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Página 1 de 7 PARTE 8 – O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 8.1 – DA BREVE INTRODUÇÃO Primeiramente, importante registrar que o Código de Defesa do Consumidor, no linguajar jurídico conhecido como C.D.C, está estampado em nosso ordenamento jurídico na Lei nº 8.078/90. Importante dizer também que a legislação pátria quanto as relações consumeristas tem referência mundial, haja vista seu aperfeiçoamento, blindagem, alcance e sobretudo por sua amplitude de aplicabilidade legal e protetiva aos direitos do consumidor. 8.2 – DA BREVE ANÁLISE DO CONSUMIDOR E FORNECEDOR – PRODUTO E SERVIÇO A figura do consumidor, na acepção econômica do termo que por sua norteia as relações de consumo, pode ser vista como aquele individuo que se faz destinatário da produção de bens, seja ele ou não adquirente, e seja ele ou não, a seu turno, produtor de outros bens. O citado conceito abrange não apenas aquele que adquire a coisa para uso próprio, ou seja, como destinatário final, mas também aquele que se figura na condição de intermediário, para que repasse a outros fornecedores. Muito embora possam pairar diversas definições doutrinárias sobre a acepção da figura do consumidor, fato é que o C.D.C traz a definição legal da figura do consumidor em seu artigo 2º, vejamos: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. (Grifamos). Percebam que pela ótica do C.D.C o consumidor se figurará como aquele em que se investe no papel de destinatário final da coisa, afastando assim a conceituação econômica doutrinária citada no parágrafo anterior. Página 2 de 7 Quanto a figura do fornecedor tem-se opiniões doutrinárias que trazem a seguinte classificação: a) fornecedor: é aquele responsável pela colocação de produtos e serviços à disposição do consumidor, com a característica da habitualidade; b) pessoa física: qualquer um que a título singular, mediante desempenho de atividade mercantil ou civil, de forma habitual, ofereça no mercado produtos ou serviços; c) pessoa jurídica: aquela que exerce a atividade similar à da pessoa física, mas em associação mercantil ou civil e de forma habitual. Neste sentido, quanto a figura do fornecedor, vejamos a previsão do artigo 3º do C.D.C: Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Com relação a definição do produto, pela conceituação doutrinária quanto ao tema a qual venha a aquiescer com a definição legal do instituto, tem que será qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial, objeto da relação de consumo. Bens econômicos, suscetíveis de apropriação, que podem ser duráveis, não duráveis, de conveniência, de uso especial etc, a depender da vontade do contratante. Sobre o conceito de produto, dispõe o §1º do artigo 3º do C.D.C: Art. 3° (...). § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. (Grifamos). Quanto a definição de serviço, tratar-se-á de qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista, haja vista que neste caso aplicar-se-ia Página 3 de 7 legislação especial (CLT). Sobre a definição do serviço, destaca-se o §2º do artigo 3º do C.D.C: Art. 3° (...) § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 8.3 – DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR É bom que se diga que embora gozemos de uma das mais brilhantes legislações consumeristas do mundo (C.D.C), importante destacar que são direitos fundamentais e universais do consumidor, reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), via Resolução nº 32/248 de 1985 os seguintes direitos, os quais, se digam, se encontram previstos no C.D.C, o que justifica, se diga sua alta performance legislativa. Vejamos: 1) direito a segurança: outorga garantida contra produtos ou serviços que possam ser nocivos à vida, à saúde e à segurança. 2) direito à escolha: assegura ao consumidor a opção de escolha entre vários produtos e serviços com qualidade satisfatória e preços competitivos. 3) direito a informação: o consumidor deve conhecer os dados indispensáveis sobre os produtos ou serviços para atuar no mercado de consumo e decidir com consciência (vide artigo 6º do C.D.C), o que se traduz na necessidade da efetiva lisura das informações prestadas ao consumidor na fase da contratação. 4) direito a ser ouvido: o consumidor deve ser participante da política de defesa respectiva, sendo ouvido e tendo assento nos organismos de Página 4 de 7 planejamento e execução das políticas econômicas e nos órgãos colegiados de defesa (ex: PROCON). 5) direito a indenização: é indispensável buscar-se- a reparação financeira por danos causados por produtos ou serviços lesivos (vide, a exemplo, os artigos 6º do C.D.C c/c 186 e 927 do C.C/2002). 6) direito a educação para o consumo: o consumidor deve ser educado formal e informalmente para exercitar conscientemente sua função no mercado, restabelecendo-se por esse meio na medida do possível, o equilíbrio que dever haver nas relações de consumo (idéia de busca de equidade). 7) direito a um meio ambiente saudável: à medida que o equilíbrio ecológico reflete na melhoria da qualidade de vida do consumidor, de nada adiantaria cuidar dele isoladamente enquanto o ambiente que o cerca se deteriora e traz efeitos ainda mais nocivos à sua saúde. Quanto aos direitos básicos do consumidor na nossa legislação, destacam-se os artigos 6º ao 10 do C.D.C, vejamos alguns destaques: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; Página 5 de 7 V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; (...) X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. (...) (Grifamos). Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveisem decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. (Grifamos). Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. (Grifamos). 8.4 – DOS OUTROS DIPLOMAS APLICÁVEIS Muito embora se saiba da existência e vigência do C.D.C, é bem verdade que a CF/88 e legislações esparsas estabelecem normas complementares de proteção ao consumidor. A CF/88, a exemplo, traz a preocupação em promover a defesa do consumidor, onde se pretende zelar, sobretudo, sobre o interesse consumerista. Dessa forma, vejamos algumas das disposições da CF/88 quanto ao tema: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes Página 6 de 7 no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; (Grifamos). Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (Grifamos). Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. (Grifamos). Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) V - defesa do consumidor; (Grifamos). Cite-se ainda que a Lei nº 12.291/10 trouxe a exigibilidade legal da manutenção de exemplar do C.D.C nos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, justamente com o fito de dar lisura as relações de consumo na busca da proteção do consumidor, o qual, consagradamente considerado hipossuficiente na relação jurídica. Percebam dessa forma sobre a magnitude e a importância da defesa do consumidor no ordenamento jurídico pátrio, ao passo que como visto neste tópico em especial, que a proteção e a preocupação com as relações consumeristas ultrapassam a conhecida e eficaz blindagem do C.D.C, de modo que tanto a CF/88 quanto legislações esparsas demonstram a preocupação com a guarda dos direitos do consumidor e das relações de Página 7 de 7 consumo, a qual, felizmente, já por alguns anos, já fincada na Lei nº 8.078/90, ou seja, o Código de Defesa do Consumidor.
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