução da caça predatória, muitas vezes utilizando a prática das queimadas para cercar a caça.
Um mapa de Roraima feito pelo Serviço Geológico do Brasil, do Governo Federal, mostra que as 
principais reservas minerais do Estado estão sobre as reservas Ianomâmi (Noroeste) e Raposa Serra do 
Sol (Nordeste). Têm ouro, diamante, nióbio, urânio e outros minerais nobres. Além disso, as planícies 
fluviais da região são excelentes para o plantio de arroz, fato que possibilitou a formação da maior área 
produtora de arroz do Estado, na periferia meridional da reserva.
Durante o governo militar, a região era abrangida pelo Projeto Calha Norte, de conteúdo geoestratégico, 
no contexto da Guerra Fria, quando havia uma preocupação com o avanço da “contaminação” ideológica 
cubana por meio de governos de esquerda da República da Guiana, assim como de Granada, que sofreu 
a intervenção norte-americana para desalojar o governo socialista eleito democraticamente. Por isso, 
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RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
o projeto previa a criação de postos avançados de unidades do Exército na região, a criação da rodovia 
Perimetral Norte, a colonização pela agropecuária e projetos de mineração. Assim, as áreas previstas para 
criação de reservas indígenas foram relegadas a um segundo plano, e dirigentes da Funai atrelados aos 
governos militares fizeram vistas grossas à grilagem de terras em áreas de terras indígenas e até mesmo 
permitiram a titulação de grandes propriedades por fazendeiros (pecuaristas e arrozeiros) originários do 
Sul e do Sudeste em áreas da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol.
Brasil usou arma biológica contra índios
Armas biológicas, como os vírus da varíola e do sarampo, foram utilizadas no Brasil no 
século XIX para exterminar os índios.
Pelo menos três casos documentados mostram que o contato dos índios com as doenças 
dos brancos também ocorreu de forma proposital, com o objetivo deliberado de dizimar 
tribos hostis.
O mais “clássico” deles, segundo o antropólogo Mércio Pereira Gomes, aconteceu em 
Caxias, no sul do Maranhão, por volta de 1816. A vila estava se transformando em um 
grande centro de criação de gado, e os fazendeiros queriam se livrar dos índios timbira. “O 
plano era atrair os índios para a vila, então atacada por uma epidemia de bexiga (varíola).”
Uma vez ali, “as bexigas dariam conta deles”, descreve o antropólogo Darcy Ribeiro no 
livro Os índios e a civilização.
Os fazendeiros de Caxias “presentearam” um grupo de cinquenta índios com roupas 
de moradores da vila que haviam contraído a doença. De volta a suas aldeias, os índios 
espalharam o vírus. A epidemia se disseminou rapidamente pelo sertão e atingiu até tribos 
a 1.800 km de Caxias.
Francisco de Paula Ribeiro, na época comandante militar no sul do Maranhão, 
relatou com detalhes o massacre dos Timbiras. O texto, escrito em 1819, só foi 
publicado por volta de 1930, na revista do Instituto Geográfico e Histórico Brasileiro. 
Ele conta: “Não é certamente fácil fazer-se uma ideia de quantos mil desgraçados se 
evaporaram por semelhante motivo, e ainda muito mais quando sabemos o método 
extravagante que se pretendiam curar-se, sepultando-se nos rios para suavizar o 
calor das febres, ou ainda abreviando-se uns aos outros a vida, logo que conheciam 
os verdadeiros sintomas daquele mal tão cruel, ao que chamavam Pira de Cupé, 
sarna dos cristãos”.
Os imigrantes alemães se valeram do vírus da varíola na luta contra os índios xokleng e 
kaiangang, durante a colonização de Santa Catarina e do Paraná, no final do século XIX. “Os 
bugreiros, caçadores de índios contratados pelas companhias de colonização, deixavam nas 
matas roupas com os vírus da varíola e do sarampo”, disse o antropólogo Gomes.
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Unidade I
O naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), que viajou pelo Brasil entre 
1816 e 1822, fez referências à guerra bacteriológica contra os índios botocudos, no vale do 
Rio Doce.
Ele denunciou na Europa as atrocidades cometidas por portugueses e brasileiros, queentregavam aos índios roupas contaminadas por varíola. “Em breve, nada mais restará dos 
antigos povos indígenas que habitavam as terras do Brasil”, previu o naturalista, em 1847, 
no livro Viagem à Província de Goiás. Ele estava certo.
Em 1500, a população indígena no Brasil ultrapassava 2 milhões de pessoas. Há 
estimativas que apontam até 6 milhões de índios.
Hoje restam apenas 300 mil.
Fonte: Blecher (2001).
1.5.4 Quilombos
Localizado próximo a Salto de Pirapora, o quilombo de Cafundó foi reconhecido oficialmente no 
fim de 1999, após uma luta que já passava de três décadas. No local ainda vivem negros puros, que 
falam o dialeto trazido da África. Um dos grandes problemas encontrados ali é o fato de o quilombo, 
em sua totalidade, estar situado em áreas particulares, implicando inúmeras desapropriações. Como foi 
reconhecido como remanescente, o Itesp está aguardando os recursos da Fundação Palmares para que 
possa efetuar as desapropriações e conceder os títulos de posse aos moradores.
Como o Cafundó, outras comunidades aguardam apenas o reconhecimento oficial para a continuidade 
e a manutenção de sua tradição. Já dizia Solano Trindade: “Eu canto aos Palmares, sem inveja de Virgílio, 
de Homero e de Camões, porque o meu canto é o grito de uma raça em plena luta pela liberdade...”.
Segundo estudo desenvolvido pelo professor Rafael Sanziro Araújo dos Anjos, do Departamento de 
Geografia da UnB, existem 843 comunidades quilombolas em todo o País.
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RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
Qtd. de comunidades por Munic.
1 - 5
6 - 10
11 - 50
51 - ...
Figura 5 – Localização das principais comunidades quilombolas brasileiras
A Constituição reconhece o direito dos remanescentes de quilombos à posse da terra. O processo de 
legalização teve início em 1995.
A maioria das unidades tem poucas famílias, mas a comunidade Chapada do Norte no Vale do 
Jequitinhonha (MG) tem mais de 16 mil moradores.
1.5.5 Projetos conservacionistas
1.5.5.1 Projeto Pomar
Despoluição dos rios Tietê e Pinheiros e da criação de um “jardim” na área desmatada da antiga mata ciliar.
Esse projeto foi iniciado em dezembro de 1999, com o objetivo de recuperar as margens do rio 
Pinheiros com o plantio de mudas, incluindo árvores de grande porte, como jequitibá-branco, sapucaia, 
jatobá e mulungu, além de palmiteiro-juçara e jerivá (que se tornou o símbolo do projeto).
O jerivá, cujo nome científico é Syagrus romanzoffianna, tornou-se a palmeira-símbolo do Projeto 
Pomar. Adaptado a solos úmidos, como as várzeas de rios, o jerivá é uma das mais de duzentas espécies 
de palmeiras nativas do Brasil. Por suportar alagamentos, é uma espécie indicada para a colonização de 
margens de rios.
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Unidade I
Desde os primórdios do século XIX, quando foi construída a represa de Guarapiranga, o rio Pinheiros 
sofreu toda espécie de intervenções. Além da retificação do curso, foram construídas as barragens de Traição 
e Pedreira, para a reversão de suas águas para a represa Billings. Em suas margens, entre as marginais e 
o leito, foram sendo instaladas linhas de transmissão de energias, ferrovias, interceptores e emissárias de 
esgoto, oleodutos, cabos de telecomunicações, galerias de águas pluviais e estradas de serviços.
Por quase um século, por essas estradas de serviços passaram carros e caminhões que, além de 
lançarem toda espécie de detritos, promoveram uma forte compactação do solo que prejudicava a 
drenagem da água.
O sistema de flotação – a eficiência do sistema de tratamento das águas por flotação vem sendo 
testada em dois canais na Praia da Enseada, no Guarujá, e nos lagos dos Parques da Aclimação e do 
Ibirapuera, com resultados positivos. O processo, que se caracteriza pelo seu baixo custo, será adotado 
também na despoluição dos lagos dos Parques Estaduais Alberto Loefgreen e do Jaraguá, onde ocorre a 
contaminação por esgotos.
O objetivo do governo paulista, ao tentar reduzir os índices de poluição, é poder voltar a bombear a 
água desses rios para a represa Billings, ao sul da Grande São Paulo.
Atualmente, devido ao nível de poluentes dos rios, a água só é mandada para a represa em caso de 
enchentes em São Paulo e, mesmo assim, somente com autorização do governo estadual. Outro objetivo 
é mandar água de melhor qualidade para o Médio Tietê.
1.5.5.2 Projeto Tamar
Criado pelo Ibama, o Projeto Tamar começou na Bahia (Praia do Forte). Sua função é salvar as 
tartarugas-marinhas. Hoje, são 21 estações espalhadas por oito Estados.
O Tamar se mantém como um projeto de adoção de tartarugas de forma simbólica, o que dá direito 
a uma camiseta e um certificado de adoção.
As tartarugas-marinhas são répteis que habitam as águas tropicais do planeta. Existem sete espécies, 
todas ameaçadas de extinção e, destas, cinco se reproduzem no Brasil: verde (Chelonia mydae); de 
pente (Eretmochelys imbricata); cabeçuda (Caretta caretta); de couro (Dermochelys coriacea); e oliva 
(Lepidochelys olivacea).
Elas estão desaparecendo por causa da caça e da poluição dos mares. Sua carne é consumida como 
alimento, e o casco é usado para fabricação de pentes, óculos, bolsas, cintos e outros produtos. Segundo 
o Tamar, de cada mil tartarugas nascidas, apenas uma ou duas chegam à idade adulta.
Os filhotes têm cerca de 20 g; quando crescem, pesam até 900 kg. As fêmeas botam, em média, 
120 ovos por vez. No entanto, no Brasil já foram catalogados ninhos com até 240 ovos. Uma tartaruga 
sempre volta à praia onde nasceu para desovar. Os cientistas do Tamar, porém, desconhecem o motivo 
disso. Depois que os ovos estão em local seguro, a mãe volta para o mar. Entre 45 e 60 dias depois, 
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RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
nascem as tartaruguinhas. O filhote tira a areia do buraco até alcançar a superfície do ninho e corre 
para o mar.
1.5.6 Novo Código Florestal
O Novo Código Florestal Brasileiro (Projeto de Lei nº 1.876/99) é uma proposta de reforma do 
atual Código Florestal Brasileiro, promulgado em 1965. Desde a década de 1990, a proposta de reforma 
do Código Florestal suscitou polêmica entre ruralistas e ambientalistas. O projeto atual tramita há 12 
anos na Câmara dos Deputados e foi elaborado pelo deputado Sérgio Carvalho (PSDB de Rondônia). Em 
2009, o deputado Aldo Rebelo, do PCdoB, foi designado relator do projeto, tendo emitido um relatório 
favorável à lei em 2010. A Câmara dos Deputados aprovou o projeto pela primeira vez no dia 25 de 
maio de 2011, encaminhando-o ao Senado Federal. No dia 6 de dezembro de 2011, o Senado Federal 
aprovou por 59 votos contra 7 o projeto de Aldo Rebelo (no Senado, o projeto adquiriu o nome de “Lei 
da Câmara nº 30 de 2011”). No dia 25 de abril de 2012, a Câmara aprovou uma versão alterada da lei, 
ainda mais favorável aos ruralistas, que comemoraram. Em maio de 2012, a presidente Dilma Rousseff 
vetou 12 pontos da lei e propôs a alteração de 32 outros artigos. Após o Congresso aprovar o Novo 
Código Florestal, ONGs, ativistas e movimentos sociais organizaram o movimento Veta Dilma, pedindo 
o veto integral ao Projeto de Lei.
2 A CAMPANHA “SUSTENTÁVEL” NA EUROPA E O FENÔMENO 
ÉCOQUARTIER, POR FERNANDO PINTO RIBEIRO
A cidade contemporânea se reconfigura atualmente baseada na dispersão de um discurso ambiental 
hegemônico centrado na abordagem “sustentável”. Sua repercussão na Europa, sobretudo na França, 
pode ser observada nas evidências trazidas por grandes projetos urbanos considerados “sustentáveis”, 
aqui denominados de écoquartiers. Estes são indicativos espaciais que se expandem na esteira de uma 
campanha sustentável nascente desde a Carta de Aalborg, e que se repercute espacialmente segundo 
uma lógica de apropriação das demandas ambientais pelo Estado e pelo mercado imobiliário. Este 
fenômeno implicará uma abordagem restrita e reducionista do desenvolvimento sustentável, pois 
a subordina a interesses políticos e econômicos privados. Dessa forma, a considerável expansão de 
projetos écoquartier na Europa serve para demonstrar uma cidade que se constrói segundo

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