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26 - MODELO DE AÇÃO DE REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL para não aplicação do fator previdenciário pelo cumprimento dos requIsitos da regra de transição prevista na ec N 201998


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26.  MODELO DE AÇÃO DE REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL para não aplicação do fator previdenciário pelo cumprimento dos requIsitos da regra de transição prevista na ec N.º 20/1998
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA/JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA CIDADE – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO
Segurado(a), nacionalidade, estado civil, aposentado(a), residente e domiciliado(a) na Rua, Bairro, Cidade, Estado, inscrito(a) no CPF sob o n.º, NB e DIB (incluir dados do benefício anterior se houver), vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus procuradores constituídos, propor a presente AÇÃO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS <endereço para citação/ intimação a ser verificado de acordo com a cidade e estado que se ingressa com a ação>, também qualificado, pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz:
1. BREVE RESENHA FÁTICA <adequar ao caso concreto>
A parte autora é titular de aposentadoria por tempo de contribuição vinculada ao INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, conforme comprovam os documentos anexos.
Tal benefício teve início em 00.00.0000, com valor inicial de R$ <adequar ao caso>.
Ocorre que, na concessão do benefício em questão, o INSS aplicou indevidamente as regras de cálculo previstas na Lei n.º 9.876/1999, que ampliou o período básico de cálculo do salário de benefício e introduziu o fator previdenciário, causando perda na RMI, bem como nos valores atualmente percebidos pela parte autora.
Isso porque, no momento da concessão/requerimento do benefício (DER/DIB), a parte autora, além dos requisitos para a aposentadoria por tempo de contribuição pelas regras permanentes da Constituição, preenchia, também, os requisitos para a aposentadoria por tempo de contribuição pelas regras transitórias da Emenda Constitucional n.º 20, de 15 de dezembro de 1998.
Assim, traz-se à discussão no presente processo a possibilidade de cálculo do benefício da parte autora de acordo com as regras previstas nos dispositivos próprios Emenda Constitucional n.º 20/1998, como regra transitória e sem incidência do novo período básico de cálculo e do fator previdenciário.
A Emenda Constitucional n.º 20/1998 previu que a mudança da aposentadoria por tempo de serviço para tempo de contribuição resultaria impacto grande na regra de aposentadoria e, portanto, trouxe norma excepcional, de transição, a ser aplicada para aqueles que já estavam filiados ao RGPS e que cumprissem os requisitos expressamente estabelecidos pelo artigo 9.º da referida EC. 
Logo, conforme se demonstrará a seguir, a parte autora tem direito a cálculo diferenciado, importando em melhor renda no caso concreto.
2. DO DIREITO À REVISÃO ORA PLEITEADA <adequar ao caso concreto>
O presente caso envolve o direito da parte autora ao melhor cálculo possível na concessão do seu benefício, tendo em vista que se aposentou depois das mudanças trazidas pela Emenda Constitucional n.º 20/1998 e cumpriu as regras de transição nela previstas, Portanto, tem direito à não aplicação do fator previdenciário na apuração de sua renda mensal inicial.
Para melhor elucidar o direito aplicável à espécie, destacamos que a EC 20/1998 extinguiu a aposentadoria por tempo de serviço, substituindo-a pela aposentadoria por tempo de contribuição. Além disso, o artigo 9.º da EC n.º 20/1998 garantiu aos segurados já filiados ao RGPS, na data de sua promulgação (16.12.1998), o direito à apuração da renda mensal inicial com base nas regras até então vigentes. Vejamos as mudanças trazidas.
A Constituição Federal, antes da reforma de 1998, assim dispunha em seu artigo 202 sobre a aposentadoria: 
Art. 202. É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se o benefício sobre a média dos trinta e seis últimos salários de contribuição, corrigidos monetariamente mês a mês, e comprovada a regularidade dos reajustes dos salários de contribuição de modo a preservar seus valores reais e obedecidas as seguintes condições: (...)
II – após trinta e cinco anos de trabalho, ao homem, e, após trinta, à mulher, ou em tempo inferior, se sujeitos a trabalho sob condições especiais, que prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidas em lei; 
III – após trinta anos, ao professor, e, após vinte e cinco, à professora, por efetivo exercício de função de magistério.
§ 1.º É facultada aposentadoria proporcional, após trinta anos de trabalho, ao homem, e, após vinte e cinco, à mulher. (...) 
(sem grifo no original).
Com as mudanças introduzidas pela EC n.º 20, de 15.12.1998, a matéria passou a ser regulamentada no artigo 201 da Lei Magna, da seguinte forma:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 20, de 1998) (...)
§ 7.º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 20, de 1998)
I – trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; (Incluído dada pela Emenda Constitucional n.º 20, de 1998) (...)
(sem grifo no original).
Fica clara assim a alteração de nomenclatura do benefício e extinção da aposentadoria proporcional. Vale lembrar, contudo, que a EC n.º 20/1998 criou regra de transição opcional para os trabalhadores que já estavam filiados ao RGPS em 16.12.1998. Esta opção restou consagrada no artigo 9.º: 
EMENDA CONSTITUCIONAL 20, de 15.12.1998:
Art. 9.º Observado o disposto no art. 4.º desta Emenda e ressalvado o direito de opção a aposentadoria pelas normas por ela estabelecidas para o regime geral de previdência social, é assegurado o direito à aposentadoria ao segurado que se tenha filiado ao regime geral de previdência social, até a data de publicação desta Emenda, quando, cumulativamente, atender aos seguintes requisitos:
I – contar com cinquenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos de idade, se mulher; e
II – contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta e cinco anos, se homem, e trinta anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a vinte por cento do tempo que, na data da publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da alínea anterior.
§ 1.º O segurado de que trata este artigo, desde que atendido o disposto no inciso I do caput, e observado o disposto no art. 4.º desta Emenda, pode aposentar-se com valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando atendidas as seguintes condições:
I – contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do tempo que, na data da publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da alínea anterior;
II – o valor da aposentadoria proporcional será equivalente a setenta por cento do valor da aposentadoria a que se refere o caput, acrescido de cinco por cento por ano de contribuição que supere a soma a que se refere o inciso anterior, até o limite de cem por cento.
Assim, passaram a existir duas formas diferentes de concessão da aposentadoria por tempo de contribuição, quais sejam:
a) Regra permanente: art. 201 da Constituição Federal, sem exigência de idade mínima;
b) Regra de transição: art. 9.º da EC n.º 20/1998, acessível apenas a quem se filiou ao RGPS até a sua publicação (16.12.1998), sendo necessário o cumprimento de requisitos extras: pedágio em relação ao tempo de contribuição faltante em 16.12.1998 e idade mínima – 53 anos homem/48 anos mulher.
A intenção do legislador foi preservar a aposentadoria por tempo de serviço, mas com limitações, porém dando-lhe, também, o nome de aposentadoria por tempo de contribuição para firmar este conceito. Prova disso é o que dispõe o artigo 4.º da EC n.º 20:
Art. 4.º Observado o disposto no art. 40,§ 10, da Constituição Federal, o tempo de serviço considerado pela legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até que a lei discipline a matéria, será contado como tempo de contribuição.
A existência de modalidades diferentes de aposentadorias por tempo de contribuição no ordenamento jurídico brasileiro tem direta influência na forma de cálculo desses benefícios. Isto porque a Lei n.º 9.876, de 26.11.1999, que alterou a Lei n.º 8.213/1991, instituiu o fator previdenciário como uma espécie de redutor do valor dos benefícios de aposentadoria por tempo de contribuição para os segurados que se aposentam com pouca idade. 
A tese inclusive teve reconhecida a existência de repercussão geral, cuja ementa é a seguinte:
Constitucional. 2. Previdenciário. Aposentadoria proporcional por tempo de contribuição. Fórmula de cálculo do salário de benefício. 3. Benefícios concedidos a segurados filiados ao Regime Geral até 16.12.1998. 4. Controvérsia. Incidência do fator previdenciário (Lei n.º 9.876/1999) ou das regras de transição trazidas pela EC n.º 20/1998. 5. Cômputo de tempo posterior à Lei n.º 9.876, de 26.11.99. 6. Relevância da questão constitucional. Repercussão geral reconhecida. 
(RE 639856, Relator Ministro Gilmar Mendes, DJe 11.12.2012).
Fica então a necessidade de aplicação da norma de transição e da norma permanente de forma que ambas sejam comparadas e seja sempre concedido o melhor benefício possível no caso concreto. Assim, passamos a defender o direito da parte à aplicação da regra de transição em duas hipóteses, de acordo com o entendimento de V. Exa.:
2.1 DO DIREITO AO CÁLCULO DO SALÁRIO DE BENEFÍCIO COM BASE NA MÉDIA DOS 36 ÚLTIMOS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO – CRITÉRIO VIGENTE NO MOMENTO DA ADOÇÃO DAS REGRAS DE TRANSIÇÃO 
Quando a EC n.º 20/1998 entrou em vigor, a Lei n.º 8.213/1991 previa em seu artigo 29 que o salário de benefício seria apurado da seguinte forma:
O salário de benefício consiste na média aritmética simples de todos os últimos salários de contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da data da entrada do requerimento, até o máximo de 36 (trinta e seis), apurados em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses.
Assim, quando a regra de transição da EC n.º 20/1998 dispõe em seu artigo 9.º que, “Observado o disposto no art. 4.º desta Emenda e ressalvado o direito de opção a aposentadoria pelas normas por ela estabelecidas para o regime geral de previdência social, é assegurado o direito à aposentadoria ao segurado que se tenha filiado ao regime geral de previdência social, até a data de publicação desta Emenda, quando, cumulativamente, atender aos seguintes requisitos”, deve ser interpretado no que se refere também ao critério de cálculo do salário de benefício até então vigente.
Não há justificativa de entender que o cálculo seja feito de outra forma, posto que a aposentadoria a que se refere a EC n.º 20/1998 é a existente até aquele momento, antes da alteração da regra permanente no texto constitucional.
Vale lembrar que o mesmo ocorreu no caso dos servidores públicos quando da promulgação das EC n.º 41/2003 e n.º 47/2005, que retirou a integralidade e a paridade de reajuste para as aposentadorias no RPPS. Para os servidores que ingressaram no serviço público até 31.12.2003 e cumprirem as regras de transição trazidas nas referidas emendas, foi garantido o direito ao cálculo anterior, com integralidade e paridade. Não seria razoável exigir do servidor o cumprimento de requisitos mais gravosos e ainda ter que se submeter à nova regra de cálculo das normas permanentes.
Regra de transição é para beneficiar o segurado, não criar dupla incidência de requisitos prejudiciais ao mesmo.
Pois bem, o mesmo raciocínio interpretativo deve ser aplicado ao RGPS para garantir aos segurados que cumprirem as regras de transição da EC n.º 20/1998 o direito a ter seus benefícios calculados conforme a regra vigente até aquele momento, qual seja, média dos últimos 36 salários de contribuição, apuradas em período não superior a 48 meses, e sem aplicação de fator previdenciário.
Nesse mesmo sentido destacamos a esclarecedora decisão emanada do TRF da 4.ª Região:
PREVIDENCIÁRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 20/1998. INAPLICABILIDADE DA SISTEMÁTICA DE CÁLCULO INTRODUZIDA PELA LEI N.º 9.876/1999 A BENEFÍCIOS CONCEDIDOS COM BASE NAS REGRAS DE TRANSIÇÃO. 
1. De acordo com a redação dada pela Emenda Constitucional n.º 20/1998, a Constituição Federal, em seu art. 201, § 7.º, estabelece que fica assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher. 
2. O art. 9.º, caput, da EC n.º 20/1998 oferece duas opções ao segurado que já era filiado à Previdência Social quando do seu advento: aposentar-se com a regra de transição ou pela nova sistemática inaugurada, o que lhe for mais favorável (e esta é, essencialmente, a razão de ser de tal tipo de regra). 
3. Em matéria previdenciária as regras de transição sempre encontram justificativa no princípio da confiança. Preservam a estabilidade da relação de confiança mútua que deve existir entre segurados e Previdência Social. Exemplo disso é a regra do art. 142 da Lei n.º 8.213/1991, que veio para compatibilizar a exigência de carência de 60 meses para 180 meses nos casos das aposentadorias por idade e tempo de serviço, não se tratando de respeito a direito adquirido ou a expectativas de direito, mas de respeito ao princípio da confiança. 
4. A opção pela utilização da regra de transição não se restringe apenas à mera garantia aos filiados ao Regime Geral de Previdência Social antes da reforma à percepção da aposentadoria por tempo de contribuição proporcional e a não submissão aos novos requisitos postos, mas, de forma mais ampla, de garantir ao segurado nesta condição o direito de ter o benefício, todo ele, calculado sem a aplicação de qualquer uma das mudanças introduzidas pela reforma constitucional. 
5. Assim, se o segurado opta pela regra de transição, atendendo a todos os requisitos exigidos pelo artigo 9.º (idade mínima, pedágio, tempo de serviço e carência), o faz também para que seja calculado o valor inicial do benefício consoante as regras anteriores. Afasta-se, portanto, a aplicação de quaisquer critérios atuariais do cálculo do benefício, porquanto estes fazem parte das novas normas estabelecidas pela EC n.º 20/1998 para o RGPS. Possibilita-se a utilização de um período básico de cálculo (PBC) de somente 36 salários de contribuição e, principalmente, exclui-se a aplicação do fator previdenciário. A utilização deste em benefício concedido com fulcro na regra de transição implica verdadeiro bis in idem quanto à valoração da idade do segurado, seja como condição para a inserção no regime transicional, seja como variável que influirá no cálculo do salário de benefício. 
6. Entendimento este que traz, inclusive, outra consequência: dá “vida” ao disposto na regra de transição no que se refere ao pedágio para a inserção do segurado na regra de transição para fins de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição integral, fadada ao esvaziamento pelo que dispõe a mais abalizada doutrina (ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002. p. 187; CUNHA, Lásaro Cândido da. Reforma da Previdência. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2000. p. 83; e MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à Lei Básica da Previdência Social – Tomo II – Plano de Benefícios. 5. ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 322), justamente pelo fato de que o cumprimento de tal pedágio tem o condão de eximir o segurado da submissão às novas regras de cálculo. 
7. Regras de transição inseridas na legislação previdenciária que não podem ser mais prejudiciais aos segurados que as novas regras permanentes, sendo exatamente isto que ocorre quando se exige do segurado, na concessão das aposentadoriasproporcionais do § 1.º do art. 9.º da EC n.º 20/1998, o atendimento do requisito idade mínima e pedágio, sem dispensá-lo da submissão às regras de cálculo introduzidas pela Lei n.º 9.876/1999. 
(TRF4, AC 0007564-09.2009.404.7100, 6.ª Turma, Rel. Eliana Paggiarin Marinho, DE 09.08.2012).
Portanto, o cerne da discussão que aqui se apresenta está relacionado à indevida interpretação dada pelo INSS, que passou a aplicar o fator previdenciário criado pela Lei n.º 9.876/1999 para regular a aposentadoria por tempo de contribuição, do art. 201 da Constituição, também às aposentadorias concedidas pelas regras de transição do art. 9.º da EC n.º 20/1998.
A alteração legislativa promovida pela Lei do Fator Previdenciário foi destinada à regular exclusivamente as aposentadorias por tempo de contribuição concedidas com base na regra permanente do art. 201 da Constituição, não podendo ser aplicada para as regras de transição da EC n.º 20/1998, sob pena de inconstitucionalidade e ferimento ao direito adquirido e ao melhor benefício. 
Isto porque ensejaria dupla penalização ao segurado, primeiro no tocante à necessidade de cumprimento da idade mínima e do pedágio e depois quanto ao fator previdenciário, que também é baseado na idade e no tempo de contribuição. 
Dessa forma, deve ser reconhecida como inadequada a interpretação dada pelo INSS quanto ao alcance da Lei n.º 9.876/1999, no que se refere às aposentadorias dos segurados que cumpriram as regras de transição da EC n.º 20/1998. A norma constitucional que alterou a sistemática de cálculo dos benefícios previdenciários garantiu, expressamente, o direito à concessão na forma prevista até sua promulgação, mediante o cumprimento das regras de transição por ela estabelecida.
Vale lembrar por fim que o exercício do direito da aposentadoria em data posterior à publicação de nova norma, no caso a Lei n.º 9.876/1999, não pode ferir ou prejudicar o direito adquirido a regra diferenciada para aqueles que já haviam ingressado no RGPS antes da mudança e que venham a cumprir os requisitos diferenciados das eventuais regras de transição criadas.
Cabe mencionar também o Enunciado n.º 5 do próprio Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS:
A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse sentido.
Portanto, tem-se como devida a revisão da renda mensal inicial da aposentadoria proporcional <ou mesmo da aposentadoria integral> percebida pela parte autora, pois demonstrado o cumprimento da idade mínima e do pedágio previstos no art. 9.º da EC n.º 20/1998.
2.2 DO DIREITO À, NO MÍNIMO, NÃO INCIDÊNCIA DO FATOR PREVIDENCIÁRIO PARA OS SEGURADOS QUE CUMPRIREM AS REGRAS DE TRANSIÇÃO DA EC N.º 20/1998
Ainda que se entenda que o cumprimento da regra de transição da EC n.º 20/1998 não comporta na alteração da forma de apuração da média contributiva (80% dos maiores salários de contribuição do período para 36 últimos salários de contribuição), deve-se analisar o direito da parte de ver afastada a incidência do fator previdenciário no caso concreto.
Isso porque, independentemente da forma de apuração da média, o fator previdenciário aplicado com a regra de transição prejudica excessivamente o segurado, criando dupla incidência dos critérios idade e tempo de contribuição.
Cabe, portanto, a revisão da renda mensal inicial da aposentadoria proporcional <ou mesmo da aposentadoria integral> percebida pela parte autora, pois demonstrado o cumprimento da idade mínima e do pedágio previstos no art. 9.º da EC n.º 20/1998.
Deve-se assim apurar o salário de benefício com base na média dos 80% maiores salários de contribuição, sem a incidência do fator previdenciário. 
Esse entendimento foi objeto da sentença proferida no Processo n.º 0000033-08.2010.404.7108/RS, Juíza Federal Karine da Silva Cordeiro, julgado em 11.05.2010:
“Desta forma, sendo a idade um dos itens integrantes do fator previdenciário, não se pode fazê-la incidir duas vezes quando da concessão do benefício: na exigência da idade mínima e como integrante do fator previdenciário, sob pena de causar limitação excessiva ao segurado. (...) Desse modo, merece acolhida a pretensão da parte autora, devendo a Autarquia Previdenciária recalcular o valor do benefício concedido pelas regras de transição constantes do art. 9.º da Emenda Constitucional n.º 20/1998, excluindo-se a incidência do fator previdenciário”.
Diante da ótica da razoabilidade, os segurados têm o direito de exigir da Autarquia Previdenciária a devida avaliação do benefício e a forma de cálculo que seja mais rentável, pois, na maioria das vezes, são pessoas humildes e sem preparo técnico algum na matéria.
Comprovado, portanto, o direito da parte autora de ter revisto seu benefício para que este seja calculado sem a aplicação do fator previdenciário. 
3. DOS REQUERIMENTOS <adequar ao caso concreto>
Em face do exposto e comprovado, requer a Parte Autora:
a) a citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na pessoa de seu Procurador Regional, para, querendo, responder à presente demanda, no prazo legal;
b) a determinação ao INSS para que, na primeira oportunidade em que se pronunciar nos autos, apresente o Processo de Concessão do Benefício Previdenciário para apuração dos valores devidos à Parte Autora, conforme determinado pelo art. 11 da Lei n.º 10.259/2001, sob pena de cominação de multa diária, nos termos do art. 139, IV, do Código de Processo Civil/2015 (arts. 287 c/c 461, § 4.º, do CPC/1973) – a ser fixada por esse Juízo;
c) Subsidiariamente:
c.1) decretar a procedência da pretensão deduzida, consoante narrado nesta inicial, para que seja condenado o INSS a rever a RMI da aposentadoria por tempo de contribuição percebida pela parte autora, calculando o salário de benefício com base na média dos últimos 36 salários de contribuições, apuradas em período não superior a 48 meses, e sem incidência do fator previdenciário, de acordo com a redação originária do artigo 29 da Lei n.º 8.213/1991;
c.2) caso não seja considerada devida a revisão do item c.1, decretar a procedência da pretensão deduzida, consoante narrado nesta inicial, para que seja condenado o INSS a rever a RMI da aposentadoria por tempo de contribuição percebida pela parte autora, calculando o salário de benefício com base na média dos 80% maiores salários de contribuição, sem a incidência do fator previdenciário;
d) a condenação do INSS ao pagamento das diferenças verificadas desde a concessão do benefício da parte autora, acrescidas de correção monetária a partir do vencimento de cada prestação até a efetiva liquidação, respeitada a prescrição quinquenal, adotando-se, como critério de atualização, o INPC (a partir de 04/2006, conforme o art. 31 da Lei n.º 10.741/2003, combinado com a Lei n.º 11.430/2006, precedida da MP n.º 316, de 11.08.2006, que acrescentou o art. 41-A à Lei n.º 8.213/1991, e REsp n.º 1.103.122/PR). Requer-se ainda a aplicação dos juros de mora a serem fixados à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, com base no art. 3.º do Decreto-lei n.º 2.322/1987, aplicável, analogicamente, aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter alimentar;
e) a condenação do INSS ao pagamento de custas, despesas e de honorários advocatícios, na base de 20% (vinte por cento) sobre as parcelas vencidas e as doze vincendas, apuradas em liquidação de sentença, conforme dispõem o art. 55 da Lei n.º 9.099/1995 e o art. 85, § 3.º, do Código de Processo Civil/2015 (art. 20, § 3.º, do CPC/1973). 
Considerando que a questão de mérito é unicamente de direito, requer o Julgamento Antecipado da Lide, conforme dispõe o art. 355 do Código de Processo Civil/2015 (art. 330 do CPC/1973). Sendo outro o entendimento de V. Exa., requer e protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito, sem exclusão de nenhum que se fizer necessário ao deslinde da demanda.
Requer-se, ainda, por ser a parte autora pessoa hipossuficiente, na acepção jurídica do termo, sem condições de arcar com as despesas processuais e os honoráriosadvocatícios sucumbenciais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, a concessão do Benefício da Justiça Gratuita, na forma dos artigos 4.º e 9.º da Lei n.º 1.060/1950 <recomenda-se a coleta, pelo advogado, de declaração de hipossuficiência do cliente, caso seja requerida a Justiça Gratuita. Deve-se, também, de preferência, fazer a juntada de tal declaração nos autos, já na inicial>.
Requer-se, com base no § 4.º do art. 22 da Lei n.º 8.906/1994, que, ao final da presente demanda, caso sejam encontradas diferenças em favor da parte autora, quando da expedição da RPV ou do precatório, os valores referentes aos honorários contratuais (contrato de honorários anexo) sejam expedidos em nome da sociedade de advogados contratada pela parte autora, no percentual constante no contrato de honorários anexo, assim como dos eventuais honorários de sucumbência.
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (Mil reais). <adequar conforme o caso>
Nestes Termos,
PEDE DEFERIMENTO.
Cidade e data 
Assinatura do advogado