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As evidências físicas e o cenário de serviços Apresentação O cenário de serviços é um local de extrema importância nas interações do cliente com as empresas, pois é onde o cliente percebe com mais facilidade os esforços da empresa para retê-lo. Assim, as evidências físicas diversas que a empresa pode utilizar como estratégia para o cenário contribuem significativamente para a avaliação positiva do cliente. Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos as atividades que envolvem cliente e empresa no cenário de serviços e os mecanismos que podem ser utilizados para estimular o ambiente de serviços. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar o impacto das evidências físicas no cenário de serviços.• Diferenciar os cenários e seus papéis nas estratégias de serviços.• Comparar o impacto do cenário de serviços no comportamento de clientes e funcionários.• Desafio O famoso restaurante BomGosto é prestigiado por seus clientes pela qualidade no atendimento que presta. O restaurante está focado em ser excelência em toda a região e contratou você para uma consultoria. Você deve preencher o quadro a seguir com informações que seriam adequadas ao perfil do restaurante, relatar quais seriam os atributos do serviço e os tangíveis que poderiam estar contidos no cenário de serviços do estabelecimento. Pense em todas as opções possíveis que poderiam compor o restaurante, tanto na alimentação como no atendimento e ambiente físico. Infográfico De acordo com o modelo do infográfico, é possível perceber que as evidências físicas no cenário de serviços podem contribuir significativamente para as avaliações positivas do cliente, sobretudo em aspectos como qualidade de serviço e satisfação. Conteúdo do livro O cenário de serviços pode desempenhar diversos papéis estratégicos ao mesmo tempo e, muitas vezes, é um dos elementos mais importantes utilizados no posicionamento de uma organização do setor. Acompanhe um trecho da obra Marketing de serviços: a empresa com foco no cliente. Inicie o estudo na página 282, tópico A complexidade do cenário de serviços; leia também a página 284 e finalize no tópico O diferenciador. Boa leitura! MARKETING DE SERVIÇOS A empresa com foco no cliente Valarie A. Zeithaml Mary Jo Bitner Dwayne D. Gremler M A R K ETIN G D E SER V IÇ O S A em presa com foco no cliente Valarie A . Zeitham l M ary Jo B itner D w ayne D . G rem ler Esta nova edição de Marketing de Serviços conserva a abordagem focada na prestação de serviços, além de trazer os resultados das pesquisas mais recentes sobre o assunto. Seus capítulos foram enriquecidos com exemplos de estratégias de marketing e de soluções de problemas adotadas por empresas atuantes em diversos setores. • Maior enfoque nos serviços business-to-business (B2B) e na tendência à inclusão da prestação de serviços por empresas especializadas em produtos. • Quatro novos estudos de caso com os dilemas enfrentados por empresas que entraram no setor de serviços e as soluções que encontraram para resolvê-los. • Nova estrutura para a recuperação de serviços, que inclui estratégias para “solucionar o cliente” e para “solucionar o problema”. MARKETING CONHEÇA TAMBÉM ANTUNES & COLS. Sistemas de Produção: Conceitos e Práticas para Projeto e Gestão da Manufatura Enxuta ANTUNES & COLS. Uma Revolução na Produtividade BALLÉ & BALLÉ A Mina de Ouro BALLÉ & BALLÉ O Gerente Lean FITZSIMMONS & FITZSIMMONS Administração de Serviços, 7.ed. HAIR JR. & COLS. Fundamentos de Pesquisa de Marketing HISRICH, PETERS & SHEPHERD Empreendedorismo, 9.ed. IYER, SESHADRI & VASHER A Gestão da Cadeia de Suprimentos da Toyota JACOBS & CHASE Administração da Produção e de Operações: O Essencial JACOBS & CHASE Administração de Operações e da Cadeia de Suprimentos, 13.ed. LIKER, J.K. O Modelo Toyota: 14 Princípios de Gestão do Maior Fabricante do Mundo MALHOTRA, N.K. Pesquisa de Marketing, 6.ed. OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção: Além da Produção em Larga Escala PAIVA, CARVALHO JR. & FENSTERSEIFER Estratégia de Produção e de Operações, 2.ed. SLACK & COLS. Gerenciamento de Operações e de Processos, 2.ed. A Bookman Editora é parte do Grupo A, uma empresa que engloba diversos selos editoriais e várias plataformas de distribuição de conteúdo técnico, científico e profissional, disponibilizando-o como, onde e quando você precisar. O Grupo A publica com exclusividade obras com o selo McGraw-Hill Education em língua portuguesa. ÁREA DO PROFESSOR Interessados em PPTs, manual do instrutor e bancos de testes (em inglês) podem procurar pela página do livro em www.grupoa.com.br e clicar em Material para o Professor. O professor deverá se cadastrar para ter acesso. 00246_ZEITHAML_Marketing de Servicos.ai 1 13/02/2014 11:46:4400246_ZEITHAML_Marketing de Servicos.ai 1 13/02/2014 11:46:44 Z48m Zeithaml, Valarie A. Marketing de serviços [recurso eletrônico] : a empresa com foco no cliente / Valarie A. Zeithaml, Mary Jo Bitner, Dwayne D. Gremler ; tradução: Felix Nonnenmacher. – 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8055-362-8 1. Administração. 2. Marketing – Serviço ao consumidor. I. Bitner, Mary Jo. II. Gremler, Dwayne D. III. Título. CDU 658.818 Catalogação na publicação: Suelen Spíndola Bilhar – CRB 10/2269 Zeithaml_inicias_6ed_eletronica.indd iiZeithaml_inicias_6ed_eletronica.indd ii 31/03/14 11:5631/03/14 11:56 282 Parte IV Como alinhar o projeto e os padrões de serviço A complexidade do cenário de serviços A Tabela 10.3 sugere outro fator que influencia a gestão do cenário de serviços: a complexidade dele. Alguns ambientes de prestação de serviços são bastante simples, com poucos elementos, espaços e equipamentos. Estes ambientes são chamados enxutos. Quiosques de informações em shopping centers e quiosques e lojas para a coleta de encomendas da FedEx são considerados ambientes enxutos, pois oferecem serviços a partir de uma única estrutura. No caso dos cenários enxutos de serviços, as decisões relacionadas a design são relativamente diretas, sobretudo em si-tuações de autoatendimento ou a distância, em que não há interações entre funcionários e clientes. Outros cenários de serviço são bastante complexos, com a presença de diversos elementos e formas. Eles são chamados de ambientes elaborados. Um exemplo deste tipo de cenário é um hospital, com seus diversos andares e quartos, equipamentos sofisticados e variadas e complexas funções desempenhadas no interior da instalação. Em ambientes com este grau de elaboração, é possível tratar de inúmeros objetivos corporativos e de marketing por meio da gestão cuidadosa do cenário de serviços. Por exemplo, o quarto de um paciente em um hospital pode ser projetado para promover seu conforto e satisfação, ao mesmo tempo em que facilita a produtividade do fun-cionário. As empresas que estão na célula de serviços interpessoais elaborados deparam-se com as mais intrincadas decisões relativas ao cenário de serviços. Quando a Clínica Mayo, provavelmente a marca mais conhecida no setor de saúde norte-americano, abriu seu hospital na cidade de Scot-tsdale, Arizona, a organização não poupou esforços ao avaliar as metas, as necessidades e os senti-mentos de seus funcionários, médicos, pacientes e visitantes durante o projeto de seu diferenciado cenário de serviços (veja o Quadro 10.4). OS PAPÉIS ESTRATÉGICOS DO CENÁRIO DE SERVIÇOS Dentro das células desta tipologia, o cenário de serviços pode desempenhar diversos papéis estra- tégicos ao mesmo tempo. Uma análise das diversas funções e do modo como interagem umas com as outras revela a importância estratégica de oferecer evidências físicas adequadas do serviço. Na verdade, o cenário de serviços muitas vezes é um dos elementos mais importantes utilizados no posicionamento de uma organização do setor(veja a seção Visão Estratégica). A embalagem Semelhante à embalagem de um bem de consumo tangível, o cenário de serviços e outros elemen- tos das evidências físicas são os que, em síntese, “servem de embalagem” para o serviço e tradu- zem para o cliente uma imagem externa do que está “lá dentro”. As embalagens de produtos são projetadas para retratar uma imagem física e invocar uma determinada reação física ou emocional. A configuração física de um serviço faz o mesmo por meio da interação de numerosos estímulos complexos. O cenário de serviços constitui a aparência externa da organização e, portanto, pode ser essencial à formação de uma primeira impressão ou à definição das expectativas dos clientes – ele é uma metáfora visual para o serviço intangível. Essa embalagem é importante, sobretudo, na geração de expectativas dos novos clientes e para organizações recém-fundadas que tentam construir uma dada imagem (veja Quadro 10.1). O ambiente físico oferece para uma organização a oportunidade de traduzir uma imagem da mesma forma que uma pessoa escolhe “a roupa certa para o sucesso”. O papel desse invólucro se estende à aparência dos funcionários de contato, em seus uniformes ou vestimenta, além de outros elementos relativos à sua aparência pessoal.7 _Livro_Zeithaml.indb 282_Livro_Zeithaml.indb 282 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 Capítulo 10 As evidências físicas e o cenário de serviços 283 Quadro 10.1 A utilização de evidências físicas para posicionar um novo serviço Quando a Speedi-Lube abriu suas portas em Seattle, Estado de Washington, ela tornou-se uma das primeiras prestado- ras de serviço no setor de óleos e lubrificação. Hoje, o setor cresceu e tem milhares de lojas do tipo, mas naquela época o conceito era inédito. A ideia era oferecer uma alternativa para o serviço de lubrificação básica nos postos de gasolina com a prestação de serviços de lubrificação de veículos com rapidez (em 10 minutos) e sem a necessidade de hora mar- cada. Visto que o conceito era uma novidade para os clien- tes naquela época, os proprietários da Speedi-Lube precisa- ram divulgar e posicionar o serviço com clareza, para que os clientes construíssem uma expectativa precisa sobre ele. E, em virtude de a manutenção de automóveis ser altamente intangível e de os consumidores deste serviço muitas vezes não entenderem o que de fato é feito em seus carros, os pro- prietários do negócio dependeram de evidências físicas de alta tangibilidade para demonstrar o conceito antes, durante e depois da venda. Para veicular uma imagem de serviço rápido e eficien- te, a Speedi-Lube recorreu a uma estratégia publicitária di- reta, sem rodeios, desenvolvida com letras claras e de design limpo. Por exemplo, um anúncio mostrava, em letras gran- des nas cores azul e branco, os dizeres: SPEEDI-LUBE, TROCA DE ÓLEO EM 10 MINUTOS, SEM HORA MARCADA, ABERTO SETE DIAS POR SEMANA, DAS 9 DA MANHÃ ÀS 6 DA TARDE. Os próprios prédios em que o serviço era prestado veiculavam a noção de eficiência com muita clareza. Na verdade, os ex- teriores de algumas das instalações da Speedi-Lube aparenta- vam um restaurante de fast food, consistente com a imagem de rapidez, eficiência e previsibilidade de serviços. Os sinais indicadores de entrada e saída foram instalados preconizando a visibilidade, para que os clientes que viessem à Speedi-Lube pela primeira vez soubessem exatamente onde estacionar seus carros. Ao entrar na área de serviço, o cliente era recebido com mais evidências físicas indiscutíveis da diferenciação da Spe- edi-Lube em comparação com seus concorrentes na época. A área de serviço era organizada, tinha uma pintura vibrante e apresentava um balcão, em que o cliente preenchia a docu- mentação de solicitação do serviço. Os funcionários que usa- vam uniformes especiais auxiliavam o cliente a preencher os formulários, e ele podia aguardar em uma sala de espera lim- pa em que café e revistas eram oferecidos. (Como alternativa, os clientes podiam permanecer na área e observar o trabalho efetuado em seus veículos.) Em uma das salas de espera, as paredes exibiam um desenho esquemático (reproduzido a seguir), mostrando o lado inferior de um carro e identifican- do todos os pontos de lubrificação e os detalhes exatos do serviço. Esta forma de evidência física mantinha os clientes informados e lhes despertava a confiança no que estava sen- do feito. Finalizado o serviço, o cliente recebia uma lista de verifi- cação do serviço de lubrificação prestado, item a item. Como toque final, o funcionário lubrificava as fechaduras das portas do veículo, para deixar claro que nada fora negligenciado. Três meses após a prestação do serviço, a Speedi-Lube enviava uma correspondência lembrando ao cliente que era hora de uma nova troca de óleo. Esquema da parte inferior de um carro explicando o serviço, colocado na área de espera para os clientes na Speedi-Lube. _Livro_Zeithaml.indb 283_Livro_Zeithaml.indb 283 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 284 Parte IV Como alinhar o projeto e os padrões de serviço É interessante observar que a mesma atenção e os gastos com recursos destinados ao projeto de embalagens no marketing de produtos frequentemente não são reservados para serviços, mesmo que a embalagem de um serviço desempenhe importantes funções. Porém, esta observação tem caráter geral, e há diversas exceções. Empresas inteligentes, como Apple Stores (veja a seção Visão Estratégica), Starbucks, FedEx e Marriott, passam muito tempo e gastam muito dinheiro desen- volvendo a relação entre o projeto do cenário de serviços e suas marcas, disponibilizando a seus clientes metáforas visuais intensas e uma “embalagem de serviços” que traduz o posicionamento da marca. Por exemplo, a FedEx embarcou em uma grande renovação de sua imagem por meio de uma nova abordagem e de uma reengenharia de todos os seus tangíveis – tudo, desde suas caixas de coleta até seus centros de serviço e sacolas utilizadas por seus entregadores. 8 A ideia era traduzir Visão estratégica O posicionamento estratégico por meio do projeto arquitetônico As revistas BusinessWeek e Architectural Record, ambas pu- blicações da editora McGraw-Hill, patrocinam uma compe- tição anual a fim de identificar o melhor uso da arquitetura para a solução de desafios estratégicos no mundo dos ne- gócios. As empresas vencedoras demonstram claramente o impacto do design arquitetônico sobre as pessoas – clientes, funcionários, público em geral, ou todos ao mesmo tempo. Este quadro apresenta as empresas vencedoras, em diver- sos anos, para ilustrar como a arquitetura e os cenários de serviços executam ou reforçam as decisões estratégicas e o posicionamento de marketing. As lojas da Apple, Nova York Para projetar sua loja no bairro Soho, em Nova York, a Ap- ple Computers reuniu arquitetos, designers gráficos, desen- volvedores de produto, equipes de merchandising e Steve Jobs, seu já falecido CEO, para criar um espaço de varejo que traduziria a filosofia da empresa ao mesmo tempo em que venderia computadores. O resultado foi uma loja ampla, espaçosa e sem excessos, que expõe poucos computadores para gerar uma atmosfera de museu. A empresa cria uma sensação de modernidade por meio de uma escada central construída em vidro, além das paredes brancas e de uma grande claraboia. Uma área no segundo andar encoraja as crianças a brincarem com software e disponibiliza uma am- pla sala de conferências para a demonstração dos produtos da empresa. Como disse um dos juízes da competição: “a loja, como a Apple, tem tudo a ver com informação, intera- ção e acesso”. A loja da Apple na Quinta Avenida, em Nova York, que tem o maior volume de vendas, também recebeu um prêmio em uma competição mais recente. Construída na forma de cubo, ela não tem aço em sua estrutura e de- pende unicamente de um invólucro plano de vidro e de suas vigas, também em vidro, para gerar a sensação de estar em uma estrutura flutuante independente e que descansa so- breo verdadeiro espaço de vendas. Como na loja do Soho, o “cubo” é altamente eficaz ao atrair clientes, e seu inte- rior, projetado sem muitos adornos, traduz uma atmosfera convidativa à experimentação dos inovadores e futuristas produtos da Apple. A loja desfruta de um grande volume de vendas por metro quadrado, e o espaço é bonito, funcional e muito lucrativo (essa loja venceu prêmios em 2003 e 2006). Escritório de advocacia Eversheds, Londres, Inglaterra O Eversheds é um escritório de advocacia de atuação mun- dial que busca atrair os melhores e jovens talentos para seu quadro de pessoal. Quando a matriz em Londres mudou de endereço, o escritório percebeu a oportunidade de atrair talen- A loja da Apple no bairro Soho, em Nova York. _Livro_Zeithaml.indb 284_Livro_Zeithaml.indb 284 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 Capítulo 10 As evidências físicas e o cenário de serviços 285 uma imagem consistente e uma impressão de que “aqui as coisas são simples” e de que “ei, viemos coletar sua encomenda, deixe tudo por nossa conta”. O facilitador O cenário de serviços também serve como facilitador aos desempenhos das pessoas envolvidas no ambiente de serviço. O modo como o serviço é projetado tem o poder de aumentar ou inibir o fluxo eficiente de atividades na configuração física do serviço, o que facilita ou dificulta, tanto para os clientes quanto para os funcionários, a concretização dos respectivos objetivos. Uma instalação bem projetada e funcional torna o serviço uma experiência agradável para o cliente, e um prazer tos por meio do design do ambiente de trabalho. Na busca por construir um escritório de advocacia do futuro, os projetistas fizeram pesquisas abrangentes e elaboraram um protótipo de teste durante nove meses para o novo projeto em sua sede atual. O protótipo envolvia os funcionários no processo, do co- meço ao fim. O resultado foi uma mudança radical em relação ao design de um escritório de advocacia tradicional: mobília modulada, a qual pode ser trocada de lugar para promover a colaboração e a comunicação entre advogados e funcionários. Alguns confortos também foram adotados, como sofás, salas de refeições, duchas, bicicletário e acomodações para pernoite. A sustentabilidade também ficou no cerne desse novo design. Por exemplo, com a centralização de informações e documen- tos, o escritório conseguiu reduzir o número de documentos arquivados em 57% e o número de impressoras em 63%. Os resultados foram notáveis: 96% do quadro de pessoal se sente mais motivado para trabalhar devido ao design do novo am- biente de trabalho (o qual venceu um prêmio em 2009). Clínica Sekii, Japão De forma a reposicionar sua maternidade em forte oposi- ção com os hospitais japoneses tradicionais, a Clínica de Senhoras Sekii baseou-se primordialmente em um novo projeto de cenário de serviços. As novas salas para partos e de recuperação são elegantes, acolhedoras e simples. Além disso, o prédio em si é moderno, amplo e bem iluminado. Com seus jardins de inverno, os espaços oferecem às futuras mães uma experiência de parto rica e confortável. As salas de parto e todas as áreas acolhem também os pais, em uma abordagem oposta à tradição japonesa, em que as mulheres dão à luz a seus bebês em grandes hospitais públicos, longe da presença de familiares. A clínica prioriza a saúde da mu- lher, sem escondê-la, como manda outra tradição daquele país (e venceu um prêmio em 2003). Museu Darwin Centre, Londres O Museu Darwin Centre precisava de mais espaço para abri- gar sua imensa coleção de 22 milhões de espécimes de ani- mais e oferecer um espaço adicional para os estudos labora- toriais de seus cientistas. A fim de atender a estes objetivos, o museu projetou um novo prédio, que disponibilizaria mais espaço de estocagem e o acesso do público a suas coleções. Um átrio no prédio permite aos visitantes observar os cien- tistas trabalhando, e prateleiras abertas exibem os espéci- mes. Terminais com a tecnologia de toque na tela oferecem mais um meio para explorar a coleção do museu. O telhado, que imita uma taturana, dá uma ideia do que encontrare- mos no interior da construção! O número de visitas ao mu- seu cresceu vertiginosamente depois da inauguração desta nova sede (a qual venceu um prêmio em 2003). A sociedade protetora dos animais de San Antonio As sociedades protetoras dos animais acolhem animais per- didos, maltratados ou indesejados e oferecem um recurso comunitário para a adoção de animais de estimação. Em geral, as instalações destas sociedades são escuras, impes- soais e desagradáveis para todas as partes envolvidas – os animais, os funcionários, os voluntários e as prováveis fa- mílias adotivas. Contudo, este não é o caso da sociedade protetora da cidade de San Antonio, no Estado do Texas, em que um novo abrigo, que lembra um complexo de lojas, foi projetado para reverter este padrão. Estas construções estão organizadas em torno de um pátio central, o que gera uma impressão de comunidade, e os interiores dos prédios são confortáveis e acolhedores. As pessoas que desejam adotar um animal caminham pelos corredores do prédio como se estivessem em uma loja. Os animais mais desejados (em ge- tal filhotes de cães e de gatos) estão localizados na parte de trás da unidade, para que os visitantes passem primeiro pelos animais adultos, que também merecem ser adotados. Desde a abertura da unidade recém-projetada, as adoções cresceram em 95%, e o número de animais adultos adota- dos triplicou (a instituição venceu um prêmio em 2004). Fonte: “The BusinessWeek/Architectural Record Awards,” Special Report, BusinessWeek, November 3, 2003, pp. 57–64; e http://ar- chrecord.construction.com/features/bwarAwards/, acessado em julho de 2011. _Livro_Zeithaml.indb 285_Livro_Zeithaml.indb 285 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 286 Parte IV Como alinhar o projeto e os padrões de serviço de ser executado para o funcionário. Por outro lado, projetos inadequados e ineficientes frustram tanto uns quanto os outros. Por exemplo, um passageiro de voos internacionais que se encontra em um aeroporto mal projetado com pouca sinalização, péssima ventilação e um número limitado de locais para sentar ou se alimentar percebe que a experiência é significativamente insatisfatória, e os funcionários que ali trabalham sentem-se muito pouco motivados. O mesmo viajante internacional prefere poltronas na aeronave que favoreçam o trabalho e o sono. A poltrona em si, parte do ambiente físico do serviço, passou por melhorias ao longo dos anos para facilitar o atendimento das necessidades dos passageiros das companhias aéreas no quesito sono. Na verdade, a concorrência em termos de melhores designs de interior de aeronaves conti- nua como principal ponto de disputa entre as principais companhias aéreas internacionais, cujos resultados se traduzem em maior satisfação para os passageiros em viagens de negócio. 9 Alguns destes novos designs incluem poltronas da classe executiva reclináveis do tipo skybed, otomanos em couro na primeira classe e telas eletrônicas de separação de poltronas na classe executiva. Em outro contexto, os prestadores de serviços de saúde aprenderam, com base em pesquisas, que mui- tos elementos do projeto do cenário de serviços hospitalares podem tanto ajudar quanto frustrar pacientes e funcionários na concretização de suas respectivas metas. 10 O socializador O projeto de um cenário de serviços auxilia na socialização tanto de funcionários quanto de clientes no sentido de ajudar a revelar papéis, comportamentos e relacionamentos específicos. Por exem- plo, um novo funcionário em uma empresa de prestação de serviços profissionais compreende sua posição na hierarquia por meio da designação de um local de trabalho no escritório, da qualidade da mobília a ele destinada e de sua localização em relação a outras pessoas dentro da organização. O projeto da instalação indica ao cliente o papel que ele tem em relação aos funcionários, as seçõesdo cenário de serviços em que são bem-vindos e aquelas de uso exclusivo dos funcionários, a maneira como devem comportar-se neste ambiente e os tipos de interações que são encorajadas. Por exemplo, muitas lojas da Starbucks apresentam agora ambientes tipo cafeteria, mais tradi- cionais, em que as pessoas passam tempo em contatos sociais, em vez de entrar meramente para um cafezinho rápido. Para encorajar este tipo de socialização, essas lojas da Starbucks oferecem poltronas mais confortáveis, mesas especiais e acesso a redes wi-fi para que os clientes interajam e permaneçam no interior do estabelecimento por mais tempo. A intenção é tornar-se o “terceiro lar” para o cliente, um local em que ele passe o tempo quando não está em casa ou no trabalho (veja o Quadro 10.3 para mais detalhes sobre “terceiros lares”). O diferenciador O projeto de uma instalação física tem a capacidade de diferenciar uma empresa de suas concorrentes e de sinalizar a que segmento de mercado o serviço é oferecido. Dado este poder de diferenciação, as alterações feitas no ambiente físico servem para reposicionar a empresa e/ou atrair novos segmentos de mercado. Em shopping centers, a sinalização, as cores utilizadas na decoração e nos expositores, além do tipo de música tocada em uma loja são fatores que revelam o segmento de mercado alme- jado. No setor bancário, o Jyske Bank da Dinamarca – assunto de um estudo de caso no final deste livro – comunica-se com seus clientes de maneira clara por meio de seu cenário de serviços e seu diferencial como banco voltado para o cliente e suas famílias. Suas agências dispõem de uma área para recreação infantil, mesas redondas que facilitam a conversa entre funcionários e clientes, e uma aparência de loja de comércio de rua que o distingue dos bancos tradicionais. Em outro contexto, o cenário de serviços vem sendo utilizado como principal ponto de dife- renciação pela PetSmart, no lançamento de seu inovador conceito de hospedagem PetsHotel. 11 Os hotéis, que oferecem hospedagem noturna e cuidados diurnos para animais de estimação, são projetados com expressivas diferenças em relação a canis e clínicas veterinárias tradicionais. Estes hotéis incluem um saguão, áreas bastante coloridas para brincadeiras, salas confortáveis para o _Livro_Zeithaml.indb 286_Livro_Zeithaml.indb 286 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 Capítulo 10 As evidências físicas e o cenário de serviços 287 animal dormir, televisão, um “bone booth” * para receber telefonemas e outras características que dão ao PetsHotel um apelo mais caseiro do que os canis tradicionais. O projeto de uma configuração física também diferencia uma área em uma organização pres- tadora de serviço de outras áreas. Por exemplo, no setor hoteleiro, um hotel de grande porte pode oferecer níveis de opções de jantar, cada um sinalizado por diferenças em termos de design. A dife- renciação no preço também seria parcialmente concretizada por meio de variações na configuração física. Quartos maiores e com maior número de vantagens do ponto de vista físico custam mais, do mesmo modo que poltronas maiores e com mais espaço para as pernas (em geral na primeira classe) são mais caras em um avião. ESTRUTURA PARA A COMPREENSÃO DOS EFEITOS DO CENÁRIO DE SERVIÇOS NO COMPORTAMENTO Apesar da utilidade estratégica em refletir sobre os diversos papéis do cenário de serviços e do modo como eles interagem, na vida real a tomada de decisões sobre o projeto do cenário de ser- viços requer uma compreensão do porquê estes efeitos ocorrem e de como devemos administrá- -los. As próximas seções deste capítulo apresentam uma estrutura ou modelo para relacionamentos ambientais e comportamentais da prestação de serviços. Além de influenciar comportamentos, o projeto físico também afeta o bem-estar. O Quadro 10.2 apresenta um exemplo de pesquisa que mostra o forte impacto que clientes e funcionários do setor de cuidados com a saúde vivenciam por conta do projeto do cenário de serviços. A estrutura subjacente A estrutura para o entendimento dos efeitos do cenário de serviços no comportamento baseia-se na teoria básica do estímulo-organismo-resposta. Nesta estrutura, o ambiente multidimensional é o estímulo, os consumidores e funcionários são os organismos que respondem aos estímulos, enquanto os comportamentos direcionados ao ambiente são as respostas. As hipóteses são que as dimensões do cenário de serviços afetam clientes e funcionários e que eles se comportam de modos que dependem de suas reações internas ao cenário de serviços. Um exemplo específico ajuda a ilustrar a teoria em ação. Vamos supor que haja uma banca de venda de biscoitos do lado de fora do diretório acadêmico de uma universidade. A banca tem um projeto colorido e divertido, e dela exala um aroma de biscoitos frescos. A aparência da banca e o aroma de biscoito são dois elementos do cenário de serviços que afetam os clientes de algum modo. Agora, vamos supor que você é um estudante universitário com fome, que recém saiu de uma aula, e que caminha despreocupadamente pelo campus. O design da banca atrai sua atenção, ao mesmo tempo em que o cheiro de biscoito quente entra por suas narinas. Os dois fatores fazem você se sentir feliz, relaxado, e despertam seu apetite, tudo a um mesmo instante. Você se sente atraído e decide comprar uns biscoitos, pois tem ainda outras aulas antes do almoço. O movimento na dire- ção da banquinha e a compra de biscoitos são comportamentos direcionados ao cenário de serviços. Dependendo do tempo disponível, você pode até conversar com o vendedor ou com outros clientes que estão na volta, comendo seus biscoitos, que constituem outras formas de comportamento vol- tado para o cenário de serviços. A estrutura mostrada na Figura 10.1 é detalhada nas próximas seções. Ela representa um mode- lo abrangente de estímulo-organismo-reação que reconhece as dimensões complexas do ambiente, os impactos em todas as partes envolvidas (clientes, funcionários e suas interações), diversos tipos de reações (cognitivas, emocionais e fisiológicas), e uma variedade de comportamentos individuais e de grupo daí resultantes. _Livro_Zeithaml.indb 287_Livro_Zeithaml.indb 287 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 288 Parte IV Como alinhar o projeto e os padrões de serviço Nossa discussão desta estrutura começa pelo lado direito do modelo, com o item comporta- mento, uma vez que, da perspectiva da gerência, os comportamentos e as respostas desejados são o ponto de partida estratégico. Em seguida, explicamos e desenvolvemos a parte reservada para as reações internas do modelo. Por fim, voltamos nossas atenções para as dimensões do ambiente e para a sua percepção holística. Quadro 10.2 Os cenários de serviço e o bem-estar no cuidado com a saúde Evidências contundentes e crescentes geradas no campo de estudo “projeto com base em evidências” dão conta de que o projeto de ambientes no setor de cuidados com a saúde pode exercer forte influência no bem-estar do paciente, de sua família e dos funcionários. Pesquisadores demonstraram que desfechos como redução do estresse e do período de in- ternação hospitalar e aumento da satisfação do paciente e da segurança são aspectos afetados pelo projeto das instalações físicas nesse setor. A seguir discutimos alguns exemplos do que se sabe sobre o assunto. Som, música e redução de ruídos Muitos estudos mostraram que a redução de ruídos e a in- trodução de sons agradáveis, como o de uma cachoeira ou uma música suave, podem exercer efeito benéfico nos pa- cientes e funcionários de um hospital. A minimização de ruídos, um desafio constante em hospitais e outros cenários do setor de cuidados com a saúde, ameniza as perturbações ao sono e o estresse, além de diminuir a pressão arterial, entre outros resultados desejáveis. O excesso de ruído afe- ta a concentração de médicos e enfermeiros, resultando em mais estresse, interrupções na comunicação e erros. Por essa razão, o controle de ruídos traz vantagenstambém para os funcionários. A natureza e as distrações visuais As pesquisas demonstram que distrações visuais positivas desviam a atenção do paciente da dor e dos sentimentos ne- gativos, incentivando um melhor estado psicológico e o bem- -estar emocional. Distrações naturais, como jardins, plantas de interior e janelas com vista para cenários naturais, com- provadamente reduzem o estresse, a dor e o uso de analgési- cos, e aceleram a recuperação. A luz natural é outro aspecto benéfico, e foi associada com a melhora mais rápida de pa- cientes e a maior produtividade dos funcionários. O projeto de quartos privativos Muitos estudos comprovam os benefícios de quartos priva- tivos para pacientes, em vez de enfermarias coletivas. Esses benefícios incluem redução do estresse, melhora no sono, diminuição das taxas de infecção, maior satisfação do pacien- te e períodos mais curtos de internação hospitalar. Muitas dessas vantagens também são vivenciadas pela família e por outras pessoas que passam tempo com o paciente, prestan- do apoio. Dar ao paciente o controle sobre os elementos do projeto do quarto é outra iniciativa positiva nesse sentido – como a capacidade de controlar a iluminação e a temperatura do cômodo. A segurança do paciente O projeto de uma instalação física exerce um impacto signifi- cativo em questões relativas à segurança do paciente, cruciais nos cenários de cuidados com a saúde. Por exemplo, evitar quedas e infecções é um problema importante no aspecto se- gurança que pode ser amenizado pelo projeto físico. Em seu projeto, um hospital determinou que todos os banheiros para pacientes deveriam ficar perto da cabeceira da cama. Essa ca- racterística simples de projeto eliminou a necessidade de o paciente atravessar o quarto para usar o banheiro, algo que em última análise reduziu o número de quedas. Projetos fle- xíveis de quartos que permitam trazer um equipamento para o quarto temporariamente ajudam a evitar a transferência de pacientes a outras salas durante a internação. De outro modo, é o equipamento que vai até o paciente, não o paciente até o equipamento. As pesquisas mostram que a transferência de pacientes entre cômodos aumenta os erros relativos à medi- cação, às quedas e à taxa de infecção. O projeto voltado para o bem-estar Os administradores, designers e arquitetos de hospitais vol- tam suas atenções aos resultados dessas pesquisas. Muitos novos hospitais são projetados contendo apenas quartos privativos, iluminação natural sempre que possível, músi- ca e jardins, aparelhos de comunicação pessoal baseados na tecnologia (como em Jornada nas Estrelas) que eliminam os pagers, além de estações de enfermagem centralizadas e quartos adaptados para evitar a transferência de pacientes. Salas de espera e áreas para refeições e pernoite destinados a familiares também são fornecidos para melhorar o bem-estar e a satisfação do paciente e de sua família. O Quadro 10.4 descreve como o hospital da Clínica Mayo, em Scottsdale, Arizona, foi projetado considerando muitos desses princípios baseados em evidências. Fontes: R. S. Ulrich, L. L Berry, X. Quan, and J. T. Parish, “A Concep- tual Framework for the Domain of Evidence-Based Design,” Health Environments Research and Design Journal 4, no. 1 (Fall 2010), pp. 95– 114; R. S. Ulrich, C. M. Zimring, X. Zhu, J. DuBose, H. Seo, Y. Choi, and A. Joseph, “A Review of the Research Literature on Evidence-Based Healthcare Design,” Health Environments Research and Design Journal 1, no. 1, pp. 131–174. 6–125; “Good Healthcare by Design,” The Has- tings Center Report 41, no. 1 (January–February 2011). _Livro_Zeithaml.indb 288_Livro_Zeithaml.indb 288 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 Capítulo 10 As evidências físicas e o cenário de serviços 289 Os comportamentos no cenário de serviços A influência do ambiente físico sobre o comportamento humano é essencialmente um axioma. Con- tudo, é interessante observar que até a década de 1960 os psicólogos ignoravam, em grande parte, os efeitos de um ambiente físico quando elaboravam suas previsões e explicações sobre comportamen- tos. Desde então, vem crescendo o número de estudos no campo da psicologia ambiental que levam em conta os relacionamentos entre seres humanos e os ambientes físicos que os circundam. O recente foco do marketing na experiência do cliente também passou a chamar a atenção para os efeitos dos espaços físicos e de designs no seu comportamento.12 Por exemplo, um estudo recente explora os efeitos de uma remodelação do cenário de serviços em um contexto do setor de fast food, e examina os efeitos nas percepções do cliente no curto e longo prazos, além de padrões de gastos e imagem da loja. A pesquisa descobriu que a remodelação teve efeito positivo nas percepções do cliente, na ima- gem da loja e na quantidade de dinheiro gasta pelo cliente no restaurante, sobretudo no curto prazo. Após cerca de seis meses, os efeitos da remodelação perderam parte de sua atratividade, à medida que o restaurante reformado passou a ser considerado um ponto de referência para os clientes.13 Comportamentos individuais Os psicólogos do ambiente sugerem que as pessoas reagem a locais com dois tipos gerais, e opos- tos, de comportamento: aproximação e evitação. Os comportamentos de aproximação incluem Condições do ambiente • Temperatura • Qualidade do ar • Ruído • Música • Odores • Etc. Espaço/função • Leiaute • Equipamento • Mobília • Etc. Sinais, símbolos e acessórios • Sinalização • Acessórios pessoais • Estilo da decoração • Etc. Cenário de serviços percebido Reações dos clientes Reações dos funcionários Cognitivas • Crenças • Classificação • Significado simbólico Interações sociais Funcionários entre si, clientes entre si, e entre funcionários e clientes Emocionais • Humor • Atitude Fisiológicas • Dor • Conforto • Movimento • Aptidão física • Vínculo • Exploração • Permanência • Compromisso • Plano executado • Atração • Exploração/ permanência • Gastos • Retorno • Plano executado Cognitivas • Crenças • Classificação • Significado simbólico Emocionais • Humor • Atitude Fisiológicas • Dor • Conforto • Movimento • Adequação física Dimensões do ambiente físico Ambiente holístico Reações internas Comportamento Comportamentos individuais Comportamentos individuais Figura 10.1 Uma estrutura para a compreensão dos relacionamentos entre usuário e ambiente em empresas do setor de serviços. Fonte: Adaptado de M. J. Bitner, “Servicescapes: The Impact of Physical Surroundings on Customers and Employees,” Journal of Marketing 56 (April 1992), pp. 57-71. _Livro_Zeithaml.indb 289_Livro_Zeithaml.indb 289 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 290 Parte IV Como alinhar o projeto e os padrões de serviço todos os comportamentos positivos que podem ser direcionados a um local em especial, como o desejo de permanecer, explorar, trabalhar e se afiliar.14 Os comportamentos de evitação refletem o oposto – um desejo de não permanecer, nem de explorar, trabalhar ou de afiliar-se. Em um estudo sobre consumidores em ambientes do varejo, os pesquisadores descobriram que os comportamen- tos de aproximação (incluindo o prazer de comprar, o retorno, a atração e a gentileza, o gasto de quantias, o tempo passado em pesquisa de produtos e a exploração do ambiente da loja) eram in- fluenciados pela percepção acerca do ambiente. 15 Em uma loja da rede 7-Eleven, os proprietários decidiram tocar “música de elevador” para espantar o público jovem que arranhava a sua imagem. Em contrapartida, nosso exemplo da banca de venda de biscoitos lembra as padarias presentes em ruas comerciais e atraem clientes com o perfume de seus doces com canela. Além de atrair ou desencorajar clientes, o cenário de serviços também influencia o grau de sucesso que os consumidores e funcionários vivenciam na execução de seus planos uma vez no interior do ambiente. Cada pessoa vai a uma dada empresa prestadora de serviços com um objetivo ou finalidade, quepode ser promovido ou impedido pelo ambiente em questão. Os fãs de basquete da NBA sentem-se amparados em suas intenções de assistir a uma partida por meio de diversos fatores, como estacionamento de fácil acesso, sinalização clara e indicativa das cadeiras numera- das, serviço eficiente de alimentação, além de sanitários limpos. A capacidade dos funcionários de executar o trabalho com eficiência também é influenciada pelo cenário de serviços. Espaços ade- quados, equipamento correto e temperatura e qualidade do ar que tragam uma sensação de conforto são fatores que contribuem para o bem-estar e a satisfação de um funcionário, elevando sua produ- tividade e a permanência no trabalho e promovendo um vínculo positivo com outros colaboradores. As interações sociais Além dos efeitos nos comportamentos individuais, o cenário de serviços influencia a natureza e a qualidade das interações de clientes e funcionários, o que é visto de modo mais direto com ser- viços interpessoais. Já foi dito que “todas as interações sociais são afetadas pelo contêiner físico em que ocorrem.”16 O “contêiner físico” afeta a natureza das interações sociais em termos da duração da interação e do real avanço dos eventos. Em muitas das situações verificadas na prestação de serviços, uma empresa deseja garantir uma dada sequência de eventos (um “roteiro padrão”) e limitar a duração do serviço. As variáveis ambientais, como proximi- dade física, disposição de cadeiras, tamanho e flexibilidade, têm o poder de definir as possibilidades e os limites de epi- sódios de cunho social, como os que ocorrem entre clientes e funcionários, ou entre os próprios clientes. A fotografia da Holland America Cruise Line mostrada ilustra como o ce- nário de serviços auxilia a definir os papéis sociais, as con- venções e as expectativas verificadas em um dado cenário, e serve também para definir a natureza da interação social. 17 A proximidade física entre os passageiros do deck destinado aos banhos de sol basta para indicar certos padrões de com- portamento. Este tipo de viagem de férias não é adequado para pessoas tímidas! Alguns pesquisadores sugerem que pa- drões de comportamento social recorrente estão associados a configurações físicas específicas, e que no momento em que as pessoas se encontram em cenários típicos, seus comporta- mentos podem ser previstos. 18 Exemplos de como os ambientes moldam interações sociais – e da maneira como estas interações por sua vez influenciam o meio – são numerosos. 19 A observação do fe-As interações sociais são definidas em parte pela configura- ção do cenário de serviços. _Livro_Zeithaml.indb 290_Livro_Zeithaml.indb 290 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 Capítulo 10 As evidências físicas e o cenário de serviços 291 nômeno “Nike Town” também mostra como esta forma de “varejo do entretenimento” molda os comportamentos dos consumidores ao mesmo tempo que permite que eles interpretem e gerem suas próprias realidades e experiências.20 Em um passeio de rafting em um rio, o “cenário de ser- viços selvagem” exerce profunda influência sobre os comportamentos, as interações e as experiên- cias globais dos consumidores do serviço e de seus guias. Neste caso, o ambiente natural e em sua maioria incontrolável é o local de execução do serviço. 21 Em alguns casos, importantes vínculos e relações sociais são construídos em um local de serviço, o que o transforma “no terceiro lar” para as pessoas que o frequentam (veja o Quadro 10.3).22 As reações internas ao cenário de serviços Os funcionários e clientes reagem às dimensões de seus ambientes físicos na esfera cognitiva, emocional e fisiológica, e são estas reações que influenciam seus comportamentos no ambiente (conforme mostra a seção central da Figura 10.1). Em outras palavras, o cenário de serviços perce- bido não tem um papel direto no modo como as pessoas se comportam. Embora as reações internas sejam discutidas de forma independente neste livro, elas certamente são interdependentes: as cren- ças de uma pessoa sobre um local, uma reação cognitiva, podem definir a reação emocional desta pessoa, e vice-versa. Por exemplo, os pacientes que vão a um consultório odontológico projetado para acalmar sua ansiedade (reação emocional) provavelmente acreditarão, em consequência, que o dentista é atencioso e competente (reação cognitiva). O ambiente e a cognição O cenário de serviços percebido pode ter um efeito nas crenças das pessoas acerca de um local e das pessoas e dos produtos ali encontrados. De certa forma, um cenário de serviços é visto como uma forma de comunicação não verbal, que veicula significado por meio do que é chamado “lin- guagem do objeto”. 23 Por exemplo, indícios especiais em um ambiente, como o tipo de mobília em um escritório e a decoração e os trajes vestidos por um advogado, têm o poder de alterar as crenças que um cliente nutre acerca do sucesso do profissional, da confiança que ele inspira e do preço dos serviços. Um estudo sobre consumo revelou que as variações e as configurações da atmosfera de lojas alteram a imagem construída do produto (perfume) vendido. 24 Outro estudo mostrou que a decoração do escritório de um agente de viagens afetava as prerrogativas e crenças dos clientes sobre o comportamento do agente.25 Os agentes de viagem cujas instalações eram mais organizadas e profissionalizadas geravam uma interpretação mais positiva do que aqueles que eram desorgani- zados e careciam do profissionalismo desejado pelo cliente. Em outros casos, as percepções sobre o cenário de serviços auxiliam as pessoas a distinguir uma empresa, influenciando a classificação recebida por ela. A percepção geral do cenário de ser- viços possibilita ao consumidor ou funcionário classificar mentalmente a companhia. As pesquisas indicam que no setor de restaurantes uma dada configuração de ambiente sugere que ele é do tipo fast food, ao passo que outra configuração indica que ele é “um restaurante elegante”. 26 Nestas situações, os indícios presentes no ambiente servem como dispositivo de atalho que possibilita aos clientes classificar e distinguir entre os possíveis tipos de restaurante. O ambiente e a emoção Além de influenciar crenças, o cenário de serviços percebido traz à tona as reações emocionais que, por sua vez, afetam os comportamentos. A mera presença em um local especial pode deixar uma pessoa feliz, leve e relaxada, e acabar com suas preocupações, ao passo que outro local pode desper- tar tristeza, depressão e melancolia. As cores, a decoração, a música e outros elementos da atmos- fera exercem efeitos inexplicáveis e por vezes subconscientes no estado de espírito das pessoas que frequentam o local. Para algumas pessoas, certos estímulos presentes no ambiente (ruídos, odores), como os normalmente presenciados em um consultório dentário, invocam sentimentos de medo e ansiedade. Em contextos bastante diferentes, o interior em mármore e a grandiosidade da sede da _Livro_Zeithaml.indb 291_Livro_Zeithaml.indb 291 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 292 Parte IV Como alinhar o projeto e os padrões de serviço Quadro 10.3 O apoio social nos “terceiros lares” As interações e os vínculos sociais entre clientes e entre clientes e funcionários nos “terceiros lares” despertam uma sensação de companhia e apoio emocional que resulta em uma forte ligação e fidelidade ao lugar propriamente dito. Um terceiro lar é um local público ou comercial em que as pessoas se reúnem com regularidade e em caráter voluntário, fora do trabalho (ou escola) e longe de casa, os dois primeiros lares nas vidas das pessoas. Muitas vezes, os terceiros lares são pequenos restaurantes, cafeterias, bares, pubs e clubes, mas academias de ginástica, centros de atividades de bairro ou outros locais públicos de encontro de pessoas também po- dem ser terceiros lares. O bar Cheers, da famosa série de TV, resume o conceito de terceiro lar. Pense nos tipos de locais que podem ser classificados como terceiro lar para você.Você tem um terceiro lar? Um estudo conduzido por Mark Rosenbaum e colabora- dores mostrou que as pessoas desenvolvem vínculos com um terceiro lar a ponto de dependerem dele acima de qualquer alternativa, de estarem compromissados e preocupados, de identificarem-se com ele e estruturarem seu estilo de vida em torno dele. Este tipo de vínculo ocorre não apenas pelo fato de as pessoas gostarem do serviço ou de sentirem-se confor- táveis com o ambiente físico, como também em função do companheirismo e do apoio emocional que elas recebem de outros clientes e funcionários que ali trabalham. Estes vín- culos e interações emocionais são especialmente fortes para pessoas solitárias ou que precisam de contato com outras pessoas. Os pesquisadores observaram as pessoas e fizeram entrevistas detalhadas com clientes do Sammy’s, um restau- rante informal nos subúrbios das principais regiões metropo- litanas dos Estados Unidos, e que sem dúvida era um terceiro lar para muitos de seus frequentadores regulares. As entrevis- tas conduzidas permitiram verificar que clientes que viviam sozinhos ou que haviam perdido uma forma consolidada de apoio social por causa de uma morte, divórcio ou doença, encontraram expressivo apoio emocional e recuperaram a noção de companhia junto ao Sammy’s. Os clientes regula- res cujos cônjuges haviam falecido ou dos quais haviam se divorciado ou separado tinham 58% de seus relacionamentos sociais com pessoas (clientes e funcionários) encontradas no Sammy’s. Estes clientes também eram fortemente vinculados e fiéis ao restaurante. A pesquisa reforça também a noção de que os cenários de serviços, embora definidos por seus elementos físicos, assumem o papel de terceiro lar quando se tornam a fonte de interações, elos e apoios sociais para seus frequentado- res. As vantagens deste tipo de apoio vão além dos benefí- cios gerados pelo serviço principal. Os clientes regulares do Sammy’s recebem muito mais do que uma boa refeição nos agradáveis ambientes do restaurante. Por meio de suas inte- rações com outras pessoas, eles se sentem melhores tanto física quanto emocionalmente. Diante dos problemas rela- cionados à solidão em nossa sociedade moderna (por exem- plo, as populações estão envelhecendo, e cada vez mais pessoas passam tempo cuidando de familiares ou amigos com doenças crônicas, o divórcio fica mais comum, as horas passadas no trabalho aumentam, fatores estes que resultam em menos tempo para a formação de amizades), cresce a importância dos terceiros lares como forma de convívio so- cial. Ao passo que as redes de apoio ao cliente não neces- sariamente requeiram uma presença física – por exemplo, as comunidades on-line têm capacidade de fornecer apoio social – muitas vezes os locais físicos são mais acessíveis e mais indicados para fomentar o companheirismo e os elos afetivos entre as pessoas. O bar Cheers resumiu o conceito de terceiro lar em uma co- nhecida série de TV. Fontes: M. S. Rosenbaum, “Exploring the Social Supportive Role of Third Places in Consumers’ Lives,” Journal of Service Research 9 (Au- gust 2006), pp. 59–72; A. Tombs and J. R. McColl-Kennedy, “Social- -Servicescape Conceptual Model,” Marketing Theory 3, no. 4 (2003), pp 447–475; e M. S. Rosenbaum, J. Ward, B. A. Walker, and A. L. Ostrom, “A Cup of Coffee with a Dash of Love: An Investigation of Commercial Social Support and Third-Place Attachment,” Journal of Service Research 10 (August 2007), pp. 43–59. 43–59; M. S. Rosen- baum, J. C. Sweeney, and C. Windhorst, “The Restorative Qualities of an Activity-Based, Third Place Cafe for Seniors,” Seniors Housing and Care Journal 17, no. 1 (2007), pp. 75–90. _Livro_Zeithaml.indb 292_Livro_Zeithaml.indb 292 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 Capítulo 10 As evidências físicas e o cenário de serviços 293 Suprema Corte dos Estados Unidos, em Washington D.C., despertam sentimentos de orgulho, as- sombro e respeito, ao passo que música alegre e decoração colorida em um local frequentado à noite geram sentimentos de felicidade e entusiasmo. Em todos estes exemplos, a reação do consumidor provavelmente não envolve o pensamento racional, mas sim, apenas uma emoção inexplicável. A REI (Recreational Equipment Inc.) dá outro exemplo de vínculo afetivo facilitado pelo pro- jeto arquitetônico e pelo cenário de serviços. Em sua maior loja, em Seattle, a empresa criou uma experiência para os consumidores que inclui uma montanha para escalar, um caminho para bicicle- tas e algumas trilhas para os clientes caminharem. Sua loja em Minnesotta é circundada por uma pista de esqui rústica. Com o projeto do cenário de serviços, a REI está estimulando as experiências e emoções que os clientes associam a seus produtos, o que reforça uma forte reação de aproxima- ção com suas lojas. Os psicólogos do ambiente pesquisaram as reações emocionais de pessoas diante de cenários físicos. 27 A conclusão foi de que qualquer ambiente, quer natural ou construído, desperta emoções que podem ser capturadas em duas dimensões principais: (1) o prazer/desprazer e (2) o grau de interesse (o teor de estímulos ou entusiasmo). Os cenários de serviços agradáveis e interessantes ao mesmo tempo são chamados de excitantes, ao passo que aqueles agradáveis e que não despertam emoções intensas são chamados de relaxantes. Os cenários desagradáveis e que despertam emoções recebem o nome de estressantes, enquanto os cenários desagradáveis e que não geram emoções são os deprimentes. Estas reações emocionais básicas a ambientes são utilizadas na previsão de compor- tamentos esperados de clientes e funcionários que se encontram em um dado tipo de local. O ambiente e a fisiologia O cenário de serviços percebido também afeta as pessoas na esfera puramente fisiológica. Ruídos muito intensos geram desconforto físico, a temperatura de uma sala pode fazer as pessoas treme- rem de frio ou transpirarem com o calor, a má qualidade do ar dificulta a respiração, e a iluminação deficiente ou excessiva pode diminuir a capacidade de enxergar e gerar dor física. Todas estas reações físicas, por sua vez, têm influência direta sobre a permanência e o grau de divertimento de uma pessoa em um dado ambiente. Sabe-se que o conforto de uma cadeira em um restaurante tem consequências no período de permanência. As cadeiras duras de um restaurante fast food fazem os frequentadores deixarem o local dentro de um período previsível de tempo, ao passo que as cadei- ras macias e confortáveis em uma cafeteria da Starbucks exercem o efeito oposto, e encorajam os clientes a permanecerem mais tempo. Da mesma forma, o projeto do ambiente e as reações fisioló- gicas a ele associadas afetam o desempenho dos funcionários. Inúmeras pesquisas em engenharia e projeto tratam das reações fisiológicas do ser humano a condições ambientais e ao projeto de equipamentos. 28 Estas pesquisas se enquadram na categoria de projeto de fatores humanos ou ergonomia. A pesquisa com fatores humanos aplica sistemati- camente informações relevantes sobre as capacitações e limitações humanas ao projeto de itens e procedimentos utilizados pelas pessoas. Por exemplo, a rede de hotéis Choice almejava aposenta- dos e casais com filhos adultos no novo projeto de muitos de seus quartos nas marcas Rodeway e EconoLodge. Uma expressiva porcentagem dos quartos nestes hotéis foi convertida em suítes adaptadas a idosos, com iluminação adequada e telefones e controles remotos para aparelhos de televisão dotados de botões grandes, além de barras de apoio nos chuveiros. 29 Os interruptores de luz têm luzinhas que auxiliam a localização no escuro. Para ajudar pessoas com artrite, as portas têm maçanetas tipo alavanca, não do tipo esfera, para que sejam abertas utilizando o punho, sem precisar da destreza das mãos e dos pulsos. Estas são apenas algumas das maneiras exclusivas pelas quais a rede Choice adaptou seu projeto para poder acomodar hóspedes idosos. As variações nas reações individuais Em geral, as pessoas reagema um ambiente cognitiva, emocional e fisiologicamente – e estas reações influenciam o modo como se comportam no ambiente em questão. Entretanto, a reação não será a mesma para todas as pessoas, em todos os momentos. As diferenças no âmbito da perso- _Livro_Zeithaml.indb 293_Livro_Zeithaml.indb 293 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 294 Parte IV Como alinhar o projeto e os padrões de serviço nalidade, além das condições temporárias, como humor ou a finalidade da presença no ambiente, alteram os modos de reação ao cenário de serviços. 30 Um traço de personalidade que sabemos ser capaz de afetar a maneira como as pessoas reagem a ambientes é a busca da emoção. As pessoas que buscam emoções gostam e procuram níveis altos de estímulo, ao passo que aquelas que as evitam preferem níveis mais modestos de estímulo. Desta forma, uma pessoa que evita emoções e que esteja em uma danceteria “da hora” com música no último volume e com muitos jogos de luz talvez expresse repulsa por este ambiente, enquanto uma pessoa que busca emoções ficaria bastante feliz nele. Na mesma linha de raciocínio, foi sugerido que algumas pessoas são melhores na avaliação de estímulos ambientais do que outras. 31 Estas pessoas que avaliam estímulos são capazes de vivenciar um alto nível de estímulos, sem serem afe- tadas por eles. As pessoas que não se adaptam a estímulos são muito afetadas e talvez demonstrem reações extremas até diante de níveis baixos de estímulo. A finalidade de estar em um cenário de serviços também afeta a reação de uma pessoa que entra nele. Alguém que esteja em um avião para um voo de uma hora de duração sente-se menos afetada pela atmosfera no interior da aeronave do que alguém que embarca para uma viagem de 14 horas de Los Angeles a Xangai. Por essa mesma razão um paciente que ficará internado em um hospital para uma cirurgia por apenas um dia talvez não se mostre tão sensível ou exigente acerca das condições do hospital do que aquele que passa duas semanas internado. Uma pessoa que se hospeda em um resort para uma reunião de negócios reage diferentemente de um casal em lua de mel. Estados de espírito passageiros também fazem as pessoas reagirem de forma distinta diante de estímulos ambientais. Uma pessoa que se sinta fatigada e frustrada após um longo dia de trabalho provavelmente será afetada de modo diferente em um restaurante muito agitado do que uma pessoa que tenha tido um final de semana prolongado de três dias. As diferenças culturais também influenciam as preferências por características ambientais e as reações ao projeto do cenário de serviços. Por exemplo, há uma forte preferência cultural pela cor vermelha na China, enquanto os ocidentais não compartilham desta atração. Enquanto os norte- -americanos e europeus preferem fazer compras em supermercados silenciosos e em ordem, muitos indianos preferem um ambiente mais caótico e confuso. 32 Foi isso que o maior varejista da Índia, a Pantaloon Retail Ltd, aprendeu quando abriu supermercados ao estilo ocidental na Índia. A prin- cípio, os clientes limitavam-se a caminhar pelos corredores amplos e limpíssimos, e a sair da loja sem comprar item algum. Com o estudo do comportamento do consumidor e das preferências dos compradores indianos (na maior parte das vezes compostos por empregadas domésticas, cozinhei- ras, babás e agricultoras daquele país, não a elite), a Pantaloon reprojetou seus supermercados para torná-los mais bagunçados, barulhentos e cheios a fim de recriar, até certo ponto, a atmosfera de um mercado público. Este projeto era atraente ao mercado-alvo, e as vendas cresceram muito mais do que com o projeto inicial. As dimensões ambientais do cenário de serviços As seções anteriores descreveram o comportamento de clientes e funcionários no cenário de servi- ços e as três reações principais – cognitivas, emocionais e fisiológicas – que levam a estes compor- tamentos. Nesta seção voltamos nossas atenções para o conjunto mais complexo de características ambientais que influenciam estas respostas e comportamentos (a parte esquerda da Figura 10.1). Mais especificamente, as dimensões ambientais dos ambientes físicos incluem todos os fatores fí- sicos objetivos que podem ser controlados pela empresa de modo a aprimorar (ou limitar) as ações de clientes e funcionários. Estas são compostas por uma lista interminável de possibilidades: ilumi- nação, cor, sinalização, texturas, qualidade de materiais, estilo da mobília, leiaute, decoração das paredes, temperatura, e assim sucessivamente. Na Figura 10.1, e na discussão a seguir, as centenas de elementos em potencial foram classificadas em três dimensões compostas: condições ambien- tais, leiaute espacial e funcionalidade, e sinais, símbolos e acessórios. O Quadro 10.4 ilustra como a Clínica Mayo considerou todas estas dimensões no projeto de seu hospital de forma a melhor atender a pacientes, médicos, funcionários e visitantes. _Livro_Zeithaml.indb 294_Livro_Zeithaml.indb 294 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 Capítulo 10 As evidências físicas e o cenário de serviços 295 Embora as três dimensões sejam apresentadas em separado, a psicologia ambiental explica que as pessoas reagem aos ambientes em que vivem de modo holístico. Ou seja: apesar de os indivíduos perceberem estímulos discretos (por exemplo, eles percebem níveis de ruído, cores e decorações como elementos distintos), é a configuração total de estímulos que define suas reações a um dado local. Assim, embora nas próximas seções deste capítulo as dimensões do ambiente sejam defini- das de forma independente, é importante reconhecer que elas são percebidas por funcionários e clientes como um padrão holístico de estímulos interdependentes. A reação holística é mostrada na Figura 10.1 como o “cenário de serviços percebido”. As condições do ambiente As condições do ambiente incluem as características elementares do ambiente, como temperatura, iluminação, ruído, música, odores e cores. Como regra, as condições do ambiente afetam os cinco sentidos. Por vezes, estas dimensões são imperceptíveis (vapores, produtos químicos, infrassom) e ainda assim exercem efeitos expressivos, sobretudo em funcionários que passam longas horas no ambiente em questão. Todos estes fatores afetam o modo como as pessoas sentem, pensam e reagem diante de um estabelecimento de prestação de serviços. Por exemplo, diversos estudos documentaram os efeitos da música em suas percepções dos produtos, do tempo que esperaram pelos serviços e da quantia em dinheiro que despenderam. 33 No caso de haver música, os compradores tendem a perceber que o tempo passado nas compras e na fila é menor em comparação com um cenário em que não haja música. Ritmos musicais lentos tendem a motivar as pessoas a fazerem suas compras de modo mais descansado e, em alguns casos, a gastarem mais. No saguão do Mayo Hospital, um piano toca música para diminuir o estresse (veja o Quadro 10.4). Os compradores também passam mais tempo em compras quando a música “se encaixa” ao produto ou atende aos seus gostos musicais. Outros estudos também demonstraram os efeitos de odores nas reações dos consumidores. 34 O perfume que emana de padarias, cafeterias e tabacarias, por exemplo, pode ser usado para atrair pessoas. Além disso, aromas agradáveis aumentam o tempo de permanência do cliente. A presença de um aroma reduz as percepções de tempo e melhora as avaliações das lojas. Os efeitos das condições ambientais são perceptíveis, sobretudo em situações extremas. Por exemplo, os espectadores de uma orquestra sinfônica em um teatro em que o ar-condicionado pifou, deixando o ambiente quen- te e abafado, sentem desconforto, e este desconforto se reflete na impressão que têm do concerto. Se a temperatura e a qualidade do ar estiverem dentro de uma zona de conforto, estes fatores am- bientais provavelmente passarão despercebidos aos espectadores. O leiaute e a funcionalidade do espaço Em função de os ambientes de serviço em geral existirempara atender a finalidades ou necessida- des específicas dos clientes, o leiaute e a funcionalidade dos ambientes físicos são particularmente importantes. O leiaute se refere ao modo como o maquinário, os equipamentos e a mobília estão dispostos, à forma e ao tamanho destes itens e aos relacionamentos espaciais entre eles. A funcio- nalidade se refere à capacidade desses itens de promover a realização dos objetivos de clientes e funcionários. Exemplos anteriores neste capítulo ilustram a importância do leiaute e da funciona- lidade do cenário de serviços (por exemplo, a foto do transatlântico reproduzida anteriormente e o projeto da Clínica Mayo Hospital no Quadro 10.4). O leiaute espacial e a funcionalidade do ambiente são particularmente importantes para os clientes de autoatendimento, situação em que os próprios clientes desempenham o serviço, sem a ajuda de funcionários. Assim, a funcionalidade de um caixa eletrônico, de restaurantes do tipo bufê com autoatendimento e de sites de compras pela Internet é essencial ao sucesso da transação e à satisfação do cliente. A importância do leiaute da instalação fica visível, sobretudo em cenários do varejo e dos setores hoteleiro e de lazer, para os quais as pesquisas mostram que estes cenários influenciam a satisfação do cliente, o desempenho do estabelecimento e o comportamento de pesquisa do cliente.35 _Livro_Zeithaml.indb 295_Livro_Zeithaml.indb 295 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 296 Parte IV Como alinhar o projeto e os padrões de serviço Os sinais, símbolos e acessórios Diversos itens presentes no ambiente físico servem como sinais implícitos ou explícitos que co- municam mensagens sobre o local a seus usuários. Os sinais dispostos no exterior e no interior de uma estrutura são exemplos de elementos explícitos de comunicação. Eles podem ser utilizados na forma de placas (nome da companhia, do departamento e assim sucessivamente), para fins de direcionamento (entradas e saídas) e para a indicação de regras de comportamento (proibido fumar, as crianças precisam estar acompanhadas de um adulto). Além disso, está provado que sinais ade- quados reduzem a percepção de aglomeração de pessoas e o nervosismo. Outros símbolos e acessórios têm menor poder de comunicação do que os sinais, com indí- cios implícitos sobre o significado do local, suas normas e expectativas sobre comportamento, aos frequentadores. Materiais de construção de qualidade, obras de arte, diplomas e fotografias, pisos Quadro 10.4 O projeto do Mayo Clinic Hospital A Clínica Mayo é a marca mais conhecida no setor de saúde dos Estados Unidos. Com mais de um século de idade, opera três clínicas em todo o país. A primeira a ser aberta e a mais conhecida fica na cidade de Rochester, Minnesota, e as outras duas ficam em Jacksonville, Flórida, e em Scottsdale, Arizona. Em 1998, a Clínica Mayo abriu o Mayo Clinic Hospital no Ari- zona, o primeiro hospital planejado, projetado e construído pela companhia. Localizado em um terreno de 210 acres, o hospital tem 178 quartos distribuídos em cinco andares. Mais de 250 médicos, 950 enfermeiros e funcionários de suporte e com atribuições técnicas, além de 300 voluntários, trabalham no hospital. Ele oferece tratamento para pacientes internados com 65 especialidades médicas em clínica e cirurgia, e conta com unidades completas de emergência e cuidado intensivo. O que é exclusivo a este hospital é o imenso cuidado empregado no seu projeto para atender às necessidades dos pacientes, médicos, funcionários e visitantes. O hospital foi projetado para ser um “ambiente de cura” voltado para as necessidades de seus pacientes. Grupos de foco foram orga- nizados com membros de todos estes grupos para definir o modo como o hospital deveria ser projetado e assim facilitar a concretização deste objetivo principal. Uma declaração de um dos irmãos Mayo (fundadores da clínica) resume a pre- missa subjacente ao projeto do hospital: “Os principais inte- resses do paciente são os únicos interesses a serem conside- rados”. Esta frase está nos alicerces de tudo o que a Mayo faz, ainda hoje, mais de 100 anos depois de os irmãos Mayo terem iniciado a prática da medicina. O foco voltado para os princi- pais interesses do paciente requer também o reconhecimento das necessidades dos profissionais envolvidos e um sistema de apoio a familiares e amigos. Todos estes interesses foram cuidadosamente considerados no projeto do hospital. Um saguão de entrada com pé-direito de cinco andares, e de baixo estresse Quando os pacientes e visitantes entram no Mayo Hospital, eles deparam-se com um saguão com pé-direito de cinco an- dares, que lembra o saguão de um hotel de luxo. O saguão tem um piano de cauda, e músicos voluntários tocam música relaxante ao longo do dia. Plantas e vidro conferem ao saguão uma aura de natureza e geram uma atmosfera acolhedora. Na entrada, os visitantes enxergam os elevadores bem em frente, ao final do saguão, o que elimina a preocupação de encontrá- -los. Todos os serviços para pacientes e visitantes estão reunidos no mesmo lugar Todos os serviços necessários para os pacientes e seus fami- liares (balcão de informações, cafeteria, capela, internações, loja de presentes) estão localizados neste saguão e são de fácil acesso. Uma sensação de paz e tranquilidade permeia o local – objetivo do cuidadoso planejamento voltado para re- duzir o estresse e promover a sensação de dedicação e bem- -estar. Não há confusões, e o local não lembra a entrada de um hospital tradicional. Os quartos foram projetados considerando as necessidades e os sentimentos dos pacientes Ao saírem do elevador e dirigirem-se aos quartos, as pessoas sentem a paz e a tranquilidade do ambiente. Quando as portas se abrem, pacientes e visitantes encontram uma parede de vi- dro de cinco andares de altura, com vista para o deserto e para as montanhas que cercam o local em que o hospital foi cons- truído. À medida que as pessoas se deslocam para a direita ou para a esquerda, ao longo de corredores dotados de eficiente sinalização para o acesso aos quartos dos pacientes, a atmos- fera fica cada vez mais tranquila; 12 quartos (todos privativos) ficam em torno de um posto de enfermagem, o que deixa as enfermeiras a 20 passos de qualquer um deles. Elas e outros funcionários utilizam telefones celulares – não há sistemas de pagers com avisos a toda hora, como em muitos hospitais. Os quartos propriamente ditos têm características in- teressantes, algumas das quais sugeridas pelos próprios pa- cientes. Por exemplo, eles têm uma área com prateleiras, nas quais os pacientes podem dispor cartões, flores e outros ob- jetos pessoais. Sofás-cama estão presentes em todos os quar- _Livro_Zeithaml.indb 296_Livro_Zeithaml.indb 296 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 Capítulo 10 As evidências físicas e o cenário de serviços 297 e objetos pessoais exibidos no ambiente comunicam um significado simbólico e geram uma im- pressão estética. Os significados associados aos símbolos e acessórios presentes nos ambientes de serviço têm aspectos culturais, como mostra a seção Tema Global. Os sinais, símbolos e acessórios são especialmente importantes na formação das primeiras im- pressões e para a divulgação de conceitos de serviço. Quando os clientes não estão familiarizados com um certo estabelecimento de prestação de serviços, eles passam a procurar características am- bientais que os auxiliem a classificar o local e a formar suas próprias expectativas. Um estudo sobre consultórios de odontologia descobriu que os consumidores utilizam o ambiente, em especial o estilo da decoração e o nível de qualidade, como parâmetros para a competência e o modo de traba- lho do prestador de serviço. 36 Outro estudo interessante explorou os papéis da etnia e da orientação sexual na interpretação que os consumidores constroem sobre os símbolos nos ambientes de consu- tos, o que permite a familiares descansar ou mesmo passar a noite ao lado dospacientes. Os visitantes nunca ouvem uma ordem para saírem. Os quartos foram projetados de forma a considerar o que os pacientes enxergam da cama, que é onde passam a maior parte de seu tempo de internação. Por exem- plo, atenção especial foi dada aos tetos, vistos pelos pacientes quando estão deitados. Todos os quartos têm janelas, e um quadro branco na parede, próximo ao pé da cama, mostra as informações importantes que os pacientes desejam conhecer (como o nome da enfermeira de plantão, a data, o número do telefone do quarto, entre outras). Os setores que trabalham em conjunto são adjacentes Outra característica interessante do projeto deste hospital é que os setores que trabalham em conjunto estão instalados muito próximos uns aos outros, para facilitar a comunicação e o tempo de deslocamento entre eles. Isso permite aos cui- dadores passar mais tempo com os pacientes e também dimi- nui a fadiga dos funcionários. O tempo das enfermeiras junto aos pacientes é maximizado Um elemento essencial na recuperação dos pacientes é a qua- lidade do cuidado dispensado pelas enfermeiras. Muitas das características do projeto do Mayo Clinic Hospital promovem a qualidade do cuidado em enfermagem. O projeto da dis- posição dos quartos coloca as enfermeiras em proximidade com os pacientes; os quadros brancos nos quartos favorecem a comunicação; e a localização acessível dos itens necessários ao tratamento e dos setores maximiza o tempo que as enfer- meiras passam com os pacientes. Não resta dúvida de que o projeto do Mayo Clinic Hos- pital considera a importância indiscutível do cenário de ser- viços na concretização do principal objetivo da companhia: a cura do paciente. As opiniões de todas as partes envolvidas no processo foram ouvidas, e o local em si oferece um ambiente que promove o bem-estar de pacientes, visitantes, médicos, enfermeiras e outros profissionais. O saguão do Mayo Hospital. Fontes: Teamwork at Mayo: An Experiment in Cooperative Individua- lism (Rochester, MN: Mayo Press, 1998); http://www.mayo.edu; visita pessoal de um dos autores ao Mayo Clinic Hospital em Scottsdale; e L. L. Berry and K. D. Seltman, “Building a Strong Services Brand: Les- sons from Mayo Clinic,” Business Horizons 50 (2007), pp. 199–209; e L. L. Berry and K. D. Seltman, Management Lessons from the Mayo Clinic (New York: McGraw-Hill, 2008). _Livro_Zeithaml.indb 297_Livro_Zeithaml.indb 297 28/01/14 18:0628/01/14 18:06 298 Parte IV Como alinhar o projeto e os padrões de serviço mo. Mais especificamente, o estudo descobriu que pessoas de origem judaica observam símbolos específicos em locais que as encorajam se sentirem em casa e a frequentá-los. 37 O mesmo estudo descobriu que homossexuais também se sentiam atraídos a ambientes que incluíam símbolos ou acessórios com que se identificam. Na presença de outros símbolos, estes grupos não se sentiam bem-vindos; ao contrário, eles até sentiam-se discriminados. Tema global O McDonald’s adapta o cenário de serviços à cultura dos países em que opera As reações das pessoas aos elementos e ao projeto do am- biente físico são definidas, em grande parte, pela cultura e pelas expectativas geradas ao longo das experiências de vida que adquirem, por sua vez modeladas pelo local em que vi- vem. Consideremos apenas um elemento de projeto – a cor – e a sua variedade de usos em diversas culturas. Outras dife- renças culturais – exigências em termos de espaço, critérios de distanciamento social, sensibilidade a multidões – são ca- pazes de afetar o modo como os consumidores vivenciam o cenário de serviços em todo o mundo. O McDonald’s reconhece a importância dessas expec- tativas de fundo cultural ao permitir que suas franquias em todo o planeta tenham grande liberdade no projeto de seus cenários de serviços. Na maioria destas franquias, uma grande parcela do negócio é de propriedade de pessoas do país em questão, os funcionários são nascidos nele e as estratégias de marketing refletem os padrões e as preferências de consumo dos clientes locais. Em todos os casos, o restaurante é uma “instituição da comunidade”, envolvida em causas sociais e em eventos locais. A estratégia do McDonald’s consiste em fazer todos os seus restaurantes espalhados pelo mundo re- fletirem as culturas e as características das comunidades em que operam – como um espelho para elas. Não são apenas os cenários de serviços que são diferen- tes. As opções de execução dos serviços também variam em todo o globo. Nos Estados Unidos, prevalecem os guichês de drive-thru, que representam a cultura de uso do automóvel do país e a relativa falta de restrição em termos de espaço. Em contrapartida, muitas pessoas em diversas cidades do mundo hoje desfrutam da entrega de sanduíches do McDonald’s por automóveis, motoboys ou ciclistas. O modelo de telentrega funciona bem e é rentável em cidades em que há abundância de mão de obra, congestionamentos no tráfego e pouco espa- ço para restaurantes independentes, como Taipei, em Taiwan. Ao mesmo tempo em que permite que essa energia criati- va tome forma no projeto, na telentrega e em estratégias de marketing, o McDonald’s é extremamente rígido em seus pro- cedimentos de operação e nos padrões de pratos oferecidos. Apesar da presença constante dos arcos dourados de seu logo, uma análise revela as diferenças na aparência da marca ao redor do mundo: • Bolonha, Itália: Em Bolonha, conhecida como “Cidade dos Arcos” há séculos, o McDonald’s adotou o visual dos velhos arcos construídos pelas mãos de pedreiros da ci- dade, marco histórico, e que ficam próximos ao restau- rante da rede. Até o piso do restaurante foi construído à mão, utilizando técnicas antigas. O restaurante recorreu ao trabalho de arquitetos e artistas da cidade para trazer o sentimento da arquitetura local aos arcos dourados de sua logomarca. • Paris, França: Próximo à Sorbonne, o McDonald’s reflete a aura intelectual do bairro. O cenário de serviço tem a aparência de uma biblioteca com paredes revestidas em couro cheias de livros, estátuas e robusta mobília de madeira. • Salen, Suécia: Nas pistas de esqui do resort Lindval- len, em Salen, você encontra o primeiro ski-through do McDonald’s, chamado McSki, localizado próximo ao te- leférico principal. A construção é diferente de todos os restaurantes do McDonald’s, erigida em um estilo típico da montanha, com lambris de madeira e pedras naturais da região. Os esquiadores simplesmente deslizam até o balcão, sem tirar os esquis, e podem sentar-se do lado de dentro ou de fora do prédio. • Os McCafés na Europa: Um ponto comum dentro de um restaurante do McDonald’s europeu é o “McCafé”, em que cafés e sobremesas de qualidade são vendidos em uma área separada do restaurante. As melhorias em di- versos McCafés em muitas cidades alemãs incluem pisos de madeira, cadeiras revestidas em couro, uma lareira, além de flores frescas e velas. A atmosfera confortável e o prazer em permanecer no local encorajam os clientes a utilizarem os McCafés como locais de encontro social e de negócios, não apenas como um ponto para uma refei- ção rápida ou um café. • Pequim, China: Os restaurantes do McDonald’s da cidade tornaram-se o “local para passar o tempo”, muito dife- rentes do verdadeiro caráter de restaurante de fast food que têm nos Estados Unidos. Eles fazem parte da comu- nidade, atendendo a jovens e idosos, famílias e casais. Os clientes são vistos no local por muito tempo, relaxando, conversando, lendo e ouvindo música, ou celebrando aniversários. Os adolescentes e os casais jovens conside- ram o local como ponto de encontro romântico. A ênfase na atmosfera tipicamente chinesa de encontro em famí- lia fica evidente nas paredes internas dos restaurantes, que exibem pôsteres que enfatizam valores de família. • Tóquio, Japão: Embora alguns dos restaurantes do McDonald’s no Japão estejam localizados em bairros de alto padrão, como o de Ginza, em Tóquio, muitos outros _Livro_Zeithaml.indb
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