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Desenvolvimento Emocional em Winnicott

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Slide 1: desenvolvimento emocional, ambiente facilitador, mãe suficientemente boa, processo maturacional, da dependência à independência
- Winnicott tudo começa muito mais cedo, o bebê já recebe toda a projeção no útero da mãe, desde o início da gestação, já iniciando a introjeção dessa carga de projeção; para ele isso já reflete nas primeiras semanas de vida do bebê. 
- Todo contexto de sua teoria tem uma base médica, ele consegue ver um desenvolvimento fisiológico e emocional. A teoria de Winnicott é baseada nos processos MATURACIONAIS, ligados aos aspectos fisiológicos do desenvolvimento e em paralelo com o desenvolvimento psíquico.
- Ele considera também o ambiente; ele é de extrema formação e desenvolvimento para o nosso psiquismo. Para ele o mundo, a mãe, é que tem que se adaptar ao bebê. Ele fala da saúde mental do ponto de vista coletivo. Tudo depende de todo mundo, a saúde mental é coletiva. A saúde mental do bebê dependerá de todas as pessoas envolvidas (no núcleo familiar). Dentro desse ambiente suficientemente bom é que ele destrinchará toda sua teoria. 
Seu marco foi as experiencias na guerra.
- Propôs o Midle Group (grupo do meio).
- O que mais chamou a atenção de Winnicott em relação a Melanie Klein foi a caixa lúdica. 
- Klein e Winnicott: o desenvolvimento emocional do indivíduo, as desestruturas emocionais, as psiques, as doenças, se iniciam muito antes do complexo de édipo; para Klein nos primeiros meses de vida; para Winnicot, inclusive as neuroses, psicoses, psicossomáticas, anti-sociais, dão início no útero. 
- Impulsos pré genitais esta antes da fase da descoberta do corpo. A criança começa a se descobrir muito cedo.
- Valoriza a posição Depressiva, estar deprimido é muito bom. É importante. É uma conquista! É um salto no seu desenvolvimento, é reconhecer o outro. Faz com que restituímos e reparemos alguma situação com a pessoa.
A chegada a este estágio (p. depressiva) está associada com ideias de restituição e reparação, e na verdade o ser humano não pode aceitar as ideias destrutivas e agressivas em sua própria natureza sem a experiência da reparação, e por isso a presença continuada do objeto de amor é necessária nesse estágio, já que só assim há uma oportunidade de reparação.
- Para eu reconhecer o outro, o outro tem que estar vivo dentro de mim. Preciso ter afeto pela pessoa. Relacionado a ideias de reparação e restituição, assim consigo perdoar e reparar com a pessoa. Para isso acontecer o objeto de amor tem que estar vivo dentro de mim.
- Winnicott valorizava a teoria Kleiniana, sobretudo no que se refere à posição esquizo-paranóide com seus mecanismos do medo de retaliação e a cisão (splitting) do objeto “bom” e “mau”; se não há uma criação suficientemente boa então o resultado é o caos, mais do que o medo de retaliação e o splitting.
- Splitting: É a divisão entre bem e mau, bom e ruim. É como a cisão de Klein. O bebê não tem o entendimento da mãe, não consegue enxergar a mesma mãe que nutre com a mãe que falha. Ele tem medo de ser punido. Mecanismo de defesa do medo e da retaliação.
- Winnicott pôde estruturar sua clínica apoiado em vários conceitos kleinianos, valorizando: Os conflitos e ansiedades infantis e defesas primitivas; A teoria da reação depressiva e na teoria de alguns estados caracterizados por expectativa persecutória; O conceito de relacionamento a duas pessoas – lactente e mãe -, na posição depressiva, diferentemente do relacionamento a três pessoas, característico do Complexo de Édipo freudiano.
Slide 2: desenvolvimento emocional, ambiente facilitador, mãe suficientemente boa, processo maturacional, da dependência à independência
- Saúde Mental: Tudo é o ambiente (pais), satisfatório e capaz de conter/aplacar as ansiedades, tendencia inata no sentido da integração e crescimento, dependência relativa da provisão ambiental: 
* Capacidade dos pais de oferecer cuidado;
* Capacidade da criança em receber cuidado;
* Provisão das necessidades físicas e emocionais;
* Tendência inata para integração e crescimento.
- Vindo de dentro da criança para que ela se desenvolva de forma equilibrada, coerente, psíquica e fisiologicamente bem. Quando a criança é podada, castrada, reprimida, isso pode destrui-la.
- A frustração para o bebê é muito boa, mas a mãe tem que ter o olhar sensível para prover àquilo que o bebê e ela são capazes de suportar. Pois se for algo superior as capacidades dele de suportar, ele pode adoecer. 
- É necessário que exista uma identificação entre mãe e bebê. Essa identificação só ocorrerá se a mãe for suficientemente boa. O bebê se torna um sujeito subjetivo quando olha a mãe e ela se olha refletida nele. É através dessa identificação que eles se comunicam, que a mãe saberá do que ele precisa e quando precisa em relação as necessidades vitais.
- Quando ocorre a ausência acima do tempo que ele pode suportar, essa mãe acaba morrendo dentro dele, havendo uma grande tendencia de que ele se torne uma pessoa anti-social. Pois as relações objetais foram interrompidas antes que o bebê tivesse concluído a construção dessa relação. Na tentativa de a criança preencher esse vazio, poderá haver tendência ao furto (poderá ser capacidade cognitiva, comportamental etc.); é como se ele estivesse reivindicando àquilo que lhe foi tirado.
Desenvolvimento emocional primitivo: começa bem cedo, é o desenvolvimento inicial, é assim que começamos a nos desenvolver como ser humano e emocionalmente para Winnicott. Não é inato e não acontece do nada, isso vai acontecendo e depende do ambiente. Tudo ao mesmo tempo, quando integralizado todos, não perdemos mais:
· Integração: noção de tempo e espaço no mundo. 
· Personalização: Ter a noção que existo no meu próprio corpo. É me identificar quanto pessoa, no meu próprio corpo. 
· Realização: Relacionada ao mundo real, ao mundo concreto, fora da fantasia e imaginação. Algo que realmente existe e não é fantasioso. 
- Pode acontecer uma NÃO INTEGRAÇÃO PRIMÁRIA, é quando acontece uma falha no desenvolvimento primitivo e nos processos de integração, personalização e realização. Ocorre muito no início da vida da criança. É quando a pessoa não desenvolveu bem em algum desses processos ou em todos eles. Se não ocorreu essa integração primária, não ocorreu, não fica alternando entre uma e outra. Podemos observar nos casos de: Psicose, autismo (transtorno do neurodesenvolvimento), patologia da propriocepção (quando a pessoa não tem noção de tempo e espaço) e Depressões graves. 
- Desintegração (Despersonalização) – fenômeno psicótico: relacionado ao retardamento da personalização no início da vida. Pessoa que não se reconhece, não se vê, sentir-se sem controle sobre o que fala e faz. A pessoa não tem personalidade. Se dá no início da vida quando não tem o ambiente suficientemente bom, acolhedor.
- Dissociação: mecanismo de defesa. Romper, afastar da realidade, tanto na fisiologia quanto no mental, busco outra “forma” para viver àquilo. Não é ruim. Ocorre tanto no neurótico quanto no psicótico. Neurótico: sabe que existe violência na rua, mas eu sei que não acontecerá nada comigo; sublima-se para outra coisa positiva; porém toma-se mais cuidado, usa-se mecanismos de defesa como mais cautela. Psicótico: não suporta a realidade e cria um outro mundo como mecanismo de defesa, para sua sobrevivência. O bebê faz a dissociação através do sono, ele não reconhece de forma consciente que ele é o mesmo que sente prazer quando cuidado e raiva quando privado no momento seguinte, ele ainda não está desenvolvido mentalmente para saber disso (splitting), ele não se vê uno; é um mecanismo de defesa e ele se defenderá desse problema através do sonho (sonhar dissociação do real). Para me defender do caos do mundo eu sonho, sonho que pinto a parede da escola, sonho que coloco uma bomba no meio da cidade, assim como sem sonhar, através da arte, eu posso mesmo pintar a parede da escola, ou um quadro, de forma artística, pois através da arte eu consigo sublimar e viver o caos do mundo.
- Concernimento (Ruthless): capacidade de perceber a dor ou sofrimentodo outro; assim como de ter interesse pelo bem-estar do outro. 
- Sem Concernimento: ausência de compaixão, falta de se colocar no lugar do outro. A mãe tem que ser suficientemente boa para acolher, suportar o estado de não Concernimento (Ruthless) para então que ele tenha possibilidade de se desenvolver de forma sadia; caso ela não suporte, isso pode dar origem a outros estados como psicoses/autismo, é como se essa agressividade voltasse para o bebê.
Slide 3: objetos transicionais e fenômenos transicionais,
Agressividade e tendência Antissocial
- Objetos Transicionais (fenômenos transicionais): período de transição, é paradoxal, faz uma ponte dessa transição da fantasia para o real, antecede a realidade antes dele viver a realidade, passando da fantasia para o concreto; tendo um ambiente facilitador e suficientemente bom. Representa o seio ou o primeiro objeto de amor; acontece na consolidação do teste da realidade; o bebe passa de um controle onipotente (mágico) para controle por manipulação (real). Ele será uma ponte para o desenvolvimento do bebê, é recheado e repleto de sentimentos e significados, repleto de simbolismo, podendo simbolizar o amor que ele recebe da mãe; fase em que tem uma mãe viva dentro do bebê, e esse objeto tem que ser validado pela mãe (tutor). O bebê só pode ser desiludido se ele for iludido. Será uma ponte para a vida adulta.
- Ele só consegue fazer esse processo se o objeto está vivo dentro dele e é bom, saudável, acolhedor, gostoso, ter uma boa identificação com a mãe. Para ser vivo dentro do bebê/criança, dependerá de como é a relação com o externo (a relação com o pai, a mãe). O que está dentro depende do que está fora. 
- Se a mãe está morta dentro dele, o objeto transicional será o medo do abandono, um vazio, e será de forma falhada, perdendo o sentido real. O desespero de se encontrar abandonado cria o objeto transicional. Perdendo seu real significado e o sentido de fato do objeto transicional. Não sendo saudável para passar bem, de forma coerente e equilibrada para a fase adulta, carregando esse vazio (Patologia da carência e apego na fase adulta).
- Ilusão e Desilusão: o bebê acha que ele é onipotente e acredita que o seio é dele, é parte dele, que tudo está a seu dispor. O bebê pensa que tem o controle mágico. A tarefa da mãe será futuramente de desiludir o bebê. O bebê só poderá ser desiludido se ele for iludido pela mãe. Aos poucos a mãe fara a desilusão nele, através das falhas, a frustração, conforme for possível para ele suportar, de forma gradativa. 
- Agressividade e seus Estágios:
 * Inicial: Pré-Integração; Propósito sem piedade (pre-conscernimento)
 * Intermediário: Integração; Propósito com piedade (Conscernimento); culpa
 * Personalidade Total: Relações Interpessoais; Situações Triangulares; Conflitos, conscientes e inconscientes (Conscernimento)
- Concernimento e posição depressiva: a criança já está com ego estruturado e consegue ter Concernimento.
- Saudável X Patológico: quando o ambiente/pessoa não recebe a reparação, essa rejeição, negação, volta para a criança. Na saúde a criança consegue dar conta da culpa e é capaz de conseguir reparar, assim uma boa parte da agressividade se forma em funções sociais. Quando ela se sente rejeitada, essa agressividade se volta para ela.
- De-Privação: é quando a criança tem tudo e é retirado, perda de algo bom, positivo para a pessoa. Algo existiu e se ausentou (é diferente de vazio, pois neste caso existiu). Pode ser o tempo de mamar, foi retirado por um tempo maior do que ela possa suportar. É caracterizado como traumático (experiencia excessiva ao qual o aparato psíquico não suporta).
Slide 4: falso e verdadeiro self
- Falso e Verdadeiro Self: não são nem mau, nem bonito, eles se coabitam e está tudo bem. Ver o contexto e como esses selfs são criados. Primeiras relações objetais. O bebê ainda está se construindo com a mãe e vai depender do que essa mãe oferecerá para esse bebê. Só o ambiente modula.
- No início da vida é importante fortalecer o ego e criar um self verdadeiro. A capacidade da mãe ser suficientemente boa proporcionará através da identificação, acolhimento, a validação, ambiente saudável, no qual a criança possa ser ela mesma, existindo e não reagindo (mecanicamente); contribuirá para o desenvolvimento do verdadeiro self. 
- Falso self: mecânico, a pessoa morre fisicamente, adoecimento, não ser você mesmo. Excesso do outro dentro de vc. É uma pessoa tão submissa que é anulada. É quando o bebê é muito polido, castrado e não pode ser ele nunca. É a mãe que manda e desmanda o filho, e o bebê vai cada vez mais sendo submisso à mãe, deixando de ser ele mesmo. Produz o que o ambiente solicita, mas não é autêntico. Não é ausência de objeto transicional, mas o adoecimento físico. Uma mãe não suficientemente boa, faz com que o bebê seja submisso a ela; ela não é capaz de complementar a onipotência do bebê. Pode ter ou não, objeto transacional, que pode ser a religião por exemplo.
- Self verdadeiro: gesto espontâneo do bebê são indícios do seu verdadeiro self, se ele for podado aqui, já começa a podar quem ele é verdadeiramente. Fortalecimento do Ego e da autonomia do bebê.
- Falha na maternagem – Verdadeiro self inadaptado (doente) – Submissão ao ambiente (imitação) = Prevalência do Falso Self
Slide 5: transferência e contratransferência, continência e limites do setting
- No setting: simbolizar é quando o paciente consegue simbolizar (dar significado, identificar, representar. Tira do concreto para o simbólico, sabe transformar sua queixa em palavra, sentido, conexão com a dor, outro sentido) o que ele sente, ele nomeia e depois do sentido, isso é indicativo de amadurecimento. Quando ele começa a simbolizar ele dá nome para o que ele sente. A linguagem é um símbolo, ajudamos o paciente quando ele consegue nomear o que sente.
- Neurose de transferência: o paciente vai atacar, manipular o terapeuta. É caracteristicamente derivada do ID (impulsivo, neurótico). Se comportará com o analista como se fosse a pessoa que o paciente está projetando no analista, percebendo isso o analista atuará com o paciente, o analista tem que ser suficientemente bom no processo transferencial para receber esse ataque para através dessa dinâmica o paciente traga do inconsciente para o consciente. E o analista se adapta ao paciente. 
- Interpreta a Transferência e também: 1 Elementos instintivos inconscientes; 
2 Conflitos; 3 Defesas.
DISCURSSIVA:
- Self verdadeiro e falso: Não é bom e nem ruim, no início da vida.
* Verdadeiro: é importante para fortalecer o ego através de uma mãe suficientemente boa, que proporcionará através da identificação, acolhimento, validação e ambiente saudável, onde o bebê possa ser ele mesma, emitindo gestos espontâneos.
* Falso: mecânica, não tem gestos espontâneos, morre fisicamente, é o excesso do outro dentro de você. Pessoa tão submissa que é anulada. Bebe muito polido, castrado, não pode ser ele nunca. A mãe não é suficientemente boa, não consegue completar a onipotência do bebê. Pode ter ou não objeto transicional, que pode ser a religião.
- Neurose de Transferência: Derivado do ID. O paciente irá atacar e manipular o terapeuta, o terapeuta terá que ser suficientemente bom para receber o ataque, que trará também elementos instintivos inconscientes, conflitos e defesas; para que através dessa dinâmica o paciente possa trazer os conteúdos do inconsciente para o consciente de uma maneira que seja aceitável para este paciente, assim, para que o terapeuta possa compreender com quem e o porquê ele tem o problema.

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