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1 Sumário 1 GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL ............................................................................. 8 1.1 O MUNICÍPIO .................................................................................................... 8 1.2 ATUAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL .............................................. 9 1.3 AS CÂMARAS MUNICIPAIS ............................................................................ 11 1.4 PODERES DA CÂMARA MUNICIPAL E DOS VEREADORES ....................... 13 1.4.1 Legislar sobre assuntos de interesse local ............................................... 13 1.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ...................... 14 1.6 OUTROS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS .............................................................. 16 1.6.1 Princípio da Impessoalidade...................................................................... 16 1.6.2 Princípio da Necessidade .......................................................................... 17 1.6.3 Princípio da Simplicidade .......................................................................... 17 1.6.4 Princípio da Hierarquia .............................................................................. 18 1.7 LEI ORGÂNICA MUNICIPAL (LOM) .............................................................. 19 1.8 LEGISLAÇÃO MUNICIPAL BÁSICA .............................................................. 21 1.9 A HIERARQUIA DAS LEIS (Ordem de Importância) ....................................... 21 1.10 PIRÂMIDE DAS NORMAS BRASILEIRAS ................................................... 22 1.10.1 Desobediência à hierarquia gera: ............................................................ 22 1.10.2 Normas Administrativas: .......................................................................... 23 1.10.3 Lei Orgânica (previsão no art. 29 da CF/88) ............................................ 23 1.10.4 REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA MUNICIPAL (Lei Interna da Casa de Leis) ............................................................................................................... 24 1.10.4.1 Leis Orçamentárias .............................................................................. 24 1.10.4.2 Previsão Jurídica das Leis Orçamentárias: .......................................... 24 1.10.4.3 PPA ..................................................................................................... 24 1.10.4.4 LDO .................................................................................................... 24 1.10.4.5 LOA ...................................................................................................... 25 1.10.4.6 Códigos (lei que fixa normas gerais ou agrupamento de leis) .............. 25 1.10.4.7 Plano Diretor ......................................................................................... 25 1.10.4.8 O Plano Diretor é obrigatório para Municípios ...................................... 25 1.10.4.9 O plano diretor orienta .......................................................................... 26 1.11 OUTRAS LEIS MUNICIPAIS ......................................................................... 26 1.11.1 Fundos Municipais ................................................................................... 26 1.11.2 Estatuto de Servidores ............................................................................ 26 1.12 ATOS LEGISLATIVOS ............................................................................... 27 1.12.1 O que é Ato Legislativo? ...................................................................... 27 2 1.13 PROJETOS LEGISLATIVOS MUNICIPAIS .................................................. 28 1.13.1 Tipos de Projetos Legislativos de Competência da Câmara Municipal: ... 28 1.13.1.1 Peculiaridades de cada um .................................................................. 28 1.13.1.2 Processo Legislativo: ............................................................................ 29 1.14 PROPOSIÇÕES LEGISLATIVAS .................................................................. 29 1.15 DIFERENÇAS E OBJETIVOS DESSAS PROPOSIÇÕES ............................ 30 1.16 PROCEDIMENTOS DE TRÂMITE .............................................................. 37 1.16.1 Procedimento Sumaríssimo ..................................................................... 38 1.16.2 Contradições na legislação ...................................................................... 38 1.16.3 Limitações aos Pedidos de Urgência....................................................... 38 1.16.4 Regimento Interno da Câmara dos Deputados ....................................... 39 1.16.5 RI da Assembleia Legislativa do Paraná ................................................. 39 1.16.6 Regimento Interno da Câmara de Curitiba .............................................. 39 1.16.7 Lei Orgânica de Belo Horizonte-MG ........................................................ 39 1.17 ESCLARECENDO O REGIME DE URGÊNCIA ............................................. 40 1.18 BANALIZAÇÃO DO REGIME DE URGÊNCIA .............................................. 40 1.19 A ELABORAÇÃO LEGISLATIVA ................................................................. 41 1.19.1 Matéria exclusiva do Prefeito ................................................................... 41 1.20 MATÉRIA EXCLUSIVA DA CÂMARA MUNICIPAL .................................... 42 1.21 MATÉRIA CONCORRENTE DO PREFEITO E CÂMARA .......................... 44 1.22 VERIFICAÇÃO DA POSSIBILIDADE JURÍDICA ......................................... 45 1.23 CONFIRMAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE LEI PRÉ-EXISTENTE ................. 45 1.24 ELABORAÇÃO E REVISÃO DO PROJETO ................................................ 46 1. 25 JUSTIFICATIVA PARA O PROJETO ......................................................... 48 1.26 FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO DE ELABORAÇÃO DE LEIS ....... 48 1.27 REGRAS PARA ALTERAÇÃO DAS LEIS .................................................... 59 1.28 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ........................................................... 60 2 AS PRERROGATIVAS DA FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO ................................ 63 2.1 AS PRERROGATIVAS DA FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO ........................ 64 2.2 DO REEXAME NECESSÁRIO ........................................................................ 65 3 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO URBANO ............................................. 66 3.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 66 3.2 A HISTÓRIA DAS CIDADES ........................................................................... 68 3.3 CONCEITOS DE CIDADE, URBANO E URBANIZAÇÃO ................................ 73 3.4 PRINCÍPIOS DO PLANEJAMENTO URBANO ................................................ 78 3.5 TRAJETÓRIA E CARACTERÍSTICAS DO PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO URBANO NO BRASIL ....................................................... 82 3.6 MORFOLOGIA URBANA ................................................................................ 89 4 NOVO REGIME DOS PRECATÓRIOS MUNICIPAIS ............................................ 93 4.1 O QUE É PRECATÓRIO? .............................................................................. 93 3 4.2 A FAZENDA PÚBLICA ..................................................................................... 94 4.2.1 Breves considerações acerca da execução contra a Fazenda Pública 94 4.2.2 Exemplificando o conteúdo anteriormente abordado ........................... 95 4.3 POR QUE O PRECATÓRIO? ..................................................................... 96 4.3.1 Formação do precatório ....................................................................... 97 4.3.2 Requisitos do ato administrativo do precatório ..................................... 97 4.3.3Competência para expedição do precatório (ofício requisitório) .......... 98 4.3.4 Natureza jurídica do ofício requisitório ...................................................... 98 4.3.5 Cumprimento do Precatório ....................................................................... 99 4.4 REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR (RPV) ................................................ 104 4.4.1 Prazo para pagamento da RPV ............................................................... 106 4.4.2 Leilão/Acordos em câmara de conciliação .............................................. 106 4.4.3 Sequestro ................................................................................................ 107 4.4.4 Sanções face ao não pagamento de precatório/RPV .............................. 108 4.4.5 Intervenção .............................................................................................. 108 5 MANDADO DE SEGURANÇA: PECULIARIDADES DA DEFESA ..................... 109 5.1 HISTÓRICO ................................................................................................... 109 5.2 CONCEITO E FUNDAMENTAÇÃO ............................................................... 110 5.3 OBJETO E OBJETIVO DOWRIT ................................................................... 111 5.4 PREVENTIVO OU REPRESSIVO. ................................................................ 111 5.5 INDIVIDUAL OU COLETIVO ......................................................................... 112 5.6 AUTORIDADE COATORA ............................................................................. 113 5.7 LEGITIMADOS A PROPOR MANDADO DE SEGURANÇA .......................... 114 5.8 PECULIARIDADES DA IMPETRAÇÃO ......................................................... 114 5.8.1 Em casos de urgência ............................................................................. 114 5.8.2 Honorários ............................................................................................... 115 5.8.4 Documentos em poder da autoridade coatora ......................................... 116 5.8.5 Requisitos da petição .............................................................................. 116 5.8.7 Suspensão da liminar em MS .................................................................. 117 5.8.8 Desobediência à ordem judicial (liminar ou sentença): ........................... 117 5.9 PROCEDIMENTO E PRAZOS ....................................................................... 118 5.10 DAS MEDIDAS LIMINARES ........................................................................ 119 5.10.1 Finalidade e objetivo da concessão liminar da segurança .................... 119 5.10.2 Efeitos da liminar e prioridade no julgamento do Mandado de Segurança ........................................................................................................................................ 119 5.10.2.1 Revogação ou cassação da liminar .................................................... 120 5.10.3 Suspensão da liminar ou da execução da sentença – cabimento ......... 120 4 5.10.4 Liminar nos casos de Mandado de Segurança coletivo ........................ 121 5.11 CONCESSÃO OU DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA .................................. 121 5.11.1 Indeferimento da inicial .......................................................................... 121 5.11.2 Concessão liminar da medida ............................................................... 122 5.11.3 Concessão da medida liminar – previsão legal. .................................... 122 5.11.4 Denegação da segurança – casos ........................................................ 123 5.12 EXECUÇÃO DO MANDAMUS ..................................................................... 124 5.13 RECURSOS CABÍVEIS ............................................................................... 124 6 O PROTESTO DA DÍVIDA ATIVA! ...................................................................... 125 6.1 O QUE É UM PROTESTO DE TÍTULO ....................................................... 125 6.2 PROTESTO DE DÍVIDA – CONCEITO ........................................................ 126 6.3 REGULAMENTAÇÃO DO PROTESTO (LEI Nº 9.492/97) ............................. 127 6.4 RESPONSÁVEL PELO PROTESTO ............................................................. 128 6.5 VANTAGENS AO CREDOR .......................................................................... 130 6.6 PROCEDIMENTO DO TÍTULO ...................................................................... 130 6.6.1 Apresentação do título ............................................................................. 131 6.7 OBJETO DO PROTESTO .............................................................................. 139 6.7.1 Dívida Ativa ............................................................................................. 140 6.8 PROTESTO DA CERTIDÃO DA DIVIDA ATIVA ............................................ 143 6.8.1 Discussões Judiciais ................................................................................ 145 6.8.2 Do entendimento do STJ sobre o Protesto da Certidão da Dívida Ativa . 145 6.8.3 Inconstitucionalidades do Protesto da CDA ............................................. 146 6.8.4 Tese da Ocorrência de Sanção Política .................................................. 146 6.8.5 Temas Polêmicos em sede de Protesto de CDA ..................................... 147 6.8.6 Protesto de CDA Prescrita ...................................................................... 148 6.8.7 Protesto de CDA Paga ou com Erro ........................................................ 149 6.8.8 Dano moral no Juizado Especial da Fazenda Pública ............................. 149 6.9 CONCLUSÃO ................................................................................................ 149 7 A EXECUÇÃO FISCAL ........................................................................................ 150 7.1 AÇÕES TRIBUTÁRIAS .................................................................................. 150 7.2 CONCEITO E INSCRIÇÃO DA DÍVIDA ATIVA ......................................... 153 7.2.1 Conceito de Dívida Ativa .................................................................... 153 7.3 A DECADÊNCIA E A PRESCRIÇÃO ...................................................... 156 FIGURA 85- PETENGILL, Fabio. Protesto da certidão da dívida ativa pelo município.Disponível em:<http://slideplayer.com.br/slide/7310049/.Acesso em: 15 maio 2017 ............................................................................................................ 159 8 CLASSIFICAÇÃO DOS DEVEDORES ............................................................. 162 8.1 A APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÕES FISCAIS .................................. 163 http://slideplayer.com.br/slide/7310049/.Acesso http://slideplayer.com.br/slide/7310049/.Acesso 5 9 O PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR .............................................. 168 9.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................... 168 9. 2 TEORIA GERAL DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA ................................... 170 9.3 O DEVER DE REPRESENTAR ..................................................................... 172 9. 3.1 Cautelas no Dever de Representar ........................................................ 172 9.3.2 A Representação Ideal ............................................................................ 172 9.3.3 Erros Comuns na Representação ........................................................... 173 9.3.4 Elementos Básicos da Representação .................................................... 173 9.4 PRINCIPIOLOGIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO ............................... 174 10 SINDICÂNCIA ADMINISTRATIVA ..................................................................... 17810.1 SINDICÂNCIA INQUÉRITO (PROCEDIMENTO)........................................ 178 10.2 SINDICÂNCIA ACUSATÓRIA (PROCESSO) ............................................. 180 11 ANTICORRUPÇÃO - LEI 12.846/13 .................................................................. 181 11.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 181 11.2 LEI Nº 12.846/2013 ...................................................................................... 181 11.3 RESPONSABILIDADE CIVIL ...................................................................... 182 11.4 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA ................................................. 182 11.5 LEI Nº 12.846/13 .......................................................................................... 183 11.6 RESPONSABILIDADE OBJETIVA ............................................................. 183 11.7 SUJEITOS ATIVOS E PASSIVOS ............................................................... 183 11.8 AS SANÇÕES .............................................................................................. 186 11.9 PROGRAMA DE COMPLIANCE .................................................................. 186 11.10 DO ACORDO DE LENIÊNCIA ................................................................... 187 11.11 DECRETO Nº 8.420/2015 – REGULAMENTA A LEI ANTICORRUPÇÃO 189 12 LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL – LEI COMPLEMENTAR Nº 101/00 .. 191 12.1 OBJETIVOS ................................................................................................. 191 12.2 PILARES DA LRF ....................................................................................... 192 12.3 PLANEJAMENTO MUNICIPAL .................................................................... 194 12.4 INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO .................................................... 195 13 AUDITORIA GOVERNAMENTAL NOS MUNICÍPIOS ...................................... 203 13.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 204 13.2 TEORIA DA AGÊNCIA e GOVERNANÇA CORPORATIVA ...................... 209 13.3 DEFINIÇÃO DE ACCOUNTABILITY ........................................................... 214 14 CONTROLADORIA ............................................................................................ 217 15 TÉCNICAS DE CONTROLE INTERNO ............................................................. 222 15.1 Auditoria ....................................................................................................... 222 15.1.1 Modalidades de Auditoria ...................................................................... 223 15.1.2 Planejamento ......................................................................................... 224 6 15.1.3 Projeto de Auditoria ............................................................................... 224 15.1.4 Matriz de Planejamento ......................................................................... 225 15.1.5 Execução ............................................................................................... 226 15.1.6 Relatório ................................................................................................ 227 15.1.7 Acompanhamento .................................................................................. 229 15.1.8 Inspeção ................................................................................................ 230 15.2 Fiscalização ................................................................................................. 231 15.3 Processos de Contas ................................................................................... 232 15.4 Avaliação de Resultados .............................................................................. 232 15.5 Aplicação ..................................................................................................... 233 15.6 Finalidade .................................................................................................... 233 16 AUDITORIA INTERNA ....................................................................................... 234 17 AUDITORIA - ASSESSORA DA GESTÃO MUNICIPAL ................................... 235 REERÊNCIAS ......................................................................................................... 237 7 >> Boas-vindas! Bem-vindo (a)! Certamente, você já observou que cada vez mais a influência da Gestão Pública nos Municípios ocupa um papel preponderante na missão de orientar, corrigir distorções, e defender interesses e direitos do governo local. A importância no contexto constitucional brasileiro e no atual Estado democrático de direito, necessita ser conhecido. Nesta disciplina, você aprenderá sobre a Origem e Estrutura do Estado, os Principais fundamentos da Administração Pública, Novo Regime dos Precatórios Municipais, Mandado de Segurança, Execução Fiscal, Processo Administrativo Disciplinar, Sindicância Administrativa. Abordaremos também na disciplina, as principais Técnicas de Controle Interno e da Auditoria Municipal. Bom estudo! 8 1 GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL 1.1 O MUNICÍPIO Como mencionado na primeira disciplina (Noções de Gestão Pública Municipal), e valendo à pena relembrar aqui, “[...] a divisão político-administrativa do Município possui uma sede (cidade) e distritos, cujas sedes podem ser chamadas de vilas”. Os Poderes no Município são o Executivo e o Legislativo. O Executivo é comandado pelo Prefeito, a partir do Paço Municipal (Prefeitura). O Prefeito é eleito pelos eleitores locais, para um mandato de 04 (quatro) anos, e tem a responsabilidade de administrar o funcionamento da “máquina pública”, visando o fornecimento de serviços essenciais à população, além de orientar o planejamento urbano e promover o bem comum da sociedade municipal. Para tanto, poderá utilizar a administração direta (prefeitura e seus órgãos), mas poderá possuir entidades de administração indireta, para descentralização das competências (autarquias, fundações públicas, empresas de públicas ou de economia mista). Na administração direta, a prefeitura possui via de regra em sua estrutura administrativa, órgãos denominados de Secretarias, Departamentos, Coordenações, Gerencias, Diretorias, Divisões, Serviços e Setores. Os órgãos são definidos como meios, quando oferecem condições às Secretarias para suas operações, destinados ao planejamento, à instrumentalização e definição das ações a serem realizadas. Para realizar suas ações, o Poder Executivo Municipal, comandado pelo Prefeito, utiliza trabalhadores denominados Servidores (efetivos, comissionados e temporários), ou terceiros, investidos em funções de agentes públicos (conselheiros, advogados contratados e cartorários, dentre outros). O Município, enquanto pessoa jurídica de direito público interno possui bens e rendas. Os recursos públicos dos Municípios são oriundos dos tributos arrecadados em seu território, ou de sua cota-parte repassada pelo respectivo Estado e pela União. O território do Município é dividido entre área urbana e área rural, definidas por meio de lei de zoneamento. 9 A autonomia dos Municípios, embora estivesse sempre implícita no sistema brasileiro, antigamente era atingida pela interpretação de cada época, em especial, nos regimes de exceção (autoritários...). Evoluindo e firmando a questão, os constituintes de 1988 definiram expressamente essa autonomia municipal, principalmente nos arts. 1º, 18, 29, 30, 35, 145 e 156, da Carta Magna brasileira. A autonomia representa a não subordinação do governo municipal a qualquer autoridade estadual ou federal, no desempenho de suas atribuições. Representa, ainda, que as leis municipais em assuntos de competência expressa e exclusiva dos Municípios,prevalecem sobre as leis estadual e federal, inclusive sobre a Constituição Estadual, em caso de conflito. Embora ocorra uma identificação maior do Poder Executivo como Administração Pública, o certo é que os três poderes podem realizá-la. Assim, todas as vezes que os outros poderes distintos do Executivo estão atuando na prestação de serviços públicos, serão caracterizados como Administração Pública. Com isso, o Poder Legislativo Municipal também faz parte da estrutura da Administração Pública local. 1.2 ATUAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL Além de fornecer os serviços públicos (tema tratado na primeira disciplina), após a Carta Magna de 1988, o Município assumiu inúmeras áreas para atuação, que resultam em muita responsabilidade social e encargos, que por óbvio exigem cada vez mais recursos financeiros para implantação. Conforme anteriormente mencionado, podemos classificar como principais funções de governo municipal, nas seguintes atuações: 1 – Legislativa; 2 – Administração; 3 – Segurança Pública; 4 – Assistência Social; 5 – Previdência Social; 6 – Saúde; 7 – Trabalho; 8 – Educação; 9 – Cultura; 10 AMPLIANDO OS HORIZONTES Acesse o artigo que trata sobre a finalidade de apresentar as competências, papéis e funções municipais no contexto da administração pública contemporânea, sobretudo a partir do entendimento das funções dos poderes Legislativo e Executivo como partes interdependentes dos governos municipais. http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/face/article/viewFile/9778/ 6701 10 – Direitos da Cidadania; 11 – Urbanismo; 12 – Habitação; 13 – Saneamento; 14 – Gestão Ambiental; 15 – Ciência e Tecnologia; 16 – Agricultura; 17 – Organização Agrária; 18 – Indústria; 19 – Comércio e Serviços; 20 – Comunicações; 21 – Energia; 22 – Transporte; 23 – Desporto e Lazer; 24 – Encargos Especiais. Ademais, em cada segmento deste, ampliam-se rapidamente as demandas por novos atendimentos e cuidados do Estado, em razão da escalada de novidades sociais e globais. Como é o caso da educação e saúde, que embora possuam indicações constitucionais para os gastos mínimos de cada ente federativo, exigem mais investimentos, expandindo assustadoramente esses limites, especialmente no âmbito dos Municípios. E muito se fala e atua em Políticas Públicas, tentando promover o bem da população e a cidadania. http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/face/article/viewFile/9778/ 11 Segundo reforça a enciclopédia eletrônica: “Política Pública1, comumente referida no plural, políticas públicas, é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou por meio de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos”. 1.3 AS CÂMARAS MUNICIPAIS A Carta Constitucional vigente resgatou direitos relevantes como: I - os direitos e as garantias individuais e coletivas e a cidadania; II – consagrou o Estado Democrático de Direito, definindo as principais políticas públicas; III - assegurou aos Municípios a condição de Entes Federados (CF, art. 1º, caput). Até aí, o Município constituía parte do território do Estado; IV - as Câmaras deixaram de ser órgão do Governo Municipal, para se constituírem em Poder Legislativo: Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. [grifos nossos]. Assim, o Município brasileiro é um dos mais autônomos do mundo, de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro e se comprova pela capacidade de: I – eleição de seus representantes para os Poderes Municipais; II - legislar sobre assuntos de seu interesse peculiar (CF, Art. 30); III - tributar (CF, art. 156) e empregar seus recursos; IV - elaborar seus instrumentos de planejamento (PPA – LDO – LOA) e, V - organizar e administrar os serviços municipais sem interferência dos governos federal ou estaduais. Por sua vez, o art. 18 da Constituição Federal /88, preconiza: “A organização político- administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos nos termos da Constituição” (BRASIL, 1988). Assim, pudemos constatar neste dispositivo legal (art.18) que diz respeito à organização político-administrativa, e também qualifica os Municípios como entes federados. Nas constituições anteriores, o Brasil era formado pela União dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Em outras palavras, a Constituição Federal de 1988 representou um marco no processo de descentralização política no Brasil, ao reconhecer os Municípios como entes da federação e ao atribuir-lhes maiores competências. 1ENCICLOPÉDIA WIKIPÉDIA. Política pública. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_p%C3%BAblica>. Acesso em: 14 nov. 2017. 12 Essa autonomia é confirmada no art. 29, inciso IV, que atribui aos Municípios competência para se organizarem por meio das próprias Leis Orgânicas, como segue: “O Município reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal [...]” (BRASIL, 1988). Dessa forma, a competência de cada uma das esferas governamentais está definida na atual Constituição Federal, que também estabelece o que lhes é vedado. Por sua vez, os artigos 21 e 22 enumeram as matérias de competência exclusiva da União. O art. 23 relaciona as matérias de competência comum da União, Estados, Municípios e Distrito Federal. De acordo com Meirelles (1993): “[...] a característica fundamental da atual Carta Constitucional é a ampliação da autonomia municipal, no tríplice aspecto político, administrativo e financeiro, conforme estabelecido nos artigos 29 a 31, 156 e 159, outorgando-lhe, inclusive, o poder de elaborar a sua lei orgânica” (BRASIL, 1988). O mais importante da Constituição Federal de 1988, no que diz respeito ao processo de autonomia dos Municípios, está no art. 29: “O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará” (BRASIL, 1988). Esse dispositivo legal coloca o Município, em relação a sua autonomia, em uma posição privilegiada, pois não está mais subordinado a qualquer autoridade estadual ou federal no desempenho de suas atribuições exclusivas. Os Municípios, dentro de sua competência privativa, podem “legislar sobre assuntos de interesse local” (art. 30, inciso I), em substituição à tradicional expressão “peculiar interesse”, que acompanhava todas as constituições republicanas anteriores. Como pudemos constatar, desde a Constituição Federal de 1988, o Município mudou, tornou-se mais autônomo, mais capaz. Convém recordar que a autonomia política significa a capacidade conferida a certos entes para legislarem sobre negócios seus e por meio de autoridade própria. O fato de o Município passar a reger-se por lei orgânica significa a detenção de um poder de autorganização que antes lhe era negado. Ganhou a prerrogativa de firmar sua própria constituição. Os instrumentos foram dados e, politicamente, cabem aos prefeitos e vereadores utilizarem- nos devidamente em proveito da população. O vereador tem importância fundamental porque é no Município que os cidadãos moram e trabalham (MEIRELLES, 1993). 13 AMPLIANDO OS HORIZONTES O número de vereadores de uma cidade está relacionado com a quantidade de habitantes. Mas o número exato de vagas disponíveis é definido pela Lei Orgânica de cada município, respeitando o que diz o art. 29 da Constituição Federal, que relaciona o limite de vereadores de acordo com a quantidade de habitantes do município. Acesse o link e saiba mais. https://www.todapolitica.com/como-e-definido-o-numero-de-vereadores-por-municipio/ Depois da Emenda Constitucional nº 58 de 2009, ficaram fixados os limites máximos para a composição das Câmaras Municipais (CF/88, art. 29, inciso IV). Compete às Câmaras Municipais fixar o subsídio dos vereadores em cada legislatura e para a legislatura seguinte, respeitando sempre a Constituição e o que mais estiver disposto na Lei Orgânica do Município. (SABATOVSKI, 2011). Segundo Motta (2013), a Câmara de Vereadores é a “Casa do Povo”. Portanto, isto já determina ao edil2 a reserva de um espaço especial no seu trabalho para receber e dialogar com a população suas ansiedades e demandas, procurando sempre contribuir para atender ou ao menos responder com presteza. Dessa forma, constatamos que a partir da Constituição Federal de 1988, o Município recebeu uma importância nunca vivenciada. 1.4 PODERES DA CÂMARA MUNICIPAL E DOS VEREADORES 1.4.1 Legislar sobre assuntos de interesse local • Instituir tributos mediante a observância da Lei; • Votar os Orçamentos (PPA, LDO e LOA); • Autorizar empréstimos; • Autorizar a Concessão de Serviços Públicos; • Aprovar o Plano Diretor; • Aprovar os Códigos (Tributário, Obras, Posturas, dentre outros.); • Aprovar a estrutura e os Cargos do Executivo; • Aprovar o Plano de Carreira; Cargos e Salários dos Servidores da Prefeitura; • Aprovar o Plano Estratégico de Desenvolvimento; 2 Edil - A palavra designa mandatários de cargos eletivos municipais, sinônimo de vereadores. Magistrados da antiga Roma responsáveis por fiscalizar prédios públicos, preservação da cidade, do abastecimento, da polícia dos mercados e das ações penais correlatas, bem como da jurisdição civil contenciosa nas questões ali ocorridas. (DICIONÁRIO MICHAELLIS, 2015). http://www.todapolitica.com/como-e-definido-o-numero-de-vereadores- 14 • Autorizar a aquisição e alienação de bens móveis e imóveis. Complementando essa linha de raciocínio lembramos que a Constituição Federal de 1988 consagrou a autonomia municipal, reconhecendo o Município como entidade federativa indispensável ao sistema federativo brasileiro nos artigos 1º e 18. Todavia, no plano político, o art. 29 dispõe que o Município será regido por lei orgânica própria, e não mais estadual como até então acontecia. Quanto ao aspecto financeiro, a específica competência tributária está lado a lado com as demais entidades federais (art. 145). Acerca do tema, João Lopes Guimarães (2010) afirma: O Município tem competência para legislar sobre questões de „interesse local‟, compreendendo-se por „interesse local‟ toda matéria que seja de preponderante relevância para o Município, em relação à União e ao Estado. Pois bem, ocorre que trânsito, na área municipal, é tipicamente matéria de interesse local. (Justitia, São Paulo, 59 (vol.181/184), jan./dez., 1998, p. 94-118) [grifos nossos]. Assim, é preciso desmistificar certos conceitos e regras presentes no ordenamento jurídico brasileiro. Não é possível compreender em que consiste o “interesse local” fora de um contexto. Não basta buscar nos dicionários o significado de “interesse” e de “local”. A verdadeira tradução da expressão deve levar em conta todo o conteúdo constitucional, assim como a realidade dos Municípios brasileiros. Devemos lembrar que o ente federativo mais próximo das pessoas é o Município. Assim, o “interesse local” deve ser visto sob o enfoque municipal, pois, caso contrário, se correrá o risco de dificilmente encontrá-lo, e sobrará aos Municípios a árdua tarefa de executar as diretrizes estabelecidas pelos outros entes da federação. 1.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE O princípio da legalidade é o postulado basilar de todos os Estados de Direito, consistindo, a rigor, no cerne da própria qualificação destes (o Estado é dito “de Direito” porque sua atuação está integralmente sujeita ao ordenamento jurídico, vigora o “império da lei”). É o princípio consignado no caput do art. 5o e seu inciso II, da CF/88: Art. 5o, inciso II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma cosia senão em virtude de lei; Também está previsto no art. 37 da CF/88. Os artigos 84, inciso V e art. 150, inciso I, ambos da CF/88, reforçam a ideia de legalidade: Art. 84 - Compete privativamente ao Presidente da República: Inciso V – vetar projetos de lei, total ou parcialmente; 15 AMPLIANDO OS HORIZONTES O princípio legalidade rege que toda a atividade da administração pública está subordinada ao que diz a lei. Acesse o link abaixo e saiba mais sobre esse importante princípio. https://www.youtube.com/watch?v=uZzmDots804 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: Inciso I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; [grifos nossos]. O princípio da legalidade é indispensável (é a base) para a manutenção de um Estado de Direito (estado politicamente organizado e que obedece as suas próprias leis). Segundo Hely Lopes Meirelles (2002, p. 86) o Princípio da Legalidade: Significa que o administrador público está em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da Lei e as exigências do bem comum, e deles não se podem afastar ou desviar sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal conforme o caso [grifos nossos]. Esse princípio tem dois enfoques diferentes: a) Legalidade para o Interesse Público (Direito Público) – sob a ótica pública (direito público), o administrador só pode fazer o que está efetivamente previsto, precisa estar autorizado na lei. Essa relação é chamada de Critério de Subordinação a Lei. A lei permite o administrador de avaliar, de fazer juízo de discricionariedade. b) Legalidade para o Interesse Particular (Direito Privado) – já na ótica particular (direito privado), pode-se tudo, desde que não seja proibido por lei. É chamada de Critério de Não Contradição à Lei. Assim, quando se fala do princípio da legalidade precisa ser entendido em seu sentido amplo (todas as espécies normativas). Pode ser aplicação da lei ou regra e princípios constitucionais. Ainda sobre o princípio de legalidade, Gasparini (2002, p. 7), afirma que a administração púbica precisa estar em consonância com as leis na execução de suas atividades, sob pena da invalidade do ato e ainda a responsabilização do autor. http://www.youtube.com/watch?v=uZzmDots804 http://www.youtube.com/watch?v=uZzmDots804 16 Partindo deste pressuposto, fica entendido que a Administração Pública, só pode fazer aquilo que a Lei permite e tudo que a Lei não proíbe. Esse princípio incorpora-se com a própria função administrativa, de executor de direito, que atua sem finalidade própria, mas sim em respeito à finalidade imposta pela Lei, e com a necessidade de preservar-se o ordenamento jurídico. Neste sentido, Seabra Fagundes (1980, p.17) tem um conceito sobre legalidade: “administrar é aplicar a lei de ofício”. Em suma, a administração, além de não poder atuar contra a lei ou além da lei, somente pode agir segundo a lei (a atividade administrativa não pode ser contra legem nem praeter legem, mas apenas secundum legem). Os atos eventualmente praticados em desobediência a tais parâmetros são atos inválidos e podem ter sua invalidade decretada pela própria administração que os haja editado (autotutela administrativa) ou pelo Poder Judiciário. Nesta perspectiva, questionamos: O princípio da legalidade é sinônimo de reserva de lei? Essa expressão está incorreta. A legalidade tem um conceito amplo, conforme visto anteriormente. O Princípio da Reserva de Lei significa dar a uma determinada matéria uma espécie normativa, para determinado tema (para matéria “x”, haverá lei complementar), isto é, escolhe-se a espécie normativa. 1.6 OUTROS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS 1.6.1 Princípioda Impessoalidade Dentre os vários princípios aplicáveis na confecção das leis, o princípio da Impessoalidade surge com uma força equivalente ao princípio da legalidade. Pelo princípio da impessoalidade, o administrador precisa agir de forma impessoal, isto é, não pode buscar interesses próprios. Precisa agir com ausência de subjetividade. Significa que os atos administrativos são impessoais. O ato administrativo é do Estado, ente público (pessoa jurídica) e não do servidor. Para o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello (2010), o princípio da impessoalidade traduz a ideia de que a Administração Pública deve tratar todos sem discriminação ou benefícios, sem favoritismos, sem perseguições, sem simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou religiosas (não podem interferir na atividade administrativa). Este conceito está ligado ao princípio da isonomia e da igualdade. 17 Assim, com os constantes relatos de corrupção dentro da esfera administrativa é fundamental abordarmos o que preconiza o princípio da impessoalidade, Carvalho Filho (2011, p. 19), assevera que esse princípio “objetiva a igualdade de tratamento que a administração deve dispensar aos administradores que se encontrem em idêntica situação jurídica”. Complementa essa visão Pazzaglini Filho (2002, p. 26), ao lecionar que “a impessoalidade significa, que a conduta do agente público, no desempenho da atividade administrativa”. Deve ser sempre “objetiva e imparcial tendo por único propósito em suas ações, o interesse público”. Podendo assim concluir, que todo ato que se afastar desse objetivo será invalidado por desvio de finalidade. Em suma, por este princípio está claro que a criação de uma lei não deve ser direcionada a um grupo, categoria ou pessoa específica, devendo ser feita para buscar o benefício da coletividade, ou seja, a lei não pode ter uma identificação pessoal, um rosto. 1.6.2 Princípio da Necessidade Antes de editar a lei, o legislador e o administrador devem identificar a necessidade de elaboração daquela lei, se o instrumento normativo é o meio mais eficaz para atender a sua necessidade diária. Deve ser avaliado se é justificável movimentar toda a máquina política para editar um instrumento, e se haverá a aplicabilidade da norma votada. É necessário avaliar se um simples ato administrativo pode suprir o que deseja a Administração Pública, ou se somente por meio da força impositiva da norma legal será possível à adoção de alguma medida no âmbito municipal. Um ato normativo só deve ser adotado se for absolutamente essencial para a aplicação de uma nova política. A necessidade se mostra importante para não frustrar os interesses da coletividade. 1.6.3 Princípio da Simplicidade AMPLIANDO OS HORIZONTES O princípio da impessoalidade rege que o administrador público deve ter uma atuação pública objetiva, visando apenas os interesses públicos. Assista ao vídeo e saiba mais sobre esse princípio tão importante nos dias atuais. https://www.youtube.com/watch?v=aHpk0BVu434 http://www.youtube.com/watch?v=aHpk0BVu434 http://www.youtube.com/watch?v=aHpk0BVu434 18 Para a edição de um projeto de lei deve ser adotada a simplicidade na redação, e uma linguagem clara que se adeque ao local em que ela será aplicada, a norma deve se adequar a realidade local, tão simples que qualquer cidadão consiga interpretar sem dificuldades, que fique claro o objetivo e aplicação da norma, a quem se destina e quem deve cumpri-la. A norma não poderá ter linguagem rebuscada que não permita uma interpretação ou que apresente sentido dúbio. Os atos normativos devem ser na medida do possível, simples. Devem ser tão pormenorizados quanto necessário e tão simples quanto possível. 1.6.4 Princípio da Hierarquia Um assunto muito importante diz respeito à hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Hoje é pacífico no STJ e STF de que não há hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, pois ambas possuem campos materiais distintos estabelecidos pela CF/88, Constituição Estadual e LOM. Caso ocorra a incompatibilidade de conteúdo das 02 (duas) espécies normativas, é admissível o cabimento de uma ADI por haver uma violação direta da Constituição. Não é a lei complementar que serve de fundamento de validade formal ou material da lei ordinária, uma vez que ambas retiram seu fundamento de validade da CF/88 e da LOM. Por isso, não há subordinação jurídica entre elas e, por consequência, não há hierarquia. A lei complementar vai tratar de matérias reservadas e a lei ordinária de matérias residuais. Além dessa diferença de conteúdo (matéria), há outra diferença entre lei complementar e lei ordinária, que é o quórum de aprovação (número de parlamentares presentes na votação). No caso de lei complementar, o quórum de aprovação é maioria absoluta (mais de 50% (cinquenta por cento) dos membros). No caso de lei ordinária, o quórum é de maioria relativa (mais de 50% (cinquenta por cento) presentes na votação). A Lei Federal trata de matérias da União (art. 22 da CF/88), a Lei Estadual trata da competência dos Estados (art. 25, §1o) e as Leis Municipais tratam das matérias de competência dos Municípios (art. 30). As competências estão previstas na CF/88 e deverão ser replicadas por simetria na LOM. Trata-se de uma repartição horizontal de competência. Por ser a Constituição Federal/88 o fundamento imediato de validade das leis federais, estaduais, distritais e municipais, não há hierarquia entre essas leis. Assim, se uma lei federal tratar de uma matéria de interesse local (que deveria ser objeto de lei municipal) haverá violação da CF/88. 19 Ficará a cargo do STF resolver o conflito entre lei municipal e lei federal, por meio de recurso extraordinário. OBS: o artigo 24 da CF/88 trata da competência concorrente – norma geral feita pela União, uma norma específica feita pelo Estado e norma suplementar feita pelo Município (art. 30, inciso II). Aqui há hierarquia entre as normas. É uma exceção à regra vista acima. 1.7 LEI ORGÂNICA MUNICIPAL (LOM) O Brasil por ser uma federação, estabelecido nos termos do art. 1º e do art. 18 de sua Constituição Federal/88, estabelece a sua organização político-administrativa prevendo o exercício do poder por suas unidades federativas. O Município é uma das unidades federativas, ao lado da União, dos Estados-Membros e do Distrito Federal. Portanto, ao repartir o exercício do poder, a Constituição Federal/88, nos artigos 29 a 31 determinou ao Município a responsabilidade de exercer, de forma autônoma, o chamado “poder local” devendo, para tanto, organizar-se, produzir leis de interesse predominantemente local, suplementar a legislação federal e estadual, quando for o caso, e exercer os controles de gestão. O exercício do poder local deve ser estruturado a partir da lei orgânica municipal, que deve ser própria. Significa, portanto, que cada Município deve ter a sua lei orgânica, a partir dos princípios e preceitos das Constituição Federal/88, e de seu respectivo Estado, além de suas peculiaridades (SOUZA, 2014). Por exemplo, se o Município tem como força propulsora de sua economia o turismo, a sua lei orgânica deve enfatizar as diretrizes turísticas a serem valorizadas; ao contrário de um Município, cuja base de desenvolvimento é a agricultura, pois, nesse caso, a sua lei orgânica deve realçar as diretrizes da política agrícola e do desenvolvimento do setor primário. É importante agregar o parâmetro local no texto da Lei Orgânica do Município, pois a ausência desse critério retira da lei orgânica a sua função constitucional. Tem Municípios, por exemplo, que simplesmente “copiaram” a sua lei orgânica de outros e até hoje não revisaram o texto, mantendo-o distante do atual (con) texto. Assim, a lei orgânica do município, como o nome indica, é a lei que “organiza” o exercíciodo poder local, reafirmando os princípios e preceitos constitucionais, indicando as competências do poder executivo e do poder legislativo e determinando as diretrizes locais 20 AMPLIANDO OS HORIZONTES Saiba qual a relação da Câmara Municipal com a Prefeitura do seu Município. Quais são suas atribuições e em que ela trabalha. Acesse o link e saiba mais. http://www.politize.com.br/camara-municipal-o-que-faz/ para as políticas de tributação e de finanças, de desenvolvimento econômico, social, ambiental e urbano (SOUZA, 2014). Por consequência, a lei orgânica do município deve ter conteúdo aberto, não restrito. Por exemplo, é equivocado colocar no texto da lei orgânica o número de comissões permanentes da câmara municipal e quais são as suas atribuições, pois são matérias do regimento interno da casa legislativa; assim como é equivocado colocar no texto da lei orgânica os conselhos que o Município terá, pois se trata de matéria de lei ordinária. Outro equívoco comum é fazer constar na lei orgânica a destinação de recursos financeiros para uma ou para outra finalidade, pois se trata de matéria das leis orçamentárias. A guardiã da lei orgânica é a Câmara Municipal, pois nela atuam os vereadores, em representação da sociedade. É na casa legislativa que o processo legislativo da lei orgânica se desenvolve. Não há a possibilidade, por exemplo, de veto. A única ação disponível ao prefeito, quanto à lei orgânica, é a proposição de emenda à lei orgânica. As demais fases são específicas e próprias da Câmara Municipal. A importância democrática de a lei orgânica ser produzida a partir da sociedade revela-se, inclusive, na sua promulgação, que é colegiada, com a assinatura de todos os membros da mesa diretora. Na visão de André Leandro Barbi de Souza (2014): É dever dos parlamentares locais a “releitura” da lei orgânica, a fim de detectar as defasagens que nela se instalam em decorrência da sua descontextualização local, ou de decisões jurisprudenciais ou, por fim, de alterações da própria Constituição Federal [grifos nossos]. Deixar a Lei Orgânica do Município “de lado”, não se interessar por suas disposições, conduzir-se a sua margem, são erros que devem ser evitados, pois a omissão legislativa dificulta o exercício da governabilidade emperra o desenvolvimento da comunidade. http://www.politize.com.br/camara-municipal-o-que-faz/ 21 1.8 LEGISLAÇÃO MUNICIPAL BÁSICA O que é legislação? É uma ou mais leis que se relacionam. Exemplos: as leis de um país podem ser chamadas de legislação do país. As leis sobre Meio Ambiente, podem ser chamadas de Legislação do Meio Ambiente. Mas, o que é lei? É uma norma (regra) escrita. Por que existem as leis? Para manter a ordem social e promover o bem comum. No Brasil, existem dois tipos de leis, tecnicamente falando: • Leis Ordinárias; • Leis Complementares. A legislação brasileira prevê a existência de normas maiores, que regulamentam de forma: • Geral (Federação); • Regional (Estados E Distrito Federal); • Local (Municípios). No âmbito federal a norma maior é chamada de Constituição. A Constituição também é conhecida por: • Carta Magna; • Carta Cidadã; • Carta Popular; • Carta Política; • Lei Maior. Nos Estados-Membros, a lei maior é chamada de Constituição Estadual. Nos Municípios e no Distrito Federal não existem Constituições, existem Leis Orgânicas. 1.9 A HIERARQUIA DAS LEIS (Ordem de Importância) Segundo o constitucionalista Vicente Ráo: “A hierarquia é um sistema em que as normas de categoria inferior devem obedecer as superiores”. Em consequência, uma norma de menor hierarquia que conflite com outra de maior hierarquia será inválida (nula ou anulável). Por exemplo, uma lei ordinária que conflite com uma lei complementar cede ante a esta. 22 Figura 1 – Hierarquia das Leis Disponível em:< https://www.google.com.br/search?q=figura+da+hierarquia+das+leis&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir =yvBcFGTHnKJvgM%253A%252CmZvzEhqYweWw9M%252C_&usg= 9- xGIblwdCSU3rQDq7Tp97uM1T8%3D&sa=X&ved=0ahUKEwiDnbTtz9LXAhVCk5AKHdZBBx8Q9QEIK jAB#imgrc=yvBcFGTHnKJvgM: 1.10 PIRÂMIDE DAS NORMAS BRASILEIRAS • Constituição Federal; • Emenda à Constituição; • Leis Complementares (à CF); • Leis Ordinárias Federais; • Constituições Estaduais; • Emendas às CE; • Leis Complementares Estaduais. ✓ Leis ordinárias estaduais; ✓ Leis orgânicas municipais (e distrital); ✓ Emendas à LOM e LOD; ✓ Leis complementares municipais (e distrital) ✓ Leis ordinárias municipais (e distrital). 1.10.1 Desobediência à hierarquia gera: • Inconstitucionalidade; • Ilegalidade. http://www.google.com.br/search?q=figura%2Bda%2Bhierarquia%2Bdas%2Bleis&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir 23 1.10.2 Normas Administrativas: a) Resoluções • Ato dos três poderes (legislativo-executivo-judiciário) • Decisão coletiva. b) Decreto Regulamenta leis e outros casos mais específicos. É ato, em regra, do Poder Executivo. • Decreto Legislativo: exceção. • Decreto-Lei: extinto. c) Portarias • Ato utilizado nos Três Poderes (Executivo-Legislativo - Judiciário). • Regras gerais de funcionamento, procedimentos e de pessoal. 1.10.3 Lei Orgânica (previsão no art. 29 da CF/88) Lei Orgânica é a lei fundamental no Município. • É a lei maior local. • Define a autonomia política, administrativa e financeira. Contém, geralmente: • Organização e Divisão Municipal (sede e Distritos) • Competências. • Formas e funcionamento do Governo Municipal (Executivo e Legislativo). • Administração Pública (servidores-bens-planejamento-obras e serviços-participação popular – orçamento, tributação e finanças) • Ordem econômica e social do Município (urbanismo-agricultura-saúde-educação- assistência social-esportes-cultura-meio ambiente-saneamento-habitação-família) Observações importantes: • Necessidade de Atualização Constante; 24 • Defasagem em Relação à Constituição Federal (mais de 60 EC); • Constituição Estadual, Leis Federais e Estaduais; • Textos Equivocados – Cópia de Outros Municípios; • Erros de Português. 1.10.4 REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA MUNICIPAL (Lei Interna da Casa de Leis) 1.10.4.1 Leis Orçamentárias • PPA (Plano Plurianual) • LDO (Lei de Diretrizes orçamentárias) • LOA (Lei Orçamentária Anual) 1.10.4.2 Previsão Jurídica das Leis Orçamentárias: 1) Constituição Federal/88 (arts. 165 à 169); 2) Lei 4.320/1964 (Lei da Contabilidade Pública); 3) Lei de Responsabilidade Fiscal-LRF (Lei Complementar 101 de 2000). 1.10.4.3 PPA Metas e Objetivos para os próximos 04 (quatro) anos (exercícios): • Assuntos genéricos... • Prazo longo... • Continuidade ... 1.10.4.4 LDO Metas a prioridades para o ano seguinte: 25 • Orienta a elaboração do orçamento; • Indica possíveis alterações na legislação tributária, na política salarial e de contratação de novos servidores. 1.10.4.5 LOA É elaborada pelo Executivo segundo as diretrizes aprovadas na LDO, e estabelece a previsão de receitas (arrecadação) e despesas (gastos) do governo para o ano seguinte. 1.10.4.6 Códigos (lei que fixa normas gerais ou agrupamento de leis): • Tributário; • Posturas; • Obras; • Saneamento; • Ambiental. 1.10.4.7 Plano Diretor Deverá ser instituído por lei municipal em obediência ao Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/2001). O Plano Diretor é o instrumento básico para orientar a política de desenvolvimento, e de ordenamento da expansão urbana do município. 1.10.4.8 O Plano Diretor é obrigatório para Municípios: • 1. Com mais de 20 (vinte) mil habitantes. • 2. Integrantes de regiões metropolitanas. • 3. Áreas de interesse turístico. • 4. Situados em áreas de influênciade empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental na região ou no país. 26 1.10.4.9 O plano diretor orienta: Lei do Estudo de Impacto de Vizinhança. Lei do Sistema Municipal de Informações. Lei do Perímetro Urbano. Lei do Sistema Viário. Lei do Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo. Lei do Parcelamento do Solo. Código de Obras e Edificações. Código de Posturas. 1.11 OUTRAS LEIS MUNICIPAIS 1.11.1 Fundos Municipais Previdência. • Saúde. • Meio Ambiente. • Infância e Juventude. • Desenvolvimento Econômico. • Habitacional. • Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). • Assentamentos, dentre outros. 1.11.2 Estatuto de Servidores Regras de Direitos e Obrigações dos Servidores Municipais. É o mesmo para Executivo e Legislativo Municipal. Regime Jurídico Único: (só estatutários) - Previsão: CF/88 – art. 39, caput ECF 19/98: modificou e flexibilizou (poderiam ser estatutários e celetistas). 27 ADI n 2.135 no STF (02/08/2007) suspendeu a flexibilização. RESULTADO: Não afeta os que adotaram a CLT, mas suspende a flexibilização até julgamento final da ADIN. 1.12 ATOS LEGISLATIVOS 1.12.1 O que é Ato Legislativo? Ato legislativo é a declaração unilateral da vontade estatal expressa e exteriorizada por escrito, que dispõe sobre a criação, extinção e modificação de normas jurídicas abstratamente gerais ou atos normativos. A lei e o ato normativo são produtos do ato legislativo. O conceito de ato legislativo desvincula-se do conceito de função legislativa, pois além do Legislativo, órgãos de outros Poderes poderão emiti-lo, ainda que em caráter não predominante. Portanto, o que importa considerar é que o ato legislativo resulta na criação de normas jurídicas abstratas e gerais e/ou atos normativos, não obstante sua origem: se proveniente do Poder Legislativo, do Poder Executivo, do Poder Judiciário, do Ministério Público. Dá-se o nome de processo legislativo, ao conjunto de atos legislativos. São atos legislativos: a) a iniciativa legislativa: faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar projetos de lei ao Legislativo; b) as emendas: proposições apresentadas como acessória a outra; sugerem modificações nos interesses relativos à matéria contida em projetos de lei; c) a votação: ato coletivo dos membros da Casa Legislativa; ato de decisão que se toma por maioria de votos, simples ou absoluta, conforme o caso; d) a sanção e o veto: são atos legislativos de competência exclusiva do Chefe do Executivo; somente recaem sobre projeto de lei; sanção é a adesão; veto é a discordância com o projeto aprovado. e) as portarias, atos da Presidência e atos da Mesa. f) requerimentos e indicações: atos próprios da vereança (prerrogativas) g) moções, títulos e comendas: atos comuns à vereança. 28 Em resumo, o ato legislativo ocorre por meio de iniciativa, emenda, votação, sanção/veto e tem por objetivo a formação de normas jurídicas (a formação de uma emenda constitucional, lei complementar, lei ordinária, lei delegada, medida provisória, decreto legislativo e resolução) ou atos normativos. 1.13 PROJETOS LEGISLATIVOS MUNICIPAIS 1.13.1 Tipos de Projetos Legislativos de Competência da Câmara Municipal: a) Emenda à Lei Orgânica; b) Lei Complementar; c) Lei Ordinária; d) Decreto Legislativo; e) Resolução; f) Emendas à Constituição do Estado. 1.13.1.1 Peculiaridades de cada um: a) - Emenda à Lei Orgânica Municipal: - Proposição que altera o texto da LOM. - Aprovação por quorum de dois terços. b) - Lei Complementar: - Trata de algumas matérias especificadas na Lei Orgânica Municipal. - Aprovação por quorum de maioria absoluta. c) - Lei Ordinária: - Trata de assuntos diversos. - Aprovação por quorum de maioria simples. d) - Decreto Legislativo: - Regula matéria de exclusiva competência do Poder Legislativo (Câmara Municipal) e destina- se a gerar efeitos no âmbito externo. 29 - Tem força de Lei e independe de sanção do Chefe do Executivo. - Aprovação por quorum de maioria simples. e) - Resolução: - Regula matérias de natureza administrativa, política ou legislativa, de exclusiva competência do Poder Legislativo (Câmara Municipal), destinando-se a gerar efeitos no âmbito interno. - Têm força de lei e independem de sanção do Chefe do Executivo. - Aprovação por quorum de maioria simples. f) - Emendas à Constituição do Estado do Paraná: - Aprovada na Câmara Municipal, a proposta de emenda à CE necessita de unir-se a outras do Estado, para valer como iniciativa... Art. 64. A constituição poderá ser emendada mediante proposta: I – de um terço, no mínimo, dos membros da Assembleia Legislativa; II – do Governador do Estado; III – de um terço das Câmaras Municipais do Estado, manifestando-se cada uma delas pela maioria relativa de seus membros. 1.13.1.2 Processo Legislativo: • Da Fase Inicial a Fase Final. • Protocolo; • Apresentação (Comissão ou Plenário); • -Admissibilidade (CCJ – autoriza tramitar ou determina o arquivamento); • - Definição do Rito Ordinário, Sumário (regime de urgência...), ou Especial (ELOM, Códigos, Leis Orçamentárias, Prestação de Contas, Julgamentos) • - Pareceres das Comissões Respectivas ao Assunto; • - Inclusão na Ordem do Dia (pauta); • - Redação Final (comissão de Redação) 1.14 PROPOSIÇÕES LEGISLATIVAS Já, a proposição legislativa é qualquer matéria submetida à apreciação de uma Casa Legislativa. 30 As principais proposições legislativas são as que se destinam a originar normas jurídicas, tais como leis e emendas à lei orgânica. Essas proposições são aquelas denominadas de espécies normativas. Contudo, é importante ressaltar que nem toda proposição legislativa pode ser classificada como espécie normativa. No âmbito da Câmara Municipal, podemos citar como exemplo de proposições que não são normas jurídicas, as indicações, moções e requerimentos. Assim, são espécies normativas da Câmara Municipal: emendas à Lei Orgânica, leis complementares, leis ordinárias, decretos legislativos e resoluções. Note-se que são espécies normativas da Câmara Municipal aquelas acima classificadas no âmbito municipal, com exceção das leis delegadas, que são propostas apenas pelo Chefe do Poder Executivo Municipal (Prefeito). Em resumo, são proposições da Câmara Municipal, além das espécies normativas municipais (emendas à Lei Orgânica, leis complementares, leis ordinárias, decretos legislativos e resoluções) também a portaria, o ato da Mesa, orequerimento, a indicação, a moção e os títulos e comendas. 1.15 DIFERENÇAS E OBJETIVOS DESSAS PROPOSIÇÕES a) Leis ordinárias Quando falamos apenas em “lei”, estamos nos referindo à espécie normativa denominada de lei ordinária. Os projetos de lei ordinária tratam de todas as matérias não regulamentadas pela lei complementar, que são tratadas de forma específica pela Lei Orgânica Municipal. b) Leis complementares Os projetos de lei complementar destinam-se a regular matéria legislativa a que a Lei Orgânica do Município confere relevo especial e define rito diferenciado de sua tramitação e aprovação. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta, em dois turnos, com intervalo de quarenta e oito horas (mínimo), e receberão numeração distinta das leis ordinárias. Exemplos de matéria que a LOM exige que seja tratada mediante lei complementar: • a lei orgânica do sistema tributário; • a lei orgânica do Tribunal de Contas do Município e de sua Procuradoria Especial; 31 AMPLIANDO OS HORIZONTES Saiba as diferenças e semelhanças entre a Lei Ordinária e Lei Complementar. Acesse o link e entenda essas peculiaridades dasLeis. . https://www.megajuridico.com/lei-ordinaria-e-lei-complementar- semelhancas-e-diferencas/ • a lei orgânica da Procuradoria-Geral do Município; • o estatuto dos servidores públicos do Município; entre outros. OBSERVAÇÃO: Paralelismo de formas segundo Paulo Bonavides, éo princípio segundo o qual um ato jurídico só se modifica mediante o emprego de formas idênticas àquelas adotadas para elaborá-lo. No âmbito das espécies normativas significa que, se a LOM exige que determinada matéria seja tratada por uma espécie normativa específica, essa matéria só poderá ser alterada e revogada por proposição da mesma espécie. Exemplo: uma lei complementar só pode ser alterada por outra lei complementar, nunca por uma lei ordinária. c) Emenda à Lei Orgânica Os projetos de emenda à Lei Orgânica do Município destinam-se a modificar ou suprimir seus dispositivos, ou a acrescentar-lhes novas disposições. As propostas de emenda à Lei Orgânica do Município poderão ser apresentadas (limitações subjetivas ao poder de emendar a LOM): • por um terço no mínimo dos membros da Câmara Municipal; • pelo Prefeito; • pela população, desde que subscritas por três décimos por cento (dependendo do que prevê a LOM) do eleitorado do Município, registrado na última eleição, com dados dos respectivos títulos de eleitores. A proposta será discutida e votada (limitações formais ao poder de emendar a LOM): http://www.megajuridico.com/lei-ordinaria-e-lei-complementar- 32 • Em dois turnos, com intervalo (mínimo) de dez dias; • Quórum: dois terços dos votos dos membros da Câmara Municipal. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a:(limitações objetivas – referentes ao objeto da emenda): • Arrebatar ao Município qualquer porção de seu território; • Abolir a autonomia do Município; • Alterar ou substituir os símbolos ou a denominação do Município. São chamadas cláusulas pétreas da Lei Orgânica do Município. Não será recebida proposta de emenda da Lei Orgânica do Município na vigência de intervenção estadual, de estado de defesa ou de estado de sítio. (limitação circunstancial ao poder de emendar a LOM). A emenda à Lei Orgânica do Município será promulgada pela Mesa Diretora, com o respectivo número. Ou seja: não há participação do Poder Executivo no processo de elaboração do projeto de emenda à lei orgânica (salvo na autoria). A matéria constante de proposta de emenda à Lei Orgânica do Município rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. d) Decreto legislativo Destinam-se os decretos legislativos a regular, entre outras, as matérias de exclusiva competência da Câmara Municipal que tenham efeito externo. Exemplos: • concessão de licença ao Prefeito e ao Vice-Prefeito para afastamento do cargo, ou ausência do Município por mais de quinze dias; • convocação, dos Secretários Municipais para prestar informações à Câmara Municipal sobre matéria de sua competência; • aprovação ou rejeição das contas do Município; • aprovação dos nomes dos Conselheiros do Tribunal de Contas do Município; • aprovação de lei delegada; • modificação da estrutura e dos serviços da Câmara Municipal - - formalização de resultado de plebiscito - títulos honoríficos. 33 e) Resolução Os projetos de resolução destinam-se a regular matérias da administração interna da Câmara Municipal e de seu processo legislativo. Dividem-se as resoluções da Câmara Municipal em: • Resoluções da Mesa Diretora, dispondo sobre matéria de sua competência; • Resoluções do Plenário, que podem ser propostas por qualquer Vereador ou Comissão. f) Portaria Portaria é a proposição contendo normas de administração da Câmara Municipal. É o instrumento pelo qual o Presidente ou a Mesa Diretora expedem instruções, sobre organização e funcionamento de serviço, e praticam outros atos de sua competência. g) Ato da Mesa Ato da Mesa é a proposição em que a Mesa Diretora dispõe sobre assuntos administrativos ou referentes ao processo legislativo. h) Requerimento Requerimento é a proposição formulada por qualquer Vereador ou Comissão dirigida ao Presidente ou à Mesa, sobre matéria da competência da Câmara Municipal. Os requerimentos, quanto à forma, podem ser verbais ou escritos. Quanto à competência para decidi-los, podem ser sujeitos a despacho de plano do Presidente ou sujeitos a deliberação do Plenário. i) Indicação Indicação é a proposição em que o Vereador sugere aos poderes competentes medidas de interesse público. Não há limite para a apresentação de indicações pelos Vereadores, mas a publicação não poderá ultrapassar o número razoável (sugere-se vinte) por edição do Diário da Câmara Municipal. A indicação é um instrumento de diálogo entre os poderes, para solicitação de providências sobre determinado assunto. j) Moção 34 Moção é a proposição pela qual o Vereador expressa seu regozijo, congratulação, louvor ou pesar. Apresentada à Mesa, será imediatamente despachada pelo Presidente e enviada à publicação. Quando seus autores pretenderem traduzir manifestações coletivas da Câmara Municipal, a moção deverá ser assinada, no mínimo, pela maioria absoluta dos Vereadores, e será por isso automaticamente aprovada. OBS: As moções e as indicações terão aprovação automática. k) Títulos e comendas São proposições que concedem as mais altas honrarias a pessoas que tenham prestado serviços de contribuição significativa para o Município. As honorárias são concedidas as pessoas não nascidas no Município, já a beneméritas são as concedidas às pessoas nascidas no Município. l) Como devem ser confeccionados esses documentos? Normas para a redação e alteração de leis podem ser consultadas na Lei Complementar Federal nº 95, de 26 de fevereiro de 1998 e na Lei Complementar nº 176, de 11 de julho de 2014. Elaborar leis exige bom senso e responsabilidade, porque interfere direta ou indiretamente na vida das pessoas. Uma norma mal feita pode surtir o efeito contrário do esperado. A técnica legislativa abrange o conjunto de procedimentos e normas redacionais específicas para a construção das leis. m) Estrutura de uma proposição - Parte preliminar: a) epígrafe (tipo de proposição); b) ementa (resumo conteúdo) âmbito de aplicação (art.1º); - Parte normativa: articulação do projeto. - Parte final: a) disposições finais; b) cláusula de vigência; c) cláusula de revogação; 35 d) fecho do projeto. n) Epígrafe A epígrafe indicará o tipo de proposição em letras maiúsculas, centralizada na página na primeira linha e em negrito. m) Ementa A ementa (não súmula) resume com clareza e precisão o conteúdo da lei. Não é cópia do art. 1º. O seu texto será destacado com deslocamento do centro para a margem direita (inciso I a IV do art. 5º da Lei Complementar nº 176, de 2014). O termo ao final da ementa “e adota de outras providências” só deverá ser utilizado quando a lei realmente contiver providências complementares. n) Artigo Será indicado pela abreviatura Art. com numeração ordinal até o nono e cardinal, acompanhada de ponto, a partir do décimo: Art. 1º, ..., Art. 9º, Art. 10, Art. 11.Havendo citação de artigo no transcorrer do texto, será usada a abreviatura art. Tratando-se de remissão a artigo que não contenha indicação numérica, a palavra artigo será escrita por extenso. O ARTIGO pode se desdobrar em Parágrafo (Parágrafo único ou §1º , §2º... ) ou em incisos (I, II, II ...). o) Parágrafo Usado para explicar, complementar ou abrir exceções ao caput do artigo. Pode se desdobrar em inciso (I, II, III...). p) Inciso Usado para exprimir enumerações relacionadas ao caput do artigo ou ao parágrafo. Pode se desdobrar em alínea (a, b, c...). * Nãoexiste inciso único! q) Alínea Usada para enumerações relativas ao texto do inciso. 36 Pode se desdobrar em item (1, 2, 3...). r) Item Usado para enumerações relativas ao texto da alínea. Desdobramento de artigos: ARTIGO - PARÁGRAFO - INCISO –ALÍNEA - ITEM OU ARTIGO - INCISO - ALÍNEA – ITEM. * ESSA ORDEM É OBRIGATÓRIA! s) Siglas Algumas entidades, órgãos ou setores são mais conhecidos pelas siglas do que pelas denominações completas: Sanepar, INSS, ALEP, entre outras. Ainda assim, siglas devem ser utilizadas após o nome por extenso, separadas por hífen, sem pontos intermediários e sem ponto final. Exemplo: Assembleia Legislativa do Estado do Paraná – ALEP; Companhia de Saneamento do Paraná – Sanepar. Quando for citada de forma repetida no texto, utilizar o extenso apenas na primeira vez e nas demais somente a sigla. t) Regras das Siglas Siglas de até três letras são grafadas em maiúscula. EXEMPLO: IR. Siglas com quatro letras ou mais, que formem palavra pronunciável, terão apenas a letra inicial maiúscula. EXEMPLO: IBAMA, SANEPAR. u) Grafia de Números Em qualquer referência a números (exceto data, número de ato normativo, valores monetários, percentuais e frações) observar: a) Quando o número formar uma palavra, será grafado apenas por extenso. Exemplo: quinze dias e não 15 (quinze) dias; b) Nos casos em que formar duas ou mais palavras, deverão constar o número cardinal seguido do extenso entre parênteses. Exemplo: 23 (vinte e três). v) Datas 37 Empregar nas datas as seguintes formas: a) Os números não serão precedidos de zero; b) Nas referências ao primeiro dia do mês, será utilizado número ordinal; c) O mês será escrito por extenso com letra minúscula e sem abreviação; d) A indicação dos anos será grafada sem o ponto entre as casas do milhar e da centena. Exemplo: 1º de março de 2016. x) Horas a) símbolo de hora: h b) símbolo de minuto: min c) símbolo de segundo: s Não há ponto depois do símbolo, por não ser uma abreviatura. Não existem as siglas hs ou hr. Não são utilizados dois pontos. Exemplo: 7:00. Quando se tratar de hora inteira, pode ser escrito por extenso. Exemplo: 7h ou 7 horas (o horário do relógio, não o período!). Os símbolos min e s só serão utilizados quando se tratar de hora quebrada, e que haja indicação dos segundos. Exemplo: 13h25 13h25min30s z)Local e Data Ao final do documento (fecho da proposição) será indicado o Município e a data, seguido de nome e cargo do emitente (sem traço indicando o lugar da assinatura). EXEMPLO: Curitiba, 30 de março de 2016. FULANO DE TAL VEREADOR 1.16 PROCEDIMENTOS DE TRÂMITE No âmbito do Poder Legislativo, os projetos (denominados proposições) tramitam por regra em 3 (três) tipos básicos de procedimentos: ordinário, sumário (urgência), ou especial (Leis Orçamentárias). Assim, conforme previsão no Regimento Interno, os projetos seguem caminhos pré- definidos no âmbito da “Casa de Leis”, obrigando-se a cumprir cada etapa e procedimentos respectivos. Destacando-se que o procedimento sumário, também chamado de “Regime de Urgência”, gera bastante questionamento, em razão de sua característica de exceção, mas sendo de uso comum nos projetos recebidos do Poder Executivo. Por isto, merece maiores considerações neste estudo. 38 De pronto, é de se convir como legítima essa prerrogativa da Chefia do Executivo local, em solicitar urgência nos Projetos de Lei, por aplicação do princípio da simetria constitucional, à luz do art. 64, §1º, da Constituição Federal/88 e art. 66, §1º da Constituição do Estado do Paraná. E com base nisso, em todos os órgãos parlamentares brasileiros existe obediência ao chamado rito sumário, para cumprir os prazos das matérias em regime de urgência. 1.16.1 Procedimento Sumaríssimo Em alguns Municípios, todavia, além dos procedimentos comuns dos demais (ordinário, sumário e especial), existe ainda uma inovação praticamente exclusiva, que é o procedimento sumaríssimo, com pedido de urgência urgentíssima. Por isto, fica a nossa sugestão para que a Casa reavalie essa sistemática e, se houver interesse, adeque a legislação local à ordem constitucional e ao que é aplicado pelo Brasil afora, referentemente ao rito dos procedimentos legislativos. 1.16.2 Contradições na legislação Aliás, tanto a LOM quanto o RI precisam ser organizados nesse aspecto, pois além de possuir um rito a mais do que os outros parlamentos, geralmente a principal legislação local não é clara nas regras, e ainda se contradizem. Com isto, instaura-se a confusão interpretativa. 1.16.3 Limitações aos Pedidos de Urgência Na legislação local, é comum inexistir ou existir apenas um limitador para que o Executivo exija urgência (lei complementar, por exemplo). Vale lembrar, que a Constituição do Paraná, ao repetir essa possibilidade, no art. 66, impôs limitações (§3º), restringindo esse direito aos projetos de código, leis orgânicas e estatutos. Vejamos, a título de exemplo, as regras de outros parlamentos, que além de possuírem somente o rito sumário (de 45 dias), ainda impuseram limitações: 39 1.16.4 Regimento Interno da Câmara dos Deputados Art. 204 [...]. [...] § 2º Os prazos previstos neste artigo não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional nem se aplicam aos projetos de código. 1.16.5 RI da Assembleia Legislativa do Paraná Art. 198[...] [...] § 3o Os prazos previstos neste artigo não correm nos períodos de recesso da Assembleia nem se aplicam aos projetos de códigos, leis orgânicas e estatutos. 1.16.6 Regimento Interno da Câmara de Curitiba Art. 166... [...] § 1° O regime de urgência a que se refere o caput deste artigo não se aplica aos projetos de código e às proposições sujeitas a processo legislativo especial. [grifos nossos]. 1.16.7 Lei Orgânica de Belo Horizonte-MG Art. 91: ... §2 A solicitação de urgência não pode ocorrer quando se tratar de Proposta de Emenda à Lei Orgânica, Projeto de Lei Estatutária ou equivalente a código, ou que dependa de quórum especial para aprovação[grifos nossos]. Destarte, vê-se claramente que, além de possuir um rito a mais, muitos parlamentos municipais apenas restringem o regime de urgência no processo legislativo para os projetos de leis complementares. Pelo que sugerimos seja revista essa questão e, havendo interesse político, se amplie as possibilidades de restrição, como outros fizeram. 40 1.17 ESCLARECENDO O REGIME DE URGÊNCIA Esse regime não tem como principal foco apenas o trâmite rápido da matéria. Visa também à preferência! É que nossa Lei Orgânica Municipal, seguindo os procedimentos indicados no art. 63, §2º da Constituição Federal e art. 66, §6º da Constituição do Paraná, prevê que: Art. 127... [...] § 6° - Decorrido sem deliberação o prazo fixado no caput deste artigo, o mesmo será obrigatoriamente incluído na ordem do dia, para que se ultime a sua votação, sobrestando-se a deliberação sobre qualquer matéria, exceto as deliberações sobre vetos e leis orçamentárias. Assim, o maior transtorno que poderá ocorrer se o ato não for votado no prazo especial de urgência, é o “fechamento de pauta”, dando total preferência a ele. Por esta razão, não há que se pensar em pressa na votação, mas preferência porque para a votação da matéria foi solicitada urgência. 1.18 BANALIZAÇÃO DO REGIME DE URGÊNCIA: Por incrível que pareça, a maioria dos Projetos de Leis que chegam nas Casas Legislativas Municipais, advindos do Executivo local, requerem a aprovação “com urgência.” Sem pretender questionar as motivações daquele poder para essa prática, consideramos que o Processo Legislativo possui rigorosíssimo ritual de cumprimento de etapas (fases), cuja desobediência poderá
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