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RESUMO 1 - ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 
PRECEDENTES IMPORTANTES DA ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 
1. Antecedentes históricos 
Um dos primeiros que contribuíram para a evolução econômica da chamada década perdida 1960, cujo intervalo entre os 
governos de Jânio Quadros e de João Goulart (Jango) acabou fortalecendo a política populista herdada pela Era Getúlio 
Vargas (1951‑1954). De janeiro de 1961 até sua renúncia, em agosto de 1961, o mandato de Jânio Quadros foi marcado 
pela tentativa de conciliação de interesses. De um lado, os ideais nacionalistas buscavam a continuidade do modelo 
nacional desenvolvimentista inaugurado por Getúlio Vargas, com a participação direta do Estado, a expansão do mercado 
interno. De outro, havia a defesa de maior abertura ao capital estrangeiro. 
Em resposta ao pedido das ruas, assumiu o governo o vice‑presidente João Goulart, em 7 de setembro de 1961. Com 
governo marcado pela crise de escolha de modelos econômicos (nacional‑desenvolvimentista e maior abertura ao capital 
estrangeiro), pelo recrudescimento da inflação, pela queda do ritmo da atividade econômica, pela crise do populismo etc. 
A alternativa encontrada por Jango para enfrentar a crise de modelos econômicos veio em forma de Plano Trienal de 
Desenvolvimento Econômico Social, idealizado pelo ministro do Planejamento, Celso Furtado. 
• Assegurar uma taxa de crescimento da renda nacional compatível com as de melhoria de condições de vida. 
• Reduzir progressivamente a pressão inflacionária, recuperar estabilidade de nível de preços. 
• Criar condições para os frutos do desenvolvimento se distribuíssem de maneira ampla pela população, cujos salários 
reais deveriam crescer com a taxa. 
• Intensificar a ação do governo no campo educacional, da pesquisa científica e tecnológica e da saúde pública. 
• Orientar o levantamento dos recursos naturais, visando desenvolver as distintas áreas do país e reduzir as disparidades 
regionais. 
• Eliminar os entraves de ordem institucional, responsável pelo desgaste de fatores de produção e pela lenta assimilação 
de novas técnicas, em alguns setores produtivos. Dentre esses obstáculos, destaca‑se a estrutura agrária brasileira. 
• Soluções visando refinanciar e evitar a dívida externa. 
• Assegurar ao governo uma unidade de comando dentro da esfera de ação, um plano para consecução simultânea dos 
objetivos. 
O Plano desagradou a todos os lados, retornando à gaveta. Em 1964, o golpe foi em 1º de abril, depondo o então 
presidente Jango. O controle do poder tornou‑se privativo dos militares. Por isso, a posse presidencial do marechal 
Humberto de Alencar Castello Branco em 15 de abril de 1964 representou uma posição, entre a corrente legalista militar, 
que desejava o retorno dos preceitos democráticos após uma rápida ação saneadora, e entre a corrente conhecida como 
“linha dura”, que propunha a instalação de um regime autoritário. 
De 1964 até 1973, o Brasil foi presidido por três militares: marechal Humberto de Alencar Castello Branco (1964‑1966), 
general Arthur da Costa e Silva (1967‑1969) e general Emílio Garrastazu Médici (1969‑1973). 
Na primeira fase, de 1964 a 1967, foi caracterizado por ajuste da economia, instaurado o regime autoritário, que tinha 
como característica básica a maior abertura ao capital estrangeiro. Após o golpe, a, foi criado o Plano de Ação Econômica 
do Governo (Paeg), idealizado pelos ministros do Planejamento e da Fazenda; tinha por objetivo geral combater a inflação, 
o desequilíbrio externo e o quadro de estagnação econômica. 
Os objetivos específicos: 
• Acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico interrompido no biênio 1962‑1963. 
• Conter o processo inflacionário, durante 1964 e 1965, objetivando um razoável equilíbrio de preços a partir de 1966. 
• Atenuar os desníveis econômicos setoriais e regionais, assim como as tensões criadas pelos desequilíbrios sociais. 
• Assegurar, pela política de investimentos, oportunidades de emprego produtivo à fluir o mercado. 
• Corrigir a tendência a déficits descontrolados do balanço de pagamentos, pelo estrangulamento periódico da capacidade 
de importar. 
Por conta de o processo inflacionário estar relacionado aos déficits públicos e à contínua pressão salarial na época, o Paeg 
foi criado de modo a limitar os saldos negativos que alimentavam a expansão dos meios de pagamento, e os aumentos 
salariais. O ajuste fiscal ocorreu de forma drástica: com base no aumento da receita (aumento da arrecadação tributária 
e de tarifas públicas) e na contenção (ou corte, em 1964) de despesas governamentais. 
Como plano um econômico emergencial de estabilização, o Paeg não cumpriu integralmente suas metas. 
Na segunda fase, de 1968 a 1973, o país foi submetido a uma política monetária expansiva, acompanhado de gradual 
redução da inflação e do desequilíbrio externo, justificando a denominação do período de milagre brasileiro ou de milagre 
econômico. 
Em 1968, foi lançado o Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED), cujas prioridades incluíam: estabilização gradual dos 
preços, sem metas inflacionárias implícitas; fortalecimento da empresa privada, visando à retomada de investimentos; 
consolidação da infraestrutura por parte do governo; e ampliação do mercado interno, visando à sustentação da demanda 
de bens de consumo, particularmente os duráveis. . A implementação do PED foi exitosa não apenas por causa das contas 
públicas saneadas pela administração de Castelo Branco, mas também pela manutenção do financiamento do déficit 
público por meio da emissão de títulos. Além de outros aspectos que facilitou a política de crescimento do período. 
A performance decorrente das reformas institucionais e da recessão do período anterior ao milagre econômico acabou 
contribuindo para a promoção de uma capacidade no setor industrial e gerou as condições necessárias para a retomada 
da demanda. O crescimento da economia mundial também permitiu que as taxas de crescimento. 
2. O endividamento externo e a crise política do Estado burocrático‑autoritário 
No período de 1974 a 1984, o povo brasileiro passou por um processo de distensão do regime autoritário, voltando 
gradualmente a democratização. Também houve o auge do esgotamento do modelo de processo de substituição de 
importações, que é visando atender o mercado interno e depende de medidas protecionistas nacionais. 
O cenário externo, vivenciou diversos choques, entre eles dois fortes aumentos do preço do petróleo internacional (em 
1973 e 1979) e o aumento dos juros norte‑americanos entre 1979 e 1982. 
Outra herança do período de “miraculoso” abrange a estrutura produtiva subordinada à capacidade de produção ampliada 
no setor de bens de consumo duráveis. Havia uma demanda de bens de capital e petróleo que não tinha condições de ser 
atendida pelo parque industrial brasileiro. Em consequência dessa submissão, o crescimento da economia brasileira 
tornou‑se mais dependente da capacidade de importar do país. 
Além disso, após o primeiro choque, os países industrializados reagiram aumentando os juros e contraindo a atividade 
econômica, fazendo com que a capacidade de importar dos países periféricos diminuísse. 
Como sequela do esgotamento desse modelo dependente do milagre econômico, a crise política do Estado autoritário se 
instaurou, com o aumento de contradições sociais e políticas. O presidente Ernesto Geisel, teve de escolher entre o ajuste 
por meio de financiamento ou de ajustamento para tentar diminuir os danos pós‑milagre. 
Adotado pela maioria dos países periféricos, o ajustamento visa criar condições para o pagamento dos “serviços” da dívida 
externa, com o objetivo de liberar seus excedentes exportáveis e cortar suas importações. 
Por outro lado, condicionado à disponibilidade de recursos no mercado internacional, o financiamento costuma 
representar a escolha preferida das autoridades por evitar dificuldades e sacrifícios. 
Em 1974, o ajustamento foi escolhido.No entanto, não foi levada adiante, em decorrência das pressões existentes. 
Para enfrentar o programa de crescimento com endividamento, o governo Geisel formulou seu projeto em duas frentes: 
no âmbito político, o projeto de distensão (também chamado de abertura) tinha a meta de abrir canais de expressão para 
as forças empresariais, a fim de que não houvesse desistência de apoio ao governo ditatorial. E no nível econômico, o II 
Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) foi organizado para enfrentar a crise da dependência, a partir do 
fortalecimento da economia nacional. 
Quanto ao financiamento, como agente isolado, o Estado procurou garantir o suporte ao plano, aumentando o 
endividamento externo. Para as estatais, havia restrição de acesso ao crédito interno e política de contenção tarifária, 
com o objetivo de conter pressões inflacionárias e forçá‑las ao endividamento externo. Já o setor privado foi financiado 
basicamente com créditos subsidiados de agências oficiais, dentre as quais ganhou destaque o Banco Nacional de 
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 
O desequílibrio macroeconômico que marcou a década de 1980 tornou‑se insuportável devido a dívida externa, à 
desestruturação do setor público e à explosão inflacionária. 
Em 15 de março de 1979, o general João Baptista Figueiredo tomou posse como presidente da República, a fim de 
consolidar a “abertura política”, de forma lenta, gradual, e segura. O III Plano de Desenvolvimento Econômico (III PND) foi 
posto à prova: 
• Acelerado crescimento da economia, da renda e do emprego, com base na expansão da empresa privada nacional. 
• Melhoria da distribuição de renda, com redução dos níveis de pobreza absoluta. 
• Redução das disparidades regionais, privilegiando o desenvolvimento do Nordeste. 
• Equilíbrio do balanço de pagamentos, no aumento e diversificação das exportações e do controle das importações. 
• Controle do endividamento externo, através da redução dos déficits nas transações correntes. 
• Desenvolvimento da agropecuária – o setor mais sensível aos estímulos e de retorno mais rápido –. 
• Desenvolvimento do setor energético, substituindo a dependência externa pelo aumento da produção nacional de 
petróleo e da produção alternativa de álcool de cana. 
• Controle da inflação, sem o que ficariam comprometidos os demais objetivos. 
• Aperfeiçoamento das instituições políticas, através da institucionalização plena do estado de direito democrático. 
1979, os países devedores em dólares sofreram o impacto do segundo choque do petróleo. Apesar dos controles fiscal e 
monetário, a inflação recrudesceu apoiada no endividamento externo. 
Durante o período de 1981‑1984, o país foi submetido a um modelo de ajuste explicitamente recessivo, por conta do 
agravamento do cenário internacional, pela recessão nos países industrializados e, a partir de 1982, pela crise da dívida 
latino‑americana. 
O modelo de ajuste escolhido por Geisel foi bem-sucedido em internalizar os setores de bens de consumo, reduzindo a 
dependência externa, porém custou maior vulnerabilidade externa e financeira da economia, face à reviravolta do 
mercado internacional de 1979. 
A DÉCADA PERDIDA 
1. O processo de reabertura política e o papel dos empresários no apoio às reformas democráticas 
De 1985 a 1989, a chamada Nova República foi marcada por grandes oscilações nas taxas de inflação e no produto real, 
acompanhando os períodos de sucesso e fracasso dos planos Cruzado (1986), Bresser (1987) e Verão (1989). 
Depois de vinte anos de regime autoritário, articulava a conquista democrática. O movimento Diretas Já ganhava cada vez 
mais apoio. 
15 de janeiro de 1985, o primeiro civil presidente, Tancredo Neves, não chegou a tomar posse por seu estado de saúde. 
O vice‑presidente, José Sarney, assumiu a presidência. 
Nesse processo de redemocratização, é importante o papel do empresariado brasileiro na coalizão antiestatista. A 
participação dos empresários na estrutura tutelada pelo Estado remonta à Era Vargas. 
Quando o empresariado rompeu com o pacto autoritário a partir de 1974, as dificuldades econômicas e o fechamento 
crescente do processo decisório culminaram na insatisfação acentuada. 
2. Os planos de estabilização do período Sarney 
2.1 Plano Cruzado 
A estratégia de estabilização econômica de 1980 foi escolhida por altas taxas de inflação que eram movidas pela força 
inercial autorreprodutiva da indexação. O combate à desindexação possuía quatro propostas: o Pacto Social, proposto 
pelos economistas do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e da Universidade Estadual de Campinas 
(Unicamp); o Choque Ortodoxo, defendido por alguns economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV); o Choque 
Heterodoxo, de Francisco Lopes da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC‑Rio); e a Reforma Monetária, 
de Lara Resende e Pérsio Arida, ambos da PUC‑Rio. 
No pensamento ortodoxo, a inflação é resultado do processo de emissão de moeda, em decorrência de déficits públicos, 
ocasionando aumento de demanda e alta de preços. 
Ao final de 1985 e início de 1986, o Plano Cruzado foi escolhido para conter a elevação de preços e os ajustes recessivos. 
• Reforma monetária e congelamento. 
• Desindexação da economia: a indexação de contratos com prazo inferior a um ano foi proibida. Todas as obrigações 
financeiras continuavam a ser denominadas na velha moeda, o Cruzeiro, que era desvalorizado diariamente. 
• Índice de preços e cadernetas de poupança: Os rendimentos das cadernetas de poupança deixaram de ser mensais para 
se tornarem trimestrais. 
• Política salarial: os salários em cruzados deveriam ser calculados pela média dos seis meses anteriores, respeitando uma 
tabela de conversão criada pelo governo. Congelados, os salários deveriam ser negociados, na hipótese de ajuste. 
Plano Cruzado foi até bem formulado e contou inicialmente com enorme apoio popular. No entanto, a proposta de 
financiamento de investimentos de infraestrutura e metas sociais não foram suficientes para conter o superaquecimento 
da economia. Em dezembro de 1986, ocasionaram o retorno do descontrole inflacionário. 
2.2 Plano Bresser 
(junho‑dezembro de 1987) foi um plano heterodoxo de emergência. 
• Salários e preços congelados por três meses. 
• Base do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) alterada. 
• Câmbio desvalorizado. 
• Congelamento dos aluguéis. 
• Contratos financeiros pós‑fixados mantidos e, para os prefixados, introdução de uma tablita com desvalorização. 
• Criação da Unidade Referencial de Preços (URP), que corrigiria o salário dos três meses seguintes. 
A fim de evitar a repetição de erros do Plano Cruzado, o Plano Bresser escolheu estabelecer políticas monetária e fiscal 
ativas. Bem-sucedido na recuperação da balança comercial e na queda inicial da inflação, o Plano Bresser acabou 
provocando queda no índice de produção industrial. 
De tal modo, a inflação do congelamento não podia ser atribuída apenas a pressões de demanda. A expectativa de novos 
congelamentos e de aumentos dos preços e tarifas públicas ajudava a promover os desequilíbrios de preços relativos que 
geravam pressões de custos, ocasionando o recrudescimento da inflação. 
O próprio Bresser‑Pereira explica que a inflação começou novamente a crescer de modo vagaroso. Além disso, o programa 
deveria ter sido complementado por uma gradual correção dos preços públicos (o que foi feito) e por uma reforma fiscal 
ao final do ano, que serviriam para preparar um definitivo congelamento de preços a ser decretado no começo de 1988. 
Em razão da falta de apoio político, o plano não foi complementado. 
2.3 Plano Verão 
O novo ministro Maílson da Nóbrega adotou a política “feijão com arroz”. 
Estimava‑se que a inflação poderia ser acomodada, ainda que em patamares elevados, através da redução do déficit 
público. Contudo, a partir da segunda metade do ano, constatou‑se que o controle das contas públicas não reverteua 
expectativa inflacionária, que foi agravada em razão da decisão governamental de conceder pesados reajustes aos 
combustíveis e à energia elétrica no período em que os aumentos nos preços dos alimentos pressionavam a taxa de 
inflação. 
O Plano Verão, assim com o Plano Bresser, continha elementos ortodoxos e heterodoxos. A curta duração não beneficiou 
a realização de qualquer ajuste fiscal, o que manteve elevados e crescentes os déficits públicos. 
Sem o ajuste fiscal e com descrédito por parte dos populares em virtude das tentativas frustradas de estabilização, o 
fracasso se atrelou a extrema taxa de juros. 
Com o fracasso dos três planos de estabilização sucessivos, o governo de José Sarney não conseguiu se legitimar. 
3. A crise da dívida externa e a crise fiscal da década de 1980 
A pior crise da história da economia brasileira, desde que o Brasil tornou‑se independente. 
A partir de 1964, o Estado começou a dar sinais de sua incapacidade em dar continuidade ao modelo de desenvolvimento 
por substituição de importações por conta própria, tendo que recorrer ao capital externo. Porém, não contava com 
transformações no mercado internacional. 
Em resposta aos choques do petróleo, à recessão nos Estados Unidos, ao aumento da taxa de juros, o Brasil entre 1981 e 
1983 foi ao primeiro momento crítico da crise fiscal e da dívida externa. Houve suspensão de crédito ao Brasil por parte 
dos credores internacionais. 
De 1984 a 1986, numa segunda etapa, a balança comercial foi reequilibrada graças à desvalorização cambial. As taxas de 
crescimento voltaram, embora baseadas no aumento do consumo. 
A terceira etapa da crise, aparentemente superada naquele momento, é marcada pelo fracasso do Plano Cruzado, a partir 
de 1987, e pela moratória da dívida externa. 
O BRASIL NA DÉCADA DE 1990: UMA ECONOMIA EM TRANSIÇÃO 
1. Os desafios das décadas de 1990 e 2000 
Não contavam com a instabilidade do sistema capitalista que se apresentou no final da década de 1920. 
Com o pior sofrimento econômico observado, superando até mesmo o período entre guerras, a fé na automaticidade do 
livre‑mercado e na economia capitalista havia se perdido. 
Após a Segunda Grande Guerra, o mundo teve um período de crescimento econômico que persistiu até o início da década 
de 1970. O liberalismo clássico deu lugar às medidas keynesianas no chamado Estado de bem‑estar social (Welfare State), 
que preconizou a forte presença estatal na economia. 
Criado para recuperar o vigor e a capacidade de expansão dos países capitalistas, o Estado de bem‑estar social se 
estabeleceu após a tensão social, econômica e política do período entre guerras. 
Chamado de populista na América Latina, o Estado de bem‑estar social adotou posteriormente como padrão de 
acumulação a industrialização baseada na substituição das importações. Os países capitalistas avançados, por sua vez, 
adotaram uma postura diferenciada. 
Nesta fase “dourada” do capital, a dinâmica da economia era direcionada para o mercado interno e para o crescimento 
dos núcleos urbanos. 
Em consonância ao aumento do número de empresas multinacionais, o fluxo financeiro entre países também aumentou, 
culminando na internacionalização do capital. Com avanço da tecnologia, novas condições de existência social entre 
indivíduos e coletividade foram se estabelecendo. 
A mundialização do capital não pôde ser adaptada ao Sistema Monetário Internacional (Bretton Woods), adotado após a 
Segunda Guerra Mundial, o Estado de bem‑estar social começou a sofrer os primeiros sinais de esgotamento. 
O início da década de 1980 foi marcado pela passagem do processo de desmantelamento do Estado de bem‑estar para a 
implantação de uma série de reformas em defesa de maior atuação do mercado. 
2. Neoliberalismo, neossocialismo ou social democracia 
As origens do neoliberalismo remontam ao considerado o pai da economia moderna, Adam Smith (1723‑1790), cujo 
argumento liberal clássico afirmava que por meio do livre comércio uma transação poderia beneficiar ambas as partes. 
Princípios básicos de filosofia liberal e econômica: 
• Defesa de que a sociedade resulta de processos. 
• Rejeição a qualquer projeto ou plano para a sociedade, seja religiosa, utópica ou ética. 
• Defesa da livre competição. 
• Defesa do nacionalismo. 
• Defesa do liberalismo como liberdade. 
• Rejeição a valores morais externos. 
• Todos os seres humanos são iguais, mas todos possuem habilidades diferentes. 
O sistema capitalista entrou em um colapso recessivo mais uma vez, com a Quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. Para 
tanto, Hayek e Keynes debateram a proposta de ajuste de política fiscal criada por Keynes para enfrentar as flutuações 
dos ciclos de negócios. 
Contudo, a necessidade de reconstrução de um neoliberalismo que mantivesse o comprometimento com o princípio 
liberal clássico de liberdade individual foi mantida ao longo dos anos. 
O neoliberalismo não deveria ser referenciado como recuperação de uma tradição perdida no pensamento político liberal. 
Na verdade, o neoliberalismo deveria não apenas ser visto como uma ideologia diferente, como também oposicionista ao 
que é comumente conhecido como pensamento liberal, sendo: 
• Necessidade de expansão de tempo e de espaço do mercado, com novas fases de mercantilização. 
• Poder do contrato. A ênfase na propriedade e no liberalismo de mercado e clássico foi substituída pela importância 
contratual. 
• Flexibilização dos contratos. 
• Forças de trabalho intensificadas pela constante avaliação de produtividade. 
• Novas formas de licença. 
• Aumento das transações e de sua intensidade. 
• Negociação automatizada. 
• Expansão de interatividade. Ela representa sociedades neoliberais que são também conhecidas como sociedades em 
rede, em vez das “sociedades abertas” dos liberais clássicos. 
• Expansão dos custos de transação. 
• Expansão do setor de serviços financeiros. 
• Velocidade de negociação. 
• Oportunidades profissionais únicas. Algumas funções só existem dentro do livre mercado. 
• Criação de submercados dentro das empresas. A subcontratação. 
• Maximização de fornecedores. Extensão do alcance de empresas. 
O neoliberalismo teria uma conexão com a Teoria Econômica Pré‑Liberal (mercantilismo), que via os países da Europa 
como unidades concorrentes. 
Como as perspectivas neoliberais são relativas e dependentes de panoramas de análise, TIVERAM pelo menos três 
distintas fases. 
A primeira, de 1920 até 1950, com a busca de uma base sociedade‑mercado como melhor alternativa para organizar a 
economia e garantir a liberdade individual no período entre guerras. A segunda fase persiste até a ascendência da defesa 
do livre‑mercado, com Margaret Thatcher e Ronald Reagan, nos anos 1980. A terceira fase é com a disseminação de uma 
agenda de liberalização de mercado, de disciplina fiscal no desenvolvimento dos países e de política comercial. Se 
expandindo em nações dissidentes do comunismo e países em desenvolvimento, os princípios neoliberais foram adotados 
por economistas e formuladores de políticas do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização Mundial do 
Comércio (OMC) e da União Europeia e também como parte do acordo do Tratado Norte‑Americano de Livre Comércio 
(Nafta). 
3. Mudanças no cenário mundial: desafios para superar a crise 
1973, o mundo capitalista avançado caiu recessão, combinando, pela primeira vez, taxas de crescimento com altas taxas 
de inflação. 
Entre o fim da década de 1980 e o começo da de 1990, novo modelo de economia internacional: 
• A queda da União Soviética, sua desintegração e perda de poder político, ideológico e de liderança militar em todo o 
mundo. 
• Hegemonia do neoliberalismo. O Estado e seus principais encargos são redefinidos em quase todos os países. 
• Os latentes e perigosos conflitos no Oriente Médio, que não foram resolvidos. 
• O empobrecimento dos países subdesenvolvidos e as contradições que resultam das aplicações dosprogramas 
neoliberais de ajustamento. 
• Globalização (das finanças, da produção, dos mercados, do consumo, da cultura etc.) 
Tomando o lugar do Estado de bem‑estar social, a doutrina política e ideológica neoliberal enfatiza o valor competitivo do 
livre mercado, a menor intervenção do Estado, a desregulamentação, a privatização do patrimônio público, a preferência 
revelada pela propriedade privada, entre outros. 
Sabe‑se que a cura para a crise não teve efeito imediato. A hegemonia do programa neoliberal levou cerca de uma década 
para obter seus efeitos iniciais. 
Um ano depois, o neoliberalismo chegou aos Estados Unidos com o suporte do então presidente Ronald Reagan. A partir 
de 1983, quase todos os países do norte da Europa Ocidental. 
4. Definições e limites do novo papel do Estado brasileiro e do Brasil no mundo 
O Brasil sempre teve uma participação dependente e periférica. Na nova etapa do processo de desenvolvimento, o desafio 
se torna conciliar a redução da atuação estatal e de investimentos nas áreas econômicas, com o aumento de sua 
participação nas áreas sociais. Caracteriza: 
• Intensificar as relações internacionais e ampliar a presença do Brasil no cenário mundial. 
• Planejamento econômico, supervisão do mercado e política agrária, e de rendas. Promovendo a eliminação da pobreza 
pela integração dos brasileiros 
• Coordenação da formulação das políticas macroeconômicas globais com o propósito de conseguir um grau razoável de 
convergência para viabilizar as propostas políticas e econômicas. 
• Formulação de políticas públicas que atendam às necessidades básicas da população, como educação, saúde, 
saneamento básico, segurança, justiça, habitação, cultura, desenvolvimento científico e tecnológico, infraestrutura básica 
etc. 
5. Novo padrão de financiamento do desenvolvimento brasileiro (setores privados, públicos, externos) 
Até a década de 1990, o financiamento do desenvolvimento no Brasil esteve subordinado a três instrumentos: o 
financiamento público, através de repasses de recursos fiscais e parafiscais; o autofinanciamento, tanto do investimento 
público quanto do privado e os empréstimos em moeda estrangeira. 
A abertura financeira da economia na década de 1960 e 1970 estimularam inovações financeiras no sistema de 
financiamento a partir de 1980. 
Por meio do novo padrão, o Estado não tem que estimular a fase de acumulação primitiva do setor privado, via subsídios 
e incentivos governamentais, que foi tão importante no passado. 
Já a retomada dos investimentos no setor produtivo e o crescimento econômico de um país dependem necessariamente 
da recuperação da saúde financeira e da capacidade de poupança e de investimento do setor público. 
O financiamento externo se estabelece por meio de investimentos diretos de empresas transnacionais, empréstimos ao 
setor público e a empresas privadas por bancos estrangeiros e aplicações em títulos públicos ou ações nas bolsas de 
valores. 
O NEOLIBERALISMO E A GLOBALIZAÇÃO: O GOVERNO COLLOR E A ESTRATÉGIA NEOLIBERAL 
1. O candidato, a eleição e a base política 
O primeiro presidente eleito pelo voto direto desde 1960, Fernando Affonso Collor de Mello aliou‑se ao senador mineiro 
Itamar Franco, e venceu as eleições, tornando‑se o presidente da República eleito mais jovem do Brasil.. 
No final da década de 1980, o modelo de crescimento baseado na substituição de importações não mostrava sinais de 
competitividade industrial. Neste contexto de crise econômica profunda, as eleições de 1989 foram realizadas. O povo 
demonstrava sinais de rejeição a todos os candidatos que representavam o passado e almejava um renovo político. 
Era de se esperar que o candidato sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva obtivesse uma votação expressiva. Contudo, não se 
imaginaria que um economista coligado a um partido recém‑criado iria ser eleito. 
No segundo semestre de 1989, ao mesmo tempo em que Collor promovia sua campanha eleitoral em busca de apoio de 
setores importantes pelo Brasil, em Washington, John Williamson, em reunião convocada pelo Instituto Internacional de 
Economia, listava uma série de reformas que deveriam ser seguidas por países em desenvolvimento: 
• Disciplina fiscal. • Priorização dos gastos públicos em educação, saúde e infraestrutura. • Reforma tributária. • 
Liberalização financeira. • Taxa de câmbio competitiva. • Liberalização do comércio exterior. • Investimento externo 
direito. • Privatização. • Desregulação. • Garantia ao direito de propriedade. 
Collor, antes mesmo de sua posse, já teria indicado que seu governo seguiria algumas recomendações do Consenso de 
Washington. Objetivou estruturar sua política econômica embasada no pensamento neoliberal. 
2. Plano Brasil Novo 
No dia seguinte à posse do novo presidente, o programa econômico ortodoxo mais conhecido como Plano Collor I 
começou a vigorar em março de 1990. Apesar do medo de novas medidas de estabilização fiscal severas, o Plano Brasil 
Novo chegou a ser defendido por sua coerência, com exceção da reforma monetária. 
O plano reintroduziu o cruzeiro como padrão monetário e promoveu um novo congelamento de preços de bens e serviços. 
No âmbito fiscal, como a proposta inicial era fazer com que o déficit operacional do setor público. 
Todavia, a opção pelo sequestro da liquidez desde a divulgação do Plano Collor I rendeu à equipe econômica da ministra 
Zélia Cardoso de Mello duras críticas. O Plano apresentou características econômicas recessivas. Como um plano baseado 
na necessidade de ajuste patrimonial, era preciso considerar o ajuste de estoque de moeda. 
Apesar de ter conseguido baixar o processo inflacionário, a inflação voltou a acelerar ao longo dos meses. Então, o Plano 
Collor II foi lançado em janeiro de 1991, com forte resistência do Congresso. A estratégia do novo Plano era obter 
resultados mais graduais no combate à inflação, por meio da racionalização dos gastos públicos, corte de despesas e 
aceleração do processo de modernização do parque industrial. O plano também visava promover uma reforma financeira 
para eliminar o overnight e outras formas de indexação, além de articular um novo congelamento de preços e salários. 
Vale destacar que antes mesmo de anunciar a contenção de gastos públicos, prevista no Plano Collor II, de estabilização 
econômica, já era possível acompanhar o desgaste da relação parlamentar junto ao Executivo. 
3. A política econômica do Governo Collor 
Desde o início, a preocupação com o equilíbrio fiscal foi um dos elementos norteadores da política econômica do governo 
Collor. 
A escolha governamental pelo bloqueio da liquidez foi fundamentada por três vertentes. A primeira diz respeito às 
dificuldades da remonetização no caso de desinflação rápida. A segunda explicação trata das implicações da elevada e 
crescente liquidez dos haveres financeiros, a chamada moeda indexada. 
Entre os possíveis motivos para a “fuga” dos ativos financeiros, diante da queda na taxa de juros, estão: 
• Ilusão monetária, queda do retorno e a dificuldade de cálculo das taxas reais de juros elevam a demanda de consumo. 
• A expectativa e o risco de volta da inflação fazem com que as taxas de juros correntes sejam vistas com desconfiança, o 
que leva à antecipação do consumo. 
• Com inflação alta, tem‑se alta variância dos preços, fazendo com que a correção monetária funcione como um hedge. 
Das medidas possíveis para combater a “fuga” dos haveres financeiros, o Banco Central mantinha a taxa de juros alta e 
estável. No entanto, sem demanda por crédito, as operações de empréstimos reduziam‑se bruscamente, fazendo com 
que a utilização de reservas compulsórias se tornasse inócua para afetar as variáveis monetárias. O único instrumento 
com que o governo contava eram as operações de mercado aberto, a colocação de títulos públicos, que, por conta da 
incerteza, levava o Banco Central a formar taxas diárias no overnight, com base na expectativa corrente, o quefazia com 
que a indexação não tivesse limites. 
O rápido crescimento da dívida mobiliária interna e seu precário esquema de refinanciamento diário no mercado 
monetário se tornou o terceiro problema de estabilização. 
 Em 1990, apesar de algumas medidas de liberalização das importações no âmbito das barreiras não tarifárias e de terem 
retirado os incentivos fiscais e financeiros das exportações, houve perda no saldo da balança comercial em relação ao ano 
anterior. Em 1991, houve uma reestruturação competitiva com inclusão de financiamentos às exportações. 
4. Privatização e abertura 
Abertura econômica e de privatização do governo Collor se inseriam no contexto da chamada nova Política Industrial e de 
Comércio Exterior (Pice). Lançada em consonância com o Plano Brasil Novo. 
Ainda que o governo Collor tenha sido marcado pela crise política do impeachment e pela profunda instabilidade 
econômica, apesar de curta, a duração governamental foi precisa em instigar a discussão sobre a privatização e sobre a 
mudança na estratégia de comércio exterior. 
Embora o processo de desestatização no Brasil tenha se tornado mais conhecido no governo Collor, suas origens 
remontam à década de 1980. O Programa Nacional de Desestatização (PND), tinha características: 
• Reordenar a posição estratégica do Estado na economia; • Contribuir para a redução da dívida pública; • Permitir a 
retomada de investimentos nas empresas; • Contribuir para a modernização do parque industrial; • Permitir que a 
administração pública concentre seus esforços nas atividades; • Contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais 
através do acréscimo da oferta de valores mobiliários e da democratização da propriedade do capital das empresas. 
A privatização se mostrou mais complexa do que a idealizada. O fracasso do Plano Collor I também contribuiu para que a 
utilização dos cruzados novos retidos e a disponibilidade de mais certificados de privatização fossem inviabilizadas. A 
situação financeira precária das empresas estatais, o número modesto de privatizações também pode ser justificado pela 
alta inflação etc. 
Com uma política de comércio exterior caracterizada pelo câmbio livre e pelo programa de liberalização de importações, 
o Brasil começou a ser inserido no mercado globalizado. 
As listas de produtos com guias de importação suspensa (o chamado Anexo C, com cerca de 1.300 produtos) e os regimes 
especiais de importação (exceto Zona Franca de Manaus, drawback e bens de informática) foram suspensos. Na prática, 
as formas de controles quantitativos de importação foram substituídas pelo controle tarifário. Com a expectativa do 
anúncio de reforma tarifária, que permitiria mais reduções graduais ao longo, o governo pretendia preparar os produtores 
nacionais para a transição para uma economia mais aberta. 
5. A queda de Collor: impeachment 
A denúncia por crime de responsabilidade contra o então presidente foi estabelecida por meio do argumento de que o 
impeachment deveria ser um recurso de sanção extrema contra o abuso e a perversão do poder político. 
Suas características pessoais e seu comportamento político costumam ser considerados fatores contribuintes para o 
pedido de impeachment impetrado em 1992 pela Câmara de Deputados. 
A falta de popularidade e apoio parlamentar sólida no Congresso Nacional também inviabilizava a governabilidade do 
presidente. 
DE COLLOR A ITAMAR FRANCO E FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Itamar Franco, compreendido no período 1992‑1994. Manutenção do regime republicano ou o retorno da monarquia, 
decidindo‑se ainda se sob a forma presidencialista ou parlamentarista, em que as urnas apresentam a república 
presidencialista como vontade popular. Na esfera econômica, havia o enfrentamento do já conhecido problema da 
hiperinflação. 
O Presidente nomea Fernando Henrique Cardoso, primeiramente para o Ministério das Relações Exteriores, para depois, 
assumir o Ministério da Economia. Este terá a oportunidade de enfrentar a estabilização econômica com o lançamento de 
seu bem‑sucedido Plano Real, também chamado de Programa de Estabilização Econômica. 
1. O contexto histórico para o Real 
Sétima tentativa de estabilização da economia brasileira em mais de dez anos frustradas, o Plano Real é considerado por 
muitos a primeira bem‑sucedida empreitada. 
Enquanto países centrais conduziam sua política macroeconômica em busca do crescimento econômico na década de 
1990, a orientação no Brasil tinha como foco a estabilidade monetária. No Plano Real, a inflacionária foi interrompida. A 
inflação era advinda do desequilíbrio nas contas do governo. 
Além disso, o processo de privatização das empresas públicas, iniciado no governo Collor, foi acelerado e estendido para 
novas áreas, como telecomunicações, geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e mineração estatal, 
inclusive o petróleo. 
O Plano Real seria implementado em três etapas: inicialmente, procurando equilíbrio nas contas do governo; na 
sequência, a criação de um padrão monetário estável que seria denominado unidade real de valor, a conhecida URV; por 
fim, a transformação desse novo padrão monetário em uma moeda pura e sem inflação, o real. 
A primeira etapa, contou com o Fundo Social de Emergência, implementada em 14 de junho de 1993 e recebeu o nome 
de Programa de Ação Imediata (PAI). Nessa fase de âncora cambial e juros elevados, previa redução dos gastos públicos, 
como revisão da recuperação de receitas tributárias, incluídas as dívidas de estados e municípios com o governo federal. 
Bancos estaduais passaram por controle, bancos federais deveriam ser saneados e o processo de privatização e empresas 
estatais deveria ser ampliado seguindo a tendência de diminuição da participação do Estado na economia. 
Um dos problemas era a escassez de recursos financeiros para efetuar a manutenção ou investimentos. Então, foi lançado 
um programa contra a sonegação com empenho fiscalizador quanto à cobrança de impostos para TODOS. 
A segunda etapa, traria de volta as funções da moeda, a de reserva de valor. Foi denominado unidade real de valor (URV) 
e serviria de transição para a introdução da nova moeda. O papel da URV serviu como referência para empresários 
formarem seus preços de mercado, como estabelecerem salárioS, sem que as desvalorizações provocadas pela inflação 
exercessem influência sobre esses novos preços. 
A terceira etapa, deu‑se em 1º de julho de 1994, com a Exposição de Motivos da Medida Provisória do Real, as regras para 
a introdução da nova moeda. A substituição da URV pela nova moeda, o Real, o Brasil conviveu com duas moedas: o 
cruzeiro real, cumprindo a função de meio de trocas, e a URV, funcionando como unidade de valor. a nova moeda seria 
lastreada nas reservas internacionais, e o regime de câmbio fixo deveria prevalecer, desde que permitida sua flexibilidade 
para baixo como forma de promover a valorização do real. Em seguida em substituição ao cruzeiro real, com a extinção 
da URV. 
Contudo, foram proibidos reajustes contratuais com intervalo inferior a um ano. Ao lado cambial, medidas contracionistas 
foram adotadas, a exemplo da expressiva elevação do coeficiente de recolhimento compulsório. Os aumentos dos 
depósitos à vista, deveriam ser convertidos em depósitos compulsórios. 
GOVERNO FHC 
1. Fernando Henrique Cardoso: primeiro mandato (1995‑1998) 
A valorização do câmbio auxilia na queda dos preços internos, influenciada pelo aumento das importações. Empresários 
nacionais entram numa baixa de seus preços de venda como forma de enfrentar a concorrência. Mais: aumentam a 
qualidade e a produtividade de sua produção. Quem ganha? Os consumidores internos. 
O aumento das importações provocou elevação de déficit na balança comercial e obrigou o governo a continuar na 
trajetória de juros elevados. 
A crise do México que ocorre no final de 1994 acende a luz amarela a política econômica brasileira. Crise do México, ocorreno Brasil uma fuga de capitais derivada das aplicações, causando perda das reservas internacionais. Os saldos negativos 
da balança comercial deterioravam o saldo da conta de transações correntes. A economia demorou à elevação da taxa de 
juros. Mesmo com a elevação, a economia não se encontrava em posição favorável,o que o fez lançar um pacote de 
medidas que envolvia, dentre outras: 
• Aumento do compulsório como forma de segurar certa quantidade de dinheiro disponível no Banco Central. 
• Diminuição do crediário, reduzindo o número de prestações nas compras a prazo. 
• Aumento de impostos de importação para produtos de consumo durável. 
• Diminuição do IOF para facilitar a entrada de capitais. 
• Estabelecimento de quotas para importação de automóveis. 
O lado fiscal da economia também não ficou de fora dos novos ajustes. Assim: 
• houve cortes no orçamento governamental. • os salários dos funcionários do setor público ficaram sem reajuste por um 
período de três anos. • cortes de despesas com as empresas estatais. • inclusão da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) 
no programa de privatizações. 
Uma das coisas, a facilidade do crédito acarretou uma crise bancária e levou o governo a criar o Programa de Estímulo à 
Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), que tinha por finalidade a reestruturação do 
setor. 
Recuperando a credibilidade junto ao capital especulativo diante do ajuste fiscal implementado em 1995, foi possível dar 
continuidade ao Plano Real com gradativa diminuição das taxas de juros. Além disso, as reservas internacionais já eram 
bem maiores do que as do início ao Plano Real. 
Os conceitos que envolvem o cálculo da NFSP são: 
• NFSP no conceito nominal: é medida como proporção do PIB, sendo uma função direta da inflação, ou seja, é a variação 
da dívida fiscal líquida; 
• NFSP no conceito operacional: subtrai‑se o componente de atualização monetária da dívida do saldo do conceito 
nominal; 
• NFSP no conceito primário: desconta as despesas com juros reais do valor das necessidades operacionais, ou seja, 
subtraem‑se os juros nominais da dívida líquida do setor público incidentes sobre o conceito nominal. 
Conhecidos então os conceitos que envolvem o assunto necessidade de financiamento do setor público. A variação das 
despesas reais dos juros não foi a grande responsável pela deterioração das NFSP, e sim os déficits do resultado 
operacional. No que diz respeito ao resultado no conceito nominal, sua queda considerável deve‑se ao controle 
inflacionário. Porém, 1995 houve deterioração nas NFSP, mas os ajustes desse ano produziram melhora nos resultados 
nominal e operacional, bem como nas despesas dos juros reais líquidos no segundo semestre de 1996, ficando somente 
o resultado primário sem alteração positiva para a melhora das NFSP. 
As crises que ocorreram após a implementação do plano levaram o governo a intervir na economia várias vezes. Causaram 
desconfiança nos investidores externos, o que acabava por agravar a situação da balança de pagamentos. 
1996 novas medidas seriam necessárias diante de cada crise que seria anunciada a partir de 1997. 
1.1 Das crises ao acordo com FMI 
O bom desempenho da economia se deve aos ajustes feitos pelo governo e também às eleições municipais, que 
aumentaram os gastos públicos, possibilitando ao país um crescimento do PIB. O problema que se coloca desse ponto em 
diante será devido à crise asiática, que interrompe a economia brasileira continuar na trajetória de crescimento. A balança 
de pagamentos brasileira seria afetada devido à fuga dos capitais especulativos, resultando em queda nas reservas 
internacionais. Novamente, aumento da taxa de juros, e anunciou o Pacote 51, 51 medidas a fim de atenuar os efeitos da 
crise. 
Os reflexos iniciais do pacote produziram resultados positivos nas reservas internacionais, além do aumento da taxa de 
juros, o FMI emprestou dinheiro aos países asiáticos que acabou tranquilizando o mercado internacional. Resolvido 
novamente o desequilíbrio externo, a questão fiscal da economia doméstica ainda era preocupante, o que levou o governo 
a promover novo ajuste. 
É possível dizer que a previdência social, seria a responsável pelo desempenho ruim dos resultados fiscais do setor público. 
Então o Programa de Estabilidade Fiscal (PEF) estabeleceu metas de superávit orçamentário. Adicionalmente, houve uma 
projeção de redução dos gastos públicos. Para aumentar as receitas, oaumentou os impostos, elevando a CPMF e a Cofins, 
ampliou a contribuição para o plano de aposentadoria do setor público e criou a contribuição para inativos. 
Os esforços não deveriam gerar resultados positivos somente do ponto de vista da União. Estados e municípios deveriam 
contribuir, neste âmbito, foi criada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de acordo com a qual os estados e municípios 
não poderiam mais se endividar devido às regras restritas. 
Faltando poucas semanas para as eleições presidenciais de 1998, o governo brasileiro começou a negociar um acordo com 
o FMI que lhe permitisse enfrentar um quadro externo. O Brasil se compromete, com a manutenção do regime cambial, 
a prosseguir com a abertura comercial, a acelerar as privatizações e a realizar um ajuste fiscal. 
Apesar de diante dos dados até então produzidos, o acordo não foi bem aceito pela comunidade econômica, o que acelera 
a perda das divisas internacionais, com o país enfrentando semanas nas quais a queda de reservas. 
O primeiro Plano Plurianual da gestão de FHC foi estruturado em duas fases: a primeira era de estratégias e a segunda 
ordenava objetivos por áreas temáticas. Estão a construção de um Estado moderno e eficiente, a redução dos 
desequilíbrios especiais e sociais do país e a modernização produtiva da economia brasileira. São essas: 
• saneamento das finanças públicas; 
• descentralização das políticas públicas para estados e municípios, setor privado e organizações não governamentais; 
• aumento da eficiência do gasto público, com ênfase na redução dos desperdícios; 
• aprofundamento do programa de desestatização; 
• modernização das Forças Armadas e de seus níveis operacionais; 
• modernização da Justiça e dos sistemas de Segurança e Defesa Nacional; 
• reformulação e fortalecimento da ação reguladora do Estado, inclusive nos serviços públicos privatizados; 
• reformulação e fortalecimento dos organismos de fomento regional; 
• modernização dos Sistemas de Previdência Social. 
Quanto à redução dos desequilíbrios especiais e sociais do país, o plano destaca: 
• criação de novas oportunidades de ocupação da força de trabalho; 
• redução dos custos de produtos de primeira necessidade; 
• aproveitamento das potencialidades regionais, com uso racional e sustentável dos recursos; 
• fortalecimento da base de infraestrutura das regiões menos desenvolvidas; 
• fortalecimento da política de desconcentração industrial; 
• redução da mortalidade infantil; 
• ampliação do acesso da população aos serviços básicos de saúde; 
• melhoria das condições de vida, trabalho e produtividade do pequeno produtor e do trabalhador rural; 
• melhoria das condições de vida nas aglomerações urbanas críticas (segurança pública, saneamento, habitação, 
transporte coletivo, serviços urbanos, desporto e cultura e meio ambiente); 
• mobilização da sociedade e comprometimento de todo o governo para a erradicação da miséria e da fome; 
• fortalecimento da cidadania e preservação dos valores nacionais. 
Sobre a modernização produtiva da economia brasileira, foram: 
• modernização e ampliação da infraestrutura; 
• aumento da participação do setor privado em investimentos para o desenvolvimento; 
• fortalecimento de setores potencial de inserção internacional e estímulo à tecnológica e restruturação produtiva; 
• melhoria educacional, com ênfase na educação básica; 
• modernização das relações trabalhistas. 
Para tanto, recursos seriamdestinados para as áreas de transportes, energia e comunicações. 
Observação 
Para que não haja descontinuidade das ações propostas, a vigência do PPA não coincide com o mandato do governante. 
O primeiro ano de vigência do PPA será o segundo ano do mandato do governante, seja ele presidente, governador ou 
prefeito. 
2. Fernando Henrique Cardoso: segundo mandato (1999‑2002) 
O novo acordo com o FMI oferece à economia brasileira certa calmaria, mas passageira e capaz de garantir a reeleição do 
Presidente FHC. A estabilidade da moeda vinha sendo preservada, era isso que importava para a sociedade, mesmo com 
baixo crescimento econômico. 
A sobrevida que o acordo com o FMI deu à âncora cambial foi curta. 1999, o mercado impôs a flutuação do real, pois o 
Brasil encontrava dificuldades para manter a política cambial dos anos anteriores. A fuga de capitais continuou a ocorrer 
devido à desconfiança dos investidores. Medidas emergenciais a serem adotadas: elevação da taxa básica de juros e início 
dos estudos para a adoção do sistema de metas de inflação. 
Quanto à política cambial, aquela em que o câmbio semifixo dá lugar ao flutuante, são determinadas pelas forças de 
mercado e interação dos agentes no mercado cambial sem que o Banco Central interfira, a não ser pelo lado da política 
monetária como forma de garantir as metas de inflação, bem como pelo lado fiscal, quanto aos superávits primários. Vale 
destacar que a desvalorização não reproduziu efeitos inflacionários como se previa. 
A situação de oscilação na cotação do dólar e sua tendência à desvalorização devem‑se em grande parte ao acordo firmado 
com o FMI, que limitava o uso das reservas. A não renovação das linhas de crédito para exportações das empresas 
brasileiras e a falta de reação das exportações dificultavam a entrada de dólares e, de outro, saíam dólares em razão do 
vencimento de dívidas das empresas brasileiras. A continuada elevação do dólar teve impactos negativos em diversas 
direções. Nesse quadro, surgiu a necessidade de revisar o acordo com o FMI anteriormente firmado na tentativa de 
reversão dos efeitos negativos da alta do dólar. 
Nesse ambiente, é possível encontrar a reforma parcial da previdência social em 1999, em que se aumentou o tempo de 
contribuição para que o trabalhador pudesse fazer jus ao benefício da aposentadoria, e a aprovação pelo congresso, no 
ano de 2000, da Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF), em que foram estabelecidos compromissos nos três níveis de 
governo. 
Adotada em um período de redemocratização e descentralização do Estado, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 
tornou‑se a principal norma a ser observada pelos gestores públicos na administração patrimonial e financeira. Quanto à 
dívida pública, a lei estabelece limites para endividamento para os três níveis de governo. Quanto aos instrumentos de 
controle da lei, citamos o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual. Outra questão é 
a transparência a ser alcançada tanto pela publicação de tais documentos quanto pela participação da sociedade. 
Quando chegamos em 2000, a relação dívida‑PIB se manteve estável sendo favorecida pelo crescimento do PIB e pelo 
comportamento favorável do câmbio e dos juros. 
A balança comercial brasileira, que sempre apresentou déficits desde o início do Plano Real, passou a apresentar superávit 
após o fim da âncora cambial. Os dados demonstram o uso da âncora cambial, juntamente com a abertura comercial 
indiscriminada, elevou o endividamento externo brasileiro, o que aumenta os gastos do governo com o serviço de juros 
da dívida pública. 
Há problema 2001, em que a economia é afetada por eventos, como a crise de energia elétrica – o chamado apagão –, 
crise argentina e os atentados terroristas. Crescimento da economia brasileira é novamente interrompida e os juros 
domésticos aumentam, justamente pelo cessar do ingresso de capitais no Brasil em função das incertezas no mercado. 
Argentina era, até aquele momento, o segundo maior parceiro comercial do Brasil e o maior parceiro dentro do Mercosul. 
Levando o Brasil a recorrer ao FMI novamente em 2001. O governo FHC teve seus pontos positivos e negativos, só que 
entrou para a história como que projetou o Brasil para o crescimento econômico, controlando a inflação e criando meios 
para se lidar com as externalidades que abalam a estrutura econômica. 
De positivo no período FHC foi amodernização institucional, com o fim dos monopólios, privatizações de diversas 
empresas estatais, reforma – ainda que parcial – na Previdência Social, além da aprovação da Lei de Responsabilidade 
Fiscal. De negativo, foram os passivos a dívida pública e a externa, combinados com elevada carga tributária e queda dos 
investimentos públicos. 
Plano Plurianual (PPA), no seu segundo período, figuravam saneamento das finanças públicas, elevação das exportações, 
preocupação com a gestão ambiental, melhorias no sistema de educação e combate à fome, bem como à mortalidade 
infantil. A forma bastante positiva, com destaque para a metodologia adotada quanto à articulação dos programas com 
os objetivos que foram alcançados. 
Voltada à estabilidade macroeconômica, seja na fase da âncora cambial (1994‑1998), seja na fase do regime de metas 
para inflação (1999‑2002). Embora a política econômica tenha conquistado seus objetivos quanto ao controle da inflação, 
o fez à custa de piora nas finanças públicas. 
PANORAMA POLÍTICO‑ECONÔMICO DO BRASIL EM 2001‑2002 
O período anterior às eleições de 2002 foi bastante conturbado do ponto de vista econômico no Brasil e no mundo. Como 
vimos, o ano de 2001 foi repleto de acontecimentos. 
O candidato Lula chegava em 2002, como um dos favoritos. Representante do setor industrial, havia liderado diversas 
greves por melhores condições de trabalho, empunhava objetivos socialistas. O ex‑sindicalista foi candidato em 1989, na 
primeira eleição direta para presidente. 
Em 1979, o PT havia publicado a sua Carta de Princípios. Nela, o partido demonstrou suas ideias, uma delas é a oposição 
aos empresários e à burguesia nacional. Inclusive nos debates de que participava, estavam repletas de chamadas 
nacionalistas a exemplo de: • suspensão imediata do pagamento da dívida externa; • rompimento com o capital 
estrangeiro; • ampliação da participação do Estado na economia; • estatização de algumas empresas que estavam nas 
mãos do mercado, visando a uma questão patrimonialista do Estado; • reestatização de outras empresas que haviam sido 
privatizadas nos governos anteriores, a exemplo da Vale do Rio Doce, da Embraer e daquelas que compunham o sistema 
Telebrás; • adoção da reforma agrária com desapropriação de terras improdutivas e produtivas; • implantação de um 
amplo programa de redistribuição de renda. 
O que tinha afastado Lula das intenções de voto por parte do eleitorado nas eleições de 1994 nem tinha sido tanto seu 
discurso radical, mas sim os efeitos provocados pelo Plano Real, que a partir do meio daquele ano havia conseguido 
controlar a inflação. 
Quando se saiu vitorioso, em vez de se apresentar como um candidato de oposição radical ao modelo econômico e político 
até então vigente, apresentou‑se como um candidato de conciliação ao capitalismo. A mudança de postura de Lula deixa 
dúvidas no ar, o que não permitia tranquilidade entre os investidores, dando início de um processo de fuga de capitais do 
Brasil. 
1. Proximidades das eleições de 2002 
Mesmo com a economia apresentando certa recuperação em 2002 comparativamente ao ano de 2001, isso não foi o 
suficiente para mudar a visão dos investidores. 
A EXPERIÊNCIA DO PT NA PRESIDÊNCIA 
1. Luiz Inácio Lula da Silva: primeiro mandato (2003‑2006) 
Iniciou‑se em 2003, após vencer José Serra nas eleições de 2002. Encerrando governo somente em 2010. 
Tendo como principal programa o Fome Zero – que daria lugar ao Bolsa Família, e continuidade do Plano Real, mas o 
governo era voltadopara as questões sociais e a retomada do crescimento do país. 
Um dos principais nomes do governo Lula foi Antonio Palocci, até então ministro da Fazenda, deixando o cargo após 
denúncias de escândalo e corrupção. 
Durante seu governo, a inflação continuou sendo controlada pela administração da taxa de juros e pelo Comitê de Política 
Monetária (Copom), bastante conservadora. Dando continuidade ao regime de câmbio flexível e a metas de inflação sem 
que fosse necessária elevação da carga tributária. A política fiscal com a estabilidade da dívida pública, é projetada na Lei 
de Diretrizes Orçamentárias (LDO), em que os objetivos macroeconômicos estão explicitados, assim como à Lei de 
Responsabilidade Fiscal criada no governo de Fernando Henrique Cardoso. 
É bem verdade que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) havia levantado a bandeira acerca de um possível 
plebiscito cujo teor pairava em torno de três questões: • se o acordo com o FMI deveria ser mantido; • se a população era 
favorável a uma auditoria da dívida externa; • se o orçamento público deveria continuar pagando a dívida interna dos 
especuladores. 
Intitulado Um Outro Brasil É Possível e divulgado como plano econômico, nele constavam entre outras: • renegociação da 
dívida externa; • limitação, na forma de um percentual‑teto das receitas, da disponibilidade de recursos destinados ao 
pagamento de juros da dívida pública. 
Em 2013 seria divulgado o documento oficial e de caráter conceitual com o título de Política Econômica e Reformas 
Estruturais, modelo de desenvolvimento com preservação da estabilidade macroeconômica e melhor tratamento do gasto 
público, e atenção às necessidades sociais. O texto enfatiza a necessidade de rever a Lei de Falências, a concessão de 
autonomia operacional ao Banco Central, a importância de modificar as regras de aposentadoria do funcionalismo. 
O bom comportamento das contas públicas, o desempenho da economia que parecia agora deslanchar, o controle 
inflacionário e a queda do câmbio colocaram o Brasil em situação favorável para uma renovação de acordo com o Fundo 
Monetário Internacional que, na verdade, mais funcionou como uma espécie de linha de crédito aberta e disponível para 
uso quando necessário. Por outro lado, e contribuindo com o cenário interno, as baixas taxas de juros praticadas nos EUA 
fizeram com novo ingresso de capital no país, o que auxiliou mais ainda a queda da cotação do dólar. 
Importante destacar que a calmaria que o governo Lula encontrara no campo econômico e político, derivada em grande 
parte do bom desempenho das economias mundiais, seria ainda favorecida pelo anúncio de mais duas atitudes: envio ao 
congresso de proposta de reforma tributária e, em paralelo, a reforma da Previdência Social. 
Por outro lado, mesmo com a economia apresentando bom desempenho, críticas ao modelo pelo lado da heterodoxia. A 
política de juros elevados até pode estimular o ingresso de capitais estrangeiros; no entanto, produz péssimos efeitos: 
desestimula investimentos privados, reduz o crescimento econômico com impactos negativos sobre o emprego, aumenta 
o endividamento interno e, por consequência, os encargos da dívida. 
Destaca que o governo foi desenvolvido e, portanto, delineado nas bases do Plano Plurianual compreendendo o período 
2004‑2007. Para que os megaobjetivos pudessem ser alcançados, a estratégia foi dividida em cinco dimensões: • social. • 
econômica. • regional. • ambiental. • democrática. Este PPA avança em relação ao anteriormente formulado. 
2. Luiz Inácio Lula da Silva: segundo mandato (2007‑2010) 
Em meio a um conjunto de acusações, Lula vence as eleições para seguir com seu segundo mandato. Da mesma forma 
que acontecera no mandato anterior, beneficiado pelos bons ventos da economia internacional. Ainda: países 
emergentes, a exemplo de Rússia, Índia e China, tratariam de puxar a expansão econômica de seus parceiros, da qual o 
Brasil, de alguma forma, se beneficiaria. Outro ponto a destacar é o crescimento dos preços das commodities no mercado 
internacional, oferecendo conquistas em saldos comerciais graças ao ingresso de divisas via exportações. 
Mesmo que a economia brasileira apresentasse melhores condições de enfrentar crises internacionais, a contração da 
demanda externa, bem como do crédito, a forte desvalorização do real frente ao dólar e as pressões inflacionárias dela 
decorrentes faria voltar o negativo. 
2008, caberia ao Banco Central elevação da taxa de juros como forma de conter o impacto inflacionário no câmbio, em 
segundo momento, ingressar numa trajetória de diminuição da taxa de juros. Como forma de incentivar o crédito e 
aumentar a liquidez da economia, flexibilizou‑se o recolhimento compulsório. 
Do lado da política fiscal, iniciativas expansionistas também foram adotadas pelo Ministério da Fazenda: • alavancagem 
do crédito dos bancos públicos, a exemplo do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal; • desoneração do 
Imposto sobre Produtos Industrializados para veículos, material de construção civil e eletrodomésticos, notadamente 
aqueles conhecidos como linha branca; • revisão, para baixo, nas metas de superávit primário. 
A intensidade da crise, que não se manifestou como preocupante no Brasil, pode ser explicada pelos níveis elevados de 
reservas internacionais. 
Para tanto, esse novo mandato é pautado em três linhas mestras, quais sejam: • na questão social, envolvendo inclusão 
e diminuição das desigualdades sociais e regionais; • melhorias na educação, com o lançamento do Plano de 
Desenvolvimento da Educação (PDE); e • ênfase no crescimento, com o lançamento do Programa de Aceleração do 
Crescimento (PAC), em que são retomadas ações de planejamento e execução de obras infraestruturais no âmbito social, 
urbano, logístico e energético. 
Outro importante programa do governo Lula nesse período, e que ganhará espaço também no mandato do próximo 
governante, é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Teve como objetivo romper barreiras e superar limites ao 
crescimento econômico, de forma a sustentar meta a uma taxa de crescimento. 
Desvinculada das estratégias de estabilização empreendidas pelo lado monetário, mas não conflitando com o 
planejamento de longo prazo do governo, em 2008, a Medida Provisória nº 428 foi encaminhada para apreciação do 
Congresso Nacional, criando a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), chamada por alguns de PAC da indústria. 
Previam‑se algumas metas a serem conquistadas até 2010. Por meio de concessão de desonerações fiscais às 
empresas‑alvo do programa combinadas de financiamento por parte do BNDES, com redução da taxa de juro de longo 
prazo (TJLP) cobrada pelo banco. Entre os setores considerados no PDP, seis figuram como estratégicos (saúde, energia, 
tecnologia de informação e comunicação, defesa, nanotecnologia e biotecnologia), seis são considerados mais relevantes 
para a consolidação de suas estruturas e mercados (aeronáutica, mineração, siderurgia, papel e celulose, petroquímica e 
carnes) e os demais necessitam de apoio para o aumento de competitividade (automotivo, plásticos, agroindústria, 
indústria naval e cabotagem, couros, calçados e artefatos, bens de capital, madeira e móveis). 
3. Dilma Vana Rousseff: primeiro mandato (2011‑2014) 
Primeira mulher a ocupar o cargo. É possível destacar suas propostas que estavam vinculadas às do governo Lula: • 
continuidade do PAC, com ampliação de investimentos; • aprofundamento dos investimentos infraestruturais previstos 
no Programa Luz para Todos, cujo objetivo era o de levar energia a população que vive em Zona Rural; • ampliação da 
base do programa Bolsa Família. 
Mantendo a mesma política macroeconômica de seu antecessor e ancorada nas metas de inflação, bem como no superávit 
fiscal e no regime de câmbio flutuante, taxas elevadas de crescimento foram o objetivo dessa política para os anos de 
2011 e 2012. 
O processo de aceleraçãoinflacionária, se estendeu em 2013, associado ao resultado decepcionante do crescimento 
econômico de 2012, explicitou os dilemas do regime de política macroeconômica e os limites da própria estratégia de 
flexibilização que caracterizaram o primeiro biênio do governo Dilma. 
Muito se diz que a presidente enão tinha um projeto, pois continuaria o que havia sido proposto pelo anterior. Nesse 
aspecto, podemos destacar seu Plano Plurianual, que a partir do exercício financeiro de 2012, passou a ter uma nova 
configuração, voltada para os resultados na gestão pública. 
• Dimensão estratégica: base os macrodesafios e a visão de longo prazo do governo federal. 
• Dimensão tática: define caminhos exequíveis para o alcance dos objetivos. 
• Dimensão operacional: relaciona‑se com o desempenho da ação governamental no nível da eficiência e é especialmente 
tratada no orçamento. 
O Programa Temático retrata no PPA a agenda de governo organizada pelos temas e orienta a ação. Sua abrangência deve 
para representar os desafios e organizar a gestão, o monitoramento, a avaliação, as transversalidades, as 
multissetorialidades e a territorialidade. O Programa Temático desdobra‑se em Objetivos e Iniciativas. 
O Objetivo expressa o que deve ser feito, refletindo as situações a serem alteradas pela implementação de um conjunto 
de iniciativas, com desdobramento no território. O Objetivo apresenta as seguintes características: 
• define a escolha para a implementação da política pública desejada, levando em conta aspectos políticos, sociais, 
econômicos, institucionais, tecnológicos, legais e ambientais. 
• orienta taticamente a ação do estado no intuito de garantir a entrega à sociedade. 
• expressa um resultado transformador da situação atual de determinado tema. 
• é exequível, ou seja, o Objetivo deve estabelecer metas factíveis e realistas para o governo e a sociedade. 
• define Iniciativas do que deve ser ofertado em bens e serviços ou pela incorporação de novos valores à política. 
• declara informações para a eficácia da ação (o que, como, lugar, quando), indicar impactos na sociedade (para quê). 
A Iniciativa declara as entregas à sociedade de bens e serviços, resultantes da coordenação de ações orçamentárias e 
outras: ações institucionais e normativas, bem como da pactuação entre entes federados, entre estados e sociedade e da 
integração de políticas públicas. A Iniciativa associa‑se a duas dimensões: 
• As fontes de financiamento: — orçamento; — outras fontes. 
• As formas de gestão e implementação. 
É importante destacar os principais pontos de discussão da dimensão estratégica do Plano Mais Brasil: 
• a visão de futuro do Brasil que se quer construir; 
• a descrição do cenário macroeconômico, com a análise do período recente, do contexto internacional e dos desafios a 
serem enfrentados, tanto pelo lado da demanda quanto pelo lado da oferta, a projeção da inflação e as condições do setor 
público; 
• a avaliação do cenário social do ponto de vista da demografia, desigualdades e pobreza; 
• as condições no cenário ambiental, notadamente geração e distribuição de energia; 
• o cenário regional. 
Seus macrodesafios são: 
• PND: dar seguimento ao PND apoiado na redução das desigualdades regionais, entre o rural e o urbano e na continuidade 
ambientalmente sustentável, com geração de empregos e distribuição de renda; 
• erradicação da pobreza extrema: superar a pobreza extrema e prosseguir reduzindo as desigualdades sociais; 
• ciência, tecnologia e inovação. 
• conhecimento, educação e cultura: e ao esporte com equidade, qualidade e valorização da diversidade; 
• saúde, previdência e assistência social: assegurando equidade e qualidade de vida; 
• cidadania: promovendo igualdade de gênero e étnico‑racial, e elevação da qualidade dos serviços públicos; 
• infraestrutura: expandir a infraestrutura produtiva, urbana e social de qualidade; 
• democracia e participação social: fortalecer a participação da sociedade, ampliando a transparência da ação pública; 
• integridade e soberania nacional: preservar os poderes constitucionais, a integridade territorial e a soberania nacional, 
participando ativamente da promoção e defesa dos direitos humanos, da paz e do desenvolvimento no mundo; 
• segurança pública: promover a segurança e integridade dos cidadãos, através do combate à violência; 
• gestão pública: aperfeiçoar os instrumentos de gestão do Estado. 
Os dispêndios dos recurso estão divididos em porcentagem diferentes aos quesitos ditos acima.

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