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Erliquiose Monocítica Canina

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Erliquiose Canina
O que é?
Doença causada pela Ehrlichia canis, uma bactéria pertencente ao filo Protobactéria, ordem Rickettsiales e família Anaplasmataceae. São bactérias intracelulares obrigatórias que medem cerca de 0,2-0,4 µm de diâmetro, gram negativas, parasitam principalmente as células mononucleares maduras ou imaturas de mamíferos, tais como: monócitos, linfócitos, macrófagos, neutrófilos e células endoteliais. A doença causada por essa bactéria tem nomes diversos, como: Pancitopenia tropical canina, Riquetsiose canina, Febre hemorrágica canina e, mais recente denominada, Erliquiose Monocítica Canina. Sua ocorrência é maior em países tropicais e subtropicais, coincidindo com a distribuição geográfica do seu vetor, o carrapato da espécie Rhipicephalus sanguineus.
A erliquiose é sabidamente uma zoonose, mas não há transmissão direta do cão para os seres humanos. Ela sempre se dá pela picada do carrapato. Além disso, as Ehrlichias que mais afetam os humanos não são da mesma espécie das que mais acometem o cãozinho, embora a infecção seja possível por qualquer espécie da bactéria em cães e em humanos. Em caso de contaminação, os sintomas na gente são semelhantes aos apresentados pelos cachorros: febre, fraqueza, aumento dos linfonodos e outros sinais de infecção e de imunidade baixa, com risco de doenças secundárias.
Ciclo de desenvolvimento biológico/ Patogenia
O vetor pode albergar a bactéria por até 155 dias. A Ehrlichia infecta seu hospedeiro vertebrado quando o carrapato, já infectado, considerado o vetor biológico, como por exemplo o Rhipicephalus sanguineus, realiza seu repasto sanguíneo e introduz a bactéria presente na sua saliva. O carrapato, por sua vez, se infecta ao se alimentar de sangue de um hospedeiro vertebrado definitivo portador da Ehrlichia. Peculiarmente, a fêmea do carrapato infectado não é capaz de transmitir a Ehrlichia à sua progênie, ou seja, a transmissão transovariana não ocorre nos carrapatos. Dessa forma, pode-se inferir que o carrapato não funciona como reservatório de espécies de Ehrlichia, e sim somente como vetor biológico. Animais parasitados podem levar até dois anos como portadores sem apresentar os sinais clínicos da enfermidade. A forma mais comum de transmissão da bactéria ao seu hospedeiro ocorre por meio de um vetor biológico, entretanto, a transmissão iatrogênica também pode ocorrer. Transfusões sanguíneas, utilização de fômites, tais como raspadeiras e escovas sem higienização prévia ao uso entre animais, administração de medicamentos e vacinas com agulhas não descartáveis, são considerados importantes exemplos deste tipo de transmissão iatrogênica. A bactéria cai na corrente sanguínea e se replica nas células de defesa (os glóbulos brancos), que estão nos linfonodos, no baço e na medula óssea, causando a destruição dessas células. Hemácias (glóbulos vermelhos) e plaquetas também podem ser destruídas.
Sinais Clínicos
Numa fase inicial da infeção, os sinais são inespecíficos: febre, perda de apetite, letargia, entre outros. A seguir, o cão passa por uma fase sem quaisquer sinais clínicos (pode durar meses ou mesmo anos) e pode conseguir eliminar a doença ou passar para uma fase crónica, sendo que nesta pode apresentar hemorragias, problemas neurológicos, edemas dos membros, problemas oculares, etc.
A erliquiose caracteriza-se por apresentar linfadenomegalia, anorexia/hiporexia, petéquias, prostração, anemia, emagrecimento, ataxia, artrite, poliúria/polidipsia, hepato/esplenomegalia, opacidade de córnea e hifema.
Fase Aguda
A doença tem um período de incubação de sete a 21 dias, no qual a bactéria está se multiplicando, e o organismo do cãozinho está tentando vencer a doença. Nesse período, a infecção pode não ser notada, porque as manifestações clínicas são muito leves e inespecíficas, como apatia, sangramentos pontuais e perda de apetite eventual. Nos exames de sangue, no entanto, o número de células de defesa já tende a cair.
Se o organismo do animal não vencer a bactéria, os sinais clínicos da doença ficam mais evidentes de uma a três semanas após a picada.
Eles sugerem a presença de uma infecção, mas seguem inespecíficos. Os principais sintomas da fase aguda da doença são:
· Febre;
· Fraqueza e falta acentuada de apetite;
· Presença de manchas avermelhadas na pele,
· Chances de sangramento na urina e pelas narinas,
· Possibilidade de alterações oculares e neurológicas, como convulsões, conforme os pontos nos quais houver sangramento.
A fase aguda dura de duas a quatro semanas.
Fase Subclínica
Com o tratamento da erliquiose, a sintomatologia da fase aguda vai se atenuando após algumas semanas, e o cachorrinho entra na fase subclínica da doença.
Nessa fase, a bactéria persiste no organismo do animal e os títulos de anticorpos são altos. Durante anos, pode haver leve alteração nos exames de sangue, mas as manifestações clínicas deixam de ser evidentes.
Essa intensa resposta do organismo pode levar a dois desfechos: ou ele elimina o agente ou os complexos formados pela bactéria e os anticorpos (chamados de imunocomplexos) passam a se depositar em vários órgãos do corpo, o que marca a terceira fase da doença.
Fase Crônica
O paciente apresenta, de forma atenuada, os mesmos sinais clínicos na fase aguda, mas, na etapa crônica, o que mais chama a atenção é a instalação de infecções secundárias (pela debilidade do sistema de defesa) e o comprometimento da medula óssea, que leva à imunossupressão, à persistência da anemia e à queda na contagem de plaquetas.
Além disso, os imunocomplexos depositados nos órgãos do paciente podem causar problemas renais, artrites, entre outros problemas graves.
Diagnóstico
A erliquiose deve ser suspeitada quando houver histórico de infestação por carrapatos ou viagem para locais onde a doença ocorre frequentemente e os sintomas apresentados pelo animal forem compatíveis com a infecção por E. canis, principalmente as alterações de hemostasia. O diagnóstico laboratorial se caracteriza por:
a. Diagnóstico parasitológico para identificação de trofozoítos do parasita em hemácias para Babesia e Anaplasma, e em leucócitos para a Erhlichia.
b. Diagnóstico sorológico: através da técnica de Elisa para identificação de anticorpos dos agentes causadores das enfermidades.
c. Diagnóstico molecular: identificação do DNA do parasita através da técnica de PCR (Reação em Cadeia de Polimerase).
Testes Sorológicos
· Teste de imunofluorescência indireta (IFI) – pesquisa de anticorpos
· ELISA – detecção de anticorpos anti-E. canis
· PCR ou PCR em tempo real – detecção de mínimas quantidades de DNA do agente infeccioso
Diagnóstico Diferencial
Os principais diagnósticos diferenciais são causas imunomediadas confirmadas por exclusão e neoplasias. A trombocitopenia não é conclusiva para o diagnóstico de erliquiose, apesar de sua grande incidência.
Além disso, outros exames realizados são: esfregaço sanguíneo para pesquisa de mórulas de E. canis, reação de imunofluorescência indireta (RIFI), teste sorológico e PCR
Alterações Hematológicas
· Na fase aguda: trombocitopenia moderada a grave, discreta a moderada anemia e leucopenia, s neutropenia também pode ser encontrada. A anemia nessa fase em geral é não regenerativa, o que diferencia da anemia causada por Babesia canis (altamente regenerativa).
· Na fase subclínica: discreta a moderada trombocitopenia, leucopenia moderada (devido a neutropenia e linfopenia).
· Na fase crônica: caracterizada por hipoplasia da medula óssea e disfunção das células da medula óssea, resultando em pancitopenia (diminuição de todas as células do sangue), refratária ao tratamento em doxiciclina.
Alterações Bioquímicas
As anormalidades da bioquímica sanguínea incluem:
· Na fase Aguda: hipoalbuminemia, elevadas atividades séricas de ALT (alanina aminotransferase) e FA (fosfatase alcalina).
· Na fase Crônica: hiperproteinemia, hiperglobulinemia, hipoalbuminemia e baixa relação albumina: globulina. 
Tratamento
O tratamento da erliquiose canina consiste no uso de agentes antibacterianos e na instituição de terapiasuporte. Antimicrobianos eficazes incluem tetraciclinas e cloranfenicol.
A doxiciclina é o antibiótico de escolha, embora também possam ser empregados minociclina e oxitetraciclina, com resultados satisfatórios. Entretanto, a doxiciclina apresenta inúmeras vantagens sobre os demais antimicrobianos:
· Tetraciclina semissintética, lipossolúvel que é facilmente absorvida e produz altas concentrações sanguíneas, tissulares e intracelulares.
· Maior meia-vida e maior penetração no SNC
· Excreção basicamente intestinal, o que reduz o potencial de nefrotoxicidade especialmente em animais com lesão renal decorrente da infecção por E. canis.
· Baixa ligação com cálcio, evitando acumulo de possíveis alterações na coloração dos dentes.
A doxiciclina é indicada na dose de 10mg/kg a cada 24 horas, por 28 a 30 dias. O tratamento padrão foi eficaz em cães com infecção aguda ou subclínica, o mesmo não ocorrendo com os cães com infecção crônica. 
A doxiciclina possui espectro de ação limitado em relação a outras bactérias patogênicas. Assim, em cães que apresentam infecções bacterianas secundárias devem receber outo antimicrobiano de amplo espectro. Nessas condições recomenda-se o uso de cloridrato de ceftiofur (7,5 mg/kg/ IV ou IM/ 24 horas) ou ciprofloxacina (10 mg/kg/IV/ 12 horas).
O cloranfenicol é uma opção para o tratamento da erliquiose principalmente nos casos de infecções persistentes, refratárias a doxiciclina. Pelo seu amplo espectro, atua ainda no combate de infecções bacterianas secundárias em cães com erliquiose.
Quanto a dipropionato de imidocarb apresenta eficácia discutível no tratamento da infecção por E. canis. Entretanto, como pode ocorrer coinfecção por Babesia canis ou Hepatozoon canis, pode ser usado em conjunto com a doxiciclina quando a presença desses agentes for detectada por citologia ou por técnicas moleculares.
Monitoramento do tratamento
Após o tratamento realizar a avaliação do hemograma, testes sorológicos e PCR. Indicadores da resolução da infecção após o tratamento: 
· Melhora clinica e normalização hematológica.
· Queda no titulo de anticorpos, embora permaneça sorologicamente positivo por longo período de tempo.
· Negativação do teste molelucar em três avaliações consecutivas em intervalos regulares.
Indicadores da persistência da infecção:
· Melhora clinica, porem persistência de trombocitopenia e leucopenia variáveis.
· Permanecem reagente com variáveis títulos de anticorpos, em geral bastante altos.
Prognóstico
Em geral o prognostico é bom, quando o diagnostico e o tratamento são realizados na fase aguda e na fase subclínica da infecção, quando ainda não houve dano molecular grave. Uma vez instalada a pancitopenia ou grave comprometimento orgânico como a DRC, o prognóstico torna-se reservado
Quanto mais precocemente dor iniciado o tratamento na fase aguda da infecção, melhor o prognóstico e a resolução da infecção. Os cães que se encontram na fase crônica da infecção em geral não respondem ao tratamento por causa das alterações multissistêmicas e severa mielosupressão. O prognóstico é reservado, nessas condições.
Controle e Prevenção
Medidas de controle de carrapatos e outros ectoparasitas são de suma importância para prevenção da enfermidade, uma vez que vacinas específicas para E. canis ainda não estão comercialmente disponíveis. O controle dos carrapatos através da utilização de carrapaticidas nos animais e no ambiente, mantendo uma inspeção rotineira nos animais e verificando a presença desse vetor, é uma das principais formas de controle e prevenção.
A imunidade contra a E. canis, por exemplo, não é conferida pela exposição ao agente em sucessivas infecções. Logo, o controle de carrapatos continua sendo uma das mais importantes ferramentas de profilaxia. Apesar de difícil o controle, pesquisas em busca de vacinas capazes de controlar a erliquiose monocítica canina têm sido cada vez mais frequentes, em virtude de seu caráter zoonótico tais pesquisas vêm sendo cada vez mais valorizadas e difundidas.

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