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Caso concreto 2 - Joana

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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO XXI JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA 
REGIONAL DA COMARCA DA CAPITAL 
 
 
 
JOANA, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade 
nº ..., expedido pelo ..., inscrito no CPF sob o nº ..., endereço eletrônico, telefone 
..., residente e domiciliado à rua ..., nº ..., Mangueira, Rio de Janeiro - RJ, CEP: ..., 
vem, em causa própria, com espeque na Lei 8.078/90 e demais dispositivos 
pertinentes, perante Vossa Excelência, formular a presente 
 
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C COMPENSATÓRIA POR DANO 
MORAL 
 
em face da empresa VENDE MUITO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, 
inscrita sob o CNPJ nº ..., a ser citada na pessoa de seu representante legal, com 
endereço eletrônico ..., situada na rua..., bairro..., cidade..., Estado..., CEP: ..., 
mediante os pressupostos fáticos e jurídicos que passa a expor: 
 
I. DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO 
Considerando que a autora é portadora de deficiência física e necessita de 
cadeira de rodas para se locomover, faz jus, com fulcro no Art. 9º, inciso VII da 
lei 13.146/2015, à prioridade de tramitação da presente demanda 
“Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento 
prioritário, sobretudo com a finalidade de: 
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos 
em que for parte ou interessada, em todos os atos e diligências.” 
 
II – DOS FATOS 
A consumidora adquiriu através do site da empresa ré, uma cama de casal box 
no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com frete no valor de R$ 150,00 (cento 
e cinquenta reais) e, segundo a empresa, a entrega aconteceria em até 7 dias 
úteis. 
 
Findou-se o prazo e a entrega não ocorreu, fato que levou Joana a entrar em 
contato com a ré que a informou que por se tratar de área de risco, a 
transportadora não realizaria a entrega na residência desta, mas que o produto 
se encontrava no centro de distribuição, localizado no mesmo bairro da 
residência da autora e que bastava ela comparecer em horário comercial, 
munida de documento de identidade, para fazer a retirada do produto. 
 
A autora ficou muito chateada com a situação, pois no ato da compra, ela se 
certificou de que a empresa faria a entrega em sua residência e, somente por 
este motivo, pagou o frete. Se a empresa informasse, quando se coloca o CEP 
para calcular o frete que a entrega não seria realizada por se tratar de área de 
risco, certamente não pagaria o frete e retiraria o produto. 
 
 
III - DA REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS 
A empresa Vende Muito LTDA, estava ciente desde a data da compra do 
endereço em que seria realizada a entrega e chegou a efetuar o pagamento do 
frete, no entanto, a consumidora não foi informada em nenhum momento que, 
por residir em local considerado “de risco”, a empresa não realizaria a entrega. 
Graças a inegável falha na prestação de serviço, a autora, se viu sem um item 
que gera conforto mínimo para si, tendo a sua integridade psicofísica lesada. 
Segundo a doutrinadora Maria Celina Bodin de Moraes, tal lesão é elemento 
subjetivo para a concessão do dano moral. 
Nesse mesmo sentido, julgou a décima primeira câmara cível do estado do Rio 
de Janeiro em 07 de outubro de 2021, por unanimidade, pela manutenção da 
sentença de primeiro grau que fixou montante indenizatório por dano moral 
em caso similar 
Apelações Cíveis. Ação de Obrigação de Fazer c/c Reparatória por 
Danos Morais. Relação de consumo. Narrativa autoral de falta de 
entrega de fogão e geladeira adquiridos em loja da Demandada, a 
consubstanciar falha do serviço contratado. Sentença de 
procedência parcial. Irresignações de ambas as partes. Preliminar. 
Impossibilidade de veiculação de pedido em sede de 
contrarrazões. Descabimento. Mérito. Demandante que logra 
instruir os autos com documentos comprobatórios da compra e 
venda, bem como da pactuação da entrega em seu endereço 
domiciliar. Requerida que, ao tempo do negócio, já possuía todos 
os dados relativos ao local, não podendo, assim, escusar-se de sua 
obrigação ao argumento de que constitui área de risco. Retirada e 
transporte dos produtos providenciados pelo próprio consumidor, 
um mês após a data-limite de entrega apontada pela vendedora. 
Art. 373, I e II, do CPC. Verbete Sumular nº 330 deste TJRJ. Falha do 
serviço configurada. Danos morais também verificados. Caso 
concreto que versa sobre consumidor que, no mesmo dia em que 
firmou contrato de locação residencial, buscou equipar sua nova 
casa com aparelhos básicos e essenciais. Utilidade doméstica 
proporcionada pelos bens da qual só pôde usufruir um mês e 
meio depois da compra. Lesão ao tempo. Critério bifásico para fins 
de quantificação. Montante arbitrado que se adequa à 
jurisprudência desta Colenda Corte em casos semelhantes, 
considerando o decurso de pouco tempo para resolução da 
controvérsia. Aplicação do art. 85,§ 11, do CPC em relação à Ré, em 
favor do patrono do Requerente. Manutenção integral do decisum 
que se impõe. Conhecimento e desprovimento de ambos os 
recursos. Apelação Cível nº 0072776-34.2016.8.19.0001 
 
Ademais, busca-se o caráter pedagógico punitivo do dano moral, para que a ré 
não cometa novamente o erro de, após o pagamento do frete, deixar de realizar 
a entrega de algum produto, espere passar o prazo dado para a entrega e 
SOMENTE APÓS O CONSUMIDOR ENTRAR EM CONTATO, avise que se trata de 
local de risco e que o mesmo deve comparecer no centro de distribuição para 
retirar o produto que até então pagou para receber em sua residência. 
 
Diante da narrativa, resta evidente a existência do dano moral e ele é derivado 
do próprio fato ofensivo ocasionado pela empresa ré. 
 
IV- DA OBRIGAÇÃO DE FAZER 
A autora, na data da compra realizou o pagamento de R$ 150,00 (cento e 
cinquenta reais) referente ao frete do produto, para que o mesmo fosse 
entregue em sua residência, ocorre que, por motivos já elucidados nos tópicos 
anteriores, a entrega não foi realizada. 
 
É inadmissível que a empresa após o prazo dado para a entrega do produto 
diga para o consumidor comparecer no centro de distribuição e retirar o 
mesmo, principalmente no caso em questão, onde a autora é portadora de 
necessidades especiais. 
 
Deste modo, requer que a empresa cumpra a sua obrigação, que nada mais é 
que o acordado no ato da compra do produto, e efetue a entrega do mesmo 
no prazo de 7 dias úteis sob pena, de multa diária de R$ 300,00 (trezentos reais) 
com fulcro no Art. 537 do CPC. 
 
V. DOS PEDIDOS 
Em face do exposto de forma cristalina, torna-se demonstrada a indiscutível 
falha na prestação de serviço por parte ré. Nessas condições, e confiando na 
sensibilidade jurídica e experiência profissional que notabilizam V. Exa., espera 
e requer a parte autora, à luz da Lei e do melhor direito, o seguinte: 
 
a) A citação da parte ré para responder a presente ação e comparecer à 
audiência de conciliação, que poderá ser imediatamente convolada em 
audiência de instrução e julgamento, caso não chegue as partes a acordo, 
sob pena de revelia; 
 
b) Que determine a inversão do ônus da prova em favor da parte autora, 
conforme preconiza o artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do 
Consumidor; 
 
c) Seja julgado procedente o pedido para condenar a parte ré a 
COMPENSAR a parte autora pelos danos morais experimentados, o valor 
de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
 
d) Seja julgado procedente o pedido para obrigar a ré a cumprir com o 
acordado no ato da compra do produto e entregá-lo no prazo de 7 (sete) 
dias úteis sob pena de multa diária de R$ 300,00 (trezentos reais). 
 
VI. DAS PROVAS 
Requer a produção de todos os meios de provas em direito admitido, 
especialmente documentais suplementares. 
 
VII. DO VALOR DA CAUSA 
Atribui-se a causa, para efeito de alçada o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
Rio de Janeiro, 10 de abril de 2022._________________________________________ 
JOANA..

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