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1 Clínica de Pequenos | Heloíse Andrade de Araújo | Medicina Veterinária UFPB ➜ Doença contagiosa de cães causada pela Brucella canis (microrganismo pequeno, intracelular e Gram-negativo) ➜ Abortamento e infertilidade em cadela ➜ Epididimite ➜ Atrofia testicular em machos caninos. ➜ Parasita intracelular ➜ Propensão ao crescimento nos tecidos linfáticos, placentários e genitais masculinos (epidídimo e próstata). ➜ Linfonodos e baço ➜ Medula óssea ➜ Leucócitos mononucleares. ➜ Tecidos-alvo de esteroides gonadais: - Útero prenhe - Feto - Testículos (epidídimos) - Próstata. ➜ Discos intervertebrais ➜ Úvea anterior ➜ Meninges (incomum). ➜ Não há predisposição genética conhecida. ➜ Ocorre mais comumente em Beagles. ➜ Incidência desconhecida. ➜ Taxas de soroprevalência: - Não definidas com precisão - Nos testes de aglutinação, são comuns resultados falso-positivos. ➜ Prevalência: - Relativamente baixa (1-18%) nos EUA e no Japão - Nos EUA, mais alta nas áreas rurais do Sul - Em países como México e Peru, 25-30% em cães errantes. ➜ Cães errantes, animais de estimação e canis — EUA (principalmente Beagle), México, Japão e diversos países sul-americanos; ➜ Observada também na Espanha, Tunísia, China e Bulgária; surtos individuais na Alemanha e na antiga Tchecoslováquia (alguns surtos rastreados da importação de cães). ➜ Acomete cães e, com menor frequência, seres humanos. ➜ Sem indícios de suscetibilidade racial, embora haja uma prevalência excepcionalmente alta em Beagle. ➜ Encontro de cães infectados da raça Labrador retriever e de diversas outras raças em canis comerciais (de “adestramento de filhotes caninos”). ➜ Não há preferência etária. ➜ Mais comum em cães sexualmente maduros. ➜ Acometimento de ambos os sexos. ➜ Mais comum nas cadelas 2 Clínica de Pequenos | Heloíse Andrade de Araújo | Medicina Veterinária UFPB ➜ Suspeitar sempre que as cadelas sofrerem abortamentos ou falhas reprodutivas ou se os machos tiverem doenças genitais. ➜ Os animais acometidos, especialmente as cadelas, podem parecer saudáveis ou apresentar sinais vagos de doença. - Letargia. - Perda da libido. - Linfonodos enfartados. - Dorsalgia (dor no dorso). - Abortamento (comumente com 6-8 semanas após a concepção, embora o término da gestação possa ocorrer em qualquer estágio). ➜ Machos: - Bolsas escrotais intumescidas, frequentemente com dermatite escrotal - Epidídimos aumentados de volume e firmes. ➜ Infecção crônica: - Atrofia testicular uni ou bilateral - Dor na coluna vertebral, fraqueza posterior - Ataxia. ➜ Uveíte anterior unilateral crônica e recorrente sem outros sinais sistêmicos de doença ➜ Também inclui hiperpigmentação da íris, infiltrados vítreos, e coriorretinite multifocal. ➜ Febre: -Achado raro. ➜ É comum o enfartamento dos linfonodos superficiais (p. ex., retrofaríngeos e inguinais externos). ➜ O corrimento vaginal pode perdurar por algumas semanas após o abortamento. ➜ Cocobacilo Gram-negativo ➜ Do ponto de vista morfológico, é indistinguível de outros membros do gênero ➜ Ao contrário de outras espécies de Brucella (p. ex., B. abortus, B. suis e B. melitensis), a B. canis pode resultar em uma taxa elevada (50%) de reações falso-positivas nos testes comumente utilizados. ➜ Canis de reprodução e matilhas de caça. ➜ Aumento do risco em casos de infecção de animais reprodutores. ➜ Contato com cães errantes em áreas endêmicas. ➜ Abortamentos: - Anormalidades maternas, fetais ou placentárias. ➜ Infecções sistêmicas: - Cinomose, infecção por herpesvírus canino, infecção por B. abortus, estreptococos hemolíticos, E. coli, leptospirose e toxoplasmose. ➜ Hérnias inguinais: - Podem ser provocadas por epididimite e edema escrotal - Causadas também por blastomicose e outras infecções granulomatosas, bem como por febre maculosa das Montanhas Rochosas. ➜ Discospondilite: - Infecções fúngicas, actinomicose, infecções estafilocócicas, nocardiose, estreptococos ou Corynebacterium diphtheroids. 3 Clínica de Pequenos | Heloíse Andrade de Araújo | Medicina Veterinária UFPB ➜ Em geral, permanecem normais em casos não complicados. ➜ Os cães com infecção crônica podem exibir hiperglobulinemia (com hipoalbuminemia concomitante). ➜ LCS: - Pleocitose que consiste, principalmente, em neutrófilos, e teor proteico elevado em meningoencefalite, mas normal em discospondilite. ➜ A urinálise costuma permanecer normal mesmo se houver bactérias na cultura de urina. ➜ Teste sorológico: - Método diagnóstico mais comumente utilizado - Sujeito a erros - Costumam ocorrer reações falso-positivas aos antígenos lipopolissacarídeos de diversas espécies de bactérias no TARL e no teste de aglutinação em tubo com mercaptoetanol. ➜ Disponível no mercado ➜ Método simples e rápido. ➜ Detecta cães infectados 3-4 semanas após a infecção ➜ Teste preciso na identificação de cães não infectados (“negativos”). ➜ Sofre uma taxa elevada (50%) de reações falso-positivas. ➜ Os resultados devem ser confirmados por outros testes. ➜ Semiquantitativo. ➜ Realizado geralmente por laboratórios diagnósticos comerciais. ➜ Fornece informações semelhantes ao TARL. ➜ Padece da falta de especificidade - Representa um bom teste de triagem. ➜ Teste para detecção do antígeno da parede celular - Emprega um antígeno lipopolissacarídeo derivado das paredes celulares da B. canis ➜ Altamente sensível ➜ Condições de teste ainda não padronizadas ➜ Resultados falso-positivos frequentes; não recomendado. ➜ Teste de aglutinação com antígeno solúvel: - Utiliza antígenos solúveis que consistem em proteínas extraídas do citoplasma bacteriano; - Antígenos altamente específicos para os anticorpos contra as espécies de Brucella (incluindo B. canis, B. abortus e B. suis) - Os anticorpos reativos aparecem 4-12 semanas após a infecção e persistem por um período de tempo prolongado - Pode gerar linhas de precipitina após outros testes questionáveis ou negativos; altamente recomendado. ➜ ELISA: - Realizado com o uso de antígenos citoplasmáticos purificados. - Disponível apenas em laboratórios especializados. ➜ PCR: - É comprovadamente mais sensível que os exames de hemocultura e sorologia na detecção de infecção em pacientes humanos. 4 Clínica de Pequenos | Heloíse Andrade de Araújo | Medicina Veterinária UFPB ➜ Indícios radiográficos de discospondilite - Teste para brucelose. ➜ As alterações radiográficas são de desenvolvimento lento e podem não estar presentes mesmo na existência de dor na coluna vertebral. ➜ Hemoculturas: - Quando os achados clínicos e sorológicos são sugestivos do diagnóstico - As espécies de Brucella serão facilmente isoladas a partir do sangue de cães infectados se eles não foram submetidos a antibióticos - O início da bacteremia ocorre 2-4 semanas depois da exposição oronasal e pode persistir por 8 meses a 5 anos e meio. ➜ Culturas de líquidos vaginais: - Após o abortamento; em geral, fornecem resultados positivos. ➜ Culturas do sêmen ou da urina: - Método impraticável no diagnóstico de rotina, já que o crescimento excessivo de contaminantes é comum. ➜ Amostras contaminadas: - Os meios de cultura com antibióticos em sua composição (meio Thayer-Martin®) têm utilidade comprovada. ➜ Motilidade dos espermatozoides, espermatozoides imaturos, células inflamatórias (neutrófilos) — em casos de epididimite. ➜ Anormalidades: - Evidenciadas geralmente em torno de 5-8 semanas após a infecção - Notáveis por volta de 20 semanas. ➜ Aspermia sem células inflamatórias: - Comum em casos de atrofia testicular bilateral. ➜ Revela hiperplasia linfoide associada a grande quantidade de plasmócitos. ➜ Se efetuada de modo asséptico,os tecidos deverão ser submetidos à cultura em meios adequados. ➜ Bactérias intracelulares: - Podem ser observadas dentro de macrófagos com o uso de colorações especiais (p. ex., corante de Brown-Brenn). ➜ Exame histopatológico dos testículos: - Com frequência, exibe vasculite necrosante, infiltração de células inflamatórias e lesões granulomatosas. ➜ Enfartamento dos linfonodos ➜ Esplenomegalia ➜ Machos caninos: epidídimos aumentados de volume e firmes, edema escrotal, ou atrofia de um ou ambos os testículos ➜ Infecção crônica: uveíte anterior e discospondilite. ➜ Relativamente compatíveis ➜ Hiperplasia linforreticular difusa ➜ Infecção crônica: sinusoides dos linfonodos com abundância de plasmócitos e macrófagos contendo bactérias ➜ Infiltrado linfocitário difuso e lesões granulomatosas em todos os órgãos geniturinários (especialmente próstata, epidídimo, útero e escroto) 5 Clínica de Pequenos | Heloíse Andrade de Araújo | Medicina Veterinária UFPB ➜ Pode haver um extenso infiltrado de células inflamatórias e necrose do parênquima prostático e dos túbulos seminíferos. ➜ Iridociclite granulomatosa ➜ Retinite exsudativa ➜ Exsudatos leucocitários na câmara anterior. ➜ Em um esquema ambulatorial. ➜ Restringir a atividade de cães ativos de trabalho. ➜ O proprietário deve estar ciente de que o objetivo do tratamento consiste na erradicação da B. canis a partir do animal (constatação de soronegatividade e ausência de bacteremia por pelo menos 3 meses), mas algumas vezes o resultado corresponde a títulos de anticorpos persistentemente baixos sem nenhuma infecção sistêmica. ➜ Informar o proprietário sobre o fato de que o tratamento com antibióticos, especialmente minociclina e doxiciclina, é caro, demorado e controverso (em virtude dos resultados incertos). ➜ Não se recomenda o tratamento em canis reprodutores ou comerciais - Dessa forma, ele é indicado apenas para cães sem fins reprodutivos ou aqueles já submetidos à castração. ➜ Antes de se tentar o tratamento em um animal doméstico intacto ou um cão reprodutor, é imprescindível que o proprietário esteja totalmente de acordo com a castração ou a eutanásia do animal em caso de falha terapêutica. ➜ Castração associada ao tratamento - Quando a eutanásia for inaceitável para o proprietário. ➜ Foram avaliados diversos esquemas terapêuticos, mas os resultados são duvidosos. ➜ Esquemas de maior êxito: - Combinação de alguma tetraciclina (cloridrato de tetraciclina, clortetraciclina ou minociclina a 25 mg/kg VO a cada 8 h por 4 semanas) ou doxiciclina (10 mg/kg VO a cada 12 h por 4 semanas) e diidroestreptomicina (10 mg/kg IM a cada 8 h durante a 1a e a 4a semana). ➜ Enrofloxacino (5 mg/kg VO a cada 24 h por 4 semanas). ➜ Tetraciclinas: - Não utilizar em filhotes caninos prematuros. ➜ Gentamicina: - Contraindicada em casos de nefropatias. ➜ Gentamicina: - Monitorizar a função renal com rigor. ➜ Gentamicina: - 3 mg/kg a cada 12 h - Sucesso limitado - Dados insuficientes sobre a eficácia quando associada à tetraciclina. 6 Clínica de Pequenos | Heloíse Andrade de Araújo | Medicina Veterinária UFPB ➜ Testes sorológicos: - Mensalmente por no mínimo 3 meses após o término do tratamento - O declínio contínuo e persistente no nível dos anticorpos até a negatividade indica o sucesso do tratamento. ➜ Infecções recrudescentes: - Elevação nos níveis dos anticorpos e recorrência da bacteremia após a terapia - Tratar novamente, castrar e repetir o tratamento ou submeter o animal à eutanásia. ➜ Hemoculturas: - Negativas por pelo menos 3 meses após o término do tratamento. ➜ Vacina: - Nenhuma - Seu uso complicaria os testes sorológicos. ➜ Testes: - Testar todas as cadelas de uma linhagem, antes de entrarem no cio caso se planeje o cruzamento - Testar em intervalos frequentes os machos utilizados como reprodutores. ➜ Efetuar a quarentena e testar todos os novos cães em intervalos quinzenais antes de permitir seu ingresso em um canil reprodutor. ➜ Os proprietários podem se mostrar relutantes em autorizar a castração ou a eutanásia de cães valiosos, independentemente da falha terapêutica. ➜ Lembrar os proprietários sobre as ponderações étnicas e sua obrigação de não comercializar nem distribuir cães infectados. ➜ Prognóstico reservado. ➜ Para cães infectados por < 3-4 meses: a resposta terapêutica é provável ➜ Infecções crônicas: - Os machos podem não responder à terapia ➜ Casos de discospondilite: - Talvez haja necessidade de repetição do tratamento farmacológico, mas raramente há necessidade de intervenção cirúrgica ➜ A combinação de múltiplos medicamentos como gentamicina ou estreptomicina, doxiciclina, Enrofloxacino e rifampicina é bem-sucedida no tratamento de doença ocular em cães ➜ Cães tratados (soronegativos) com êxito: - São completamente suscetíveis à reinfecção ➜ Infecções em seres humanos: - Relatadas - Geralmente brandas - Respondem prontamente às tetraciclinas. ➜ Contudo, foi relatado um surto em 6 membros de uma família que vivia em contato estreito com uma cadela infectada. ➜ Os abortamentos com 45-60 dias de gestação são típicos. ➜ Os filhotes caninos gerados por cadelas infectadas podem ser acometidos pela infecção ou permanecer normais. ➜ Abortamento canino contagioso. 7 Clínica de Pequenos | Heloíse Andrade de Araújo | Medicina Veterinária UFPB ➜ ELISA = ensaio imunoabsorvente ligado à enzima. ➜ IDAG = imunodifusão em ágar gel. ➜ LCS = líquido cerebrospinal. ➜ PCR = reação em cadeia da polimerase. ➜ TARL = teste de aglutinação rápida em lâmina com 2-mercaptoetanol.
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