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ARTIGO -PROFESSOR BACHAREL.docx

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TORNAR-SE BACHAREL E DOCENTE: DILEMAS DA FORMAÇÃO DE
BACHARÉIS PROFESSORES NO ENSINO SUPERIOR E PROFISSIONAL
Sharana Sousa Alencar
sharana.alencar@hotmail.com
RESUMO: Este artigo discorre sobre a formação de professores bacharéis que
atuam no ensino profissionalizante e superior, levando em consideração o contexto
social em que se configuram atualmente, e apresentando os desafios existentes
para a atuação docente nesses campos da educação. Partimos da questão
norteadora: Quais os maiores desafios enfrentados na atuação de docentes
bacharéis dentro do campo do Ensino Superior? O tema foi desenvolvido por meio
de revisão bibliográfica. Por fim, a defesa da sistematização da formação continuada
como política de formação parte da crença de que ela pode subsidiar a formação
superior e profissional para que os professores possam enfrentar as crises e as
incertezas que encontram em sua vivência cotidiana, pois a busca de soluções
diante dessas incertezas gera uma demanda por novas competências, novas
habilidades e exigem que o docente esteja em contínuos estudos e constante
aprimoração das suas habilidades.
Palavras Chave: Docência; educação; Profissional; Bacharel; licenciatura.
INTRODUÇÃO
Realizar um estudo sobre a docência na educação superior e profissional no
contexto social atual muitas vezes nos remete às preocupações vivenciadas pela
educação e reflexões importantes de como podemos trabalhar com o
conhecimento. Estes aspectos envolvem, desde as maneiras de organização,
modos de ensino e aprendizagem dentre outros fatores que torna explícita a
complexidade de atuar como professor no cenário social contemporâneo.
Na atualidade estamos passando por uma época de preocupações no
campo educacional, preocupações estas que provocam tensões significativas que
se formam num contexto que envolve o trabalho e saber: entre a tradição e o
mailto:sharana.alencar@hotmail.com
moderno, o global e o local, o universal e o particular etc. Bem como envolve
também, as preocupações com o avanço do conhecimento e o tempo hábil
conveniente de assimilação destes, como por exemplo, o constante
desenvolvimento do conhecimento das novas tecnologias que mudam
aceleradamente e nos leva a necessidade de acompanhar suas evoluções, para
estar apto a desenvolver com efetividade as atividades educacionais que se
desenvolvem também, dentro deste contexto.
Atualmente, as transformações significativas nos setores econômico,
político, cultural e social tem definido uma palavra de ordem: mudança. A prática
educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a
serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje”. (Freire, P.
1996). É inquestionável que atualizações e mudanças são imprencidíveis para que
tenhamos grandes evoluções, especialmente se tratando do contexto educativo,
entretanto é diante de um cenário de rápidas modificações sociais que se instala
uma crise conceitual com relação aos saberes e habilidades que o professor, em
todos os níveis de ensino, deve possuir para destacar-se como docente qualificado
no seu ambiente profissional.
Diante do contexto desenvolvido até aqui, esse trabalho possui como
objetivo discorrer sobre a formação de docentes bacharéis que atuam no Ensino
Superior e na Educação Profissional, levando em conta o contexto social em que
essa formação se configura atualmente. Além disso, busca-se apresentar também
os desafios existentes para a atuação de professores nesses campos de ensino.
Partimos então da seguinte questão norteadora: Quais os maiores desafios
enfrentados na atuação de docentes bacharéis dentro do campo do Ensino
Superior?
A temática proposta foi desenvolvida por meio de revisão bibliográfica assim
como foram utilizados parte de estudos e pesquisas desenvolvidas por Oliveira
(2011) sobre a formação de bacharéis que exercem a profissão docente. Buscando
responder ao questionamento proposto. Assim, na primeira seção do texto é
apresentado um cenário sobre a formação de docentes para o Ensino Superior e
para o campo da Educação Profissional destacando as necessidades de formação
pedagógica de bacharéis que atuam nesses campos como docentes. Na segunda
seção, apresenta-se uma discussão sobre os desafios da formação de bacharéis
para o exercício da docência, buscando contribuir com um debate teórico-prático
em torno dessa problemática e para finalizar as pontuações dessa pesquisa, são
pontuados os principais aspectos do tema apresentado destacando perspectivas
futuras de ampliação da discussão.
DESENVOLVIMENTO
O cenário da formação do docente
A educação é uma prática social que acontece em todas as instituições. E as
constantes mudanças da sociedade contemporânea fortalecem o entendimento da
educação como fenômeno de muitas faces, que acontece em diversos, sejam eles
institucionalizados ou não. Nas tantas esferas da sociedade, surge uma necessidade
de compartilhamento e internalização de saberes e ação que englobam: habilidades,
conhecimentos, crenças, conceitos, etc. Evidenciando o poder pedagógico dos
muitos agentes educativos na sociedade e não apenas nas escolas tradicionais,
como por exemplo familias e escolas. A docência portanto, entendida como o
ensinar e o aprender, está presente na prática social em geral e não apenas na
escola (Libâneo, 2001).
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de
um modo ou de muitos modos, todos nós envolvemos pedaços da vida com
ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para
fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a
educação (BRANDÃO, 2003, p.7)
O mundo atual está se desenhando pelos avanços especialmente no que se
trata de tecnologia e da ciência que refletem diretamente em mudanças significativas
nos meios de comunicação, informação e especialmente nas maneiras de acesso ao
conhecimento. Tais transformações têm influenciado os segmentos sociais,
provocando alterações nos contextos e consequentemente na educação, no ensino,
na produção científica e tecnológica. Refletindo nessas transformações e nas
exigências que desencandeiam dessa configuração social, surge na área das
instituições de Ensino Superior e da Educação Profissional a preocupação com a
formação profissional.
Nesse contexto, diante de um cenário marcado pela globalização, pelos
desafios e necessidades que emergem desse processo, tornam o ambiente
educativo, uma realidade complexa, constituída por desafios e dilemas que exigem
dos profissionais da educação um redirecionamento em sua formação e atuação, em
que, segundo Imbernón (2006), o profissional docente deve abandonar o ensino
baseado tão somente na transmissão dos conhecimentos acadêmicos e
direcionar-se para uma educação integradora, solidária, plural, democrática e
participativa.
Dentro desta perspectiva, ao abordar o processo formativo de docentes que
atuam tanto no Ensino Superior quanto na Educação Profissional é comum o
reconhecimento de que educar nesses campos “[...] significa ao mesmo tempo
preparar os jovens para se elevarem ao nível da civilização atual, de sua riqueza de
seus problemas, a fim de que aí atuem” (PIMENTA; ANASTASIOU, 2005, p.81).
Portanto, entende-se que o docente da Educação Superior possui responsabilidades
relevantes na formação profissional de seus alunos, de modo que eles possam estar
preparados para enfrentar os desafios do mundo moderno competitivo. Para tanto,
espera-se que esse profissional da docencia, diante de tamanha responsabilidade,
busque frequentemente inovar suas práticas, aprimorando seus conhecimentos e
lições pedagógicas para que desenvolva a formação crítica e atue de forma que
seus alunos possam exercer com maestria suas capacidades intelectuais dentro do
âmbito profissional em que estão inseridos.
Esse tipo de atitude adquirida na formação do docente, que envolve uma
atitude reflexiva, permite ao docente, outras possibilidades de ação e de formação
quandofor a sua vez de atuar como membro de uma sociedade educativa, o que
leva a atender a necessidade social de uma formação que não privilegia somente os
aspectos técnicos e tecnológicos para o mundo do trabalho, mas que envolve
também uma atitude humana com trabalho, tecnologia e cultura, como parte de um
só contexto. Pois dessa maneira, o docente será capaz de ajustar suas práticas e
seus conhecimentos as novas exigências da sociedade, das formas de
comunicação, das necessidades dos alunos, dos vários universos culturais etc. Já
que são esses seus elementos de trabalho e que eles também estão em constante
evolução.
Oliveira (2011), acrescenta que em face desse contexto de uma sociedade
da informação, onde o fluxo de dados cresce a cada dia, os docentes não podem
dispor aos seus alunos a mesma prática pedagógica que seus professores
ofereceram em sua formação. Pois, as transformações e mudanças afetam toda a
comunidade, até mesmo, em especial, o meio acadêmico. Por esse motivo, essa
pesquisa visa destacar a importância da formação pedagógica como um alicerce
que deveria ser um pré-requisito para o exercício da docência, o que torna
necessário a revisão das formas de admissão de novos professores nas
instituições educacionais.
Visto que, em muitas vezes a preocupação dessas instituições, estão
pautadas apenas a titulação e produtividade do profissional, ficando, como
argumenta Fernandes (1998, p.97) “o desempenho como professor sem reflexão
padronizada, que traga sua prática pedagógica como um foco de análise”. A
docência parece, neste sentido, não ter espaço para o desenvolvimento de ações
reflexivas sobre o seu fazer pedagógico.
Dentro desse contexto, é válido citar novamente Oliveira (2011), que afirma
que isso acontece em detrimento da ausência de formação pedagógica da maioria
dos docentes universitários, e isto acontece de forma semelhante na Educação
Profissional, pois devido a formação inicial em cursos de bacharelado,
naturalmente torna-se desconhecido aos docentes bacharéis os conhecimentos
teórico/epistemológicos sobre os processos de ensino-aprendizagem necessários
para desenvolver um trabalho relevante enquanto educador.
Entretanto, é de suma importância salientar que as adversidades no
processo de formação dos profissionais docentes não se concentram
exclusivamente entre os bacharéis, já que é possível encontrar lacunas na maneira
de trabalhar o ensino entre aqueles professores que iniciaram sua carreira docente
numa licenciatura. Aqui a grande diferença é que, o bacharel torna-se docente sem
nenhum tipo de formação pedagógica e os licenciados por sua vez assumem a
profissão com lacunas em seu processo formativo.
Nesta perspectiva, é possível notar que a formação docente para a
Educação Profissional e Superior fica em boa parte, a cargo das iniciativas
individuais e institucionais avulsas, não se referindo a um projeto nacional ou da
categoria docente, por isso nota-se a existência da necessidade de uma
sistematização de políticas de formação docente para ambos os campos de
atuação, tanto no que se refere ao bacharel, quanto no aprimoramento das
técnicas da docência para quem cursa licenciatura.
Álvares (2006), ao realizar pesquisa sobre a formação de professores,
afirma que a preocupação maior desses docentes que possuem formação em
bacharelados e pós-graduação voltados para a ampliação de estudos mais
técnicos da área, tem como foco principal o domínio de conteúdos de sua área
profissional, e em muitos casos é deixado em segundo plano os aspectos
pedagógicos do seu trabalho, ou seja, o exercício da profissão docente está quase
sempre aliado à competência profissional como bacharel ou como pesquisador.
Isso leva a reflexão de que as Instituições Educacionais têm priorizado o
domínio dos conhecimentos da área de formação dos bacharéis docentes bem
como sua experiência profissional na área, proporcionando que, para tornar-se
professor seja suficiente ter formação inicial, ser um bom profissional e ter uma
sólida experiência na sua área de atuação. Entretanto, Masetto (2003, p.13)
destaca que atualmente, esse formato sócio-educacional começa a se modificar
por iniciativa de muitos docentes universitários que têm se preocupado com as
formas como estão conduzindo sua prática e com a necessidade de possuírem
formação específica para a docência. Buscando capacitação própria e específica
que não se restringe a ter um diploma de bacharel, ou mesmo de mestre ou doutor,
ou ainda apenas o exercício da profissão.
A Profissionalização Da Docência No Ensino Superior
No conceito de profissionalização se apresentam dois aspectos: a
profissionalidade e o profissionalismo. A primeira é o que permite ao professor
adquirir os conhecimentos necessários para o desenvolvimento da carreira no
âmbito da docência, incluindo, dentre outros, os saberes das disciplinas e os
saberes pedagógicos. Conforme Ramalho, Nuñez e Gauthier (2003, p.51), se o
processo de profissionalidade pudesse ser pausado e registrado, ele poderia ser
identificado como um conjunto de características que possibilitaram distinguir o
trabalho docente dos demais, já que por meio da pesquisa focada na ação
docente, possibilitaria que fosse vista a maneira dele atuar, pensar e fazer
escolhas. Já o segundo conceito, do que seja o profissionalismo, podemos
considerá-lo como um fator externo e necessário para o desenvolvimento
profissional docente:
O profissionalismo é um processo político que requer trabalho num espaço
público para mostrar que a atividade docente exige um preparo específico
que não se resume ao domínio da matéria, ainda necessário, mas não
suficiente. O professor além do domínio do conteúdo, precisa conhecer as
metodologias de ensino, as epistemologias da aprendizagem, os contextos
e diversos fatores para que esteja apto a educar (RAMALHO; NUÑEZ;
GAUTHIER, 2003, p.53).
Para que seja possível amenizar as lacunas existentes na formação
profissional dos bacharéis-docentes, e ainda, de por meio dessa formação levá-los
a refletir sobre suas práticas, proporcionando a ampliação do entendimento dos
saberes e habilidades que definem a profissão do docente. Com isso, acredita-se
estar contribuindo de alguma forma para que possa haver novas perspectivas para
o desenvolvimento de uma práxis educativa reflexiva na formação docente nas
instituições de Ensino Superior.
Ao longo da história da humanidade, no que tange as instituições de Ensino
Superior, elas se formaram dentro do social coletivo como um cenário que, aparenta
ser mais valorizado e capaz de providenciar substanciais mudanças e benefícios
para a sociedade, viabilizadas por meio da formação de profissionais qualificados
em diversas áreas, ou ainda, por meio das pesquisas e inovações científicas. Os
desafios inerentes à atuação do docente universitário, dentro da realidade
sociocultural vigente, demanda destes profissionais a necessidade de que sua
formação, constituída pelo domínio dos conteúdos específicos e técnicos comuns à
área em que atuam, aliados ao manuseio de habilidades pedagógicas, que lhes
proporcionem contemplar as diversas nuances que integram o cenário educacional e
que também se voltem para a pesquisa e a inovação científica. (MASETTO, 2003)
Em sintonia com esse entendimento, explicitamos a ideia de Pimenta e
Anastasiou (2002, p. 185-186), ao reconhecerem o professor como um intelectual,
como um agente formador:
[...] que tem que desenvolver seus saberes (de experiência, do campo
específico e pedagógico) e sua criatividade para fazer frente às situações
únicas, ambíguas, incertas, conflituosas nas aulas, meio ecológico
complexo. Assim, o conhecimento do professor é composto da sensibilidade
da experiência e da indagação teórica. Emerge da prática (refletida) e se
legitima em projetos de experimentação reflexiva e democrática no próprio
processo de construção e reconstrução das práticas institucionais. [...].
Conforme este teórico, fica evidente que o conhecimentotécnico e específico
da disciplina/matéria que o professor do Ensino Superior leciona não determina a
garantia do sucesso de sua prática e atuação, sendo necessário e essencial o
domínio e uso de habilidades didáticas que viabilizem a transmissão e consequente
apropriação, assimilação e produção de novas informações por parte dos discentes.
Tratando especificamente da formação do Bacharel, sabe-se que o modo
como os cursos de Bacharelado são organizados, a formação é direcionada na
grande maioria do tempo para outros campos, não fornecendo o substrato
necessário ao desempenho da docência. No entanto, mesmo sem a formação
pedagógica idealizada, em que pese às exceções, identifica-se a existência de
profissionais que são capazes de suprir este déficit em sua formação inicial,
constituindo-se em professores munidos de uma didática eficiente.
Neste sentido, na pesquisa busca-se identificar e analisar de que maneira o
exercício da docência superior e as vivências que permeiam este espaço contribuem
na constituição da docência do bacharel. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
determina que apenas com formação em nível de pós-graduação, seja em caráter
strictu ou latu sensu, é possível o exercício do magistério superior, (BRASIL, 1996).
Porém, observamos que esta qualificação centra-se, quase que majoritariamente,
sobre o aporte de conhecimentos específicos e técnicos, não contemplando
satisfatoriamente os aspectos pedagógico-didáticos demandados para o exercício
da docência.
É possível observar que, a exigência burocrática estaria integralmente
contemplada, no entanto, a habilidade didática essencial ao ser professor acaba por
vezes negligenciada. Levando em consideração as tendências e necessidades
mercadológicas, onde o professor bacharel, atendendo apenas os requisitos legais,
encontra-se apto a exercer a licenciatura em nível superior, identificamos uma
ampliação progressiva destes docentes, sendo relevante a realização de análises
com vistas a identificar os motivos que determinam tal ocorrência, como estes
profissionais constroem sua identidade docente, o modo como a ausência de um
processo formativo pedagógico específico incide e condiciona seu exercício, bem
como os mecanismos e recursos utilizados para a superação desta mencionada
carência. (IMBERNÓN, 2006).
Nessa perspectiva, é interessante discorrer também sobre a professoralidade,
que se trata do processo dinâmico que envolve a apropriação e reelaboração do
professor no decurso de seu itinerário formativo e exercício profissional, incidindo
diretamente sobre o modo de pensar e fazer docente, e instituídas com vistas a
desenvolver a sensibilidade do professor, conforme enfatiza Isaia e Bolzan (2005,
p.03).
Mais do que um conceito pedagógico ou estágio de exercício profissional, a
professoralidade é um constructo relacionado ao modo como o professor se coloca
diante do seu ofício.
Diante dessa realidade, o aprender do professor se legitimaria dentro de um
contexto concreto particular de cada docente, tendo em vista as experiências
formativas de cada um. Mesmo diante da ausência de uma formação pedagógica
direcionada ao exercício da docência, há que se registrar a existência de
professores atuantes no Ensino Superior oriundos do bacharelado como modalidade
de formação, e que, mesmo cursando uma pós-graduação em área
técnica-específica do conhecimento científico, que a rigor, não prioriza uma
formação para o ensino crítico e reflexivo, condizente com as expectativas e anseios
da atualidade. Uma possível justificativa para essa ocorrência seria a
conscientização, reflexões e aprendizados provenientes de seu exercício docente.
(OLIVEIRA, 2011).
Afinal, para enfrentar os desafios contemporâneos da docência, já
mencionados neste trabalho, o profissional docente precisa de novas competências.
Segundo Zarifian (1999), a competência é a inteligência prática para situações que
se apóiam sobre os conhecimentos adquiridos e os transformam com mais
intensidade, quanto aumenta a complexidade das situações. Já em outra
perspectiva, de acordo com Masetto (2003), o conceito de competência se associa a
características como: conhecimentos, atitudes, valores e habilidades que se
apresentam e se desenvolvem em conjunto. Para o autor, as competências básicas
necessárias ao professor de ensino superior são: 1) competência em determinada
área do conhecimento (ter domínio de uma área específica); 2) domínio na área
pedagógica (conhecer as ferramentas e parâmetros da área pedagógica que é o que
forma as técnicas de um professor bem sucedido) e 3) exercício da dimensão
política. Contudo, preencher os requisitos necessários à docência universitária e
alcançar os objetivos desejados não é tarefa fácil, pois se trata de uma tarefa
bastante complexa.
Conforme Zabalza (2004), é de suma importância destacar os dilemas
enfrentados por professores universitários como profissionais são:
1. Foco Especialização: trata-se da tendência à especialização, pois nesse
cenário os estudos e perfis centrados dos professores faz com que esses
profissionais tenham tendência a ter um foco muito específico, tornando seus
horizontes restritos.
2. Individualismo docente: esta tendência está ligada à construção da identidade
e desenvolvimento do trabalho de forma individual; aqui, prevalecem os direitos
individuais e coletivos sobre as necessidades requeridas pelas atividades.
3. Ensino/Aprendizagem: neste tópico, é ressaltado que: ensinar não se trata
apenas de explicar, demonstrar e argumentar conteúdos, mas, também de
administrar o processo completo de ensino-aprendizagem que se desenvolve em
determinado contexto.
4. Pesquisa/Docência: Aqui, a pesquisa é destaque sob o ensino (as exigências à
dedicação excessiva com a pesquisa deixando a docência à margem não é
funcional para o projeto de formação/a).
Conforme sugere o autor, uma possível solução para os impasses e dilemas
da identidade profissional dos professores universitários pode estar na busca pelo
equilíbrio. O docente precisa ter discernimento para equilibrar as exigências da
profissão às quais está sujeito e buscar o aprendizado dos saberes necessários para
ajudar os seus discentes na construção de seus conhecimentos, trabalhando suas
performances ao nível das demandas do seu “público”. Para tanto, é necessário que
se esteja em permanente formação. Dilemas sempre existiram e sempre existirão no
exercício da profissão, porém eles podem ser minimizados e superados quando há
formação adequada.
CONCLUSÃO
Com base no conteúdo desenvolvido, nota-se que a educação conseguirá
contemplar seu potencial individual e coletivo quando o processo formativo dos
docentes for condizente com os desafios e necessidades apresentados aos que se
dedicam a esta área. Afinal, professor é alguém que precisa conhecer os conteúdos
que estruturam a sua disciplina de ensino e seu programa, além de possuir certos
conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um
saber prático baseado em sua experiência cotidiana com os alunos.
O professor de ensino superior precisa apreender o processo de ensinagem,
isto é, ir além do o quê (conteúdo) e do como (metodologia) para pensar e
reelaborar as relações de conteúdos em uma unidade dialética processual, na qual o
seu papel de condutor e a auto atividade do aluno se efetivem em mão dupla, de
maneira que a construção do conhecimento se dê por momentos de ação conjunta
dos sujeitos envolvidos.
Deste modo, entende-se que o docente precisa não apenas conhecer o
conteúdo específico da área que leciona, para que esteja apto a lecionar de modo
satisfatório, mas também necessita conhecer as técnicas, saberes pedagógicos e
destrezas de todo o enredo educacional, reconhecendo que estes conhecimentos
são construídos ao longo do seu percurso gradual e permanente da
profissionalização, ao passo que se adquire experiência na profissão. É importante
enfatizar também, que a formação pedagógica doprofessor universitário, pode ser
entendida como uma atividade complexa que demanda dos professores uma
formação e habilidades que supere o mero desenvolvimento e conhecimento
aprofundado de um conteúdo específico da área técnica.
É possível identificar também que existe uma grande necessidade de
ampliação dos espaços de formação do docente de Ensino Superior e da
Educação Profissional considerando a necessidade da formação pedagógica. Aqui
o grande desafio é a ampliação dos espaços de formação. Para tanto, podemos
destacar como chave deste desafio: a pesquisa, pois, é utilizando a pesquisa sobre
a própria prática, da ampliação dos Programas de formação de docência, dentre
eles, o de Pós-Graduação, especialmente, que fornecem espaços de discussão
nesses programas de formação para a docência.
Desta maneira, baseando-se nas discussões apresentadas no decorrer
dessa pesquisa e levando em consideração o fato de que apresentar respostas
imediatas não faz parte do objetivo que compõe este trabalho, visto que a principal
intenção é contribuir para a geração de novos questionamentos e pesquisas dentro
da área abordada, podendo deste modo, possibilitar novos reflexões e resoluções
sobre as necessidades formativas de docentes que atuam nos campos da
Educação Profissional. Ressalta-se a grande necessidade de ampliação estudos e
pesquisas sobre a ação de bacharéis como professores, já que o assunto envolve
a discussão sobre a sua profissionalização docente no geral. Por tanto, a partir dos
problemas que a própria ação dos bacharéis apresentam, podemos desconstruir e
reconstruir ideias do que eles entendem sobre ser professores, suas ações e
saberes a partir de suas próprias situações de trabalho, e isto constitui-se também,
como uma necessidade a ser trabalhada no processo de formação.
Para concluir, é de grande relevância destacar que a pós-graduação
direcionada ao ensino da docência é uma opção significativamente relevante para a
formação pedagógica inicial para professores bacharéis e sua carreira na docência
universitária, devendo valorizar o seu potencial formativo para o ensino superior, tão
relevante quanto à pesquisa e o aprimoramento de conhecimentos específicos em
diversas áreas, com vistas à condução de mudanças significativas nos processos de
ensino-aprendizagem. Pois, dessa maneira, o professor bacharel terá oportunidade
de se habilitar para o magistério superior preenchendo requisitos necessários ao
fazer docente, como domínio de conhecimentos específicos na sua área de atuação,
domínio de didática e capacidade crítico-reflexiva para mediar o processo de
ensino-aprendizagem, provocando no educando o papel de protagonista do seu
próprio saber. Entretanto, é interessante ressaltar que essa pode ser uma opção
para aqueles que já concluíram sua graduação de bacharelado, porém, seria muito
relevante que as grades curriculares de graduação oferecessem a opção do
profissional estudar disciplinas voltadas a pedagogia, ou seja, uma grade curricular
adaptada de acordo com as escolhas do estudante, visto que todo curso de
graduação possui grade de disciplinas eletivas.
REFERÊNCIAS
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pedagógica no ensino superior. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal
de Uberlândia, Uberlândia-MG, Brasil, 2006.
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Brasília, n.º 248, p. 27.833-27.841, dez. 1996.
Freire P. Pedagogia da Autonomia. 33.ed. São Paulo: Paz e Terra; 1996.
IMBERNÓN, F. Formação Docente e Profissional. Formar-se para a mudança e
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