Prévia do material em texto
PNEUMONIA BACTERIANA Resposta inflamatória adquirida a bactérias virulentas no parênquima pulmonar, caracterizada pela exsudação de células e líquido para dentro das vias aéreas condutoras e dos espaços alveolares. SINAIS CLÍNICOS • Tosse. • Respiração laboriosa.• Intolerância ao exercício. • Anorexia e perda de peso. • Letargia.• Secreção nasal. Achados do Exame Físico • Febre.• Respiração difícil ou rápida.• Ruídos respiratórios anormais à auscultação — intensidade ou ruídos respiratórios bronquiais aumentados, crepitações e sibilos.• Desidratação. CAUSAS Cães • Patógenos respiratórios primários — Bordetella bronchiseptica e Mycoplasma spp.• Bactérias Gram-positivas — Staphylococcus, Streptococcus e Enterococcus spp. • Bactérias Gram-negativas mais comuns — Escherichia coli, Klebsiella spp., Pseudomonas spp., Pasteurella spp.• Bactérias anaeróbias — encontradas em abscessos pulmonares e em vários tipos de pneumonia (pneumonia por aspiração ou corpos estranhos); relatadas com menor frequência. Gatos • Patógenos bacterianos — B. bronchiseptica, Pasteurella spp. e Moraxella spp. são mais frequentemente relatadas. Mycoplasma spp. é considerado um patógeno primário no trato respiratório inferior.• Estado de portador — pode existir; períodos de eliminação de B. bronchiseptica após estresse; as gatas infectadas podem não eliminar microrganismos antes do parto, mas começam a eliminar após o parto, servindo como fonte de infecção para os filhotes. HEMOGRAMA/BIOQUÍMICA/URINÁLISE Leucograma inflamatório — leucocitose neutrofílica com ou sem desvio à esquerda; a ausência não descarta o diagnóstico.• Gasometria sanguínea arterial — os valores se correlacionam bem com o grau do distúrbio fisiológico; monitoramento sensível da evolução durante o tratamento; PaO2 < 80 mmHg ao ar ambiente = hipoxemia leve a moderada; PaO2 < 60 mmHg ao ar ambiente = hipoxemia grave.• Considerar a realização de sorologia para pesquisa do vírus da influenza canina. DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Radiografia Torácica • Variável — padrão broncointersticial difuso a infiltrados alveolares parciais ou completos até consolidação.• Alterações radiográficas mais comuns — padrão alveolar caracterizado por densidades pulmonares aumentadas (margens indistintas; broncogramas aéreos ou consolidação lobar).• Padrões pulmonares mais variáveis em gatos, como alterações intersticiais e alveolares irregulares e multifocais e/ou padrão nodular difuso. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS • Exames microbiológico (culturas bacterianas aeróbias e anaeróbias, além de culturas para Mycoplasma) e citológico para o diagnóstico definitivo.• Amostras — lavado transtraqueal ou endotraqueal, broncoscopia, lavado broncoalveolar (com ou sem broncoscópio) ou aspirado pulmonar com agulha fina.• Predomínio de neutrófilos degenerados em casos de inflamação séptica (bactérias intracelulares).• Administração recente de antibióticos — provável inflamação asséptica.• Bactérias — nem sempre são evidentes ao exame microscópico; sempre obtenha amostras para cultura, ainda que nenhuma bactéria seja observada no exame citológico. MEDICAMENTO(S) DE ESCOLHA Antimicrobianos • As escolhas antimicrobianas iniciais razoáveis até a obtenção dos resultados da cultura incluem amoxicilina-clavulanato (15 mg/kg VO a cada 12 h), cefalexina (22-30 mg/kg VO a cada 12 h), enrofloxacino (cães, 5-10 mg/kg a cada 12 h ou 10-20 mg/kg a cada 24 h; gatos, 5 mg/kg a cada 24 h no máximo) ou trimetoprima-sulfonamida (15 mg/kg VO a cada 12 h).• Cocos Gram-positivos — ampicilina (22 mg/kg VO a cada 12 h), ampicilina-sulbactam; amoxicilina; amoxicilina-clavulanato; azitromicina; cloranfenicol, eritromicina; gentamicina; trimetoprima-sulfonamida; cefalosporinas de primeira geração.• Bastonetes Gram-negativos — enrofloxacino; cloranfenicol; gentamicina; trimetoprima- sulfonamida; amicacina; marbofloxacino; carboxipenicilinas.• Bordetella — doxiciclina (5 mg/kg VO a cada 12 h); cloranfenicol; enrofloxacino; azitromicina.• Mycoplasma — doxiciclina; enrofloxacino, marbofloxacino, cloranfenicol.• Anaeróbios — amoxicilina-clavulanato; cloranfenicol; metronidazol; clindamicina; ticarcilina-clavulanato.• Nebulização antimicrobiana para Bordetella — nebulização com gentamicina na dose de 5 mg/ kg a cada 24 h por 5-7 dias, tipicamente como adjuvante com antimicrobianos sistêmicos. Continuar o tratamento por, no mínimo, 10 dias além da resolução clínica e/ou 1-2 semanas após a resolução radiográfica. CONTRAINDICAÇÕES • Anticolinérgicos e anti-histamínicos — podem não só engrossar as secreções, mas também inibir a mucocinese e a remoção do exsudato das vias aéreas.• Antitussígenos — potentes agentes de ação central que inibem a mucocinese e a remoção do exsudato das vias aéreas e, consequentemente, são capazes de potencializar a infecção e a inflamação pulmonares. INTERAÇÕES POSSÍVEIS Evitar o uso concomitante de teofilina e fluoroquinolonas. MEDICAMENTO(S) ALTERNATIVO(S) • Expectorantes — recomendados por alguns clínicos; não há evidência real de que eles aumentem a mucocinese ou a mobilização das secreções.• Broncodilatadores — recomendados por alguns clínicos para aliviar o broncospasmo. REFERENCIAS Jameson PH, King LA, Lappin MR, et al. Comparison of clinical signs, diagnostic findings, organisms isolated, and clinical outcome in dogs with bacterial pneumonia: 93 cases (1986-1991). JAVMA 1995, 206:206-209.