Buscar

Psicofisiologia Tema 5 - estados de consciencia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Sono e vigília, ritmo infradiano,
circadiano e ultradiano
O que é o sono?
O sono pode ser definido como um estado de suspensão da consciência, total
ou parcial. Total porque pode acontecer de você permanecer completamente
alheio aos estímulos do ambiente, a ponto de continuar dormindo, mesmo
diante de uma turbulência de avião. Parcial, pois é possível continuar
percebendo alguns estímulos do ambiente.
Basicamente, nosso dia é dividido entre o período em que estamos dormindo
e aquele em que estamos acordados. Chamamos isso de ciclo circadiano
(ou ritmo circadiano), pois tais flutuações fisiológicas e psicológicas ocorrem
dentro do período de 24 horas. Por isso, podemos considerar que a
alternância entre o sono e a vigília respeita a lógica do ritmo biológico
circadiano.
Padrão do sono
Monofásico - tem-se a pessoa que concentra seu sono em um único período
do dia
Bifásico - o indivíduo dorme ininterruptamente durante um determinado
período do dia, mas também costuma tirar um cochilo curto em outro horário.
Ex: sesta
Polifásico - apresentam um sono segmentado, caracterizado por vários
episódios curtos de adormecimento ao longo de todo o dia, demonstrando um
ritmo circadiano irregular e disfuncional.
No início da vida o sono tende a ser polifásico, que é o menos adequado. No
final da adolescência o sono passa a ser monofásico.
As diferenças individuais no sono
Ainda que o nosso sono seja regulado pelo ciclo circadiano (o que faz com
que sintamos sono geralmente no mesmo horário, todos os dias), não
significa que todas as pessoas durmam e acordem no mesmo horário do dia.
Isso porque há outro fator que influencia bastante na equação psicológica do
sono, que é o cronotipo.
O cronotipo determina o momento do seu dia em que suas faculdades
mentais e aptidão física estão mais funcionantes. Ou seja, o seu cronotipo vai
predizer que você sentirá sono em um determinado período do dia, enquanto
o ciclo circadiano vai garantir que, após cerca de 24 horas, você sentirá sono
novamente.
cronotipo matutino - algumas pessoas atingem um pico performático logo
no início da manhã, sentindo a necessidade de dormir logo após o Sol se pôr
cronotipo vespertino. - São pessoas que melhoram sobremaneira as suas
faculdades mentais no início da noite, sentindo sono somente quando o Sol
começa a raiar no horizonte.
O cronotipo vespertino está relacionado à produção mais intensa e de
qualidade a partir do início da tarde.
A avaliação do cronotipo de alguém é fundamental, na medida em que esse
fator ajuda na predição de comportamentos. Ou seja, ao reconhecer que a
pessoa possui um cronotipo matutino, você consegue prever que a
performance dela (profissional, acadêmica, social) será superior nas primeiras
horas do dia.
Os estágios do sono
Sabidamente, o sono apresenta alguns estágios bem caracterizados e cada
um deles tem uma função específica. Podemos dividir esses estágios em
duas categorias maiores. Chamamos uma delas de REM e a outra de não
REM (ou NREM). Vejamos a seguir:
REM
Recebe esse nome devido ao fenômeno do movimento rápido dos olhos (no
inglês, rapid eye movement), que ocorre durante essa fase. Se você observar
com atenção, conseguirá ver o globo ocular se movendo rapidamente, de um
lado para o outro, debaixo da pálpebra da pessoa. Esse sinal, ainda que não
de forma absoluta, indica que a pessoa em questão pode estar sonhando
naquele momento. Isso ocorre porque, apesar de também ocorrer em outras
fases, a concentração maior dos sonhos é na REM.
NREM
Não apresenta nenhum sinal observável a olho nu de terceiros. A não ser que
você considere que a dificuldade maior de acordar seja um sinal observável.
Isso porque, realmente, durante essa fase, a pessoa se aprofunda cada vez
mais no sono, ficando mais resistente às tentativas de despertar.
Ainda, o NREM é dividido em quatro fases, sendo a I mais leve e a IV a mais
pesada/profunda.
FUNÇÃO DO SONO
o sono como um todo tem a função de reestruturar as conexões entre os
neurônios, facilitar a consolidação das memórias e, de acordo com uma
hipótese interessante, levantada no início dos anos 2000, gerar insights para
a resolução de problemas cotidianos.
Além disso, os sonhos (sejam eles bons ou ruins) têm a função de ser uma
espécie de arena de simulação segura, na qual podemos:
1.Reproduzir conflitos que podem fazer parte da nossa realidade.
2.Adotar determinadas estratégias para resolvê-los.
3.Verificar o potencial de resolutividade delas, sem ter qualquer ônus com
isso.
Ritmos biológicos e qualidade do sono
Ritmo infradiano, que regula as funções biológicas espaçadas por mais de
24 horas. Por exemplo, o ciclo menstrual é infradiano.
Ritmo ultradiano (ultrarápido). Esse regula aqueles eventos cujo ciclo tem
duração inferior a 24 horas. Por exemplo, nossa respiração é regida pela
lógica ultradiana, pois dentro de um único minuto respiramos dezenas de
vezes.
Arquitetura do sono e
fisiopatologia dos transtornos do
sono
a adenosina é uma das principais substâncias indutoras do sono, em
condições normais de temperatura e pressão. Ainda, a razão pela qual o café
pode fazer você postergar o início do sono é porque a cafeína age como uma
antagonista da adenosina. Ou seja, bloqueia parcialmente a capacidade da
adenosina se ligar nos neurônios pós-sinápticos e executar sua função
celular.
Outros fatores também levam à indução do sono. A ação do hormônio
melatonina, liberado diante da baixa percepção de luminosidade no
ambiente, também favorece o sono.
O SRAA (sistema reticular ativador ascendente) é formado por um
conjunto de feixes de neurônios que partem do tronco cerebral e vão até o
córtex, agindo sobre ele de maneira bastante generalizada. Esses neurônios
são especializados na neurotransmissão de noradrenalina, catecolaminas,
serotonina e glutamato. É devido à ativação desse sistema que você se
mantém vigilante e, por consequência, quando ele reduz a atividade (inclusive
devido à adenosina), o estado de sonolência se impõe.
A histamina auxilia na perpetuação da atividade dos neurônios. Ou seja,
ajuda você a ficar acordado(a). Quando os níveis de histamina caem, o sono
aumenta.
SONHOS
os estudos nos permitem concluir que, durante os sonhos, há uma ativação
do córtex occipital e das estruturas límbicas, ao mesmo tempo em que ocorre
uma desativação do córtex pré-frontal.
As estruturas límbicas seriam responsáveis pelo conteúdo emocional atrelado
ao sonho.
A atividade occipital é atrelada à construção da imagem onírica.
Já a redução do pré-frontal à suspensão de descrença, típica do sonho em
que você vê cavalos voando e aquilo parece óbvio desde sempre. Ou seja,
seu juízo está comprometido.
RELOGIO BIOLOGICO
Uma estrutura fundamental da engrenagem desse relógio biológico é o
chamado núcleo supraquiasmático (NSQ), que fica localizado na ponta mais
inferior do hipotálamo, logo acima do quiasma óptico (por isso o nome, pois
“supra” significa “acima de”).
Arquitetura do sono
ESTRUTURA DO SONO
Por exemplo, a primeira metade de uma noite de sono é caracterizada pela
maior incidência das fases III e IV do NREM.
Na segunda metade (ou, após, aproximadamente, 3 horas), a incidência das
fases III e IV do NREM diminui consideravelmente, e ocorre um aumento das
fases I e II NREM, bem como das fases REM.
Dessa forma, temos a seguinte sequência:
Fase I do NREM (fase de sonolência, sono mais leve).
Fase II do NREM (relaxamento muscular e queda de temperatura corporal).
Fase III do NREM (Sono profundo).
Fase IV do NREM (etapa de sono mais profundo ainda).
Fase III do NREM.
Fase II do NREM.
Fase REM (intensa atividade cerebral – atividade onírica).
O período que compreende o início do adormecimento ao final da fase REM é
chamado de ciclo do sono. É importante esclarecer que, ao longo de uma
noite, ocorrem de 4 a 6 ciclos, cada um deles com duração aproximada de 90
minutos.
Descrição e etiologia dos transtornos do
sono
INSÔNIA
Caracterizada pela insatisfação com a qualidade ou quantidade do sono,
podendo se dever à dificuldade em iniciar o sono (deita-secedo, mas só se
consegue dormir muitas horas depois); dificuldade para sustentar o sono
(acorda-se repetidas vezes à noite); ocorrência de despertares muito antes do
planejado.
TRANSTORNO DE HIPERSONOLÊNCIA
A principal característica desse transtorno é a tendência a dormir durante
muitas horas ininterruptas sem, contudo, experienciar um sono reparador. Ou
seja, o paciente dorme por mais de 9 horas e considera que ainda precisa de
mais horas de cama.
ele pode ser consequência de uma disfunção do sistema reticular ativador
ascendente, que é a base da vigília.
NARCOLEPSIA
Caracterizada pela mudança abrupta do estado de vigília para a fase REM do
sono, envolvendo a perda do tônus muscular, o que pode provocar quedas
inesperadas. Geralmente, esses episódios ocorrem após um momento de
forte emoção. Basicamente, o indivíduo está com uma consciência plena e,
de repente, é assolado por um sono avassalador e incontrolável.
SONAMBULISMO
Transtorno cuja principal característica é a presença de movimentos
complexos durante as fases III e IV do sono NREM. Pelo fato de ocorrer em
fases de sono profundo, esses pacientes apresentam grande dificuldade de
acordar durante o episódio de sonambulismo.
TERROR NOTURNO
Geralmente presente em crianças, ocorre nas fases mais profundas do sono
NREM (III e IV). De maneira análoga ao sonambulismo, o paciente com terror
noturno também terá dificuldade em acordar. A sua reação é de medo
extremo, caracterizado por gritos elevados e choro.
TRANSTORNO COMPORTAMENTAL DO SONO REM
Tende a se manifestar em adultos, geralmente do sexo masculino e com
idade mais avançada. Como vimos antes, em condições normais, os núcleos
da ponte do nosso cérebro, que controlam alguns músculos do corpo
humano, precisam desativar durante o sono, principalmente durante o sonho,
para que nós não executemos aquilo que estamos sonhando. Esse transtorno
é devido a um problema nesse circuito do sono, que faz com que ocorram
manifestações comportamentais durante o sonho, geralmente com conteúdo
violento.
Higiene do sono
É muito importante manter uma rotina fixa de horário para dormir e acordar.
A seguir, você poderá conferir algumas formas de melhorar o sono:
● Evite atividades, como refeição, cinema ou leitura na cama na
antevéspera do sono;
● Concentre no turno da noite a realização de atividades
relaxantes/repousantes;
● De preferência, evite contato direto com a luz, principalmente de
celulares;
● Use o celular, à noite, apenas para assuntos absolutamente
necessários e pontuais;
● Não utilize medicamentos indutores do sono sem o acompanhamento
médico.
Vias dopaminérgicas e
serotoninérgicas e quadros
demenciais
As vias dopaminérgicas
A dopamina é um dos principais neurotransmissores pela quantidade de
estudos existentes.
praticamente todos os neurônios apresentam receptores para dopamina,
mesmo que nem sempre na mesma quantidade ou, ainda, iguais, tendo em
vista que ela tem duas famílias e cinco subtipos de receptores diferentes.
A dopamina apresenta quatro vias de ação distintas, no interior do cérebro
humano. A seguir, veremos cada uma dessas vias:
1. via mesolimbica (prazer)
É responsável pela função mais comumente atribuída à dopamina: o
prazer. Inicia na região do tronco cerebral chamada de área tegmentar ventral
(ATV), onde uma parcela considerável (mas não a maioria) da dopamina é
produzida. Da ATV, a dopamina é enviada a uma estrutura cinzenta no miolo
do cérebro humano, chamada de núcleo accumbens. Essa via representa a
base química do prazer. Não é à toa que é acionada diante de comida, da
pessoa amada, ou mesmo das drogas. Sua ativação produz a sensação
subjetiva de prazer ou recompensa, o que favorece a repetição do mesmo
comportamento, que nem sempre é adaptativo.
2. via mesocortical (cognitiva)
Está relacionada à gênese química de funções cognitivas ditas
superiores, que envolvem autogerenciamento, como as funções executivas.
Do ponto de vista de localização, ela também parte da ATV. Mas, em vez de
irradiar para o núcleo accumbens, faz outro caminho, indo direto para a
região pré-frontal.
3. via nigroestriatal (motora)
É curioso como uma das funções menos conhecidas da dopamina é a
que ela mais realiza. Estamos nos referindo ao planejamento motor, que é a
base para a execução dos movimentos voluntários. Essa é a função dessa
via, que parte não da ATV, mas da substância nigra, em direção ao núcleo
caudado, putâmen e gânglios da base. Quando há uma redução na atividade
dessa via, o indivíduo pode experienciar uma série de sinais motores
observáveis, sem necessariamente apresentar alterações no prazer ou no
pensamento.
4. via tuberoinfundibular (homeostase)
Via específica para auxiliar na homeostase (equilíbrio do organismo).
Por isso, ela parte de um dos núcleos hipotalâmicos (periventricular) e irradia
para outro núcleo hipotalâmico (infundibular).
A função aqui é promover um feedback negativo que iniba a ação da
prolactina. Alterações nessa via podem provocar aumento desproporcional de
prolactina (prolactinemia), que desregula bastante a libido e o comportamento
sexual.
As vias serotoninérgicas
Ao todo, são sete famílias e 14 subtipos de receptores diferentes.
Os neurônios serotoninérgicos estão concentrados nos chamados núcleos
da rafe, localizados no tronco cerebral. Veja a seguir:
Núcleos da rafe ditos rostrais
Enviam projeções para partes mais superiores do encéfalo, como o córtex
cerebral, as regiões límbicas e o hipotálamo. Essa via regula, principalmente,
o humor, apetite e o sono.
Núcleos da rafe ditos ventrais
Enviam suas projeções para áreas diferentes. Principalmente, para outras
regiões do tronco cerebral, o cerebelo e a medula. Essa via é mais
responsável pelo controle da dor, bem como a regulação visceral.
O que o assunto tem a ver com as
demências?
O próprio Dicionário On-line de Psicologia da APA (2022), define o termo
dementia como sendo “uma deterioração pervasiva e generalizada da
memória e pelo menos outra função cognitiva, como, por exemplo, a
linguagem e as funções executivas, devido a uma variedade de causas. A
perda da habilidade intelectual é grave o bastante para interferir no
funcionamento diário do indivíduo, bem como nas atividades sociais e
ocupacionais" (tradução livre, do resultado original em inglês).
Sintomas cognitivos e comportamentais das demências, que incluem os
seguintes sintomas:
Alteração psicomotora
Ansiedade
Irritabilidade
Depressão
Apatia
Desinibição
Delírios
Alucinações
Alterações em apetite
Sono
foi identificado que em pacientes com quadros demenciais,
independentemente de qual seja, há alterações significativas tanto na função
quanto na estrutura das vias serotoninérgicas.
Basicamente, identificou-se uma redução no volume dos núcleos da rafe (o
que indica destruição de neurônios da região), bem como redução da
neurotransmissão de serotonina em si.
Vale ressaltar que a redução da serotonina também está relacionada aos
sintomas psicóticos das demências. Ainda, é comum que pacientes com
demência também se queixem de dores crônicas. Vimos que a serotonina
participa da regulação da dor e, por estar em baixa, pode ser a explicação
neuroquímica desse sintoma também.
Além da serotonina, a literatura demonstra uma redução significativa dos
níveis de dopamina, principalmente nas vias mesolímbica e mesocortical,
nos diferentes quadros demenciais.
Esse fato pode explicar os sintomas depressivos, bem como a apatia e
desinibição
Alterações na cognição social também são comuns em diferentes
demências, mas principalmente na variante comportamental da demência
frontotemporal e no Parkinson, e podem ser explicadas por essa atividade
reduzida da dopamina.
Esquizofrenias, sistema de
recompensa e dependência
química
a esquizofrenia é um transtorno mental grave, caracterizado principalmente
pela reduzida capacidade de apreender e julgar a realidade. Respeitando
todos os critérios para o diagnóstico acurado, tem-se que ela está presente
em 1% da população. Portanto, isso implica dizer que aproximadamente 99%da população não apresenta o transtorno.
A esquizofrenia é um transtorno mental grave e complexo, capaz de afetar
sobremaneira a qualidade de vida do paciente. Seja em função da natureza
dos sintomas em si, seja devido ao forte estigma social que atinge essa
população. De maneira geral, podemos considerar que a principal
característica dos transtornos esquizofrênicos é a acentuada dificuldade em
perceber adequadamente a realidade.
De modo geral, podemos considerar que os sintomas da esquizofrenia se
dividem em duas grandes categorias. Confira a seguir:
Positiva e Negativa
um sintoma negativo clássico é a avolição (perda do interesse pelas coisas).
Antes de a doença se manifestar (algo que tende a ocorrer no final da
adolescência), o indivíduo provavelmente conseguia ter uma rotina diária e
sentia-se satisfeito quando realizava as atividades cotidianas que lhe davam
prazer. Porém, depois que a doença começou a se manifestar, esse interesse
deixou de existir.
sintomas positivos, confira àqueles que estão mais associados ao
imaginário popular da esquizofrenia:
1.alucinações
podem ser definidas como percepções na completa ausência de estímulos.
Isso significa que o indivíduo que alucina vê, escuta, sente um gosto, toque
ou cheiro, mesmo que não haja nada lá. Em termos conceituais, é possível
defender que o sonho seja uma alucinação.
2.delírios
Os delírios dizem respeito a crenças equivocadas, disfuncionais, altamente
resistentes a argumentos contraditórios e que não são compartilhadas pelos
demais membros da sociedade.
Por exemplo, o indivíduo atende a um telefone e escuta um “click”. Isso é o
suficiente para ele teorizar que pode estar sendo monitorado por alguma
organização secreta e sentir-se profundamente ameaçado.
Lendo o cérebro de um paciente
esquizofrênico
já ficou demonstrado que pacientes com esquizofrenia apresentam uma
redução considerável da substância cinzenta cerebral, bem como atrofias nas
regiões frontais e temporais. Além disso, a assimetria hemisférica, comum a
todos com desenvolvimento cerebral regular, é bem mais discreta neles, o
que pode favorecer a ocorrência de problemas relacionados à linguagem.
Na ausência de tratamento adequado, o paciente começa a perder suas
faculdades mentais em progressão quase geométrica. Diante desses
achados, é possível defender que a esquizofrenia seja uma doença
degenerativa.
A esquizofrenia também está alicerçada em desbalanços químicos. Uma das
hipóteses neuroquímicas mais robustas é da hiperativação dopaminérgica.
Não é por acaso que medicações, cujo mecanismo de ação consiste em
reduzir a neurotransmissão de dopamina, estão relacionadas à redução dos
sintomas positivos da esquizofrenia.
Outra hipótese defende que os sintomas da esquizofrenia possam surgir a
partir de uma alteração nos níveis de adenosina. A adenosina é um
importante indutor do sono, em condições normais. Nesse caso, quando os
níveis de adenosina são reduzidos, a necessidade de sono é menor, sendo
essa uma característica comum em pacientes com o transtorno. Ainda, a
ingestão de café, que bloqueia a ação da adenosina, favorece a manifestação
e até o agravamento dos sintomas psicóticos. Além disso, já está
demonstrado também que a ausência de sono pode potencializar a
ocorrência dos sintomas positivos, principalmente das alucinações.
TRATAMENTO
Com relação ao tratamento da esquizofrenia, um ponto importante deve ser
destacado. Diferentemente de outros transtornos mentais, não há
praticamente nenhuma evidência robusta na literatura de que a monoterapia
psicológica resulte em uma melhoria do quadro. Ou seja, parece não ser
possível tratar a esquizofrenia somente com psicoterapia. O paciente precisa
fazer uso da medicação que, conjuntamente com as técnicas aprendidas
durante a psicoterapia, proporcionará o abrandamento do quadro.
Se existe um descompasso nos níveis de dopamina, esses pacientes se
beneficiarão de medicamentos que favoreçam a normalização desses níveis.
Na verdade, o problema da esquizofrenia parece estar circunscrito à via
dopaminérgica mesolímbica, não à nigroestriatal.
O centro cerebral do hedonismo
parece haver um consenso de que existe mesmo um circuito cerebral que
funciona como um núcleo central da recompensa, o que não quer dizer que a
sensação de prazer/recompensa esteja circunscrita a ele. Basicamente, duas
diferentes estruturas compõem o moderno sistema de recompensa. Confira a
seguir:
- área tegmentar ventral, que fica localizada no tronco cerebral e é
responsável por produzir a dopamina;
- núcleo accumbens. Esse sistema parece funcionar à base de
dopamina.
Basicamente, esse sistema funciona mais intensamente quando gostamos
daquilo que estamos fazendo, ou mesmo quando estamos aprendendo sobre
algo. Essa é a explicação neurobiológica para aquilo que a Pedagogia e a
Psicologia escolar já sabem há muito mais tempo: a motivação é um
componente fundamental para o aprendizado.
É curioso verificar que o funcionamento desse sistema sofre um
embotamento durante a adolescência e essa é a razão pela qual o
adolescente geralmente diminui a vontade de aprender coisas novas. As
aulas, por exemplo, passam a ser entediantes. Até mesmo as brincadeiras
que marcaram a infância, deixam de fazer sentido. Biologicamente falando,
pode-se dizer que o adolescente é menos capaz de sentir prazer com as
atividades cotidianas, em relação às crianças e adultos.
A droga, uma vez consumida, não terá muitos problemas em potencializar a
atividade desse sistema e, em pouco tempo, instalar um quadro de
dependência química. Isso implica dizer que a vulnerabilidade dos
adolescentes às drogas se explica por uma combinação entre um sistema de
recompensa hipoativo e uma falta de perspectiva/propósito de vida. Podemos
fazer pouco, ou nada, para resolver a primeira questão, pois é um imperativo
da nossa natureza. Porém, é possível reforçar a autoestima e o senso de
propósito dos adolescentes, para blindá-los contra o risco da dependência.
Da mesa de bar ao divã
Mas, em algum momento, você já se perguntou por que consome álcool?
Em níveis razoáveis, a bebida alcoólica funciona como uma espécie de
“lubrificante social”.
Isso significa que, após uma taça de vinho, copo de cerveja ou dose de
whisky, as relações sociais começam a ficar mais interessantes e fluidas.
Você conversa mais, ri mais, aproxima-se mais do outro e até mesmo
considera a si mesmo e aos outros como sendo mais atraentes (fenômeno
que recebe o nome de “miopia alcoólica”).
Existem, contudo, aquelas que dizem respeito ao consumo
desproporcional, em que o indivíduo perde a capacidade de limitar o uso e
apresenta respostas emocionais intensas e desconfortantes diante da
privação da droga (abstinência).
A maioria das dependências químicas é um reflexo da longa exposição à
droga. No entanto, há uma regra que diz: a dependência química se instala
por meio do reforço positivo, mas se perpetua por meio do negativo.
Em termos de drogas, algumas delas têm um potencial muito superior para
causar dependência, como é o caso da cocaína, do crack e do cigarro
convencional. Por outro lado, temos drogas que necessitam de um tempo
maior de exposição para desenvolver a dependência, como é o caso do
álcool e da maconha (sim, existe dependência de maconha!).
Já em relação às diferenças individuais que tornam algumas pessoas mais
propensas ao vício, é possível identificar que alguns traços de personalidade
(como a abertura à experiência), maiores níveis de impulsividade, tendência a
uma orientação para o presente (ou, “presentismo”) e comorbidades
psiquiátricas (como TDAH, fobia social, depressão e esquizofrenia,
principalmente) elevam o risco de converter o uso recreativo em vício.

Continue navegando