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Diagnóstico imunológico da Sífilis, das Hepatites virais e do HIV Profa. Dra. Maysa Braga SÍFILIS Infecção sexualmente transmissível causada por uma bactéria. Estima-se que 15 milhões de novos casos ocorram por ano no mundo. No Brasil desde 1986 é uma doença de notificação compulsória. SÍFILIS Transmissão A penetração da bactéria no hospedeiro ocorre por meio do contato da mucosa/pele lesionada: - Via sexual (sífilis adquirida); - Verticalmente (sífilis congênita); - Contato com as lesões (Cranco duro); - Contato com materiais contaminados (Agulhas e transfusão sanguínea). Bactéria: Treponema pallidum - É uma bactéria Gram-negativa de difícil isolamento; - Forma alonga e helicoidal (espiroqueta); - Móvel e com alto poder de invasão; É dividida em 3 estágios: Primária, Secundária e Terciária. - Com diferentes sinais/sintomas e diagnóstico em cada fase. Sífilis Primária É caracterizada pelo aparecimento de uma lesão ulcerada no sítio da infecção nos órgãos genitais, denominado Cranco duro. Além do cranco o paciente apresenta os linfonodos aumentados na região genital. Características do cranco duro: - Indolor; - Base endurecida; - Exsudato seroso e transparente; - Cor amarelada ou branca. Período de incubação: 3 semanas Sífilis Secundária Após 2 a 8 semanas após o aparecimento do cranco segue-se o estágio para sífilis secundária; O T. pallidum dissemina para órgãos e fluídos formando lesões/erupções na pele, principalmente na região palmar e plantar; Sintomas: febre, mal-estar,cefaleia e linfadenopatia; Esses sintomas podem durar 3 meses. Sífilis Terciário Após as lesões da sífilis secundária desaparecerem ocorre um período latente, no qual não tem sinais ou sintomas; Vários anos após o período latente ocorre a sífilis terciária isso ocorre em 25% nos pacientes não tratados; Sífilis gomosa: Lesões granulomatosas em vários órgãos (pele e ossos); Sífilis cardiovascular: Aneurismas aórtico; Neurosífilis: Inflamação do SNC gerando demência, convulsões, perda de coordenação dos movimentos voluntários, perda de visão ou audição e artropatias. Sífilis Congênita Infecção do feto por via transplacentária; Comum no estágio latente da sífilis; Pode gerar a morte no feto ou lesões de pele e mucosas, lesões hepáticas, pulmonares, renais, ósseas, lesões oculares, deformações ósseas, lesões neurológicas e deformação nos dentes (dentes de Hutchinson). SÍFILIS Diagnóstico Depende da fase da doença; Fase primária: - Método direto: Rapagem do cranco e observação do exsudato por microscopia de campo escuro onde se observa espiroquetas. Sorológico negativo no paciente SÍFILIS Diagnóstico Após a fase primária: - Testes sorológicos que são não treponêmicos (não confirmatórios) e treponêmicos (confirmatórios); - Testes não treponêmicos: Detectam anticorpos (IgG e IgM) contra cardiolipinas por um método de aglutinação indireta; Esses anticorpos não são específicos para T. pallidum, porém estão presentes na sífilis. - Método: VDRL (Veneral Disease Research Laboratory) – Teste de floculação; - Método: VDRL (Veneral Disease Research Laboratory) – Teste de floculação: • Baseia-se em uma suspensão antigênica que contém cardiolipina, colesterol e lecitina; • No preparo da suspensão antigênica, a ligação desses componentes ocorre ao acaso e resulta na formação de estruturas arredondadas denominadas micelas; • Os anticorpos não treponêmicos presentes na amostra ligam-se às cardiolipinas das micela; • A ligação de anticorpos em várias micelas resulta na floculação, que pode ser observada ao microscópio. Micela Floculação SÍFILIS Diagnóstico Método: VDRL (Veneral Disease Research Laboratory) – Teste de floculação: Rotineiramente é utilizado como testes de triagem para determinar se uma amostra é reagente ou não. SÍFILIS Diagnóstico Após a fase primária: - Teste sorológico - Testes treponêmicos: Utilizam o T. pallidum como antígeno e pesquisam anticorpos específicos conta a bactéria; - São testes qualitativos; - Sua reatividade indica que o usuário teve contato com T. pallidum em alguma época de sua vida e desenvolveu anticorpos específicos; - São indicados para confirmação do diagnóstico, quando a triagem é feita com um teste não treponêmico. - Método: FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption Test) – Um teste de imunofluorescência indireta. - Método: FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption Test) – imunofluorescência indireta. • Utiliza-se T. pallidum fixado em áreas demarcadas de lâminas de vidro; • A amostra (soro) diluída é colocada sobre a demarcação da lâmina; • Se a amostra contiver anticorpos anti Treponema pallidum, esses se ligarão aos treponemas fixados na lâmina. • É feito a lavagem da lâmina para remover anticorpos e outros componentes da amostra que não se ligaram à reação, e é adicionado o conjugado fluorescente; • Se houver anticorpos na amostra ligados aos treponemas fixados na lâmina, o conjugado se ligará aos anticorpos, tornando os treponemas fluorescentes; • Esses poderão, então, ser vistos em microscopia de fluorescência. SÍFILIS Diagnóstico - Método: FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption Test) – imunofluorescência indireta. SÍFILIS Tratamento A sífilis tem cura, e se não for tratada, a bactéria pode espalhar-se pelo organismo e, após anos de infecção, levar a complicações graves. Penicilina é a droga de escolha; Em casos de alergia usar Doxiciclina, Tetraciclina ou Eritromicina; A dose depende do estágio da doença e do paciente (gestante, criança, portador de HIV); Os parceiros sexuais também devem ser tratados. HEPATITES VIRAIS Os vírus hepatotrópicos constituem um grupo de agentes virais diversos que compartilham a habilidade de provocar inflamação e necrose do fígado; O termo hepatite viral geralmente se refere à doença causada por algum dos cinco bem descritos vírus hepatotrópicos. HEPATITES VIRAIS Os vírus hepatotrópicos podem ser divididos ,de acordo com o modo de transmissão, em 2 grupos: Enteral: - Vírus da hepatite A (VHA) e vírus da hepatite E (VHE); - Transmissão pela via fecal-oral (comum em área sem saneamento básico); - Formas agudas; - Sem estado de portador crônico. Parenteral: - Vírus da hepatite B (VHB), hepatite C (VHC) e hepatite D (VHD); - Transmissão por relação sexual, seringas contaminadas, transfusão de sangue; - Formas agudas e crônicas; - Portador crônico como reservatório; - Potencial para o desenvolvimento de cirrose e carcinoma hepatocelular. HEPATITE A Forma mais comum de hepatite viral em varias regiões do mundo: > 1,4 milhão de casos por ano; Predomínio em locais com padrões sanitários e de higiene deficientes (transmissão oro- fecal); Período de incubação : 15 a 50 dias (30 dias); Hepatite aguda: - Assintomática na maioria dos casos, especialmente em crianças; - Maior proporção de casos sintomáticos e casos mais graves em pacientes > 50 anos. Sintomas: - Febre; - Dor abdominal; - Náuseas ou vômitos; - Mal-estar; - Fraqueza muscular; - Icterícia: 5-10% < 6 anos Pode chegar a 70-80% em adultos (media 60%) - Urina escura; - Hipocolia fecal. HEPATITE A Diagnóstico Dosagem de IgM e IgG anti-HAV Método: ELISA HEPATITE B Estima-se que mais de 2 bilhões de pessoas já foram infectadas, e que cerca de 350 milhões sejam portadores crônicos; Ocorre cerca de 1 milhão de óbitos por ano devido às complicações da hepatite crônica; Transmissão: relação sexual, transfusão sanguínea, material cirúrgico contaminado, compartilhamento se seringas e agulhas; Transmissão vertical (mãe/filho) e pela amamentação; Período de incubação (PI): 30 a 180 dias (média 70 dias); Após o PI surge a infecção aguda: Assintomática na maioria dos casos. HEPATITE B Infecção aguda: • Pré-ictérica: A evolução é de mais ou menos 4 semanas. Eventualmente esta fase pode nãoacontecer, surgindo a icterícia como o primeiro sinal. - Sintomas: febre, astenia, dores musculares ou articulares, sintomas digestivos, tais como anorexia, náuseas e vômitos, perversão do paladar, às vezes cefaléia, repulsa ao cigarro. • Ictérica (20 % dos casos): abrandamento dos sintomas digestivos e surgimento da icterícia que pode ser de intensidade variável, sendo, às vezes, precedida de colúria. - A hipocolia (diminuição da secreção biliar) pode surgir por prazos curtos, 7 a 10 dias, e às vezes se acompanha de prurido. • Convalescença: desaparece a icterícia e retorna a sensação de bem-estar. - A recuperação completa ocorre após algumas semanas, mas a astenia pode persistir por vários meses. HEPATITE B Após a infecção aguda: - Resolução da infecção em 90 a 95% dos casos; - Infecção crônica em 5 a 10% dos casos; - Hepatite fulminante em 0,2% dos casos; - Na transmissão vertical as taxas de cronificacão são de 90% Hepatite Crônica: - Persistência do HBsAg (antígeno) por > 6 meses; - Cirrose hepática; - Carcinoma Hepatocelular. HEPATITE B Diagnóstico Dosagem de IgM e IgG anti-HBV Método: ELISA, teste rápido (imunocromatografia) - Antígeno de superfície da Hepatite B (HBsAg); - Anticorpo contra o antígeno de superfície da Hepatite B (anti- HBs); - Anticorpos totais contra o núcleo do vírus da Hepatite B (anti-HBc); - HBeAg se mostra reagente quando replicação viral está elevada. HEPATITE D Estima-se que 5% dos portadores do VHB são infectados pelo HDV; As manifestações da hepatite aguda variam de hepatite benigna a doença fulminante; Na forma crônica de hepatite os pacientes podem ser portadores assintomáticos ou progredirem mais rapidamente para cirrose ou carcinoma; A infecção aguda pode ocorrer em duas situações: - Coinfecção aguda com o VHB; - Superinfecção em paciente cronicamente infectado pelo VHB. Transmissão: - Parenteral semelhante ao do vírus B. HEPATITE D Diagnóstico HBsAg: Antígeno de superfície da Hepatite B Anti-HBc: Anticorpos totais contra o núcleo do vírus da Hepatite B Dosagem de IgM e IgG anti-HDV Método: ELISA. HEPATITE C Estima-se que cerca de 3% da população mundial esteja infectada; A hepatite C configura-se como a principal causa de morte por doença hepática, e a principal causa de indicação de transplante hepático. Vias de transmissão: - Transfusão de sangue e uso de drogas injetáveis; - Hemodiálise; - Acupuntura, “piercings”, tatuagem, droga inalada, manicures, barbearia, instrumentos cirúrgicos; - Transmissão vertical ( 4 a 6%); - Aleitamento materno; - Acidente ocupacional; - Transplante de órgãos e tecidos; - Relacionamento sexual. HEPATITE C Aspectos Clínicos Período de incubação: 15 a 150 dias; Forma aguda: as manifestações clínicas são pouco frequentes - Icterícia; - Mal estar; - Náuseas; Forma crônica: - Sintomas apenas nas fases tardias. HEPATITE C Diagnóstico Dosagem de anticorpo anti-HCV Método: ELISA, teste rápido (imunocromatografia) HEPATITE E O VHE é endêmico no subcontinente indiano, sudeste da Ásia e Ásia central; No Brasil não existem relatos de epidemias causadas pelo vírus da hepatite E; Transmissão : Via fecal-oral; - Não há evidências convincentes de transmissão parenteral ou sexual. Período de incubação: 15 – 40 dias; Manifestações clínicas de hepatite aguda inespecíficas; Hepatite fulminante: - 0,5% a 3% dos casos; - Durante a gestação pode chegar a 25% dos casos de hepatite aguda; Não se associa a doença hepática crônica, cirrose ou CHC; Pode causar descompensação hepática em pacientes com doença crônica do fígado. HEPATITE E Diagnóstico Dosagem de IgM e IgG anti-HEV Método: ELISA DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO DO HIV Dosagem de IgM e IgG anti-HIV; Dosagem do antígeno viral: p24. Métodos: ELISA e testes rápidos por imunocromatografia.
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