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APG 28 - OSTEOMIELITE

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Kamilla Galiza / 5º P / APG 
 
 
 
 
 
 
 
Objetivos 
• Conceituar e classificar a osteomielite 
• Identificar os FR e a etiologia da osteomielite 
• Analisar a fisiopatologia, as MC e a evolução da oste-
omielite 
• Discorrer sobre o DX e o TTO da osteomielite 
• Revisar antibioticoterapia 
 
Definicao 
A osteomielite é um processo infeccioso do tecido ósseo, cau-
sado principalmente por bactérias, que compromete a por-
ção cortical e esponjosa do osso, bem como o canal medular. 
Essa complicação afeta com maior frequência ossos longos, 
especialmente nos membros inferiores, sendo o fêmur mais 
afetado, seguido pela tíbia e úmero. 
 
Classificacao 
As osteomielites têm sido classificadas de várias formas, le-
vando-se em consideração alguns critérios, como localiza-
ção do processo, extensão do acometimento ósseo, estado 
imunológico do hospedeiro, comorbidades e tipo de agente 
etiológico causador. 
 
A classificação de Waldvogel tem sido a mais utilizada, sub-
dividindo as osteomielites em hematogênicas, sistêmicas e 
secundárias a foco infeccioso ou por contiguidade, com ou 
sem insuficiência vascular. 
 
Osteomielite hematogênica aguda 
É a forma mais comum de infecção óssea. Em alguns casos, 
são detectados focos infecciosos a distância, como dentá-
rios, respiratórios, cutâneos, ferimentos e escoriações. Em ou-
tras situações, não são verificados locais com infecção que 
possam ser causadores de contaminação a distância e oca-
sionar osteomielite hematogênica. 
 
Osteomielite hematogênica subaguda 
É caracterizada pela ausência de sintomas sistêmicos, alte-
rações radiográficas ósseas já estabelecidas à apresenta-
ção, duração de mais de 10 dias e sem história de um episódio 
prévio. 
 
Osteomielite crônica 
Ocorre quando a abordagem terapêutica da osteomielite na 
fase aguda é iniciada com atraso, devido ao estabeleci-
mento tardio do diagnóstico, ou na falta de tratamento da 
mesma, propiciando, por conseguinte, a cronificação do pro-
cesso infeccioso, com grande quantidade de tecido necro-
sado e sequestro ósseo, o qual, por sua vez, pode comprome-
ter todo o osso longo (osteomelite pandiafisária). 
 
Abscesso ósseo 
É um tipo mais brando de infecção óssea, no qual a virulência 
da bactéria fica mais contida pelo sistema de defesa do pa-
ciente. Existe englobamento do foco inicial, não permitindo 
sua expansão e formando um verdadeiro abscesso intraós-
seo, ou abscesso de Brodie. 
 
 
Figura 1. Abscesso de Brodie, justaepifisário distal da tíbia. 
Osteomielite pós-traumática 
Decorre de contaminação direta com a pele, por ferimentos 
ou fraturas expostas, previamente infectados ou não, e que, 
por continuidade ou proximidade, podem ocasionar osteomi-
elite. 
 
Figura 2. Infecção óssea pós-traumática por ferimento grave do pé, decorrente 
de fraturas expostas. Alterações do primeiro e do segundo metatarsais, com 
irregularidades diafisáriasarticulares. 
Osteomielite pós-operatória (ou cirúrgica) 
Cirurgia de grande porte, com tempo prolongado de exposi-
ção tecidual e hemostasia imperfeita que ocasionam hema-
toma pós-operatório. Os pinos e os parafusos dos fixadores 
externos, os alongadores ósseos e a atração esquelética 
atuam como acesso direto para o tecido ósseo. 
 
Cierny e Mader 
Levam em consideração o padrão do acometimento ósseo 
de acordo com a etiologia (tipos 1 a 4), e as condições do 
hospedeiro (tipos A, B sistêmico, B local, B ambos, C). Essa 
classificação tem como objetivo orientar decisões no trata-
mento. 
 
 osteomielite 
J osteomuscular 
Kamilla Galiza / 5º P / APG 
 
Tabela 1. Padrão de acometimento ósseo 
 
Estagio 1 
Medular, geralmente de-
corrente de pinagem ins-
tramedular. 
 
 
Estagio 2 
Superficial, geralmente 
decorrente de contigui-
dade de úlcera de pres-
são. 
 
 
 
 
 
Estagio 3 
Permeativa estável, em 
que a infecção penetra a 
camada cortical e adentra 
a medular, mas o osso 
permanece biomecanica-
mente estável (aguenta 
carga). É geralmente ob-
servada no pós-operatório 
infectado de osteossíntese 
com placa. 
 
 
 
 
Estagio 4 
Permeativa instável, em 
que a infecção é extensa, 
acomete a camada corti-
cal e medular, e o osso é 
biomecanicamente instá-
vel. Pode ocorrer após 
infecção agressiva ou 
após desbridamento ex-
tenso 
 
Tabela 2. Condições do hospedeiro. 
Hospedeiro A Pacientes e membros sa-
dios 
 
Hospedeiro B sistêmico 
Antecedente de diabetes 
mellitus, senilidade, uso de 
álcool ou drogas, imuno-
deficiências. 
 
Hospedeiro B local 
Queimadura prévia no lo-
cal, cicatriz, celulite, cirur-
gia prévia, e doença vas-
cular local. 
Hospedeiro B local e sistê-
mico 
Combina acometimentos 
sistêmicos e locais. 
 
Hospedeiro C 
Múltiplas comorbidades 
que tornam o paciente in-
capaz de suportar o trata-
mento. 
 
Fisiopatologia 
A osteomielite, inflamação do osso, pode ser uma complica-
ção de qualquer infecção sistêmica, mas normalmente se 
manifesta como um foco primário solitário da doença. Qual-
quer microrganismo pode causar essa doença, incluindo ví-
rus, parasitas e fungos, porém os agentes mais comuns da 
osteomielite são certas bactérias piogênicas e micobacté-
rias, que geram a osteomielite piogênica e a osteomielite tu-
berculosa. 
 
A bactéria que mais frequentemente provoca osteomielite é 
a S. aureus, seguida pelos estreptococos do grupo A, e nos 
pacientes com anemia falciforme a osteomielite é provocada 
principalmente por Salmonella. Nos pacientes imunodeprimi-
dos, grande queimado e nos casos de trauma do osso calcâ-
neo, o principal agente infeccioso é a Pseudomonas. 
O S. aureus expressa receptores para os componentes da 
matriz óssea, como o colágeno, facilitando sua adesão ao te-
cido ósseo. A Pseudomonas, assim como a E. coli e Klebsiella 
são causadoras de osteomielite mais frequentemente em in-
divíduos com infecção do trato geniturinário. No período ne-
onatal, a H. influenzae e estrepcocos do grupo B são os prin-
cipais agentes da osteomielite. Além disso, há casos de infec-
ções por bactérias mistas, comum nos casos de dissemina-
ção direta ou inoculações de patógenos por cirurgias ou fra-
turas abertas. 
 
A infecção óssea pode ocorrer por três vias: 
• Inoculação direta, por meio de trauma ou cirurgias; 
• Disseminação por contiguidade, por celulite por exemplo; e 
• Invasão hematogênica, que é mais comum em crianças. 
 
Na inoculação direta, a ferida gerada por fraturas, procedi-
mentos cirúrgicos ou mesmo infecções do pé diabético, 
torna-se porta de entrada do patógeno, que se instala no 
osso ou mesmo em alguma articulação, gerando uma artrite 
séptica. A invasão hematogênica é comum em crianças sau-
dáveis, devendo ser suspeitada quando a mesma tenha 
apresentado uma infecção prévia. Nesses casos, comumente 
são identificados focos infecciosos à distância, como absces-
sos dentários, cutâneos, respiratórios e ferimentos e escoria-
ções. Em adultos, por outro lado, é mais comum osteomielite 
como uma complicação de uma ferida. 
 
 
Figura 3. Na primeira imagem, cabeça femoral com área de necrose óssea 
amarelada em formado de cunha. O espaço entre a cartilagem articular e o 
osso é causado por fraturas trabeculares por compressão sem reparo. Na 
segunda imagem, ressecção de fêmur num paciente com osteomielite em fase 
de drenagem. O traço da drenagem na concha superior do osso novo viável 
(invólucro) revela um córtex interno nativo necrótico (sequestro). Fonte: 
KUMAR, Vinay, et al. Robbins & Cotran: Bases patológicas das doenças. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
A localização da infecção dentro do osso depende da circu-
lação óssea, que varia com a idade. No neonato, os vasos 
metafisários penetram na placa de crescimento, gerando in-
fecção frequente da metáfise, epífise ou ambas. Após o fe-
chamento da placa de crescimento, os vasos metafisários se 
unem com vasos epifisários, sendo uma área especialmente 
vascularizada nos ossos longos por se tratar de uma zona de 
crescimento, e com isso acaba criando uma rota para disse-
minação debactérias até a epífise e regiões subcondrais 
adultas (osso abaixo da cartilagem), pela presença de uma 
circulação capilar término-terminal, onde pequenos êmbolos 
bacterianos não prosseguem na circulação, gerando o foco 
infeccioso inicial. 
 
Obs.: A osteomielite se desenvolve principalmente na metá-
fise óssea em crianças até 1 ano de idade, as quais não pos-
suem a separação sanguínea entre a diáfise e a epífise, o que 
Kamilla Galiza / 5º P / APG 
 
ocorre a partir de 1 ano até os 16 anos de idade, e isso torna 
mais propenso o avanço da osteomielite para um quadro in-
tra-articular. 
 
As alterações morfológicas na osteomielite dependem do es-
tágio (agudo, subagudo ou crônico) e localização da infec-
ção. Ao atingir o osso, a bactéria se prolifera e induz uma in-
flamação aguda. A proliferação bacteriana promove um 
acúmulo de exsudatos e produtos bacterianos, contribuindo 
na formação do abscesso dentro do osso, e nesse estágio 
não é possível identificar nenhuma lesão através de exames 
de imagem. 
 
O quadro evolui com a necrose óssea maciça sem reabsor-
ção óssea nas primeiras 48 horas do processo infeccioso. 
Com isso, o exsudato é drenado até a medula ou para dentro 
do córtex ósseo através dos sistemas haversianos, atingindo 
o periósteo. Em crianças, o periósteo é frouxamente unido ao 
córtex, favorecendo a formação de abscessos subperiosteais. 
 
Sem drenagem cirúrgica do pus, ocorre o deslocamento do 
periósteo, que dificulta a chegada de suprimento sanguíneo, 
e assim são instaladas lesões supurativas e isquêmica, ge-
rando necrose óssea segmentar – a parte do osso morte é 
chamada de sequestro. 
 
O deslocamento do periósteo induz uma reação de neofor-
mação óssea, que radiologicamente corresponde à perios-
tite. A ruptura do periósteo, devido à pressão gerada pelos lí-
quidos inflamatórios ali presentes provoca um abscesso e 
eventual formação de um seio de drenagem. Algumas vezes, 
o osso sequestrado se fragmenta e forma corpos estranhos 
livres, que passam através do trato do seio. Assim, em casos 
mais graves, a osteomielite pode provocar uma fístula na 
pele, que é a cronificação dessa condição. 
 
O momento exato da transição da fase aguda para a fase 
crônica da osteomielite é determinado pela formação de 
osso necrosado por isquemia, o que na prática é difícil de se 
identificar, sendo considerado por alguns autores 48 horas 
após a infecção inicial, mas o mais relevante é que o diag-
nóstico seja realizado e o tratamento iniciado antes de surgir 
necrose óssea e invasão periosteal. Além disso, em lactentes, 
e raramente em adultos, a infecção epifisária se dissemina 
pela superfície articular ou por meio das inserções capsulares 
até uma articulação, gerando artrite séptica ou supurativa, 
especialmente se a metáfise é intra-articular, como no fêmur, 
úmero e quadril. 
 
 
Figura 4. Na primeira imagem, evolução da osteomielite aguda. Na se-
gunda imagem, osteomielite crônica com sequestro ósseo. Fonte: HEBERT, 
Sizínio K., et. al. Ortopedia e Traumatologia: princípios e prática. 5ª ed. 
Porto Alegre. 
Após a primeira semana, as células inflamatórias crônicas se 
acumulam na região acometida e a liberação de citocinas 
estimula a reabsorção óssea por osteoclastos, levando ao 
crescimento de tecidos fibrosos e deposição de osso reativo 
na periferia. Quando o osso recém-depositado forma uma 
camada de tecido vivo adjacente ao segmento de osso in-
fectado morto, ele é chamado de invólucro. 
 
Vale pontuar que algumas variantes morfológicas da oste-
omielite possuem nomenclaturas próprias, como o abscesso 
de Brodie, que é um pequeno abscesso intraósseo que co-
mumente envolve o córtex e é isolado por osso reativo, casos 
em que o foco infeccioso inicial é contido (englobado) e a in-
fecção é mais branda; e osteomielite esclerosante de Garré, 
que geralmente se desenvolve na mandíbula e está associ-
ada à formação de osso novo que obscurece grande parte 
da estrutura óssea subjacente. 
 
Em cerca de 25% dos casos, a osteomielite aguda não regride 
espontaneamente e persiste como uma infecção crônica, o 
que ocorre em pacientes imunodeprimidos ou quando o di-
agnóstico é tardio, quando há necrose extensa ou tratamento 
inadequado. Podem ocorrer ainda exacerbações agudas es-
pontâneas após anos de regressão. Além da artrite séptica, a 
osteomielite também pode complicar com fratura patoló-
gica, amiloidose secundária, endocardite, sepse e até mesmo 
desenvolvimento de carcinoma de células escamosas no 
trato sinusal e sarcoma no osso infectado. 
 
A osteomielite tuberculosa é uma forma incomum de tuber-
culose, ou seja, é uma infecção óssea gerada pelo bacilo de 
Koch (Mycobaterium tuberculosis). Os organismos geral-
mente se originam do sangue, a partir de infecções viscerais 
ativas durantes os estágios iniciais da infecção primária. As-
sim, pode ocorrer por extensão direta, como a partir de um 
foco pulmonar uma costela ou esterno, ou disseminação por 
drenagem linfática. A infecção do osso normalmente é soli-
tária e alguns casos pode ser a única manifestação da tuber-
culose, podendo ulcerar antes de ser diagnosticada. É impor-
tante ressaltar que indivíduos com AIDS frequentemente tem 
envolvimento ósseo multifocal. A coluna, seguida dos joelhos 
e quadril são os sítios mais comumente afetados. 
 
Na maioria dos casos de osteomielite tuberculosa, os indiví-
duos afetados cursam com dor na mobilização, sensibilidade 
localizada, febres de baixo grau, calafrios e perda de peso. Na 
coluna, a infecção se alastra pelos discos vertebrais, vérte-
bras e até tecidos moles, formando abscessos, gerando 
achados histológicos típicos de tuberculose. A osteomielite 
tuberculosa tende a ser mais destrutiva e resistente do que a 
osteomielite piogênica. 
 
Kamilla Galiza / 5º P / APG 
 
Manifestacoes clinicas 
É recomendado que pacientes com suspeita de osteomielite 
sejam internados em ambiente hospitalar com urgência, pois 
a rápida evolução e potenciais sequelas torna fundamental 
a rapidez dos exames complementares para que o trata-
mento seja iniciado. O paciente com osteomielite apresenta 
frequentemente antecedente de infecção, febre de intensi-
dade variável, sem correlação entre clínica e gravidade. Nor-
malmente é acometido apenas 1 osso, e pode ocorrer em os-
sos chatos, especialmente os ossos cranianos e as vértebras. 
A osteomielite hematogênica pode se manifestar como uma 
doença aguda sistêmica, com mal estar, febre, calafrios, leu-
cocitose e dor intensa sobre a região afetada. O paciente, no 
entanto, pode apenas apresentar febre inexplicada, princi-
palmente lactentes ou uma dor localizada na ausência de fe-
bre em adultos. 
 
A dor, provocada pela hiperemia tecidual e aumento da 
pressão intraóssea, geralmente é a primeira queixa do paci-
ente com osteomielite, que apresenta instalação aguda e au-
mento progressivo da intensidade com o passar das horas. A 
característica dessa dor é a resistência a analgésicos co-
muns, e com a evolução o paciente se torna irritadiço, perde 
o apetite e diminui as atividades habituais. 
 
O edema surge nos primeiros dias e se torna mais volumoso 
com o tempo. É importante se diferenciar o edema de articu-
lações superficiais de derrame articular. O edema e a infla-
mação de partes moles também provocam impotência fun-
cional, que surge na logo na fase inicial e piora com a evolu-
ção. Quando há o envolvimento do membro inferior, a claudi-
cação é o sinal mais frequente. 
 
Conceito: Derrame articular consiste no acúmulo de líquido 
em uma articulação, provocado por traumas, infecções e do-
enças articulares crônicas, como artrite reumatoide e gota. 
Essa condição é chamada de “água no joelho” quando aco-
mete a articulação do joelho, área mais comumente afetada. 
Pode-se diferenciar o edema articular infeccioso do derrame 
articular pelo fato de que no derrame articular normalmente 
não estarão presentes outros sinais flogísticos, como hipere-
mia e calor. 
 
A febre na osteomielite, como na maioriados processos in-
fecciosos, é quase sempre elevada, normalmente acima de 
39ºC, tende a ser constante com a evolução da bacteremia 
ou da septicemia e não é facilmente controlada com os an-
titérmicos usuais. 
 
Em recém-nascidos (RNs), é comum a intensa irritabilidade, 
dor à palpação na região acometida e pode ocorrer pseudo-
paralisia. RNs também podem apresentar elevação da tem-
peratura não tão sugestiva, devido ao fato de ainda não pos-
suírem sistema imunológico bem desenvolvido. 
 
Crianças com até um ano de idade podem cursar com dor e 
impotência funcional, que impossibilita colocar os pés no 
chão ou se segurar, por exemplo. Há ainda edema e abscesso 
subperiostal, que pode ser observada em radiografias. Paci-
entes em idade escolar/adolescentes apresentam sinais e 
sintomas focais, localizando com maior precisão o ponto do-
loroso. Nesses pacientes, a lesão raramente atravessa o cór-
tex ósseo justamente pela maior facilidade de diagnóstico 
precoce. 
Diagnostico 
Os exames complementares para diagnóstico de osteomie-
lite incluem hemograma, punção óssea e exames de ima-
gem, basicamente. O hemograma de paciente com oste-
omielite geralmente apresenta leucocitose característica de 
infecção aguda nos primeiros dias da doença. Com a evolu-
ção da doença, quase sempre há desvio à esquerda e pos-
teriormente pode surgir anemia e baixa hemoglobina. O VHS 
aparece elevada desde o início da infecção, normalmente 
em valores superiores a 15 mm na primeira hora, e constitui 
em um critério laboratorial de cura quando aparece norma-
lizado. Também podem ser realizados PCR e hemocultura, 
que costuma ser positiva em 40 a 50% dos casos e por isso 
deve ser utilizada como um recurso auxiliar. Entretanto, re-
cém-nascidos podem não demonstrar as alterações clássi-
cas do hemograma de um processo infeccioso característico 
em crianças maiores e adolescentes. 
 
Na punção óssea, a cultura é positiva em 70 a 80% dos casos, 
e deve ser realizada em perfeitas condições de assepsia e 
antes da administração de antibióticos, e quando é aspirado 
pus já se pode confirmar o diagnóstico de osteomielite. Po-
rém, vale ressaltar que o principal diagnóstico da osteomielite 
é o diagnóstico clínico, a partir dos sintomas e sinais apresen-
tados e correlacionados com os antecedentes médicos. De-
vido a essas peculiaridades dos bebês, é importante sempre 
suspeitar de um quadro de osteomielite neonatal ou artrite 
séptica, a fim de se iniciar precocemente o tratamento e evi-
tar sequelas e danos irreversíveis. 
 
Nos primeiros 5 a 7 dias, não é possível identificar alterações 
ósseas pelo raio-X, apenas podem ser observadas edema de 
partes moles e infiltração local pelo exsudato e porose ou 
desmineralização óssea metafisária, seguida de necrose ós-
sea. Como o deslocamento do periósteo induz neoformação 
óssea, pode aparecer um quadro radiológico de periostite 
característico dessa fase. A radiografia se apresenta alterada 
após 7 e/ou 10 dias de infecção, daí a importância do bom 
exame clínico para o diagnóstico e consequente tratamento 
precoce. Após 2 semanas aparece lesão periosteal e lítica, ou 
seja, podem ser observadas áreas de destruição óssea. 
 
 
Figura 5. Deslocamento do periósteo do fêmur com periostite facilmente 
evidenciada por raio-X. Fonte: HEBERT, Sizínio K., et. al. Ortopedia e 
Traumatologia: princípios e prática. 5ª ed. Porto Alegre. Artmed, 2017. 
 
Kamilla Galiza / 5º P / APG 
 
 
Figura 6. Raio-x em AP da tíbia direita com abscesso 
 
Figura 7. Raio-x de osteomielite na extremidade distal 
 
Figura 8. Raio-x de osteomielite neonatal. 
A cintilografia óssea é um exame que evidencia a área de 
hiperemia, apresentada pela região onde o contraste tem 
captação maior. Não é um exame específico para processo 
infeccioso, mas serve também para o diagnóstico diferencial. 
Existem marcadores ósseos específicos para infecção, como 
gadolínio. A tomografia não é muito útil para o diagnóstico 
na fase aguda da osteomielite, sendo mais indicada para lo-
calizar sequestros ósseos na fase crônica da doença. Entre-
tanto, apresenta maior precisão do que a radiografia simples 
em casos de infecção em osso esponjoso (ilíaco e vértebras). 
Por fim, a ressonância magnética não é um exame de rotina, 
sendo solicitada em casos de dúvida no diagnóstico e como 
diagnóstico diferencial. A qualidade da imagem desse exame 
é excelente especialmente das partes moles adjacentes ao 
osso. 
 
Figura 9. TC do quadril direito apresentando sequestro ósseo. 
Tudo até aqui descrito foi direcionado para os quadros de os-
teomielite aguda. A osteomielite crônica se instala comu-
mente em pacientes com debilidade clínica, má nutrição e 
imunodeprimidos. A radiografia normalmente é suficiente 
para estabelecer o diagnóstico, a qual apresenta um aspecto 
característico de periostite, invasão de partes moles, desmi-
neralização óssea ao redor da área comprometida e exten-
são do osso necrosado ou sequestro ósseo. 
 
A fistulografia é muito útil nas situações em que fica difícil lo-
calizar o trajeto fistuloso e com sequestro de pequeno tama-
nho. A TC e a RM podem ilustrar zonas difíceis de ser observa-
das no raio X convencional e também com pequenos ou múl-
tiplos fragmentos do osso necrosado. Entre os diagnósticos 
diferenciais de osteomielite, além da artrite séptica, que é o 
principal diagnóstico diferencial, há também a gota, que 
pode gerar um quadro de edema e hiperemia semelhante, 
porém é muito raro em crianças, visto que é uma doença as-
sociada ao acúmulo de cristais de ureia. O tumor de Ewing 
também pode causar febre, com dor intensa e edema, e nas 
radiografias pode ser confundido com osteomielite durante a 
fase de periostite. 
 
Tratamento 
A intervenção cirúrgica-ortopédica é indicada quando não 
há melhora após 48 horas de antibioticoterapia. A cirurgia é 
feita quando não há lesão óssea estabelecida. 
 
O tratamento da osteomielite consiste inicialmente com pun-
ção local, para qual o paciente precisa estar sedado e anes-
tesiado, em centro cirúrgico. Caso seja aspirado pus, deve-se 
realizar drenagem cirúrgica de partes moles. Se houver pus 
subperiosteal, é preciso fazer perfurações ósseas com broca 
adequada ou aberta uma pequena janela com formão fino, 
e com isso o local é lavado e o material bacteriano e tecido 
necrosado é expulso. Deve ser feita irrigação contínua com 
entrada e saída de sucção contínua, e não é recomendado 
que se utiliza antibióticos ou detergentes no local, apenas 
soro fisiológico, e a irrigação deve ser mantida por no máximo 
24 a 48 horas. Com isso, a ferida cirúrgica é suturada de modo 
convencional e o membro afetado é imobilizado em tala ges-
sada, férula, órtese plástica ou com tração em partes moles 
a depender da região afetada, permitindo distensibilidade te-
cidual e prevenindo isquemia. 
 
A antibioticoterapia deve ser instituída logo após cultura de 
material e antibiograma, mas se deve iniciar o tratamento 
antes do resultado, com antibiótico de amplo espectro. Reco-
menda-se que o início do tratamento seja por via endove-
nosa, com antibióticos que tenham penetração no osso e nas 
cavidades articulares, evitando efeitos colaterais, como oto 
ou nefrotoxicidade. Em recém-nascidos, pode-se associar 
Kamilla Galiza / 5º P / APG 
 
oxacilina a um aminoglicosídeo. Em crianças após períodos 
neonatal até a idade adulta, recomenda-se a associação de 
oxacilina à cefalosporina de terceira geração. Como alterna-
tiva à oxacilina, pode-se utilizar vancomicina ou clindamicina, 
principalmente nos casos em que o antibiograma apresentar 
S. aureusmeticilino-resistente, casos em que também se 
pode usar a linezolida. Outra escolha possível é a dupla cipro-
floxacino e rifampicina para pacientes maiores de 18 anos. 
 
Em pacientes com anemia falciforme, por conta da grande 
possibilidade de infecção por Salmonella, é indicado o uso de 
cefalosporina de 3ª geração, como ceftriaxona, por via ve-
nosa associada à oxacilina. Nos pacientes com osteomielitetraumática ou agentes como o S. aureus, bacilos coliformes e 
P. aeruginosa indica-se o uso de oxacilina associada à cefa-
losporina de 3ª geração com atividade antipseudomonas, 
como ceftazidima. Vancomicina e teicoplanina devem ser re-
servadas para casos de infecção adquirido no ambiente hos-
pitalar ou nos casos resistentes aos antibióticos usuais. 
 
O tempo de antibioticoterapia vai depender da curva térmica 
e da evolução clínica do paciente, podendo utilizar o VHS e o 
PCR como critérios de avaliação. Normalmente, o tempo de 
tratamento é de 4 a 6 semanas, sendo que se o paciente se 
mantiver estável nos 10 primeiros dias, a medicação pode ser 
passada para via oral a nível ambulatorial. Abaixo, uma ta-
bela com antibióticos para infecções osteoarticulares: 
 
 
Além disso, os cuidados gerais de hidratação, analgesia, se-
dação, controle da febre com antitérmicos e alimentação 
saudável são extremamente importantes na resolução da 
osteomielite. Durantes os primeiros dias de atividade micro-
biana e quadro febril elevado, é fundamental a atenção para 
outros possíveis focos infecciosos, como quadros de pneu-
monias, encefalites e meningites. O tratamento da osteomie-
lite crônica se baseia na ressecção de todas as partes moles 
necrosadas e retirada cirúrgica dos fragmentos de osso se-
questrado, além da curetagem das extremidades compro-
metidas dos vasos associados à região afetada. Nos casos 
em que há perda óssea, deve-se utilizar algum tipo de fixador 
externo, que permite controlar o comprimento e angulações 
do osso e realizar transporte ósseo ou alongamento quando 
indicado. Em algumas situações, quando há comprometi-
mento da pele, pode ser necessário enxerto de pele ou reta-
lhos musculocutâneos. 
 
Revisao anatomica dos ossos e articulacoes 
Os ossos são compostos por uma porção de osso compacto 
externamente e osso esponjoso internamente, no meio do 
qual se encontra a medula óssea amarela (gordurosa) e a 
medula vermelha, que produz as células sanguíneas. Além 
disso, cada osso humano é dividido em diáfise, parte central 
do osso, epífise, que compõe as regiões distal e proximal do 
osso (suas extremidades), e a metáfise, que fica entre as ou-
tras duas partes. A arquitetura e proporção de osso esponjoso 
e compacto depende da função do osso, assim, ossos longos, 
que são locais de fixação de músculos e ligamentos, a quan-
tidade de osso compacto, que proporciona resistência para 
sustentação de peso, é maior na parte média da diáfise, onde 
os ossos tendem a se curvar. A diáfise constitui o corpo de um 
osso ossificado a partir do centro de ossificação primário, 
sendo a parte que cresce enquanto o osso se desenvolve. O 
centro de ossificação primário é assim chamado pois o te-
cido ósseo formado substitui a maior parte da cartilagem que 
compõe o modelo ósseo durante o desenvolvimento da cri-
ança, que no início da vida possui a maioria dos ossos forma-
dos de cartilagem. 
 
Figura 10. Anatomia do osso. 
As epífises são as partes dos ossos ossificadas a partir de 
centros de ossificação secundários, quando os condrócitos, 
células do tecido cartilaginoso, situados no meio da epífise fi-
cam hipertrofiados e a matriz óssea entre eles se calcifica. As 
artérias epifisiais crescem para o interior das cavidades em 
desenvolvimento. A metáfise, por sua vez, é a parte alargada 
da diáfise mais próxima à epífise, região mais vascularizada 
do osso. 
 
Durante o desenvolvimento ósseo, o osso formado a partir do 
centro primário de ossificação não se funde àquele formado 
pelos centros secundários na epífise até que o osso atinja seu 
tamanho adulto. Com isso, os ossos longos em crescimento 
apresentam as lâminas epifisiais entre a diáfise e a epífise, 
que são substituídas por tecido ósseo ao final do crescimento 
do osso. O sangue chega às células ósseas pelos sistemas 
haversianos, formado por pequenos vasos. As extremidades 
dos ossos são irrigadas por artérias metafisiais e epifisiais que 
se originam principalmente das artérias que nutrem as arti-
culações. As comunicações perpendiculares entre os canais 
de Havers são feitas pelos canais de Volkman. 
 
Kamilla Galiza / 5º P / APG 
 
As articulações constituem as uniões e/ou junções entre dois 
ou mais ossos. Muitas articulações permitem movimento, 
como a articulação do joelho, porém outras não, como ocorre 
com as lâminas epifisiais entre a epífise e a diáfise de um osso 
longo em crescimento. Essas estruturas podem ser classifica-
das de acordo com a forma ou o tipo de material que une os 
ossos, existindo assim articulações sinoviais, fibrosas e carti-
lagíneas. 
 
As articulações sinoviais são o tipo mais comum, as quais 
permitem o movimento livre dos ossos envolvidos. Nessas ar-
ticulações, os ossos são unidos por uma cápsula articular, for-
mada por uma camada fibrosa revestida por uma mem-
brana sinovial, que produz o líquido sinovial na cavidade arti-
cular, o qual lubrifica as superfícies articulares, facilitando o 
movimento dos ossos. O periósteo que reveste a parte ex-
terna à articulação se funde com a camada fibrosa da cáp-
sula articular e, no interior da cápsula, a cartilagem articular 
cobre as superfícies articulares dos ossos. Além disso, as arti-
culações sinoviais geralmente são reforçadas por ligamentos 
extrínsecos ou pelo espessamento de uma parte da cápsula 
articular (ligamentos intrínsecos). 
 
As articulações fibrosas são aquelas nas quais os ossos são 
unidos por tecido fibroso, e na maioria delas o movimento é 
limitado, a depender do tamanho das fibras que unem os os-
sos. Um exemplo desse tipo de articulação são as suturas do 
crânio. Por fim, nas articulações cartilagíneas, os ossos são 
unidos por cartilagem hialina ou fibrocartilagem. As articula-
ções de cartilagem hialina são chamadas de articulações 
cartilagíneas primárias (sincondroses), que permite leve cur-
vatura e normalmente são uniões temporárias, como as pre-
sentes nos ossos em crescimento. As articulações unidas por 
fibrocartilagem são chamadas cartilagíneas secundárias 
(sínfises), que são fortes, pouco móveis, sendo o principal 
exemplo os discos intervertebrais. As articulações recebem 
sangue das artérias articulares que se originam de vasos ao 
redor da articulação, principalmente na membrana sinovial. 
 
 
Referencia 
HEBERT, Sizínio.; FILHO, Tarcísio.Eloy.P. B.; XAVIER, Renato.; AL. Or-
topedia e Traumatologia. 
 
FILHO, Tarcisio.Eloy.Pessoa.de. B.: CAMARGO, Olavo.Pires. D.; CA-
MANHO, Gilberto. L. Clínica Ortopédica. 
 
MOMODU, Ifeanyi I.; SAVALIYA, Vipul; DOERR, Chaddie. Osteomy-
elitis (Nursing). In: StatPearls [Internet]. StatPearls Publishing, 
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