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Brasília-DF. Saúde LaboraL e doençaS ocupacionaiS Elaboração Anna Beatriz Assad Maia Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção .................................................................................................................................. 4 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA ..................................................................... 5 introdução ..................................................................................................................................... 7 unidAdE i conceituações importantes ........................................................................................................... 9 CAPÍtuLo 1 conceituação e ética ........................................................................................................ 9 CAPÍtuLo 2 ética para os profissionais que atuam em saúde laboral ............................................. 15 unidAdE ii leGislação e preVidÊncia .............................................................................................................. 24 CAPÍtuLo 1 leGislação brasileira ....................................................................................................... 24 CAPÍtuLo 2 doença ocupacional e sistema preVidenciário no brasil ............................................ 56 unidAdE iii promoção de saúde no ambiente de trabalHo .......................................................................... 60 CAPÍtuLo 1 promoção de saúde no ambiente de trabalHo ............................................................. 60 unidAdE iV doenças ocupacionais de Grande impacto social .................................................................. 63 CAPÍtuLo 1 saúde mental no trabalHo ............................................................................................... 63 CAPÍtuLo 2 fibromialGia – interface com o trabalHo ..................................................................... 70 CAPÍtuLo 3 lesões por esforços repetitiVos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalHo (ler/dort) ........................................................................................................... 72 CAPÍtuLo 4 lombalGia ocupacional .................................................................................................. 75 PArA (não) finALizAr ...................................................................................................................... 78 rEfErênCiAS ................................................................................................................................... 79 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 introdução Cenário: Inglaterra, 1830, revolução industrial, trabalhadores submetidos a condições desumanas para desempenhar seu ofício. Protagonistas: Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, Dr. Robert Baker, seu médico. Conhecida a locação e os personagens, vamos ao conteúdo do diálogo. Diz Sr. Dernham: “Dr Baker, preocupa-me a saúde dos trabalhadores de minha fábrica que não dispõem de nenhum cuidado médico, a não ser aquele propiciado por instituições filantrópicas. Como posso resolver tal situação?” Baker respondeu-lhe: “Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica, sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele competirá fazer tal prevenção. Dessa forma você poderá dizer: meu médico é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade no que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas dos meus operários; se algum deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o médico unicamente é que deve ser responsabilizado”. A resposta do empregador foi a de contratar Baker para trabalhar na sua fábrica, surgindo, assim, em 1830, o primeiro serviço de medicina do trabalho. Na verdade, despontam, na resposta do fundador do primeiro serviço médico de empresa, os elementos básicos da expectativa do capital quanto às finalidades de tais serviços: » deveriam ser serviços dirigidos por pessoas de inteira confiança do empresário e que se dispusessem a defendê-lo; » deveriam ser serviços centrados na figura do médico;» a prevenção dos danos à saúde resultantes dos riscos do trabalho deveria ser tarefa eminentemente médica; » a responsabilidade pela ocorrência dos problemas de saúde ficava transferida ao médico. Logo, o interesse principal não era o de promover a saúde dos trabalhadores, mas, sim, o bom funcionamento dos processos de trabalho. As práticas mais disseminadas eram a seleção de pessoal que, em tese, fosse menos propenso a se acidentar e a adoecer, o controle da saúde para evitar problemas de absenteísmo e os esforços para proporcionar retorno rápido ao trabalho nos casos de afastamentos. O esforço mundial na tentativa de organizar as relações de trabalho surgiu em 1919, com a criação da Organização Internacional do Trabalho – OIT. Criaram-se, então, normas preventivas que tratavam da limitação da jornada,do desemprego, da proteção à maternidade, do trabalho noturno de menores 8 e mulheres e da idade mínima para admissão de crianças. Em 1953, por meio da Recomendação 97, sobre a proteção à saúde dos trabalhadores, passou-se a estimular os países-membros a formarem seus médicos do trabalho e a instalarem serviços de Medicina do Trabalho nas empresas. Muito mudou desde então, o mundo globalizado e informatizado trouxe consigo mudanças econômicas e sociais, modificou o formato do emprego, extinguiu certas profissões e demandou o surgimento de outras numa velocidade avassaladora. O trabalho passou a ter um papel central na vida do ser humano, sendo hoje uma manifestação absoluta da existência humana. Como diz o psicanalista Contardo Calligaris : “Faz dois séculos que nossa origem não determina nosso destino. Não seremos marceneiros só porque esse foi o ofício de nosso pai e avô. Não nos casaremos por tradição nem segundo a escolha das famílias. Escolheremos sempre por gosto ou por amor, ou seja, temos a incrível pretensão de viver segundo nosso desejo”. objetivos » Aprofundar os conhecimentos teóricos sobre saúde laboral. » Conhecer os princípios éticos e legais da doutrina sobre saúde laboral. » Conhecer o Sistema Previdenciário Brasileiro, no que diz respeito às doenças ocupacionais. » Conhecer a terminologia utilizada na especialidade. » Estimular a reflexão crítica sobre promoção de saúde no ambiente de trabalho. » Conhecer as doenças ocupacionais de maior impacto social. 9 unidAdE iConCEituAçõES imPortAntES CAPÍtuLo 1 Conceituação e ética Para o bom entendimento do que é saúde laboral e doenças ocupacionais, inicialmente devemos fixar alguns conceitos. o que é saúde ambiental? O termo Saúde Ambiental refere-se ao controle de processos, influências e fatores físicos, químicos e biológicos que exercem ou podem exercer, direta ou indiretamente, efeito significativo sobre saúde e o bem-estar físico e mental do homem e sua sociedade Como definir o termo saúde? A Organização Mundial de Saúde – OMS descreve, desde 1947, que saúde não é somente ausência de doença, mas a percepção individual de um completo bem-estar físico, mental e social. Como definir qualidade de vida? Qualidade de vida é um conceito que defere de sociedade para sociedade, de pessoa para pessoa, tende a mudar ao longo da vida de cada um e pode ser considerada a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que caracterizem as condições em que vive o ser humano, como sintetizado no quadro a seguir. QUALIDADE DE VIDA PARÂMETROS SOCIOAMBIENTAIS PARÂMETROS INDIVIDUAIS Moradia, transporte e segurança Hereditariedade Assistência médica Estilo de vida Condições de trabalho e remuneração Hábitos alimentares Educação Controle do estresse Opção de lazer Atividade física 10 UNIDADE I │ CONCEITUAÇÕES IMPORTANTES Meio ambiente Presença ou não de adoecimento crônico Relacionamento sadio e rede social de apoio Autocuidado Espiritualidade retirado e modificado de medicina do trabalho e pericia médica. 2. ed. 2011. o que significa o termo “organização do trabalho”? “É a especificação do conteúdo, dos métodos e das interrelações entre cargos, de modo a satisfazer os requisitos organizacionais e tecnológicos, assim como requisitos sociais e individuais do ocupante do cargo” (Optiz Junior, 2011). É a definição das tarefas e das condições de execução, por instâncias exteriores aos trabalhadores. o que são programas de saúde ocupacional e prevenção de riscos ambientais – Programa de Controle médico de Saúde ocupacional (PCmSo)? Programa previsto para atender a Norma Regulamentadora número sete do Ministério do Trabalho (portaria no 24 publicada em 30/12/1994). Tem por objetivo a promoção e a preservação da saúde dos trabalhadores de caráter preventivo, de rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive subclínicos, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. o que é saúde ocupacional? A OMS define: Saúde ocupacional por como objetivos: a promoção e a manutenção do mais alto grau de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações; a prevenção de desvios de saúde causados pelas condições de trabalho aos trabalhadores; a proteção de trabalhadores em seus empregos, dos riscos resultantes de fatores adversos a saúde; a colocação e a manutenção do trabalhador adaptadas às aptidões psicofisiológicas, em suma, a adaptação do trabalho ao homem e de cada homem a sua atividade. o que é assédio moral? É o mesmo que violência moral, exposição dos trabalhadores a situação vexatórias, constrangedoras e humilhantes durante o exercício de sua função. 11 conceituações importantes │ uniDaDe i o que é perícia? É um instrumento especial de constatação, prova ou demonstração científica ou técnica da veracidade das situações, das coisas e dos fatos. Pode ser de várias espécies: contábil, judicial, administrativa, extrajudicial, arbitral, interprofissional, médica. o que é EPi? É o equipamento de Proteção Individual – EPI – todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. o que é CiPA? É a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – que objetiva a prevenção de acidentes e de doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível, permanentemente, o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. o que é programa de prevenção a riscos ambientais (PPrA)? É um programa de prevenção a riscos ambientais que visa a atender as obrigações contidas na Norma Regulamentadora no 9 do Ministério do Trabalho. Seu principal objetivo é atender, reconhecer, avaliar e controlar os riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho. o que é ergonomia? É um conjunto de ciências e tecnologia que procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e o trabalho, basicamente procurando adaptar as condições de trabalho à saúde do ser humano. o que é acidente do trabalho e doença ocupacional?1 Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, com o segurado empregado, o trabalhador avulso, o médico residente, bem como com o segurado especial, no exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho. 1 Fonte: Previdência Social 12 UNIDADE I │ CONCEITUAÇÕES IMPORTANTES É considerado como acidente do trabalho, nos termos deste item: 1. a doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade, constante da relação de que trata o Anexo II do Decreto no 2.172/1997; 2. a doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, desde queconstante da relação de que trata o Anexo II do Decreto no 2.172/1997. Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação constante do Anexo II resultou de condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social (INSS) deve equipará-la a acidente do trabalho. Não são consideradas como doença do trabalho: a. a doença degenerativa; b. a inerente a grupo etário; c. a que não produz incapacidade laborativa; d. a doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região onde ela se desenvolva, salvo se comprovado que resultou de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. Equiparam-se também a acidente do trabalho: I. o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a perda ou redução da sua capacidade para o trabalho, ou que tenha produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II. o acidente sofrido pelo segurado no local e horário do trabalho, em consequência de: › ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; › ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; › ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro, ou de companheiro de trabalho; › ato de pessoa privada do uso da razão; › desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior; 13 conceituações importantes │ uniDaDe i III. a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV. o acidente sofrido, ainda que fora do local e horário de trabalho: › na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; › na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; › em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por ela, dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra; › independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; › no percurso da residência para o local de trabalho ou dele para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado, desde que não haja interrupção ou alteração de percurso por motivo alheio ao trabalho; › no percurso da residência para o OMGO ou sindicato de classe e deles para aquela, tratando-se de trabalhador avulso. Nota: Não será considerado acidente do trabalho o ato de agressão relacionado a motivos pessoais. » No período destinado à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante ele, o empregado será considerado a serviço da empresa. » Entende-se, como percurso, o trajeto da residência ou do local de refeição para o trabalho ou dele para aqueles, independentemente do meio de locomoção, sem alteração ou interrupção por motivo pessoal, do percurso habitualmente realizado pelo segurado. Não havendo limite de prazo estipulado para que o segurado atinja o local de residência, de refeição ou do trabalho, deve ser observado o tempo necessário compatível com a distância percorrida e o meio de locomoção utilizado. Será considerado agravamento de acidente do trabalho o sofrido pelo acidentado quando estiver sob a responsabilidade do Setor de Reabilitação Profissional. Não será considerado agravamento ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do acidente anterior. Quando expressamente constar do contrato de trabalho que o empregado deverá participar de atividades esportivas no decurso da jornada de trabalho, o infortúnio ocorrido durante essas atividades será considerado como acidente do trabalho. Será considerado como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual ou o dia em que for realizado o diagnóstico, cabendo para esse efeito o que ocorrer primeiro. 14 UNIDADE I │ CONCEITUAÇÕES IMPORTANTES o que é estresse ocupacional? Ross e Altmaier definem estresse ocupacional como a interação do trabalhador (com características que lhe são próprias) com as condições de trabalho, de tal modo, que as exigências resultantes dessa interação ultrapassam a capacidade do trabalhador para lidar com a situação. O estresse não só tem características cumulativas, como torna o ser humano mais sensível aos acontecimentos aversivos com que se depara, o que, por vezes, se traduz em implicações negativas no ambiente familiar e sobre terceiras pessoas que nada têm a ver com o meio profissional. o que é presenteísmo? Esse conceito tem sido usado para designar o fenômeno em que as pessoas vão trabalhar, mas realizam as atividades inerentes às suas funções de um modo não produtivo, ou seja, não apresentam um bom desempenho, porque apresentam problemas de saúde físicos e mentais . De acordo com Pilette , as principais causas de presenteísmo devem-se a problemas do foro mental (depressão, stress e exaustão emocional), músculo-esquelético (lombalgias, artrites e tendinites) e respiratório (síndromes gripais, asma), entre outras causas. 15 CAPÍtuLo 2 Ética para os profissionais que atuam em saúde laboral Exatamente por sua atuação se situar entre as corporações e os trabalhadores, é de grande importância que o trabalho do profissional envolvido em ações de saúde ocupacional observe preceitos éticos bastante rigorosos. A Comissão internacional em Saúde Ocupacional – ICOH elaborou um código de ética para esses profissionais. Seguem os principais trechos. Código internacional de ética para os profissionais de saúde no trabalho2 Elaborado e adotado pela Comissão internacional de Saúde no trabalho (iCoH), fundada em 1906 – Versão atualizada em 2002 Tradução não oficial feita pelo Prof. René Mendes, Presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT – Brasil); membro associado da Comissão Internacional de Saúde no Trabalho (ICOH), e membro de seu Conselho de Administração (BOARD), 2003-2006. Prefácio Há muitas razões que explicam por que um Código de Ética para os Profissionais de Saúde no Trabalho, distinto dos códigos de ética que regem o exercício profissional dos médicos, em geral, tenha sido adotado pela Comissão Internacional de Saúde no Trabalho (ICOH). O primeiro motivo é o crescente reconhecimento das complexas e às vezes concorrentes e contraditórias responsabilidades dos profissionais de Saúde e Segurança no Trabalho em relação aos trabalhadores, aos empregadores, ao público em geral, à Saúde Pública, às autoridades do Trabalho e a outras entidades e atores, tais como a Previdência Social e as autoridades judiciais. Um outro motivo é o crescimento do número de profissionais de Saúde e Segurança no Trabalho, principalmente em Serviços de Saúde e Segurança no Trabalho, quer em função de exigências legais, quer em caráter voluntário. Ainda, cabe salientar o crescente desenvolvimento do enfoque multidisciplinar em Saúde e Segurança no Trabalho, o que implica o envolvimento de especialistas com distintas inserções profissionais. O Código Internacional de Ética para os Profissionais de Saúde no Trabalho é relevante para muitos grupos profissionais que desempenham tarefas e têm responsabilidades em empresas, assim como nos setores público e privado que se dedicam à Saúde, à Segurança e à Higiene e Meio Ambiente relacionados ao trabalho. Para fins deste Código, as categorias profissionais incluídas no termo “profissões de Saúde no Trabalho” são definidas de forma muito ampla, tendo em comum o compromisso profissional de implementar a Saúde no Trabalho. A abrangência deste Código cobre 2 Disponível em: <http://www.anent.org.br/legislacao/codigo_etica_ICOH.pdf>. 16 UNIDADE I │ CONCEITUAÇÕES IMPORTANTESatividades dos profissionais de Saúde no Trabalho, quando atuam em sua capacidade individual e dentro de organizações e empresas que prestam serviços a clientes e usuários. O Código aplica-se aos profissionais de Saúde no Trabalho e a Serviços de Saúde no Trabalho, independentemente de eles estarem atuando em contextos de livre mercado, sujeitos à concorrência ou em contextos de serviços públicos de saúde. […] Este Código de Ética visa a traduzir, em termos de condutas profissionais, os valores e os princípios éticos em Saúde no Trabalho. A intenção é fornecer um guia a todos aqueles que desenvolvem atividades em Saúde no Trabalho e estabelecer uma base de referência que permita aos profissionais avaliarem seu próprio desempenho nessa esfera. Este documento pode ser utilizado para a elaboração de códigos nacionais de ética e para fins educativos. Também pode ser adotado de forma voluntária e, ainda, servir como um padrão de referência na definição e avaliação da conduta profissional. O Código também tem o propósito de contribuir para o desenvolvimento de um conjunto de princípios para a cooperação entre todos os profissionais envolvidos, bem como para a promoção do trabalho em equipe e o enfoque multidisciplinar em Saúde no Trabalho. Ele também pode servir de base para orientar e justificar o abandono de determinadas práticas em uso e para destacar a responsabilidade daqueles que adotam práticas questionáveis, sem uma clara justificativa para tal. […] Deve ser destacado que Ética deve ser considerada um assunto que não tem claros limites de extensão, que necessita interações, cooperação multidisciplinar, consultas e participação. O processo em si pode ser mais importante do que propriamente seu resultado. Um código de ética para profissionais de Saúde no Trabalho não deve jamais ser considerado como um fim em si, mas como uma etapa de um processo dinâmico que envolve a comunidade de Saúde no Trabalho – como um todo –, a ICOH e as outras organizações relacionadas com a Segurança, a Saúde e o Meio Ambiente, assim como as organizações de trabalhadores e de empregadores. Não é demais enfatizar que a Ética em Saúde no Trabalho é, por essência, um campo de interações entre numerosos parceiros. A boa prática da Saúde no Trabalho é includente e não excludente. A elaboração e a implementação de normas de conduta profissional não implicam, tão somente, os profissionais de Saúde no Trabalho, mas também aqueles que se beneficiam de seus serviços, posto que podem se sentir ameaçados pelo modo como a Saúde no Trabalho é praticada, como também aqueles que apoiam práticas adequadas do ponto de vista ético, e os que denunciam os deslizes e as infrações nesse campo. Assim, este documento deveria ser mantido em permanente avaliação, e sua revisão deveria ser implementada, tão pronto ela se mostre necessária. Nesse sentido, comentários e sugestões para o melhoramento do conteúdo deste documento devem ser dirigidos ao Secretário- Geral da Comissão Internacional de Saúde no Trabalho – ICOH. introdução O objetivo do exercício da Saúde no Trabalho é proteger e promover a saúde dos trabalhadores, manter e melhorar sua capacidade de trabalho, contribuir para o estabelecimento e a manutenção 17 conceituações importantes │ uniDaDe i de um ambiente de trabalho saudável e seguro para todos, assim como promover a adaptação do trabalho às capacidades dos trabalhadores, levando em consideração seu estado de saúde. O campo da Saúde no Trabalho é amplo e cobre a prevenção de todas as disfunções provocadas pelo emprego: acidentes do trabalho e doenças relacionadas ao trabalho, inclusive doenças profissionais e todos os aspectos relacionados com as interações entre Trabalho e Saúde. Os profissionais de Saúde no Trabalho deveriam ser envolvidos, sempre que possível, no desenho e na escolha dos equipamentos de Saúde e Segurança, em métodos e procedimentos apropriados, em práticas de trabalho seguro, e deveriam encorajar a participação dos trabalhadores nesse campo, levando em consideração sua própria experiência. Com base no princípio de equidade, os profissionais de Saúde no Trabalho deveriam assistir aos trabalhadores na obtenção e na manutenção do emprego, apesar de suas deficiências de saúde ou de suas incapacidades ou desvantagens. Deveria ser devidamente reconhecido que existem necessidades especiais de Saúde no Trabalho, determinadas por fatores, tais como gênero, idade, condição fisiológica, aspectos sociais, barreiras de comunicação e outros fatores. Essas necessidades deveriam ser caracterizadas em bases individuais, com a devida preocupação de proteger a saúde em relação ao trabalho e sem deixar qualquer possibilidade de discriminação. […] O termo “empregadores” significa pessoas com responsabilidade reconhecida, compromisso e deveres em relação a trabalhadores em seus empregos, em função de um relacionamento mutuamente acordado (uma pessoa que trabalha por conta própria é considerada como sendo tanto empregador quanto empregado). O termo “trabalhador” aplica-se a pessoas que trabalham, seja em tempo integral, seja em tempo parcial ou temporariamente, para algum empregador. […] Fazem parte das condições básicas para o exercício aceitável da Saúde no Trabalho, frequentemente essas condições estão especificadas nas regulamentações nacionais, o livre acesso aos locais de trabalho, a possibilidade de tomar amostras e avaliar os ambientes de trabalho, a elaboração de análises de postos de trabalho e a participação em inquéritos e consultas às autoridades competentes, sobre a implementação de padrões de Saúde e Segurança no Trabalho nos locais de trabalho. Ênfase especial deveria ser dada aos dilemas éticos que podem emergir da tentativa de alcançar, de modo simultâneo, distintos objetivos que, eventualmente, competem entre si, como, por exemplo, a proteção do emprego e a proteção da saúde; o direito à informação e à confidencialidade e os conflitos entre os interesses individuais e os coletivos. As práticas de Saúde no Trabalho devem ser de acordo com os objetivos da Saúde no Trabalho que foram definidos pela OIT e OMS, em 1950, atualizados, em 1995, pelo Comitê Misto OIT/OMS, e que têm o seguinte enunciado. A Saúde no Trabalho deveria objetivar: a promoção e a manutenção do mais alto grau de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as profissões; a prevenção, entre os trabalhadores, dos desvios de saúde causados pelas condições de trabalho; a proteção dos trabalhadores, em seus 18 UNIDADE I │ CONCEITUAÇÕES IMPORTANTES empregos, dos riscos resultantes de fatores adversos à saúde; a colocação e a manutenção do trabalhador adaptadas às aptidões fisiológicas e psicológicas, em suma: a adaptação do trabalho ao homem e de cada homem a sua atividade. O principal foco da Saúde no Trabalho deve estar direcionado para três objetivos: a manutenção e a promoção da saúde dos trabalhadores e de sua capacidade de trabalho; o melhoramento das condições de trabalho, para que elas sejam compatíveis com a saúde e a segurança; o desenvolvimento de culturas empresariais e de organizações de trabalho que contribuam com a saúde e a segurança e promovam um clima social positivo, favorecendo a melhoria da produtividade das empresas. O conceito de cultura empresarial, nesse contexto, refere-se a sistemas de valores adotados por uma empresa específica. Na prática, ele se reflete nos sistemas e métodos de gestão, nas políticas de pessoal, nas políticas de participação, nas políticas de capacitação e treinamento e na gestão da qualidade. […] Tem sido crescentemente entendido que o propósito do exercício adequado da Saúde no Trabalho não é o de meramente realizar as avaliações de saúde e prover serviços, mas, sim, o de cuidar da saúde dos trabalhadores e de sua capacidade de trabalho, com a perspectiva de sua proteção, manutenção e promoção. Esse enfoque dos cuidados de saúde dos trabalhadores e de promoção da saúdeno trabalho direciona-se à saúde dos trabalhadores e suas necessidades sociais e humanas, de um modo abrangente e coerente, que inclui cuidados preventivos de saúde, promoção da saúde, atenção curativa, primeiros socorros, reabilitação e, quando apropriado, indenização, assim como as estratégias para a recuperação e a reintegração dos trabalhadores nos ambientes de trabalho. Do mesmo modo, também é crescente a compreensão sobre as inter-relações entre a Saúde no Trabalho, a Saúde Ambiental, a Gestão da Qualidade, a Segurança de Produtos e Serviços e a Saúde e Segurança Pública e Comunitária. Essa estratégia favorece o desenvolvimento dos sistemas de gestão da Saúde e Segurança no Trabalho, a ênfase na escolha de tecnologias limpas e de alianças entre quem produz e quem protege, no sentido de tornar o desenvolvimento sustentável, justo e socialmente útil e responsivo às necessidades humanas. Princípios básicos Os três parágrafos seguintes sumarizam os princípios éticos sobre os quais se baseia o Código Internacional de Ética dos Profissionais de Saúde no Trabalho. O propósito da Saúde no Trabalho é servir à saúde e ao bem-estar dos trabalhadores, individualmente e coletivamente. O exercício da Saúde no Trabalho deve ser realizado de acordo com os mais elevados padrões profissionais e princípios éticos. Os profissionais de Saúde no Trabalho devem contribuir para a saúde ambiental e comunitária. Os deveres dos profissionais de Saúde no Trabalho incluem a proteção da vida e da saúde do trabalhador, respeitando a dignidade humana e promovendo os mais elevados princípios éticos na implementação de políticas e programas de Saúde no Trabalho. A integridade na conduta profissional, a imparcialidade e a proteção da confidencialidade dos dados de saúde e a privacidade dos trabalhadores constituem parte desses deveres. 19 conceituações importantes │ uniDaDe i Os profissionais de Saúde no Trabalho são profissionais especializados que devem gozar ampla independência profissional no exercício de suas funções. Devem esses profissionais adquirir e manter a competência profissional necessária para desempenhar seus deveres, exigindo as condições que os permitam executar suas tarefas, de acordo com as boas práticas e com a ética profissional. […] deveres e obrigações dos profissionais de saúde no trabalho Conhecimento e expertise Os profissionais de Saúde no Trabalho devem esforçar-se continuamente para estar bem informados sobre o trabalho e os ambientes de trabalho, bem como para desenvolver sua própria competência e para permanecerem bem informados no conhecimento técnico-científico, no conhecimento sobre os fatores de risco ocupacionais e as medidas mais eficientes para eliminar ou minimizar os riscos relevantes. Como a ênfase deve ser na prevenção primária, definida em termos de políticas, design, escolha de tecnologias limpas, medidas de controle de engenharia e adaptação da organização do trabalho e dos locais de trabalho aos trabalhadores, os profissionais de Saúde no Trabalho devem, de modo regular e rotineiro, visitar os locais de trabalho e consultar os trabalhadores e a administração sobre o trabalho que está sendo realizado. desenvolvimento de uma política e de um programa Os profissionais de Saúde no Trabalho devem orientar os administradores da empresa e os trabalhadores sobre fatores de risco no trabalho, que podem afetar a saúde dos trabalhadores. A avaliação dos fatores de risco ocupacionais deve levar ao estabelecimento de uma política de saúde e segurança e de um programa de prevenção, adequado às necessidades das empresas e dos locais de trabalho. Os profissionais de Saúde no Trabalho devem propor tal política e programa, com base no conhecimento técnico e científico atualmente disponível, levando em conta também o próprio conhecimento dos trabalhadores a respeito da organização do trabalho e do meio ambiente de trabalho. Os profissionais de Saúde no Trabalho devem se assegurar de que têm as qualificações requeridas, ou devem garantir a disponibilização das competências requeridas, de modo tal que seja provida a correta orientação sobre os programas de prevenção, os quais deveriam incluir, quando apropriado, a vigilância e a gestão da segurança do trabalho e dos riscos para a saúde e, em caso de falha, as medidas para minimizar as consequências. […] Acompanhamento das medidas corretivas No caso de recusa ou má vontade da empresa em tomar as providências adequadas para remover uma condição de risco injustificável, ou de tomar uma medida remediadora diante de uma situação 20 UNIDADE I │ CONCEITUAÇÕES IMPORTANTES que representa perigo evidente à saúde ou à segurança, os profissionais de Saúde no Trabalho devem, o mais rapidamente possível, notificar, por escrito e de forma clara, sua preocupação aos dirigentes da empresa, na mais alta hierarquia possível, chamando a atenção para a necessidade de levar em conta o conhecimento técnico-científico, e de respeitar as normas de proteção da saúde, que incluem a consideração aos limites máximos de exposição permitida, salientando claramente as obrigações do empregador em proteger a saúde dos trabalhadores. Se necessário, os trabalhadores e suas organizações representativas devem também ser informados, e as autoridades competentes devem ser contatadas. […] informação sobre saúde e segurança no trabalho Os profissionais de Saúde no Trabalho devem contribuir para informar aos trabalhadores sobre riscos ocupacionais a que estão expostos, de uma maneira objetiva e facilmente compreensível, não omitindo nenhum fato e enfatizando as medidas de prevenção. […] Vigilância da saúde Os objetivos e os métodos da Saúde no Trabalho, assim como os procedimentos de vigilância da saúde devem ser claramente definidos, priorizando a adaptação dos locais de trabalho aos trabalhadores, os quais devem ser informados a respeito. A pertinência e a validade desses métodos e procedimentos devem ser avaliadas. A vigilância deve ser realizada com o consentimento informado dos trabalhadores. As consequências potencialmente positivas e negativas que podem advir de sua participação em programas de vigilância da saúde e da detecção precoce (screening) deveriam ser discutidas com os trabalhadores, como parte do processo de consentimento informado. A vigilância da saúde deve ser responsabilidade de um profissional de Saúde no Trabalho credenciado pela autoridade competente. […] informação ao trabalhador Os resultados dos exames realizados dentro do contexto de vigilância de saúde [na empresa] devem ser explicados aos trabalhadores envolvidos. […] informação ao empregador Os resultados dos exames prescritos pela legislação nacional ou por normas específicas devem ser transmitidos à administração da empresa, exclusivamente em termos da capacidade para o exercício da função pretendida, ou de contraindicações de ordem médica a determinadas condições 21 conceituações importantes │ uniDaDe i de trabalho e/ou exposições ocupacionais, elaborando, nesse caso, propostas de adaptação de tarefas e condições de trabalho às habilidades do trabalhador. Informações de caráter geral sobre a capacidade de trabalho, no que se refere às condições de saúde, ou sobre prováveis ou potenciais efeitos adversos sobre a saúde [do candidato] podem ser providas ao empregador, após o consentimento informado do trabalhador em questão, e apenas quando esse procedimento for necessário para garantir a proteção da saúde do trabalhador. danos a terceiros Quando o estado de saúde do trabalhador e a natureza do trabalho realizado oferecem perigo à segurança de terceiros, o trabalhador deve ser claramente informado sobre a situação. No caso de circunstâncias particularmente perigosas, a administração e, se assim previsto na legislação vigente, a autoridade competente, deve ser informada sobre as medidas necessárias para salvaguardar outras pessoas. Na orientação que vier a dar, o profissional de Saúde no Trabalhodeve tentar compatibilizar o emprego do trabalhador com a saúde e a segurança de outras pessoas suscetíveis aos perigos ou riscos. […] Promoção da saúde Quando engajados em atividades de educação para a saúde, promoção de saúde, detecção precoce de doenças (screening) e programas de Saúde Pública, os profissionais de Saúde no Trabalho devem buscar a participação tanto de empregadores quanto de trabalhadores, para o planejamento desses programas e para sua implementação. Devem também proteger a confidencialidade dos dados pessoais de saúde dos trabalhadores envolvidos e evitar que se faça mau uso deles. Proteção da comunidade e do meio ambiente Os profissionais de Saúde no Trabalho devem estar conscientes de seu papel na proteção da comunidade e do meio ambiente. Dentro do escopo de sua contribuição à Saúde Pública e à Saúde Ambiental, os profissionais de Saúde no Trabalho devem promover e participar, de forma apropriada, dos processos de identificação, avaliação e informação, desempenhando um papel de orientação e aconselhamento, visando a prevenir os riscos ocupacionais e ambientais decorrentes dos processos de trabalho ou das operações realizadas na empresa. […] Condições de execução das funções dos profissionais de saúde no trabalho Competência, integridade e imparcialidade Os profissionais de Saúde no Trabalho devem sempre agir, acima de tudo, no interesse da saúde e da segurança dos trabalhadores. Os profissionais de Saúde no Trabalho devem fundamentar 22 UNIDADE I │ CONCEITUAÇÕES IMPORTANTES seus julgamentos em bases científicas e com competência técnica, recorrendo, se necessário, ao assessoramento de especialistas ou consultores. Devem, também, abster-se de emitir qualquer juízo ou parecer ou realizar alguma atividade que possa comprometer a confiança em sua integridade e imparcialidade. independência profissional Os profissionais de Saúde no Trabalho devem conseguir e manter total independência profissional, observando, na execução de suas funções, as regras de confidencialidade. […] Equidade, não discriminação e comunicação Os profissionais de Saúde no Trabalho devem construir uma relação de confiança e de equidade com as pessoas para as quais prestam serviços profissionais. […] registros e arquivos de dados Os profissionais de Saúde no Trabalho devem manter, com o apropriado grau de confidencialidade, arquivos e registros que os ajudem na tarefa de identificar problemas de Saúde na empresa. […] informações de saúde de natureza coletiva Garantida a impossibilidade de identificação individual, dados e informações de saúde, de natureza coletiva ou populacional, podem ser fornecidos à administração da empresa, aos representantes dos trabalhadores no local de trabalho ou aos Comitês de Saúde Segurança (se existentes), com o propósito de ajudá-los em suas obrigações relativas à proteção da saúde e segurança dos trabalhadores. Acidentes do trabalho e doenças relacionadas ao trabalho devem ser notificados às autoridades competentes, de acordo com a legislação nacional pertinente. […] relações com profissionais de saúde Os profissionais de Saúde no Trabalho não devem buscar informações pessoais que não sejam relevantes para os propósitos da proteção da saúde dos trabalhadores, em sua relação com o trabalho. Entretanto, os médicos do trabalho podem buscar informação médica adicional ou informações registradas em prontuários do trabalhador que estejam com seu médico particular ou com o hospital onde costuma ser atendido, desde que haja o consentimento informado do trabalhador, e desde que o único propósito seja o de proteger a saúde desse trabalhador. 23 conceituações importantes │ uniDaDe i Combate a abusos Os profissionais de Saúde no Trabalho devem colaborar com outros profissionais de saúde na proteção da confidencialidade de dados de saúde e informações médicas concernentes aos trabalhadores. Ocorrendo problemas de particular importância, os profissionais de Saúde no Trabalho devem informar às autoridades competentes, sobre procedimentos ou práticas vigentes, que, em sua opinião, contrariam os princípios de ética estabelecidos neste Código. Isso diz respeito, de forma especial, à utilização inadequada ou abusiva de dados de Saúde no Trabalho, de dissimulação ou retenção de observações, de violação do segredo médico ou de uma proteção insuficiente de prontuários e arquivos médicos, especialmente no que concerne à informação inserida e armazenada em sistemas computadorizados de informação. relacionamento com outros atores sociais Os profissionais de Saúde no Trabalho devem promover a conscientização dos empregados e dos trabalhadores e seus representantes, sobre a necessidade e a importância da plena independência profissional, assim como da não interferência na confidencialidade médica, a fim de que se mantenha o respeito à dignidade humana e se aperfeiçoe a aceitação e a eficácia do exercício da Saúde no Trabalho. Promoção da ética e de auditorias profissionais Os profissionais de Saúde no Trabalho devem procurar o apoio e a cooperação dos empregadores, dos trabalhadores e seus representantes, assim como das autoridades competentes, para a implementação dos mais altos padrões de ética no exercício das profissões de Saúde no Trabalho. Os profissionais de Saúde no Trabalho devem instituir um programa de auditoria profissional de suas próprias atividades, a fim de garantir que esses padrões estejam sendo alcançados, e que em caso de existir alguma deficiência, ela possa ser detectada e corrigida, e que possam ser tomados os passos para garantir o melhoramento contínuo do desempenho profissional. 24 unidAdE iiLEgiSLAção E PrEVidênCiA CAPÍtuLo 1 Legislação brasileira A legislação brasileira em saúde ocupacional é extensa e traça as diretrizes dos cuidados que devem ser observados em relação à saúde dos trabalhadores. Os grandes balizadores dessa política encontram-se descritos nas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, cujos principais textos encontram-se transcritos abaixo do breve histórico da nossa legislação. A legislação no campo da saúde laboral brasileira evoluiu da seguinte maneira. 1890 – Primeira legislação sobre condições de trabalho industrial, criada através do Conselho de Saúde Pública. 1919 – Lei de Acidentes de Trabalho. 1920 – Indústria de fiação em São Paulo, contrata o que seria o primeiro médico de fábrica brasileiro. 1923 – Regulamento Sanitário Federal (Reforma Carlos Chagas) em que a higiene profissional e industrial seria incluída no âmbito da saúde pública; é criada a Inspetoria de Higiene e Segurança no Trabalho (1934), a qual, depois de várias mudanças de nome, é conhecida atualmente como Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SST/MTb). 1972 – Programa de Valorização do Trabalhador (Portaria no 3237), que levou as empresas a instalarem serviços médicos, conforme o grau de risco e o número de empregados. Iniciaram-se então cursos especializados ministrados pela Fundação Jorge Duprai Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) para a formação de Médicos do Trabalho. 1977 – Lei no 6.514 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que trata da segurança e da saúde dos trabalhadores; 1978 – Aprovação da Portaria no 3214 pelo Ministério do Trabalho com as 28 Normas Regulamentadoras (NR) relativas à segurança e à medicina do trabalho; em sua nova edição a NR-7 passou a ser denominada de Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO e a NR-9 – Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais – PPRA, em 1994, promulgadas pelo Mistério do Trabalho (Convenção no 161/85 da OIT). 25 LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA │ UNIDADE II 1999 – Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, Portaria MS no 1339, onde encontramos, no Capítulo 10, os Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho. É importante conhecer as várias situações previstas na Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, bem como os parâmetros nelas estabelecidaspara a prevenção do adoecimento no trabalho. Questões como mapeamento e controle dos riscos ambientais, programas de saúde ocupacional, normatização das questões de ergonomia, entre outros, estabelecem o formato das ações preventivas, discrimina responsabilidades e prevê sanções no caso de inobservância desses parâmetros tanto para o empregador quanto para o empregado. normas regulamentadoras (nr) do ministério do trabalho (mt)3 NR 1 – Estabelece as disposições gerais, discrimina e atribui responsabilidades aos órgãos governamentais fiscalizadores, aos empregadores e aos empregados. Atualizações dou Portaria SSMT no 06, de 09 de março de 1983 14/3/1983 Portaria SSMT no 03, de 07 de fevereiro de 1988 10/3/1988 Portaria SSST no 13, de 17 de setembro de 1993 21/9/1993 Portaria SIT no 84, de 04 de março de 2009 12/3/2009 nr1 – disposições gerais 1.1 As Normas Regulamentadoras – NR, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. (Alteração dada pela Portaria no 06, de 09/03/1983) 1.1.1 [...] 1.2 A observância das Normas Regulamentadoras – NR não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos estados ou municípios, e outras, oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho. (Alteração dada pela Portaria no 06, de 09/3/1983) 1.3 A Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho – SSST é o órgão de âmbito nacional competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a Segurança e 3 Aprovada pela Portaria MTB/GM no 3.214, de 8 de junho de 1978. 26 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA Medicina do Trabalho, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho – CANPAT, o Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT e ainda a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre Segurança e Medicina do Trabalho em todo o território nacional. (Alteração dada pela Portaria no 13, de 17/9/1993). 1.4 A Delegacia Regional do Trabalho – DRT, nos limites de sua jurisdição, é o órgão regional competente para executar as atividades relacionadas com a Segurança e Medicina do Trabalho, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção dos Acidentes do Trabalho – CANPAT, o Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT e ainda a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre Segurança e Medicina do Trabalho. (Alteração dada pela Portaria no 13, de 17/9/1993). 1.4.1 Compete, ainda, à Delegacia Regional do Trabalho – DRT ou à Delegacia do Trabalho Marítimo – DTM, nos limites de sua jurisdição: (Alteração dada pela Portaria no 06, de 09/3/1983) a. adotar medidas necessárias à fiel observância dos preceitos legais e regulamentares sobre Segurança e Medicina do Trabalho; b. impor as penalidades cabíveis por descumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; c. embargar obra, interditar estabelecimento, setor de serviço, canteiro de obra, frente de trabalho, locais de trabalho, máquinas e equipamentos; d. notificar as empresas, estipulando prazos, para eliminação e/ou neutralização de insalubridade; e. atender requisições judiciais para realização de perícias sobre Segurança e Medicina do Trabalho nas localidades onde não houver Médico do Trabalho ou Engenheiro de Segurança do Trabalho registrado no MT. 1.5 [...] 1.6 Para fins de aplicação das Normas Regulamentadoras – NR, considera-se: (Alteração dada pela Portaria no 06,de 09/3/1983). a. empregador, a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Equiparam-se ao empregador os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores como empregados; b. empregado, a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário; c. empresa, o estabelecimento ou o conjunto de estabelecimentos, canteiros de obra, frente de trabalho, locais de trabalho e outras, constituindo a organização de que se utiliza o empregador para atingir seus objetivos; 27 LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA │ UNIDADE II d. estabelecimento, cada uma das unidades da empresa, funcionando em lugares diferentes, tais como: fábrica, refinaria, usina, escritório, loja, oficina, depósito, laboratório; e. setor de serviço, a menor unidade administrativa ou operacional compreendida no mesmo estabelecimento; f. canteiro de obra, a área do trabalho fixa e temporária, em que se desenvolvem operações de apoio e execução à construção, à demolição ou ao reparo de uma obra; g. frente de trabalho, a área de trabalho móvel e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução à construção, à demolição ou ao reparo de uma obra; h. local de trabalho, a área onde são executados os trabalhos. 1.6.1 [...] 1.6.2 [...] 1.7 Cabe ao empregador: (Alteração dada pela Portaria no 06, de 09/3/1983) a. cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre Segurança e Medicina do Trabalho; b. elaborar ordens de serviço sobre Segurança e Saúde no Trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos; (Alteração dada pela Portaria no 84, de 04/3/2009) c. informar aos trabalhadores: (Alteração dada pela Portaria no 03, de 07/02/1988) I – os riscos profissionais que possam se originar nos locais de trabalho; II – os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; III – os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV – os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho. d. permitiu que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre Segurança e Medicina do Trabalho. (1001.004.2/2011) e determina os procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doença relacionada ao trabalho. (Redação dada pela Portaria SIT no 84/2009). 1.8 Cabe ao empregado: (Alteração dada pela Portaria no 06, de 09/3/1983) a. cumprir as disposições legais e regulamentares sobre Segurança e Saúde do Trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador; (Alteração dada pela Portaria no 84, de 04/3/2009) 28 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA b. usar o EPI fornecido pelo empregador; c. submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras – NR; d. colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras – NR. [...] nr 2 – inspeção prévia Atualizações dou Portaria SSMT no 06, de 09 de março de 1983 14/3/1983 Portaria SSMT no 35, de 28 de dezembro de 1983 29/12/1983 2.1 Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, deverá solicitar aprovação de suas instalações ao órgão regional do MT. (Alteração dada pela Portaria no 35, de 28/12/1983) [...] 2.6 A inspeção prévia e a declaração de instalações, referidas nos itens 2.1 e 2.3, constituem os elementos capazes de assegurar que o novo estabelecimento inicie suas atividades livre de riscos de acidentes e/ou de doenças do trabalho, razão pela qual o estabelecimento que não atender ao disposto naqueles itens fica sujeito ao impedimento de seu funcionamento, conforme estabelece o art. 160 da CLT, até que seja cumprida a exigência deste artigo. (Alteração dada pela Portaria no 35, de 28/12/1983) nr 3 – Embargo ou interdição Atualizações dou Portaria SSMT no 06, de 09 de março de 1983 14/3/1983. Portaria SIT no 199, de 17 de janeiro de 2011 19/01/2011. (Redação dadapela Portaria SIT no 199, de 17/01/2011). 3.1 Embargo e interdição são medidas de urgência, adotadas a partir da constatação de situação de trabalho que caracterize risco grave e iminente ao trabalhador. 3.1.1 Considera-se grave e iminente risco toda condição ou situação de trabalho que possa causar acidente ou doença relacionada ao trabalho com lesão grave à integridade física do trabalhador. 3.2 A interdição implica a paralisação total ou parcial do estabelecimento, do setor de serviço, da máquina ou do equipamento. 29 LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA │ UNIDADE II 3.3 O embargo implica a paralisação total ou parcial da obra. 3.3.1 Considera-se obra todo e qualquer serviço de engenharia de construção, de montagem, de instalação, de manutenção ou reforma. 3.4 Durante a vigência da interdição ou do embargo, podem ser desenvolvidas atividades necessárias à correção da situação de grave e iminente risco, desde que adotadas medidas de proteção adequadas dos trabalhadores envolvidos. 3.5 Durante a paralisação decorrente da imposição de interdição ou embargo, os empregados devem receber os salários como se estivessem em efetivo exercício. nr 4 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho Alterações/Atualizações dou Portaria SSMT no 33, de 27 de outubro de 1983 31/10/1983. Portaria SSMT no 34, de 20 de dezembro de 1983 29/12/1983. Portaria SSMT no 34, de 11 de dezembro de 1987 16/12/1987. Portaria DSST no 11, de 17 de setembro de 1990 20/09/1990. Portaria DSST no 04, de 08 de outubro de 1991 10/10/1991. Portaria SNT no 04, de 06 de fevereiro de 1992 10/02/1992. Portaria SSST no 08, de 01 de junho de 1993 03/6/1993. Portaria SSST no 01, de 12 de maio de 1995 25/5/1995. Portaria SIT no 17, de 01 de agosto de 2007 02/8/2007. Portaria SIT no 76, de 21 de novembro de 2008 25/11/2008. Portaria SIT no 128, de 11 de dezembro de 2009 14/12/2009. 4.1 As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, manterão, obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. (Alterado pela Portaria SSMT no 33, de 27 de outubro de 1983). 4.2 O dimensionamento dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados 30 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA do estabelecimento, constantes dos Quadros I e II, anexos, observadas as exceções previstas nesta NR. (Alterado pela Portaria SSMT no 33, de 27 de outubro de 1983). […] 4.12 Compete aos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho: (Alterado pela Portaria SSMT no 33, de 27 de outubro de 1983) a. aplicar os conhecimentos de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador; b. determinar, quando esgotados, todos os meios conhecidos para a eliminação do risco e se este persistir, mesmo reduzido, a utilização, pelo trabalhador, de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, de acordo com o que determina a NR 6, desde que a concentração, a intensidade ou característica do agente assim o exija; c. colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas da empresa, exercendo a competência disposta na alínea “a”; d. responsabilizar-se, tecnicamente, pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas NR, aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos; e. manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la, conforme dispõe a NR 5; f. promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e de doenças ocupacionais, tanto através de campanhas quanto de programas de duração permanente; g. esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção; h. analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes ocorridos na empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença ocupacional, descrevendo a história e as características do acidente e/ou da doença ocupacional, os fatores ambientais, as características do agente e as condições do(s) indivíduo(s) portador(es) de doença ocupacional ou acidentado(s); i. registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, as doenças ocupacionais e agentes de insalubridade, preenchendo, no mínimo, os quesitos descritos nos modelos de mapas constantes nos Quadros III, IV, V e VI, devendo a empresa encaminhar um mapa contendo avaliação anual dos mesmos dados à Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho até o dia 31 de janeiro, através do órgão regional do MT; 31 LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA │ UNIDADE II j. manter os registros de que tratam as alíneas “h” e “i” na sede dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ou facilmente alcançáveis a partir dela, sendo de livre escolha da empresa o método de arquivamento e recuperação, desde que sejam asseguradas condições de acesso aos registros e entendimento de seu conteúdo, devendo ser guardados somente os mapas anuais dos dados correspondentes às alíneas “h” e “i” por um período não inferior a 5 (cinco) anos; k. as atividades dos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho são essencialmente prevencionistas, embora não seja vedado o atendimento de emergência, quando se tornar necessário. Entretanto, a elaboração de planos de controle de efeitos de catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao combate a incêndios e ao salvamento e de imediata atenção à vítima desse ou de qualquer outro tipo de acidente estão incluídos em suas atividades. [...] 4.14 As empresas cujos estabelecimentos não se enquadrem no Quadro II, anexo a esta NR, poderão dar assistência na área de Segurança e Medicina do Trabalho a seus empregados através de Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho comuns, organizados pelo sindicato ou associação da categoria econômica correspondente ou pelas próprias empresas interessadas. (Alterado pela Portaria SSMT no 33, de 27 de outubro de 1983) 4.14.1 A manutenção desses Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho deverá ser feita pelas empresas usuárias, que participarão das despesas em proporção ao número de empregados de cada uma. (Alterado pela Portaria SSMT no 33, de 27 de outubro de 1983) [...] As empresas cujos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho não possuam médico do trabalho e/ou Engenheiro de Segurança do Trabalho, de acordo com o Quadro II desta NR, poderão se utilizar dos serviços desses profissionais existentes nos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho mencionados no item 4.14 e subitem 4.14.1 ou no item 4.15, para atendimento do disposto nas Normas Regulamentadoras. (Alterado pela Portaria SSMT no 33, de 27 de outubro de 1983) 4.16.1 O ônus decorrente dessa utilização caberá à empresa solicitante. (Alterado pela Portaria SSMT no 33, de 27 de outubro de 1983) 4.17 Os serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho de que trata esta NR deverão ser registrados no órgão regional do MTb. (Alterado pela Portaria SSMT no 33, de 27 de outubro de1983) 32 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃOE PREVIDÊNCIA nr 5 – Comissão interna de prevenção de acidentes Alterações/Atualizações dou Portaria SSMT no 33, de 27 de outubro de 1983 – Rep. 31/10/1983. Portaria SSST no 25, de 29 de dezembro de 1994 – Rep. 15/12/1995. Portaria SSST no 08, de 23 de fevereiro de 1999 – Rep. 10/5/1999. Portaria SSST no 15, de 26 de fevereiro de 1999 – Rep. 01/3/1999. Portaria SSST no 24, de 27 de maio de 1999 – Rep. 28/5/1999. Portaria SSST no 25, de 27 de maio de 1999 – Rep. 28/5/1999. Portaria SSST no 16, de 10 de maio de 2001 – Rep. 11/5/2001. Portaria SIT no 14, de 21 de junho de 2007 – Rep. 26/6/2007. (Texto dado pela Portaria SSST no 08, de 23 de fevereiro de 1999). do objetivo 5.1 A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – tem por objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. da constituição 5.2 Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as empresas privadas e públicas, as sociedades de economia mista, os órgãos da administração direta e indireta, as instituições beneficentes, as associações recreativas, as cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados. 5.3 As disposições contidas nesta NR aplicam-se, no que couber, aos trabalhadores avulsos e às entidades que lhes tomem serviços, observadas as disposições estabelecidas em Normas Regulamentadoras de setores econômicos específicos. 5.4 A empresa que possuir, em um mesmo município dois ou mais estabelecimentos, deverá garantir a integração das CIPAs e dos designados, conforme o caso, com o objetivo de harmonizar as políticas de segurança e saúde no trabalho. 5.5 As empresas instaladas em centro comercial ou industrial estabelecerão, através de membros de CIPAs ou designados, mecanismos de integração com objetivo de promover o desenvolvimento de ações de prevenção de acidentes e de doenças decorrentes do ambiente e instalações de uso coletivo, podendo contar com a participação da administração dele. [...] 33 LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA │ UNIDADE II das atribuições 5.16 A CIPA terá por atribuição: a. identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver; b. elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; c. participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho; d. realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando à identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; e. realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas; f. divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho; g. participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e no processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores; h. requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; i. colaborar no desenvolvimento e na implementação do PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados à Segurança e Saúde no Trabalho; j. divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à Segurança e Saúde no Trabalho; k. participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e dos acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados; l. requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e na saúde dos trabalhadores; m. requisitar à empresa as cópias das CATs emitidas; n. promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT; o. participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS. 34 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA 5.17 Cabe ao empregador proporcionar aos membros da CIPA os meios necessários ao desempenho de suas atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas constantes do plano de trabalho. Cabe aos empregados: a. participar da eleição de seus representantes; b. colaborar com a gestão da CIPA; c. indicar à CIPA, ao SESMT e ao empregador situações de riscos e apresentar sugestões para melhoria das condições de trabalho; d. observar e aplicar, no ambiente de trabalho, as recomendações quanto à prevenção de acidentes e de doenças decorrentes do trabalho. 5.19 Cabe ao Presidente da CIPA: a. convocar os membros para as reuniões da CIPA; b. coordenar as reuniões da CIPA, encaminhando ao empregador e ao SESMT, quando houver, as decisões da comissão; c. manter o empregador informado sobre os trabalhos da CIPA; d. coordenar e supervisionar as atividades de secretaria; e. delegar atribuições ao Vice-Presidente. [...] nr 6 – Equipamento de Proteção individual – EPi Alterações/Atualizações dou Portaria SSMT no 05, de 07 de maio de 1982 – 17/5/1982. Portaria SSMT no 06, de 09 de março de 1983 – 14/3/1983. Portaria DSST no 05, de 28 de outubro de 1991 – 30/10/1991. Portaria DSST no 03, de 20 de fevereiro de 1992 – 21/02/1992. Portaria DSST no 02, de 20 de maio de 1992 – 21/5/1992. Portaria DNSST no 06, de 19 de agosto de 1992 – 20/08/1992. Portaria SSST no 26, de 29 de dezembro de 1994 – 30/12/1994. Portaria SIT no 25, de 15 de outubro de 2001 – 17/10/2001. Portaria SIT no 48, de 25 de março de 2003 – 28/3/2004. 35 LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA │ UNIDADE II Portaria SIT no 108, de 30 de dezembro de 2004 – 10/12/2004. Portaria SIT no 191, de 04 de dezembro de 2006 – 06/12/2006. Portaria SIT no 194, de 22 de dezembro de 2006 – 22/12/2006. Portaria SIT no 107, de 25 de agosto de 2009 – 27/8/2009. Portaria SIT no 125, de 12 de novembro de 2009 – 13/11/2009. Portaria SIT no 194, de 07 de dezembro de 2010 – 08/12/2010. (Texto dado pela Portaria SIT no 25, de 15 de outubro de 2001). 6.1 Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora – NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. 6.1.1 Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção Individual todo aquele composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a Segurança e a Saúde no Trabalho. 6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado, com a indicação do Certificado de Aprovação – CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. 6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: a. sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; b. enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; c. para atender a situações de emergência. 6.4 Atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional, e observado o disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer aos trabalhadores os EPI adequados, de acordo com o disposto no ANEXOI desta NR. [...] 6.6 Responsabilidades do empregador. (Alterado pela Portaria SIT n.º 194, de 07 de dezembro de 2010) 6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI : a. adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b. exigir seu uso; 36 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA c. fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d. orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e. substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; f. responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; g. comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. h. registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. (Inserida pela Portaria SIT no 107, de 25 de agosto de 2009). 6.7 Responsabilidades do trabalhador. (Alterado pela Portaria SIT no 194, de 07 de dezembro de 2010) 6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI: a. usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b. responsabilizar-se pela guarda e conservação; c. comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; d. cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. 6.8 Responsabilidades de fabricantes e/ou importadores. (Alterado pela Portaria SIT no 194, de 07 de dezembro de 2010) 6.8.1 O fabricante nacional ou o importador deverá: a. cadastrar-se junto ao órgão nacional competente em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho; (Alterado pela Portaria SIT no 194, de 07 de dezembro de 2010) b. solicitar a emissão do CA; (Alterado pela Portaria SIT no 194, de 07 de dezembro de 2010) c. solicitar a renovação do CA quando vencido o prazo de validade estipulado pelo órgão nacional competente em matéria de Segurança e Saúde do Trabalho; (Alterado pela Portaria SIT no 194, de 07 de dezembro de 2010) d. requerer novo CA quando houver alteração das especificações do equipamento aprovado; (Alterado pela Portaria SIT no 194, de 07 de dezembro de 2010) e. responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu origem ao Certificado de Aprovação – CA; f. comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de CA; 37 LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA │ UNIDADE II g. comunicar ao órgão nacional competente em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho quaisquer alterações dos dados cadastrais fornecidos; h. comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, orientando sua utilização, manutenção, restrição e demais referências ao seu uso; i. fazer constar do EPI o número do lote de fabricação; j. providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do SINMETRO, quando for o caso; k. fornecer as informações referentes aos processos de limpeza e higienização de seus EPI, indicando quando for o caso, o número de higienizações acima do qual é necessário proceder à revisão ou à substituição do equipamento, a fim de garantir que mantenham as características de proteção original. (Inserido pela Portaria SIT no 194, de 07 de dezembro de 2010) [...] Anexo i Lista de equipamentos de proteção individual (Alterado pela Portaria SIT no 194, de 07 de dezembro de 2010) A – EPI para proteção da cabeça [...] B – EPI para proteção dos olhos e face [...] C – EPI para proteção auditiva [...] D – EPI para proteção respiratória [...] E – EPI para proteção do tronco [...] F – EPI para proteção dos membros superiores [...] G – EPI para proteção dos membros inferiores [...] 38 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA H – EPI para proteção do corpo inteiro [...] I – EPI para proteção contra quedas com diferença de nível [...] nr 7 – Programa de controle médico de saúde ocupacional Alterações/Atualizações dou Portaria SSMT no 12, de 06 de junho de 1983 – 14/6/1983. Portaria MTPS no 3.720, de 31 de outubro de 1990 – 01/11/1990. Portaria SSST no 24, de 29 de dezembro de 1994 – 30/12/1990. Portaria SSST no 08, de 08 de maio de 1996 – 09/5/1996. Portaria SSST no 19, de 09 de abril de 1998 – 22/4/1998. (Texto dado pela Portaria SSST no 24, de 29 de dezembro de 1994). 7.1 Do objeto 7.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. 7.1.2 Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na execução do PCMSO, podendo eles serem ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. 7.1.3 Caberá à empresa contratante de mão de obra prestadora de serviços informar a empresa contratada dos riscos existentes e auxiliar na elaboração e implementação do PCMSO nos locais de trabalho onde os serviços estão sendo prestados. (Alterado pela Portaria no 8, de 05 de maio de 1996) 7.2 Das diretrizes 7.2.1 O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR. 7.2.2 O PCMSO deverá considerar as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando o instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da relação entre sua saúde e o trabalho. 39 LEGISLAÇÃO E PREVIDÊNCIA │ UNIDADE II 7.2.3 O PCMSO deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. 7.2.4 O PCMSO deverá ser planejado e implantado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente os identificados nas avaliações previstas nas demais NR. 7.3 Das responsabilidades 7.3.1 Compete ao empregador: a. garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia; b. custear sem ônus para o empregado todos os procedimentos relacionados ao PCMSO; (Alterada pela Portaria no 8, de 05 de maio de 1996) c. indicar, entre os médicos dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho –SESMT, da empresa, um coordenador responsável pela execução do PCMSO; d. no caso de a empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho, de acordo com a NR 4, deverá o empregador indicar médico do trabalho, empregado ou não da empresa, para coordenar o PCMSO; e. inexistindo médico do trabalho na localidade, o empregador poderá contratar médico de outra especialidade para coordenar o PCMSO. 7.3.1.1 Ficam desobrigadas de indicar médico coordenador as empresas de grau de risco 1 e 2, segundo o Quadro 1 da NR 4, com até 25 (vinte e cinto) empregados e aquelas de grau de risco 3 e 4, segundo o Quadro 1 da NR 4, com até 10 (dez) empregados. (Alterado pela Portaria no 8, de 05 de maio de 1996) 7.3.1.1.1 As empresas com mais de 25 (vinte e cinco) empregados e até 50 (cinquenta) empregados, enquadradas no grau de risco 1 ou 2, segundo o Quadro 1 da NR 4, poderão estar desobrigadas de indicar médico coordenador em decorrência de negociação coletiva. (Alterado pela Portaria no 8, de 05 de maio de 1996) 7.3.1.1.2 As empresas com mais de 10 (dez) empregados e com até 20 (vinte) empregados, enquadradas no grau de risco 3 ou 4, segundo o Quadro 1 da NR 4, poderão estar desobrigadas de indicar médico do trabalho coordenador, em decorrência de negociação coletiva, assistida por profissional do órgão regional competente em segurança e saúde no trabalho. (Alterado pela Portaria no 8, de 05 de maio de 1996) 7.3.1.1.3 Por determinação do Delegado Regional do Trabalho, com base no parecer técnico conclusivo da autoridade regional competente em matéria de Segurança e Saúde do Trabalhador, ou em decorrência de negociação coletiva, as empresas previstas no item 7.3.1.1 e subitens anteriores poderão ter a obrigatoriedade de indicação de
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