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Material de Apoio - Renato Montans - 06

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Disciplina: D. Processual Civil 
Prof.: Renato Montans 
Aula 05 
Monitor: Apoema 
 
MATERIAL DE APOIO 
 
 
I. Anotações 
 
 
 
6 – Tutela Provisória de urgência 
 
A – Aspectos históricos 
 
O CPC/15 não possui mais cautelares nominadas ou típicas. O juiz sempre concederá as medidas 
com base no poder geral de cautela. Motivos: a) simplicidade, b) teoria da substanciação e c) 
princípio da primazia do mérito; 
Os advogados usavam medidas cautelares para obter tutela antecipada (até 1994). Assim, surgiu a 
expressão “cautelar satisfativa”. Essa expressão perdeu sua razão de ser quando surgiu a tutela 
antecipada. 
A tutela antecipada atípica surgiu em 1994. 
 
B – Diferenças entre as medidas 
 
TUTELA CAUTELAR: medida de apoio que objetiva resguardar a utilidade do resultado de uma 
demanda principal, para que esta chegue ao seu final de forma íntegra. Constitui segurança para 
execução (geladeira). 
 
TUTELA ANTECIPADA: é a antecipação dos efeitos da própria decisão de mérito permitindo que o 
autor possa usufruir in natura e provisoriamente do bem jurídico disputado. Constitui execução 
para segurança (frigideira). 
 
Se o pedido de tutela provisória coincidir com o que se deseja ao final do processo, o caso será de 
tutela antecipada. Se for diferente, será cautelar. 
 
LIMINAR: a) é toda medida concedida no processo sem ouvir o réu e b) é medida ínsita prevista em 
determinados procedimentos especiais dada as peculiaridades do direito material (ex. Ação Civil 
Pública, Reclamação, Embargos de 3º, Possessórias, Alimentos, MS, HC, Busca e Apreensão, etc.) 
Nos casos do item ‘b’ a despeito da doutrina categorizar a natureza da liminar, na prática e nos 
concursos não é necessário pensar em qual tutela provisória a liminar se enquadra. 
Os procedimentos (comum ou especial) que não tiverem previsão de liminar, somente poderão 
requerê-la por meio de uma tutela provisória. 
 
C – Requisitos para a concessão da tutela de urgência 
 
Probabilidade do direito (fumus boni iuris)> técnica de julgamento fundada em indícios ou início de 
prova em que o magistrado analisa a probabilidade se contentando apenas com parte dos 
argumentos e provas. 
 
TUTELA PROVISÓRIA 
 
 
 
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Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (periculum in mora)> receio de perecimento do 
direito caso a medida não seja concedida a tempo (fato gerador da tutela provisória). 
 
Questões importantes: 
1 – para a concessão é necessária a presença dos 2 requisitos. Quanto mais presente um requisito, 
menos presente poderá ser o outro (teoria da gangorra); 
2 – não apenas o perigo de dano, mas também o perigo de ilícito (tutela inibitória ou de remoção de 
ilícito, art. 497, § único, CPC); 
3 – artificialização do periculum in mora: o STJ vem entendendo não haver periculum quando a parte 
propositalmente demora para ingressar com a medida visando obter liminar fundada em cognição 
sumária. 
4 – Discricionariedade: como, sob ótica do juiz não há uma “saída melhor”, mas a correta, não há 
propriamente discricionariedade judicial, mas interpretação de normas de conceito vago e 
indeterminado. 
5 – medidas de apoio: 
 
Caução (contracautela) Prestação financeira, real ou fidejussória objetivando 
futuro ressarcimento do réu em caso de revogação 
da medida. Pode ser dispensada para o 
hipossuficiente. 
Audiência de justificação prévia Audiência emergencial para esclarecimento sobre os 
fatos do pedido. 
 
Requisito negativo exclusivo da tutela antecipada: irreversibilidade 
O juiz não concederá a tutela antecipada se os efeitos de sua decisão forem irreversíveis (art. 300, 
§3º CPC); 
Contudo, poderá o magistrado, sopesar os valores que estão em jogo e conceder a medida, mesmo 
que irreversível quando o bem jurídico a ser protegido for mais importante (teoria da 
irreversibilidade recíproca ou periculum in mora inverso) – Enunciado 25 do ENFAM e STJ, AgRg no 
Ag 736.826 
 
7 – TUTELA ANTECIPADA 
 
A – Cabimento: para qualquer causa que não possua medida liminar ínsita (falta de interesse de 
agir); 
B – Tipos de tutela: em regra se aplica apenas para tutela condenatória. Contudo, nas tutelas 
declaratórias e constitutivas, apesar de não ser possível a antecipação da própria declaração ou 
constituição (pois seu objetivo é a certeza dada apenas em cognição exauriente), é possível a 
antecipação de alguns efeitos práticos da tutela como a retirada do nome do serasa, a separação de 
corpos ou o impedimento do lançamento tributário. 
C – Momento: poderá ser concedida a qualquer momento, enquanto o autor não usufruir in natura 
do direito pleiteado. 
D – Procedimento: A tutela antecipada poderá ser incidental (junto ou no curso do processo) ou 
antecedente (antes do pedido principal). 
 
1 – A tutela antecedente será formalizada por uma petição inicial sumária contendo: a lide + fumus 
e periculum + pedido final + valor da causa; 
2 – O juiz ao receber a petição inicial podera negar a tutela (cabe AI) ou conceder, quando então: 
3 – O autor será intimado para aditar a petição inicial em 15 dias (ou mais) trazendo novos 
argumentos, novos documentos e ratificando o pedido final; 
4 – O réu será citado para comparecer a audiência de conciliação ou mediação. Sendo infrutífera 
poderá apresentar defesa sob pena de revelia; 
5 – O réu será intimado para interpor agravo de instrumento sob pena de estabilização da tutela 
antecipada; 
6 – Estabilização: é a forma de imutabilidade da decisão em decorrência da naõ interposição do 
recurso cabível.

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